Buscar

oratoria_online

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 212 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 212 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 212 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Oratória
Oratória
O
ra
tó
ri
a
Angela Paiva Dionisio
Iara Bemquerer Costa
Luiz Roberto Dias de Melo
Marilsa de Sá Rodrigues Tadeucci
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-2994-5
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Oratória
Angela Paiva Dionisio
Iara Bemquerer Costa
Luiz Roberto Dias de Melo
Marilsa de Sá Rodrigues Tadeucci
IESDE Brasil S.A.
Curitiba
2012
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
IESDE Brasil S.A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Todos os direitos reservados.
© 2012 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e 
do detentor dos direitos autorais.
Capa: IESDE Brasil S.A.
Imagem da capa: Shutterstock
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ 
________________________________________________________________________________
O72
 
 Oratória / Angela Paiva Dionisio... [et al.]. - 1.ed. - Curitiba, PR : IESDE Brasil, 2012. 
 208p. : 24 cm
 
 Inclui bibliografia
 ISBN 978-85-387-2994-5
 
 1. Oratória. 2. Comunicação oral. 3. Retórica. I. Dionisio, Angela Paiva. 
 
12-5121. CDD: 808.51
 CDU: 808.51
19.07.12 01.08.12 037570 
________________________________________________________________________________
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Pós-Doutorado – University of California – Santa Barbara, UCSB, Estados Unidos. 
Doutorado em Letras – UFPE. Mestrado em Letras – UFPE. Especialização em Lin-
guística Aplicada ao Ensino do Português – UFPB. Graduação em Letras – UFPB.
Angela Paiva Dionisio
Doutora em Administração pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Mestre 
em Administração de Empresas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Gra-
duada em Psicologia pela Faculdade Salesiana de Filosofia, Ciências e Letras. É 
professora de carreira da Universidade de Taubaté, ministra disciplinas de Psico-
logia Organizacional e Trabalho na graduação em Psicologia, Gestão de Pessoas 
nos programas de MBA de Recursos Humanos e Gerência Empresarial. Professora 
do Programa de Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional.
Marilsa de Sá Rodrigues Tadeucci
Doutora em Ciências (Linguística) pela Universidade Estadual de Campinas (Uni-
camp). Mestre em Linguística pela Unicamp. Graduada em Letras-Português pela 
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Iara Bemquerer Costa
Mestre em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo (USP). Bacharela-
do e Licenciatura em Letras: Português e Italiano pela Universidade de São Paulo 
(USP). Ministra várias disciplinas ligadas aos cursos de Publicidade e Propaganda, 
como Redação Publicitária, Teoria da Comunicação e Planejamento de Mídia. É 
sócio-diretor da Gemma Comunicação e presidente do Instituto Saber-Aprender, 
organização do terceiro setor.
Luiz Roberto Dias de Melo
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Sumário
Conceitos fundamentais 
para a Análise da Conversação ............................................ 11
A especificidade da conversação ......................................................................................... 11
Os turnos de fala ........................................................................................................................ 12
Tópico conversacional ............................................................................................................. 16
Pares adjacentes ........................................................................................................................ 19
A hesitação .................................................................................................................................. 23
Conclusão ..................................................................................................................................... 24
Estratégias de organização do diálogo ............................ 35
A paráfrase ................................................................................................................................... 35
A correção .................................................................................................................................... 38
A repetição ................................................................................................................................... 40
Os marcadores conversacionais ........................................................................................... 41
Conclusão ..................................................................................................................................... 46
Pragmática: atos de fala, implicaturas e 
máximas conversacionais ...................................................... 55
A Teoria dos Atos de Fala ........................................................................................................ 58
Princípio de cooperação e máximas conversacionais .................................................. 62
Implicaturas conversacionais ................................................................................................ 65
A pressuposição ......................................................................................................................... 66
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Análise retórica da argumentação ..................................... 77
A Retórica Clássica e sua revitalização na Nova Retórica ............................................ 78
Conceitos fundamentais da Nova Retórica ...................................................................... 82
O ethos: imagem do autor projetada no discurso ............................................................ 89
Conclusão ..................................................................................................................................... 90
Relações com a mídia e gestão de crise .........................101
É preciso saber orientar a mídia .........................................................................................102
É preciso saber responder à mídia ....................................................................................105
É preciso se preparar para o cara a cara com a mídia .................................................108
Conceito de crise institucional ...........................................................................................109
Comunicação durante a crise .............................................................................................112
Fundamentos da comunicação interpessoal ...............125
Melhorando o relacionamento no trabalho ..................................................................125
Estilos interpessoais ...............................................................................................................129
Gestão de conflitos .................................................................................................................131
A linguagem corporal traduz emoções e pensamentos ...........................................143
Como liderar reuniões ..........................................................155
As reuniões: princípios gerais .............................................................................................155
Como distribuirpapéis em reuniões para que sejam produtivas ..........................163
Preparação e condução de reuniões ................................................................................165
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Eficácia na comunicação oral .............................................175
Falar em público com segurança: fundamentos de oratória ...................................175
Como fazer apresentações ...................................................................................................186
Preparação de discursos .......................................................................................................194
Excelência em improviso ......................................................................................................198
Timidez ........................................................................................................................................200
Palestra de negócios ..............................................................................................................202
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Apresentação
A comunicação é uma característica humana, é o elemento que os distingue: 
o ser humano é um animal que fala.
Nos dias de hoje, nossos modernos meios de comunicação, também chama-
dos tecnologias de informação e comunicação (TIC), ampliam a capacidade do in-
divíduo para se comunicar, para interagir com os seus semelhantes. Porém, esse 
incremento tecnológico não torna obsoleta a velha e boa comunicação direta, de 
pessoa para pessoa. Mais que isso, os modernos meios não dispensam a exigên-
cia de bem articular a comunicação como base para esta outra comunicação que 
se vale de máquinas sempre mais avançadas.
Dito de outra forma, podemos afirmar com acerto que desde a Antiguidade 
até os nossos dias o poder de comunicação é uma condição basilar para a vida 
humana – e isso continuará a ser uma verdade nos dias que virão. A oratória, 
também chamada arte de bem falar, foi praticada na Antiguidade e segue sendo 
praticada, continua “na ordem do dia”.
Este material fornece as estratégias básicas para bem organizar a comunica-
ção oral, atendendo tanto à necessidade de algum embasamento teórico como 
à necessidade de direcionamentos práticos sobre como organizar um diálogo ou 
uma reunião, e como alcançar eficácia na comunicação interpessoal.
E vale a velha máxima popular: “é falando que a gente se entende”.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Iara Bemquerer Costa
A primeira questão que surge quando anunciamos a apresentação de 
conceitos fundamentais para a Análise da Conversação é se haveria real-
mente a necessidade de conceitos específicos para o estudo dessa moda-
lidade de uso da língua. A conversação não poderia ser estudada com o 
uso dos mesmos conceitos teóricos e metodologias de análise desenvolvi-
dos pela Linguística Textual para a análise de textos orais ou escritos?
Para justificar a necessidade de formulações teóricas e metodológicas 
específicas para o estudo da conversação, é interessante chamar a aten-
ção para algumas propriedades do texto conversacional que o distinguem 
de outros tipos de texto.
A especificidade da conversação
A propriedade mais evidente da conversação é que os interlocutores 
alternam-se nos papéis de falante e ouvinte. Assim, o estudo do texto con-
versacional deve necessariamente contemplar o estudo das formas de al-
ternância dos papéis no diálogo e da atuação conjunta dos interlocutores 
para a construção de um texto coerente. Deve levar em conta também que 
a conversação, ao contrário de outros textos, é produzida sem um planeja-
mento prévio. Mesmo que um dos interlocutores defina antecipadamente 
o que pretende falar, há sempre a necessidade de rever seu planejamento 
a cada intervenção dos demais participantes, para que suas intervenções 
constituam uma sequência adequada às falas anteriores.
O texto falado deixa transparecer o processo de sua construção, como 
explica Koch (2006, p. 45):
[...] ao contrário do que acontece com o texto escrito, em cuja elaboração o produtor 
tem maior tempo de planejamento, podendo fazer rascunhos, proceder a revisões e 
correções, modificar o plano previamente traçado, no texto falado planejamento e 
verbalização ocorrem simultaneamente, porque ele emerge no próprio momento da 
interação: ele é o seu próprio rascunho.
Conceitos fundamentais para 
a Análise da Conversação
11Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
12
Conceitos fundamentais para a Análise da Conversação
Koch (2006, p. 46) usa também a metáfora do quadro e do filme para compa-
rar a recepção do texto oral ou escrito:
Para o leitor, o texto se apresenta de forma sinóptica: ele existe, estampado numa página – 
por trás dele vê-se um quadro. Já no caso do ouvinte, o texto o atinge de forma dinâmica, 
coreográfica: ele acontece, viajando através do ar – por trás dele é como se existisse não um 
quadro, mas um filme.
As várias peculiaridades da conversação justificam a adoção de conceitos 
específicos que ajudam a compreender tanto os princípios que organizam a al-
ternância de papéis entre os interlocutores quanto as formas de planejamento/
construção textual na conversação. Estas distinguem-se das formas de planifica-
ção e produção de outros textos:
pela simultaneidade entre planejar e executar – na conversação, os parti- �
cipantes não têm tempo para elaborar esquemas prévios.
pelo caráter coletivo da construção textual – ao contrário da maioria dos �
gêneros textuais, em que o texto é produzido por um autor único, a con-
versação resulta das contribuições de pelo menos dois autores.
pelo fato de a conversação ser resultado de um planejamento coletivo – �
cada pessoa, ao tomar a palavra, tem de levar em conta as contribuições 
anteriores dos demais participantes da conversa.
