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Gabriela Zogbi – Medicina Veterinária @gabizogbi | Microbiologia Básica | 2021.2 Genética Bacteriana Introdução: Genética – ciência que estuda os mecanismos pelos quais as características são transmitidas de um organismo para outro e como são expressas. Hereditariedade e variabilidade: Colônia – comunidade de organismos semelhantes que descendem de uma célula parental Cromossomo procariótico: • Não apresenta cariotec a; • DNA de fita dupla • Alto conteúdo de citosina e guanina • Geralmente único e circular (na maioria das bactérias o cromossomo é único e circular) Porém, existem bactérias que possuem mais de um cromossomo e ele não é circular. Replicação do DNA bacteriano: Processo através do qual as sequencias de nucleotídeos de uma molécula de DNA de fita dupla parental são copiadas, de forma sem- conservativa, gerando duas moléculas de DNA idênticas à molécula parental. O ponto no qual ocorre a replicação é chamado de forquilha de replicação. A DNA polimerase é uma das enzimas fundamentais para a replicação do DNA. Principais enzimas do replissomo: • DNA girase – Topoisomerase II Possui a função de fazer o super enovelamento da dupla hélice (dupla fita de DNA) para compactar o cromossomo e também tem a função de fazer o efeito inverso, ou seja, desenovelar a dupla fita de DNA (afrouxar a dupla hélice para facilitar a ação de outras enzimas) • DNA helicase Possui a função de separação das ligações das bases nitrogenadas, separando a dupla fita em duas fitas simples • Proteínas ligadoras de fita simples (SSP) Se ligam nas fitas simples recém criadas pela DNA helicase, evitando o pareamento entre a cadeia, ou evitar o processo de clivagem (visto que DNA de fita simples dentro da célula é um alerta para uma possível infecção viral) • Primase A primase insere um primer de RNA no local em que a fita simples foi aberta, para que a DNA polimerase possa atuar • DNA Polimerase Genes: Segmentos de DNA que contem a sequência de nucleotídeos que codificam produtos funcionais Alguns vírus te seu genoma formado por RNA, em consequência, seus genes são segmentos de RNA Cerca de 90% do DNA bacteriano é composo por genes Transcrição: ⇨ Uma das fitas do DNA serve como molde para a produção da molécula de RNA. A RNA polimease bacteriana é associada ao fator sigma, o qual é responsável por localizar uma sequência chamada de promotora ao longo da dupla fita de DNA, e a partir da sequência promotora, inicia o processo de transcrição. Tradução: ⇨ É o processo no qual ocorre a leitura da mensagem contida na molécula de RNAm pelos ribossomos. No início da tradução, as duas subunidades ribossômicas estão separadas, e a subunidade menor se liga ao RNAm no sitio de ligação específico – sequência Shine-Dalgarno, qual é bastante conservada nas bactérias Códons – a cada 3 nucleotideos (ex: AUG – códon de iniciação-) ocorre a formação de um aminoácido Códons de parada/ stop códon – sinalizam o final da síntese proteica Ex: UAA, UAG e UGA Código genético: - Degenerado: mais de um códon codifica para o mesmo aminoácido - Universal: presente em todos os organismos vivos Expressão e transmissão da informação genética: Expressão – a informação genética é utilizada dentro da célula para produzir as proteínas necessária para o funcionamento celular Replicação – a informação genética pode ser transferida verticalmente par aa próxima geração de células Recombinação – a informação genética pode ser transferida horizontalmente entre células da mesma geração Genótipo: constituição genética de um organismo, em bactérias refere-se além do DNA cromossômicos, a DNA de plasmídeos, bacteriófagos e transposons Fenótipo: características que estão sendo expressas por um organismo, sob determinada condição. É influenciado pelas condições ambientais e pelo genótipo. Variabilidade nos microrganismos: Tipos de variação: 1. Fenotípica – são causadas por alterações ambientais e todos os indivíduos da população normalmente são afetados 2. Genotípica: são mudanças no genoma (conjunto de todos os genes presentes numa célula) da bactéria. Mecanismos de variação genotípica em bactérias: • Mutações • Recombinação genética • Ganho ou perda de DNA extra cromossômico: plasmídeo, fagos (lisogenia) e transposons. Mutações: É uma alteração permanente na sequência de nucleotídeos de um gene e que será passada para a geração seguinte. Mutações pontuais são as mais comuns e resultam da substituição de um único par de nucleotídeos em um gene, ou de deleções ou inserções de um par de nucleotídeos em um gene. Tipos de mutações pontuais por substituição de pares de base: 1. Mutação neutra ou silenciosa: - Apesar de mudar o códon, não muda o aminoácido. - Normalmente a mudança ocorre na terceira base do códon 2. Mutação errônea ou missense: - Ocorre mudança no códon e no aminoácido - Normalmente ocorre na primeira e/ou segunda base do códon - Essa mutação muitas vezes gera uma proteína não funcional ou com atividade reduzida 3. Mutação sem sentido (nonsense): - A alteração de um nucleotídeo irá gerar um códon de parada: UAA, UAG, UGA - Ocorre uma interrupção prematura na tradução, gerando uma proteína incompleta (inativa) Mutações pontuais por alteração no quatro de leitura: - São mutações que alteram o quadro de leitura da tradução e costumam ser muito mais danosas às células que as mutações pontuais por substituição. 