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SEMINÁRIO TEOLÓGICO BATISTA CAXIENSE GILMAR CESAR LEANDRO ITAMAR JOSÉ CARLOS LUCIANO CARLOS DANIEL CAPELANIA HOSPITALAR DUQUE DE CAXIAS - RJ 2014 GILMAR CESAR LEANDRO ITAMAR JOSÉ CARLOS LUCIANO CARLOS DANIEL CAPELANIA HOSPITALAR Trabalho apresentada ao Seminário Teológico Batista Caxiense, como exigência cumprimento da matéria Capelania Pastoral Cristã. Professor: José Carlos Corrêa DUQUE DE CAXIAS - RJ 2014 RESUMO Este trabalho apresente o conceito de Capelania hospitalar, a forma de iniciar o trabalho, como desenvolvê-lo, trata da questão do trabalho com pacientes em estágio terminal, apresenta a bíblia como instrumento de consolo para o paciente e compartilha o testemunho pessoal de um dos autores do trabalho com uma enfermidade e a superação da mesma. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 05 2 TÉCNICAS PARA O BOM COMEÇO DO TRABALHO DE CAPELANIA HOSPITALAR............................................................................................................. 08 3 O QUE FAZER PARA TER UM BOM DESENVOLVIMENTO NA CAPELANIA HOSPITALAR ................................................................................... 10 4 VISITANDO UM PACIÊNTE EM UM ESTADO CRÍTICO ............................ 12 5. EFEITOS EMOCIONAIS DO DIAGNOSTICO DE UMA DOENÇA ............. 13 6. A BÍBLIA É A ESPERANÇA PARA O ENFERMO ......................................... 16 6.1 COMO O CAPELÃO PODE USAR A BÍBLIA PARA CONFORTAR O ENFERMO E SEUS FAMILIARES ........................................................................ 16 7 TESTEMUNHO PESSOAL..................................................................................... 18 8 CONCLUSÕES......................................................................................................... 22 9 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 23 5 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho surge não apenas para atender a uma exigência da disciplina Capelania que é parte integrante do curso de Teologia, mas, e diria principalmente, como resposta a uma exigência da própria atividade pastoral: o conhecimento e cuidado daqueles que precisam. Em tempos como os nossos, nos quais muitos estão voltados exclusivamente a atender seus próprios interesses e satisfazerem suas próprias paixões, as pessoas – o que é um evidente paradoxo – encontram-se cada vez mais necessitadas de atenção e cuidados. Cuidar tem uma grande amplitude de significações, podendo ir desde o estar ao lado, ouvindo, sendo aquele ombro amigo, a voz sábia e experiente, ou ir mais além, orientando tratamentos e intervenções – esse caráter fica mais evidente quando observamos o número crescente de ministros que buscam qualificações nas áreas da psicologia, psicanálise e mesmo psiquiatria. Essas áreas, contrariamente ao que se acreditava há algum tempo, podem colaborar de modo grandioso na procurar de alcançar ou reestabelecer o bem-estar do ser humano. Já não cabe mais enxergar o ser humano de modo plano (dicotomia e tricotomia), mas é necessário vê-lo de modo holístico, isto é, como um todo formado de partes interdependentes. Esse é então a situação: num mundo em que as pessoas se tornam cada vez mais egocêntricas, há cada vez mais necessidade de contato e o sentimento de solidão aumenta, ao mesmo tempo as áreas de conhecimento humano, que antes eram dispostas de modo isolado – e em se tratando de ciências que tratam da psique essas eram não apenas isoladas das áreas teológicas e pastorais, mas também, antagônicas a estas – agora, essas áreas se aproximam e dialogam. E é nesse cenário que a Capelania moderna se apresenta como um recurso poderoso de atuação evangelizadora para pastores, evangelistas, missionários e leigos. Antes de avançar é preciso identificar essa ação evangelizadora não apenas com a visão tradicional de pregação e discipulado, mas também, com a ação de ministrar boas novas, conforto, compaixão e amor aos que estão necessitados (Mateus 25:34-46). A história de cuidado aos necessitados é anterior ao termo Capelania, visto que esse cuidado é parte do ministério cristão autêntico. O evangelho não deve limitar-se o cuidado financeiro, o mesmo a “ministração da cura” – como dizem alguns dos 6 milagreiros espalhados por aí – também deve preocupar-se com o cuidado da alma/espírito do doente e de sua família. Veja o que a bíblia diz: “Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel”. (1°Timóteo 5:8) “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados. Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. “A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos”. (Tiago 5:14-16) “Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber”. (Atos 20:35) Historicamente a Capelania como uma atividade, ou ministério, independente surge na Idade Média na França sendo uma evolução do costume militar de levar às campanhas um oratório (o oratório de São Martins de Tours). O costume estendia-se também a outros setores, tais como: colégios, parlamentos, cemitérios e prisões. Capelania é dar assistência espiritual a regimentos militares, escolas, hospitais, presídios, casas de reclusão e internação, favelas, pessoas em risco e desassistidas, sem propósitos proselitista, mas desejando levar fé, esperança e amor. Mormente o serviço de Capelania é realizado de modo voluntário – ainda que haja um relativo aumento no número de concursos públicos para selecionar capelães para o exercício de suas atividades em quartéis, sobretudo. Nesse trabalho focaremos na Capelania Hospitalar, que pode ser realizada em hospitais de emergência e/ou ambulatórios, casas de repouso, asilos, clínicas, postos de saúde, tanto no setor público como no privado. Apresentaremos questões que são particulares a esse tipo de Capelania, sua forma de organizar-se e desenvolver-se. Abordaremos procedimentos e posturas indispensáveis ao capelão, ou pessoa que atua como tal, para que possa realizar a assistência de modo a atingir êxito, não apenas em relação ao bem-estar do paciente, mas em relação a sua família e também, muitas das vezes em relação a sua família. 