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PROVAS DE TÍTULO DE ESPECIALISTA EM MEDICINA COMENTADAS

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APÓS A VISUALIZAÇÃO DO VÍDEO 1, RESPONDA ÀS QUESTÕES DE 1
A 5.
 
Personagens:
MFC: Carlos, 40 anos.
Paciente: João, 38 anos.
 
Diálogo
 
– MFC: Seu João Oliveira? Em que posso ajudá-lo?
– João: Olá Dr., hoje não estou vindo por causa das receitas de pressão
alta. Faz um tempo que estou com os mesmos sintomas, o Sr. me deu
aquele remédio e ainda não resolveu. Até fui na UPA esses dias, mas
ninguém resolve meus problemas. Trouxe o exame que o Dr. me pediu.
Mas acho que tenho que fazer outros exames. Não parece que está certo o
que o Sr. tá fazendo.
– MFC: Vamos ver. Acho que acerto a maioria das vezes, não é? Mas,
somos humanos. Podemos errar.
– João: Não acho que médico deveria errar. Alguns erram mais que os
outros ...
– MFC: Vamos ver. Me relata o que o Sr. está sentindo ainda pra ver se é o
mesmo que tenho escrito aqui no prontuário.
– João: Vou falar de novo. Espero que agora preste atenção .... Há algum
tempo tenho sentido uma certa dificuldade para urinar que foi piorando,
ultimamente está ruim mesmo. Sinto várias vezes que a bexiga está cheia,
mas sai bem pouco xixi. E pra piorar ... comecei a ter dor no testículo e no
meu pênis há alguns dias atrás ... e ... às vezes, bem poucas, a mulher
reclama que não dou conta do recado e ...
– MFC: Na última consulta passei um antibiótico e pedi um exame. O Sr.
tomou e fez o exame?
– João: Claro que tomei. Não adiantou nada. E esse exame aqui ó ... acho
que tá errado.
– MFC: Deixa eu ver. Esses exames são duas uroculturas, antes e depois,
de massagem prostática, as duas deram negativo, tem também uma
contagem de leucócitos no líquido prostático, também negativo. Deu
normal. O Sr. não tem nada pelo que está no exame.
– João: Como não tenho nada! Tô sentindo tudo aquilo que falei, o
tratamento que me passou não adiantou e esse exame não serve pra nada.
Nem entendi o que tá escrito e ...
– MFC: Como lhe disse, eu como médico sei que esse exame está normal
... Bom. Vou ver aqui o que mais tenho no prontuário do Sr ... revisando seu
prontuário estou vendo que você está tomando amitriptilina para insônia.
– João: Sim. Foi o Sr. que me passou ...
– MFC: E vi que o Sr. está acima do peso, chegou a consultar com a
nutricionista. Mas pelo cálculo recente aqui no prontuário está com
sobrepeso ainda.
– João: Sei que tô meio acima do peso. Mas tô me esforçando. Mas esses
problemas que tenho estão me deixando mais nervoso e quero comer mais
...
– MFC: Ok, vamos te examinar? ...
1. Qual componente do Método Clínico Centrado na Pessoa, o médico
deveria ter aprofundado nesta consulta, para facilitar a sua relação
com o paciente?
(A) Entendendo a pessoa como um todo.
(B) Explorando a doença e a experiência da pessoa com a doença.
(C) Incorporando prevenção e promoção da saúde na prática diária.
(D) Intensificando a relação médico-pessoa.
 
Comentário:
O método clínico centrado na pessoa tem seu foco na doença e nas quatro
principais dimensões da experiência da pessoa com a doença:
 
1. Suas ideias sobre o que está́ errado com ela:
“Acho que é a menopausa chegando, doutor. ”
 
2. Seus sentimentos, principalmente medos sobre estar doente:
“Ou será́ que é algo mais grave? Minha vizinha começou assim e
estava com câncer. ”
 
3. O impacto de seus problemas na ocupação:
“Não consigo realizar as atividades de casa. Meu marido e meus
filhos estão reclamando que não sou mais a mesma. ”
 
4. Suas expectativas sobre o que deve ser feito:
“Quem sabe preciso fazer uns exames? ”
 
No caso faltou ao médico explorar mais a doença, a experiência da pessoa
com a doença e não fazer interrupções. O autor José Mauro Ceratti Lopes
no Capítulo 1 – Princípios da Medicina de Família e Comunidade do Livro
Tratado de Medicina de Família e Comunidade define bem como deve ser
esta abordagem:
 
“ Partindo de uma pergunta aberta e deixando a pessoa falar sem
interrupções por cerca de 2 minutos, obtém-se a quase totalidade das
informações necessárias para manejar o problema que a trouxe para
consultar. Depois, pode-se complementar as informações com as
perguntas objetivas que forem necessárias, sem que se esqueça de avaliar
as quatro dimensões da experiência com a doença: sentimentos, ideias da
pessoa sobre o que está́ errado com ela, efeito da doença sobre o
funcionamento da pessoa e suas expectativas.
Permitir à pessoa recontar a história de sua doença pode expandir o foco
da consulta incluindo a experiência da pessoa com a doença, levando a um
resultado mais rico, significativo e produtivo. Em geral, os médicos
interrompem precocemente as pessoas, o que representa uma falha
no “ir e vir”.
Ao explorar a doença e a experiência da pessoa com a doença, não se
deve deixar de lado a realização qualificada de aspectos fundamentais da
abordagem média (anamnese e exame clínico) para chegar ao diagnóstico,
prescrever medicamentos e requisitar exames, mas simultaneamente deve-
se levar em consideração como a doença está afetando aquela pessoa em
particular e, a partir disso, construir um entendimento integrado”.
 
Resposta Letra B
 
(Gustavo 142, 143)
 
Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de
Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012.
VitalBook file.
 
 
2. Sobre a forma como o médico respondeu à desconfiança do
paciente, em relação às suas habilidades clínicas, assinale a
alternativa correta.
(A) O médico utilizou-se da técnica contraprojetiva, ao perguntar ao
paciente sobre o seu sobrepeso, fazendo com que o paciente
experimentasse sentimentos semelhantes aos que o profissional
experimentou ao ser questionado sobre sua técnica.
(B) O médico teve uma resposta passional, mas pouco incisiva no
momento em que o paciente sugere que o profissional errou, sendo
que uma resposta passional nesses casos é uma alternativa para
reposicionar o paciente na relação.
(C) O médico agiu corretamente ao não levar em consideração o
questionamento do paciente sobre a necessidade de consultar um
especialista, pois se considerasse essa alternativa poderia atestar seu
fracasso profissional.
(D) O médico poderia ter se recusado a continuar a consulta no
momento que o paciente agiu de forma desrespeitosa questionando
sua habilidade técnica. Dessa forma, utilizaria a técnica da cedência
real, tendo em vista a relação prejudicada.
 
Comentário:
A técnica contraprojetiva ou técnica do “espelho”, permite que o
protagonista (o paciente) saia de cena e passe a ser um mero espectador
dela, o que o ajuda a identificar como “suas” as condutas que não
consegue reconhecer. 
 
Resposta Letra A
 
(Gustavo 295)
 
Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de
Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012.
VitalBook file.
3. Quando o médico ainda não sabe o diagnóstico de uma doença e é
questionado pelo paciente sobre sua condição de saúde, como foi o
caso nesta consulta, ele
(A) deve evitar que o paciente desconfie que o médico está inseguro
sobre o diagnóstico.
(B) deve utilizar uma frase tranquilizadora como “os exames estão
normais” ou “deve ser algo simples”.
(C) não deve abrir mão da honestidade mesmo que isso venha a
decepcionar o paciente.
(D) deve solicitar exames mais complexos e registrar para evitar
futuros processos judiciais.
 
Comentário:
A relação do médico de família com cada pessoa sob seus cuidados deve
ser caraterizada pela compaixão, compreensão e paciência, associada a
uma elevada honestidade intelectual
 
Resposta Letra C
 
(Gustavo 33-34)
 
Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de
Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012.
VitalBook file.
 
 
 
4. O diagnóstico mais provável para este paciente, é
(A) prostatite aguda.
(B) prostatite bacteriana crônica.
(C) hiperplasia prostática benigna.
(D) prostatite crônica não bacteriana.
 
Comentário:
A Prostatite Crônica Não Bacteriana constitui um verdadeiro desafio à
prática clínica. Os homens geralmente apresentam sintomas compatíveis
com Prostatite, como lombalgia, dor à ejaculação, perineal,na parte interna
das coxas, no pênis, testículos ou bolsa escrotal. Podem apresentar, ainda,
sintomas discretos de irritação do canal urinário ou de obstrução. Como
regra, eles não apresentam ITU de repetição.
Frequentemente, essas pessoas chegarão à consulta tendo recebido
múltiplos testes e realizado diferentes tratamentos sem sucesso. É de se
imaginar que elas estejam desanimadas, irritadas ou até́ mesmo
deprimidas, como acontece com frequência com qualquer doença crônica.
É frequente que o médico se sinta testado ou agredido pela postura
destas pessoas colocadas na condição de pacientes. Saber que sua
agressividade não é pessoal contra o médico e que quem está́ vivendo
essa situação precisa ser ouvido e compreendido, faz parte da tarefa do
médico de família, assim como abordar a família. Lembrando, ainda, que
cada pessoa bem informada é um multiplicador para sua comunidade, o
médico de família tem papel fundamental para esclarecer conceitos
incorretos já incorporados na vida das pessoas.
 
O SM4* pode ajudar a diferenciar a PCNB das outras formas de Prostatite,
já que apresentará culturas negativas e leucócitos com contagem superior
a 10 a 20 na avaliação da secreção prostática.
Se for feito o teste com duas amostras de urina, pré e pós- massagem
prostática, serão obtidas culturas negativas e uma diferença na contagem
de leucócitos entre as amostras, sendo menor que 10 na primeira e maior
que 10 a 20 leucócitos por campo de grande aumento na segunda.
O tratamento ainda é bastante controverso. Dada a possibilidade de
infecção oculta, um curso de antibiótico empírico parece uma boa conduta
inicial. Nesse caso, a possibilidade de Chlamydia, Mycoplasma e
Ureaplasma devem ser consideradas na escolha do antibiótico. As
melhores opções seriam a doxiciclina, 100 mg, de 12/12 h, ou a
eritromicina, 500 mg, de 6/6 h, por 14 dias.
A persistência no uso de antibióticos, apesar da falta de resposta, e o uso
de fluoroquinolonas é desaconselhado.
 
Alfa-bloqueadores podem ser eficazes para alivio sintomático e são
indicados especialmente para os casos em que haja disúria com sintomas
obstrutivos.
A combinação de alfa-bloqueadores com antibióticos pode ser usada e
tende a ter o melhor resultado.
 