Para dar conta do estudo dessas especificidades, a Análise da Conversação 
formulou um conjunto de conceitos que permitem a análise de eventos con-
versacionais. Neste capítulo, vamos apresentar quatro conceitos que são instru-
mentos importantes para esse estudo: os turnos de fala, o tópico conversacional, 
os pares adjacentes e a hesitação.
Os turnos de fala
Uma das formas de compreender como a conversação é organizada é ob-
servar como se dá a alternância entre os participantes. Para isso, a Análise da 
Conversação incorporou e adaptou o conceito de turno, usado em diversas situ-
ações: num jogo de xadrez, nos plantões de profissionais da saúde, em corridas 
de revezamento, enfim, qualquer situação em que o indivíduo disponha de um 
tempo, cuja duração pode ser ou não predeterminada para a realização de de-
terminada tarefa.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Conceitos fundamentais para a Análise da Conversação
13
Na conversação, entende-se por turno qualquer intervenção dos interlocuto-
res, independente de sua extensão. Segundo Galembeck (1995, p. 60):
O conceito de turno [...] valoriza todas as intervenções dos interlocutores, tanto aquelas que 
possuem valor referencial ou informativo (ou seja, que desenvolvem o assunto tratado num 
fragmento de diálogo), como aquelas intervenções breves, sinais de que um dos interlocutores 
está “seguindo” ou “acompanhando” as palavras do seu parceiro conversacional.
Os turnos resultam da aplicação de um princípio válido em todas as cultu-
ras: fala um de cada vez. O turno de fala é, portanto, aquilo que cada falante diz 
enquanto está com a palavra, havendo mesmo a possibilidadede que a pessoa 
fique em silêncio em alguns turnos. Estamos acostumados a assistir reportagens 
na TV em que os repórteres “bombardeiam” as pessoas com perguntas inconve-
nientes e não recebem resposta alguma. Dirigir uma pergunta ao interlocutor é 
uma forma de indicar que ele deve assumir o turno de fala em seguida. Em casos 
específicos, a pessoa que deveria fazer uso do turno conversacional prefere ficar 
em silêncio.
A alternância de papéis entre os participantes não se dá de maneira caótica. 
Em qualquer cultura há normas que organizam o diálogo. A mudança de turno 
(passagem de um participante a outro) ocorre basicamente de duas formas, que 
são relevantes especialmente em conversas de que participam mais de duas 
pessoas. O falante pode escolher quem deve assumir a palavra em seguida e 
encerrar seu turno por meio de alguma indicação de que tem a expectativa de 
que o outro assuma o papel de falante (uma pergunta dirigida especificamente 
a um dos participantes; a menção do nome do interlocutor escolhido) ou pode 
concluir sua participação e esperar que alguém tome a palavra. Nesse caso, se 
houver mais de dois participantes na conversação, há um processo de autoes-
colha, ou seja, fala quem quiser tomar a palavra no momento. Se a conversação 
se der entre duas pessoas apenas, quando um interrompe a sua participação, 
o outro está automaticamente convidado a assumir o turno. A forma mais evi-
dente de indicação do responsável pelo turno seguinte é fazer uma pergunta. 
Segundo as regras de interação, a pergunta cria a obrigação de uma resposta.
Vejamos um exemplo de identificação dos turnos em um trecho de 
conversação1:
L1 então o desen/ o desenvolvimento é bom porque ele dá chance de em-prego para mais gente... Turno 1
1 Dados do projeto Nurc de São Paulo. As entrevistas do projeto foram realizadas na década de 1970.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
14
Conceitos fundamentais para a Análise da Conversação
L2
mas você está pegando uma coisin::nha assim, sabe? um cara que esteja 
desempregado também eu posso... usar o mesmo exemplo num num 
sentido contrário... o cara que está desempregado porque não conse-
gue se empregar né? na verdade não quer ou um outro que:: assim... 
muito bem empregado executivo-chefe de empresa e tal mas cheio das 
neuroses dele eu não sei qual está melhor...
Turno 2
L1
então você tem que abstrair desse aspecto porque você pode ter am-
bos os ca::sos... você tem que pegar na média esquecendo esse aspecto 
particular...
Turno 3
Nesse trecho de conversa entre L1 e L2 observa-se uma participação equili-
brada entre os falantes. Os dois se alternam e cada um espera que o outro con-
clua sua intervenção para assumir a palavra e apresentar sua contribuição para 
o tema da conversa – a relação entre desenvolvimento e nível de emprego. No 
turno 1, o primeiro participante apresenta sua opinião sobre o tópico tratado e 
afirma que o desenvolvimento abre possibilidade de emprego para mais gente; 
no turno 2, o segundo participante contrapõe-se ao primeiro, apontando casos 
particulares que enfraquecem a argumentação apresentada no primeiro turno; 
no terceiro turno, o primeiro participante contesta a observação do seu inter-
locutor, e insiste para que ele observe a média, não os casos particulares. Os 
três turnos trazem contribuições para o conteúdo informacional que está sendo 
desenvolvido. Além disso, não há superposições entre as falas dos dois interlo-
cutores: as trocas de turno se dão em momentos em que cada um conclui seu 
raciocínio e faz uma pausa.
Casos de conversação como esse, em que os participantes contribuem efe-
tivamente para o desenvolvimento do tema, são chamados de conversação 
simétrica. Os turnos conversacionais podem também indicar uma interação 
assimétrica. Nas conversações assimétricas, um dos participantes apresenta 
as contribuições efetivas para o assunto tratado, os demais simplesmente dão 
sinais de que estão acompanhando a conversa, mediante o uso de intervenções 
curtas de assentimento, de estímulo para o falante continuar sua exposição. Ga-
lembeck (1995, p. 60) apresenta o seguinte esquema para caracterizar as confi-
gurações básicas dos turnos nos eventos conversacionais:
Simetria – ambos os interlocutores contribuem para o desenvolvimento do 
tópico conversacional.
Assimetria – um dos interlocutores desenvolve o tópico; o outro “vigia” ou 
“segue” o seu parceiro.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Conceitos fundamentais para a Análise da Conversação
15
Galembeck reconhece dois tipos de turnos: turnos nucleares e turnos inseri-
dos. Nos nucleares observa-se uma contribuição informacional clara do falante. 
Já nos turnos inseridos, a participação do falante não traz contribuição informa-
cional para o tópico da conversação, mas apenas indica que o participante está 
acompanhando o raciocínio do seu interlocutor. É o que acontece em geral com 
o uso de expressões curtas como: tá, certo, sei, é, hum hum, ahn ahn ou com a 
repetição de palavras usadas pelo interlocutor.
Mas há também casos em que um participante, mesmo diante de sinais 
claros de que tem o direito (e o dever) de falar, mantém-se em silêncio e, quando 
muito, faz algum gesto indicando que não vai fazer uso do turno que lhe é pro-
posto pelo interlocutor. Nesses casos, a análise das motivações para o silêncio é 
também muito interessante. Veja, por exemplo, o trecho de uma entrevista reali-
zada em Salvador entre uma professora universitária (L1) e um menino morador 
de rua (L2)2:
L1 É bom uma pessoa ter família? Turno 1
L2 É. Turno 2
L1 É? Por que que uma família é bom pra pessoa? Diga aí o que é que você acha assim por que que ter família é bom pra pessoa? Turno 3
L2 É... Turno 4
L1 Que é que você acha? Turno 5
L2 [silêncio] Turno 6
L1 Não tem importância da forma como você fale, o que você achar você diz. Turno 7
L2 [silêncio] Turno 8
L1
Você acha que um garoto como você, uma menina da tua idade, mais 
velho, mais novo, pra essas pessoas, pra gente, é importante ter famí-
lia?
Turno 9
L2 [gesto] Turno 10
L1 É. Por quê? O que que a família faz pra gente? Turno 11
L2 [silêncio] Turno 12
2 Dados de Machado (2003, p. 66-67). A transcrição adotada nesse estudo – e mantida na citação – é diferente da utilizada nos estudos do Nurc.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
16
Conceitos fundamentais para a Análise da Conversação
L1 Você não sabe? Não tá querendo falar? Turno 13
L2 [silêncio] Turno 14
L1
O que é uma família? É pai, mãe, né isso – você não tem pai que seu pai 
morreu, sua mãe tá viva – irmãos, como é que os irmãos, a mãe podem 
ajudar a gente?
Turno 15
L2 [pausa] Trabaiando [voz fraca] Turno 16
L1 Trabalhando? E aí? Turno 17
L2 [silêncio] Turno 18
L1 Quem trabalhando? A gente ou eles? Turno 19
L2 Eles e a gente. Turno 20
Esse trecho de conversação mostra uma interação assimétrica entre os parti-
cipantes. L1 é adulta, com escolaridade alta, professora universitária. L2 é crian-
ça, morador de rua atendido por um programa assistencial, o Projeto Axé. Na 
interação entre essas duas pessoas observa-se que todos os turnos de fala de L1 
são encerrados por perguntas, que são uma forma de passar o turno ao interlo-
cutor, de indicar explicitamente que ele tem a obrigação de dar uma resposta. 