1. Mutação de microinserção: inserção de um nucleotídeo 2. Mutação de microdeleção: deleção de um nucleotídeo Classificação das mutações: • Mutações espontâneas: surgem de forma natural, resultando de rrros durante a replicação do DNA. • Mutações induzidas: são provocadas pela exposição a um agente mutagênico físico (radiações UV e gama), químico (5-bromo-uracil, brometo de etídio) ou biológico (transposon) Placas em réplica: um método para identificar uma colônia mutante Recombinação genética: refere-se à troca de genes entre duas moléculas de DNA, para formar novas combinações de genes em um cromossomo. A recombinação normalmente é mais benéfica que a mutação, pois pode unir combinações de genes que permitem ao organismo uma melhor adaptação. Recombinação genética em bactérias: • Em procariotos previamente à recombinação, deve ocorrer a transferência de parte de um cromossomo homólogo de uma bactéria doadora para uma receptora. • Sequências homólogas de DNA são sequências idênticas, o que permite o pareamento das bases ao longo de segmentos de duas moléculas de DNA. Ex: Em E.coli pelo menos 25 genes participam do processo de recombinação. Transferência horizontal de genes em bactérias: • Transformação • Transdução • Conjugação DNA transferido para a bactéria receptora pode seguir três caminhos: - Ser degradado por enzimas de restrição; - Se replicar independentemente (plasmídeo ou genoma de fago); - Sofrer recombinação com o cromossomo da bactéria receptora. Transformação: ⇨ É o tipo mais simples de transferência de genes na qual uma célula receptora competente adquire genes de fragmentos de moléculas de DNA solúveis no meio. Exemplos de gêneros que podem realizar transformação: Bacillus, Streptococcus, Haemophilus, Neisseria A transformação pode ser induzida artificialmente em laboratório. Transdução: ⇨ Neste processo, o DNA bacteriano é transferido de uma célula doadora para uma célula receptora dentro de um bacteriófago ou fago. Transdução generalizada – associada ao ciclo lítico, menos eficiente Transdução especializada – associada ao ciclo lisogênico, é mais eficiente, porém é mais rara Conjugaçãoem bactérias: É um processo de transferência de genes que requer o contato célula a célula, o DNA pode ser transferido diretamente de uma bactéria doadora (F+) para uma bactéria receptora (F-) Pode ser mediada por um plasmídeo (DNA de fita dupla, circular, que se replica independentemente do cromossomo da célula) Plasmídeos: Contêm genes que geralmente não são indispensáveis para a sobrevivência da bactéria em condições ambientais normais. Entretanto, eles podem trazer vantagem adaptativas para a bactéria, como resistência à antibióticos. • As células eucarióticas não possuem plasmídeos. Tipos de plasmídeos: • Plasmídeos conjugativos (plasmídeo F) • Plasmídeos de resistência a drogas e metais pesados (fator R) • Plasmídeos relacionados à produção de bacteriocinas e antibióticos • Plasmídeos de degradação de hidrocarbonetos (octano, xileno e tolueno) Elementos transponíveis – transposons – sequencias de inserção (IS): São pequenos segmentos de DNA de fita dupla que podem se mover no “interior” de uma molécula de DNA ou para outra molécula de DNA, ou seja, são móveis. Todos os transposons e sequências de inserção trazem informação genética para a síntese de uma enzima transposase que permite o deslocamento do transposon pelo cromossomo de um processo chamado de transposição. Os transposons e sequencias de inserção não são auto-replicáveis, ou seja, dependem da replicação de um cromossomo ou de um plasmídeo Possuem sequências terminais invertidas nas extremidades Os transposons bacterianos podem conter genes para toxinas ou para resistência a antibióticos. Fornecem um poderoso mecanismo natural para o movimento de genes de um cromossomo para outro. Os transposons e as sequências de inserção podem causar mutações pela interrupção na sequência de nucleotídeos dos genes nos quais se inserem. Regulação da expressão gênica bacteriana: ⇨ A célula bacteriana só expressa aquelas proteínas/enzimas que ela necessita em um determinado momento Modelo operon de controle da expressão gênica: Operon – genes que codificam proteínas funcionalmente relacionadas, sob controle das mesmas sequencias regulatórias da transcrição. Estrutura do operon lac da E.coli: Junto ao operon lac do DNA bacteriano existe um gene regulador denominado gene I que codifica uma proteína repressora. Sítio promotor – região onde inicia a transcrição Sítio operador – sinaliza parada ou progressão da transcrição dos genes Genes: Z - Codifica a Beta-galactosidase Y - Codifica permeasse A - Codifica transacetilase Enzimas de restrição: São enzimas que tem a função de destruir DNA estranho ao microrganismo, sendo uma forma de defesa. São reconhecidas e cortadas sequencias de quatro a seis pares de bases. Estas sequencias no próprio microrganismo são marcadas com radicais metil de forma a não serem danificadas pelas enzimas de restrição. Referências Bibliográficas: - Anotações feitas em aula; - TORTORA, Gerard J.; FUNKE, Berdell R.; CASE, Christine L. Microbiologia. In: MICROBIOLOGIA. 12. ed. [S. l.]: Artmed, 2017.
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