7 O trabalho baseou-se tanto em pesquisa de material disponível na internet, no consagrado livro Aconselhamento Cristão, escrito por Gary Collins e na experiência particular dos integrantes do grupo que o realizaram. Do material utilizado para a elaboração desse texto, acreditamos ser de interesse citar o artigo escrito por Rosa Gentil, Beatriz Guia e Maria Sanna (GENTIL; GUIA; SANNA, 2011). No artigo intitulado Organização de Serviços de Capelania Hospitalar: um estudo bibliométrico, as autoras fazem um levantamento e medição da extensão do número de texto de cunho científico que tratam da questão da Capelania hospitalar. A justificativa para tal levantamento é apresentada a luz não apenas das necessidades dos doentes, mas também como uma forma de cumprimento da legislação. As pesquisadoras constataram que na última década o número de publicações tratando do tema aumentou significantemente. Se entre 1969 e 1990 foram registradas 17 publicaçõessobre o tema, no período entre 2000 e 2010 foram encontrados 35 trabalhos sobre o mesmo tema. Um dos impulsionadores desse aumento foi a regulamentação de legislação que visava garantir ao doente o “direito fundamental de considerar salvaguardado o cuidado, sua dignidade pessoal, respeito por sua cultura, psicossocial e valores espirituais”. No Brasil, os direitos do paciente já faziam parte da Constituição promulgada em 1988, no seu artigo 5º; seguindo-se várias outras leis que de algum modo regulamentaram o direito do doente, internado ou não, de receber assistência religiosa, são essas: 7.672/1988; 10.066/1198; 9.982/2000. (GENTIL; GUIA; SANNA, 2011, pág. 163). Constatam também que o EUA é local de origem ou residência da maior parte dos autores dessas publicações, e mesmo que haja alguns poucos residindo na Europa ou Oceania, a maioria esmagadora das pesquisas foi publicada em língua inglesa. Isso não apenas confirma a predominância desse país e dessa língua como difusores do conhecimento – o Latim moderno; mostra-nos que na América Latina e África não há ainda um saber-pensar sobre a questão da Capelania. Aqui – ao contrário do que ocorre no EUA, por exemplo, onde o capelão faz parte da equipe multidisciplinar que trata o paciente – o capelão é visto como um guru, um curandeiro, um confortador para casos em que a ciência médica já não se (pre)ocupa. A mudança desse quadro deve se fazer notar dentro de alguns anos, haja vista o número de cursos sobre o tema espalhados em igrejas, seminários e internet. Entretanto será preciso vencer não apenas os inimigos habituais desse trabalho, mas também os 8 inimigos modernos: a falta de tempo, o egoísmo e o “politicamente correto”. Esses três somam-se dificuldades de logística, à burocracia do serviço público, a barreiras impostas pelas próprias condições de saúde e do tratamento, a desconfiança e incredulidade da família e dos profissionais de saúde. 2 TÉCNICAS PARA O BOM COMEÇO DO TRABALHO DE CAPELANIA HOSPITALAR O Capelão antes de qualquer coisa a fazer, deve pedir a orientação devida a Deus para poder conseguir uma visita junto ao Diretor do Hospital que ele deseja abrir o trabalho de Capelania. Ele deve primeiro, ver a disponibilidade do Diretor para então poder marcar a visita adiantando o assunto a ser tratado e também mostrar disciplina no horário marcado. Conseguindo a visita, ele deverá apresentar o que será feito caso seja aceito para dirigir o grupo a ser trabalhado naquele local. Ele deverá antes de começar, orientar os visitadores para todas as possibilidades da visita. 1° - O orientador deverá fazer uma reunião com todos aqueles que desejam ser visitador dentro dos arredores do hospital. Ele deverá orientar em relação a tudo que deve ser: falado, agido, comentado e etc. Ex: Nunca deverá ser perguntado ao paciente se está tudo bem! Ora, como pode estar tudo bem com um paciente que se encontre internado em um leito de hospital, ainda que ele não seja um paciente que requer mais cuidados do que os outros? O paciente mesmo não estando em estado: terminal, coma, ou em estado gravíssimo, certamente não gostaria que lhe fizessem esta pergunta. 2° - O orientador, deverá passar para seus visitadores que Nunca se deve sugerir para o paciente que ele pare de tomar as medicações que lhe estão sendo impostas 9 por causa do seu estado de saúde. Pois não cabe ao visitador tomar o lugar dos profissionais de saúde que se prepararam para estarem habilitados a cuidarem deles e também nunca se deve espiritualizar determinada situação. Ex: "Eu determino que Deus vá te curar hoje e que você não mais vai precisar tomar tal remédio". Isso em uma visita nunca poderá acontecer, pois, caso contrário, o visitador, responderá criminalmente por isso e o trabalho poderá ser jogado por água a baixo. 3° - O orientador deverá passar para os seus visitadores que: Eles uma vez dentro do leito, seja na enfermaria ou no quarto reservado particular, deverão ficar ao lado do paciente em direção a linha reta de sua cabeça, e também que nunca deverá apertar a mão do paciente, pois, estarão em um ambiente de vulnerável situação podendo até mesmo, ou passar ou receber infecções, o que pode ser perigoso para ambos. 