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PERCURSO HISTÓRICO DAS ARTES Paulo Eduardo Borzani Gonçalves 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO À ARTE .............................................................................. 3 2 ANTIGUIDADE CLÁSSICA E IDADE MÉDIA............................................... 30 3 ARTE NA IDADE MODERNA.................................................................... 61 4 ARTE NO SÉCULO XX ............................................................................ 101 5 ARTE PÓS-MODERNA .......................................................................... 139 6 ARTE CONTEMPORÂNEA ..................................................................... 159 3 1 INTRODUÇÃO À ARTE Você já parou pra pensar no que é Arte? E porque é importante conhecer seu percurso na história da humanidade? Bem, arte é essencialmente comunicação e afeta diretamente nossos sentidos, principalmente o olhar, a audição e também o tato, mas, sobretudo, a emoção... Teoricamente a arte pode ser definida como sendo: Uma atividade humana ligada a manifestações de ordem estética, feita por artistas a partir de: percepção, emoções e ideias. Mas o conceito de estética varia no tempo e no espaço, ou seja, muda de acordo com a época que observamos e se transforma de acordo com a cultura local observada, dessa forma, notamos diferenças drásticas entre a arte elaborada na Pré- história e a apresentada nos dias de hoje, bem como é clara a diferença da arte oriental e da ocidental, por exemplo. Muitas vezes, um tema abordado por dois artistas, em épocas distintas pode revelar- se, tão próximo e tão distante, ao mesmo tempo. 4 Analisemos os dois exemplos a seguir: Figura 1.1 – Vênus de Willendorf (2500-200 a.C.) e Demi Moore – Capa Vanity Fair (1991) – Fotografia de Annie Leibovitz O quê separa essas duas imagens é essencialmente a época em que foram elaboradas, ambas são manifestações artísticas de diferentes tipos, a primeira é uma escultura de uma deusa grávida pré-histórica (2500 a 200 a.C.) que tinha como objetivo cultuar a fertilidade feminina, a segunda é uma fotografia feita para a capa da revista Vanity Fair em 1991, onde a atriz Demi Moore (musa de Hollywood) posou no período final de sua gestação, com o objetivo de revelar a beleza da mulher grávida contemporânea, ou seja, celebrar e cultuar a fertilidade! O que há de diferente entre essas imagens, além da diferença de meio de expressão da arte, escultura e fotografia, é que cada uma delas faz menção ao padrão estético vigente no momento de sua elaboração. Ainda que ambas, tratem do mesmo tema e tenham o mesmo objetivo, atendem cada uma, aos padrões de beleza que região e orientavam o gosto da sociedade na época de suas respectivas produções. 5 Vejamos outro exemplo de manifestações artísticas correlatas: Figura 1.2 – Animais representados na Caverna de Chauvet consideradas as mais antigas pinturas rupestres e Eduardo Kobra – Grafite Urbano O que essas duas obras de arte têm em comum? Ambas têm como suporte paredes, mas essa não é a única semelhança, ambas também tem o objetivo de registrar e comunicar, por meio da pintura, ideias e mensagens, no caso da primeira, elaborada por habitantes das cavernas, tinha com intuito principal a documentação do modo de vida corriqueiro neste período da evolução do ser humano, já a segunda, tem por intenção a manifestação de um protesto de indignação, com o nível de evolução do ser humano e suas ações de violência, não mais contra os animais, mais agora contra outros seres humanos. Mais uma vez, temos diferentes ideias sendo comunicadas por meio de manifestações artísticas, que simplesmente se adaptam aos padrões estéticos de cada período histórico e de desenvolvimento técnico e tecnológico. Por fim Varella (2018) conclui que: Arte (...) pode ser entendida como a atividade humana ligada às manifestações de ordem estética ou comunicativa, realizada por meio de uma grande variedade de linguagens, tais como: arquitetura, desenho, escultura, pintura, escrita, música, dança, teatro e cinema, em suas variadas combinações. Vamos então, conhecer o percurso percorrido por artistas, temas, técnicas, metas e objetivos alcançados, ou não, ao longo do correr da história da humanidade, com seus 6 acontecimentos, transformações, acidentes de percurso para além de suas vitórias e conquistas no mundo das artes e junto a sociedade. 1.1 Conceituando Arte Quando pensamos no que é Arte, temos várias possibilidades de conceituação, vejamos algumas delas: • A arte: conceito que engloba todas as criações realizadas pelo ser humano para expressar uma visão/abordagem sensível do mundo, seja este real ou fruto da imaginação. Através de recursos plásticos, linguísticos ou sonoros, a arte permite expressar ideias, emoções, percepções e sensações; • Criação humana de valores estéticos (beleza, equilíbrio, harmonia, revolta etc.) que sintetizam suas emoções, sua história, seus sentimentos e sua cultura; • Capacidade do homem de criar e expressar-se, transmitindo ideias, sensações e sentimentos através da manipulação de materiais e meios diversos; • Atividade humana ligada a manifestações de ordem estética, feita por artistas a partir de percepção, emoções e ideias, com o objetivo de estimular esse interesse de consciência em um ou mais espectadores, e cada obra de arte possui um significado único e diferente. Você já parou para pensar o que é arte? Ernest Gombrich, famoso historiador de arte, afirmou que nada existe realmente a que se possa dar o nome de arte. Existem somente artistas. Arte é um tipo de fenômeno cultural. Regras absolutas sobre arte não sobrevivem ao tempo, mas a cada época, diferentes grupos (ou cada indivíduo) escolhem como compreendem esse fenômeno. Segundo esse ponto de vista, não nos cabe julgar a pertinência da construção de uma pirâmide metálica revestida de vidro, em frente ao Museu do Louvre, um clássico da Arquitetura Renascentista, simplesmente nos cabe contemplar e compreender a intenção dos arquitetos I. M. Pei que a projetaram. 7 Sabemos que o conceito de “estética” é variável de acordo com o tempo, que se tome como referência e também, de acordo com a localidade em que se observe desta forma, diferentes tipos de manifestações artísticas, não perdem seu valor intrínseco, ou deixam de ser consideradas como exemplos de ações de arte, por serem executadas em diferentes ambientes, muitas vezes inusitados, como uma “Rua”, vejamos os exemplos a seguir para compreender essas afirmações: Figura 1.3 – Balé: Lago dos Cisnes – Tchaikovsky e Dança de Rua: Beat it Poppin – John Ricardo Walker As duas manifestações de arte têm a mesma importância enquanto forma de comunicação expressiva, não importando o local onde sejam praticadas e ou apresentadas ao público, o que caracteriza e ação como sendo um evento artístico é o fato de ter-se algo a ser exibido e, de preferência, um público que se beneficie desta ação, ainda que seja somente, apreciando-a. A beleza do espetáculo, ou da obra de arte, não é unanimemente determinada, ou seja, a beleza é um adjetivo que tem sua utilização determinada pelo consenso do 8 “Conceito de Estética” em vigor no período e local em foco, por esta razão, torna-se necessário definir este conceito: É uma área da filosofia que estuda o belo, ou seja, tudo o que desperta emoção estética através da contemplação, e o sentimento que ele suscita nos homens. “É uma palavra que tem sua origem no idioma grego: aesthesis, que significa: conhecimento sensorial; sensibilidade”. A partir desta definição é possível se determinar o que é “Belo”? Vejamos os exemplos a seguir, qual das modelos é a realmente bela?ou Sabemos agora, que também o belo é relativo, uma vez que depende em sua essência de um conceito filosófico que é ligado diretamente ao campo das emoções e dessa forma, podemos definir que belo é tudo aquilo que desperta, no ser humano, boas emoções, sensações agradáveis e de prazer e que também podem variar de acordo com a cultura e costumes desses seres humanos, pois a noção de prazer, também é fundamentalmente uma construção cultural e não apenas um instinto irracional, como nos evidencia o artista colombiano Fernando Botero, que deixou claro, por meio de sua produção artística, qual era o seu conceito estético, qual era sua definição de beleza e o que lhe trazia boas emoções e consequentemente o prazer. 