Alopurinol, massagem prostática periódica e termoterapia transuretral com
microondas têm sido utilizados, mas a sua efetividade é desconhecida.
Anti-inflamatórios e banhos de assento quentes podem ajudar no alivio
sintomático.
Orientar a pessoa a ter um diário dos seus sintomas, anotando os fatores
que agravam ou melhoram o quadro podem ter resultados positivos e dar à
pessoa uma sensação de controle.
 
SM4: O exame tradicional para fazer diagnóstico diferencial das prostatites
é o teste de Stamey-Meares em 4 frascos (SM4), que avalia urina e a
secreção prostática por massagem, entretanto um exame mais simples e
com rendimento semelhante consiste em fazer uma coleta de urina
tradicional, a seguir fazer um toque retal, massagear a próstata
vigorosamente da periferia para o centro e coletar outra amostra de urina.
 
Resposta Letra D
 
(Gustavo 1124 - 1126)
 
Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de
Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012.
VitalBook file
5. Um dos fatores que pode estar influenciando a piora dos sintomas
do paciente, é
(A) o uso de amitriptilina.
(B) o emagrecimento.
(C) a depressão.
(D) o sobrepeso.
 
Comentário:
A amitriptilina pode estar relacionada com a retenção urinária, perda da
libido e até mesmo com o ganho de peso do paciente, já que estes são
possíveis efeitos adversos do seu uso. Vamos recordar a queixa do
paciente:
 
(...) “ Há algum tempo tenho sentido uma certa dificuldade para urinar que
foi piorando, ultimamente está ruim mesmo. Sinto várias vezes que a
bexiga está cheia, mas sai bem pouco xixi. E pra piorar ... comecei a ter
dor no testículo e no meu pênis há alguns dias atrás ... e ... às vezes, bem
poucas, a mulher reclama que não dou conta do recado e ...” (...)
 
Os antidepressivos tricíclicos, nortriptilina, amitriptilina e imipramina,
bloqueiam os canais iónicos de sódio e inibem a recaptação de serotonina
e noradrenalina. 
Estes antidepressivos são utilizados também em outras síndromes de dor
crónica, (...) uma vez que o componente psicológico é muito marcado nesta
síndrome. Estes antidepressivos provocam sedação e efeitos
anticolinérgicos. A sedação é menos marcada com a nortriptilina. Os efeitos
anticolinérgicos podem ser benéficos em doentes com polaquiúria. No
entanto, os doentes que não apresentam aumento da frequência urinária
podem ser mais propensos a desenvolver retenção urinária, em
consequência do uso destes fármacos. (...)
 
Resposta Letra A
 
TRABALHO FINAL DO 6º ANO MÉDICO COM VISTA À ATRIBUIÇÃO DO
GRAU DE MESTRE NO ÂMBITO DO CICLO DE ESTUDOS DE
MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA -
https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/31505/1/Tese.pdf
APÓS A VISUALIZAÇÃO DO VÍDEO 2, RESPONDA ÀS QUESTÕES DE 6
A 10.
Personagens:
MFC: Clarisse, 28 anos.
Paciente: Ivone, 43 anos.
Acompanhante: Gastão, 45 anos, marido da Ivone.
 
Diálogo
 
– MFC: Olá dona Ivone, voltou por causa daquela dor no joelho, né?
– Ivone: Oi Dra. não, mas sabe que ainda me dói? Ontem mesmo estava
ruim e ...
– Gastão: Ivone, você não veio aqui por causa disso, hein! Fala do seu
problema que da última vez faz dois meses você foi embora e não falou,
daí fica lá em casa reclamando.
– Ivone: Que chato! Tá bom, Dra. é que eu estou tendo uma dor aqui na
barriga, mais embaixo para esquerda, é uma dor bem chata.
– Gastão: Ela vem aqui e depois não fala. Já faz uns 4 meses.
– Ivone: É tipo uma cólica forte que alivia depois que eu vou no banheiro.
Inclusive, tenho tido fezes líquidas e, às vezes, vem tipo um muco junto.
– MFC: E com todo esse tempo, é a primeira vez que a senhora procura
ajuda?
– Ivone: Nada, já fui na UPA duas vezes, mas não me deram nada, só um
remédio na veia para aliviar a cólica ...
– Gastão: Ela não fala. Eu vou falar. Conta pra ela que você está com
medo que seja câncer já que a sua tia teve um problema parecido e daí
morreu de câncer. Dra., ela tem até chorado por causa disso.
– Ivone: É verdade Dra. Estou com muito medo.
– MFC: Não, a sra. não deve se preocupar. Nós vamos conversar mais
sobre isso, já que a senhora está ansiosa, eu queria saber se tem algo de
diferente acontecendo na sua vida, além disso?
–Ivone: Nada não, só a nossa filha que entrou na faculdade e foi morar
fora, daí sinto a falta dela, mas são coisas da vida ... ela era muito próxima.
Minha parceira.
– Gastão: Essas duas eram unha e carne, acho que é até bom que tenham
ficado um pouco longe para deixar a menina crescer.
– MFC: Certo, a Senhora pode vir aqui para eu te examinar?
6. Sobre o modo como a médica iniciou a consulta, assinale a
alternativa correta.
(A) A médica iniciou a consulta como recomendado na literatura sobre
habilidades de comunicação, pois começou perguntando primeiro o
último motivo de consulta da paciente.
(B) A médica não iniciou a consulta como recomendado na literatura
sobre habilidades de comunicação, pois perguntou sobre o último
motivo de consulta de forma irônica.
(C) A médica iniciou a consulta como recomendado na literatura sobre
habilidades de comunicação, pois conseguiu explorar já no início um
motivo da consulta de forma rápida.
(D) A médica não iniciou a consulta como recomendado na literatura
sobre habilidades de comunicação, pois começou delimitando e
dando por óbvio o motivo da consulta.
 
Comentário:
A médica ao invés de fazer uma pergunta aberta, direciona a consulta
médica para uma suposta queixa crônica da paciente causando
comprometimento da narrativa da queixa clínica da paciente:
– MFC: Olá dona Ivone, voltou por causa daquela dor no joelho, né?
– Ivone: Oi Dra. não, mas sabe que ainda me dói? Ontem mesmo estava
ruim e
Uma consulta pode ter um bom início com perguntas abertas, como:
Em que posso ajudá-lo (a)? O que trouxe você̂ aqui hoje? O que motivou
esta consulta?
Partindo de uma pergunta abertae deixando a pessoa falar sem
interrupções por cerca de 2 minutos, obtém-se a quase totalidade das
informações necessárias para manejar o problema que a trouxe para
consultar. Depois, pode-se complementar as informações com as
perguntas objetivas que forem necessárias, sem que se esqueça de avaliar
as quatro dimensões da experiência com a doença: sentimentos, ideias da
pessoa sobre o que está́ errado com ela, efeito da doença sobre o
funcionamento da pessoa e suas expectativas.
“O oposto de falar não é escutar. O oposto de falar é esperar. ” Franz
Lebovitz
 
Permitir à pessoa recontar a história de sua doença pode expandir o foco
da consulta incluindo a experiência da pessoa com a doença, levando a um
resultado mais rico, significativo e produtivo. Em geral, os médicos
interrompem precocemente as pessoas, o que representa uma falha no “ir
e vir”.
Ao explorar a doença e a experiência da pessoa com a doença, não se
deve deixar de lado a realização qualificada de aspectos fundamentais da
abordagem médica (anamnese e exame clínico) para chegar ao
diagnóstico, prescrever medicamentos e requisitar exames, mas
simultaneamente deve-se levar em consideração como a doença está
afetando aquela pessoa em particular e, a partir disso, construir um
entendimento integrado.
Resposta Letra D
 
(Gustavo 143)
Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de
Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012.
VitalBook file.
 
7. Neste vídeo, a MFC aborda o medo da paciente da seguinte forma:
– Ivone: É verdade Dra. Estou com muito medo.
– MFC: Não, a senhora não deve se preocupar. Nós vamos conversar
mais sobre isso, já que a senhora está ansiosa ...
 
Sobre essa forma de abordagem, assinale a alternativa correta.
(A) A médica utilizou uma intervenção empática ao afirmar para a
paciente não ficar preocupada.
(B) A médica utilizou habilidades de comunicação para promover uma
relação simpática e sacerdotal.
(C) A médica utilizou habilidades de comunicação para conseguir uma
aproximação em espelho e ética.
(D) A médica utilizou uma intervenção empática ao reconhecer e
verbalizar a emoção da paciente.
 
Comentário:
– Ivone: É verdade Dra. Estou com muito medo.
– MFC: Não, a sra. não deve se preocupar. Nós vamos conversar mais
sobre isso, já que a senhora está ansiosa, eu queria saber se tem algo de
diferente acontecendo na sua vida, além disso?
–Ivone: Nada não, só a nossa filha que entrou na faculdade e foi morar
fora, daí sinto a falta dela, mas são coisas da vida ... ela era muito próxima.
Minha parceira.
 
Escutar de forma empática, enfatizar os elementos positivos e
salutogênicos ao longo da vida do indivíduo, além da forma heroica como
ultrapassou algumas crises; estimular a avaliação de suas vidas; falar
sobre as emoções e aspectos irracionais legitimando ansiedades, medos e
dúvidas; evitar fazer julgamentos. Os autores exemplificam, ainda, como
objetivos de intervenção: ajudar a integrar e a reinterpretar os
acontecimentos de vida, reconciliando-se com a sua trajetória pessoal;
estimular a refazer a sua história de vida procurando encontrar uma
coerência para os sintomas físicos e o estresse psicológico na sua situação
particular; ajudar a aumentar a autoestima, a recuperar ou adquirir o
controle do seu destino e a percepção do seu “eu”, e a encontrar recursos,
dentro e fora de si, para encarar os problemas como oportunidades e não
como ameaças, tornando-se capaz de enfrentar a vida de forma mais
saudável. Nos mais idosos surge, por vezes, o sentimento de desespero,
ou seja, de que o tempo é muito curto para começar outra trajetória de vida.
Esse sentimento está associado a um medo inconsciente da morte que, às
vezes, é transformado no desejo de morrer.
 
Resposta Letra D
 
(Gustavo 172)
 
Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de
Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012.
VitalBook file.
8. Sobre as estratégias que facilitam a comunicação em consultas que
tenham a presença de acompanhantes, assinale a alternativa correta.
(A) O acompanhante deve aguardar na sala de espera e somente
participar da consulta, se chamado pelo profissional, pois a consulta é
do paciente.
(B) O acompanhante pode ser uma fonte importante de informações e
ser um aliado no processo de cuidado do paciente.
(C) O acompanhante deve seguir regras éticas adequadas, pois tende
a desempoderar o paciente sobre seu corpo.
(D) O acompanhante que é invasivo deve ser orientado a agendar uma
consulta individual para abordar suas preocupações sobre a paciente.
 