4° - O orientador deverá passar para os seus visitadores que: Na hora da oração, seja no começo ou no final da visita, independentemente do número de visitadores que deverá ser sempre no máximo 3(caso seja permitido pela direção do hospital) pelo menos um deverá permanecer de olhos abertos e atentos ao que poderá acontecer. Vale ressaltar, que o trabalho de Capelania, não é tão simples como se parece. É um tanto quanto complicado, uma vez que o Capelão e seus visitadores, certamente encontrarão pessoas que: Não irão lhes receber, irão lhes tratar mal, terão resistências por terem outras religiões bem como também pessoas sensíveis à voz de Deus; umas por já terem conhecimento da palavra de Deus e outras pelo fato de crerem que uma conversa espiritual seguida de uma oração deve ser bem agradável para sua Alma. É necessário também, visitar o paciente pelo menos de 15 em 15 dias. Sendo assim, paciente, dependendo do tempo em que ficar internado, se sentirá acolhido por todos os visitadores. 10 3 O QUE FAZER PARA TER UM BOM DESENVOLVIMENTO NA CAPELANIA HOSPITALAR 1° - Ter uma boa saúde para fazer a visitação - O visitador jamais poderá estar enfermo para visitar um enfermo. Isso poderá lhe causar sérios danos a sua saúde e ainda mais àquele que está enfermo na condição de paciente. Os fatores psicológicos, certamente levarão o visitador a falar mais de si, por causa da sua enfermidade tirando o foco da visita que é abençoar o paciente. 2°- O visitador deverá estar com vestimentas simples, discreta e limpa. Também, deverá estar com a sua higiene pessoal em dia, tais como: Cabelos cortados, unhas limpas e cortadas, tomado banho momentos antes da visita, com um bom hálito bucal, evitar colocar perfumes fortes que prejudique o fator respiratório do paciente que naquele momento se encontrará fragilizado. 3°O visitador, deverá entrar nas enfermarias ou quarto particular com as mãos bem lavadas. Geralmente, os hospitais já têm pias instaladas para justamente evitar que o visitador entre com as mãos sujas e cheias de bactérias. 4°Um capelão terá que ter sempre uma ótima postura de otimismo para que seus liderados também sigam este exemplo. Diante do paciente, o visitador deverá se apresentar com o máximo de comunicação possível diante do paciente. A sua fisionomia deverá estar sempre alegre e simpática para passar ao paciente visitado um estado de ótimas perspectivas. O olhar deverá ser o mais discreto possível, pois dependendo do modo em que o visitador olhe o paciente, poderá estar passando mesmo sem perceber más notícias para o paciente o que pode agravar a sua situação. 5°O estado da sua vida espiritual deverá estar sempre em elevação, pois, também é fator primordial para a alto-estima do paciente. É recomendado para quem tem vontade de realizar este tipo de trabalho, que leve uma vida de oração e consagração ao Senhor. São várias as situações que podem acontecer em um momento de visita, pois, a batalha espiritual é muito grande. 6°O visitador deverá ter uma profunda intimidade com a palavra de Deus, isso requer estudo e dedicação a leitura da palavra. Em uma visita, geralmente se faz 11 várias perguntas ao visitador, pois o paciente vai querer aproveitar a oportunidade que ele mesmo nunca teve. O visitador, nunca deverá repreender o paciente em caso de ele ser de outra religião. O visitador deverá apenas aproveitar a oportunidade que o paciente mesmo sem saber estará lhe dando. O visitador também tem que ter a característica de um bom ouvinte, pois, na situação em que seencontra-o paciente em muitas das vezes não tem com quem conversar, aproveitando então a presença do visitador. Mas, lembre- se! O visitador não é um aconselhador! 7°O visitador, não pode tocar no que é do paciente. Questões como: remédios, tubos de soro, lençóis, não deverão ser tocados. Não é recomendado levar alimentos para o paciente, mesmo ele sendo um familiar seu ou um conhecido, afinal, você estará na condição de prática de Capelania. Tomadas as devidas proporções, o visitador agora, vai cuidar do que é mais importante na visita (não que a visita em si, não seja), mas, levando-se em consideração que o motivo é Jesus, tem que ser falado sobre Jesus! Para tanto, será necessário uma abertura de conversa para se iniciar um texto sobre o tema: "Jesus o Salvador”. A partir daí, o visitador, já deverá ter perguntado se o paciente já pertence ou se já pertenceu a alguma igreja, se já é batizado em fim, se já tem conhecimento pleno de Cristo. Se a resposta for um SIM, o visitador então deverá reforçar para o paciente que Deus estará sempre com ele independentemente da situação que ele se encontre, e que o mais importante, é a herança espiritual que ela (paciente) já tem. Se a resposta for NÃO, deverá ser oferecido o plano de Salvação para o paciente. Em muitas situações, em se tratando de enfermaria como é na maioria das vezes, os pacientes de outros leitos, se interessam por uma oração. Neste caso, o visitador, ao terminar a visita que nunca deverá demorar, terá que imediatamente se direcionar para o paciente que se interessou pelo assunto e aí, deverá se tomar as mesmas medidas faladas anteriormente. É importante dizer também, que o visitador, nunca deverá ajudar o paciente. Em muitas ocasiões, os pacientes se aproveitam da ausência dos enfermeiros e pedem ajudas para os visitadores. Neste caso, o enfermeiro deverá ser chamado imediatamente. A oração final deverá ser composta de palavras de ânimo e não de promessas, é simplesmente a expressão de diálogo com alguém que é infinitamente superior a nós. 12 4 VISITANDO UM PACIÊNTE EM UM ESTADO CRÍTICO A parte mais crítica para o Capelão e visitador trata-se da ocasião em que precisa visitar um paciente em um CTI. É um momento em que você sabe que se trata de um paciente grave, que inspira cuidados contínuos e rotineiros e que em muitas das vezes está em estado de coma. Neste caso, são tomados também certos cuidados como: Colocar uma roupa especial, também lavar as mãos tanto na entrada