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APÓS A VISUALIZAÇÃO DO VÍDEO 1, RESPONDA ÀS QUESTÕES DE 1 A 5. Personagens: MFC: Carlos, 40 anos. Paciente: João, 38 anos. Diálogo – MFC: Seu João Oliveira? Em que posso ajudá-lo? – João: Olá Dr., hoje não estou vindo por causa das receitas de pressão alta. Faz um tempo que estou com os mesmos sintomas, o Sr. me deu aquele remédio e ainda não resolveu. Até fui na UPA esses dias, mas ninguém resolve meus problemas. Trouxe o exame que o Dr. me pediu. Mas acho que tenho que fazer outros exames. Não parece que está certo o que o Sr. tá fazendo. – MFC: Vamos ver. Acho que acerto a maioria das vezes, não é? Mas, somos humanos. Podemos errar. – João: Não acho que médico deveria errar. Alguns erram mais que os outros ... – MFC: Vamos ver. Me relata o que o Sr. está sentindo ainda pra ver se é o mesmo que tenho escrito aqui no prontuário. – João: Vou falar de novo. Espero que agora preste atenção .... Há algum tempo tenho sentido uma certa dificuldade para urinar que foi piorando, ultimamente está ruim mesmo. Sinto várias vezes que a bexiga está cheia, mas sai bem pouco xixi. E pra piorar ... comecei a ter dor no testículo e no meu pênis há alguns dias atrás ... e ... às vezes, bem poucas, a mulher reclama que não dou conta do recado e ... – MFC: Na última consulta passei um antibiótico e pedi um exame. O Sr. tomou e fez o exame? – João: Claro que tomei. Não adiantou nada. E esse exame aqui ó ... acho que tá errado. – MFC: Deixa eu ver. Esses exames são duas uroculturas, antes e depois, de massagem prostática, as duas deram negativo, tem também uma contagem de leucócitos no líquido prostático, também negativo. Deu normal. O Sr. não tem nada pelo que está no exame. – João: Como não tenho nada! Tô sentindo tudo aquilo que falei, o tratamento que me passou não adiantou e esse exame não serve pra nada. Nem entendi o que tá escrito e ... – MFC: Como lhe disse, eu como médico sei que esse exame está normal ... Bom. Vou ver aqui o que mais tenho no prontuário do Sr ... revisando seu prontuário estou vendo que você está tomando amitriptilina para insônia. – João: Sim. Foi o Sr. que me passou ... – MFC: E vi que o Sr. está acima do peso, chegou a consultar com a nutricionista. Mas pelo cálculo recente aqui no prontuário está com sobrepeso ainda. – João: Sei que tô meio acima do peso. Mas tô me esforçando. Mas esses problemas que tenho estão me deixando mais nervoso e quero comer mais ... – MFC: Ok, vamos te examinar? ... 1. Qual componente do Método Clínico Centrado na Pessoa, o médico deveria ter aprofundado nesta consulta, para facilitar a sua relação com o paciente? (A) Entendendo a pessoa como um todo. (B) Explorando a doença e a experiência da pessoa com a doença. (C) Incorporando prevenção e promoção da saúde na prática diária. (D) Intensificando a relação médico-pessoa. Comentário: O método clínico centrado na pessoa tem seu foco na doença e nas quatro principais dimensões da experiência da pessoa com a doença: 1. Suas ideias sobre o que está́ errado com ela: “Acho que é a menopausa chegando, doutor. ” 2. Seus sentimentos, principalmente medos sobre estar doente: “Ou será́ que é algo mais grave? Minha vizinha começou assim e estava com câncer. ” 3. O impacto de seus problemas na ocupação: “Não consigo realizar as atividades de casa. Meu marido e meus filhos estão reclamando que não sou mais a mesma. ” 4. Suas expectativas sobre o que deve ser feito: “Quem sabe preciso fazer uns exames? ” No caso faltou ao médico explorar mais a doença, a experiência da pessoa com a doença e não fazer interrupções. O autor José Mauro Ceratti Lopes no Capítulo 1 – Princípios da Medicina de Família e Comunidade do Livro Tratado de Medicina de Família e Comunidade define bem como deve ser esta abordagem: “ Partindo de uma pergunta aberta e deixando a pessoa falar sem interrupções por cerca de 2 minutos, obtém-se a quase totalidade das informações necessárias para manejar o problema que a trouxe para consultar. Depois, pode-se complementar as informações com as perguntas objetivas que forem necessárias, sem que se esqueça de avaliar as quatro dimensões da experiência com a doença: sentimentos, ideias da pessoa sobre o que está́ errado com ela, efeito da doença sobre o funcionamento da pessoa e suas expectativas. Permitir à pessoa recontar a história de sua doença pode expandir o foco da consulta incluindo a experiência da pessoa com a doença, levando a um resultado mais rico, significativo e produtivo. Em geral, os médicos interrompem precocemente as pessoas, o que representa uma falha no “ir e vir”. Ao explorar a doença e a experiência da pessoa com a doença, não se deve deixar de lado a realização qualificada de aspectos fundamentais da abordagem média (anamnese e exame clínico) para chegar ao diagnóstico, prescrever medicamentos e requisitar exames, mas simultaneamente deve- se levar em consideração como a doença está afetando aquela pessoa em particular e, a partir disso, construir um entendimento integrado”. Resposta Letra B (Gustavo 142, 143) Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012. VitalBook file. 2. Sobre a forma como o médico respondeu à desconfiança do paciente, em relação às suas habilidades clínicas, assinale a alternativa correta. (A) O médico utilizou-se da técnica contraprojetiva, ao perguntar ao paciente sobre o seu sobrepeso, fazendo com que o paciente experimentasse sentimentos semelhantes aos que o profissional experimentou ao ser questionado sobre sua técnica. (B) O médico teve uma resposta passional, mas pouco incisiva no momento em que o paciente sugere que o profissional errou, sendo que uma resposta passional nesses casos é uma alternativa para reposicionar o paciente na relação. (C) O médico agiu corretamente ao não levar em consideração o questionamento do paciente sobre a necessidade de consultar um especialista, pois se considerasse essa alternativa poderia atestar seu fracasso profissional. (D) O médico poderia ter se recusado a continuar a consulta no momento que o paciente agiu de forma desrespeitosa questionando sua habilidade técnica. Dessa forma, utilizaria a técnica da cedência real, tendo em vista a relação prejudicada. Comentário: A técnica contraprojetiva ou técnica do “espelho”, permite que o protagonista (o paciente) saia de cena e passe a ser um mero espectador dela, o que o ajuda a identificar como “suas” as condutas que não consegue reconhecer. Resposta Letra A (Gustavo 295) Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012. VitalBook file. 3. Quando o médico ainda não sabe o diagnóstico de uma doença e é questionado pelo paciente sobre sua condição de saúde, como foi o caso nesta consulta, ele (A) deve evitar que o paciente desconfie que o médico está inseguro sobre o diagnóstico. (B) deve utilizar uma frase tranquilizadora como “os exames estão normais” ou “deve ser algo simples”. (C) não deve abrir mão da honestidade mesmo que isso venha a decepcionar o paciente. (D) deve solicitar exames mais complexos e registrar para evitar futuros processos judiciais. Comentário: A relação do médico de família com cada pessoa sob seus cuidados deve ser caraterizada pela compaixão, compreensão e paciência, associada a uma elevada honestidade intelectual Resposta Letra C (Gustavo 33-34) Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012. VitalBook file. 4. O diagnóstico mais provável para este paciente, é (A) prostatite aguda. (B) prostatite bacteriana crônica. (C) hiperplasia prostática benigna. (D) prostatite crônica não bacteriana. Comentário: A Prostatite Crônica Não Bacteriana constitui um verdadeiro desafio à prática clínica. Os homens geralmente apresentam sintomas compatíveis com Prostatite, como lombalgia, dor à ejaculação, perineal,na parte interna das coxas, no pênis, testículos ou bolsa escrotal. Podem apresentar, ainda, sintomas discretos de irritação do canal urinário ou de obstrução. Como regra, eles não apresentam ITU de repetição. Frequentemente, essas pessoas chegarão à consulta tendo recebido múltiplos testes e realizado diferentes tratamentos sem sucesso. É de se imaginar que elas estejam desanimadas, irritadas ou até́ mesmo deprimidas, como acontece com frequência com qualquer doença crônica. É frequente que o médico se sinta testado ou agredido pela postura destas pessoas colocadas na condição de pacientes. Saber que sua agressividade não é pessoal contra o médico e que quem está́ vivendo essa situação precisa ser ouvido e compreendido, faz parte da tarefa do médico de família, assim como abordar a família. Lembrando, ainda, que cada pessoa bem informada é um multiplicador para sua comunidade, o médico de família tem papel fundamental para esclarecer conceitos incorretos já incorporados na vida das pessoas. O SM4* pode ajudar a diferenciar a PCNB das outras formas de Prostatite, já que apresentará culturas negativas e leucócitos com contagem superior a 10 a 20 na avaliação da secreção prostática. Se for feito o teste com duas amostras de urina, pré e pós- massagem prostática, serão obtidas culturas negativas e uma diferença na contagem de leucócitos entre as amostras, sendo menor que 10 na primeira e maior que 10 a 20 leucócitos por campo de grande aumento na segunda. O tratamento ainda é bastante controverso. Dada a possibilidade de infecção oculta, um curso de antibiótico empírico parece uma boa conduta inicial. Nesse caso, a possibilidade de Chlamydia, Mycoplasma e Ureaplasma devem ser consideradas na escolha do antibiótico. As melhores opções seriam a doxiciclina, 100 mg, de 12/12 h, ou a eritromicina, 500 mg, de 6/6 h, por 14 dias. A persistência no uso de antibióticos, apesar da falta de resposta, e o uso de fluoroquinolonas é desaconselhado. Alfa-bloqueadores