9 1.2 Arte Rupestre Antes de falarmos da arte rupestre vale entendermos o que significa rupestre e quais são os períodos da pré-história e quais são suas características mais importantes. Rupestre é um adjetivo que deriva do vocabulário latino rupes, que pode traduzir por “pedra”. O conceito, por conseguinte, refere-se àquilo que está relacionado com as pedras. A pré-história é o período que, cronologicamente, corresponde a um longo período de 3,6 milhões de anos, isto é, desde o começo dos tempos históricos registrados até cerca de 3.500 a.C. O final da pré-história ocorre com o surgimento da escrita. OS PERÍODOS DA PRÉ-HISTÓRIA Fonte da imagem: <https://goo.gl/RnQAVy> 10 Idade da Pedra Lascada ou Paleolítico como é também conhecido este período. Cronologicamente, refere-se ao intervalo de tempo relativo a pré-história que começou há cerca de 2,5 milhões de anos, quando os homens começaram a produzir artefatos em pedra lascada. Durou até cerca de 10.000 a.C. Neste período o homem dependia das condições climáticas, por isso era nômade, se deslocando pelos lugares em busca de comida e moradia, disputando sua morada com animais selvagens. Viviam, basicamente, da caça e da coleta. Sua alimentação era composta por frutos, raízes, peixes e pequenos animais. À medida que os utensílios se aperfeiçoando, a caça de animais maiores se fez possível. Já o Mesolítico é um período de transição entre o Paleolítico e o Neolítico e ocorreu entre 13.000 a.C. e 9.000 a.C. Ele esteve presente somente em algumas regiões do mundo, onde a transição direta não ocorreu. A Idade Média da Pedra, sim, Idade Média, tem significado a partir da análise etimológica da palavra mesolítico: de origem grega mesos que significa médio e lithos que significa pedra. Assim como no período Paleolítico, os homens do Mesolítico eram nômades, embora o sedentarismo tenha se dado em algumas regiões costeiras da Europa e no Oriente Próximo, regiões onde os recursos necessários para sobrevivência eram suficientes e regulares. O Neolítico é o período pré-histórico que está compreendido a partir do 10º milênio a.C., com o início da sedentarizarão e o surgimento da agricultura, até o 3º milênio a.C., dando lugar à Idade dos Metais. Os rios foram as primeiras referências para a formação das primeiras aldeias, as terras férteis eram utilizadas para o plantio das sementes e a água para uso dos seres humanos e animais. Nessa época também teve início a domesticação de animais. As mudanças climáticas ocorridas na Europa e a extinção das grandes espécies de animais o homem também devem ser considerados como fatores decisivos para o início do sedentarismo e da agricultura. As cabanas começam a aparecer e, por fim as aldeias. A Idade dos Metais é marcada pelo início da fabricação de ferramentas e armas de metal. A fundição passa a ser dominada pelo homem, que utilizava para fusão metais 11 com fusão mais fácil, a saber: cobre, estanho e bronze. A Idade dos Metais tem início no Quinto Milênio a.C. e acaba com a entrada da escrita e, consequentemente, da história. Ocorreu um crescimento populacional marcando o nascimento das primeiras cidades, sobretudo quando essas estavam em caminhos naturais e, em algumas delas, foi o embrião de importantes civilizações da história. Tendo sido explicado o recorte histórico, daremos início à história da arte na pré- história. A Austrália é um importante sítio arqueológico rico em arte rupestre. A Ilha de Murujuga, na Austrália Ocidental, abriga a maior coleção de petroglifos do mundo. Eles datam de 28.000 a.C. Estão representadas imagens de formas geométricas, desenhos realistas de cerimônias aborígines e alguns animais, como baleias, cangurus e tigres- da-tasmânia. Fonte da imagem: http://rockart.net.au/17.jpg. Figura 1.4 – Petroglifo achado na Ilha de Murujuga, na Austrália Ocidental. 1.1.1 Paleolítico Que não era fácil a vida do homem pré-histórico não temos dúvida, viviam em ambiente hostil e ameaçador. Talvez, para muitos de nós, seja extremamente difícil tentar interpretar o pensamento de alguém que viveu em condições tão adversas e há tantos anos. Muitos estudos nos mostram caminhos para a interpretação das pinturas deixadas pelos homens pré-históricos no interior das cavernas. 12 Fonte da imagem: https://goo.gl/tFXiKe. Figura 1.5 – Pinturas rupestres em um sitio arqueológico no Parque Nacional Serra da Capivara. Fonte da imagem: https://goo.gl/HikgRV. Figura 1.6 – Pinturas rupestres em um sítio arqueológico no Parque Nacional Serra da Capivara. Na Espanha e no Sudoeste da França também são encontradas pinturas rupestres de grande importância, sendo elas a de Altamira, na Espanha e Lascaux, na França. Em Altamira, há uma caverna em que se pode ver estampado nas paredes bisões, mamutes e renas, todos os animais de caça. O material utilizado para tais pinturas 13 foram terra colorida, carvão e gordura animal. Por estarem localizadas em locais quase sem acesso no interior da caverna, acredita-se que não serviam como local de longa permanência. Outra curiosidade bastante interessante, os arqueólogos que exploraram tais sítios arqueológicos identificaram marcas de flechas sobre as imagens, aventando duas possibilidades: serviam como alvo para treinos dos caçadores e como meio para ensinar técnicas de caça e/ou como local mágico que evocava forças sobrenaturais que auxiliavam o homem primata a dominar seu espaço e a vencer as feras inimigas que ameaçavam a sobrevivência do homem. Fonte da imagem: https://goo.gl/ELv5bB. Figura 1.7 – O Bisão de Altamira, 15.000 anos a.C. Na França o Lascaux é um complexo de cavernas cujas paredes são pintadas com todo o universo vivenciado pelo homem pré-histórico, sendo ele: bovídeos, felinos, cavalos, dentre outros animais. 14 Fonte da imagem: https://goo.gl/y7KWRe. Figura 1.8 – Gruta de Lascaux, França Seria ingenuidade imaginarmos que todos os homens pré-históricos era exímios pintores, como podemos fazer tal afirmação? Fácil, quantas pessoas você conhece que possuem habilidades artísticas? A menos que você seja um artista e esteja inserido em tal meio, imagino que poucos. Assim era na pré-história, alguns estudos chegam a afirmar que os pintores pré-históricos eram solicitados em cavernas vizinhas para desempenharem suas funções artísticas. Para tais obras de arte os artistas da pré- história utilizavam terras coloridas. É interessante notar que não foram encontradas representadas nas paredes figuras humanas, sendo observadas tão somente representações de animais de caça. Entretanto, há registro de figuras humanas representadas em esculturas pré-históricas e todas elas datam do período Paleolítico. 15 Fonte da imagem: https://goo.gl/CzHPmy. Figura 1.9 – Vênus de Willwndorf, 20.000 a.C. – Museu de História Natural de Viena. A estátua tem de altura 10,5cm e representam uma mulher nua. Ela foi encontrada na Áustria e foi batizada como A Vênus de Willendorf. A escultura data de 20.000 a.C. e está ligada à magia da fertilidade, porisso os seios fartos e o ventre e a vulva volumosos. Fonte da imagem: https://goo.gl/wKcgV1. Figura 1.10 – Vênus de Brassempouy, Museu das Antiguidades Nacionais da França. Outra escultura que merece destaque é a “Vênus de Brassempouy”. É uma pequena cabeça de mulher de 3 cm de altura trabalhada em marfim esculpida com instrumentos de pedra lascada. Ela é provenientes de Brassempouy-Landes, Saint 16 Germain-em-Laye, Atualmente está exposta no Museu das Antiguidades Nacionais da França. Fonte da imagem: https://goo.gl/95vPLF. Figura 1.11 – Vênus de Laussel. A Vênus de Laussel é outra estátua muito importante do período Paleolítico. Ela foi encontrada pelo 1909 na França. Essa é uma estátua talhada em bloco único de pedra calcária dura. Nele está representada uma mulher despida cuja mão direita sustenta o corno de um bisão. 1.1.2 Neolítico No período Neolítico o homem tinha sua morada fixa, tornando-se sedentário. Começou a cultivar a terra, sendo essa a primeira forma de agricultura. Começou a viver em comunidade e a utilizar novas formas de manufatura. A argila passou a ser usada para a fabricação de utensílios domésticos. 17 Fonte da imagem: https://goo.gl/3fi4Sg. Figura 1.12 – Utensílio de cerâmica manufaturada no período Neolítico. Atenção para as linhas geométricas que ornamentam a peça. As gravuras não sumiram nesse período da história, elas apenas mudaram de característica. As pinturas passaram a representar homens estilizados, não mais somente animais e natureza, característica das pinturas rupestres do período Paleolítico. 1.3 Mesopotâmia e Egito Epistemologicamente Mesopotâmia vem do grego antigo e significa “entre dois rios”. Geograficamente a Mesopotâmia se localizava entre os rios Tigre e Eufrates em 4.000 a.C. Nos dias atuais corresponde à maior parte do Iraque e Kuwait e de partes orientais da Síria e de regiões ao longo das fronteiras Turquia-Síria e Irã-Iraque. 18 Fonte da imagem: https://goo.gl/yCYphq Figura 1.13 – Mapa da Mesopotâmia por volta do Século IV a.C. A região foi ocupada pelos sumérios, povo engenhoso que se dedicou à agricultura como meio de sobrevivência. Construíram uma sociedade urbana organizada e bastante próspera. A monarquia era o regime político que pautava aquela sociedade teocrática. Foi a primeira sociedade-estado, servindo de modelo para a civilização ocidental. Uruk, posterior Babilônia, estava situada à leste do Rio Eufrates. Era cercada por uma muralha de 9Km de extensão, construída por ordem do rei Gilgamesh, governador de Uruk. A religião era politeísta e cercada de rituais, devido a sua importância a arte e a arquitetura revelavam crenças e rituais religiosos. Grandes templos em formato de torre construídos com tijolo e argila estavam presentes nas cidades sumérias. Suas paredes eram grandes e nota-se a ausência de colunas. Os formatos oval, redondo ou quadrado predominavam nas construções. O formato de fortaleza desses grandes templos mostrava que o povo sumério estava preparado para guerras. A primeira língua escrita, a cuneiforme, teve aqui seu início. Os primeiros sistemas de irrigação e veículos sobre rodas também foram idealizados e executados por esse povo. A irrigação foi utilizada para o cultivo de grãos. Os veículos eram em couro e madeira, utilizavam um tronco como roda e a tração era feita por uma espécie de burro, o 19 onagro. Os veículos eram utilizados, basicamente, para o transporte de bens e de exércitos. Os sumérios eram comerciantes por excelência e seus negócios eram realizados com povos da África, Ásia e Europa. Fonte da imagem: https://goo.gl/BV3SLE Figura 1.14 – Ruína de Uruk. Fonte da imagem: https://goo.gl/FvU3UV Figura 1.15 – Palácio de Uruk. 20 Fonte da imagem: https://goo.gl/VqF3Nu Figura 1.16 – Relevos pintados com cores vivas decoravam os palácios. Decoração do Palácio de Uruk. Diferente do que ocorria no Egito a arte na Mesopotâmia não tinha como objetivo a ornamentação de túmulos e sim a de manter viva a imagem de homens poderosos. Os reis da Mesopotâmia solicitavam aos artistas que fizessem monumentos para que suas vitórias em guerras fossem celebradas e mantidas na memória das pessoas. Fonte da imagem: https://goo.gl/3zcmDw Figura 1.17 – Monumento do rei Naram-Sin, 2270 a.C. Museu do Louvre, Paris. 