quanto na saída, e até mesmo uma máscara protetora. A visita não poderá passar de 5 minutos e tudo deverá ser feito de acordo com o ambiente do setor. As palavras para este paciente deverá ser recitada como uma voz suave, tranquila e baixa. O paciente em coma está mais sensível à captação de palavras por causa de seu estado de concentração manipulada. Por isso, é devidamente correto falar ao seu ouvido palavras de esperança e conforto (não de promessas). Escolha versículos bíblicos em que demonstre uma esperança, que há uma saída em fim, que o amor de Deus prevaleça. Em alguns casos, há uma deparação com doentes terminais (aqueles que já sabem que vão morrer), neste caso, é uma situação de bastante complexidade, pois, muitas perguntas ou até mesmo revoltas podem ocorrer. Eles veem você como uma representação do trabalho de Deus aqui na terra, e existem casos em que você poderá pagar o pato. Se for o caso, não agrave a situação, uma postura tranquila e de silêncio poderá ser a melhor coisa a se fazer. Só ore em pensamento. Em outros casos, mesmo o paciente já sendo diagnosticado, lhe fará perguntas das quais: Eu vou morrer? Tem jeito para mim? Por que eu? Neste caso, devolva a pergunta para ele, e se houver uma possibilidade, mostre-lhe o conforto que há na eternidade com Cristo. Para se obter um bom desenvolvimento do trabalho de Capelania hospitalar, é necessário estudar bastante estas técnicas e prestar bastante atenção no que diz o Capelão, pois, sendo assim, não haverá duvidas de êxito no trabalho e muitas almas serão ganhas e restauradas para o Reino de Deus! 13 5 EFEITOS EMOCIONAIS DO DIAGNOSTICO DE UMA DOENÇA Poucas pessoas, se é que existe alguém atravessam a vida sem experimentar periodicamente pelos menos uma doença. Parece provável que a doença tenha entrado na raça humana como resultado da queda, e dessa época todos ficou sabendo o que é não ter saúde. A bíblia menciona várias enfermidades cegueira, tumores, inflamações, febre, hemorragia, insanidade, lepra, paralisia e várias outras enfermidades. Fica claro de que cada uma delas causa tensão psicológica e física, e todas são mencionadas de modo a insinuar que a doença faz parte da vida neste mundo. Através de suas palavras e atos, Jesus ensinou que doenças, embora comum, é também indesejável. Ele passou grande parte do seu tempo curando os enfermos, encorajaram outros a fazerem o mesmo e mostrou a importância do cuidado cheio de amor daqueles que são necessitados e doentes. Jesus mostrou que ajudar um doente era o mesmo que ministrar a Ele. Uma enfermidade pode acontecer por uma variedade de causas. Algumas doenças surgem por meio de um vírus; por falta de higiene; por causas de defeitos genéticos; por causa de um acidente; por falta de uma alimentação correta ou adequada; ou velhice. Mas uma enfermidade envolve mais do que um problema físico. Junto com a enfermidade pode acontecer problemas emocionais, psicológicos, ou espirituais. Quem trabalha com enfermos deve saber lidar com os estes problemas. A descoberta de uma enfermidade desencadeia de imediato uma reação emocional intensa. Na concepção de alguns pacientes, aconteceu de forma inesperada. O medo com o inesperado são algumas das condições que acabam ocasionando a perda do equilíbrio emocional. Pessoas reagem de formas diferentes com certas doenças, há pessoas que sofrem muita dor enquanto outras pessoas não sentem nada. A diferença pode ser atribuída para as experiências com dor, os valores culturais sobre a dor, ou até uma crença religiosa. Certas acham que quando alguém reagiu com a dor, isto representa uma fraqueza. Outras acreditam que Deus permite a dor e assim a dor deve ser aceita. Há, ainda, indivíduos onde a dor está relacionada com a ansiedade. Ás partes emocionais do paciente sofrem várias alterações suas rotinas são interrompidas, não compreendem o que está errado em seu corpo, ou não sabem quando ou se ficara bom. O resultado disso são as tensões emocionais que os pacientes enfrentam como: 1-Tensão da ameaça a sua integridade Os enfermos são submetidos para uma série de experiências onde eles não têm controle sobre as circunstâncias. O paciente tem que obedecer a um médico, ouvir uma enfermeira, se submeter a estrutura de um hospital ou agenda estabelecida pelo tratamento médico, aceitar ordens para dormir, receber orientações para tomar medicamentos, ser instruído sobre o que deve ou não deve comer, etc. 2- Tensão do medo de estranhos. 14 Os pacientes têm medo de que suas vidas e seus corpos tenham que ser colocados nas mãos de estranhos com quem talvez não tenham qualquer laço pessoal. 3- tensão da ansiedade pela separação. A enfermidade nos separa; amigos, lar, rotina costumeira, trabalho. Durante a internação no hospital ficamos separados das pessoas e das coisas que nos são familiares, no momento em que mais precisamos delas. 4- Tensão do medo de perder a aceitação. A doença e os ferimentos podem deixar as pessoas fisicamente deformadas, obrigando a moderar suas atividades e tornar dependentes de outras. Tudo isto pode ameaçar a sua autoestima e levar a temer que devido a essas mudanças as pessoas não irão mais amá- los ou respeitá-los. 5- Tensões do medo de perder o controle Perder o controle de forca física, agilidade mental, controle dos intestinos e bexigas,controle dos membros da fala, ou a capacidade de dominar as suas emoções é uma ameaça para os pacientes. E estas ameaças se tornam maiores quando o pacientes está exposto em um leito de hospital. 6- Tensão do medo de expor ou perder partes do corpo. As pessoas doentes precisam expor as partes do corpo que doem e submeter-se ao exame visual e toque por parte da pessoa do médico. Isto podem ser embaraçoso e por vezes ameaçador, especialmente quando se torna aparente que uma parte de nosso corpo está doente, tem que ser operada ou mesmo removida. 