podem ser eficazes para alivio sintomático e são indicados especialmente para os casos em que haja disúria com sintomas obstrutivos. A combinação de alfa-bloqueadores com antibióticos pode ser usada e tende a ter o melhor resultado. Alopurinol, massagem prostática periódica e termoterapia transuretral com microondas têm sido utilizados, mas a sua efetividade é desconhecida. Anti-inflamatórios e banhos de assento quentes podem ajudar no alivio sintomático. Orientar a pessoa a ter um diário dos seus sintomas, anotando os fatores que agravam ou melhoram o quadro podem ter resultados positivos e dar à pessoa uma sensação de controle. SM4: O exame tradicional para fazer diagnóstico diferencial das prostatites é o teste de Stamey-Meares em 4 frascos (SM4), que avalia urina e a secreção prostática por massagem, entretanto um exame mais simples e com rendimento semelhante consiste em fazer uma coleta de urina tradicional, a seguir fazer um toque retal, massagear a próstata vigorosamente da periferia para o centro e coletar outra amostra de urina. Resposta Letra D (Gustavo 1124 - 1126) Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012. VitalBook file 5. Um dos fatores que pode estar influenciando a piora dos sintomas do paciente, é (A) o uso de amitriptilina. (B) o emagrecimento. (C) a depressão. (D) o sobrepeso. Comentário: A amitriptilina pode estar relacionada com a retenção urinária, perda da libido e até mesmo com o ganho de peso do paciente, já que estes são possíveis efeitos adversos do seu uso. Vamos recordar a queixa do paciente: (...) “ Há algum tempo tenho sentido uma certa dificuldade para urinar que foi piorando, ultimamente está ruim mesmo. Sinto várias vezes que a bexiga está cheia, mas sai bem pouco xixi. E pra piorar ... comecei a ter dor no testículo e no meu pênis há alguns dias atrás ... e ... às vezes, bem poucas, a mulher reclama que não dou conta do recado e ...” (...) Os antidepressivos tricíclicos, nortriptilina, amitriptilina e imipramina, bloqueiam os canais iónicos de sódio e inibem a recaptação de serotonina e noradrenalina. Estes antidepressivos são utilizados também em outras síndromes de dor crónica, (...) uma vez que o componente psicológico é muito marcado nesta síndrome. Estes antidepressivos provocam sedação e efeitos anticolinérgicos. A sedação é menos marcada com a nortriptilina. Os efeitos anticolinérgicos podem ser benéficos em doentes com polaquiúria. No entanto, os doentes que não apresentam aumento da frequência urinária podem ser mais propensos a desenvolver retenção urinária, em consequência do uso destes fármacos. (...) Resposta Letra A TRABALHO FINAL DO 6º ANO MÉDICO COM VISTA À ATRIBUIÇÃO DO GRAU DE MESTRE NO ÂMBITO DO CICLO DE ESTUDOS DE MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA - https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/31505/1/Tese.pdf APÓS A VISUALIZAÇÃO DO VÍDEO 2, RESPONDA ÀS QUESTÕES DE 6 A 10. Personagens: MFC: Clarisse, 28 anos. Paciente: Ivone, 43 anos. Acompanhante: Gastão, 45 anos, marido da Ivone. Diálogo – MFC: Olá dona Ivone, voltou por causa daquela dor no joelho, né? – Ivone: Oi Dra. não, mas sabe que ainda me dói? Ontem mesmo estava ruim e ... – Gastão: Ivone, você não veio aqui por causa disso, hein! Fala do seu problema que da última vez faz dois meses você foi embora e não falou, daí fica lá em casa reclamando. – Ivone: Que chato! Tá bom, Dra. é que eu estou tendo uma dor aqui na barriga, mais embaixo para esquerda, é uma dor bem chata. – Gastão: Ela vem aqui e depois não fala. Já faz uns 4 meses. – Ivone: É tipo uma cólica forte que alivia depois que eu vou no banheiro. Inclusive, tenho tido fezes líquidas e, às vezes, vem tipo um muco junto. – MFC: E com todo esse tempo, é a primeira vez que a senhora procura ajuda? – Ivone: Nada, já fui na UPA duas vezes, mas não me deram nada, só um remédio na veia para aliviar a cólica ... – Gastão: Ela não fala. Eu vou falar. Conta pra ela que você está com medo que seja câncer já que a sua tia teve um problema parecido e daí morreu de câncer. Dra., ela tem até chorado por causa disso. – Ivone: É verdade Dra. Estou com muito medo. – MFC: Não, a sra. não deve se preocupar. Nós vamos conversar mais sobre isso, já que a senhora está ansiosa, eu queria saber se tem algo de diferente acontecendo na sua vida, além disso? –Ivone: Nada não, só a nossa filha que entrou na faculdade e foi morar fora, daí sinto a falta dela, mas são coisas da vida ... ela era muito próxima. Minha parceira. – Gastão: Essas duas eram unha e carne, acho que é até bom que tenham ficado um pouco longe para deixar a menina crescer. – MFC: Certo, a Senhora pode vir aqui para eu te examinar? 6. Sobre o modo como a médica iniciou a consulta, assinale a alternativa correta. (A) A médica iniciou a consulta como recomendado na literatura sobre habilidades de comunicação, pois começou perguntando primeiro o último motivo de consulta da paciente. (B) A médica não iniciou a consulta como recomendado na literatura sobre habilidades de comunicação, pois perguntou sobre o último motivo de consulta de forma irônica. (C) A médica iniciou a consulta como recomendado na literatura sobre habilidades de comunicação, pois conseguiu explorar já no início um motivo da consulta de forma rápida. (D) A médica não iniciou a consulta como recomendado na literatura sobre habilidades de comunicação, pois começou delimitando e dando por óbvio o motivo da consulta. Comentário: A médica ao invés de fazer uma pergunta aberta, direciona a consulta médica para uma suposta queixa crônica da paciente causando comprometimento da narrativa da queixa clínica da paciente: – MFC: Olá dona Ivone, voltou por causa daquela dor no joelho, né? – Ivone: Oi Dra. não, mas sabe que ainda me dói? Ontem mesmo estava ruim e Uma consulta pode ter um bom início com perguntas abertas, como: Em que posso ajudá-lo (a)? O que trouxe você̂ aqui hoje? O que motivou esta consulta? Partindo de uma pergunta abertae deixando a pessoa falar sem interrupções por cerca de 2 minutos, obtém-se a quase totalidade das informações necessárias para manejar o problema que a trouxe para consultar. Depois, pode-se complementar as informações com as perguntas objetivas que forem necessárias, sem que se esqueça de avaliar as quatro dimensões da experiência com a doença: sentimentos, ideias da pessoa sobre o que está́ errado com ela, efeito da doença sobre o funcionamento da pessoa e suas expectativas. “O oposto de falar não é escutar. O oposto de falar é esperar. ” Franz Lebovitz Permitir à pessoa recontar a história de sua doença pode expandir o foco da consulta incluindo a experiência da pessoa com a doença, levando a um resultado mais rico, significativo e produtivo. Em geral, os médicos interrompem precocemente as pessoas, o que representa uma falha no “ir e vir”. Ao explorar a doença e a experiência da pessoa com a doença, não se deve deixar de lado a realização qualificada de aspectos fundamentais da abordagem médica (anamnese e exame clínico) para chegar ao diagnóstico, prescrever medicamentos e requisitar exames, mas simultaneamente deve-se levar em consideração como a doença está afetando aquela pessoa em particular e, a partir disso, construir um entendimento integrado. Resposta Letra D (Gustavo 143) Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012. VitalBook file. 7. Neste vídeo, a MFC aborda o medo da paciente da seguinte forma: – Ivone: É verdade Dra. Estou com muito medo. – MFC: Não, a senhora não deve se preocupar. Nós vamos conversar mais sobre isso, já que a senhora está ansiosa ... Sobre essa forma de abordagem, assinale a alternativa correta. (A) A médica utilizou uma intervenção empática ao afirmar para a paciente não ficar preocupada. (B) A médica utilizou habilidades de comunicação para promover uma relação simpática e sacerdotal. (C) A médica utilizou habilidades de comunicação para conseguir uma aproximação em espelho e ética. (D) A médica utilizou uma intervenção empática ao reconhecer e verbalizar a emoção da paciente. Comentário: – Ivone: É verdade Dra. Estou com muito medo. – MFC: Não, a sra. não deve se preocupar. Nós vamos conversar mais sobre isso, já que a senhora está ansiosa, eu queria saber se tem algo de diferente acontecendo na sua vida, além disso? –Ivone: Nada não, só a nossa filha que entrou na faculdade e foi morar fora, daí sinto a falta dela, mas são coisas da vida ... ela era muito próxima. Minha parceira. Escutar de forma empática, enfatizar os elementos positivos e salutogênicos ao longo da vida do indivíduo, além da forma heroica como ultrapassou algumas crises; estimular a avaliação de suas vidas; falar sobre as emoções e aspectos irracionais legitimando ansiedades, medos e dúvidas; evitar fazer julgamentos. Os autores exemplificam, ainda, como objetivos de intervenção: ajudar a integrar e a reinterpretar os acontecimentos de vida, reconciliando-se com a sua trajetória pessoal; estimular a refazer a sua história de vida procurando encontrar uma coerência para os sintomas físicos e o estresse psicológico na sua situação particular; ajudar a aumentar a autoestima, a recuperar ou adquirir o controle do seu destino e a percepção do seu “eu”, e a encontrar recursos, dentro e fora de si, para encarar os problemas como oportunidades e não como ameaças, tornando-se capaz de enfrentar a vida de forma mais saudável. Nos mais idosos surge, por vezes, o sentimento de desespero, ou seja, de que o tempo é muito curto para começar outra trajetória de vida. Esse sentimento está associado a um medo inconsciente da morte que, às vezes, é transformado no desejo de morrer. Resposta Letra D (Gustavo 172) Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012. VitalBook file. 8. Sobre