21 Na sequencia destacou-se uma civilização, também ligada a hidrografia, o Egito Antigo, observa-se grande produção de esculturas, pinturas, arquitetura, joalheria e cerâmica, além das maravilhas do Mundo Clássico, as pirâmides egípcias. Mas antes de tudo, vamos entender onde se encontra como era sua sociedade, sua cultura e a forma de sobrevivência do povo egípcio. Localizado no nordeste da África o Egito é banhado pelo mar Mediterrâneo ao norte. Ao sul pelas cataratas do rio Nilo, faz fronteira oeste pelo deserto da Líbia e ao leste pelo Mar Vermelho. O Egito antigo, cujas fronteiras não eram demarcadas, estava situado em uma região bastante protegida e, especula-se, que essa localização estratégica tenha permitido que o país tivesse um desenvolvimento estável e consolidado. A vida que se desenvolveu as margens do rio Nilo era regida pelos ciclos de cheias e vazantes, uma vez que, quando o rio voltava ao seu nível normal, deixava a terra umedecida e preta, características essas conferidas pelo limo (argila rica em substâncias minerais e orgânicas) que ficava depositado ali. O Egito está localizado em um vale fértil, permitindo o desenvolvimento de meios de sobrevivência, como a agricultura, oportunizando assim a permanência do homem nesse local. As regiões desérticas, aquelas mais afastadas das margens dos rios, batizadas como: reino dos mortos serviu de morada para as pirâmides e túmulos. A sociedade egípcia era dividida de maneira bastante inflexível, quase sem a possibilidade de mudança de classe social. No mais alto escalão dessa conformação social estava o faraó e seu clã e parentes. O faraó era uma figura venerada como um verdadeiro Deus. Logo abaixo dos faraós estavam as famílias de classe privilegiada formada pelos sacerdotes, nobres e funcionários. Os sacerdotes e os nobres formavam a corte real. Já os nobres constituíam a aristocracia hereditária e juntos formavam a elite militar e latifundiária. A função dos funcionários era planejar, fiscalizar e controlar a economia, sempre a serviço do Estado. Na base dessa conformação social estavam os artesãos, os camponeses, os escravos e os soldados que formavam a camada não privilegiada. 22 Durante o quarto milênio a.C. a cultura egípcia se desenvolveu e culminou com o surgimento da escrita, o evento principal que separou o período da pré-história da antiguidade. Entre 2649 a.C. e 1070 a.C., no Egito Antigo, estiveram no poder 18 dinastias. Do ponto de vista da produção de arte, a escultura, pinturas, arquitetura, joalheria e cerâmica foi abundante. A base do conhecimento desse importante civilização está embasada na exploração dos templos, no que continham os túmulos, nas oferendas que eram colocadas junto aos mortos e das representações me relevo e nas pinturas que adornavam os túmulos dos nobres dessa sociedade. A história do Egito é dividida em três fases, a saber: • Antigo Império • Médio Império • Novo império Fonte da imagem: https://goo.gl/qhwrtJ 23 Antigo Império: Foi durante essa fase que os faraós adquiriram colossais poderes, tanto no campo religioso como no militar e administrativo. Esse período ficou conhecido como a época das pirâmides, sendo que Sakara recebeu a primeira pirâmide que foi construída pelo Rei Djezer e seu arquiteto Imhotep. Seguindo os passos do rei Djezer, o faraó Snefer construiu 3 pirâmides, uma vez que somente a última tinha condições de abrigar a múmia do rei. Sendoassim, o filho construiu Keops, o neto Quefrem e o bisneto Mikerinos, todas em Gizé. Com o intuito de enfraquecer a autoridade do faraó, por volta de 2400 a.C. o Império Egípcio sofreu uma série de revoltas lideradas pelos administradores de províncias. Com seu poder enfraquecido a autoridade do Faraó declinou e a sociedade egípcia se desorganizou levando a um período de distúrbios e guerra civil. Médio Império (2160 – 1730 a.C.) - Nobres de Tebas conseguiram por fim às revoltas permitindo novo crescimento do Egito do ponto de vista político, econômico e artístico. Novo Império (1500 – 1084 a.C.) - Os egípcios tornam-se mais militares e lançam-se em guerras e conquistas. A Rainha Hatchepsut governou o Egito e construiu esplêndidos monumentos. Ramsés, O Grande, além de ter sido grande guerrilheiro também construiu os templos de Abu Simbel. As pirâmides - As pirâmides são imensos morros tumulares que foram construídos por milhares de escravos ou trabalhadores por anos a fio. Esses homens cortavam as pedras e as arrastavam até o local das construções. Como os faraós eram considerados seres divinos e quando sua morte eles juntavam-se aos deuses e essa crença justificava a insana construção das pirâmides. Elas eram voltadas para o céu e sua forma e magnitude serviam para auxiliá-los no caminho após a morte. A crença dos egípcios fazia-os acreditar que, para que a alma continuar viva, o corpo deveria ser conservado, por isso eles se aperfeiçoaram na arte de embalsamar corpos e enfaixar os corpos em ataduras. 24 A finalidade da pirâmide era acomodar o corpo do rei que era colocado em um sarcófago e colocado na câmara sepulcral junto com suas riquezas, objetos utilizados na vida cotidiana enquanto vivos e até mesmo alguns de seus escravos. Encantamentos e fórmulas mágicas eram inscritos na câmera funerária para auxiliarem o faraó em sua jornada. Após alguns anos o costume de colocar os escravos na sepultura foi considerado cruel e os serviçais foram substituídos por imagens, assim eram pintadas figuras de servos nos túmulos do Egito. A passagem era retratada nas tumbas em pinturas e por meio de relevos esculpidos nas paredes. Gizé é um complexo funerário e suas pirâmides foram construídas pelos reis do Antigo Império. A maior de todas, Quéops é classificada como uma das sete maravilhas do mundo antigo. Fonte da imagem: https://goo.gl/Jr3z2n Figura 1.18 – Esfinge e Pirâmide de Gizé, 2613 – 2363 a.C., Cairo, Egito. Não bastava a mumificação que tinha como objetivo a preservação do corpo do rei, uma fiel imagem dele também era necessária para que ele vivesse eternamente. Por essa razão, os egípcios esculpiam a cabeça do rei em granito e ela era colocada nos túmulos reais. Nas artes visuais, as estátuas tinham caráter sagrado, objetivando materializar a divindade. 25 Figura 1.19 – Rei Djoser – escultura em tamanho natural. Esculpido em pedra calcária com acabamento em policromia. Atualmente exposta no museu Egípcio no Cairo. Figura 1.20 – Faraó Quéfren: Atualmente exposta no museu Egípcio no Cairo. Fonte da imagem: https://goo.gl/KCcZa6 Figura 1.21 – Tumba de Horemheb, Vale dos Reis. 26 Fonte da imagem: https://goo.gl/6BfRSZ Figura 1.22 – Tumba de Horemheb, Vale dos Reis. Ao observarmos as imagens acima notamos que os artistas egípcios desenhavam as cabeças de perfil. Ao analisarmos os olhos percebemos que eles não acompanham o posicionamento da cabeça, são representados como se estivessem sendo visto de frente. O tronco e os braços também estão posicionados frontalmente. O movimento pode ser observado na representação dos braços e das pernas, entretanto, os pés estão de lado. Para que os faraós concluíssem sua transição da vida após a morte todas as partes do corpo deveriam estar bem representadas na imagem, o que garantia que pudessem manter seu movimentos, pois deveriam poder levar ou receber oferendas. Fonte da imagem: https://goo.gl/VHG71f Figura 1.23 – Tuma de Horemheb – Vale dos Reis – Egito. 27 Fonte da imagem: https://goo.gl/yd2uTg Figura 1.24 – Relevo onde Amenófis IV e sua família são iluminados pelos raios do deus Aton. Fonte da imagem: https://goo.gl/C4NKmk Figura 1.25 – Akhnaton e Nefertiti com seus filhos, c. 1345 a.C. Relevo em altar de pedra calcária, 32,5 x 39 com. Museu Egípcio, StaatlicheMuseum, Berlim. 28 Fonte da imagem: https://goo.gl/JCeJeN Figura 1.26 – Tempo de Ramsés II, em Abu Simbel. As estruturas egípcias eram pintadas em cores vivas, os complexos comportavam festas e procissões. Apesar dos templos dos deuses serem extraordinários, a arte egípcia era quase em sua totalidade voltadas aos deuses e espíritos, isto é, deviam ser apreciadas tão somente pela alma do morto, cuja função era de manter viva a alma do faraó e não causar apreciação ou deleite. Conclusão Arte pré-histórica e aquela produzida antes do aparecimento da escrita. Portanto, são alguns dos registros materiais mais importantes, senão os mais importantes, para conhecermos o pensamento e o modo de vida deste distante período. A primeira língua escrita, a cuneiforme, teve seu início na Mesopotâmia. Os primeiros sistemas de irrigação e veículos sobre rodas também foram idealizados e executados por esse povo. A irrigação foi utilizada para o cultivo de grãos. Os veículos eram construídos em couro e madeira, utilizavam um tronco como roda e a tração era feita por uma espécie de burro, o onagro. No período entre os anos de 2649 a.C. e 1070 a.C., no antigo Egito, 18 dinastias chegaram ao poder. Como resultado, uma grande produção de esculturas, pinturas, arquitetura, joalheria e cerâmica nos guia neste estudo. O conhecimento que temos da civilização egípcia estava baseado nos templos, no conteúdo dos túmulos, nas 29 oferendas colocadas junto aos mortos e nas representações em relevos e pinturas de túmulos dos nobres. REFERÊNCIAS ARNOLD, Dana. Introdução à história da arte. São Paulo: Ática, 2008. PORTO, Humberta Gomes (org.). Estética e história da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2016. 