7- Tensão da culpa e medo do castigo. A doença ou acidente levam muitas vezes a pessoa a pensar que seu sofrimento possa ser um castigo por pecados ou faltas cometidas no passado, esta era a opinião do povo na época de Deitados na cama e se perguntando por quê? Essas pessoas podem se deixar vencer pela culpa, especialmente se não houver restabelecimento. Apesar de essas tensões serem comuns aos enfermos, temos que saber que existem diferenças no modo das pessoas reagirem algumas sentem ainda outras emoções: Deprimidas com a doença. Desanimadas com o tratamento. Frustradas com a vida. Iradas com os médicos e com Deus. Culpadas por não cuidarem da saúde. Confusas com o prognóstico. A compreensão das reações emocionais do pacientes do adoecer deve ser muito valorizada pelo médico, embora, na prática, isso frequentemente tem sido ignorado. A doença costuma ser estudada e entendida apenas pelo seu lado anatômico, clinico e sintomatológico. O que se pleiteia para o clinico é um enfoque mais generalista, através da compreensão da pessoa que vive a doença. 15 A necessidade de uma abordagem psicossocial com o paciente faz com que se reconheça o importante papel da informação sobre a doença na relação médico- paciente e, principalmente, na relação doente-doença, com evidentes benefícios à saúde do paciente. As falhas na educação apropriada repercutem na recuperação do paciente, nos cuidados pessoais, na ausência das necessárias mudanças de hábitos e, consequentemente, ficariam aumentadas as chances de resultados terapêuticos insatisfatórios. A descoberta de uma enfermidade é tão desestabilizadora, que afeta emocionalmente até os familiares do paciente. Quando uma pessoa fica enferma, sua família é afetada e, percebendo isto, o paciente se perturba. As mudanças na rotina familiar devido à doença, problemas financeiros, dificuldades em organizar as visitas ao hospital, e até a perda da oportunidade de contato íntimos para o casal podem criar tensão emocional como irritação e preocupação. É ai que o capelão como ministro da palavra de Deus, faz parte da equipe multidisciplinar, tornando-se responsável pelo atendimento espiritual, fraterno, amigo, solidário ao paciente. É ai que o capelão com sua habilidade devem transmitir o evangelho da paz, da esperança, da fé. Deve complementar o atendimento dispensado por parte dos médicos. O paciente tem o direito de ser validada, como pessoa humana em estado de debilidade física e emocional. Como pessoa humana feita à imagem e semelhança de Deus que fala alto grita e quer ser ouvida precisa além do tratamento médico de ajuda espiritual. É aí que inicia o trabalho do capelão é, quando solicitado encarregado de ministrar os cuidados religiosos e ajudar a pessoa enferma a reencontrar o equilíbrio perdido ou alterado. De igual modo é de sua responsabilidade ajudar o doente a aceitar passivamente a doença. A pessoa doente precisa aceitar a enfermidade dentro do quadro geral da vida humana que é limitada. O paciente através da Capelania vai descobrir que a doença também revela fatores positivos e significativos. O capelão deve incutir no paciente o senso de tranquilidade e confiança, preparando-o de forma amável, para o tratamento que se seguirá. A pessoa doente, devido ao seu estado de saúde abalado, carece por direito adquirido, humano e legal, de amizade, compreensão e amor, e ela espera encontrar tudo isso no hospital como um todo, e especialmente no capelão, que para ela é o Ministro da Palavra de Deus. 16 6 A BÍBLIA É A ESPERANÇA PARA O ENFERMO 6.1 COMO O CAPELÃO PODE USAR A BÍBLIA PARA CONFORTAR O ENFERMO E SEUS FAMILIARES O capelão pode simbolizar o cuidado, o amor e a presença de Deus na vida de um paciente, um aluno, um soldado, um detento ou um profissional na instituição onde trabalha. Uma de suas tarefas é compartilhar a realidade do amor de Deus à pessoa e ajudá-la a mobilizar todos os seus recursos espirituais em direção a fé, a saúde, a paz mental e emocional. A maioria dos pacientes nos hospitais ou fora deles, possui um vácuo espiritual em suas vidas. Pascal, o grande filósofo francês, disse certa vez: “Há um vácuo em forma de Deus no coração de cada homem e somente Deus pode preencher”. (Esta frase foi mencionada num projeto de Capelania apresentado pelo Pr. Gilson Fontes da Cruz ao conselho municipal de saúde). Esse vazio espiritual que é ausência do criador na criatura e que o leva a uma busca incessante de identidade e paz e por não entender como preencher o vazio, então permanece no redemoinho de atividades. É impossível alcançar felicidade duradoura através somente da mente, das emoções e do corpo sem o equilíbrio espiritual. Na mesma maneira que o homem experimenta necessidades físicas da fome e da sede e necessidades emocionais como o amor, e necessidade mental como curiosidade, da mesma forma possui necessidades espirituais profundas, que se manifestam em sua busca de Deus, o que revela que o homem é a única criatura que possui instinto religioso inato e consciência universal de culpa, segundo o Dr. Tim Lahaye. Muitas vezes a cura de alguma enfermidade, está diretamente ligada a uma cura interior, ou seja, do nosso espírito vindo do Espírito Santo. Para isso precisamos convidar o Espírito Santo a fluir de nosso espírito para nossa alma e daí para o nosso corpo e de nosso corpo para o mundo que nos cerca, assim quando a nossa vontade está pronta a permitir que o Espírito flua para a alma pode acontecer à cura, a restauração, o restabelecimento, o próprio consolo e conforto. O Espírito Santo deseja domar o “mal incontido” dentro de nós, (Tiago 3). Ele deseja mostrar-nos como usar nossas habilidades interiores para cura da alma e do