as estratégias que facilitam a comunicação em consultas que tenham a presença de acompanhantes, assinale a alternativa correta. (A) O acompanhante deve aguardar na sala de espera e somente participar da consulta, se chamado pelo profissional, pois a consulta é do paciente. (B) O acompanhante pode ser uma fonte importante de informações e ser um aliado no processo de cuidado do paciente. (C) O acompanhante deve seguir regras éticas adequadas, pois tende a desempoderar o paciente sobre seu corpo. (D) O acompanhante que é invasivo deve ser orientado a agendar uma consulta individual para abordar suas preocupações sobre a paciente. Comentário: Fonte de informações ou abordagem familiar é utilizar outras pessoas da família para prestar informações e auxiliar no cuidado, pois cerca de um terço das pessoas vai acompanhada às consultas. Isso é especialmente importante nas situações que envolvem doença mental, doenças crônicas e sintomas medicamente inexplicáveis. O acompanhante, com frequência, é visto como um dificultador, cabendo ao médico de família e comunidade desenvolver e incorporar habilidades para utilizá-lo adequadamente ou dispensá-lo se for mais conveniente. Resposta Letra B (Gustavo 144) Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012. VitalBook file. 9. O diagnóstico mais provável para o problema de Ivone, é (A) diverticulite. (B) câncer colorretal. (C) doença de crohn. (D) síndrome do intestino irritável. Comentário: – Ivone: (...) , Dra. é que eu estou tendo uma dor aqui na barriga, mais embaixo para esquerda, é uma dor bem chata. – Gastão: Ela vem aqui e depois não fala. Já faz uns 4 meses. – Ivone: É tipo uma cólica forte que alivia depois que eu vou no banheiro. Inclusive, tenho tido fezes líquidas e, às vezes, vem tipo um muco junto. – MFC: E com todo esse tempo, é a primeira vez que a senhora procura ajuda? – Ivone: Nada, já fui na UPA duas vezes, mas não me deram nada, só um remédio na veia para aliviar a cólica ... A síndrome do intestino irritável (SII) é um distúrbio intestinal funcional caracterizado por dor ou desconforto abdominal e hábitos intestinais alterados na ausência de anormalidades estruturais identificáveis. Não existe um marcador diagnóstico específico para a SII, razão pela qual o diagnóstico do distúrbio baseia-se na manifestação clínica. Em 2006, os critérios Roma II para o diagnóstico da SII foram revistos. Em todo o mundo, cerca de 10 a 20% dos adultos e adolescentes relatam sintomas condizentes com SII, com uma predominância feminina demonstrada na maioria dos estudos. Os sintomas da SII tendem a aparecer e desaparecer ao longo do tempo e, com frequência, se sobrepõem aos de outros distúrbios funcionais, tais como fibromialgia, cefaleia, lombalgia e sintomas geniturinários. A intensidade dos sintomas varia e pode afetar acentuadamente a qualidade de vida, resultando em altos custos para a assistência de saúde. São critérios diagnósticos para a síndrome do intestino irritável: Dor ou desconforto abdominal recorrente pelo menos 3 dias por mês nos últimos 3 meses associado a dois ou mais dos seguintes: 1. Melhora com a defecação 2. Início associado a uma mudança na frequência das evacuações 3. Início associado a uma mudança no formato (aspecto) das fezes Critérios satisfeitos para os últimos 3 meses com o início dos sintomas pelo menos 6 meses antes do diagnóstico. Desconforto significa uma sensação desagradável que não pode ser descrita como dor. Na pesquisa fisiopatológica e nos ensaios clínicos, é necessária para a elegibilidade do indivíduo uma frequência de dor/desconforto de pelo menos 2 dias/semana durante a avaliação de triagem. Resposta Letra D Fonte: Adaptado de Longstreth et al. (Longo 2496) Longo, Dan L., Anthony Fauci, Dennis Kasper, Stephen Hauser, J. Jameson, Joseph Loscal. Medicina Interna de Harrison - 2 Volumes, 18th Edition. ArtMed, 01/2013. VitalBook file. 10. Em uma avaliação inicial, qual dos exames abaixo, a MFC solicitariapara descartar um problema orgânico considerando a custo-efetividade. (A) Colonoscopia. (B) Ultrassonografia abdominal. (C) Raio x contrastado de abdome. (D) Pesquisa de sangue oculto nas fezes . Comentário: São necessários poucos testes para os pacientes que relatam sintomas típicos de Síndrome do Colo Irritável (SII) e nenhuma característica de alarme. As investigações desnecessárias poderão ser dispendiosas e até mesmo prejudiciais. A American Gastroenterological Association delineou os fatores que devem ser levados em conta quando se pretende determinar a agressividade da avaliação diagnóstica. Esses fatores incluem a duração dos sintomas, mudança nos sintomas ao longo do tempo, a idade e o sexo do paciente, o estado de encaminhamento do paciente, os exames diagnósticos prévios, história familiar de câncer colorretal e o grau de disfunção psicossocial. Assim sendo, um indivíduo mais jovem com sintomas leves requer uma avaliação diagnóstica mínima, enquanto uma pessoa mais velha ou um indivíduo com sintomas rapidamente progressivos devem ser submetidos a uma exclusão mais abrangente das doenças orgânicas. A maioria dos pacientes deve fazer um hemograma completo e um exame sigmoidoscópico; além disso, amostras de fezes devem ser examinadas para a possível presença de ovos e parasitos naqueles que sofrem de diarreia. Em pacientes com diarreia persistente que não respondem a agentes antidiarreicos simples, deve-se efetuar uma biópsia do colo sigmoide para excluir a possibilidade de colite microscópica. Em pacientes acima de 40 anos, deve-se realizar também um enema baritado contrastado com ar ou uma colonoscopia. Se os principais sintomas forem diarreia e maior quantidade de gases, a possibilidade de deficiência de lactase deve ser excluída com um teste respiratório com hidrogênio ou com uma avaliação após uma dieta isenta de lactose por 3 semanas. Alguns pacientes com SII- D podem ter espru celíaco não diagnosticado. Sabendo-se que os sintomas de espru celíaco respondem a uma dieta isenta de glúten, os testes para espru celíaco na SII podem evitar anos de morbidade assim como os custos inerentes. Nos pacientes com sintomas concomitantes de dispepsia (NOSSO CASO!!), poderão ser aconselháveis as radiografias GI altas ou a esofagogastroduodenoscopia. Nos pacientes com dor pós-prandial no quadrante superior direito, deve-se solicitar uma ultrassonografia da vesícula biliar. Os achados laboratoriais que depõem contra a SII incluem evidência de anemia, velocidade de hemossedimentação elevada, presença de leucócitos ou de sangue nas fezes e volume fecal > 200 a 300 mL/dia. Esses achados indicam a necessidade de se levantarem outras hipóteses diagnósticas. Resposta Letra D (Longo 2499) Longo, Dan L., Anthony Fauci, Dennis Kasper, Stephen Hauser, J. Jameson, Joseph Loscal. Medicina Interna de Harrison - 2 Volumes, 18th Edition. ArtMed, 01/2013. VitalBook file. APÓS A VISUALIZAÇÃO DO VÍDEO 3, RESPONDA ÀS QUESTÕES DE 11 A 15. Personagens: MFC: José, 30 anos. Paciente: Júlia, 25 anos. Diálogo – MFC: Olá Júlia, o que lhe traz aqui hoje? – Júlia: Oi Dr., dessa vez, melhorei daquele problema na pele do mês passado, também tô melhor do problema do ouvido de 15 dias atrás. – MFC: Certo. E dessa vez? – Júlia: É ... do problema da semana passada, de dor nas costas, ainda dói um pouco, mas tô tomando de vez em quando, o remédio e faz efeito. – MFC: Continua então com um pouco de dor. E o que mais? – Júlia: Daí essa semana, há 4 dias tô me sentindo mal. Comecei com o nariz muito entupido e escorrendo. Depois começou a dar uma dor de cabeça aqui em cima e embaixo dos olhos, tipo uma pressão, sabe? – MFC: E como é a secreção? – Júlia: Está vindo uma secreção amarelada agora, mais grossa que no início. Comecei também a sentir uma pressão nos ouvidos, mais no esquerdo. Cheguei a ir na UPA no final de semana. Lá me falaram que eu devia procurar um otorrino. – MFC: Não. Calma. Não precisa de otorrino. Eu vou te examinar. Mas deixa eu entender. Tem algo mais? – Júlia: Hum, ah, eu tive calafrios a noite e acho que foi uma febre, apesar de não ter medido, e também meu hálito tá ruim, mesmo eu escovando bem os dentes. – MFC: Tem mais alguma coisa? – Júlia: Tenho ainda aquela dor nas costas que falei. Mas hoje quero resolver isso. Semana que vem volto Dr. pra ver a questão da dor nas costas. Agora, só quero melhorar logo disso, é muito ruim ficar doente assim ... – Júlia: O Sr. não deve aguentar mais que você me vê toda semana. – MFC: Sim. Já até me acostumei a Sra. vir aqui toda semana. – MFC: Pode vir aqui para eu lhe examinar? 