Comentário:
Fonte de informações ou abordagem familiar é utilizar outras pessoas da
família para prestar informações e auxiliar no cuidado, pois cerca de um
terço das pessoas vai acompanhada às consultas. Isso é especialmente
importante nas situações que envolvem doença mental, doenças crônicas e
sintomas medicamente inexplicáveis. O acompanhante, com frequência, é
visto como um dificultador, cabendo ao médico de família e comunidade
desenvolver e incorporar habilidades para utilizá-lo adequadamente ou
dispensá-lo se for mais conveniente.
 
Resposta Letra B
 
(Gustavo 144)
 
Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de
Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012.
VitalBook file.
 
 
 
9. O diagnóstico mais provável para o problema de Ivone, é
(A) diverticulite.
(B) câncer colorretal.
(C) doença de crohn.
(D) síndrome do intestino irritável.
 
Comentário:
– Ivone: (...) , Dra. é que eu estou tendo uma dor aqui na barriga, mais
embaixo para esquerda, é uma dor bem chata.
– Gastão: Ela vem aqui e depois não fala. Já faz uns 4 meses.
– Ivone: É tipo uma cólica forte que alivia depois que eu vou no banheiro.
Inclusive, tenho tido fezes líquidas e, às vezes, vem tipo um muco junto.
– MFC: E com todo esse tempo, é a primeira vez que a senhora procura
ajuda?
– Ivone: Nada, já fui na UPA duas vezes, mas não me deram nada, só um
remédio na veia para aliviar a cólica ...
 
A síndrome do intestino irritável (SII) é um distúrbio intestinal funcional
caracterizado por dor ou desconforto abdominal e hábitos intestinais
alterados na ausência de anormalidades estruturais identificáveis. Não
existe um marcador diagnóstico específico para a SII, razão pela qual o
diagnóstico do distúrbio baseia-se na manifestação clínica. Em 2006, os
critérios Roma II para o diagnóstico da SII foram revistos. Em todo o
mundo, cerca de 10 a 20% dos adultos e adolescentes relatam sintomas
condizentes com SII, com uma predominância feminina demonstrada na
maioria dos estudos. Os sintomas da SII tendem a aparecer e desaparecer
ao longo do tempo e, com frequência, se sobrepõem aos de outros
distúrbios funcionais, tais como fibromialgia, cefaleia, lombalgia e sintomas
geniturinários. A intensidade dos sintomas varia e pode afetar
acentuadamente a qualidade de vida, resultando em altos custos para a
assistência de saúde.
 
São critérios diagnósticos para a síndrome do intestino irritável:
 
Dor ou desconforto abdominal recorrente pelo menos 3 dias por mês nos
últimos 3 meses associado a dois ou mais dos seguintes:
 
1. Melhora com a defecação
2. Início associado a uma mudança na frequência das evacuações
3. Início associado a uma mudança no formato (aspecto) das fezes
 
Critérios satisfeitos para os últimos 3 meses com o início dos
sintomas pelo menos 6 meses antes do diagnóstico.
 
Desconforto significa uma sensação desagradável que não pode ser
descrita como dor. Na pesquisa fisiopatológica e nos ensaios
clínicos, é necessária para a elegibilidade do indivíduo uma
frequência de dor/desconforto de pelo menos 2 dias/semana durante
a avaliação de triagem.
 
Resposta Letra D
 
Fonte: Adaptado de Longstreth et al.
 
(Longo 2496)
Longo, Dan L., Anthony Fauci, Dennis Kasper, Stephen Hauser, J.
Jameson, Joseph Loscal. Medicina Interna de Harrison - 2 Volumes, 18th
Edition. ArtMed, 01/2013. VitalBook file.
 
 
10. Em uma avaliação inicial, qual dos exames abaixo, a MFC
solicitariapara descartar um problema orgânico considerando a
custo-efetividade.
(A) Colonoscopia.
(B) Ultrassonografia abdominal.
(C) Raio x contrastado de abdome.
(D) Pesquisa de sangue oculto nas fezes .
 
Comentário:
São necessários poucos testes para os pacientes que relatam sintomas
típicos de Síndrome do Colo Irritável (SII) e nenhuma característica de
alarme. As investigações desnecessárias poderão ser dispendiosas e até
mesmo prejudiciais. A American Gastroenterological Association delineou
os fatores que devem ser levados em conta quando se pretende determinar
a agressividade da avaliação diagnóstica.
 
Esses fatores incluem a duração dos sintomas, mudança nos sintomas ao
longo do tempo, a idade e o sexo do paciente, o estado de
encaminhamento do paciente, os exames diagnósticos prévios, história
familiar de câncer colorretal e o grau de disfunção psicossocial. Assim
sendo, um indivíduo mais jovem com sintomas leves requer uma
avaliação diagnóstica mínima, enquanto uma pessoa mais velha ou um
indivíduo com sintomas rapidamente progressivos devem ser submetidos a
uma exclusão mais abrangente das doenças orgânicas.
 
A maioria dos pacientes deve fazer um hemograma completo e um exame
sigmoidoscópico; além disso, amostras de fezes devem ser examinadas
para a possível presença de ovos e parasitos naqueles que sofrem de
diarreia.
 
Em pacientes com diarreia persistente que não respondem a agentes
antidiarreicos simples, deve-se efetuar uma biópsia do colo sigmoide para
excluir a possibilidade de colite microscópica. Em pacientes acima de 40
anos, deve-se realizar também um enema baritado contrastado com ar ou
uma colonoscopia. Se os principais sintomas forem diarreia e maior
quantidade de gases, a possibilidade de deficiência de lactase deve ser
excluída com um teste respiratório com hidrogênio ou com uma avaliação
após uma dieta isenta de lactose por 3 semanas. Alguns pacientes com SII-
D podem ter espru celíaco não diagnosticado. Sabendo-se que os
sintomas de espru celíaco respondem a uma dieta isenta de glúten, os
testes para espru celíaco na SII podem evitar anos de morbidade assim
como os custos inerentes.
 
Nos pacientes com sintomas concomitantes de dispepsia (NOSSO
CASO!!), poderão ser aconselháveis as radiografias GI altas ou a
esofagogastroduodenoscopia. Nos pacientes com dor pós-prandial no
quadrante superior direito, deve-se solicitar uma ultrassonografia da
vesícula biliar. Os achados laboratoriais que depõem contra a SII
incluem evidência de anemia, velocidade de hemossedimentação
elevada, presença de leucócitos ou de sangue nas fezes e volume
fecal > 200 a 300 mL/dia. Esses achados indicam a necessidade de se
levantarem outras hipóteses diagnósticas.
 
Resposta Letra D
 
(Longo 2499)
 
Longo, Dan L., Anthony Fauci, Dennis Kasper, Stephen Hauser, J.
Jameson, Joseph Loscal. Medicina Interna de Harrison - 2 Volumes, 18th
Edition. ArtMed, 01/2013. VitalBook file.
 
APÓS A VISUALIZAÇÃO DO VÍDEO 3, RESPONDA ÀS QUESTÕES DE
11 A 15.
 
Personagens:
MFC: José, 30 anos.
Paciente: Júlia, 25 anos.
 
Diálogo
– MFC: Olá Júlia, o que lhe traz aqui hoje?
– Júlia: Oi Dr., dessa vez, melhorei daquele problema na pele do mês
passado, também tô melhor do problema do ouvido de 15 dias atrás.
– MFC: Certo. E dessa vez?
– Júlia: É ... do problema da semana passada, de dor nas costas, ainda dói
um pouco, mas tô tomando de vez em quando, o remédio e faz efeito.
– MFC: Continua então com um pouco de dor. E o que mais?
– Júlia: Daí essa semana, há 4 dias tô me sentindo mal. Comecei com o
nariz muito entupido e escorrendo. Depois começou a dar uma dor de
cabeça aqui em cima e embaixo dos olhos, tipo uma pressão, sabe?
– MFC: E como é a secreção?
– Júlia: Está vindo uma secreção amarelada agora, mais grossa que no
início. Comecei também a sentir uma pressão nos ouvidos, mais no
esquerdo. Cheguei a ir na UPA no final de semana. Lá me falaram que eu
devia procurar um otorrino.
– MFC: Não. Calma. Não precisa de otorrino. Eu vou te examinar. Mas
deixa eu entender. Tem algo mais?
– Júlia: Hum, ah, eu tive calafrios a noite e acho que foi uma febre, apesar
de não ter medido, e também meu hálito tá ruim, mesmo eu escovando
bem os dentes.
– MFC: Tem mais alguma coisa?
– Júlia: Tenho ainda aquela dor nas costas que falei. Mas hoje quero
resolver isso. Semana que vem volto Dr. pra ver a questão da dor nas
costas. Agora, só quero melhorar logo disso, é muito ruim ficar doente
assim ...
– Júlia: O Sr. não deve aguentar mais que você me vê toda semana.
– MFC: Sim. Já até me acostumei a Sra. vir aqui toda semana.
– MFC: Pode vir aqui para eu lhe examinar?
11. A técnica de comunicação clínica, que o médico utilizou durante a
consulta, foi
(A) de prevenção de demandas aditivas.
(B) da contrassugestão.
(C) do pacto de intervenção.
(D) da lei do um mais um.
 
Comentário:
– MFC: Continua então com um pouco de dor. E o que mais?
(...)
– MFC: Não. Calma. Não precisa de otorrino. Eu vou te examinar. Mas
deixa eu entender. Tem algo mais?
(...)
– MFC: Tem mais alguma coisa?
(...)
 
Após a exposição dos motivos da consulta, o médico deve fazer a chamada
prevenção de demandas aditivas, ou seja, perguntar “Algo mais? ”, “Mais
algum motivo de consulta? ”, para esgotar todas as demandas já nessa
fase.
 
A prevenção de demandas aditivas diminui a chance do sinal da maçaneta,
que é o fato de no final da consulta o paciente vir com mais motivos.
Mesmo que o paciente fale sobre muitas demandas, é melhor conhecê-las
no início, pois ele irá́ falar de qualquer modo, e assim o médico poderá́
priorizar com o paciente quais dos motivos vai abordar e planejar a melhor
condução da consulta.
 