corpo também. Quando analisamos mais profundamente os problemas dos enfermos, tanto nos hospitais, nas suas residências, nas igrejas e na sociedade de forma geral, chegamos à conclusão de que eles não são apenas de natureza física, mas psíquico-pneumático (cerebral e espiritual) e eles precisam ser tratados como tal. A capelã do Hospital das Clínicas de São Paulo, Eleny Vassão afirma: “Em cada doença existe um componente emocional, causado por um problema espiritual”. Cada paciente é uma pessoa integral (biopsico-social-espiritual) e todas essas facetas estão 17 intimamente interligadas: quando uma é afetada a outra também o é. Como afirma Eleny Vassão, eles sempre cobiçam ter uma dor na alma que nenhum medicamento pode aliviar ou curar. Sofrem de complexo de culpa, ódio, desejo de vingança, solidão e muitos outros problemas emocionais e espirituais que causam sua doença, ou que estão ajudando a complicá-las. E esses problemas precisam ser encarados e tratados como problemas espirituais. E a bíblia é uma ferramenta essencial para tratar esses problemas espirituais. Somente Jesus Cristo pode salvar a alma, somente Ele pode dar paz, mesmo em meio ao sofrimento, enchendo um coração amargurado e sem esperança com seu amor genuíno e lhe dando esperança de vida eterna. Espera-se que esta realidade possa mobilizar mais pessoas a se prepararem e levarem palavras consoladoras, bem como conselhos agradáveis e com resultados eternos. Precisamos demonstrar o amor fraternal (Romanos 12.10) Amai-vos cordialmenteuns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros. Precisamos dar o alimento necessário (Mateus 14.16) Jesus, porém, lhes disse: Não é mister que vão; dai- lhes vós de comer. Partindo assim desse pressuposto entendemos que há a necessidade de um atendimento integral ao indivíduo principalmente quando se trata de alguém enfermo ou familiar deste. 18 7 TESTEMUNHO PESSOAL Há quase doze anos quando era recém-casado, já vinha enfermo, perdendo peso, pois quase não me alimentava, pois com tudo que comia e bebia passava mal e estava sempre examinando estômago e intestino, e não se chegava a diagnóstico nenhum ( embora havia dado uma gastrite uma vez que mesmo tratada, não melhorou o meu quadro de saúde), então após acordar ensopado de suor por duas noites, fui ao médico que me pediu uma chapa de pulmão, que antes do médico diagnosticar o técnico radiológico já havia informado o resultado: tuberculose no lado direito. Esse diagnóstico por um lado foi uma bomba, mas por outro, parecia que havia acabado uma via crucis em busca de médicos, exames e hospitais que conseguissem descobrir o que eu tinha, mas apesar do desânimo pelo diagnóstico, gerou por outro lado uma força, pois havia sido revelado o causador de tanto transtorno na minha saúde e poderia, enfim, direcionar o foco para combater e vencer esse mal. Procurei um médico tisiologista, que me falou que deveria fazer um tratamento tomando um coquetel de antibióticos por seis meses. Eram 14 cápsulas que a medida dos meses deveria ser diminuída, porém debilitado como estava, meu organismo não resistiu. Pois, mal me alimentava, estava muito fraco e com o peso abaixo, tinha dificuldade de engolir e tomava o coquetel com suco, leite, mas era horrível. Mesmo antes de saber o que tinha, já havia sido hospitalizado várias vezes em atendimentos de emergência, pois passava muito mal. Principalmente depois que me alimentava, com sensação de sufocamento, pois o pouco que comia não digeria e ainda formava sulcos, gosmas que aumentava essa sensação de sufocamento. Dormia e acordava me sentindo mal. Quando comecei o tratamento que4 me debilitou ao ponto de não me alimentar mais, vomitar constantemente sem ter mais nada pra sair, fui socorrido e transferido para um hospital de Curicica na zona oeste, onde havia alas para tuberculosos, aidéticos e outras enfermidades graves. A maioria em estado precário como eu que não conseguiram tratar-se em casa. A essa altura o psicológico é o seu maior inimigo. Para o cristão, embora conheça a palavra, é muito difícil, pois se fraquejar na fé, pode até abandoná-la pelo fato de orar, orar, pedir tanto a Deus e nada “aparentemente” acontecer. Passam pensamentos de frustração, rejeição, abandono, sentimento de tristeza, insegurança e até desespero. Quando não se é cristão, deve ser mais lógico, pelos fatos naturais lidar com a doença, mas para o cristão, quando está num estado crítico, que os medicamentos não surtem efeito, a pressão é muito maior por saber que tem um Deus grande a seu favor que fez tantos milagres, curou a tantos enfermos e sobre a sua vida nada acontece, parece que as orações não funcionam, ou que Deus não está ouvindo ou não quer atendê-lo, olhar na televisão em programas evangélicos testemunho de tantos milagres, conhecer e saber no meio que vivemos pessoas que foram curados de tantas situações difíceis de enfermidade, e ver que com você nada acontece. Não havia outra forma de tratamento, não havia outro tipo de medicação, ou era aquela ou não era nenhuma. Presenciei algumas mortes de pacientes, inclusive ao meu lado, ficava no isolamento onde ficavam sempre os mais debilitados. Só minha esposa vinha frequentemente (eu estava praticamente em “lua de mel” por estar recém-casado), minha mãe só veio uma vez, e quando conseguiu entrar no meu leito, só chorava, chorava..., era o que mais me doía, o sofrimento da minha mãe e da 19 minha família. Posso afirmar categoricamente que os maiores sentimento que permeiam o psicológico do enfermo grave são dois: A tristeza e a Insegurança. A tristeza pela dor dos familiares, principalmente no caso daqueles que o doente vê que não se conformam e não tem estabilidade para suportar e muito menos para fortalecer o doente neste momento tão