11. A técnica de comunicação clínica, que o médico utilizou durante a consulta, foi (A) de prevenção de demandas aditivas. (B) da contrassugestão. (C) do pacto de intervenção. (D) da lei do um mais um. Comentário: – MFC: Continua então com um pouco de dor. E o que mais? (...) – MFC: Não. Calma. Não precisa de otorrino. Eu vou te examinar. Mas deixa eu entender. Tem algo mais? (...) – MFC: Tem mais alguma coisa? (...) Após a exposição dos motivos da consulta, o médico deve fazer a chamada prevenção de demandas aditivas, ou seja, perguntar “Algo mais? ”, “Mais algum motivo de consulta? ”, para esgotar todas as demandas já nessa fase. A prevenção de demandas aditivas diminui a chance do sinal da maçaneta, que é o fato de no final da consulta o paciente vir com mais motivos. Mesmo que o paciente fale sobre muitas demandas, é melhor conhecê-las no início, pois ele irá́ falar de qualquer modo, e assim o médico poderá́ priorizar com o paciente quais dos motivos vai abordar e planejar a melhor condução da consulta. Resposta Letra A (Comunidade 35) Comunidade, Sociedade Brasileira de Medicina de Família e. PROMEF Ciclo 7 Volume 3. SEMCAD, 11/2012. VitalBook file. 12. Leia esse trecho do vídeo para responder à questão 12. “Paciente: E acabei parando na UPA. E, por causa desses sintomas que eu tava sentindo ... Essa dor de cabeça, essa pressão ... o nariz escorrendo muito e aí ... E eles falaram que eu tinha que ir no otorrino. Médico: Não. Calma! Não precisa ir no otorrino. Eu vou te examinar”. Sobre o modo como o médico respondeu à paciente, no diálogo acima, assinale a alternativa correta. (A) O médico poderia ter aproveitado o momento e explicado qual a diferença entre um médico de família e um otorrino. (B) O médico poderia ter utilizado a técnica de cedência intencional afirmando que, se fosse necessário, iria encaminhar a paciente. (C) O médico poderia ter utilizado a técnica de prevenção de encaminhamentos aditivos, encaminhando a paciente. (D) O médico poderia ter aproveitado o momento e encaminhado a paciente, evitando contrariar a recomendação dos profissionais da UPA. Comentário: A técnica de Cedência intencional (HT). Aceita uma solicitação ou sugestão do paciente em relação a intenções futuras. Por exemplo: "acho muito bom que esteja me dizendo isso, se necessário vou te encaminhar ao Otorrino". Resposta Letra B Necessidade Psicológica de Controlo/Cedência: Relação com Bem-Estar e Distress Psicológicos - Tiago Alexandre Guedes da Fonseca http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/4868/1/ulfpie039636_tm.pdf http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/4868/1/ulfpie039636_tm.pdf 13. Sobre estratégias que podem facilitar a comunicação com pacientes que consultam frequentemente, assinale a alternativa correta. (A) O médico deve deixar transparecer de forma cordial sua irritação, conversando sobre o excesso de consultas do paciente. (B) O médico deve demonstrar serenidade, reagindo de modo emocionalmente proativo com o paciente. (C) O médico deve informar o paciente sobre prevenção quaternária e combinar que ele reflita sobre os riscos do excesso de consultas. (D) O médico deve usar do bom humor e conquistar o paciente para poder propor uma quantidade máxima de consultas por mês. Comentário: A relação médica paciente assim como todo e qualquer relacionamento entre pessoas, é único e pode ser visto como uma troca queocorre com estes indivíduos. Esta troca envolve atenção, sentimentos, confiança, poder e sensação de objetivo. Na relação médico paciente, o propósito é ajudar o enfermo. O relacionamento tem dimensões terapêuticas e pode promover melhoria do senso de auto eficácia das pessoas (isto é, senso de autocontrole e sobre o seu mundo) ou mesmo cura, desde que bem trabalhado. Certos atributos como a empatia, a compaixão e o cuidado devem ser cultivados, devem ser cultivados na relação médico paciente pois aumentam as chances de que a relação contribua para o projeto terapêutico acordado entre elas. O cuidado inclui os conceitos: Estar presente, Conversar, Sensibilidade, Agir no melhor interesse do outro, Sentimento, Ação e Responsabilidade (Tarlow, 1996 e Stewart, 2010). Ou seja, o cuidado implica a total presença e envolvimento do profissional com a pessoa. E a alternativa que melhor responde questão é a alternativa B. O médico deve demonstrar serenidade, reagindo de modo emocionalmente proativo com o paciente. Resposta Letra B 14. O diagnóstico mais provável para o caso apresentado, é (A) rinossinusite aguda. (B) otite média aguda. (C) influenza. (D) dengue. Comentário: (...) – Júlia: Daí essa semana, há 4 dias tô me sentindo mal. Comecei com o nariz muito entupido e escorrendo. Depois começou a dar uma dor de cabeça aqui em cima e embaixo dos olhos, tipo uma pressão, sabe? (...) A rinossinusite aguda é caracterizada por dois ou mais dos seguintes sintomas: Obstrução nasal Rinorréia anterior ou posterior Dor ou pressão facial Redução ou perda do olfato Resposta Letra A (Gustavo 1522) Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012. VitalBook file. 15. A conduta mais adequada para esse caso, é (A) orientar a paciente, prescrever sintomáticos e fazer uso da demora permitida. (B) prescrever amoxicilina e orientar a paciente quanto a sinais de agravamento. (C) prescrever sintomáticos, solicitar cultura de secreção nasal e retornar com o exame. (D) prescrever sintomáticos, solicitar Raio X de seios da face e retornar com o exame. Comentário: É preciso que haja, nos casos agudos, o diagnóstico correto e o tratamento imediato e, nos crônicos, o manejo dos fatores desencadeantes. Um tratamento criterioso com antibióticos só́ deve ser feito quando necessário, questionando-se sempre a pessoa quanto ao uso de automedicação, sobretudo pelos riscos de resistência bacteriana e descongestionante. Em caso de necessidade de estabelecer conduta medicamentosa, esta deve ser voltada para controlar o processo inflamatório envolvido, ou seja, deve restaurar a permeabilidade do óstio e recuperar a função dos seios paranasais, melhorando a drenagem e aliviando os sintomas decorrentes da obstrução. Desta maneira orientar a paciente, prescrever sintomáticos e fazer uso da demora permitida é a conduta mais adequada para este caso. Resposta Letra A (Gustavo 1523) Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012. VitalBook file. APÓS A VISUALIZAÇÃO DO VÍDEO 4, RESPONDA ÀS QUESTÕES DE 16 A 20. Personagens: MFC: Pedro, 35 anos. Paciente: Davi, 25 anos. Diálogo – MFC: Bom dia! Em que posso ajudá-lo hoje? – Davi: Oi Dr., estou com um inchaço embaixo do braço, faz umas duas semanas e dói bastante. – MFC: Não teve febre? – Davi: Que eu me lembre, não. – MFC: Tem dor de cabeça? – Davi: Não. – MFC: Tem dor embaixo do outro braço? – Davi: Não. – MFC: Tem tosse? – Davi: Não. – MFC: Percebi que você parece um pouco nervoso. Tem algo mais lhe incomodando? – Davi: Sim, eu ando meio nervoso. Eu queria fazer os exames de HIV. – MFC: Você usa camisinha? – Davi: Uso. Mas, nem sempre. – MFC: E a sua namorada toma anticoncepcional para não engravidar? – Davi: É ... não é bem assim ... – Davi: É que não tenho uma namorada ... tenho um namorado. – MFC: Ah ... entendi ... – Davi: Ele foi morar comigo faz quase dois meses e está sendo difícil. A minha família não aceita. – MFC: Hum – Davi: Você pode ver aí no meu prontuário que eu sou bem cuidadoso, fiz a pouco tempo um exame. Sempre faço. Tudo negativo. Ele também me mostrou os resultados dele negativos, daí tivemos umas relações sem proteção. Sei que não é bem certo, apesar de confiar nele. Fiquei com medo, sempre tem risco, né? – MFC: Pois é, sempre há um risco sim, e não é só HIV. Bom, mas vamos te examinar para ver o que encontramos. – MFC: Davi, aquele inchaço, encontrei um linfonodo na sua axila direita com mais ou menos 3 cm, estava quente e avermelhado e vi que doeu quando mexi. Você lembra de ter tido algum machucado no braço direito? – Davi: Teve os arranhões do meu gato que ficou com uns pontos inflamados e vermelhos, mas foi bem antes do inchaço aparecer e curou. 16. Em relação à abordagem inicial da consulta, assinale a alternativa correta. (A) A agenda oculta do paciente era medo do inchaço no braço. (B) O paciente demonstrou “pistas” de comunicação não verbal. (C) O médico demonstrou competência cultural na abordagem das queixas. (D) O médico demonstrou um estilo culpabilizador. Comentário (...) – Davi: Oi Dr., estou com um inchaço embaixo do braço, faz umas duas semanas e dói bastante. (...) – MFC: Percebi que você parece um pouco nervoso. Tem algo mais lhe incomodando? – Davi: Sim, eu ando meio nervoso. Eu queria fazer os exames de HIV. (...) É importante para o Médico da Família buscar pontos de aproximação, conhecer as pessoas independentemente dos problemas, estar atento a todo o processo de comunicação – verbal e não verbal – e saber sobre seu cotidiano, para iniciar o processo de conexão e geração de hipóteses sobre a situação. Qualquer tipo de anamnese que busque compreender tanto a pessoa quanto a doença propriamente dita sempre se pautará pela disponibilidade de um tempo minimamente adequado, variável para cada situação e pessoa, e uma atitude de atenção empática, pela escuta interessada da história da pessoa, em especial quanto à forma de comunicação verbal e não verbal, pelos termos utilizados, pelas pausas e silêncios, pelo tom afetivo do assunto em questão, pelas variações desse tom, pelas queixas e pelos sintomas descritos. É importante tambéḿ o médico estar atento às suas próprias emoções e às suas reações emocionais imediatas às comunicações da pessoa, tanto as abertas quanto as mais sutis. Um exame aprofundado do motivo da busca do atendi- mento é sempre fundamental, porque fornece pistas preciosas sobre o contexto do início dos sintomas e do núcleo psicológico do problema ou do conflito atual. Em geral, o fator desencadeante está ligado a uma situação de conflito ou de perda, seja este real ou imaginária, ou uma perda de um ideal ou de uma situação idealizada. Resposta Letra B (Gustavo 248, 249) Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012. VitalBook file. 17. Em relação ao registro de saúde orientado por problemas nesse caso, assinale a alternativa correta. (A) Por questões éticas deve-se evitar registrar a opção sexual do paciente. (B) Quando o paciente trouxer o resultado de exame, o médico deve registrar no item “S” (Subjetivo) do SOAP. (C) O conflito com os pais pode ser incluído na lista de problemas. (D) No item “A” (Avaliação), pode-se colocar o diagnóstico suspeito ou interrogado. Comentário: Uma prática interessante é convencionar que o ultimo diagnóstico seja sempre o motivo principal que trouxe o paciente ao atendimento e que precisa receber uma resposta, sendo que os 5 primeiros são sempre os mesmos, e os demais vão sendo acrescentados a cada consulta e devem ser levados à lista de problemas quando relevantes. O registro da