30 2 ANTIGUIDADE CLÁSSICA E IDADE MÉDIA A Antiguidade Clássica compreende os períodos de hegemonia das civilizações Grega e Romana respectivamente no decorrer do tempo. A produção artística do povo grego é de fundamental importância para todo o percurso histórico das artes, uma vez que é nesse período que se estabelecem os padrões de estética que definiram as proporções perfeitas e a busca pelo belo universal, ligando tais padrões a imagem dos Deuses que povoavam a mitologia grega. Também foi no período de domínio grego que se desenvolvem as técnicas de escultura, construção de Templos e principalmente espetáculos de Teatro que serviriam de padrão de produção, qualidade e beleza para os artistas que viriam a se dedicar a produção de arte nos séculos seguintes. Já os Romanos, que chegaram ao poder, após a invasão e decorrente domínio do povo grego, se apoderaram de suas técnicas e depois destruíram quase tudo o que puderam, das obras e símbolos que representavam o poderio da civilização Grega, às inscrições e registros literários que encontraram. Os romanos também inseriram um caráter mais militarista e menos mitológico aos temas abordados pela produção de elementos artísticos, servindo como símbolos de reafirmação do poder dos Imperadores Romanos que se sucederam. Com a Queda do Império Romano do Ocidente chega ao fim o poderio Romano e com o ingresso na Idade Média, período de repressão religiosa e doutrinação política, o clero se aproximou do poder, se utilizando do patrocínio de artistas e financiamento de obras de arte e de arquitetura, sobretudo da construção e ornamentação de Basílicas e Mosteiros para materializarseu poder. Foi nesse momento que os artistas voltaram-se às ruínas gregas e buscaram a essência da produção clássica de seus antecessores, com o objetivo claro de aplicarem proporções, técnicas e materiais identificados ou descobertos, na produção atual delineando as bases do Estilo Românico. 31 Já no período do Românico Tardio, as basílicas e mosteiros começam a se transformar em catedrais, a preocupação com as ocupações e invasões deram lugar a ampliação do número de fiéis e procuram tornar os espaços religiosos mais acolhedores e cativantes, sem contudo, abrir mão da opulência e da riqueza de detalhes. Foi nesse momento que os artistas e arquitetos ampliaram as naves das igrejas e consequentemente suas aberturas para o exterior, dando lugar aos vitrais, característicos do período Gótico os quais tinham a missão de trazer para o interior das Catedrais a “Luz Divina”, caracterizada pela difusão multicolorida decorrente dos temas religiosos e florais ricamente desenvolvidos na arte de juntar cacos de vidro colorido com estanho derretido. Vamos dar início ao percurso pelo período Clássico da produção artística de nossa história. 2.1 Arte Grega e Romana A civilização da Grécia Antiga se define como aquele que coexistiu entre os séculos XII e X a.C. Aqueus, jônios, dórios e eólios compunham a formação inicial e, mais tarde, foram se reunindo em grupos, denominados “pólis” grega, englobando os povos da Grécia continental e das ilhas do Mar Egeu. Após o declínio de Micenas a Grécia passou por uma fase não muito gloriosa. A cerca do ano de 1.000 a.C. os povos que viviam próximos ao mar Egeu falavam vários dialetos, destacando-se os dórios que habitavam, principalmente, a Grécia continental e os jônios que se instalaram em várias ilhas e em parte da costa oeste da Ásia Menor. Do ponto de vista econômico, inicialmente eram uma sociedade pobre, tornaram-se ricos em meados do século VII a.C. A população aumentou significativamente e as pólis expandiram seu comércio permitindo o contato com outras culturas. Nessa fase a arte da Grécia estava voltada a obras poéticas e teatrais, mas os artesãos já eram hábeis na arte de produzir majestosos e lindos monumentos funerários de cerâmica. A primeira referência da arte grega se deu pelo contato desse povo com os egípcios, sendo eles a referência para escultura. 32 O período arcaico (desde 650 a.C. até a primeira metade do século V – 490 a 479 a.C.) é marcado pelo desenvolvimento de técnicas próprias tendo como referência a arte egípcia. Abaixo a linha do tempo da Grécia Antiga: Fonte da imagem: http://www.geocities.ws/starworksrpg/grecia03.jpg Na Grécia temos a origem da democracia e da cultura ocidental. A arte grega valorizava o homem, considerado o ser mais importante do universo. A inteligência do homem era superior a sua fé, diferente dos egípcios. Em busca da perfeição eles buscavam o equilíbrio, o ritmo e a harmonia. Ainda, como interesses da comunidade grega estavam os jogos olímpicos, a beleza e a razão. A arte grega adornava os templos e os edifícios públicos, solenizar vitórias em guerras, prestar homenagem a heróis e atletas, além de glorificar deuses. As primeiras estátuas produzidas pelos gregos tem influência egípcia evidenciada na postura linear e nas proporções. As primeiras estátuas gregas, o Koûros masculino, jovem nu de pé. A própria técnica de produção da estátua remete ao Egito, esculpidas em grandes blocos de mármore. Para tal façanha os gregos adotaram o mesmo método que os egípcios para esculpi-las, desenhavam a arte desenhando a figura a ser esculpida em três faces no bloco de pedra (frontal e perfil). Assim iniciavam o trabalho de esculpir até atingirem o resultado desejado. Koûros está em posição ereta, rigorosamente frontal. Ele poderia ser a representação de um deus, um objeto belo a ser oferecido 33 como oferenda a um deus ou, ainda, a representação in memoriam de um homem, colocado, eventualmente, em seu túmulo. Fonte da imagem: https://goo.gl/xkRhiZ Figura 2.1 – Lápide de mármore de Mereda, Attica. Carca de 540 – 530 a.C. Estátua em mármore pariano, o Koûros foi encontrado no cemitério do antigo município de Myminousa junto com a filha Frasicheia e a altura da estátua é de 1,89 m. Os Gregos atingiram a perfeição em suas estátuas, insuperável até hoje em dia. No período clássico (500 a 330 a.C.) onde o movimento era almejado, na tentativa de dar vida às estátuas os escultores se utilizavam da fusão de bronze como matéria prima, sendo este um material resistente à ruptura, possibilitava uma variedade diversa de poses. O peso era outro fator importante a ser considerado, as estátuas confeccionadas em bronze eram mais leves que as de mármore ou granito, sendo, portanto, mais facilmente transportadas. 34 Fonte da imagem: https://goo.gl/uuL18z Figura 2.2 – Estátua de bronze de um atleta adolescente, em torno de 340-330 a.C. Foi encontrado em 1925. A estátua, menor em tamanho, representa um vencedor adolescente em uma luta. A estátua é uma das obras-primas do período clássico tardio e está relacionada com a escola de Praxiteles. Altura 1,30 m. É importante notar que grande parte das esculturas gregas remete ao corpo de atletas do sexo masculino, isto porque na Grécia predominava o ideal esportivo. Uma estátua com seu nome era direito dos campeões, isso deixaria seu nome gravado e a memória de suas vitórias para as futuras gerações. Míron, escultor grego nascido em Elêutras. Foi o mais velho dos três grandes escultores do século de Péricles: Míron, Fídias e Policleto. É autor de uma das maiores obras gregas, “O Discóbolo”, produzido em torno de 455 a.C. A escultura retrata um atleta que faz o giro sobre si mesmo para lançar um disco. A escultura original era feita em bronze e foi produzida no apogeu do período grego clássico. A escultura original se perdeu, porém a réplica da escultura em mármore feita pelos romanos permanece. Nessa importante obra de arte Mirón representa o corpo humano em sua máxima 35 tensão, porém, sem ser refletida no rosto do atleta. A harmonia, o balanceamento e a simetria das proporções corporais merecem destaque. Fonte da imagem: https://goo.gl/Qh82f9 Figura 2.3 – O Discóbolo, do escultor Grego Miron. Cópia em mármore do original em bronze que fora produzido em torno de 455 a.C. para ser instalado em um palácio em Atenas, provavelmente criado para comemorar a vitória de um atleta vitorioso no antigo pentatlo. Altura: 1,24m. Museu Nacional Romano. Em O Discóbolo, Miron registra o estado de breve imobilidade do atleta. Os gregos denominam esse momento de “rhytmos” e está relacionada a uma ação de graciosa harmonia e equilíbrio. Por ser uma obra de tamanha importância os romanos solicitaram a confecção de cópias no fim do século IV a.C. Entretanto, tais réplicas foram feitas em mármore, material mais barato que o bronze naqueles tempos. Graças às cópias realizadas hoje ainda tempos a grandiosidade das esculturas originais, uma vez que muitas esculturas em bronze se perderam. Especula-se que, como o bronze tornou-se escasso na Idade Média, as estátuas gregas possam ter sido derretidas para o reuso do material. 