No entanto, L2 recusa-se a fazer uso dos turnos que lhe são concedidos, certa-
mente porque não quer falar sobre o tema proposto – a importância da família 
para a criança. É um menino que tem uma experiência de convívio familiar muito 
diferente do modelo divulgado pela sociedade, tanto que trocou a casa da famí-
lia pela rua.
Tópico conversacional
Imagine uma situação trivial: um grupo de amigos seus está conversando, 
você se aproxima e quer participar do bate-papo do grupo. Para conseguir se 
integrar rapidamente, sua estratégia é perguntar:“Sobre o que vocês estão 
conversando?” A resposta a essa questão será o tópico conversacional, ou seja, 
o assunto sobre o qual o grupo fala naquele momento. Mesmo que você não 
dirija ao grupo uma pergunta direta, que leve algum dos participantes a explici-
tar o tópico, basta escutar a conversa durante alguns minutos para identificar o 
tópico, pois a percepção do tema da conversação é uma condição para que cada 
um possa se engajar na conversação e fazer intervenções adequadas.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Conceitos fundamentais para a Análise da Conversação
17
Favero (1995, p. 39) afirma que o conceito de tópico conversacional (ou dis-
cursivo) é nuclear para compreensão de como os participantes de um evento 
interativo organizam, gerenciam suas intervenções no diálogo:
O tópico é, assim, uma atividade construída cooperativamente, isto é, há uma correspondência 
– pelo menos parcial – de objetivos entre os interlocutores.
A noção de tópico é de fundamental importância para o entendimento da organização 
conversacional e é consenso entre os estudiosos que os usuários da língua têm noção 
de quando estão discorrendo sobre o mesmo tópico, de quando mudam, cortam, criam 
digressões, retomam etc.
Identificar o tópico de uma conversação é uma tarefa simples, basta reconhe-
cer e sintetizar o assun to sobre o qual os participantes falam. Observe o seguinte 
trecho de uma conversa:
L2 a sua família é grande?
L1 nós somos:: seis filhos
L2 e a do marido?
L1 e a do marido... eram doze agora são nove
L2 ahn ahn
L1 quer dizer somos de famílias GRANdes e::... então ach/ acho que::... dado esse fator nos acostumamos a:: muita gente
L2 ahn ahn
L1 e::
L2 e daí o entusiasmo para NOve filhos
L1 exatamente nove ou dez
L2 ( )
L1 é e:: mas... depois diante da dificuldade de conseguir quem me ajudasse... nó::s pa-ramos no sexto filho
L2 ahn ahn
L1 não é?... e estamos muito contentes e...
Nesse trecho de conversa, o tópico conversacional é o tamanho da família. O 
desenvolvimento desse tópico se faz principalmente nos turnos ocupados por 
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
18
Conceitos fundamentais para a Análise da Conversação
L1: é ela quem dá informações sobre a composição de sua família, da família do 
marido, sobre o projeto do casal de ter nove ou dez filhos, sobre as razões que a le-
varam a ter menos filhos do que o planejado. As intervenções de L2 também estão 
centradas no mesmo tópico: ela incentiva L1 a continuar falando sobre o tema e, 
com suas perguntas e comentários, direciona a interlocutora para a apresentação 
de novas informações, fazendo progredir a conversa em torno do tópico.
O tópico é fundamental na organização da sequência de turnos da conversa-
ção. Jubran (2006, p. 89-90) destaca:
[...] importa salientar inicialmente que a quase simultaneidade entre a elaboração e a 
manifestação verbal, característica das interações face a face, particularmente da conversação, 
não afasta o teor de organização do texto falado, então processado. Desenvolvida com base 
em troca de turnos entre pelo menos duas pessoas, a conversação implica uma construção 
colaborativa, pela qual um turno não é simples sucessor temporal do outro, mas é produzido, 
de algu ma forma, por referência ao anterior. Há, portanto, uma projeção de possibilidades que 
um elemento no turno antecedente desencadeia no turno seguinte.
A organização sequencial dos tópicos ao longo de um evento conversacional 
pode assumir configurações diversas, relacionadas a dois fenômenos básicos: a 
continuidade e a descontinuidade. Observa-se a continuidade quando os tópicos 
na conversação organizam-se em uma sequência linear: cada tópico é iniciado, 
desenvolvido e concluído antes da introdução do tópico seguinte.
Imagine uma conversa entre amigos em que tenham sido tratados os seguin-
tes tópicos:
A: o aniversário de W;
B: o início do namoro entre V e Y;
C: a ida de W ao shopping para fazer a troca de dois presentes;
D: o show musical anunciado para o fim de semana seguinte.
Haverá relação de continuidade entre esses quatro tópicos se os interlocuto-
res encerrarem o tratamento de cada um antes de darem início ao seguinte. Ou 
seja, se um tópico como A (o aniversário de W) não voltar a ser abordado a partir 
do momento em que os interlocutores passarem a conversar sobre o tópico B 
(o início do namoro entre V e Y). Cada tópico é concluído antes da introdução 
do tópico seguinte. Podemos representar a relação de continuidade entre os 
quatro tópicos pelo seguinte esquema, em que a abertura dos parênteses indica 
o início de um tópico, o fechamento dos parênteses seu encerramento e a seta a 
sequência linear entre os temas.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Conceitos fundamentais para a Análise da Conversação
19
(A) → (B) → (C) → (D)
Mas pode haver entre esses tópicos uma relação de descontinuidade. Pode 
acontecer, por exemplo, que um tópico seja anunciado na conversação, mas inter-
rompido por alguma razão. Esse tópico pode retornar depois ou não. Pode ocorrer 
também que um tópico seja interrompido pelo surgimento de outro e depois os 
interlocutores o retomem para continuar falando sobre ele até esgotá-lo.
Os mesmos quatro tópicos apresentados acima poderiam surgir na conver-
sação em uma relação de descontinuidade. Imagine o seguinte: o grupo inicia a 
conversa falando sobre o aniversário de W, mas interrompe o tratamento desse 
tema para falar sobre o início do namoro entre V e Y. O tema A (o aniversário) 
volta à conversa, mas é interrompido novamente pela inserção da narrativa 
sobre a ida de W ao shopping para fazer a troca dos presentes. A conversa sobre 
o aniversário retorna e, depois de encerrado o tratamento desse tema, o grupo 
passa a falar sobre o show musical do fim de semana. Teríamos aí o seguinte 
esquema, em que foram introduzidas as reticências para indicar a interrupção 
de um tópico:
(A... → (B) → ...A... →(C) → ...A) → (D)
A descontinuidade entre o tratamento dos tópicos pode assumir várias 
formas. Uma forma comum de realização da descontinuidade é a inserção de 
uma digressão, ou seja, a introdução no meio do tratamento de um tópico de 
uma conversa não relacionada com o tópico em andamento. Terminada a di-
gressão, o tema da conversa é retomado. O esquema da digressão seria:
(A... → (B) → ...A)
Pares adjacentes
Ficou suficientemente claro, a partir do exposto até aqui, que a conversação 
é construída de forma colaborativa. Essa característica do texto conversacional 
tem várias consequências na sua organização. Uma delas é a presença de sequên- 
cias de turnos altamente padronizadas quanto à sua estruturação. Todas as lín-
guas apresentam pares de turnos, que aparecem juntos (um segue imediata-
mente o outro) e que são fundamentais na organização local da conversação. 
A produção do primeiro elemento do par por um dos falantes desencadeia a 
produção do segundo elemento por outro falante, como uma regra social de 
conversação praticamente obrigatória. Schegloff (1972, p. 346-348) denominou 
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
20
Conceitos fundamentais para a Análise da Conversação
essas sequências de turnos de pares adjacentes, expressão incorporada aos estu-
dos da conversação.
Veja alguns exemplos de pares adjacentes:
a produção de um � cumprimento por um dos falantes conduz a um cumpri-
mento do interlocutor;
o uso de uma expressão de � despedida desencadeia outra expressão de 
despedida;
se um dos falantes fizer uma � pergunta, o turno seguinte deve conter uma 
resposta;
se um interlocutor der uma � ordem, o interlocutor deve em seguida apre-
sentar uma indicação de execução;
se fizer um � pedido, a sequência deve indicar o atendimento do que foi so-
licitado ou uma desculpa pelo nãoatendimento;
se fizer um � convite, deve vir em seguida a aceitação ou a recusa;
um � xingamento tem como resposta uma defesa (ou outro xingamento);
uma � acusação leva a uma defesa ou a uma justificativa;
um � pedido de desculpas é normalmente seguido do perdão.
Os turnos que constituem pares adjacentes têm algumas características que 
justificam o seu estudo como um fenômeno especial na organização da conver-
sação. Trata-se de sequências de dois turnos produzidos por falantes diferen-
tes. As duas partes dos pares adjacentes têm uma ordenação predeterminada 
(o perdão não pode vir antes do pedido de desculpas, nem a defesa antes da 
acusação, por exemplo). A primeira parte do par adjacente seleciona o próximo 
falante e determina sua ação.