Resposta Letra A
 
(Comunidade 35)
 
Comunidade, Sociedade Brasileira de Medicina de Família e. PROMEF
Ciclo 7 Volume 3. SEMCAD, 11/2012. VitalBook file.
12. Leia esse trecho do vídeo para responder à questão 12.
“Paciente: E acabei parando na UPA. E, por causa desses sintomas
que eu tava sentindo ... Essa dor de cabeça, essa pressão ... o nariz
escorrendo muito e aí ... E eles falaram que eu tinha que ir no otorrino.
Médico: Não. Calma! Não precisa ir no otorrino. Eu vou te examinar”.
Sobre o modo como o médico respondeu à paciente, no diálogo
acima, assinale a alternativa correta.
(A) O médico poderia ter aproveitado o momento e explicado qual a
diferença entre um médico de família e um otorrino.
(B) O médico poderia ter utilizado a técnica de cedência intencional
afirmando que, se fosse necessário, iria encaminhar a paciente.
(C) O médico poderia ter utilizado a técnica de prevenção de
encaminhamentos aditivos, encaminhando a paciente.
(D) O médico poderia ter aproveitado o momento e encaminhado a
paciente, evitando contrariar a recomendação dos profissionais da
UPA.
 
Comentário:
A técnica de Cedência intencional (HT). Aceita uma solicitação ou sugestão
do paciente em relação a intenções futuras. Por exemplo: "acho muito bom
que esteja me dizendo isso, se necessário vou te encaminhar ao Otorrino".
 
Resposta Letra B
 
Necessidade Psicológica de Controlo/Cedência: Relação com Bem-Estar e
Distress Psicológicos - Tiago Alexandre Guedes da Fonseca
 
http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/4868/1/ulfpie039636_tm.pdf
 
 
 
http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/4868/1/ulfpie039636_tm.pdf
13. Sobre estratégias que podem facilitar a comunicação com
pacientes que consultam frequentemente, assinale a alternativa
correta.
(A) O médico deve deixar transparecer de forma cordial sua irritação,
conversando sobre o excesso de consultas do paciente.
(B) O médico deve demonstrar serenidade, reagindo de modo
emocionalmente proativo com o paciente.
(C) O médico deve informar o paciente sobre prevenção quaternária e
combinar que ele reflita sobre os riscos do excesso de consultas.
(D) O médico deve usar do bom humor e conquistar o paciente para
poder propor uma quantidade máxima de consultas por mês.
 
Comentário:
A relação médica paciente assim como todo e qualquer relacionamento
entre pessoas, é único e pode ser visto como uma troca queocorre com
estes indivíduos. Esta troca envolve atenção, sentimentos, confiança, poder
e sensação de objetivo. Na relação médico paciente, o propósito é ajudar o
enfermo. O relacionamento tem dimensões terapêuticas e pode promover
melhoria do senso de auto eficácia das pessoas (isto é, senso de
autocontrole e sobre o seu mundo) ou mesmo cura, desde que bem
trabalhado. Certos atributos como a empatia, a compaixão e o cuidado
devem ser cultivados, devem ser cultivados na relação médico paciente
pois aumentam as chances de que a relação contribua para o projeto
terapêutico acordado entre elas. O cuidado inclui os conceitos: Estar
presente, Conversar, Sensibilidade, Agir no melhor interesse do outro,
Sentimento, Ação e Responsabilidade (Tarlow, 1996 e Stewart, 2010).
 
Ou seja, o cuidado implica a total presença e envolvimento do profissional
com a pessoa. E a alternativa que melhor responde questão é a alternativa
B. O médico deve demonstrar serenidade, reagindo de modo
emocionalmente proativo com o paciente.
 
Resposta Letra B
 
14. O diagnóstico mais provável para o caso apresentado, é
(A) rinossinusite aguda.
(B) otite média aguda.
(C) influenza.
(D) dengue.
 
Comentário:
(...)
– Júlia: Daí essa semana, há 4 dias tô me sentindo mal. Comecei com o
nariz muito entupido e escorrendo. Depois começou a dar uma dor de
cabeça aqui em cima e embaixo dos olhos, tipo uma pressão, sabe?
(...)
 
A rinossinusite aguda é caracterizada por dois ou mais dos seguintes
sintomas:
Obstrução nasal
Rinorréia anterior ou posterior
Dor ou pressão facial
Redução ou perda do olfato
 
Resposta Letra A
 
(Gustavo 1522)
 
Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de
Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012.
VitalBook file.
 
 
15. A conduta mais adequada para esse caso, é
(A) orientar a paciente, prescrever sintomáticos e fazer uso da demora
permitida.
(B) prescrever amoxicilina e orientar a paciente quanto a sinais de
agravamento.
(C) prescrever sintomáticos, solicitar cultura de secreção nasal e
retornar com o exame.
(D) prescrever sintomáticos, solicitar Raio X de seios da face e
retornar com o exame.
 
Comentário:
É preciso que haja, nos casos agudos, o diagnóstico correto e o tratamento
imediato e, nos crônicos, o manejo dos fatores desencadeantes. Um
tratamento criterioso com antibióticos só́ deve ser feito quando necessário,
questionando-se sempre a pessoa quanto ao uso de automedicação,
sobretudo pelos riscos de resistência bacteriana e descongestionante.
Em caso de necessidade de estabelecer conduta medicamentosa, esta
deve ser voltada para controlar o processo inflamatório envolvido, ou seja,
deve restaurar a permeabilidade do óstio e recuperar a função dos seios
paranasais, melhorando a drenagem e aliviando os sintomas decorrentes
da obstrução. Desta maneira orientar a paciente, prescrever sintomáticos e
fazer uso da demora permitida é a conduta mais adequada para este caso.
 
Resposta Letra A
 
(Gustavo 1523)
 
Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de
Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012.
VitalBook file.
APÓS A VISUALIZAÇÃO DO VÍDEO 4, RESPONDA ÀS QUESTÕES DE
16 A 20.
 
Personagens:
MFC: Pedro, 35 anos.
Paciente: Davi, 25 anos.
 
Diálogo
 
– MFC: Bom dia! Em que posso ajudá-lo hoje?
– Davi: Oi Dr., estou com um inchaço embaixo do braço, faz umas duas
semanas e dói bastante.
– MFC: Não teve febre?
– Davi: Que eu me lembre, não.
– MFC: Tem dor de cabeça?
– Davi: Não.
– MFC: Tem dor embaixo do outro braço?
– Davi: Não.
– MFC: Tem tosse?
– Davi: Não.
– MFC: Percebi que você parece um pouco nervoso. Tem algo mais lhe
incomodando?
– Davi: Sim, eu ando meio nervoso. Eu queria fazer os exames de HIV.
– MFC: Você usa camisinha?
– Davi: Uso. Mas, nem sempre.
– MFC: E a sua namorada toma anticoncepcional para não engravidar?
– Davi: É ... não é bem assim ...
– Davi: É que não tenho uma namorada ... tenho um namorado.
– MFC: Ah ... entendi ...
– Davi: Ele foi morar comigo faz quase dois meses e está sendo difícil. A
minha família não aceita.
– MFC: Hum
– Davi: Você pode ver aí no meu prontuário que eu sou bem cuidadoso, fiz
a pouco tempo um exame. Sempre faço. Tudo negativo. Ele também me
mostrou os resultados dele negativos, daí tivemos umas relações sem
proteção. Sei que não é bem certo, apesar de confiar nele. Fiquei com
medo, sempre tem risco, né?
– MFC: Pois é, sempre há um risco sim, e não é só HIV. Bom, mas vamos
te examinar para ver o que encontramos.
– MFC: Davi, aquele inchaço, encontrei um linfonodo na sua axila direita
com mais ou menos 3 cm, estava quente e avermelhado e vi que doeu
quando mexi. Você lembra de ter tido algum machucado no braço direito?
– Davi: Teve os arranhões do meu gato que ficou com uns pontos
inflamados e vermelhos, mas foi bem antes do inchaço aparecer e curou.
16. Em relação à abordagem inicial da consulta, assinale a alternativa
correta.
(A) A agenda oculta do paciente era medo do inchaço no braço.
(B) O paciente demonstrou “pistas” de comunicação não verbal.
(C) O médico demonstrou competência cultural na abordagem das
queixas.
(D) O médico demonstrou um estilo culpabilizador.
 
Comentário
(...)
– Davi: Oi Dr., estou com um inchaço embaixo do braço, faz umas duas
semanas e dói bastante.
(...)
– MFC: Percebi que você parece um pouco nervoso. Tem algo mais lhe
incomodando?
– Davi: Sim, eu ando meio nervoso. Eu queria fazer os exames de HIV.
(...)
É importante para o Médico da Família buscar pontos de aproximação,
conhecer as pessoas independentemente dos problemas, estar atento a
todo o processo de comunicação – verbal e não verbal – e saber sobre seu
cotidiano, para iniciar o processo de conexão e geração de hipóteses sobre
a situação.
 
Qualquer tipo de anamnese que busque compreender tanto a pessoa
quanto a doença propriamente dita sempre se pautará pela disponibilidade
de um tempo minimamente adequado, variável para cada situação e
pessoa, e uma atitude de atenção empática, pela escuta interessada da
história da pessoa, em especial quanto à forma de comunicação verbal e
não verbal, pelos termos utilizados, pelas pausas e silêncios, pelo tom
afetivo do assunto em questão, pelas variações desse tom, pelas queixas e
pelos sintomas descritos.
É importante tambéḿ o médico estar atento às suas próprias emoções e às
suas reações emocionais imediatas às comunicações da pessoa, tanto as
abertas quanto as mais sutis.
Um exame aprofundado do motivo da busca do atendi- mento é sempre
fundamental, porque fornece pistas preciosas sobre o contexto do início
dos sintomas e do núcleo psicológico do problema ou do conflito atual. Em
geral, o fator desencadeante está ligado a uma situação de conflito ou de
perda, seja este real ou imaginária, ou uma perda de um ideal ou de uma
situação idealizada.
 
Resposta Letra B
(Gustavo 248, 249) Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti
organizadores. Tratado de Medicina de Família e Comunidade – 2
Volumes. ArtMed, 01/2012. VitalBook file.
17. Em relação ao registro de saúde orientado por problemas nesse
caso, assinale a alternativa correta.
(A) Por questões éticas deve-se evitar registrar a opção sexual do
paciente.
(B) Quando o paciente trouxer o resultado de exame, o médico deve
registrar no item “S” (Subjetivo) do SOAP.
(C) O conflito com os pais pode ser incluído na lista de problemas.
(D) No item “A” (Avaliação), pode-se colocar o diagnóstico suspeito
ou interrogado.
 