difícil. Essa tristeza não é uma tristeza comum de só ficar triste, mas é uma tristeza acompanhada de muita dor e angústia pelo enfermo e ver o sofrimento de seus familiares pela sua dor e o temor de perdê-lo. Pensava constantemente que se morresse como ficaria a situação da minha família, pois minha mãe embora cristã, não aceitava de forma alguma nem minha doença, nem minha morte por ela, pois antes de ir para Curicica eu já havia sido desenganado pelo médico do PAM do meu município, que sem sensibilidade nenhuma disse para minha esposa que aquele medicamento era o único que havia para o meu tratamento, e se ele estava me fazendo mal, pois havia me dado uma hepatite medicamentosa, ela deveria preparar meu enterro, pois ficaria viúva. (Ela só me contou esse fato depois que Deus efetuou o milagre na minha vida me curou). Agora vou falar de um sentimento que com certeza é comum em todos os pacientes graves, a insegurança. Eu nunca sabia se estaria vivo no dia seguinte e muitas vezes não achava que chegaria ao final dele. A insegurança é uma aliada da tristeza nessas horas, pois, a incapacidade do paciente de poder reverter seu quadro e aliviar o desespero dos familiares, ou até mesmo de seguir lutando pois sabe que não depende de seus esforços nem o curar-se e nem manter-se vivo, sem contar a tortura dos pensamentos ruins para o “depois”. No caso da minha família, devido ao desespero maior da minha mãe, estava toda desestabilizada. Minha mãe só falava em morrer junto, não queria se alimentar. Eu tinha que buscar forças em mim para suportar, resistir e ainda fortalecer a fé de meus familiares e amigos, que graças a Deus me sustentou e me dava, mesmo sendo muito crítica minha situação, sempre tinha uma palavra de fé para dar a quem vinha me visitar e sabia que o bem mais precioso que possuía era a salvação da minha alma, e que se morresse, seria a vontade de Deus e estaria em um lugar melhor com Ele. Sempre guardava minha fé, sempre tinha uma esperança que poderia acordar melhor no outro dia, temia a morte mais pelos familiares, pois o sofrimento era tão grande que por diversas vezes, tive vontade de ir para o Senhor, alguns momentos até me entreguei, mas o Senhor não quis me levar, e cada vez, como das cinzas, sempre se renovava uma esperança em mim. Nunca deixei de acreditar que a qualquer momento Deus poderia entrar com providência e mudar aquele quadro. Certa vez fui ao banheiro de madrugada e vi no caminho um corpo enrolado numa maca, me deu um sentimento de pavor, me vi ali. Infelizmente poucos são os enfermeiros que tem paciência com os pacientes. Muitas vezes me vi fragilizado em minhas atitudes e ideias, esperava contar um pouco mais com a ajuda e compreensão dos enfermeiros, pois estavam constantemente comigo, torcia que tivesse algum cristão entre eles que pudessem me compreender e até me tratar melhor e me fazer sentir menos só, mas não havia nenhum. O ambiente era hostil, e isso é ruim para o paciente. Por duas vezes fui visitado por uma psicóloga, que só fazia uma série de perguntas a 500 anos-luz de você e ia embora. Até havia uma capela no hospital que minha esposa achou e fui uma tarde no horário de visita ao culto. Fui até conversar com o Pastor (não lembro se era) e pedir uma oração no final, mas depois não voltei mais, pois estava muito fraco e andava pra “longe” 20 (50m), praticamente escorado ou de cadeira de rodas quando precisava tirar chapa do pulmão. Apesar de todo sofrimento, tristeza pelos familiares e pela insegurança da minha situaçãoque não se resolvia, pedia folhetos a minha esposa e até evangelizei na minha ala, nunca deixei de acreditar, pois sei que Deus sempre quer o melhor para os seus filhos, e a palavra de Deus me confortava muito tanto para passar por essa situação para me conformar com ela, pois sabia que na pior das hipóteses Deus tinha algo melhor preparado para mim. Há dois versículos na Palavra de Deus que considerei essenciais para passar por essa provação e entender que mesmo de uma forma desagradável e dolorosa para mim eu estava inserido no contexto da vontade e desígnios de Deus. Um deles era: “Mas, se o homem viver muitos anos e em todos eles se alegrar, também deve se lembrar dos dias de trevas, porque hão de ser muitos”. “Tudo quanto sucede é vaidade.” Eclesiastes 11:8 Neste versículo entendia que o que eu passava, mesmo servindo a Deus, estava previsto por Deus, fazia parte da vida do homem na terra, não haveria somente dias felizes e eu estava passando pelos momentos de trevas, ainda que muito longos (por volta de dez anos), e sabia que Deus é poderoso para dissipá-las a qualquer momento e retornas os dias bons. Também havia um que na época era essencial para explicar de forma clara, mesmo que pareça inexplicável e não deixar qualquer dúvida: “E sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto.” Romanos 8:28 Por mais que eu sofresse, meus familiares sofressem, eu cria, que mesmo com toda aflição, que tudo o que eu estava passando, embora diretamente não fizesse, cooperava para o meu bem. Entendia que no final dessa situação, embora qual fosse o desfecho, Deus guardava o melhor para mim, e eram nessas palavras que eu me apoiava, eu era literalmente alimentado pela palavra de Deus, Ela me sustentava a cada dia e não me fazia sucumbir por completo. Eu não tomava os remédios para tuberculose porque o meu organismo estava muito fraco e não me alimentava direito. Fiquei internado ali, para pegar um pouco de peso, fortalecer um pouco o corpo para ver se o organismo iria começar a aceitar os medicamentos. A esperança pelos olhos naturais era nenhuma, pois a reação do corpo era nenhuma. Não conseguia comer comidas sólidas, só pastosas tipo caldo, e sucos de caixinha, o corpo definhava ao ponto da balança digital