36 Hoje nos resta contemplar o que restou das importantes obras gregas, ainda que sejam réplicas confeccionadas em mármore, pois elas nos fornecem pistas importantes sobre sua aparência original. As esculturas originais feitas em mármore eram pintadas, incluindo a pupila dos olhos, diferente do que vimos na atualidade, onde vemos os olhares inexpressivos existiam cores e expressão, tornando as estátuas “mais vivas”. O tempo queimou os pigmentos e fez com que desaparecessem as cores das tintas. Policleto (também conhecido como Policleto de Argos, Policleto de Sicião, Policleto, o Velho ou Policlito),ativo entre 460 a.C. e 410 a.C., foi um dos mais importantes e notáveis escultores da Grécia Antiga. Em parceria com Fídias fundou o Classicismo escultórico, ficando conhecido como “Pai da Teoria da Arte” do ocidente. Foi autor de estátuas em bronze e escreveu um livro sobre as técnicas e os princípios que norteavam suas obras. Infelizmente, o livro está perdido. Fonte da imagem: https://goo.gl/3xbG3T Figura 2.4 – Diadúmeno, de Policleto. Estátua em mármore de um atleta, uma cópia datada de 100 a.C.. Protótipo de 450 – 425 a.C. Foi encontrado em 1894. O jovem é representado nu e o amarrado dos cabelos permite ser identificado como um vencedor. O suporte em forma de tronco de árvore, com a bainha do atleta, é uma adição da copiadora. Pesquisas recentes revelaram que a escultura foi de ouro. Altura 1,95 m. Museu Arqueológico Nacional de Atenas. 37 Não só os atletas serviam de inspiração para os artistas gregos, os deuses também constituíam um tema de extrema importância. A eles eram atribuídas formas e sentimentos humanos. Os poetas gregos definiam as personalidades dos deuses enquanto que os escultores definiam sua imagem material que iriam adornar seus templos, como objetos de adoração. Fonte da imagem: https://goo.gl/ZMMCFi Figura 2.5 – Afrodite de Cápua, cópia romana, meados do século IV a.C. Altura 2,10 m – Museu Nazionale, Nápoles. Fonte da imagem: https://goo.gl/J8TpGf Figura 2.6 – Afrodite de Cnido. Original de Praxiteles, cópia romana, 370 a.C. Altura 2,04. Vaticano, Roma. 38 Fonte da imagem: https://goo.gl/Homjyd Figura 2.7 – Apolo de Belvedere, cópia romana a partir de um original grego em bronze do tardio século IV a.C., altura 2,24 m. Museu Pio Clementino. Entre 338 a 30 a.C. aconteceu na Grécia o período Helenístico. Em 356 a.C. nasceu Alexandre Magno, que mais tarde ficaria conhecido como Alexandre, o Grande. Filho do Rei Felipe II da Macedônia, herdou o trono de seu pai e morreu em combate. Foi um dos mais emblemáticos líderes políticos da antiguidade. Fez grandes conquistas como a Síria, o Egito e a Pérsia, dentre outras, expandindo assim o território grego. Ele foi aluno de Aristóteles e teve sua educação como grego e levava para as cidades conquistadas no oriente, a cultura grega. Do terceiro ao primeiro século antes de nossa era a cultura helenística foi exaltada e admirada desde as fronteiras indianas até as vertentes meridionais dos Alpes. No Helenismo a arte valorizava a experiência do homem e o conhecimento da realidade. Nesse momento as esculturas passaram a expor novos temas a partir dessa fase, com imagens mais reais ou naturalistas, refletindo toda a realidade da vida humana, a feiura, a fraqueza, a velhice, criando estátuas com tipos humanos mais convincentes. Dentre tantas obras do período helenístico, o grupo escultural de Laocoonte da escola de Rodes, século I a.C. é a que mais se destaca. A representação na escultura é 39 Laocoonte, filho de Priamo e sacerdote de Apolo, condenado por Atena e esganado por gigantescas serpentes. A tensão física e o desespero estampado em suas faces, seus corpos retorcidos pelo esforço dos braços em luta. Fonte da imagem: https://goo.gl/NTsXfm Figura 2.8 – Laocoonte e seus filhos Hagesandro, Atenodoro e Polidoro de Rodes 175 – 50 a.C. Mármore, Altura 2,42m - Museo Pio Clementino, Vaticano. Nem só de esculturas vivia a Grécia antiga, o teatro também ocupava importante lugar nas formas de expressão artística dos gregos. Do ponto de vista arquitetônico, os teatros gregos eram divididos em três partes, a saber: a orquestra, espaço em forma de círculo onde ocorriam os espetáculos: as danças, o coro e os artistas ocupavam essa área. O semicírculo da arquibancada, local reservado para o público e o palco. Espaço não era problema, os teatros comportavam milhares de espectadores. Toda cidade grega importante tinha seu próprio teatro. 40 Fonte da imagem: https://goo.gl/Y6R474 Figura 2.9 – Teatro de Epidauro – sua arquitetura conferia uma arquitetura perfeita. Quando estudamos a arte grega a arquitetura é um de seus maiores patrimônios. Os templos eram grandes estruturas destinadas ao culto de seus deuses e deusas (vale lembrar que os gregos eram politeístas), que eram representados por gigantescas esculturas. Tinham capacidade para abrigar uma legião de fiéis, porém poucas pessoas entravam no templo. Era do lado de fora, em um altar colocado na parte frontal da fachada, que os rituais eram realizados. As cores vivas predominavam na pintura dos templos. Fonte da imagem: https://goo.gl/RZCsFk Figura 2.10 – Templo de Hefesto, templo grego Dórico, localizado no centro da Atenas antiga, na Grécia. Considerado o mais bem preservado do mundo. 41 Fonte da imagem: https://goo.gl/P3Gtoc Figura 2.11 – Templo de Hefesto, considerado o coração da cidade de Atenas antiga. A decoração escultural do Paternon foi realizada por Fidias, escultor de extrema importância na Grécia. A superioridade física e cultural da Grécia perante os Bárbaros foi exaltada em seu projeto. Fonte da imagem: https://goo.gl/uiZJb1 Figura 2.12 – Paternon – tempo grego dedicado à deusa grega Atena. Foi construído no século V a.C. na Acrópole de Atenas por iniciativa de Péricles e projetado pelos arquitetos Calícrates e Ictinos. 42 Na Batalha de Corinto (146 a.C.) a Grécia tornou-se província do Império Romano, ficando sob domínio de Roma. Contudo, a cultura grega exerceu influência importante sobre a romana. A arte e a literatura grega serviram de exemplo à arte romana. Porém nem só de influências gregas se fez a arte romana, ela teve forte influência dos etruscos. Apesar de tantas influências os romanos tiveram importante papel na arquitetura, além da pintura, mosaico e escultura. O Coliseu, típica construção romana, ainda hoje causa admiração. Do ponto de vista arquitetônico alguns estilos usados nos templos gregos podem ser observados no coliseu. A estrutura do Coliseu possui três ordens de arcos sobrepostos que fazem a sustentação dos acentos do anfiteatro inferior. E são exatamente os arcos, elementos básicos da construção submetida à compressão, que marcaram a topologia da arquitetura romana. Sua construção começou durante o governo do Imperador Vespasiano em 72 e foi concluído em 80 d.C., sob o governo de Tito, seu sucessor. Domiciano (81 – 96) realizou modificações no Coliseu. Vespasiano, Tito e Domiciano formaram a dinastia flaviana. Figura 2.13 – Coliseu, também conhecido como Anfiteatro Flaviano. É um anfiteatro oval localizado no centro da cidade de Roma. Foi construído em concreto e areia. Os Aquedutos: os romanos construíram muitos aquedutos com o objetivo de levar água de fontes muitas vezes distantes de suas cidades e vilas, abastecendo banhos públicos, latrinas, chafarizes e residências privadas. A água também possibilitava a mineração, a trituração, a agricultura e a jardinagem. A tubulação era de terracota e chumbo. É importante notar que o arco e o pilar de reforço sobre os quais o aqueduto 43 se apoia, estão na base de outras edificações colossais, como mercados, anfiteatros, pontes e demais construções colossais romanas. Fonte da imagem: https://goo.gl/H9hyGn Figura 2.14 – Os múltiplos arcos do Pont du Grd na Gália Romana (atual sul da França). Nas artes, a grande especialidade romana é a construção. O Panteão, templo dedicado a todos os deuses, é um grande exemplo da excelência romana na arquitetura. Por muitos anos o Panteão foi utilizado como local de cultos até que, na era Cristã, foi transformado em igreja. Não são observadas janelas, a luz que ilumina o local entra através de uma abertura circular no teto da construção. Figura 2.15 – O Panteão, monumento em estilo neoclássico situado no monte de Santa Genoveva.44 Figura 2.16 – Interior do Panteão, Roma, 130 d.C. Fonte da imagem: https://goo.gl/KKzTbY Figura 2.17 – Detalhe da cúpula do Panteão. Abertura responsável pela iluminação do templo. 45 Fonte da imagem: https://goo.gl/chfrgo Figura 2.18 – Estátua equestre de Marco Aurélio (164-166 d.C.). Artista desconhecido. Confeccionado em bronze dourado. 3,50m de altura. Museu Capitolini, Roma, Itália. Gregos e Romanos, esteios da civilização ocidental, são os responsáveis por importantes pilares da história da arte dominando e se destacando na escultura, pintura, cerâmica, teatro, arquitetura, poesia e mitologia. Não só a ARTE foi deixada de herança pelos gregos e romanos, mas também importantes ensinamentos sobre o esportes, física e matemática (geometria), direito e a democracia que vivenciamos até os dias de hoje. Idade Média 2.2 Arte Românica A arte esteve presente na arquitetura, na escultura, na tapeçaria, em afrescos, nos vitrais, nos bordados, nos crucifixos, castiçais e cálices. Período que vigorou entre os séculos XI e XII na Europa. Esteve intrinsecamente relacionada ao poder exercido pela Igreja Católica e, grande parte das obras artísticas saiam dos mosteiros, considerados as salas do saber. 