consulta completa-se pela construção de uma proposta terapêutica para cada diagnóstico. A perspectiva de um atendimento sequencial do paciente permite que os profissionais estabeleçam um planoterapêutico que priorize, em cada atendimento, os problemas mais importantes e considere o contexto de vida do paciente e da família. As anotações dos diagnósticos na lista de problemas por número acabam facilitando ao profissional acompanhar os problemas do paciente. Assim, por exemplo, para saber o que aconteceu com o diagnóstico de Doença da Arranhadura do Gato é só́ verificar em cada consulta o número correspondente àquele diagnóstico. Ao ser resolvido um determinado problema, diante do número correspondente àquele problema, deve ser registrado na lista de problemas a data da resolução. Resposta Letra C (Gustavo 690, 691) Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012. VitalBook file. 18. Em relação à abordagem da sexualidade e saúde sexual, o médico deveria adotar a conduta de (A) convocar uma reunião familiar para ajudar na comunicação entre a família. (B) registrar o termo homossexualismo na lista de problemas. (C) encaminhar para serviço de psicologia por ter revelado ser homossexual. (D) solicitar sorologias também para sífilis, hepatite B e hepatite C. Comentário: (...) – Davi: Sim, eu ando meio nervoso. Eu queria fazer os exames de HIV. (...) – Davi: Você pode ver aí no meu prontuário que eu sou bem cuidadoso, fiz a pouco tempo um exame. Sempre faço. Tudo negativo. Ele também me mostrou os resultados dele negativos, daí tivemos umas relações sem proteção. Sei que não é bem certo, apesar de confiar nele. Fiquei com medo, sempre tem risco, né? Se o paciente que tem comportamento sexual homossexual sem o uso de preservativo possui exame sorológico recente de sorologia negativa para HIV. Seria interessante o médico da família solicitar também para sífilis, hepatite B e hepatite C. Resposta Letra D 19. O diagnóstico mais provável, é (A) escrófulo. (B) linfogranuloma venéreo. (C) linfadenite estafilocócica. (D) doença da arranhadura do gato. Comentário: (...) – MFC: Davi, aquele inchaço, encontrei um linfonodo na sua axila direita com mais ou menos 3 cm, estava quente e avermelhado e vi que doeu quando mexi. Você lembra de ter tido algum machucado no braço direito? – Davi: Teve os arranhões do meu gato que ficou com uns pontos inflamados e vermelhos, mas foi bem antes do inchaço aparecer e curou. A doença da arranhadura do gato (DAG), que habitualmente é uma doença autolimitada, possui duas apresentações clínicas gerais. A DAG típica, que é a mais comum, caracteriza-se por linfadenopatia regional subaguda; dentre os pacientes com DAG, 85 a 90% apresentam doença típica. A lesão primária, uma pequena pápula ou pústula eritematosa indolor (0,3 a 1 cm), aparece no local de inoculação (habitualmente o local de arranhadura ou mordedura) dentro de poucos dias a 2 semanas em cerca de 66% dos pacientes. Verifica-se o desenvolvimento de linfadenopatia dentro de 1 a 3 semanas ou mais após o contato com o gato. O (s) linfonodo (s) acometido (s) estão aumentados e habitualmente dolorosos, apresentam algumas vezes eritema sobrejacente e supuram em 10 a 15% dos casos. Os linfonodos axilares/epitrocleares são os mais comumente acometidos; em seguida, por ordem de frequência, ocorre comprometimento dos linfonodos da cabeça/pescoço e, a seguir, linfonodos inguinais/femorais. Cerca de 50% dos pacientes apresentam febre, mal-estar e anorexia. Uma proporção menor sofre perda de peso e sudorese noturna, simulando a apresentação do linfoma. A febre é habitualmente baixa, porém raramente alcança ≥ 39ºC. A resolução é lenta, exigindo várias semanas (para a febre, a dor e os sinais e sintomas associados) a meses (para a resolução dos linfonodos). Resposta Letra D (Longo 1314, 1315) Longo, Dan L., Anthony Fauci, Dennis Kasper, Stephen Hauser, J. Jameson, Joseph Loscal. Medicina Interna de Harrison - 2 Volumes, 18th Edition. ArtMed, 01/2013. VitalBook file. 20. Além de prestar as orientações ao paciente, quanto ao risco de exposição a ISTs, a conduta mais adequada, é (A) expectante, quanto à linfonodopatia e orientações ao paciente, quanto ao retorno, em caso de agravamento do quadro. (B) prescrever azitromicina 500 mg, por dia, durante três dias e fazer calor local para aliviar os sintomas. (C) encaminhar para realizar biópsia do linfonodo, enviar o material para análise e prescrever sintomático. (D) prescrever cefalexina 500 mg, de seis em seis horas, por sete dias, e sintomáticos, em caso de dor ou febre. Comentário: Os esquemas de tratamento baseiam-se apenas em dados mínimos. Os nódulos supurativos se não sumirem espontaneamente devem ser drenados mediante aspiração por agulha de grande calibre, e não por incisão e drenagem para evitar tratos de drenagem crônicos. A princípio somente os pacientes imunocomprometidos e pacientes com linfadenopatia extensa, considerar a azitromicina (500 mg VO no dia 1; em seguida, 250 mg VO, 1x/dia durante 4 dias) Resposta Letra A (Longo 1316) Longo, Dan L., Anthony Fauci, Dennis Kasper, Stephen Hauser, J. Jameson, Joseph Loscal. Medicina Interna de Harrison - 2 Volumes, 18th Edition. ArtMed, 01/2013. VitalBook file. APÓS A VISUALIZAÇÃO DO VÍDEO 5, RESPONDA ÀS QUESTÕES DE 21 A 25. Personagens: MFC: Tatiane, 25 anos. Paciente: Laura, 25 anos. Diálogo – MFC: Olá, como posso ajudá-la? – Laura: Oi Dra., eu vim por que eu não ando dormindo bem. E eu percebo que tô apertando os dentes à noite. Sinto que, às vezes, meu coração acelera. Já faz uns 2 meses. – MFC: E a Sra. está preocupada com alguma coisa? – Laura: Só tô preocupada que a minha filha Isabel, na semana passada, teve febre e a gente estava acompanhando, pois ela tava resfriada, inclusive, trouxemos aqui e a enfermeira viu. De noite, em casa, tava tudo tranquilo, tirando a febre. De repente, ela começou a ter convulsões e a gente foi parar no hospital, lá deram medicação para parar e outra para baixar a febre. – MFC: E como ela ficou? – Laura: Graças a Deus ela melhorou, mas estou muito preocupada de ela ter ficado com essa doença, quando eu era criança tinha uma vizinha epiléptica e era um horror, ficou até abestalhada ... sabe como é, eu me separei do pai dela faz 2 meses. Nossa vida não tá fácil. Fico triste só de pensar. – MFC: Vamos ver. Quanto tempo durou a crise da sua filha? – Laura: Ah Dra., não durou 5 minutos, mas parecia uma eternidade. – MFC: Certo. Foi a primeira vez que isso aconteceu? – Laura: Sim Dra., primeira e única, mas ela não é de ter febre ... – MFC: E na família, tem história de algo parecido? – Laura: Não que eu saiba. – MFC: Certo. Posso dar uma olhada nos papéis que você trouxe do hospital? – Laura: Claro! – MFC: Estou vendo aqui que eles fizeram todos os exames recomendados e não encontraram nada de errado. – Laura: Aí que bom Dra. E sobre os meus problemas. – MFC: A deve ser tudo por causa do que a Sra. Está passando. – Laura: Não. Não sei Dra., será que não pode ser grave o que eu tenho que acelera o coração? – MFC: Vou examinar a Sra. 21. Em relação ao uso de instrumentos de abordagem familiar nesse caso, assinale a alternativa correta. (A) Na análise de ciclo de vida, observa-se que há uma crise de ciclo de vida previsível. (B) No desenho do genograma dessa família, a relação dos pais é representada por uma linha contínua com um traço em diagonal. (C) No desenho do ecomapa inclui-se apenas o indivíduo ou família, o trabalho e a escola. (D) Na terapia familiar sistêmica, o papel do médico é oferecer conselhos e direcionar o comportamento dos pais. Comentário: Separação com filha sob guarda da mãe: Resposta Letra B 22. Em relação à abordagem dos sintomas da paciente, assinale a alternativa correta. (A) Considerar como transtorno hipocondríaco pela angústia persistente causada pela preocupação com crença ou sintomas, levando à busca de tratamento ou investigação médica. (B) Considerar como transtorno de somatização, pois apresenta sintomas que não podem ser explicados por transtornos físicos detectáveis. (C) Considerar terapiade resolução de problemas, que é recomendada como uma estratégia de intervenção de médicos de família, em casos de transtorno de ansiedade. (D) Considerar encaminhamento para psicologia e cardiologia para investigação dos sintomas. Comentário: A Terapia De Resolução De Problemas é recomendada como uma estratégia de intervenção de médicos de família, em casos de transtorno de ansiedade. Esta terapia se caracteriza por permitir ao usuário, com o apoio do médico, um espaço de análise de seus problemas e de construções de formas alternativas de lidar com eles. Ao profissional não cabe simplesmente dar soluções à pessoa. Ao contrário, permitindo-se abandonar essa dolorosa posição de ter que resolver os problemas psicossociais das pessoas sob seus cuidados, o médico de família vai se deparar com um novo papel em que pode servir de apoio para que a pessoa reflita e repense sua vida, relações e formas de lidar com os seus problemas, ampliando seus horizontes e construindo novos caminhos para suas vidas. Resposta Letra C (Gustavo 1927) Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012. VitalBook file. 23. Em relação ao manejo de sintomas relacionados aos fatores estressantes no caso, a melhor abordagem inicial, é focar na (A) percepção do paciente sobre a relação dos sintomas físicos com o contexto. (B) remissão imediata dos sintomas do paciente. (C) na orientação de atividade física e em medicamento ansiolítico. (D) explicação de que os sintomas são emocionais. Comentário: Agir conforme a medicina centrada na pessoa na tomada de decisões aumenta a percepção do paciente sobre a sua autonomia no tratamento e é uma forma de aumentar a adesão