marcar 29 quilos. Sabia que só a intervenção de Deus para ser curado, só um milagre, e quando não aguentei mais e senti que só poderia melhorar fora dali, depois de tanto pedir a minha esposa para me tirar, porém nem ela, nem meu pai assinavam a autorização, pois a psicóloga com o laudo médico disse que eu não resistiria lá fora, por estar muito fraco, doente e sem conseguir tomar os medicamentos que eu morreria, e ninguém queria arriscar e assinar minha sentença. Sabia que não iria durar muito naquele hospital com toda aquela opressão e o resto das forças que ainda tinham se esgotando e decidi num ato de fé lutar e confiar minha vida a Deus, pois no dia anterior 21 havia morrido um paciente na enfermaria ao lado pedindo socorro a madrugada toda e os enfermeiros trancados em suas salas com ar-condicionado e no outro dia de manhã, consolaram aos familiares dizendo que usaram todos os recursos e fizeram tudo que puderam para salvar o paciente, então, resolvi fugir, pois preferiria morrer lutando a sofrer esquecido e abandonado pelos meus familiares, então em um domingo à tarde no horário de visita, já no final quando a sirene anunciara o fim da visita, de posse da roupa que minha esposa trouxe que eu pedi para trazer, fui ao banheiro, e com a agulha do soro e o conector na veia do braço, troquei de roupa e enquanto as pessoas saiam, Deus me guardou no caminho de dentro do hospital até a saída, quando saí escorado na minha esposa e cheguei até em casa para espanto dos meus pais e familiares. Senti minhas forças espirituais renovando, minha estima aumentou, pois me sentia mais seguro junto de meus familiares, sentia que Deus me guardou até ali, pois me arrastava praticamente escorado num cabide de soro, e deitado na minha cama, aconteceu algo que não ocorria há muito tempo: senti fome. Perguntei o que tinha para comer e pedi para minha mãe bater no liquidificador arroz, feijão e frango, e consegui comer um prato cheio, e ali, senti que Deus iniciou o milagre da cura em mim, pois esperei a resposta do organismo, e demorou mas consegui digerir, e aos poucos o organismo conseguiu aceitar os alimentos, até que fui fortalecendo um pouco, melhorando e comecei a fazer o tratamento num posto. Sabia que o tratamento para erradicar a doença era de seis meses, e o organismo foi aceitando o tratamento (com dificuldade), a confiança aumentava mais, pois dia a dia víamos Deus operar, sustentar e assim com dois meses, me senti mal e fui socorrido no PAM mais próximo, e um pouco abalado, o médico me pediu uma chapa de pulmão, e sem saber de nada, viu uma cicatriz grande do lado direito do pulmão, como se já fosse de muito tempo. Foi uma alegria muito grande pois chegamos a pensar que a doença havia regredido, então fomos para casa, pois depois da notícia já não sentia mais nada, ou seja, vi como plano de Deus a ida àquele PAM para atestar a obra miraculosa que fez na minha vida, então saí mais animado e decidi obedecer as instruções médicas e completei o tratamento de seis meses. Somente a fé na Palavra de Deus é que pode sustentar o homem em momentos tão críticos. O homem natural se entristece se desespera se entrega aos pensamentos negativos. Há a necessidade de apoio espiritual aos doentes, principalmente os críticos, mais um apoio de carinho, de palavras de fé que levantem a estima do enfermo, que dê a eles uma segurança espiritual necessária que eles tenham força para os sustentarem nesses momentos difíceis. O enfermo se torna mais sensível e acessível a palavra de Deus pelo benefício que ela propõem nesses momentos, e são nesses momentos que se torna imprescindível o apoio espiritual e fraternal que tanto lhe fazem bem O Capelão deve sempre se espelhar no exemplo de Jesus que pacientemente atendia a todos os doentes, tinha (e tem) sempre uma Palavra de fé, de ânimo e de salvação. É só seguir o exemplo de Jesus e estar disponível como Ele, pois, num ambiente de hospital em que as pessoas não estão ali porque querem ou por prazer, mas, muitos cansados e oprimidos pela enfermidade, só mesmo Jesus através do poder da sua palavra tem o poder de confortar e trazer o verdadeiro alívio: 22 "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” Mateus 11:28 Que esse texto abaixo sirva de inspiração não só para aqueles que desejam exercer a Capelania, mas exercer o ministério evangelístico ao qual todos foram chamados: "O ESPÍRITO do Senhor DEUS está sobre mim; porque o SENHOR me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos; A apregoar o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes; A ordenar acerca dos tristes de Sião que se lhes dê glória em vez de cinza, óleo de gozo em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantações do SENHOR, para que ele seja glorificado." Isaías 61:1-3 6 CONCLUSÃO Fica claro que o trabalho de Capelania hospitalar é muito importante, porém, é preciso ser realizado por uma pessoa que tenha o verdadeiro chamado de Deus para essa obra e que busque a capacitação para tal, assim o nome do Senhor será glorificado e muitas vidas serão abençoadas.23 REFERÊNCIAS O Sorriso Escondido de Deus, John Piper, Sheldd Publicações Maravilhosa Graça, Philip Yancey, Vida 1999 Deus sabe que sofremos, Philips Yancey, Vida 1999 Mundo Cristão BIBLIOGRAFIA: GENTIL, Rosana Chami; GUIA, Beatriz Pinheiro da; SANNA, Maria Cristina. Organização de serviços de capelania hospitalar: um estudo bibliométrico. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 15, n. 1, Mar. 2011. Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414- 81452011000100023&lng=en&nrm=iso>. access on 15 Feb. 2014. http://dx.doi.org/10.1590/S1414- 81452011000100023 RESUMO SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO
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