Comentário:
Uma prática interessante é convencionar que o ultimo diagnóstico seja
sempre o motivo principal que trouxe o paciente ao atendimento e que
precisa receber uma resposta, sendo que os 5 primeiros são sempre os
mesmos, e os demais vão sendo acrescentados a cada consulta e devem
ser levados à lista de problemas quando relevantes. O registro da consulta
completa-se pela construção de uma proposta terapêutica para cada
diagnóstico. A perspectiva de um atendimento sequencial do paciente
permite que os profissionais estabeleçam um planoterapêutico que
priorize, em cada atendimento, os problemas mais importantes e considere
o contexto de vida do paciente e da família. As anotações dos diagnósticos
na lista de problemas por número acabam facilitando ao profissional
acompanhar os problemas do paciente. Assim, por exemplo, para saber o
que aconteceu com o diagnóstico de Doença da Arranhadura do Gato é só́
verificar em cada consulta o número correspondente àquele diagnóstico.
Ao ser resolvido um determinado problema, diante do número
correspondente àquele problema, deve ser registrado na lista de problemas
a data da resolução.
 
Resposta Letra C
 
(Gustavo 690, 691) Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti
organizadores. Tratado de Medicina de Família e Comunidade – 2
Volumes. ArtMed, 01/2012. VitalBook file.
 
 
18. Em relação à abordagem da sexualidade e saúde sexual, o médico
deveria adotar a conduta de
(A) convocar uma reunião familiar para ajudar na comunicação entre a
família.
(B) registrar o termo homossexualismo na lista de problemas.
(C) encaminhar para serviço de psicologia por ter revelado ser
homossexual.
(D) solicitar sorologias também para sífilis, hepatite B e hepatite C.
 
Comentário:
(...)
– Davi: Sim, eu ando meio nervoso. Eu queria fazer os exames de HIV.
(...)
– Davi: Você pode ver aí no meu prontuário que eu sou bem cuidadoso, fiz
a pouco tempo um exame. Sempre faço. Tudo negativo. Ele também me
mostrou os resultados dele negativos, daí tivemos umas relações sem
proteção. Sei que não é bem certo, apesar de confiar nele. Fiquei com
medo, sempre tem risco, né?
 
Se o paciente que tem comportamento sexual homossexual sem o uso de
preservativo possui exame sorológico recente de sorologia negativa para
HIV. Seria interessante o médico da família solicitar também para sífilis,
hepatite B e hepatite C.
 
Resposta Letra D
19. O diagnóstico mais provável, é
(A) escrófulo.
(B) linfogranuloma venéreo.
(C) linfadenite estafilocócica.
(D) doença da arranhadura do gato.
 
Comentário:
(...)
– MFC: Davi, aquele inchaço, encontrei um linfonodo na sua axila direita
com mais ou menos 3 cm, estava quente e avermelhado e vi que doeu
quando mexi. Você lembra de ter tido algum machucado no braço direito?
– Davi: Teve os arranhões do meu gato que ficou com uns pontos
inflamados e vermelhos, mas foi bem antes do inchaço aparecer e curou.
 
A doença da arranhadura do gato (DAG), que habitualmente é uma doença
autolimitada, possui duas apresentações clínicas gerais. A DAG típica, que
é a mais comum, caracteriza-se por linfadenopatia regional subaguda;
dentre os pacientes com DAG, 85 a 90% apresentam doença típica. A
lesão primária, uma pequena pápula ou pústula eritematosa indolor (0,3 a 1
cm), aparece no local de inoculação (habitualmente o local de arranhadura
ou mordedura) dentro de poucos dias a 2 semanas em cerca de 66% dos
pacientes. Verifica-se o desenvolvimento de linfadenopatia dentro de 1 a 3
semanas ou mais após o contato com o gato. O (s) linfonodo (s) acometido
(s) estão aumentados e habitualmente dolorosos, apresentam algumas
vezes eritema sobrejacente e supuram em 10 a 15% dos casos. Os
linfonodos axilares/epitrocleares são os mais comumente acometidos; em
seguida, por ordem de frequência, ocorre comprometimento dos linfonodos
da cabeça/pescoço e, a seguir, linfonodos inguinais/femorais. Cerca de
50% dos pacientes apresentam febre, mal-estar e anorexia. Uma proporção
menor sofre perda de peso e sudorese noturna, simulando a apresentação
do linfoma. A febre é habitualmente baixa, porém raramente alcança ≥
39ºC. A resolução é lenta, exigindo várias semanas (para a febre, a dor e
os sinais e sintomas associados) a meses (para a resolução dos
linfonodos).
Resposta Letra D
(Longo 1314, 1315)
Longo, Dan L., Anthony Fauci, Dennis Kasper, Stephen Hauser, J.
Jameson, Joseph Loscal. Medicina Interna de Harrison - 2 Volumes, 18th
Edition. ArtMed, 01/2013. VitalBook file.
 
20. Além de prestar as orientações ao paciente, quanto ao risco de
exposição a ISTs, a conduta mais adequada, é
(A) expectante, quanto à linfonodopatia e orientações ao paciente,
quanto ao retorno, em caso de agravamento do quadro.
(B) prescrever azitromicina 500 mg, por dia, durante três dias e fazer
calor local para aliviar os sintomas.
(C) encaminhar para realizar biópsia do linfonodo, enviar o material
para análise e prescrever sintomático.
(D) prescrever cefalexina 500 mg, de seis em seis horas, por sete dias,
e sintomáticos, em caso de dor ou febre.
 
Comentário:
Os esquemas de tratamento baseiam-se apenas em dados mínimos. Os
nódulos supurativos se não sumirem espontaneamente devem ser
drenados mediante aspiração por agulha de grande calibre, e não por
incisão e drenagem para evitar tratos de drenagem crônicos. A princípio
somente os pacientes imunocomprometidos e pacientes com linfadenopatia
extensa, considerar a azitromicina (500 mg VO no dia 1; em seguida, 250
mg VO, 1x/dia durante 4 dias)
Resposta Letra A
(Longo 1316)
Longo, Dan L., Anthony Fauci, Dennis Kasper, Stephen Hauser, J.
Jameson, Joseph Loscal. Medicina Interna de Harrison - 2 Volumes, 18th
Edition. ArtMed, 01/2013. VitalBook file.
 
 
APÓS A VISUALIZAÇÃO DO VÍDEO 5, RESPONDA ÀS QUESTÕES DE
21 A 25.
 
Personagens:
MFC: Tatiane, 25 anos.
Paciente: Laura, 25 anos.
 
Diálogo
 
– MFC: Olá, como posso ajudá-la?
– Laura: Oi Dra., eu vim por que eu não ando dormindo bem. E eu percebo
que tô apertando os dentes à noite. Sinto que, às vezes, meu coração
acelera. Já faz uns 2 meses.
– MFC: E a Sra. está preocupada com alguma coisa?
– Laura: Só tô preocupada que a minha filha Isabel, na semana passada,
teve febre e a gente estava acompanhando, pois ela tava resfriada,
inclusive, trouxemos aqui e a enfermeira viu. De noite, em casa, tava tudo
tranquilo, tirando a febre. De repente, ela começou a ter convulsões e a
gente foi parar no hospital, lá deram medicação para parar e outra para
baixar a febre.
– MFC: E como ela ficou?
– Laura: Graças a Deus ela melhorou, mas estou muito preocupada de ela
ter ficado com essa doença, quando eu era criança tinha uma vizinha
epiléptica e era um horror, ficou até abestalhada ... sabe como é, eu me
separei do pai dela faz 2 meses. Nossa vida não tá fácil. Fico triste só de
pensar.
– MFC: Vamos ver. Quanto tempo durou a crise da sua filha?
– Laura: Ah Dra., não durou 5 minutos, mas parecia uma eternidade.
– MFC: Certo. Foi a primeira vez que isso aconteceu?
– Laura: Sim Dra., primeira e única, mas ela não é de ter febre ...
– MFC: E na família, tem história de algo parecido?
– Laura: Não que eu saiba.
– MFC: Certo. Posso dar uma olhada nos papéis que você trouxe do
hospital?
– Laura: Claro!
– MFC: Estou vendo aqui que eles fizeram todos os exames recomendados
e não encontraram nada de errado.
– Laura: Aí que bom Dra. E sobre os meus problemas.
– MFC: A deve ser tudo por causa do que a Sra. Está passando.
– Laura: Não. Não sei Dra., será que não pode ser grave o que eu tenho
que acelera o coração?
– MFC: Vou examinar a Sra.
21. Em relação ao uso de instrumentos de abordagem familiar nesse
caso, assinale a alternativa correta.
(A) Na análise de ciclo de vida, observa-se que há uma crise de ciclo
de vida previsível.
(B) No desenho do genograma dessa família, a relação dos pais é
representada por uma linha contínua com um traço em diagonal.
(C) No desenho do ecomapa inclui-se apenas o indivíduo ou família, o
trabalho e a escola.
(D) Na terapia familiar sistêmica, o papel do médico é oferecer
conselhos e direcionar o comportamento dos pais.
 
Comentário:
Separação com filha sob guarda da mãe:
 
Resposta Letra B
22. Em relação à abordagem dos sintomas da paciente, assinale a
alternativa correta.
(A) Considerar como transtorno hipocondríaco pela angústia
persistente causada pela preocupação com crença ou sintomas,
levando à busca de tratamento ou investigação médica.
(B) Considerar como transtorno de somatização, pois apresenta
sintomas que não podem ser explicados por transtornos físicos
detectáveis.
(C) Considerar terapiade resolução de problemas, que é recomendada
como uma estratégia de intervenção de médicos de família, em casos
de transtorno de ansiedade.
(D) Considerar encaminhamento para psicologia e cardiologia para
investigação dos sintomas.
 
Comentário:
A Terapia De Resolução De Problemas é recomendada como uma
estratégia de intervenção de médicos de família, em casos de transtorno de
ansiedade. Esta terapia se caracteriza por permitir ao usuário, com o apoio
do médico, um espaço de análise de seus problemas e de construções de
formas alternativas de lidar com eles. Ao profissional não cabe
simplesmente dar soluções à pessoa. Ao contrário, permitindo-se
abandonar essa dolorosa posição de ter que resolver os problemas
psicossociais das pessoas sob seus cuidados, o médico de família vai se
deparar com um novo papel em que pode servir de apoio para que a
pessoa reflita e repense sua vida, relações e formas de lidar com os seus
problemas, ampliando seus horizontes e construindo novos caminhos para
suas vidas.
 
Resposta Letra C
 
(Gustavo 1927)
Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de
Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012.
VitalBook file.
 
 
23. Em relação ao manejo de sintomas relacionados aos fatores
estressantes no caso, a melhor abordagem inicial, é focar na
(A) percepção do paciente sobre a relação dos sintomas físicos com o
contexto.
(B) remissão imediata dos sintomas do paciente.
(C) na orientação de atividade física e em medicamento ansiolítico.
(D) explicação de que os sintomas são emocionais.
 
Comentário:
Agir conforme a medicina centrada na pessoa na tomada de decisões
aumenta a percepção do paciente sobre a sua autonomia no tratamento e é
uma forma de aumentar a adesão ao tratamento.
 