ao tratamento. Resposta Letra A (Comunidade 64) Comunidade, Sociedade Brasileira de Medicina de Família e. PROMEF Ciclo 8 Volume 3. SEMCAD, 10/2013. VitalBook file. 24. Quanto ao quadro de sua filha, a MFC, deveria orientar a mãe que (A) a recorrência das crises é rara e que ela não precisa tomar maiores cuidados. (B) o risco de desenvolver epilepsia é alto, se a criança tiver outras crises como esta. (C) as crises não produzem lesão estrutural no sistema nervoso ou déficit cognitivo. (D) é importante realizar um eletroencefalograma nos primeiros dias, após a crise. Comentário: Crises febris simples (aquelas que duram até́ 5 minutos) não produzem lesão estrutural no sistema nervoso ou déficit cognitivo. Destaca-se que há́ um grande estigma associado à epilepsia e às convulsões – preconceitos, vergonhas, dúvidas manifestadas verbalmente ou na postura e atitude diante da pessoa, especialmente nas relações sociais e de trabalho. As pessoas não têm informação adequada sobre epilepsia e crises, a despeito de informações suficientes do tratamento. O sofrimento resultante leva a discriminação, restrições e diferenciações que podem transtornar a saúde mental. O médico de família e comunidade deve acolher a pessoa e sua família para esclarecer dúvidas e outras demandas, fazendo colocações como: “Este quadro é bastante frequente, mas muitas pessoas têm dúvidas sobre se é grave ou se as crianças que apresentam epilepsia são menos inteligentes. Você teria alguma dúvida nesse sentido ou qualquer outra que eu possa ajudar a esclarecer? ” Resposta Letra C (Gustavo 1855, 1865) Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012. VitalBook file. 25. Entre as condutas descritas abaixo, a que pode ser considerada adequada para o caso, é (A) a administração profilática de Diazepam, via retal, se febre e, a cada 12 h, enquanto essa permanecer acima de 38 °C. (B) o uso de valproato, de forma continuada, ao menos até a criança completar 5 anos de idade. (C) o uso de fenobarbital, de forma continuada, ao menos até a criança completar 5 anos de idade. (D) a adoção de conduta expectante e, em caso de febre, administrar paracetamol, caso a temperatura axilar ultrapasse 38,5 °C. Comentário: Nas situações em que haja grande ansiedade paterna em relação à convulsão febril, o diazepam intermitente oral no início da doença febril pode ser eficaz na prevenção da recorrência, na dosagem de 0,2 a 0,5 mg/kg/dose, 2 ou 3 vezes ao dia. Apesar de antitérmicos melhorarem o conforto da criança, a terapia antipirética não previne a recorrência de convulsões febris Resposta Letra A (Gustavo 1860) Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012. VitalBook file. APÓS A VISUALIZAÇÃO DO VÍDEO 6, RESPONDA ÀS QUESTÕES DE 26 A 30. Personagens: MFC: Suzane, 25 anos. Paciente: Olinda, 50 anos. Diálogo – MFC: Olá Dona Olinda, como vai? – Olinda: Oi Dra., você é nova por aqui, né? – MFC: Sim, iniciei semana passada. – Olinda: Ah, que bom, espero que fique um bom tempo. Eu vou bem, mas ando meio esquecida. Na verdade, estou vindo aqui só para pegar as minhas receitas de sempre. Preciso dos remédios da pressão, da tireoide, a aas, o omeprazol, a sinvastatina e o paracetamol. Ah ... e principalmente o diazepam. Sabe que não fico sem o remédio, se não, eu não durmo. – MFC: Huhum ... – Olinda: O diazepam vai acabar amanhã, ainda bem que eu consegui vir hoje. – MFC: Estou vendo aqui que a senhora usa 2 comprimidos de 10 mg, por dia, certo? E vi que o Dr. Carlos, que trabalhava aqui na unidade, tirou a medicação da senhora o ano passado. – Olinda: Isso mesmo ... há uns anos atrás eu usava um só, daí tive de passar para dois para dormir melhor, daí ele achou demais e tentamos tirar. – MFC: Porque a senhora voltou a usar? – Olinda: Ah Dra., não consigo ficar sem, da outra vez que o Dr. Carlos tirou, no segundo dia sem eu já passei mal. – MFC: Mas, a senhora tem que parar. – Olinda: Eu bem que queria parar. Mas eu acho que não consigo Dra. Desde que meu marido morreu eu tenho que tomar. – MFC: Mas, a sra. tem que parar. Não tem jeito. A senhora já está dependente desse medicamento. Esse remédio é muito perigoso. – Olinda: Dra., já tentei e não consegui. – MFC: Tudo bem. Posso fazer a receita agora. Mas, vamos ter que conversar para as próximas. Vou deixar menos comprimidos. – Olinda: Certo Dra., eu agradeço muito. 26. Em relação à comunicação clínica nesta entrevista, assinale a alternativa correta. (A) A médica formulou perguntas que facilitaram a expressão de preocupações do paciente. (B) A médica explorou o illness do paciente. (C) A médica apresentou atitudes defensivas que se correlacionam com a transferência. (D) A médica tem um estilo de relação clínica autocentrado na maior parte do tempo. Comentário: (...) – Olinda: (...) Eu vou bem, mas ando meio esquecida. Preciso dos remédios (...). Ah ... e principalmente o diazepam. Sabe que não fico sem o remédio, se não, eu não durmo. (...) – MFC: Estou vendo aqui que a senhora usa 2 comprimidos de 10 mg, por dia, certo? E vi que o Dr. Carlos, que trabalhava aqui na unidade, tirou a medicação da senhora o ano passado. – Olinda: Eu bem que queria parar. Mas eu acho que não consigo Dra. Desde que meu marido morreu eu tenho que tomar. – MFC: Mas, a sra. tem que parar. Não tem jeito. A senhora já está dependente desse medicamento. Esse remédio é muito perigoso. – Olinda: Dra., já tentei e não consegui. – MFC: Tudo bem. Posso fazer a receita agora. Mas, vamos ter que conversar para as próximas. Vou deixar menos comprimidos. (...) A médica tem um estilo de relação clínica autocentrado na maior parte do tempo (trechos que caracterizam o estilo estão em destaque). O estilo autocentrado quer dizer, um estilo baseado em definir um problema e aplicar uma receita de livro. São características deste estilo de relação clínica: – Metas clínicas orientadas a resolver problemas – Baseado na demanda recebida – A relação estabelecida é um elemento técnico de suporte – As decisões são tomadas pelo médico, com escassa ou nula participação da pessoaResposta Letra D (Gustavo 153, 154) Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012. VitalBook file. 27. Em relação à renovação de receita de benzodiazepínicos, neste caso, a médica (A) estava correta em tentar realizar a desprescrição o mais rápido possível. (B) elaborou um plano em conjunto com a paciente sobre o manejo dos problemas. (C) abordou as barreiras do paciente para a desprescrição. (D) considerou o pedido da paciente em não reduzir a medicação, imediatamente. Comentário: – MFC: Tudo bem. Posso fazer a receita agora. Mas, vamos ter que conversar para as próximas. Vou deixar menos comprimidos. – Olinda: Certo Dra., eu agradeço muito. Resposta Letra D 28. A melhor abordagem inicial para a mudança de comportamento em relação ao uso do medicamento nesse caso, é (A) focar nos resultados. (B) confrontar a negação. (C) abordar a ambivalência. (D) repetir o aconselhamento. Comentário: A melhor abordagem inicial para a mudança de comportamento em relação ao uso do Benzodiazepínico é vincular-se à pessoa a fim de que ela se posicione em relação aos hábitos que precisa mudar. Além disso, deve-se colocar a pessoa no processo de mudança e usar estratégias de comunicação adaptados a sua necessidade. A médica poderia abordar como por exemplo: “Você sabia que o diazepam está relacionado com a perda de memória”? Em uma etapa posterior, a médica deve promover a consciência da pessoa para seu comportamento e assim, aumentar os níveis de contradição entre suas crenças e suas ações e, por conseguinte, aumentar seus níveis de conflito. Devendo ainda trabalhar a ambivalência, a autoeficácia e apoiá-la por meio de ajuda ativa. Dessa maneira, médica poderia abordar como por exemplo: “Você entende que tomar 2 comprimidos toda a noite pode estar te tornando meio esquecida. Que tal diminuirmos esta medicação? Estou aqui para ajudá-la!” Resposta Letra C (Gustavo 575) Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012. VitalBook file. 29. Sobre o uso de benzodiazepínico, você, como MFC, poderia orientá-la que (A) como é um medicamento depressor do sistema nervoso central, sua margem de segurança é pequena e o esquecimento causado pelo próprio medicamento pode levar ao uso de quantidades letais do mesmo. (B) a dose que está sendo utilizada pela paciente de 20 mg ao dia é maior do que a dose máxima permitida e por isso não poderia se manter a prescrição nesta quantidade. (C) deveria-se avaliar a possibilidade da troca de diazepam por alprazolam, pois é um medicamento com menor potencial de toxicidade e, então, mais seguro para paciente, tendo em vista ela apresentar esquecimento. (D) ela pode ter desenvolvido uma tolerância para os efeitos hipnóticos e sedativos e não para o efeito de prejuízo na memória, o que explicaria em parte os sintomas relatados e o aumento da dose do medicamento. Comentário: O uso de benzodiazepínico pode causar efeitos colaterais, como amnésia anterógrada e induzir tolerância e abstinência Resposta Letra D (Gustavo 1918) Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012. VitalBook file. 30. A conduta adequada para este caso, é orientar (A) a paciente, criar um vínculo e conversar em outra oportunidade sobre a possibilidade da retirada do medicamento, que deverá ser pactuada com a paciente e realizada de forma gradual. (B) a paciente que o procedimento do outro médico não foi adequado, pois não foi fornecido apoio psicossocial a ela, e que deve retirar o medicamento, contando com o apoio da psicóloga do NASF. (C) que a dose do medicamento é excessiva e informar que a prescrição não pode ser feita; encaminhar a paciente para um psiquiatra para retirada do medicamento. (D) a paciente que existem medicamentos mais