Entre os pares adjacentes mais estudados e mais relevantes para a constru-
ção conversacional estão o cumprimento-cumprimento, despedida-despedida 
e a pergunta-resposta.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Conceitos fundamentais para a Análise da Conversação
21
Sequências fáticas de abertura e fechamento: 
pares adjacentes de cumprimento e despedida
Se pensarmos sobre as formas de que o português dispõe para os falantes 
iniciarem e encerrarem uma conversa, veremos que há uma diversidade bem 
grande: bom dia, boa tarde, boa noite, oi, olá, alô, tchau, até logo. O falante que dá 
início à interação escolhe, entre as possibilidades que a língua lhe oferece, uma 
forma de assinalar sua disposição para o diálogo. Mas sua liberdade de escolha 
é muito restrita. A seleção da forma do cumprimento tem uma função fática na 
conversação, ou seja, serve para assinalar que os interlocutores estão em con-
tato e marcar o início ou o fim do diálogo. A escolha dessas formas é regida por 
regras sociais.
Um dos critérios para a escolha é a formalidade da situação: iniciar uma en-
trevista na televisão cumprimentando o entrevistado com um “oi” é inadequado, 
considerado uma falta de polidez. Mas em situações informais (num bar, numa 
festa, numa academia de ginástica, num salão de beleza) essa forma de cumpri-
mento é aceita e esperada.
Outro critério é a simetria ou assimetria da relação entre os interlocutores. 
Na interação entre pessoas da mesma faixa etária ou do mesmo grupo social, os 
cumprimentos e despedidas mais informais são esperados.
Quando o falante escolhe a forma de cumprimentar seu interlocutor, ele 
determina, de certa forma, o turno seguinte:
A oi, tudo bem?
B tudo bem!
R bom dia!
V bom dia!
F alô!
J alô!
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
22
Conceitos fundamentais para a Análise da Conversação
H até logo!
Y até logo!
Os pares adjacentes de cumprimento-cumprimento ou despedida-despedi-
da tendem a ser selecionados de forma espelhada. Quando o falante dá início à 
conversação, ele seleciona uma maneira de cumprimento a partir de sua avalia-
ção do grau de formalidade daquela situação e de sua relação de simetria ou as-
simetria com o interlocutor. A seleção feita determina a forma a ser usada pelos 
demais participantes da conversação. O segundo turno de um par adjacente de 
cumprimento ou despedida é determinado pelo turno anterior, ao qual faz eco.
O par pergunta-resposta
As sequências de perguntas e respostas estão entre as formas mais comuns 
de fazer progredir uma conversação. A pergunta seleciona o responsável pelo 
turno seguinte, marca o final de um turno e define o tema e a forma do turno 
seguinte. A pergunta pode ser:
Direta ou indireta
Reconhecemos como perguntas tanto as formulações feitas sob forma inter-
rogativa quanto aquelas que usam uma forma indireta:
Perguntas diretas: “Você encontrou o Carlos ontem?”, “O professor já chegou?”, 
“Ainda está chovendo?”
Perguntas indiretas: “Não sei se você sabe o nome do livro que o professor 
recomendou.”, “Quem sabe você me diz onde guardou a chave.”
Aberta ou fechada
As perguntas abertas em geral solicitam alguma informação, levam o inter-
locutor a falar sobre um tema específico. É comum conterem expressões como: 
Quem? Qual? Como? Por quê? Onde? Quando?
D quanto tempo demora... essa refeição?
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Conceitos fundamentais para a Análise da Conversação
23
L
ah essa refeição demora... normalmente leva meia hora mais ou menos... porque eles 
comem bastante coisa realmente... quer dizer que então:: é demorado... depois ainda 
tem que escovar dente pra sair...
Já as perguntas fechadas podem ser respondidas com “sim” ou “não”. Em por-
tuguês, é mais comum que a resposta afirmativa seja formulada com a repeti-
ção do verbo ou de outra expressão importante contida na pergunta. Em várias 
outras línguas, a resposta típica é um sim.
A Você já leu o livro?
B Já.
R Sua irmã gostou do vestido?
P Gostou muito.
A hesitação
Ao observarmos um evento conversacional, podemos perceber a presença 
de várias hesitações, que se distribuem de maneira diferenciada entre os partici-
pantes. Há aqueles que falam pausadamente, com várias hesitações na formula-
ção, e há também os que revelam um grande controle sobre seu ritmo de fala e 
apresentam poucas hesitações. A questão que surge inicialmente é: a presença 
de hesitações na conversação seria um indício de um problema cognitivo ou 
interativo do falante?
A Análise da Conversação dedica-se ao estudo dessa questão e conclui, 
conforme mostra Marcuschi (2006, p. 48), que “a hesitação é intrínseca à com-
petência comunicativa em contextos interativos de natureza oral e não uma 
disfunção do falante.” A hesitação tem um papel importante no processamen-
to da conversação: como o planejamento das intervenções do falante se dá de 
forma simultânea a sua produção, as tomadas de decisão do falante resultam, 
muitas vezes, em hesitações na fala. São decisões relativas, por exemplo, à es-
colha das palavras mais adequadas para fazer uma afirmação naquele momen-
to; ou sobre a sequência em que as afirmações serão organizadas; ou a escolha 
do modo mais adequado de comunicar algo aos interlocutores que participam 
da conversação.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
24
Conceitos fundamentais para a Análise da Conversação
Pode-se dizer que a hesitação tem um papel importante no processamento 
textual. Ela funciona como um indicador de que o falante está organizando seu 
texto ao mesmo tempo em que o produz, é uma pista para o processo de plane-
jamento que possibilita a organização do tópico conversacional.
A hesitação manifesta-se no texto através das pausas, dos alongamentos vo-
cálicos, de expressões típicas de hesitação (é..., ah..., ahn...), de repetição de pala-
vras. Veja um exemplo de formulação textual repleta de hesitações:
A
tinha o vidro pra... pra... pra... pra... iluminação do... do... do... do recinto... não é? mui-
tas vezes vidros coloridos... que dava um ar assim de... de... de cafonice altamente 
simpática... né? lá... o sol batia ali... tinha um vidro colorido... não é? ((riso)) e essa casa 
era assim... no fundo da casa tinha um... um galinheiro...
As hesitações não interferem na organização do texto, apenas em sua apre-
sentação, na maneira como cada falante apresenta-se no evento comunicativo. 
São elementos que podem ser apagados do texto, pois não interferem na sua 
estruturação, apenas na sua apresentação. O texto anterior teria o mesmo efeito 
se as hesitações não fossem consideradas, se ao fazer a transcrição, as marcas da 
hesitação do falante não fossem registradas, como se pode ver abaixo:
A
Tinha o vidro pra iluminação do recinto, muitas vezes vidros coloridos, que dava um 
ar assim de cafonice altamente simpático. O sol batia ali, tinha um vidro colorido e 
essa casa era assim. No fundo da casa tinha um galinheiro.
Conclusão
Procuramos mostrar neste capítulo como o uso de alguns conceitos desen-
volvidosespecialmen te para a Análise da Conversação permite que se perceba 
como se dá a construção do texto conversacional. A análise dos turnos e dos tó-
picos coloca em evidência o caráter de construção colaborativa típico da conver-
sação. Os pares adjacentes revelam a importância das normas sociais que regem 
a participação dos falantes na conversação. A hesitação nos dá indícios impor-
tantes sobre o processamento da conversação, sobre a simultaneidade entre o 
planejamento e a produção da fala.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Conceitos fundamentais para a Análise da Conversação
25
Texto complementar
O par dialógico pergunta-resposta
Preliminares
(FAVERO; ANDRADE; AQUINO, 2006, p. 133-136)
Partindo-se do pressuposto de que a linguagem não é só uma atividade 
verbal, mas também social, aqui se privilegia o estudo da língua falada numa 
perspectiva interacional, em que se evidencia a maneira pela qual os falantes 
utilizam sua competência tanto linguística quanto comunicativa, em situa-
ções concretas de interação.
A necessidade de se proceder a uma descrição do par dialógico pergunta 
e resposta (P–R) no português falado deve-se ao fato de serem elementos 
cruciais na interação humana. Na verdade, é difícil imaginar uma conversa-
ção sem elas (STESNTRÖM, 1984, p. 295).
A partir do exame desse par dialógico, básico para a instauração da coe-
rência textual, é estabelecida uma tipologia de P-R, quanto à sua função na 
organização tópica do texto falado, quanto à sua natureza e à estrutura de Ps 
e Rs. Torna-se necessário ressaltar que, no estabelecimento dessa tipologia, 
as funções textual-interativas do par P-R serão privilegiadas em relação à sua 
forma. É ainda abordada a questão da adequação da R à P, levando-se em 
conta não só a perspectiva do falante, mas também a do ouvinte.
Par dialógico
Schegloff e Sacks (1973, p. 295) denominam par adjacente essa unidade 
dialógica mínima de P-R. Para alguns, trata-se da unidade fundamental de 
organização conversacional.
Segundo Levinson (1983), os enunciados pares devem ser:
adjacentes; �
produzidos por falantes diferentes; �
ordenados, isto é, uma primeira parte é seguida de uma segunda parte; �
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
26
Conceitos fundamentais para a Análise da Conversação
formados de duas partes; cada primeira parte tem uma segunda es- �
pecífica;
governados por uma regra conversacional: tendo produzido a primei- �
ra parte do par, o falante corrente para de falar e o próximo falante 
deve produzir, naquele instante, a segunda parte do mesmo par.
