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Bactérias e Bacterioses Profº Claudius Cabral 17/02/2020 Princípios de genética bacteriana Introdução ao estudo da genética bacteriana Estudo da estrutura do genoma bacteriano, assim como os mecanismos de hereditariedade e da variabilidade das bactérias e suas descendentes. Introdução → As bactérias são haploides, com um cromossomo circular composto de dupla fita de DNA. → O cromossomo, que está livre no citoplasma em uma configuração enrolada, e muito maior do que a celula-mae e contém um grande número de genes. → Cada gene e um segmento do DNA cromossômico cuja sequência de nucleotídeos codifica uma proteína especifica que é necessária a estrutura básica da célula ou ao processo metabólico. → Plasmídeos, bacteriófagos e elementos transponíveis podem contribuir para informação genética adicional, que talvez influencie a expressão fenotípica Estrutura do DNA → Constituído por três e lementos principais: quatro bases nitrogenadas, um grupamento fosfato e um açÚCar (desoxirribose) → Pirimidinas: citosina e timina → Purinas: adenina e guanina → Os três elementos ligados entre si nucleotídeo → Fosfato e açÚCar hidrofílicos, bases hidrofóbicas → Bases sempre pareadas A-T e C-G O que é um gene? → Um gene é a menor unidade funcional do genoma, responsável pela codificação de uma proteína → Fenótipo x genótipo: Genótipo é o conjunto formado pelos genes de um indivíduo que não são modificados naturalmente. O fenótipo refere-se às características visíveis que podem ser modificadas. → Os genes, informações contidas no DNA, através do processo de transcrição, são convertidas em RNA ⇝ formação de proteínas → Organização dos genes bacterianos ⇝ operon* (Grupos de um ou mais genes estruturais expressos a partir de um promotor especifico. Operons com muitos genes estruturais são chamados policistrônicos.) * Reunindo todos os genes bacterianos O conceito de pangenoma → Na biologia molecular descreve a coleção de todos os genes de uma espécie. → É um superconjunto de todos os genes de todas as linhagens de uma espécie. → O pangenoma inclui o genoma-núcleo que contém genes presentes em todas as cepas, um "genoma dispensável" que contém genes presentes em duas ou mais cepas e, finalmente, "genes únicos" específicos para as cepas particuladas. Duplicação do DNA bacteriano → Ocorre antes do processo de divisão celular, sendo uma etapa crucial a sobrevivência da célula → Características da replicação bacteriana: ⇢ Semiconservativa ⇢ Simétrica ⇢ Bidirecional Essencialmente três etapas ⇢ Iniciação ⇢ Alongamento ⇢ Terminação → Como as bactérias replicam por fissão binaria, as células-filha são geneticamente idênticas. → Durante a replicação, a sequência dos nucleotídeos purina e pirimidina no DNA e copiada em duas moléculas-filha de fita dupla. Cada uma delas e composta de uma fita da molecula-mae e de uma fita complementar recém-sintetizada por um processo chamado replicação semiconservativa. Como as duas fitas-mãe da hélice do DNA são desenroladas sob a influência da enzima DNA- girase, cada uma age como molde para a síntese da fita complementar. → Dessa maneira, duas moléculas de DNA helicoidal idênticas são sintetizadas pela ação da enzima DNA-polimerase. → As extremidades das fitas novas completamente sintetizadas são ligadas pela ação da enzima DNA-ligasse para formar um cromossomo circular. Transcrição do DNA → Processo de síntese de uma fita de RNA mensageiro a partir de uma fita de DNA → Nas bactérias, esse processo é realizado concomitantemente a tradução do RNA (síntese proteica) Catalisado pela enzima RNA polimerase → Durante a transcrição, uma fita de DNA, a fita positiva, e transcrita para RNA mensageiro (RNAm). → A enzima RNA-polimerase DNA-dependente liga-se a região promotora, uma sequência especial de nucleotídeos na fita positiva. → As duas fitas de DNA são separadas, e uma fita de RNAm complementar e sintetizada. → A transcrição para RNAm cessa quando a enzima alcança a sequência terminadora do gene. → A informação codificada no RNAm e traduzida em proteína no ribossomo pelo envolvimento de RNA transportador (RNAt). → Cada molécula do RNAt tem uma trinca de três bases, o anticódon, que é complementar ao códon do RNAm. → Cada trinca de RNAt transporta um aminoácido especifico para o RNAm no ribossomo, onde os aminoácidos são ligados continuamente para formar uma cadeia polipeptídica. → Após a ligação de dois aminoácidos, o RNAt do primeiro aminoácido e liberado do ribossomo. https://es.wikipedia.org/wiki/Especie https://es.wikipedia.org/wiki/Superconjunto https://es.wikipedia.org/wiki/Cepa → A síntese da cadeia de proteína para quando um códon sem sentido (nonsense) e encontrado pelo ribossomo. Essencialmente três etapas → Iniciação, alongamento e terminação. Mecanismos de variabilidade genética → As populações bacterianas estão em constante evolução → A obtenção de novos genes ou mesmo mutações podem dar as populações novas vantagens adaptativas → Dois mecanismos principais estão envolvidos na diversidade genética → Mutações: mudanças na sequência do código genético do agente, ocorre de forma espontânea ou induzida ⇢ Por substituição de bases ⇢ Por inserção ou deleção de bases → Recombinações: troca de segmentos de DNA entre genomas → Pode ocorrer variação genética após mutação, na qual a mudança ocorre na sequência de nucleotídeos de um gene, ou por recombinação, na qual um novo grupo de genes e introduzido no genoma ou no interior do citoplasma (Fig. 4.1). → O genótipo de uma célula determina seu potencial hereditário. → Contudo, somente uma pequena proporção de informação genética e expressa sob condições ambientais definidas. → O fenótipo representa aquelas características reconhecidamente expressas pelo ácido nucleico da célula. → Bacillus anthracis, causadora do antraz, tem uma capsula que é expressa somente in vivo, e não quando está crescendo em meios laboratoriais. → Dessa maneira, o genótipo de um microrganismo e o seu ambiente podem influenciar a expressão do fenótipo. Mecanismos de variabilidade genética: mutações → Mutação por substituição: troca de apenas um nucleotídeo por outro (mutações pontuais) Ex.: DNA ATCGATTTC ⇝ ATCCATTTC Podem ser do tipo: ⇢ Silenciosa (“nonsense” ou sinônima) ⇢ Não silenciosa (“missense” ou não sinônima) Conservativa → Não-conservativa ⇢ Mutação silenciosa (“nonsense” ou sinônima): não ocasiona alteração de fenótipo Ex.: DNA ATCCCCTTC ⇝ ATCCCATTC ⇢ Mutação não-silenciosa (“missense” ou não- sinônima) conservativa: Causa alteração de aminoácido, mas este possui propriedades semelhantes. Ex: serina, treonina, ambos neutros Ex.: DNA ATCTCGTTC ⇝ ATCTGGTTC ⇢ Mutação “missense” ou não-silenciosa (ou não-sinônima) não conservativa: a mutação leva a alteração de aminoácidos, sendo o novo de propriedades diferente do anterior. Ex.: serina por fenilalanina, neutro por hidrofóbico Ex.: DNA ATCAGGTTC ⇝ ATCAAGTTC ⇢ Mutações que alteram a sequência de leitura: InDels, alteram o sentido de leitura de bases da RNA polimerase (“Frameshift”). Podem ocorrer por: Inserção: Ex:. ATC AGT TTA ⇝ ATC AGT GTT A... (Asparagina é polar e leucina apolar) Quanto mais perto do terminal 5´, mais deletério é o efeito Deleção: ocorre a deleção de um nucleotídeo, havendo efeitos semelhantes a inserção. Ex.: ATC GAT TTA ⇝ ATC ATT TAG → Uma alteracao hereditária estável no genoma bacteriano e chamada de mutação. → Como um gene com pares de bases alterados pode codificar incorretamente um aminoácido de uma proteína, a mutação talvez resulte em alteracao fenotípica. → Alterações mutacionais podem ser benéficas ou maléficas ao microrganismo. →Sob condições ambientais definidas, mutações seletivas podem fornecer vantagens de crescimento ao mutante em relação a bactéria-mãe ou a bactéria do tipo selvagem. → As mutações podem ser espontâneas ou induzidas experimentalmente por agentes mutagênicos físicos, químicos ou biológicos. → As mutações espontâneas podem surgir durante a replicação devido a erros no pareamento de bases nucleotidicas. → Tais mutações ocorrem com a frequência de 10–7 a 10–11 por par de base e são mantidas em níveis baixos devido a atividade regulatória de enzimas de reparo. → Os tipos de mutações que podem ocorrer em bactérias estão listados no Quadro 4.1. → Mutações pontuais, envolvendo um par de bases ou um número limitado de pares de bases, podem não resultar em mudanças no fenótipo. → Ao contrário, mutações nas quais vários pares de bases sofrem deleção ou inserção resultam na formação de proteínas não-funcionais. → Grandes alterações que afetam a síntese proteica influenciam a viabilidade bacteriana. Mecanismos de variabilidade genética: Recombinações Recombinações: troca de segmentos de DNA entre genomas → Podem ser homólogas ou não-homólogas ⇢ Homólogas: entre regiões com alta homologia ⇢ Não-homólogas ou heteróloga: entre regiões com baixa homologia. Muito explorada em engenharia genética. → Mecanismos de recombinação ⇢ Transformação ⇢ Transdução ⇢ Conjugação A recombinação ocorre quando sequencias de DNA de duas fontes diferentes são integradas. Nas bactérias, a recombinação induz uma mudança hereditária inesperada devido a introdução de material genético novo de uma célula