modernos para tratar o problema dela e que ela poderia trocar diazepam por um fármaco inibidor seletivo da recaptação da serotonina. Comentário: A melhor abordagem inicial para a mudança de comportamento em relação ao uso do Benzodiazepínico é criar um vínculo e conversar a com a pessoa a fim de que ela se posicione em relação aos hábitos que precisa mudar. Em outra oportunidade a médica deve colocar a pessoa no processo de mudança e usar estratégias de comunicação adaptados a sua necessidade. A médica poderia abordar como por exemplo: “Você sabia que o diazepam está relacionado com a perda de memória”? Em uma etapa posterior, a médica deve colocar a possibilidade da retirada do medicamento, que deverá ser pactuada com a paciente e realizada de forma gradual. Dessa maneira, médica poderia abordar como por exemplo: “Você entende que tomar 2 comprimidos toda a noite pode estar te tornando meio esquecida. Que tal diminuirmos esta medicação? Estou aqui para ajudá-la! ” É muito importante que a retirada do medicamento seja pactuada com a paciente pois reduções grandes ou frequentes na dose dos benzodiazepínicos estão entre os erros mais comumente acometidos na prescrição dos Benzodiazepínicos ERROS MAIS FREQUENTEMENTE COMETIDOS Não retirar os benzodiazepínicos após estabilização sintomática dos transtornos psiquiátricos e/ou correção dos fatores envolvidos na insônia. Fazer reduções grandes ou frequentes na dose dos benzo- diazepínicos. Prescrever uso crônico de benzodiazepínicos em vez das alternativas com menor risco de dependência ou efeitos cognitivos. Usar benzodiazepínicos em pessoas com a Apneia Obstrutiva Do Sono. Resposta Letra A (Gustavo 575, 1917, 1918) Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012. VitalBook file. 31. No processo de maturidade do MFC na relação clínica, algumas atitudes profissionais podem tanto proteger como também contribuir para a síndrome do burnout. Assinale a atitude que aumenta o risco de síndrome de burnout na prática da MFC. (A) Adequar os recursos diagnósticos e terapêuticos às necessidades das pessoas, utilizando-se da perspectiva biopsicossocial. (B) Manter isenção de elogios e críticas de pessoas ou da instituição, utilizando como motivação a convicção interna de realizar bem o seu trabalho. (C) Fazer da pessoa um objeto para a obtenção de determinados fins, como científicos, docentes, de investigação ou como reforço da onipotência médica. (D) Ampliar seu leque diagnóstico, por lidar com patologias em estágios iniciais e indiferenciados, aprimorando a sua capacidade de realizar diagnósticos diferenciais. Comentário: Para evitar a Síndrome Do Burnout (estafa), o profissional deve estar consciente dos perigos que o cercam: Pensar nos demais em termos excessivamente idealistas, realizando sacrifícios pessoais que a longo prazo não poderá́ sustentar; Ter uma visão idealizada de si mesmo, ver-se carente de hostilidade ou acima das humilhações que às vezes recebe; Aceitar a imagem que as pessoas buscam nele, por exemplo, imagens de onipotência, ou de dependência, quando não está preparado para assumir problemas; Participar do sofrimento do doente sem nenhum distanciamento emocional, sentindo-se ferido pelo sofrimento do outro; Fazer da pessoa um objeto para conseguir determinados fins, sejam científicos, docentes, de investigação ou de lucro pessoal; Utilizar a relação clínica como um meio de conseguir aplausos e admiração, isto é, como um meio para cultivar seu narcisismo; Utilizar a relação clínica como meio para amenizar sentimentos de culpa. Em quaisquer dessas circunstâncias, o médico acabará, a longo prazo, com claros sintomas de cansaço, tédio, aborrecimento ou irritação, sentimentos que projetará na instituição para a qual trabalha, contra as pessoas que atende ou contra si mesmo. Em tais circunstâncias, ninguém poderá́ cuidar dele se ele não começar a cuidar de si mesmo e de seus companheiros de equipe. Resposta LetraC (Gustavo 156) Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012. VitalBook file. As questões 32 a 34 referem-se às histórias abaixo. História I “Quase 70 anos, aniversariando no dia da consulta. Fez uma dosagem de PSA por conta própria há alguns meses, deu normal. Ainda assim foi atrás de uma ultrassonografia ‘pra ter certeza que estava tudo bem’. Pagou do próprio bolso, não perguntei quanto. Parecia nervoso. Nesses casos olho o exame rápido e, estando tudo bem, já tranquilizo a pessoa pra acabar o suspense e poder conversar tranquilo. No exame a próstata estava ligeiramente aumentada, mas sem nenhuma outra alteração, então eu disse que estava tudo bem, só um aumento da próstata que era comum na idade dele, que não significava nada demais. Comentei que ele parecia preocupado, e perguntei o porquê. Respondeu que as filhas ficavam insistindo pra ele se cuidar. Então eu disse, em tom de brincadeira que a gente pra se cuidar precisava de um tanto de coisa, mas que com esse bláblá- blá na TV por esses dias parecia que a gente tinha virado só uma próstata. Ele riu, concordou, bom sinal. Então perguntei se tinha algo mais além da próstata incomodando-o, respondeu que não. Me coloquei à disposição, fiquei de pé e estendi a mão, e ganhei um abraço. Tímido, vocês imaginam como é abraço de homem que não se conhece direito. Mas um abraço de alívio, sincero. Desejei feliz aniversário de novo, perguntei se ia ter festa e disse que aproveitasse bem. Ele sorriu, agradeceu, me desejou tudo de bom e saiu da sala”. História II “Quase 20 anos, veio pedir exames de rotina. Eu gosto desse pedido de exames de rotina, porque me dá a deixa para perguntar bastante sobre a rotina antes de pensar o que devo examinar. Pois perguntei, e o máximo que identifiquei foi uma queixa de dor ao ter relações por causa de uma fimose. Expliquei que poderia encaminhá-lo para resolver isso, e que em relação a exames de rotina, os mais importantes na idade dele eram os de rastreio de infecções sexualmente transmissíveis. Ele sorriu, mas aquele sorriso desconfiado, sabe? Perguntei se tinha relações protegidas, se o assunto o preocupava. Me disse que sim, que ocasionalmente tinha relações sem camisinha, raramente, mas tinha, e que ultimamente fazia mais o papel passivo com o parceiro já que a fimose incomodava bastante quando tinha ereções. Expliquei sobre os riscos, mas não parecia necessário fazê-lo, ele já sabia. Ofereci testagem rápida, e comentei: ‘nada melhor do que a gente saber logo, né? Esperar muito tempo por exame é ruim …’. Ele sorriu, concordou, e foi fazer o teste. Deu negativo”. História III “Quase 50 anos, veio saber se o PSA que solicitaram para ele estava normal. Pelo que vi, estava. Olhei o prontuário e vi que havia história de epilepsia. Perguntei há quantos anos usava o medicamento sem ter crises, disse que há uns 3 anos. Toma só um comprimido por dia, e acha que o comprimido o deixa meio …‘devagar’, se é que vocês me entendem (aliás, entendem ele). Perguntei se queria tentar uma retirada lenta do medicamento para as crises, e o olho brilhou. ‘E pode?’. ‘Pode’. Dei orientações sobre a redução gradual da dose e agendei retornos semanais para vermos como as coisas andam. Saiu feliz”. (Rodrigo Lima, Historinhas Azuis. Causos Clínicos – História da Medicina de Família e Comunidade. Disponível em: < https://causosclinicos.wordpress.com/2016/11/23/historinhas-azuis/>. Acesso em 28 de maio de 2017). 32. As metodologias e ferramentas predominantes utilizadas pelo MFC, respectivamente, nas histórias I, II e III, são: (A) Prevenção Quaternária, Prevenção Terciária e Desprescrição. (B) Prevenção Quaternária, Prevenção Secundária e Desprescrição. (C) Método Clínico Centrado na Pessoa, Prevenção Terciária e Desprescrição. (D) Método Clínico Centrado na Pessoa, Prevenção Secundária e Disease Mongering Comentário: História I “Quase 70 anos, aniversariando no dia da consulta. Fez uma dosagem de PSA por conta própria há alguns meses, deu normal. Ainda assim foi atrás de uma ultrassonografia (...). No exame a próstata estava ligeiramente aumentada, mas sem nenhuma outra alteração, então eu disse que estava tudo bem, só um aumento da próstata que era comum na idade dele, que não significava nada demais. (...). Prevenção Quaternária Ação feita para identificar um paciente ou população em risco de supermedicalização, para protegê-los de uma intervenção médica invasiva e sugerir procedimentos científica e eticamente aceitáveis. No caso o paciente já estava quase da faixa etária de 70 anos a qual não se indica mais exames de rastreio de câncer de próstata, não há relato de história anterior da doença. O resultado do PSA informado foi normal e o exame de toque retal apresentou aumento prostático compatível com a idade. A conduta conservadora do médico é compatível com uma medida de Prevenção Quaternária. História II (...) identifiquei foi uma queixa de dor ao ter relações por causa de uma fimose. Expliquei que poderia encaminhá-lo para resolver isso, e que em relação a exames de rotina, os mais importantes na idade dele eram os de rastreio de infecções sexualmente transmissíveis. (...). Perguntei se tinha relações protegidas, se o assunto o preocupava. Me disse que sim, que ocasionalmente tinha relações sem camisinha, raramente, mas tinha, e que ultimamente fazia mais o papel passivo com o parceiro já que a fimose incomodava bastante quando tinha ereções. Expliquei sobre os riscos, (...). Ofereci testagem rápida, e comentei: ‘nada melhor do que a gente saber logo, né? Esperar muito tempo por exame é ruim …’. (...) Prevenção Secundária Ação realizada para detectar um problema de saúde em estágio inicial (No caso, a Fimose e rastreio de DSTs) em um indivíduo ou população, facilitando, dessa forma, a cura, ou reduzindo ou prevenindo que se espalhe ou cause efeitos de longo prazo (p. ex., métodos, triagem, busca de casos e diagnóstico precoce). História III (...) vi que havia história de epilepsia. Perguntei há quantos anos usava o medicamento sem ter crises, disse que há uns 3 anos. Toma só um comprimido por dia, e acha que o comprimido o deixa meio …‘devagar’, se é que vocês me entendem (aliás, entendem ele). Perguntei se queria tentar uma retirada lenta do medicamento para as crises, e o olho brilhou. ‘E pode?’