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Amefricanidade_um novo olhar sobre os direitos humanos

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Amefricanidade: um novo olhar sobre os direitos humanos
Aluna: Alessandra Miller Schechner
	A amefricanidade, conforme conceituada em “A categoria político-cultural da amefricanidade” de Lélia Gonzales, é termo que diz respeito aos indivíduos negros trazidos forçadamente para as américas em meio a um contexto de colonização e dominação de diversos tipos, dentre eles a dominação racial. 
Nesse sentido, Lélia Gonzales discute as influências trazidas pelo advento da amefricanidade para as américas, bem como seu importante papel no desenvolvimento da identidade de tais sociedades, sendo exemplos das influências supracitadas aquelas de cunho político, histórico, econômico, cultural e social.
Em sua obra “Direitos humanos e Améfrica Ladina: Por uma crítica amefricana ao colonialismo jurídico”, Thula Pires então aborda a relevância de se estabelecer uma relação entre a “africanidade” e a produção de um novo olhar para os direitos humanos, sendo este a partir da perspectiva da zona do não-ser. Vale comentar que a zona do não ser, de acordo com a leitura de Thula Pires, é a zona do não humano, a qual encontra-se em contraste com a zona do humano que se caracteriza pela zona do ser. Essas zonas, por sua vez, são entendidas pela autora como a separação que se cria a partir da categoria da raça, separação esta que foi realizada de maneira descomunal. Sendo assim, se faz necessário que alguém seja negro, escravo, desprivilegiado para que alguém seja branco, patrono e privilegiado, ou seja, se faz necessário que alguém integre a zona do não humano e do não-ser para que alguém integre a zona do humano e do ser. 
Outro conceito de extrema relevância em nossa análise é o do “pretuguês”, caracterizando-se o mesmo por se identificar como uma forma de linguagem própria daqueles que foram colocados em situação periférica, como coadjuvantes de suas próprias histórias, ao passo em que eram também categorizados como sujeitos não humanos e integrantes da zona do não-ser. Nesse sentido, os conceitos de “amefricanidade” e do “pretuguês” buscam a concessão de um enfoque para o outro lado da história da colonização, escravidão e desumanização de tais povos, o lado ignorado da história em meio a uma supremacia da versão branca, elitista e eurocêntrica. 
Sendo assim, é notório que o próprio direito foi construído e lido a partir da narrativa da branquitude, do elitismo e do eurocentrismo em meio a um contexto em que se entendia a supremacia de certos povos sobre outros, estes últimos sendo colonizados, escravizados, marginalizados e desumanizados, enquanto as suas narrativas seguiam silenciadas até mesmo no que diz respeito à sua inclusão como sujeitos de direito, sendo os mesmos entendidos então como os não humanos e não-seres, conceitos anteriormente mencionados.
Felizmente a consolidação dos direitos humanos atuou como fator essencial para a promoção da igualdade, liberdade e dignidade de todo e qualquer indivíduo e cidadão. Além disso, ressalta a autora, a “amefricanidade” é responsável por trazer para a categoria humano e, consequentemente, para a zona do ser aqueles indivíduos inseridos na categoria não humano e pertencentes a zona do não-ser.
Por fim, vale destacar que a “amefricanidade” atua também na promoção e na defesa de direitos fundamentais e especiais dos indivíduos e grupos marginalizados e desumanizados não somente de maneira a ampliar os direitos já previstos na categoria do humano e da zona do ser de forma a se incluir tais indivíduos e grupos, mas também de modo que se revisa o direito anteriormente construído a partir da ótica de narrativas que ao longo da história foram esquecidas, ignoradas e deslegitimadas.

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