Essas propriedades configuram a estrutura básica do par dialógico P-R: P R 
(S), em que P é a primeira parte proferida por um dos falantes, R é a segunda 
parte produzida pelo interlocutor, contígua à primeira, e (S) é um segmento 
opcional que pode seguir a R como uma reação a esta última:
(1)1
L1 – mas qual é o tempo que tem que se falar sobre esse ass... assunto? (P)
Doc. – uma hora e vinte minutos (R)
L1 – NÃ:::O ((risos)) (S)
L2 – NÃ:::O ((risos)) (S)
No exemplo (1), (S) é uma reação dos interlocutores L1 e L2 à R dada pelo 
Doc. Já no (2), (S) é uma manifestação de polidez de L1, diante do ato de R 
de L2.
(2)
L1 – você sabe que horas são? (P)
L2 – dez (R)
L1 – obrigado (S)
Os pares dialógicos são – no aspecto semântico-pragmático – tomados 
como indícios de existência de compreensão, na medida em que a segunda 
parte do par só pode ser produzida se a primeira foi, de alguma forma, com-
preendida (DITMAN, 1979, p. 10).
1 A exemplificação, nesse item 1, serve-se ora de exemplos criados, ora de exemplos retirados do corpus do Nurc estabelecido como mínimo 
para o Projeto da Gramática do Português Falado, ora de exemplos indicados por Marcuschi (1986, 1991). São criados os exemplos que não 
apresentam identificação da fonte.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Conceitos fundamentais para a Análise da Conversação
27
Identificação de Ps e Rs
Para que um enunciado possa ser identificado como uma P, o fator de-
terminante é a sua atualização num contexto particular em que as marcas 
lexicais, a entonação e a forma sintática, em geral, apresentam-se como ca-
racterísticas funcionais.
As marcas lexicais e as características de entonação podem-se colocar 
como desambiguizadoras. A entonação ascendente, quase sempre aponta-
da como um critério que determina a função de um certo enunciado como 
P, é considerada uma marca possível de reconhecimento de uma P, já que 
se podem encontrar Ps com entonação ascendente/descendente ou com 
entonação descendente. Evidências de Ps que não apresentam entonação 
ascendente, visto tratar-se de um ato indireto de fala, podem ser observados 
no exemplo a seguir:
(3)
L1 – agora eu só queria saber pra que é que elas querem essa conversa besta to-dinha
L2 – sei lá
Há casos em que um enunciado pode funcionar como R, apesar de apre-
sentar traços que normalmente identificariam uma P, como seu contorno en-
tonacional ascendente e sua forma sintática (pronome interrogativo-sujeito), 
que não evidenciam com clareza as marcas que identificam uma R:
(4)
Doc. – você gosta de literatura de cordel? (P)
L1 – e quem não gosta... quem não gosta? (R)
L2 – é todo mundo gosta (S)
L1 – quem não gosta? (R)
L2 – é uma beleza (S)
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
28
Conceitos fundamentais para a Análise da Conversação
Segundo Stubbs (1987), as Ps podem fazer restrições sintáticas às Rs, mas 
essas restrições não são absolutas, sendo fundamentais as de caráter pro-
posicional. Ao serem formuladas, as Ps acionam um frame do que se supõe 
comum ou normal a uma P. Observa ainda que, embora as restrições princi-
pais sejam de caráter semântico, intervêm fatores de ordem pragmática.
No exemplo (5), há uma P fechada, feita pelo Documentador. A P fecha-
da deveria restringir sintática e semanticamente sua R correspondente, que 
seria sim ou não, ou alguma formulação equivalente a sim ou não. Mas as 
Rs, tanto de L1 quanto a de L2 são de outro tipo, que preenche as condições 
de uma P aberta (sobre algo). Cabe lembrar que o fator que permite esse 
tipo de ocorrência é de ordem pragmática, já que não é comum que se de-
senvolva uma conversação apenas com respostas afirmativas ou negativas 
simplesmente.
(5)
Doc. – agora uma viagem... assim de um grande navio fi... fizeram alguma vez?
L2 – eu fiz...
L1
– eu fiz uma pequena... certa vez entre Recife e Salvador... no antigo Vera Cruz... 
que era aquele navio da... português... mas como viagem assim... mesmo que... re-
almente uma beleza o Vera Cruz
L2 – bom... eu fiz... eu fiz...
L1 – extraordinário
L2
– eu fiz num navio de mais categoria do que Esse... fui daqui a São Paulo... Santos... 
no D. Pedro II ((risos)) que era irmão gêmeo do Almirante Jaceguay... uma beleza 
de navio...
Atividades
1. Reflita sobre a interação estabelecida em cada uma das situações descritas 
a seguir. Em cada caso, indique se os turnos tendem a ser simétricos ou assi-
métricos.
a) O repórter R. V. faz uma entrevista na televisão com um candidato que 
acabou de ser eleito para o cargo de prefeito do município.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Conceitos fundamentais para a Análise da Conversação
29
b) P. e A. trabalham na mesma empresa. Diante do computador, A. explica a 
P. como fazer o controle de estoque.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
30
Conceitos fundamentais para a Análise da Conversação
c) Em uma reunião geral com os empregados, o gerente de um supermerca-
do apresenta e discute propostas de mudanças na estrutura da empresa.
2. As perguntas são elementos importantes na organização da conversação.Qual é o papel da pergunta na organização:
dos turnos? �
dos tópicos conversacionais? �
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Conceitos fundamentais para a Análise da Conversação
31
3. Imagine uma conversa entre um grupo de amigos que falem dos seguintes 
tópicos:
A: Férias e planos de viagens.
B: Roubo ocorrido na casa de praia de M.
C: Tratamento médico previsto por D. para o período de férias.
 Mostre como esses tópicos podem ser organizados em relação de continui-
dade ou descontinuidade.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
32
Conceitos fundamentais para a Análise da Conversação
Referências
FÁVERO, Leonor Lopes. A informatividade como elemento de textualidade. 
Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 2, n. 18, p. 13-20, 1985.
_____. O Tópico Discursivo. In: PRETTI, Dino (Org.). Análise de Textos Orais. 2. 
ed. São Paulo: FFLCH/USP, 1995.
FÁVERO, Leonor Lopes; ANDRADE, Maria Lúcia. C. V. O. ; AQUINO, Zilda G. O par 
dialógico pergunta-resposta. In: JUBRAN, Clélia Spinardi; KOCH Ingedore (Org.). 
Gramática Falado no Brasil. Campinas: Unicamp, 2006.
JUBRAN, Clélia Cândida Abreu Spinardi. Tópico discursivo. In: JUBRAN, C.C. A.S.; 
KOCH, I.G.V. Gramática do Português Culto Falado no Brasil. Volume 1. Cons-
trução do texto falado. Campinas: Unicamp, 2006.
KOCH, Ingedore G. Villaça (Org.). Gramática do Português Falado. Volume VI: 
desenvolvimentos. Campinas: Unicamp, 2003.
_____. Argumentação e Linguagem. São Paulo: Cortez, 1987.
_____. Especificidade do texto falado. In: JUBRAN, Clélia; KOCH, I.G.V. (Orgs.). 
Gramática do Português Culto Falado no Brasil. Volume 1. Construção do 
texto falado. Campinas: Unicamp, 2006.
DITMANN, J. Einleitung – Was ist, zu welchen zwecken und wie treiben wir Konver-
sations analyse?, Arbeitein zur Konversationsanalyse. Tübingen: Max Niemeuer, 
1979, p. 1-43.
GALEMBECK, Paulo de Tarso. O turno conversacional. In: PRETTI, Dino (Org.). 
Análise de Textos Orais. 2. ed. São Paulo: FFLCH/USP, 1995.
LEVINSON, S. Pragmatics.Cambridge: Cambridge University Press, 1983.
Marcuschi, Luiz Antônio. Análise da Conversação. São Paulo: Editora Ática, 
1986.
_____. Análise da conversação e análise gramatical. Boletim da ABRALIN, 10, 
1991, p. 11-34.
_____. Repetição. In: JUBRAN, Clélia; KOCH, I. G. V. (Orgs.). Gramática do Portu-
guês Culto Falado no Brasil. Volume 1. Construção do Texto Falado. Campinas: 
Unicamp, 2006.
MARX, K. Manuscritos Econômicos Filosóficos. São Paulo: Martin Claret, 2001.
SCHEGLOFF, E.A.; SACKS, H. Opening us closings. Semiótica, 8,1973, p. 361-82.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Conceitos fundamentais para a Análise da Conversação
33
STENSTRÖN, A.B. Questions and Responses in English conversations. Tese 
(Doutorado), Liber Förlag. Suécia, 1984.
STRUBBS, M. Analisis del Discurso. Madrid: Alianza Editorial, 1987.
Gabarito
1.
a) Os turnos devem apresentar assimetria. Os participantes apresentam 
diferença na posição social. Além disso, a situação define os papéis do 
jornalista e do político: cabe ao jornalista fazer perguntas supostamente 
de interesse público e compete ao candidato respondê-las.
b) Os turnos devem apresentar simetria. Os interlocutores têm posição so-
cial semelhante e a situação dá condições para que participem da con-
versação em condições de igualdade.
c) Os turnos devem apresentar assimetria. O gerente está em posição hie-
rarquicamente superior aos demais funcionários e, pelo tema da reunião, 
cabe a ele definir os tópicos e fazer uso preferencial da palavra.