Resposta Letra A
 
(Comunidade 64)
Comunidade, Sociedade Brasileira de Medicina de Família e. PROMEF
Ciclo 8 Volume 3. SEMCAD, 10/2013. VitalBook file.
 
 
 
 
24. Quanto ao quadro de sua filha, a MFC, deveria orientar a mãe que
(A) a recorrência das crises é rara e que ela não precisa tomar maiores
cuidados.
(B) o risco de desenvolver epilepsia é alto, se a criança tiver outras
crises como esta.
(C) as crises não produzem lesão estrutural no sistema nervoso ou
déficit cognitivo.
(D) é importante realizar um eletroencefalograma nos primeiros dias,
após a crise.
 
Comentário:
Crises febris simples (aquelas que duram até́ 5 minutos) não produzem
lesão estrutural no sistema nervoso ou déficit cognitivo.
Destaca-se que há́ um grande estigma associado à epilepsia e às
convulsões – preconceitos, vergonhas, dúvidas manifestadas verbalmente
ou na postura e atitude diante da pessoa, especialmente nas relações
sociais e de trabalho. As pessoas não têm informação adequada sobre
epilepsia e crises, a despeito de informações suficientes do tratamento. O
sofrimento resultante leva a discriminação, restrições e diferenciações que
podem transtornar a saúde mental.
O médico de família e comunidade deve acolher a pessoa e sua família
para esclarecer dúvidas e outras demandas, fazendo colocações como:
“Este quadro é bastante frequente, mas muitas pessoas têm dúvidas sobre
se é grave ou se as crianças que apresentam epilepsia são menos
inteligentes. Você teria alguma dúvida nesse sentido ou qualquer outra que
eu possa ajudar a esclarecer? ”
 
Resposta Letra C
 
(Gustavo 1855, 1865)
 
Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de
Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012.
VitalBook file.
25. Entre as condutas descritas abaixo, a que pode ser considerada
adequada para o caso, é
(A) a administração profilática de Diazepam, via retal, se febre e, a
cada 12 h, enquanto essa permanecer acima de 38 °C.
(B) o uso de valproato, de forma continuada, ao menos até a criança
completar 5 anos de idade.
(C) o uso de fenobarbital, de forma continuada, ao menos até a criança
completar 5 anos de idade.
(D) a adoção de conduta expectante e, em caso de febre, administrar
paracetamol, caso a temperatura axilar ultrapasse 38,5 °C.
 
Comentário:
Nas situações em que haja grande ansiedade paterna em relação à
convulsão febril, o diazepam intermitente oral no início da doença febril
pode ser eficaz na prevenção da recorrência, na dosagem de 0,2 a 0,5
mg/kg/dose, 2 ou 3 vezes ao dia. Apesar de antitérmicos melhorarem o
conforto da criança, a terapia antipirética não previne a recorrência de
convulsões febris
 
Resposta Letra A
 
(Gustavo 1860)
 
Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de
Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012.
VitalBook file.
 
 
APÓS A VISUALIZAÇÃO DO VÍDEO 6, RESPONDA ÀS QUESTÕES DE
26 A 30.
 
Personagens:
MFC: Suzane, 25 anos.
Paciente: Olinda, 50 anos.
 
Diálogo
 
– MFC: Olá Dona Olinda, como vai?
– Olinda: Oi Dra., você é nova por aqui, né?
– MFC: Sim, iniciei semana passada.
– Olinda: Ah, que bom, espero que fique um bom tempo. Eu vou bem, mas
ando meio esquecida. Na verdade, estou vindo aqui só para pegar as
minhas receitas de sempre. Preciso dos remédios da pressão, da tireoide,
a aas, o omeprazol, a sinvastatina e o paracetamol. Ah ... e principalmente
o diazepam. Sabe que não fico sem o remédio, se não, eu não durmo.
– MFC: Huhum ...
– Olinda: O diazepam vai acabar amanhã, ainda bem que eu consegui vir
hoje.
– MFC: Estou vendo aqui que a senhora usa 2 comprimidos de 10 mg, por
dia, certo? E vi que o Dr. Carlos, que trabalhava aqui na unidade, tirou a
medicação da senhora o ano passado.
– Olinda: Isso mesmo ... há uns anos atrás eu usava um só, daí tive de
passar para dois para dormir melhor, daí ele achou demais e tentamos tirar.
– MFC: Porque a senhora voltou a usar?
– Olinda: Ah Dra., não consigo ficar sem, da outra vez que o Dr. Carlos
tirou, no segundo dia sem eu já passei mal.
– MFC: Mas, a senhora tem que parar.
– Olinda: Eu bem que queria parar. Mas eu acho que não consigo Dra.
Desde que meu marido morreu eu tenho que tomar.
– MFC: Mas, a sra. tem que parar. Não tem jeito. A senhora já está
dependente desse medicamento. Esse remédio é muito perigoso.
– Olinda: Dra., já tentei e não consegui.
– MFC: Tudo bem. Posso fazer a receita agora. Mas, vamos ter que
conversar para as próximas. Vou deixar menos comprimidos.
– Olinda: Certo Dra., eu agradeço muito.
26. Em relação à comunicação clínica nesta entrevista, assinale a
alternativa correta.
(A) A médica formulou perguntas que facilitaram a expressão de
preocupações do paciente.
(B) A médica explorou o illness do paciente.
(C) A médica apresentou atitudes defensivas que se correlacionam
com a transferência.
(D) A médica tem um estilo de relação clínica autocentrado na maior
parte do tempo.
 
Comentário:
(...)
– Olinda: (...) Eu vou bem, mas ando meio esquecida. Preciso dos
remédios (...). Ah ... e principalmente o diazepam. Sabe que não fico sem o
remédio, se não, eu não durmo.
(...)
– MFC: Estou vendo aqui que a senhora usa 2 comprimidos de 10 mg, por
dia, certo? E vi que o Dr. Carlos, que trabalhava aqui na unidade, tirou a
medicação da senhora o ano passado.
– Olinda: Eu bem que queria parar. Mas eu acho que não consigo Dra.
Desde que meu marido morreu eu tenho que tomar.
– MFC: Mas, a sra. tem que parar. Não tem jeito. A senhora já está
dependente desse medicamento. Esse remédio é muito perigoso.
– Olinda: Dra., já tentei e não consegui.
– MFC: Tudo bem. Posso fazer a receita agora. Mas, vamos ter que
conversar para as próximas. Vou deixar menos comprimidos.
(...)
 
A médica tem um estilo de relação clínica autocentrado na maior parte do
tempo (trechos que caracterizam o estilo estão em destaque). O estilo
autocentrado quer dizer, um estilo baseado em definir um problema e
aplicar uma receita de livro.
São características deste estilo de relação clínica:
– Metas clínicas orientadas a resolver problemas
– Baseado na demanda recebida
– A relação estabelecida é um elemento técnico de suporte
– As decisões são tomadas pelo médico, com escassa ou nula
participação da pessoaResposta Letra D
 
(Gustavo 153, 154)
 
Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de
Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012.
VitalBook file.
 
 
27. Em relação à renovação de receita de benzodiazepínicos, neste
caso, a médica
(A) estava correta em tentar realizar a desprescrição o mais rápido
possível.
(B) elaborou um plano em conjunto com a paciente sobre o manejo
dos problemas.
(C) abordou as barreiras do paciente para a desprescrição.
(D) considerou o pedido da paciente em não reduzir a medicação,
imediatamente.
 
Comentário:
– MFC: Tudo bem. Posso fazer a receita agora. Mas, vamos ter que
conversar para as próximas. Vou deixar menos comprimidos.
– Olinda: Certo Dra., eu agradeço muito.
 
Resposta Letra D
28. A melhor abordagem inicial para a mudança de comportamento em
relação ao uso do medicamento nesse caso, é
(A) focar nos resultados.
(B) confrontar a negação.
(C) abordar a ambivalência.
(D) repetir o aconselhamento.
Comentário:
A melhor abordagem inicial para a mudança de comportamento em relação
ao uso do Benzodiazepínico é vincular-se à pessoa a fim de que ela se
posicione em relação aos hábitos que precisa mudar. Além disso, deve-se
colocar a pessoa no processo de mudança e usar estratégias de
comunicação adaptados a sua necessidade. A médica poderia abordar
como por exemplo: “Você sabia que o diazepam está relacionado com a
perda de memória”?
Em uma etapa posterior, a médica deve promover a consciência da pessoa
para seu comportamento e assim, aumentar os níveis de contradição entre
suas crenças e suas ações e, por conseguinte, aumentar seus níveis de
conflito. Devendo ainda trabalhar a ambivalência, a autoeficácia e apoiá-la
por meio de ajuda ativa. Dessa maneira, médica poderia abordar como por
exemplo: “Você entende que tomar 2 comprimidos toda a noite pode estar
te tornando meio esquecida. Que tal diminuirmos esta medicação? Estou
aqui para ajudá-la!”
 
Resposta Letra C
 
 
(Gustavo 575)
 
Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de
Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012.
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29. Sobre o uso de benzodiazepínico, você, como MFC, poderia
orientá-la que
(A) como é um medicamento depressor do sistema nervoso central,
sua margem de segurança é pequena e o esquecimento causado pelo
próprio medicamento pode levar ao uso de quantidades letais do
mesmo.
(B) a dose que está sendo utilizada pela paciente de 20 mg ao dia é
maior do que a dose máxima permitida e por isso não poderia se
manter a prescrição nesta quantidade.
(C) deveria-se avaliar a possibilidade da troca de diazepam por
alprazolam, pois é um medicamento com menor potencial de
toxicidade e, então, mais seguro para paciente, tendo em vista ela
apresentar esquecimento.
(D) ela pode ter desenvolvido uma tolerância para os efeitos
hipnóticos e sedativos e não para o efeito de prejuízo na memória, o
que explicaria em parte os sintomas relatados e o aumento da dose do
medicamento.
 
Comentário:
O uso de benzodiazepínico pode causar efeitos colaterais, como amnésia
anterógrada e induzir tolerância e abstinência
 
Resposta Letra D
 
(Gustavo 1918)
Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de
Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012.
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30. A conduta adequada para este caso, é orientar
(A) a paciente, criar um vínculo e conversar em outra oportunidade
sobre a possibilidade da retirada do medicamento, que deverá ser
pactuada com a paciente e realizada de forma gradual.
(B) a paciente que o procedimento do outro médico não foi adequado,
pois não foi fornecido apoio psicossocial a ela, e que deve retirar o
medicamento, contando com o apoio da psicóloga do NASF.
(C) que a dose do medicamento é excessiva e informar que a
prescrição não pode ser feita; encaminhar a paciente para um
psiquiatra para retirada do medicamento.
(D) a paciente que existem medicamentos mais modernos para tratar o
problema dela e que ela poderia trocar diazepam por um fármaco
inibidor seletivo da recaptação da serotonina.
 