46 Como não é possível separar a história da arte da história da civilização, vamos retomar esse importante período da história. Com a queda do Império Romano a Igreja Católica começou sua grande expansão pela Europa iniciando sua influência sobre o Estado fazendo com que ocorresse o predomínio da fé com a exaltação da esperança em detrimento da razão e essa preponderância aconteceu, inclusive, sobre a arte medieval. Pinturas, vitrais das igrejas, livros e escultura reproduziam ensinamentos bíblicos com o objetivo de doutrinar a população sobre os dogmas religiosos tendo em vista que a grande maioria era analfabeta já que a educação era privilégio da nobreza. Percebe-se que a arte era usada para propagar a religião nesse período, mas as manifestações artísticas continham estilos diferentes e a unificação se deu através da arte românica. A preocupação central da arte medieval era o decorativismo. O feudalismo rural marcou a economia não monetária e autossuficiente. O artesanato tinha como finalidade o autoconsumo e pouquíssimos escambos ou vendas eram realizados. O poder era exercido pelo Papa (foi o Papa Leão III quem coroou Carlos Magno, Imperador) e não por um único Rei, centralizando o poder nas mãos da Igreja Católica. Por essa razão um enorme número de construções religiosas imponentes como: Basílicas e mosteiros foram erguidos, espelhando na arquitetura a importante religiosidade do período. Geralmente, era o único edifício construído com a pedra da região, demonstrando, assim sua importância para a população. Era nítido o contraste entre as imponentes igrejas e as casas pobres e humildes que a cercavam. Castelos imensos também foram erguidos, porém, com as guerras, foram parcial ou totalmente destruídos, diferente das igrejas, que foram poupadas, uma vez que a arte religiosa recebia mais cuidados e zelo, espelhando a exaltação da fé presente no período. Estruturalmente, a igrejas tinham como norte a planta da basílica romana, contendo nave, abside e corredores com a adição de um transepto (galeria transversal entre o coro e a nave) cortando a nave, além de áreas que permitiam que os fiéis andassem através do santuário e visitassem as pequenas capelas laterais. 47 As igrejas românicas continham fachadas esculturais, abóbada de aresta sustentada por pilares, arcos arredondados e maciços pés-direitos, refletindo a robustez compacta de uma fortaleza. Internamente são poucos adornos, poucas janelas e, portanto, pouca luminosidade. Fonte da imagem: https://goo.gl/UcaOAs Figura 2.19 – Sacra di San Michele dela Chiusa, mosteiro românico. Complexo religioso no Monte Pirchiriano situado no lado sul do Val di Susano, Turim. Fonte da imagem: https://goo.gl/UcaOAs Figura 2.20 – Basílica de Santo Ambrosio, séculos XI – XII, Milão, Itália. Abóbodas pesadas em harmonia com arcos e pilares. 48 Fonte da imagem: https://goo.gl/UcaOAs Figura 2.21 – Abóbodas pesadas em harmonia com arcos e pilares. Com o objetivo claro de receber muitos fiéis durante as peregrinações as igrejas construídas tinham dimensões consideráveis. Seus muros, responsáveis por sustentarem as abóbodas, eram sólidos e resistentes, construídos de pedra. As esculturas que se tornaram raras no século V reaparecem na França românica entre 1050 e 1100, por motivos religiosos ou ligados à arquitetura, adornavam fachadas e portais narrando eventos bíblicos. Figura 2.22 – Catedral de Módena, construção iniciada em 1099. Arquitetura românica de tipo Emiliano. Destaque aos beirais em diferentes níveis, galeria de arcos, portal sustentado por duas colunas. 49 Fonte da imagem: https://goo.gl/yDucQW Figura 2.23 – Interior da Catedral de Modena. A escultura românica teve destaque na abadia de Moissac, ao norte de Toulouse, França. O esmero na arte da escultura pode ser observado na fachada da igreja. São imagens humanas e de animais ricamente esculpidas. Apesar das imagens seres rígidas, sólidas e pesadas, sem leveza, é indiscutível o quanto tais esculturas podem expressar. Fonte da imagem: https://goo.gl/HHtRxg Figura 2.24 – Abadia de Moissac. Fachada da igreja. 50 Fonte da imagem: https://goo.gl/qXcWU4 Figura 2.25 – Detalhe dos adornos da Abadia de Moissac. Portal de St. Pierre. Fonte da imagem: https://goo.gl/Pcs6kV Figura 2.26 – Campo dos Milagres, em Pisa, Itália. Fundada em 1064. A Itália também desenvolveu seu estilo românico e cada região desenvolveu seu próprio estilo. A Catedral de Pisa, fundada em 1064, é um importante representante do estilo agora discutido. Projetada pelos arquitetos Buschetto e Rainaldo é conhecida pela sua magnitude e os dois importantes monumentos que a adornam, a Torre e o Batistério. Uma influência oriental com motivos mulçumanos em seu interior, na altura dos pilares e na luminosidade difusa. 51 O surgimento do estilo românico se deu por toda a Europa Ocidental quase que simultaneamente, com uma variedade de estilos regionais com características em comum porém, sem uma marca central. Dentre suas principais heranças podemos citar: arte bárbara, paleocritão, elementos romanos tardios, bizantinos, influências islâmicas e cético-germânicas. 2.3 Arte Gótica O tempo de vida da arte românica foi curto. Foi no século XII que surgiu na França uma nova técnica que modificou a arquitetura das imensas catedrais. Nesse momento nasceu o estilo gótico. Monumentos gigantescos e inesperados nos foram apresentados pela arquitetura gótica. Fonte da imagem: https://goo.gl/NcGVzx Figura 2.27 – Catedral de Notre-Dame de Paris, 1163-1250. Uma das catedrais francesas em estilo gótico mais antigo. Com plena harmonia entre beleza e imponência. Sendo o maior símbolo entre a fé cristã e o poder exercido pela Igreja Católica, as catedrais eram imensas, maior que qualquer outra construção da cidade. A arquitetura gótica é marcada por sua imensa altura que obrigava quem a contemplasse a olhar para cima. Em seu interior as naves eram cobertas por abóbadas ogivais de arestas e se multiplicavam grandes janelas decoradas com vitrais policromos que permitiam a entrada feixes de luz colorida, conferindo um aspecto místico ao interior das catedrais. As grossas paredes observadas nas igrejas românicas foram substituídas por altas colunas e arcos que sustentam o peso do telhado, assim, as edificações góticas tem aspecto mais leve. 52 Fonte da imagem: https://goo.gl/c2Ky6K Figura 2.28 – Interior da Catedral de Notre-Dame de Paris. Fonte da imagem: https://goo.gl/b94SySFigura 2.29 – Vitrais da Catedral de Notre-Dame de Paris. Os vitrais são um capítulo a parte na arquitetura gótica. Os vitrais consistem em centenas de pequenos pedaços de vidro colorido unidos por tiras de chumbo, formando assim um lindo mosaico. Os vitrais eram extremamente complexos de serem 53 feitos pois, além da dificuldade em cobrir superfícies tão amplas, o trabalho era meticuloso e exigia um planejamento metódico dos projetos a serem executados. A escultura e a pintura também merecem destaque na arte gótica. A escultura gótica deu vida às esculturas, com expressões fortes nos olhares e os tecidos das roupas ganharam fluidez, diferindo da arte românica que foi marcada por figuras sólidas. Fonte da imagem: https://goo.gl/kS9Ysy Figura 2.30 – Portal principal da Catedral de Estrasburgo, França. Fonte da imagem: https://goo.gl/mm4vZo Figura 2.31 – Tímpano da Catedral de Estrasburgo, França. 54 Fonte da imagem: https://goo.gl/9D3dQZ Figura 2.32 – Ekkehart, esposo de Uta e patrono da Catedral de Naumburg, 1260. Fazem parte da série de doze esculturas São consideradas as mais importantes da arte gótica da Alemanha. Entre 1300 e 1350 na Itália Central a pintura gótica viu seu apogeu e, ao norte dos Alpes, a partir de 1400. A pintura mural ou em painéis em madeira pintada passa a ser mais utilizada, em detrimento aos mosaicos, a partir do século XIII. Nas catedrais os altares são pintados com figuras dramáticas e Jesus Cristo crucificado entre a Virgem e São João. O autor que inovou na pintura italiana é Giotto di Bondone. Fonte da imagem: https://goo.gl/yyz99X Figura 2.33 – A Lamentação, Giotto di Bondone, 1305. 55 Fonte da imagem: https://goo.gl/ocrhwa Figura 2.34 – A Crucificação, Giotto di Bondone, 1305. Giotto di Bondone pintou uma série de painéis sobre a salvação de Cristo que estão na Capela de Scrovegni ou Capela Arena, em Pádua. A narrativa exposta leva o admirador a prender sua atenção no momento mais intenso do drama. As imagens têm faces que transmitem muita vida e a angústia dos anjos se mostra mais teatral e caótica. Luz e sombra em harmonia estão presentes nas cenas bíblicas, inovação apresentada pelos italianos e foi essa característica que colocou a pintura em destaque na arte gótica. 56 Fonte da imagem: https://goo.gl/WzdWnb Figura 2.35 – Capela degli Scrovegni, Pádova, Italia. Principais diferenças arquitetônicas entre os estilos românico e gótico Românico Gótico Ênfase Horizontal Vertical Elevação Altura modesta Altíssima Planta Múltiplas unidades Espaço unificado inteiro Traço principal Arco redondo Arco pontudo Sistema de suporte Pilastras, paredes Contrafortes externos Engenharia Abóbadas em cilindros e arestas Abóbadas com arestas e traves Ambiente exterior Simples, severo Ricamente decorado Ambiente interior Escuro, solene Leve, claro 57 Fonte da imagem: https://goo.gl/GMz2pQ Figura 2.36 – Catedral de Colônia, Alemanha. Exemplo de arquitetura no estilo Gótico. Fonte da imagem: https://goo.gl/GMz2pQ Figura 2.37 – Interior da Catedral de Colônia, Alemanha. Exemplo de arquitetura no estilo Gótico. 58 Fonte da imagem: https://goo.gl/GMz2pQ Figura 2.38 – Interior da Catedral de Colônia, Alemanha. Exemplo de arquitetura no estilo Gótico. Fonte da imagem: https://goo.gl/GMz2pQ Figura 2.39 – Vitrais da Catedral de Colônia, Alemanha. Exemplo de arquitetura no estilo Gótico. 