2. Uma pergunta assinala normalmente o encerramento de um turno conver-
sacional e, ao mesmo tempo, indica quem deve assumir o turno seguinte. 
Ao mesmo tempo, a pergunta determina o tópico do turno seguinte, seja 
indicando a continuidade do que já foi falado antes, seja introduzindo um 
tópico novo.
3. Há várias possibilidades de resposta. Os alunos podem se valer do esquema 
usado no texto da aula para mostrar a organização dos tópicos.
 O fundamental na relação de continuidade é que cada tema seja encerrado 
antes de dar início ao outro. Exemplos:
 (B) → (A) →(C)
 (A) → (C) → (B)
 Na relação de descontinuidade, um tópico é interrompido pela inserção de 
outro, podendo ser, ou não, retomado. Exemplos:
 (A... → (B) → (C) → ...A)
 (A... → (B... → (C) → ...B)
 Além desses exemplos, há várias formas de trabalhar com a descontinuidade 
dos mesmos tópicos.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Iara Bemquerer Costa
Ao organizar suas intervenções na conversação os falantes dispõem de 
uma série de recursos que são, em grande parte, diferentes dos utilizados 
na escrita. A fala apresenta um volume considerável de repetições, ao con-
trário da escrita, em que a repetição é evitada. Os diálogos estão também 
repletos de retificações do que foi dito, seja porque o falante percebe que 
poderia ter se expressado de forma mais adequada, seja porque o inter-
locutor deu alguma indicação ou de não ter compreendido o que foi dito 
ou de ter feito uma interpretação diferente da pretendida. Nos primeiros 
itens deste capítulo vamos tratar de alguns procedimentos relacionados 
à formulação e à reformulação dos tópicos na conversação: a paráfrase, a 
correção e a repetição.
A língua dispõe também de um conjunto de expressões que não acres-
centam informações novas quando são inseridas na conversação, mas que 
são elementos importantes na organização dos diálogos: os marcadores 
conversacionais, também chamados de marcadores discursivos. São ex-
pressões que expressam as atitudes dos falantes diante dos tópicos trata-
dos ou que contribuem para a organização do texto oral.
Na escrita, contamos com elementos visuais auxiliares para marcar a 
divisão de tópicos: os parágrafos, que dividem os blocos de tratamento 
de cada tópico, e os sinais de pontuação que marcam a separação entre 
as frases. Na oralidade, são os marcadores conversacionais que dão conta 
desse papel de delimitação.
A paráfrase
A paráfrase é um procedimento de reformulação textual que toma 
uma afirmação apresentada anteriormente e a reelabora em outras pa-
lavras. Há uma equivalência semântica entre o que é dito antes e depois. 
A paráfrase é constituída por duas partes, dois segmentos textuais que 
podem ser ligados por expressões que indicam essa equivalência: ou seja, 
quer dizer, isto é.
Estratégias de organização do diálogo
35Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
36
Estratégias de organização do diálogo
Hilgert (1995, p. 107) chama a atenção para o fato de que a participação do 
falante na conversação é uma atividade de formulação em que ele dá forma a 
um conteúdo, a uma intenção comunicativa. Ora, uma das características essen-
ciais da conversação é que o texto que o falante produz em suas intervenções 
no diálogo não é antecipadamente planejado, ele tem apenas uma vaga ideia 
do que vai dizer ao iniciar cada turno. Construir o texto é também planejá-lo: na 
conversação, o planejamento e a produção ocorrem de forma simultânea.
Essa preocupação em gerenciar ao mesmo tempo “o que dizer” (planejamen-
to) e “o dizer” (produção) leva o falante a recorrer muitas vezes a recursos de re-
formulação. Os principais são a paráfrase, em que o falante mantém o sentido do 
que disse anteriormente, mas recorre a novas formas de dizer a mesma coisa e a 
correção, em que o falante reformula o conteúdo de suas afirmações anteriores.
Essas atividades de reformulação estão presentes também no texto escrito, 
mas se tornam imperceptíveis porque são apagadas na versão final. Quando es-
crevemos, fazemos várias alterações nas versões preliminares do texto. No tra-
balho dereescrita, realizado entre a produção dos primeiros rascunhos de um 
texto e a versão final, fazemos várias alterações, seja para melhorar a maneira de 
expressar alguma coisa, seja para retificar alguma afirmação que consideramos 
errada. Como a conversação é, ao mesmo tempo, o rascunho e o texto final, ela 
conserva os sinais da reformulação.
Hilgert (1995, p. 111) define a paráfrase nos seguintes termos:
Paráfrase é, portanto, um enunciado que reformula um enunciado anterior, mantendo com 
este uma relação de equivalência semântica. Em termos mais simples, a paráfrase retoma, 
com outras palavras, o sentido de um enunciado anterior. Ela, portanto, supõe sempre um 
enunciado de origem com o qual está em relação parafrástica.
O segundo enunciado (segunda frase) de uma paráfrase distingue-se neces-
sariamente do primeiro enunciado por apresentar diferenças sintáticas e lexi-
cais (de vocabulário). Os dois enunciados que estão em relação de paráfrase em 
uma conversação podem se apresentar lado a lado, em posição adjacente, mas 
podem também estar distanciados. Veja exemplos de diálogos com paráfrases 
dos dois tipos1:
(1)
L1
mas pega um clínico geral... por incrível que pareça
é o que mais... estuda... certo?
é o que tem a MAIOR especialização...
1 Os exemplos apresentados aqui foram retirados de entrevistas do projeto Nurc de São Paulo, realizadas na década de 1970.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Estratégias de organização do diálogo
37
Nesse trecho, o falante faz uma afirmação sobre o clínico geral inicialmente 
em uma linguagem bem simples – “é o que mais estuda” – depois resolve dizer 
a mesma coisa de uma forma mais técnica, e faz uma paráfrase do seu enun-
ciado anterior: “É o que tem a maior especialização”. Os dois enunciados que 
constituem a paráfrase encontram-se lado a lado, constituindo uma paráfrase 
adjacente.
A posição dos dois enunciados é diferente no exemplo a seguir:
L1
A situação do médico... também é uma situação difícil em termos de mercado de trabalho 
também é uma situação difícil... Hoje já está existindo também... muita quantidade... 
está existindo uma certa facilidade inclusive parece que existe... leis aí... eh::... leis em 
termos de fiscalizar essas escolas de Medicina porque uma escola de Medicina tem 
que ter... naturalmente um::... um hospital... tem que estar ligada a um hospital para 
poder atender::... atender as::... exigências do curso do curso de Medicina
L2 do curso
L1 O médico hoje em dia ele está... se sujeitando mui::to... a empre::gos tal...a situação do médico eu acho que está... bastante difícil
Os trechos da fala de L1 destacados com itálico são as duas partes de uma 
paráfrase. Há uma afir mação que é simplesmente repetida nos dois trechos des-
tacados: a situação do médico está difícil. Mas há também uma afirmação que é 
reformulada, apresentada de outra maneira, que mantém o que foi dito anterior-
mente. Nas linhas iniciais, L1 explicita sua afirmação de que a situação dos mé-
dicos está difícil situando essa dificuldade em relação ao mercado de trabalho: 
“Também é uma situação difícil... em termos de mercado de trabalho também”. 
Após inserir outro tópico em sua fala – as exigências para funcionamento dos 
cursos de Medicina – retoma as afirmações anteriores sobre a dificuldade dos 
médicos em relação ao mercado de trabalho e faz uma reformulação, que equi-
vale ao que foi dito antes, e dá informações mais específicas sobre o que foi men-
cionado antes apenas como mercado de trabalho: “O médico hoje em dia ele 
está se sujeitando mui::to... a empregos tal...”.
Além dos casos em que o próprio falante reformula suas afirmações anterio-
res mediante o uso de paráfrases, é comum encontrarmos também na conversa-
ção situações em que um participante apresenta uma paráfrase de enunciados 
do seu interlocutor. É o que se observa no exemplo abaixo:
L1 então tem eh:: o paulistano é mais fechado mesmo eu acho que:: uma das influências seria a natureza e o nosso próprio clima entende?
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
38
Estratégias de organização do diálogo
L2 é o clima tem realmente uma influência diREta no comportamento da pessoa inclu-sive nas atitudes
L1 certo... e que que você acha dessa polui/poluição que tanto falam... que vão controlar vão fazer isso vão criar a área metropolitana o que que você acha?
Este trecho de conversação mostra a elaboração coletiva de uma paráfrase: o 
primeiro enunciado foi produzido por L1 e o enunciado semanticamente equi-
valente foi apresentado logo a seguir por L2.
A correção
A correção, que é também uma estratégia de reformulação textual, comparti-
lha várias características com a paráfrase. Segundo Barros (1995, p. 137), “os atos 
de reformulação textual são aqueles que têm por objetivo levar o interlocutor a 
reconhecer a intenção do locutor, ou seja, procuram garantir a intercompreensão 
na conversação ou em qualquer outro tipo de texto.”