Comentário:
A melhor abordagem inicial para a mudança de comportamento em relação
ao uso do Benzodiazepínico é criar um vínculo e conversar a com a pessoa
a fim de que ela se posicione em relação aos hábitos que precisa mudar.
 
Em outra oportunidade a médica deve colocar a pessoa no processo de
mudança e usar estratégias de comunicação adaptados a sua
necessidade. A médica poderia abordar como por exemplo: “Você sabia
que o diazepam está relacionado com a perda de memória”?
Em uma etapa posterior, a médica deve colocar a possibilidade da retirada
do medicamento, que deverá ser pactuada com a paciente e realizada de
forma gradual. Dessa maneira, médica poderia abordar como por exemplo:
“Você entende que tomar 2 comprimidos toda a noite pode estar te
tornando meio esquecida. Que tal diminuirmos esta medicação? Estou aqui
para ajudá-la! ”
É muito importante que a retirada do medicamento seja pactuada com a
paciente pois reduções grandes ou frequentes na dose dos
benzodiazepínicos estão entre os erros mais comumente acometidos na
prescrição dos Benzodiazepínicos 
 
ERROS MAIS FREQUENTEMENTE COMETIDOS
Não retirar os benzodiazepínicos após estabilização sintomática dos
transtornos psiquiátricos e/ou correção dos fatores envolvidos na
insônia.
Fazer reduções grandes ou frequentes na dose dos benzo-
diazepínicos.
Prescrever uso crônico de benzodiazepínicos em vez das alternativas
com menor risco de dependência ou efeitos cognitivos.
Usar benzodiazepínicos em pessoas com a Apneia Obstrutiva Do Sono.
 
Resposta Letra A
 
 
(Gustavo 575, 1917, 1918)
 
Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de
Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012.
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31. No processo de maturidade do MFC na relação clínica, algumas
atitudes profissionais podem tanto proteger como também contribuir
para a síndrome do burnout. Assinale a atitude que aumenta o risco
de síndrome de burnout na prática da MFC.
(A) Adequar os recursos diagnósticos e terapêuticos às necessidades
das pessoas, utilizando-se da perspectiva biopsicossocial.
(B) Manter isenção de elogios e críticas de pessoas ou da instituição,
utilizando como motivação a convicção interna de realizar bem o seu
trabalho.
(C) Fazer da pessoa um objeto para a obtenção de determinados fins,
como científicos, docentes, de investigação ou como reforço da
onipotência médica.
(D) Ampliar seu leque diagnóstico, por lidar com patologias em
estágios iniciais e indiferenciados, aprimorando a sua capacidade de
realizar diagnósticos diferenciais.
 
Comentário:
Para evitar a Síndrome Do Burnout (estafa), o profissional deve estar
consciente dos perigos que o cercam:
Pensar nos demais em termos excessivamente idealistas, realizando
sacrifícios pessoais que a longo prazo não poderá́ sustentar;
Ter uma visão idealizada de si mesmo, ver-se carente de hostilidade ou
acima das humilhações que às vezes recebe;
Aceitar a imagem que as pessoas buscam nele, por exemplo, imagens
de onipotência, ou de dependência, quando não está preparado para
assumir problemas;
Participar do sofrimento do doente sem nenhum distanciamento
emocional, sentindo-se ferido pelo sofrimento do outro;
Fazer da pessoa um objeto para conseguir determinados fins, sejam
científicos, docentes, de investigação ou de lucro pessoal;
Utilizar a relação clínica como um meio de conseguir aplausos e
admiração, isto é, como um meio para cultivar seu narcisismo;
Utilizar a relação clínica como meio para amenizar sentimentos de
culpa.
Em quaisquer dessas circunstâncias, o médico acabará, a longo prazo,
com claros sintomas de cansaço, tédio, aborrecimento ou irritação,
sentimentos que projetará na instituição para a qual trabalha, contra as
pessoas que atende ou contra si mesmo. Em tais circunstâncias, ninguém
poderá́ cuidar dele se ele não começar a cuidar de si mesmo e de seus
companheiros de equipe.
 
Resposta LetraC
 
(Gustavo 156)
 
Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de
Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012.
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As questões 32 a 34 referem-se às histórias abaixo.
 
História I
 
“Quase 70 anos, aniversariando no dia da consulta. Fez uma dosagem
de PSA por conta própria há alguns meses, deu normal. Ainda assim
foi atrás de uma ultrassonografia ‘pra ter certeza que estava tudo
bem’. Pagou do próprio bolso, não perguntei quanto. Parecia nervoso.
Nesses casos olho o exame rápido e, estando tudo bem, já tranquilizo
a pessoa pra acabar o suspense e poder conversar tranquilo. No
exame a próstata estava ligeiramente aumentada, mas sem nenhuma
outra alteração, então eu disse que estava tudo bem, só um aumento
da próstata que era comum na idade dele, que não significava nada
demais. Comentei que ele parecia preocupado, e perguntei o porquê.
Respondeu que as filhas ficavam insistindo pra ele se cuidar. Então eu
disse, em tom de brincadeira que a gente pra se cuidar precisava de
um tanto de coisa, mas que com esse bláblá- blá na TV por esses dias
parecia que a gente tinha virado só uma próstata. Ele riu, concordou,
bom sinal. Então perguntei se tinha algo mais além da próstata
incomodando-o, respondeu que não. Me coloquei à disposição, fiquei
de pé e estendi a mão, e ganhei um abraço. Tímido, vocês imaginam
como é abraço de homem que não se conhece direito. Mas um abraço
de alívio, sincero. Desejei feliz aniversário de novo, perguntei se ia ter
festa e disse que aproveitasse bem. Ele sorriu, agradeceu, me desejou
tudo de bom e saiu da sala”.
 
História II
 
“Quase 20 anos, veio pedir exames de rotina. Eu gosto desse pedido
de exames de rotina, porque me dá a deixa para perguntar bastante
sobre a rotina antes de pensar o que devo examinar. Pois perguntei, e
o máximo que identifiquei foi uma queixa de dor ao ter relações por
causa de uma fimose. Expliquei que poderia encaminhá-lo para
resolver isso, e que em relação a exames de rotina, os mais
importantes na idade dele eram os de rastreio de infecções
sexualmente transmissíveis. Ele sorriu, mas aquele sorriso
desconfiado, sabe? Perguntei se tinha relações protegidas, se o
assunto o preocupava. Me disse que sim, que ocasionalmente tinha
relações sem camisinha, raramente, mas tinha, e que ultimamente
fazia mais o papel passivo com o parceiro já que a fimose incomodava
bastante quando tinha ereções. Expliquei sobre os riscos, mas não
parecia necessário fazê-lo, ele já sabia. Ofereci testagem rápida, e
comentei: ‘nada melhor do que a gente saber logo, né? Esperar muito
tempo por exame é ruim …’. Ele sorriu, concordou, e foi fazer o teste.
Deu negativo”.
História III
 
“Quase 50 anos, veio saber se o PSA que solicitaram para ele estava
normal. Pelo que vi, estava. Olhei o prontuário e vi que havia história
de epilepsia. Perguntei há quantos anos usava o medicamento sem ter
crises, disse que há uns 3 anos. Toma só um comprimido por dia, e
acha que o comprimido o deixa meio …‘devagar’, se é que vocês me
entendem (aliás, entendem ele). Perguntei se queria tentar uma
retirada lenta do medicamento para as crises, e o olho brilhou. ‘E
pode?’. ‘Pode’. Dei orientações sobre a redução gradual da dose e
agendei retornos semanais para vermos como as coisas andam. Saiu
feliz”.
 
(Rodrigo Lima, Historinhas Azuis. Causos Clínicos – História da
Medicina de Família e Comunidade. Disponível em: <
https://causosclinicos.wordpress.com/2016/11/23/historinhas-azuis/>.
Acesso em 28 de maio de 2017).
32. As metodologias e ferramentas predominantes utilizadas pelo
MFC, respectivamente, nas histórias I, II e III, são:
(A) Prevenção Quaternária, Prevenção Terciária e Desprescrição.
(B) Prevenção Quaternária, Prevenção Secundária e Desprescrição.
(C) Método Clínico Centrado na Pessoa, Prevenção Terciária e
Desprescrição.
(D) Método Clínico Centrado na Pessoa, Prevenção Secundária e
Disease Mongering
 
Comentário:
História I
 
“Quase 70 anos, aniversariando no dia da consulta. Fez uma dosagem de
PSA por conta própria há alguns meses, deu normal. Ainda assim foi atrás
de uma ultrassonografia (...). No exame a próstata estava ligeiramente
aumentada, mas sem nenhuma outra alteração, então eu disse que estava
tudo bem, só um aumento da próstata que era comum na idade dele, que
não significava nada demais. (...).
 
Prevenção Quaternária
Ação feita para identificar um paciente ou população em risco de
supermedicalização, para protegê-los de uma intervenção médica invasiva
e sugerir procedimentos científica e eticamente aceitáveis.
 
No caso o paciente já estava quase da faixa etária de 70 anos a qual não
se indica mais exames de rastreio de câncer de próstata, não há relato de
história anterior da doença. O resultado do PSA informado foi normal e o
exame de toque retal apresentou aumento prostático compatível com a
idade. A conduta conservadora do médico é compatível com uma medida
de Prevenção Quaternária.
 
 
 
 
História II
 
(...) identifiquei foi uma queixa de dor ao ter relações por causa de uma
fimose. Expliquei que poderia encaminhá-lo para resolver isso, e que em
relação a exames de rotina, os mais importantes na idade dele eram os de
rastreio de infecções sexualmente transmissíveis. (...). Perguntei se tinha
relações protegidas, se o assunto o preocupava. Me disse que sim, que
ocasionalmente tinha relações sem camisinha, raramente, mas tinha, e que
ultimamente fazia mais o papel passivo com o parceiro já que a fimose
incomodava bastante quando tinha ereções. Expliquei sobre os riscos, (...).
Ofereci testagem rápida, e comentei: ‘nada melhor do que a gente saber
logo, né? Esperar muito tempo por exame é ruim …’. (...)
 
Prevenção Secundária
Ação realizada para detectar um problema de saúde em estágio inicial (No
caso, a Fimose e rastreio de DSTs) em um indivíduo ou população,
facilitando, dessa forma, a cura, ou reduzindo ou prevenindo que se
espalhe ou cause efeitos de longo prazo (p. ex., métodos, triagem, busca
de casos e diagnóstico precoce).
 