. ‘Pode’. Dei orientações sobre a redução gradual da dose e agendei retornos semanais para vermos como as coisas andam. Saiu feliz Desprescrição A desprescrição é o processo de desmontagem da prescrição de medicamentos por meio de sua revisão e análise, levando à modificação de dosagens, à substituição ou eliminação de alguns fármacos e à adição de outros. Um paciente com história de Epilepsia, mas sem crise há 3 anos, abre indicação para uma desprescrição do fármaco. Resposta Letra B (Gustavo 232,852) Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012. VitalBook file. 33. Na história I, quando o autor diz: “Então perguntei se tinha algo mais além da próstata incomodando-o, ...”, a intenção do MFC ao fazer a pergunta, é (A) ser assertivo, utilizando a noção de timing. (B) gerir o tempo da consulta, sendo realista. (C) explorar a experiência com a doença, fazendo perguntas abertas. (D) oferecer uma abordagem informativa na consulta, a fim de reduzir a falta de entendimento do paciente às explicações e mostrar-se cordial. Comentário: (...). Nesses casos olho o exame rápido e, estando tudo bem, já tranquilizo a pessoa pra acabar o suspense e poder conversar tranquilo. No exame a próstata estava ligeiramente aumentada, mas sem nenhuma outra alteração, então eu disse que estava tudo bem, só um aumento da próstata que era comum na idade dele, que não significava nada demais. Comentei que ele parecia preocupado, e perguntei o porquê. Respondeu que as filhas ficavam insistindo pra elese cuidar. Então eu disse, em tom de brincadeira que a gente pra se cuidar precisava de um tanto de coisa, mas que com esse bláblá- blá na TV por esses dias parecia que a gente tinha virado só uma próstata. Ele riu, concordou, bom sinal. Então perguntei se tinha algo mais além da próstata incomodando-o, respondeu que não. (...) Uma primeira habilidade que deve ser treinada e aprimorada constantemente é a gestão do tempo. Após o médico ter sido claro em dizer que a alteração encontrada no exame físico estava compatível com a idade do paciente, desmistificou os temores pela doença fruto do excesso de publicidade. Desta maneira ganhou tempo, foi realista com o paciente e direcionou a entrevista para uma nova queixa. Resposta Letra B (Gustavo 188) Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012. VitalBook file. 34. Imagine que a testagem rápida do paciente da história II foi positiva para HIV, com demais testes negativos, sem fatores de gravidade, e ele se mostre ciente do diagnóstico e verbalize que vai aderir ao tratamento e se comprometer imediatamente com o plano terapêutico. Assinale a alternativa que mostra, respectivamente, o estágio de mudança de comportamento do modelo transteórico de Prochaska e DiClemente e a terapia antirretroviral atual, recomendada para esse paciente. (A) Contemplação; tenofovir + lamivudina + dolutegravir. (B) Preparação; tenofovir + lamivudina + dolutegravir. (C) Preparação; tenofovir + lamivudina + efavirenz. (D) Barganha; zidovudina + lamivudina + efavirenz. Comentário: Modelo Transteórico De Prochaska E Diclemente Imagine que a testagem rápida do paciente da história II foi positiva para HIV, com demais testes negativos, sem fatores de gravidade, e ele se mostre ciente do diagnóstico e verbalize que vai aderir ao tratamento e se comprometer imediatamente com o plano terapêutico. Desenvolvido pesquisadores Prochaska e DiClemente, o Modelo Transteórico (MTT) engloba diferentes teorias da Psicologia Social. É constituído por quatro construtos: Estágios de Mudança do Comportamento, Processos de Mudança, Equilíbrio de decisões e Autoeficácia. Os construtos são conceitos essenciais ligados a uma teoria ou área de estudo, como o MTT. O construto Estágios de Mudança de Comportamento do MTT é composto por cinco estágios: 1. Pré-contemplação (I won’t – eu não quero): não considera a possibilidade de mudar, nem se preocupa com a questão. 2. Contemplação (I might – eu deveria): admite o problema, é ambivalente e considera adotar mudanças eventualmente (nos próximos 6 meses). 3. Preparação (I will – eu irei): inicia algumas mudanças, planeja, cria condições para mudar, revisa tentativas passadas (nos próximos 30 dias). 4. Ação (I am – eu estou): implementa mudanças ambientais e comportamentais, investe tempo e energia na execução da mudança (a mudança ocorreu há́ menos de 6 meses). 5. Manutenção (I have – eu tenho que) (a mudança ocorreu há́ mais de 6 meses): processo de continuidade do trabalho iniciado com ação, para manter os ganhos e prevenir uma recaída. Terapia Antirretroviral Atual O esquema de primeira escolha desde 2017 deve combinar dois inibidores nucleosídeos da transcriptase reversa (ITRN) a um inibidor da integrasse. A associação de tenofovir 300 mg/dia com lamivudina 300 mg/dia é a dupla é de ITRN preferencial, associado ao inibidor da integrase dolutegravir 50mg/dia. Este é o esquema preferencial para início do tratamento em adultos. Já o efavirenz deve ser usado somente em situações excepcionais (exposição grave a paciente-fonte HIV+, com resistência potencial aos IP), após avaliação de especialistas no manejo da infecção pelo HIV. Existe risco de teratogenicidade com EFV; portanto, quando prescrito para mulheres em idade fértil, deve-se descartar a possibilidade de gravidez. São as indicações do novo medicamento para HIV – Dolutegravir: Crianças acima de 12 anos e mais de 40kg Pessoas nunca tratadas e que vão começar o tratamento a partir de 16/01/17. Pessoas que tem falha terapêutica com o Efavirenz (carga viral detectável após 6 meses de tratamento diário) Pessoas que possuem alguma contraindicação ao Efavirenz Pessoas com efeitos adversos importantes ao Efavirenz Pessoas com intolerância ao Efavirenz Exemplos de contraindicação ao Efavirenz: Pessoas com problemas psiquiátricos como esquizofrenia. Pessoas com alergia ao remédio Pessoas que trabalham a noite e não podem dormir em serviço como Pessoas com outros problemas de saúde e que tomam outras medicações que interagem com o Efavirenz Usuárias dos seguintes medicamentos: Fenitoína, Fenobarbital, Oxicarbamazepina, Carbamazepina, Dofetilida, pilsicainida, Exemplos de sintomas que o Efavirenz pode causar: Depressão, Agressividade ou outras alterações do humor Sonolência durante o dia Alucinações Confusão, despersonalização Pesadelos Perda de memória A terapia antirretroviral atual, recomendada para esse paciente é: tenofovir + lamivudina + dolutegravir. Resposta Letra B (Gustavo 571) Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012. VitalBook file. Nota informativa Nº007/2017-DDAHV/SVS/MS http://azt.aids.gov.br/documentos/siclom_operacional/Nota%20Informativa% 20007%20-%20protocolo%20de%20uso%20ARV%20-%202017.pdf http://azt.aids.gov.br/documentos/siclom_operacional/Nota%20Informativa%20007%20-%20protocolo%20de%20uso%20ARV%20-%202017.pdf Dra. Keilla Freitas https://www.drakeillafreitas.com.br/novo-medicamento-para-hiv-dolutegravir/ https://www.drakeillafreitas.com.br/ 35. No tratamento da pessoa com DPOC, o melhor preditor do risco de exacerbação, é (A) refluxo gastroesofágico. (B) mudança da pontuação na escala CURB-65. (C) ocorrência de exacerbações no ano anterior. (D) pior qualidade de vida, medida por questionário respiratório específico. Comentário: PREDITORES E MARCADORES DE MORBIMORTALIDADE UTILIZADOS NO MANEJO DA DPOC PREDITORES/DESFECHOS MEDIDA UTILIZADA Função pulmonar Volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) Volumes pulmonares CPT, CRF, VR, CI Capacidade de exercício Teste de caminhada dos 6 minutos, ergometria Grau de atividade física Sensores de atividade física (contagem de passos/dia) Estado geral de saúde Questionário Respiratório de St. George, Questionário de Doença Respiratória Crônica (CRQ) Questionário Clínico de DPOC (CCQ) Dispnéia Escala do MRC Escala de Borg Exacerbações Número de exacerbações por ano Escore multidimensional Escore BODE – BMI (IMC), Obstrução (VEF1), Dispneia (MRC), Exercício (teste da caminhada de 6 minutos) Mortalidade Mortalidade específica ou por todas as causas Resposta Letra C (Gustavo 1210) Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012. VitalBook file. 36. Homem, 33 anos, sem comorbidades, é trazido por familiares em consulta de urgência na Unidade de Saúde, sendo atendido pelo R1 em MFC. Nas últimas 24 horas, passou a apresentar tosse, febre não aferida, calafrios, dor pleurítica de leve intensidade e crepitações pulmonares na ausculta pulmonar. Na triagem, apresentou saturação de oxigênio por oximetria de pulso de 97% em ar ambiente, frequência respiratória de 27 mrpm, e pressão arterial de 120/80 mmHg. A conduta mais adequada a ser tomada pelo R1, é (A) realizar o tratamento do paciente na Atenção Primária com Penicilina G Benzatina 1,2 milhão de UI, via intramuscular, em dose única. (B) manter o tratamento do paciente na Atenção Primária com Azitromicina 500 mg via oral, a cada 24 horas, por 3 dias. (C) encaminhar o paciente para internação hospitalar com vistas à antibioticoterapia intravenosa, preferencialmente uma quinolona de terceira geração. (D) manter o tratamento do paciente na Atenção Primária com Levofloxacino 500 mg via oral, a cada 24 horas, por 7 dias.
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