As correções são uma forma específica de reformulação, em que o falante pro-
cura corrigir “erros” que tenha eventualmente cometido em suas intervenções 
na conversação. A palavra “erros” foi colocada aqui entre aspas para destacar que 
não estamos assumindo o conceito corrente nas gramáticas tradicionais. Não se 
trata de ocorrências em desacordo com as normas do português padrão, mas de 
escolhas que o falante já fez, de expressões que ele já produziu e que o próprio 
falante ou seu interlocutor julgaram inadequadas. É como se o falante dissesse: 
“O que eu queria dizer não era x, mas y.” As correções podem envolver escolhas 
de palavras ou expressões, construções sintáticas, formas de organização do 
texto ou entonação.
Nem sempre é fácil diferenciar uma correção de uma paráfrase. Ambas são 
compostas por dois enunciados, numa relação tal que o segundo enunciado 
deve ser considerado um substituto do primeiro. A diferença está na relação se-
mântica estabelecida entre as duas partes da reformulação. Enquanto na pará-
frase há a reiteração do que foi dito, na correção há uma retificação. Na paráfrase, 
a relação entre os dois elementos seria de igualdade (x, isto é, y; x, ou seja, y); 
quando a correção envolve dois enunciados, a relação entre eles é de diferença, 
de retificação (não x, mas y). A correção envolve também, com frequência, ex-
pressões menores do que a paráfrase; são comuns as retificações que abrangem 
apenas uma palavra.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Estratégias de organização do diálogo
39
Tal como ocorre na paráfrase, a correção pode ser uma iniciativa do próprio 
falante ou do interlocutor. Vejamos um exemplo de correção feita a partir de 
uma iniciativa do próprio falante2:
A
... então como eu ia explicando... no início do século vinte ou melhor no século deze-
nove... só existiam... a Europa e a... Ásia... bom... formadas... por culturas diferentes... 
atravessando situações históricas de feudalismo diferentes...
Nesse trecho de uma aula, o professor apresenta uma informação aos alunos 
(no início do século XX), mas percebe imediatamente que essa informação é in-
correta e faz a correção (ou melhor no século XIX).
Às vezes é o ouvinte que percebe que uma informação está equivocada e 
toma a iniciativa de assumir o turno e propor a correção. É o que se observa no 
exemplo abaixo3:
L1 ...a irmã dela eu conheço que é jornalista né? é uma moça jornalista...
L2 poetisa
L1 poetisa...
Nesse trecho de conversa, L1 caracteriza alguém como jornalista, mas seu 
interlocutor considera essa informação incorreta. L2 assume a palavra e propõe 
imediatamente uma correção, destaca que a tal moça não é jornalista, mas “po-
etisa”. A correção proposta é aceita por L1, que repete a expressão escolhida por 
L2, incorporando a retificação à sua própria fala.
Destacamos acima que as correções na conversação estão relacionadas es-sencialmente a uma busca de intercompreensão, mas às vezes os falantes fazem 
correções do que já foi dito devido ao cuidado com a própria fala; retificam o que 
foi dito porque percebem que usaram uma forma “errada” do ponto de vista da 
norma culta. É o que se observa no seguinte exemplo4:
L1 ... ao secretário evidentemente... levar: ao presidente... todas aquelas questões que diz que dizem respeito... aos associados
2 Dado do Projeto Nurc – Rio de Janeiro. Entrevista realizada na década de 1970.
3 Dado do Projeto Nurc – São Paulo. Entrevista realizada na década de 1970.
4 Dado do Projeto Nurc – São Paulo. Entrevista realizada na década de 1970.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
40
Estratégias de organização do diálogo
A repetição
O volume de repetições na oralidade é uma das características que diferen-
ciam essa modalidade de uso da língua da modalidade escrita. Uma das prin-
cipais operações na elaboração e revisão de textos escritos está relacionada a 
evitar e eliminar repetições. Mas, ao contrário do que ocorre nos textos escritos, 
na oralidade a repetição não é um problema, é uma característica do texto oral, 
decorrente do processo de formulação desse tipo de texto, é uma consequência 
da simultaneidade entre o planejamento e a produção do texto oral.
Boa parte das repetições observadas na conversação tem a ver com o proces-
so de planejamento textual. Enquanto o falante decide o que vai dizer em segui-
da, ele repete frases, expressões, palavras, como uma estratégia (inconsciente, é 
claro) de garantir a continuidade do seu turno conversacional, de não passar a 
palavra ao interlocutor enquanto dá forma ao que vai dizer em seguida.
Mas a repetição tem outras funções, não é uma simples estratégia para o fa-
lante ganhar tempo para organizar sua fala. Se alguém responde a um pedido 
com uma frase como:
– Não, não, não, de jeito nenhum!
O uso da repetição não está relacionado ao planejamento, mas é uma forma 
de reiteração, de ênfase.
Observe o uso das repetições do exemplo abaixo5, em que o falante recorre a 
várias repetições (destacadas com itálico):
L2
Eu acho que o meu conceito de morar bem é diferente um pouco da maioria das pesso-
as que eu conheço... a maioria das pessoas pensa que morar bem é morar num apar-
tamento de luxo... é morar no centro da cidade... perto de tudo... nos locais onde 
tem mais facilidade até de comunicação ou de solidão como vocês quiserem... meu 
conceito de morar bem é diferente... eu acho que morar bem é morar fora da cidade... é 
morar onde você respire... onde você acorde de manhã como eu acordo...
É fácil perceber que o falante neste trecho não usa as repetições simples-
mente como uma estratégia para ganhar tempo enquanto decide o que vai 
falar em seguida. Ele constrói toda sua argumentação a partir da oposição entre 
dois conceitos de “morar bem”: o seu e o da “maioria das pessoas”. Para eviden-
ciar a diferença entre as duas concepções, L2 recorre à repetição sistemática de 
5 Dado do Nurc – Recife. Entrevista realizada na década de 1970.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Estratégias de organização do diálogo
41
expressões e construções sintáticas, que lhe permitem destacar as diferenças 
entre os dois pontos de vista.
Além da variedade de funções, Marcuschi (2006, p. 223-224) mostra que as 
repetições na conversação podem assumir formas variadas:
podem ser feitas pelo próprio falante, mas também podem partir do in- �
terlocutor;
podem ser adjacentes, com a repetição apresentada imediatamente após �
o primeiro uso da expressão, mas podem também apresentar um distan-
ciamento entre o primeiro e o segundo elemento;
pode haver identidade de forma entre o primeiro elemento e sua repeti- �
ção, mas também pode haver diferença de forma entre os dois elementos; 
quanto maior o trecho repetido, maior será, evidentemente, a possibilida-
de de diferenças entre as duas realizações;
os elementos repetidos podem ser de diferentes categorias gramaticais: �
repetições fonológicas (aliteração, alongamento, entonação etc.); �
repetições de morfemas (prefixos, sufixos etc.); �
repetições de itens lexicais (geralmente substantivos ou verbos); �
repetições de expressões; �
repetições de estrutura de orações. �
As múltiplas formas e funções associadas à repetição nos eventos conversacio-
nais são reveladoras da diferença entre o estatuto da repetição na oralidade e na 
escrita. Se no texto escrito a repetição é um problema a ser evitado, na conversa-
ção está entre os recursos de formulação textual mais importantes e produtivos.
É interessante fazer uma ressalva sobre o uso da repetição na escrita. Os 
mesmos recursos conde nados na maioria dos textos escritos são incorporados à 
linguagem poética como recursos expressivos.
Os marcadores conversacionais
A conversação apresenta uma série de elementos que não contribuem para o 
conteúdo informacional propriamente, mas que têm um papel importante tanto 
na articulação das informações quanto na organização das intervenções dos in-
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
42
Estratégias de organização do diálogo
terlocutores. Esses elementos são chamados de marcadores conversacionais, ou 
marcadores discursivos. Alguns deles não são lexicalizados e não têm, portanto, 
nenhum significado: eh, ah, ah ah, ahn ahn, hum hum. Outros são itens lexicais, 
que têm seu significado esvaziado quando usados como marcadores conversa-
cionais: sabe?, certo?, tá?, viu? né? Quando usamos “sabe?” como um marcador 
conversacional não estamos perguntando se o interlocutor sabe alguma coisa, 
estamos fazendo uma delimitação na organização do fluxo de fala e, ao mesmo 
tempo, dando um sinal para testar a atenção do ouvinte.
Os marcadores conversacionais mostram que a conversação tem elementos 
organizadores diferentes da escrita. Os sistemas de escrita desenvolveram re-
cursos gráficos para a delimitação das unidades, como os sinais de pontuação, a 
divisão em parágrafos, o destaque do tópico como título do texto. Desenvolve-
ram também formas de expressar a ênfase, os destaques, a opinião do autor. Há 
itens lexicais que têm a função de modalizadores, que revelam o ponto de vista 
do autor sobre aquilo que ele afirma: infelizmente, de certo modo, certamente etc. 
É possível enfatizar trechos da escrita com o uso de recursos gráficos como o 
tamanho das letras, o uso de maiúsculas, negrito, itálico, sublinhado.
Na oralidade, os marcadores conversacionais fazem o papel de delimitar as 
unidades comunicativas. Funcionam também como sinais de que os interlocu-
tores estão atentos, de que cada um entende o que o outro fala, e do julgamento 
que faz sobre o que fala ou ouve.
As gramáticas tradicionais, voltadas para a descrição da língua escrita, classi-
ficam os marcadores conversacionais na classe das “palavras denotativas” e de-
dicam pouquíssimo espaço ao seu estudo.