59 Fonte da imagem: https://goo.gl/7QEG3M Figura 2.40 – Igreja de São Leão de Abadia. Situada na Alsácia, no fundo do vale Vosgiano de Guebwiller, na entrada da comuna de Buhl, onde uma bifurcação leva ao vale de Murbach.. Fundada entre 623 à 639. Conclusão Gregos e Romanos, esteios da civilização ocidental, são os responsáveis por importantes pilares da história da arte dominando e se destacando na escultura, pintura, cerâmica, teatro, arquitetura, poesia e mitologia. Não só a ARTE foi deixada de herança pelos gregos e romanos, mas também importantes ensinamentos sobre o direito e a democracia que vivenciamos nos dias de hoje. Na Grécia temos a origem da democracia e da cultura ocidental. A arte grega valorizava o homem, considerado o ser mais importante do universo. A inteligência do homem era superior a sua fé, diferente dos egípcios. Em busca da perfeição eles buscavam o equilíbrio, o ritmo e a harmonia. Ainda, como interesses da comunidade grega estavam os jogos olímpicos, a beleza e a razão. A Idade Média ou Idade das Trevas teve início em 476 e término em 1453. Tem seu início marcado pela queda do Império Romano após ter sofrido uma invasão bárbara, 60 levando à decadência de sua cultura. A Idade das Trevas é marcada por muitas guerras, invasões e migrações. Pouca produção de conhecimento pode ser constatada nessa fase. É um período de transição entre o término do mundo antigo e o aparecimento de uma nova forma de vida e novas crenças. A Europa encontrou o progresso do comércio, o crescimento das cidades e consequente desenvolvimento da vida urbana após ter enfrentado muitas inquietações, invasões bárbaras, medo do fim do mundo pela chegada do ano 1000, ataques árabes e outros inúmeros problemas. REFERÊNCIAS ARNOLD, Dana. Introdução à História da Arte. São Paulo: Ática, 2008. NOYAMA, Samon. Estética e filosofia da arte. Curitiba: InterSaberes, 2016. (Série Estudos de Filosofia) PORTO, Humberta Gomes (org.) Estética e história da arte. São Paulo: Pearson, 2016. 61 3 ARTE NA IDADE MODERNA A peste negra, epidemia disseminada a partir das pulgas que continham a bactéria Yersinia pestis, exterminou um terço da população que habitava a Europa em meados do século XIV. Nesse mesmo período grandes mudanças econômicas, intelectuais, culturais, políticas e artísticas, crises, fome, guerras e revolta de camponeses também assolaram a Europa e restabeleceram as estruturas sociais. Houve a queda do sistema feudal e nascimento do capitalismo, um novo período histórico teve início com o surgimento de um novo modelo econômico comercial com a ascensão da burguesia mercantil, a nova classe social, que proporcionou a muitos artistas a continuidade de suas carreiras através de importantes incentivos fiscais. Também conhecido como Renascença o período que marca a passagem da Idade Média para o surgimento da Idade Moderna, se deu nos séculos XV e XVI. A Europa do século XVII foi de grandes transformações e mudanças na política, nas ciências e na religião. A Igreja Católica perde seu poder e o cristianismo ocidental foi segmentado entre as Igrejas: Católica e a Protestante. Com o objetivo de recuperar os fiéis perdidos, a Igreja católica passou a difundir seus preceitos religiosos por meio de imagens que fariam aflorar a renovação da devoção. Historicamente, surge a Contrarreforma e muitas riquezas coloniais e suas obras estão permeadas de temas religiosos. Relembrando: a contrarreforma, também conhecida por prova Reforma Católica. Esse foi o movimento criado pela Igreja Católica a partir de 1545 em resposta à Reforma Protestante de 1571, iniciada por Lutero. Foi em 1945 que a Igreja Católica Romana convocou na cidade de Trento o Concílio de Trento, convocado pelo papa Paulo III estabelecendo, dentre outras medidas, a reafirmação do poder da Igreja Católica e do poder papal, sendo ele o representante de Deus na Terra, a retomada do Tribunal do Santo Ofício, a criação do Index Librorum Prohibitorum, uma relação de livros proibidos pela Santa Igreja Católica e o incentivo à catequese dos povos do Novo Mundo. 62 Em meio a esse contexto nasce a Arte Barroca, sucedendo, assim, a Renascença. A Arte Barroca surgiu e floresceu entre o final do século XVI e meados do século XVIII na Itália, colocando-aem posição de destaque e como centro de disseminação artística. As mudanças profundas que assolaram a Europa nesse período levaram a mudanças de mentalidade, incluindo valores que até então eram verdades absolutas pregadas pela Igreja católica. Nesse contexto, pode-se incluir a crença que a Terra era o centro do universo, que passou a ser questionada por estudiosos como Kepler e Galileu. A astronomia ganhou força e a concepção de sistema solar ficou mais próxima dos estudos filosóficos, que refletiam sobre a irrelevância do homem neste contexto. As mudanças na arte foram profundas, uma vez que a arte reflete o contexto histórico. O Rococó é um estilo artístico que surgiu na França como desdobramento do barroco, com características mais leves e intimistas que os vividos no Barroco. Durou entre 1720 e 1780. O Maneirismo foi um movimento artístico que nasceu e se desenvolveu na Europa entre 1515 e 1600. Surge como uma revisão dos valores clássicos e naturalistas celebrados pelo Humanismo renascentista e sedimentados na alta Renascença. O movimento Neoclássico (1780-1820) também nasceu na Europa Ocidental em meados do século XVIII e exerceu importante influência na cultura de todo o ocidente até meados do século XIX. Foi no século XIX que nasceram os movimentos que antecederam à arte moderna, e nessa fase o Impressionismo merece destaque. Esse importante movimento representou uma intensa revolução na pintura alterando as direções da arte no final do século XIX e início do século XX, simbolizando uma mudança estética que o público e a crítica estavam habituados. Do ponto de vista social, vale aqui entender qual era o movimento dessa época. Entre os séculos XVIII e XIX a Europa, mais especificamente a Inglaterra, estava vivendo a Revolução Industrial, fase de transformações vultosas. A Revolução Industrial introduziu inúmeras inovações tecnológicas, como, por exemplo, as máquinas a vapor, possibilitando a manufatura em série, substituindo pequenas oficinas por grandes 63 fábricas. Não só a manufatura sofreu grandes mudanças, do ponto de vista demográfico, o camponês saiu do campo e migrou para os grandes centros em busca do trabalho nas fábricas. E como efeito cascata houve o crescimento exponencial da população das grandes cidades, levando a necessidade de produção de bens de consumo e o consequente advento de tendências e moda. Nasce aqui o proletariado, a classe trabalhadora constituindo-se em elite industrial, a burguesia, importante consumidora da arte. Não só o modo como as coisas passaram a ser produzidas, a mudança nas relações de consumo ou distribuição demográfica sofreram mudanças. Todos esses fatores levaram a uma rápida urbanização que atingiu de forma certeira a arquitetura que, pelo grande volume de construções realizadas no século XIX, passou a considerar cada vez menos a beleza e o estilo, até então valorizados em demasia. Luz e cor foram alvos de pesquisas pelos artistas fazendo florescer novas formas de expressão artística. 3.1 Arte no Século XV e XVI O Renascimento se deu na Itália a partir do ano de 1400 e pode ser reconhecido em: pinturas, esculturas e na arquitetura. A experimentação, a especulação e a inovação são alguns dos princípios da arte Renascentista. Uma nova concepção criativa e humanista revitalizou as ideologias clássicas da Antiguidade, dai o nome Renascimento. Assim, houve uma valorização das obras de arte e o artista passa a ser mais respeitado e admirado na sociedade e não mais visto como um escravo, artesão ou um prestador de serviço. O nascimento da Renascença do século XV foi Florença, na Itália e a família Médici foi a grande responsável pelo subsídio da arte nessa importante fase histórica. A análise das ruínas romanas e a recuperação de textos clássicos foram os pilares fundamentais da arte renascentista, ocorrendo a interrupção com as manifestações artísticas da Idade Média, o românico e o gótico, trazendo a nova forma de fazer arte. O Humanismo, que se manifestou inicialmente em Florença no século XIV e se 64 espalhando pela Europa Ocidental, foi a principal corrente de pensamento desse período, revestindo o ser humano com nova dignidade e o colocando no centro da criação, porém sem rejeitar o conhecimento teológico. A história e a mitologia romanas foram os principais temas tratados pela cultura humanista, mudando consideravelmente a arte da pintura, escultura e arquitetura italiana. A técnica da perspectiva artificial foi desenvolvida, conferindo proporção aos ambientes e personagens das pinturas. Fonte da imagem: https://goo.gl/N3Lo48 Figura 3.1 – Catedral de Santa Maria Del Fiore, Florença, Itália. Cúpula projetada por Filippo Brunelleschi. A cúpula fica a 55 metros do chão, tem 45 metros de diâmetro interno, 55 externo e atinge 114 metros, pesa em torno de 29.000 toneladas. O arquiteto, ourives e pesquisador Filippo Brunelleschi (1377 – 1446) foi responsável pela criação de uma nova linguagem arquitetônica em parceria com o também artista Donatello, para Roma, aprofundando seu conhecimento na belíssima arquitetura romana antiga. Filippo projetou a cúpula da catedral de Santa Maria Del Fiore, entre 1417 e 1420, ao estilo gótico, com perfil em ponta reforçado com ligaduras horizontais, a partir de um sistema de nervuras. 65 Filippo Brunelleschi tem sua obra concentrada em edificações destinadas ao culto religioso criando um novo espaço no interior do edifício, criando um novo modo de edificar o espaço interno do edifício. As arcadas clássicas de arcos plenos definem uma sucessão de espaços. A pedra escura utilizada gera um efeito perspectivo ordenado e claro nas igrejas florentinas de São Lourenço e do Santo Espírito Fonte da imagem: https://goo.gl/hVVW36 Figura 3.2 – Catedral de São Lourenço (1419) em Florença, na Itália. Projeto de Filippo Brunelleschi. Fonte da imagem: https://goo.gl/Lj6z7p Figura 3.3 – Interior da Catedral de São Lourenço (1419) em Florença, na Itália. Projeto de Filippo Brunelleschi. 