História III
 
(...) vi que havia história de epilepsia. Perguntei há quantos anos usava o
medicamento sem ter crises, disse que há uns 3 anos. Toma só um
comprimido por dia, e acha que o comprimido o deixa meio …‘devagar’, se
é que vocês me entendem (aliás, entendem ele). Perguntei se queria tentar
uma retirada lenta do medicamento para as crises, e o olho brilhou. ‘E
pode?’. ‘Pode’. Dei orientações sobre a redução gradual da dose e agendei
retornos semanais para vermos como as coisas andam. Saiu feliz
 
Desprescrição
A desprescrição é o processo de desmontagem da prescrição de
medicamentos por meio de sua revisão e análise, levando à modificação de
dosagens, à substituição ou eliminação de alguns fármacos e à adição de
outros. Um paciente com história de Epilepsia, mas sem crise há 3 anos,
abre indicação para uma desprescrição do fármaco.
 
Resposta Letra B
 
(Gustavo 232,852)
 
Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de
Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012.
VitalBook file.
 
 
 
 
 
33. Na história I, quando o autor diz: “Então perguntei se tinha algo
mais além da próstata incomodando-o, ...”, a intenção do MFC ao fazer
a pergunta, é
(A) ser assertivo, utilizando a noção de timing.
(B) gerir o tempo da consulta, sendo realista.
(C) explorar a experiência com a doença, fazendo perguntas abertas.
(D) oferecer uma abordagem informativa na consulta, a fim de reduzir
a falta de entendimento do paciente às explicações e mostrar-se
cordial.
 
Comentário:
(...). Nesses casos olho o exame rápido e, estando tudo bem, já tranquilizo
a pessoa pra acabar o suspense e poder conversar tranquilo. No exame a
próstata estava ligeiramente aumentada, mas sem nenhuma outra
alteração, então eu disse que estava tudo bem, só um aumento da próstata
que era comum na idade dele, que não significava nada demais. Comentei
que ele parecia preocupado, e perguntei o porquê. Respondeu que as
filhas ficavam insistindo pra elese cuidar. Então eu disse, em tom de
brincadeira que a gente pra se cuidar precisava de um tanto de coisa, mas
que com esse bláblá- blá na TV por esses dias parecia que a gente tinha
virado só uma próstata. Ele riu, concordou, bom sinal. Então perguntei se
tinha algo mais além da próstata incomodando-o, respondeu que não. (...)
 
Uma primeira habilidade que deve ser treinada e aprimorada
constantemente é a gestão do tempo. Após o médico ter sido claro em
dizer que a alteração encontrada no exame físico estava compatível com a
idade do paciente, desmistificou os temores pela doença fruto do excesso
de publicidade. Desta maneira ganhou tempo, foi realista com o paciente e
direcionou a entrevista para uma nova queixa.
 
Resposta Letra B
(Gustavo 188)
Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de
Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012.
VitalBook file.
34. Imagine que a testagem rápida do paciente da história II foi
positiva para HIV, com demais testes negativos, sem fatores de
gravidade, e ele se mostre ciente do diagnóstico e verbalize que vai
aderir ao tratamento e se comprometer imediatamente com o plano
terapêutico.
Assinale a alternativa que mostra, respectivamente, o estágio de
mudança de comportamento do modelo transteórico de Prochaska e
DiClemente e a terapia antirretroviral atual, recomendada para esse
paciente.
(A) Contemplação; tenofovir + lamivudina + dolutegravir.
(B) Preparação; tenofovir + lamivudina + dolutegravir.
(C) Preparação; tenofovir + lamivudina + efavirenz.
(D) Barganha; zidovudina + lamivudina + efavirenz.
 
Comentário:
Modelo Transteórico De Prochaska E Diclemente
Imagine que a testagem rápida do paciente da história II foi positiva para
HIV, com demais testes negativos, sem fatores de gravidade, e ele se
mostre ciente do diagnóstico e verbalize que vai aderir ao tratamento e se
comprometer imediatamente com o plano terapêutico.
 
Desenvolvido pesquisadores Prochaska e DiClemente, o Modelo
Transteórico (MTT) engloba diferentes teorias da Psicologia Social. É
constituído por quatro construtos: Estágios de Mudança do
Comportamento, Processos de Mudança, Equilíbrio de decisões e
Autoeficácia. Os construtos são conceitos essenciais ligados a uma teoria
ou área de estudo, como o MTT.
 
O construto Estágios de Mudança de Comportamento do MTT é composto
por cinco estágios:
 
1. Pré-contemplação (I won’t – eu não quero): não considera a
possibilidade de mudar, nem se preocupa com a questão.
2. Contemplação (I might – eu deveria): admite o problema, é
ambivalente e considera adotar mudanças eventualmente (nos
próximos 6 meses).
3. Preparação (I will – eu irei): inicia algumas mudanças, planeja, cria
condições para mudar, revisa tentativas passadas (nos próximos 30
dias).
4. Ação (I am – eu estou): implementa mudanças ambientais e
comportamentais, investe tempo e energia na execução da mudança
(a mudança ocorreu há́ menos de 6 meses).
5. Manutenção (I have – eu tenho que) (a mudança ocorreu há́ mais de
6 meses): processo de continuidade do trabalho iniciado com ação,
para manter os ganhos e prevenir uma recaída.
 
Terapia Antirretroviral Atual
 
O esquema de primeira escolha desde 2017 deve combinar dois inibidores
nucleosídeos da transcriptase reversa (ITRN) a um inibidor da integrasse.
 
A associação de tenofovir 300 mg/dia com lamivudina 300 mg/dia é a dupla
é de ITRN preferencial, associado ao inibidor da integrase dolutegravir
50mg/dia. Este é o esquema preferencial para início do tratamento em
adultos.
 
Já o efavirenz deve ser usado somente em situações excepcionais
(exposição grave a paciente-fonte HIV+, com resistência potencial aos IP),
após avaliação de especialistas no manejo da infecção pelo HIV. Existe
risco de teratogenicidade com EFV; portanto, quando prescrito para
mulheres em idade fértil, deve-se descartar a possibilidade de gravidez.
 
São as indicações do novo medicamento para HIV – Dolutegravir:
Crianças acima de 12 anos e mais de 40kg
Pessoas nunca tratadas e que vão começar o tratamento a partir de
16/01/17.
Pessoas que tem falha terapêutica com o Efavirenz (carga viral
detectável após 6 meses de tratamento diário)
Pessoas que possuem alguma contraindicação ao Efavirenz
Pessoas com efeitos adversos importantes ao Efavirenz
Pessoas com intolerância ao Efavirenz
 
Exemplos de contraindicação ao Efavirenz:
Pessoas com problemas psiquiátricos como esquizofrenia.
Pessoas com alergia ao remédio
Pessoas que trabalham a noite e não podem dormir em serviço como
Pessoas com outros problemas de saúde e que tomam outras
medicações que interagem com o Efavirenz
Usuárias dos seguintes medicamentos: Fenitoína, Fenobarbital,
Oxicarbamazepina, Carbamazepina, Dofetilida, pilsicainida,
 
Exemplos de sintomas que o Efavirenz pode causar:
Depressão, Agressividade ou outras alterações do humor
Sonolência durante o dia
Alucinações
Confusão, despersonalização
Pesadelos
Perda de memória
 
A terapia antirretroviral atual, recomendada para esse paciente é:
tenofovir + lamivudina + dolutegravir.
 
Resposta Letra B
(Gustavo 571)
 
Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de
Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012.
VitalBook file.
 
Nota informativa Nº007/2017-DDAHV/SVS/MS
http://azt.aids.gov.br/documentos/siclom_operacional/Nota%20Informativa%
20007%20-%20protocolo%20de%20uso%20ARV%20-%202017.pdf
http://azt.aids.gov.br/documentos/siclom_operacional/Nota%20Informativa%20007%20-%20protocolo%20de%20uso%20ARV%20-%202017.pdf
 
Dra. Keilla Freitas
https://www.drakeillafreitas.com.br/novo-medicamento-para-hiv-dolutegravir/
https://www.drakeillafreitas.com.br/
35. No tratamento da pessoa com DPOC, o melhor preditor do risco de
exacerbação, é
(A) refluxo gastroesofágico.
(B) mudança da pontuação na escala CURB-65.
(C) ocorrência de exacerbações no ano anterior.
(D) pior qualidade de vida, medida por questionário respiratório
específico.
 
Comentário:
 
PREDITORES E MARCADORES DE MORBIMORTALIDADE
UTILIZADOS NO MANEJO DA DPOC
 
PREDITORES/DESFECHOS MEDIDA UTILIZADA
Função pulmonar
 
Volume expiratório forçado no primeiro
segundo (VEF1)
Volumes pulmonares
 
CPT, CRF, VR, CI
Capacidade de exercício
 
Teste de caminhada dos 6 minutos,
ergometria
Grau de atividade física
 
Sensores de atividade física (contagem de
passos/dia)
Estado geral de saúde
 
Questionário Respiratório de St. George,
Questionário de Doença Respiratória
Crônica (CRQ) Questionário Clínico de
DPOC (CCQ)
Dispnéia Escala do MRC
Escala de Borg
Exacerbações Número de exacerbações por ano
 
Escore multidimensional
 
Escore BODE – BMI (IMC), Obstrução
(VEF1), Dispneia (MRC), Exercício (teste
da caminhada de 6 minutos)
 
Mortalidade Mortalidade específica ou por todas as
causas
 
Resposta Letra C
(Gustavo 1210)
Gustavo, GUSSO,, LOPES, José Mauro Ceratti organizadores. Tratado de
Medicina de Família e Comunidade – 2 Volumes. ArtMed, 01/2012.
VitalBook file.
36. Homem, 33 anos, sem comorbidades, é trazido por familiares em
consulta de urgência na Unidade de Saúde, sendo atendido pelo R1
em MFC. Nas últimas 24 horas, passou a apresentar tosse, febre não
aferida, calafrios, dor pleurítica de leve intensidade e crepitações
pulmonares na ausculta pulmonar. Na triagem, apresentou saturação
de oxigênio por oximetria de pulso de 97% em ar ambiente, frequência
respiratória de 27 mrpm, e pressão arterial de 120/80 mmHg. A
conduta mais adequada a ser tomada pelo R1, é
(A) realizar o tratamento do paciente na Atenção Primária com
Penicilina G Benzatina 1,2 milhão de UI, via intramuscular, em dose
única.
(B) manter o tratamento do paciente na Atenção Primária com
Azitromicina 500 mg via oral, a cada 24 horas, por 3 dias.
(C) encaminhar o paciente para internação hospitalar com vistas à
antibioticoterapia intravenosa, preferencialmente uma quinolona de
terceira geração.
(D) manter o tratamento do paciente na Atenção Primária com
Levofloxacino 500 mg via oral, a cada 24 horas, por 7 dias.

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