Marcuschi (1986, p. 66-68) apresenta um quadro geral, em que destaca as prin-
cipais funções dos marcadores conversacionais e faz também uma lista dos princi-
pais itens do português falado para cada uma das classes. Esse autor considera ini-
cialmente uma grande divisão entre os marcadores produzidos pelo falante (nos 
turnos nucleares) e os que são produzidos pelos ouvintes (nos turnos inseridos).
A principal função dos marcadores conversacionais produzidos pelos falan-
tes é de demarcação. Assim, Marcuschi trabalha com dois tipos de unidades 
relevantes na organização da conversação e procura identificar o conjunto de 
marcadores conversacionais usados normalmente para assinalar o início e o fim 
dessas unidades. A primeira unidade apontada é o turno de fala, ou seja, o pe-
ríodo total de intervenção de cada um dos participantes. A segunda unidade 
relevante para o uso dos marcadores conversacionais é a unidade comunicativa, 
que seria ocorrespondente à frase na escrita.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Estratégias de organização do diálogo
43
Já os marcadores conversacionais produzidos pelo ouvinte estão nos turnos 
inseridos, ou seja, naqueles turnos que não apresentam unidades informativas 
relevantes e que servem para indicar que o ouvinte está atento, que segue as 
afirmações do falante. Esses marcadores conversacionais orientam o falante, 
pois indicam a reação do interlocutor ao que ele está ouvindo. Marcuschi agrupa 
os marcadores em três conjuntos, que correspondem a três atitudes do ouvinte: 
os marcadores convergentes sinalizam que ele concorda; os marcadores indaga-
tivos, que duvida, ou que não compreendeu alguma coisa, e os divergentes, que 
ele discorda do falante.
Veja a seguir o quadro proposto por Marcuschi, que não tem a preocupação 
de exaustividade, ou seja, que não pretende ser uma lista completa dos marca-
dores, mas que dá indicações interessantes para o estudo desses elementos de 
organização textual.
Quadro 1
Quadro dos sinais conversacionais verbais
(M
A
RC
U
SC
H
I, 
19
86
, p
. 6
8)
Sinais do falante
(orientam o ouvinte)
Sinais do ouvinte
(orientam o falante)
Pré-posicionados Pós-posicionados
Conver-
gentes Indagativos Divergentes
No início 
de turno
No início 
de uni-
dade 
comuni-
cativa
No final 
de turno
No 
final de 
unidade 
comuni-
cativa
“olha”
“veja”
“bom”
“mas eu”
“eu acho”
“não, não”
“epa”
“peraí”
“certo, 
mas”
“sim, sei, 
mas”
“quanto a 
isso”
“nada 
disso”
“você 
esquece”
“como 
assim?”
etc.
“então”
“aí”
“daí”
“portanto”
“agora 
veja”
“porque”
“e”
“mas”
“assim”
“por 
exemplo”
“digamos 
assim”
“quer 
dizer”
“eu acho”
“como vê”
etc.
“né”
“certo?”
“viu?”
“enten-
deu?”
“sacô?”
“é isso aí”
“que 
acha?”
“e então?”
“diga lá”
“é ou não 
é?”
etc.
“né”
“não 
sabe?”
“certo?”
“entende?”
“de 
acordo?”
“tá?”
“não é?”
etc.
“sim”
“ahã”
“mhm”
“claro”
“pois não”
“de fato”
“claro, 
claro”
“isso”
“ah sim”
“ótimo”
“taí”
etc.
“será?”
“não diga”
“mesmo?”
“é?”
“ué?”
“como?”
“como 
assim?
“o quê?”
etc.
“não”
“duvido”
“discordo”
“essa não”
“nada 
disso”
“nunca”
“peraí”
“calma”
etc.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
44
Estratégias de organização do diálogo
O trecho de conversação a seguir6 mostra o uso de diversos marcadores con-
versacionais, que foram destacados em itálico.
L1
agora... eu estou achando o do... os estudantes muito mais desinibidos... muito mais 
abertos... estão na... naquela deles... então... eu não acho mais esse problema dele 
se comunicar com o doente difícil... eu acho que todo estudante se comunica muito 
bem com o doente...viu... porque o do... o doente também não está vendo mais o 
médico... nem o estudante de Medicina... como o médico... como aquela pessoa que 
ele... às vezes... fica até apavorado... amedrontado... não é?
L2 hum hum
L1
então... o estudante já entra na... na escola de calça Lee... com o seu blusão... seu 
cabelo grande... levando... arrastando o chinelo né?... a sandália... então...o doente já 
olha aquele estudante como se ele fosse uma pessoa mais ou menos...
L2 Normal né? ((rindo))
Se observarmos o papel das expressões destacadas nesses quatro turnos 
conversacionais, veremos que elas não são fundamentais para o significado, 
tanto que poderiam ser eliminadas sem prejudicar o entendimento. Os marca-
dores conversacionais destacados na fala de L1 têm o papel de delimitadores 
das unidades comunicativas e dos turnos de fala. Alguns deles marcam sistema-
ticamente o início de uma unidade (agora, então), outros marcam seu encerra-
mento (viu, né?, não é?). O marcador hum hum destacado no primeiro turno de 
L2 (que é um turno inserido) indica sua concordância com as afirmações de L1. 
No último turno de L2, o né? marca o final do turno.
Mostramos até aqui a classificação dos marcadores conversacionais propos-
ta por Marcuschi (1986). Outros trabalhos apresentam classificações diferentes, 
mas igualmente interessantes. É o que vamos apresentar a seguir, tomando 
como ponto de partida os estudos de Risso (2006) e Urbano (2006). Esses tra-
balhos propõem a classificação dos marcadores conversacionais (eles preferem 
a denominação marcadores discursivos) em dois grandes grupos: marcadores 
discursivos basicamente sequenciadores e marcadores discursivos basicamente 
interacionais.
Marcadores basicamente sequenciadores
Os marcadores sequenciadores são palavras ou locuções que fazem a liga-
ção entre as partes do texto falado. São elementos articuladores, responsáveis 
6 Dado do Projeto Nurc – Salvador. Entrevistas realizadas na década de 1970.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Estratégias de organização do diálogo
45
pela coesão na conversação. Risso (2006, p. 427) sintetiza a atuação desses 
marcadores:
Entre os exemplos mais frequentes de unidades articuladoras estão formas como: agora, 
então, depois, aí, mas, bem, bom, enfim, finalmente, quer dizer, por exemplo, assim, primeiro 
ponto... segundo... terceiro..., etc. e tal... Às vezes, essas formas aparecem duplicando-se em 
ocorrências conjuntas como: agora então, então aí, aí depois, mas então, mas aí, etc. e tal, então 
por exemplo... Outras vezes, aparecem acumulando-se com marcadores lexicais que explicitam 
mais claramente os movimentos de encaminhamento, fecho e retomada de tópicos discursivos, 
bem como a avaliação de particularidades da informação contidas em seu interior: agora... o 
que eu acho é o seguinte:; bem, voltando ao assunto; então, para terminar; então, resumindo; mas, 
como eu dizia há pouco, entre outras ocorrências.
O ponto de partida para a classificação proposta por Risso (2006) é diferente 
do utilizado por Marcuschi (1986). Essa autora toma como critério principal para o 
agrupamento dos marcadores as duas principais funções desempenhadas por essas 
expressões: a articulação textual e a sinalização da interação falante/ouvinte. Como 
a função de articulação textual e de orientação da interação entre os interlocutores 
são exercidas muitas vezes cumulativamente, para classificar o marcador em um ou 
outro conjunto, é necessário observar a predominância de uma das funções.
Marcadores basicamente interacionais
Urbano (2006, p. 499) dedica-se ao estudo do segundo conjunto dos articu-
ladores, aqueles que são predominantemente orientadores da interação. O que 
é um elemento orientador da interação? Na classificação de Marcuschi (1986, 
p. 68) comentada acima, os marcadores conversacionais classificados como 
“sinais do ouvinte” desempenham esse papel de orientar a interação, uma vez 
que revelam se o ouvinte concorda com o que ouve, se discorda ou se tem dúvi-
das/questiona. Urbano tem uma visão mais abrangente da função interacional:
Esclarecemos que o conceito de interação tem uma abrangência considerável, não se referindo 
apenas ao processo de relação interpessoal bem caracterizado (envolvimento do falante com 
o ouvinte ou vice-versa), mas também ao processo de manifestação pessoal, quando, por 
exemplo, o falante verbaliza avaliações subjetivas a propósito das significações proposicionais, 
envolvendo-se, pois, com o conteúdo, ou compromete, retoricamente, seu interlocutor. 
(URBANO, 2006, p. 499)
Urbano (2006, p. 496) apresenta uma lista dos principais grupos de marca-
dores conversacionais que desempenham a função interacional no português 
falado:
Ah, ahn, hem, uhn Certo, claro, exato
É, é claro, é verdade Entende? Entendeu? Sabe? Tá? Viu?
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
46
Estratégias de organização do diálogo
Mas Não é verdade? Não é? Né?
Olha/olhe, vamos ver, veja, vem cá Pois é, sei, sim
Com as indicações feitas por esses autores, temos um bom instrumento para 
a análise do papel dos marcadores conversacionais usados nos diálogos que 
ocorrem nas mais diferentes

Continue navegando