66 Fonte da imagem: https://goo.gl/bL8ijh Figura 3.4 – Igreja do Espírito Santo, Florença (1481) em Florença, na Itália. Projeto de Filippo Brunelleschi e Antonio Manetti. Fonte da imagem: https://goo.gl/EjtqhD Figura 3.5 – Interior da Igreja do Espírito Santo, Florença (1481) em Florença, na Itália. Projeto de Filippo Brunelleschi e Antonio Manetti. 67 Escultor de um talento imensurável, Donatello di Niccoló (1386-1466) agregava às figuras humanas expressões dramáticas e de extrema veracidade. Reforçando os conceitos humanistas aplicados à arte, Donatello demonstrou interesse pelas esculturas greco-romanas e expandiu seus estudos com a anatomia humana. Fonte da imagem: https://goo.gl/TBQb4w Figura 3.6 – São Jorge (1416), esculpido por Donatello, Bardello, Florença, Itália. 68 Fonte da imagem: https://goo.gl/2ngUdv Figura 3.7 – Santa Maria Madalena penitente, 1455. Escultura em madeira. Donatello. Museu dell’Opera del Duomo, Florença, Itália. Escultura que privilegia a expressão, o corpo esquelético, a dor que transparece do rosto, representa os sentimentos mais profundos da alma humana. A pintura também teve seu lugar de glória na Renascença, Tommaso di Ser Giovanni di Mone (Simone) Cassai, Masaccio (1401-1428). Apesar de ter morrido muito cedo, aos 28 anos, sua obra é bastante consistente e madura. Seus afrescos são monumentos à cultura Humanista introduzindo uma plasticidade na pintura nunca observada, desenvolveu uma nova forma de expressão através de formas modeladas de claro- escuro. Masaccio foi o primeiro mestre pintor da Renascença italiana. Dentre suas obras de maior destaque estão os afrescos da Capela Brancacci, na igreja do Carmo de Florença, várias cenas da vida de São Pedro e A Santíssima Trindade (Santa MariaNovella) e afresco funerário, imitando uma capela, deve ser observado de baixo. 69 Fonte da imagem: https://goo.gl/W1yspV Figura 3.8 – Afrescos da Capella Brancacci (1482-1426). Santa Maria del Carmine, Florença, Itália. Fonte da imagem: https://goo.gl/RrNBFH Figura 3.9 – A Santíssima Trindade (1420 -1428). Igreja de Santa Maria Novella, Florença, Itália. Masaccio 70 Na escultura Michelangelo Buonarroti (1476-1564) foi extremamente importante no período do renascimento, sendo Pietà e Davi suas esculturas de maior destaque. Mas nem só de esculturas as obras de Michelangelo são feitas, na pintura e na arquitetura o artista também mereceu destaque. Foi o Papa Júlio ll dela Rovere quem pediu que Michelangelo decorasse o teto da Capela Sistina, local que tradicionalmente recebe os cardeais para o conclave. O artista substituiu a decoração que existia na Capela, substituindo um céu estrelado por uma ornamentação mais elaborada e arquitetônica, onde a Criação Divina e a Queda do Homem foram representadas. Nove painéis representaram as cenas do Livro do Gênesis. Pilastras foram pintadas e se estendem por todo o teto. Harmonicamente dividido em pinturas horizontais grandes e cenas adjacentes de menor tamanho, cercadas por jovens sem roupas (ignudi) evidenciam as quatro imagens principais organizadas cronologicamente. Os mais de 300 personagens representados no teto da Capela Sistina foram pintados em 4 anos, de 1508 a 1512. Fonte da imagem: https://goo.gl/E7k99W Figura 3.10 – Capela Sistina, Palácio Apostólico, residência oficial do Papa. 71 Fonte da imagem: https://goo.gl/4oG6DU Figura 3.11 – A Criação de Adão, 1511, Capela Sistina, Roma, Itália. Michelangelo. Fonte da imagem: https://goo.gl/gNL38G Figura 3.12 – A Separação da luz e das trevas, 1508 - 1512, Capela Sistina, Roma, Itália. Michelangelo. 72 Fonte da imagem: https://goo.gl/6ejGTN Figura 3.13 – O pecado original e a Expulsão do Jardim do Éden, 1508 – 1512, Capela Sistina, Roma, Itália. Michelangelo. Não há dúvidas que a pintura dos afrescos da Capela Sistina é a principal obra de Michelangelo como pintor. As expressões faciais e corporais retratadas na cena “A criação de Adão” são de notável veracidade onde Deus Pai, cercado por anjos, com sua barba branca e rosto austero denotam sua autoridade. Por sua vez, Adão e seu corpo irretocável e de magnífica perfeição recebe do dedo indicador do Criador o fluído da vida. A obediência e o fascínio transmitidos no olhar de Adão para Deus Pai podem ser observados aos que contemplam a obra. A obra “O Dia do Juízo Final” foi executada entre 1535 e 1541. Medindo 13,7m X 12,2m, foi pintada na parede do altar da Capela Sistina. O trabalho foi encomendado pelo Papa Clemente VII, porém somente com sua morte os trabalhos tiveram início, no papado do Papa Paulo III que ratificou o contrato. Outro pintor de grande importância foi Sandro Botticelli (1444 – 1510), fascinado pela mitologia e filosofia, sendo O Nascimento de Vênus (1485) sua obra de maior importância. Medindo 172,5 X 278,5 cm, o quadro foi considerado revolucionário em sua época, sendo a primeira pintura renascentista com tema mitológico. A história que conta nascimento de Vênus é recheada de mistérios traduzindo a mensagem divina da beleza que veio ao mundo. A imagem reproduz Vênus ao centro cercada por Zéfiro, o Vento do Oeste, a Ninfa Clóris, sequestrada por Zéfero, e uma Hera que fazia 73 companhia a ela, portando um ramo de flores na cor rosa. Vênus é considerada uma das mais importantes da Antiguidade. Para os gregos ela era Afrodite, a Deusa da beleza e do amor humano. A representação de Vênus por Botticelli traduz a beleza clássica e admirada na renascença. Foi uma obra realizada por encomenda da rica e poderosa família Medici. Fonte da imagem: https://goo.gl/ktVJj2 Figura 3.14 – O Nascimento de Vênus, 1485. Obra de Sandro Botticelli. A escola veneziana teve em Ticiano Vecellio (1487-1576) seu maior pintor. Viveu em Veneza quando a cidade era considerada uma das de maior poder na Itália. Suas pinturas tiveram como inspiração a luz intensa e o colorido dos canais. Bem sucedido, Ticiano recebeu encomenda dos reis da Espanha e França e do Papa. Alfonso d’Este, duque de Ferrara, encomendou uma série de quadros com temas mitológicos, dentre eles Baco e Ariadne (1522-1523), para decorar sua casa de campo. Nessa obra o exato instante que a princesa grega Ariadne, recém-abandonada pelo seu amante Teseu, na ilha de Naxos, encontra Baco, o deus do vinho, e os dois se apaixonam à primeira vista. No quadro Baco, o deus do vinho, na paisagem à direita, surge com seus seguidores. Apaixona-se por Ariadne à primeira vista, nos seus olhos a expressão intensa e apaixonada pode ser observada. Ele pula de sua carruagem, que é puxada por duas chitas, em direção a ela. Ariadne havia sido abandonada na ilha grega de Naxos por Teseu, cujo navio pode ser observado à distância. A imagem mostra seu medo inicial 74 de Baco, mas ele a levantou para o céu e transformou-a em uma constelação, representada pelas estrelas acima de sua cabeça. Fonte da imagem: https://goo.gl/n7FwBs Figura 3.15 – Baco e Ariadne (1520-1523), Ticiano. Óleo sobre tela, Nacional Gallery, Londres. Ticiano é um dos primeiros artistas a assinar seus quadros. Nessa obra a assinatura do artista pode ser observada em um vaso de bronze que está sobre um tecido amarelo. Um dos nomes mais importantes da essência humanista do Renascimento, Leonardo da Vinci (1452-1519) é um nome muito importante em quase todos os campos do saber. O estudo da anatomia e a atenção às expressões faciais que refletem o estado de ânimo e o sentimento de seus personagens mereceram cuidado especial do artista. Dentre suas obras mais importantes podemos destacar A Última Ceia (1495-97), afresco que ornamenta o Refeitório de Santa Maria dele Grazie, em Milão, Itália. Ele representa a cena bíblica da Última Ceia de Jesus com seus Apóstolos antes de sua prisão e crucificação. A técnica da têmpera e óleo sobre duas camadas de gesso aplicadas em estuque. 75 Fonte da imagem: https://goo.gl/G8tzyd Figura 3.16 – A Última Ceia (1495-8), Leonardo da Vinci. Refeitório de Santa Maria dele Grazie, Milão, Itália. O retrato de Mona Lisa ou A Gioconda (1503-06) é, muito provavelmente, a pintura mais famosa do mundo, um tipo retrato renascentista que pode ser admirado no museu do Louvre, em Paris. As dimensões do quadro muito provavelmente não correspondem ao imaginário popular. Em geral, as pessoas imaginam que o quadro em dimensões maiores que a realidade, muito provavelmente pelo vulto que a obra tomou dentro da História da Arte e pela sua importância no Renascimento e pela veracidade da arte na pintura. As dimensões reais do quadro são 77 x 53 cm, e devido ao seu valor está protegida por um forte vidro resistente a tiros. No quadro há a representação de uma mulher cuja expressão é bastante introspectiva e tímida. A sedução do quadro é transmitida pelo sorriso restrito e conservador. O padrão de beleza retratado na Gioconda é o admirado por Leonardo da Vinci era um hábil pintor de mãos. As belas mãos de Mona Lisa estão calmamente pousadas em seu colo, com a direita sobre a esquerda, em sinal de decoro. 76 Até nos dias atuais a Gioconda inspira esculturas, canções, poemas e inúmeros anúncios comerciais, ela é imortal. O sorriso enigmático de Mona Lisa nasce nos olhos mais no que em sua boca, quem a olha se sente olhado. Fonte da imagem: https://goo.gl/N8waJj Figura 3.17 – Mona Lisa (1503-06), Leonardo da Vinci. Museu do Louvre, França, Paris. 3.2 Arte Barroca A Arte Barroca é associada, sobretudo, à arte feita sob encomenda para a Igreja Católica. Sendo Roma a capital do mundo
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