diferente. → Esse novo material genético pode ser introduzido por conjugação, transdução ou transformação. Resumão variabilidade genética → Mutação: alteração na sequência de bases do DNA sem aquisição de genes de outro microrganismo. (Processo vertical) → Recombinação genética: alteração no genótipo que ocorre pela aquisição de material genético de outro microrganismo. (Processo horizontal) MUTAÇÃO ✓ Alteração herdável ✓ Pode modificar o produto (proteína) codificado pelo gene. GENÓTIPO X FENÓTIPO ✓ As mutações podem ser: • Desvantajosas – célula perde uma característica fenotípica que ela necessita • Benéficas – célula ganha uma atividade nova ou intensificada que a beneficia • Neutras ou silenciosas – código genético degenerado MUTAÇÃO ✓Substituição Mutação de sentido trocado: Substituição de base resultar em uma substituição de aminoácidos na proteína sintetizada MUTAÇÃO ✓Substituição Mutação sem sentido: Códon de parada – impede síntese de proteína funcional completa MUTAÇÃO ✓Inserções e Deleções Mutação da fase de leitura: Pares de bases são removidos ou inseridos no DNA, altera a fase de leitura da tradução – proteína inativa MUTAÇÃO → Espontânea – Ocorre naturalmente sem a adição de um agente mutagênico específico, geralmente decorrente de erros cometidos pela DNA polimerase → Induzida – Resultado da exposição do microrganismo a um agente mutagênico que é capaz de introduzir danos ou alterações no DNA. *físico – raios X, radiações UV *químico – óxido nitroso Conjugação → Transferência de material genético extracromossomial entre bactérias ⇝ plasmídeos. → Plasmídeos ⇝ pequeno trecho circular extracromossomial que codifica informações não-essenciais a célula → Replicação autônoma → Tipos de plasmídeos: ⇢ Sexuais (Fator F) ⇢ Resistência a antibióticos e/ou metais ⇢ pesados ⇢ Virulência ⇢ Vias metabólicas → A transferência de material genético durante a conjugação e um processo complexo que tem sido extensivamente estudado na bactéria entérica Escherichia coli. → Esses estudos tem mostrado que duas cepas de E. coli, F+ e F–, participam do processo. → As cepas F+ são a fonte de células doadoras, que contém um plasmídeo de fertilidade (F), enquanto as cepas de microrganismos F– não tem o plasmídeo F e são células receptoras. → Durante a conjugação, bactérias F+ sintetizam um pili modificado, o pili F ou pili sexual. → Esse pili, pelo qual o material genético pode ser transferido, pode-se ligar a bactéria F–. → Uma fita de DNA do plasmídeo F e passada a bactéria receptora F–, onde a fita complementar e sintetizada. → Após a formação de um novo plasmídeo F, a receptora e convertida em bactéria F+. → Cada bactéria pode conter vários tipos diferentes de plasmídeos. → Os genes para incompatibilidade plasmidial controlam os tipos de plasmídeos dentro da célula e a capacidade desses plasmídeos em replicar-se. → Os plasmídeos pertencentes ao mesmo grupo de incompatibilidade não existem juntos na mesma célula, mas podem coexistir com plasmídeos de outros grupos de incompatibilidade. → Os que governam sua própria transferência entre as células bacterianas são designados de plasmídeos conjugativos. → Devido à complexidade da conjugação, os plasmídeos conjugativos são relativamente grandes, com genes que ocupam 30 pares de quilo bases ou mais. → Durante a conjugação, o DNA plasmidial e o material genético geralmente transferido. → Contudo, o DNA cromossomal pode, algumas vezes, ser transferido, especialmente quando o plasmídeo F está integrado no genoma bacteriano, formando uma linhagem de alta frequência de recombinação (Hfr). → O plasmídeo F pode integrar-se em locais específicos no cromossomo bacteriano. → Esses locais representam regiões de homologia entre o DNA da bactéria e o desses plasmídeos. → Durante a conjugação de cepas Hfr, os genes relacionados a transferência dos plasmídeos F são transferidos primeiro. → Há potencial para transferência do cromossomo inteiro; contudo, essa e uma ocorrência improvável, pois a transferência, que pode durar mais de 100 minutos, e geralmente interrompida antes de ser completada. → Embora a conjugação seja mais frequentemente associada a bactérias Gram-negativas, também pode ocorrer em bactérias Gram-positivas. → Pili sexuais não são formados em bactérias Gram-positivas; o DNA plasmidial pode ser transferido quando as bactérias estão em contato íntimo. Resumão Conjugação Transferência de DNA de uma bactéria para outra que envolve o contato entre as duas células ✓ Transferência genética envolvendo contato célula-célula ✓ Não envolve transferência recíproca de material genético, é unidirecional. ✓ Depende de um fator de fertilidade (fator F). ✓ Presente em células doadoras (F+) e ausente em células receptoras (F-). ⇢ Fator F ✓ Plasmídeos conjugativos. ✓ Origem de replicação. ✓ Genes para conjugação. ➢ Pili sexual: finas extensões na membrana celular pela qual ocorre a transferência do material genético. Transdução Mecanismo de transferência de genes entre bactérias mediado por bacteriófagos → Na transdução, o DNA de uma bactéria doadora incorporado no ácido nucleico de um fago pode ser transferido pela progênie do fago para células receptoras suscetíveis. → Durante um ciclo lítico, o DNA derivado de alguma parte do genoma do hospedeiro pode ser incorporado no genoma do fago. → Em fagos temperados, a transdução afeta somente aqueles genes bacterianos adjacentes ao prófago quando um ciclo lítico e induzido. → A transdução que ocorre durante um ciclo lítico e chamada de generalizada. → Esse tipo de transdução ocorre em baixa frequência de 106 a 108, de uma célula transluzida para uma característica bacteriana especifica ou para um marcador genético. → A transdução especializada pode ocorrer quando um prófago e induzido a um ciclo lítico pela exposição a agentes mutagênicos (Fig. 4.4). → Esse tipo de transdução pode resultar na transferência de genes bacterianos para muitas outras células, porque os genes bacterianos são copiados para toda a progênie do fago. → Um pequeno númerode genes bacterianos e retirado com o prófago, e alguns genes do fago permanecem integrados no cromossomo bacteriano quando ocorre a lise. → Dessa maneira, a progênie do fago e defectiva, visto que alguns genes do fago são perdidos. Resumão transdução • Decodificação da “linguagem” de ácido nucléico e conversão para a “linguagem” das proteínas • O RNAm está organizado na forma de códons: - Grupos de 3 nucleotídeos - A sequência de códons de uma molécula de mRNA determina a sequência de aminoácidos que estarão na proteína sintetizada • Cada códon codifica um aminoácido específico • O código genético é degenerado Transformação → Esse processo envolve a transferência de genes de um segmento livre de DNA cromossomal de uma bactéria doadora lisada para uma receptora competente. → A transformação natural e rara e ocorre em poucos gêneros bacterianos. → A transformação e limitada a células bacterianas individuais, e essas células são denominadas “competentes”. → Estas podem ligar-se ao DNA livre, que é transportado para dentro da célula. → Uma proteína especifica se liga ao DNA, protegendo-o de nucleasses intracelulares; o DNA e subsequentemente integrado ao genoma bacteriano. Resumão transformação Transformação: Incorporação de DNA livre, geralmente decorrente de lise celular ✓ Algumas bactérias são naturalmente transformáveis (competentes). ✓ Célula competente – célula receptora em um estado fisiológico capaz de captar o DNA doador. ✓ Competência – alterações na parede celular, tornando-a permeável a moléculas de DNA. ✓ E. coli – não é naturalmente competente. Tratamento para induzir competência – engenharia genética Obs Plasmídeos → Muitas bactérias contem pequenos elementos genéticos, denominados plasmídeos, que estão localizados no citoplasma e podem replicar- se independentemente. → A maioria dos plasmídeos e circular e composta de DNA de fita dupla; tem tamanho variável, mas geralmente menor do que um decimo do tamanho do genoma bacteriano, contendo genes que podem ser utilizados pela célula. → Em muitas bactérias patogênicas, os plasmídeos codificam fatores de virulência e de resistência a antibióticos. → Os plasmídeos podem utilizar enzimas celulares para replicação. → Alguns plasmídeos, como os plasmídeos F, podem integrar-se ao genoma bacteriano e ser transferidos as células-filha durante a replicação. → Contudo, a replicação da maioria dos plasmídeos não está diretamente relacionada a multiplicação bacteriana. → Além disso, a distribuição de plasmídeos entre as células-filha ocorre ao acaso. → Plasmídeos no citoplasma bacteriano podem ser transferidos não somente durante a replicação, mas também por conjugação e por transformação. → A transferência de material genético por transformação raramente ocorre em condições naturais, mas pode ser realizada em laboratório por manipulação genética de microrganismos. Resumão plasmídeo ✓Moléculas de DNA dupla fita extracromossomial ✓ Replicam independentemente do cromossomo ✓ Circulares ✓ Menores que os cromossomos ✓ Bactérias Gram positivas e Gram negativas ✓ Carregam informação genética não essencial a célula, mas podem conferir uma vantagem adaptativa
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