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DISCIPLINA CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL PROFª SUZETE PITOMBEIRA TRABALHO ESCRITO INDIVIDUAL (AP1) - ANÁLISE FÍLMICA A partir do filme RECÉM CHEGADA (com Renée Zellweger), e após leitura dos textos: 1-CULTURA SUBCULTURA E CONTRACULTURA ORGANIZACIONAL, 2- CULTURA ORGANIZACIONAL 3-MUDANÇA ORGANIZACIONAL, 4-GERENCIANDO A DIVERSIDADE CULTURAL Aluna: Jéssica Dantas de Andrade - 409954 O filme Recém Chegada (2009) retrata a história de uma executiva ambiciosa, chamada Lucy Hill (Renée Zellweger) que atua em Miami numa grande corporação, e objetiva se tornar vice-presidente para seguir os passos de seu pai. A história da protagonista tem início quando ela aceita uma oferta de trabalho temporário numa fábrica de Minnesota que está enfrentando um processo de reestruturação. Apesar da ideia de ir para uma cidade pequena, é uma oportunidade que gerará pontos em prol dos seus objetivos. A problemática começa quando ao chegar lá, o lugar e as pessoas são piores do que ela imaginava. 1- Destacar aspectos da cultura organizacional da fábrica apresentada no filme, de acordo com as dimensões de Hoffested; O primeiro ponto que achei pertinente quanto aos estudos de Hoffested, é de que segundo ele, a discrepância do comportamento das pessoas inseridas num mesmo contexto ocorre devido às diferenças culturais. E no final fica bastante evidente essa explicação, pois quando Lucy chega em Minnesota tudo parece afetá-la, o clima, os hábitos dos habitantes locais, a culinária, etc. Mas em contraponto, as pessoas que já moravam na cidade achavam ótimo e normal aquela vida que aos olhos de Lucy, vinda de Miami, era um cenário pacato. Com A Teoria das Dimensões Culturais, Hoffested buscou embasar a análise das variáveis capazes de afetar o comportamento, fazendo uma relação com a cultura. A teoria apresenta seis Dimensões Culturais: Distância do poder, Individualismo versus Coletivismo,Aversão à Incerteza, Masculinidade versus Feminilidade, Orientação em Longo Prazo e Complacência versus Repressão: ● A Distância do Poder como as pessoas que não possuem poder se comportam diante daquelas que o detém. Há dois cenários:baixo índice de distância do poder e o contrário, o alto índice. Analisando o filme, percebo que a fábrica de Minnesota, antes da presença inicialmente de Lucy, possuía baixo índice de distância do poder, os operários lidavam bem com o supervisor Stu, o filme permite perceber que todos convivem bem e não havia disputas entre si, até por ser retratado pessoas simples e com forte crença cristã. Mas a partir do momento que Lucy chega à fábrica, adotando uma postura impositiva e não aberta ao jeito dos demais, há presença maior de distanciamento. ● Individualismo versus coletivismo: como já descrito no ponto anterior, a dinâmica de relacionamento das pessoas da fábrica é de coletivismo, união. Não há cena em que um operário ou outro busque agir de forma individual. Exceto quando Lucy chega à cidade. O mundo corporativo em que ela atua em Miami, possui uma forma de trabalho totalmente diferente da que é vivenciada na fábrica: há competição por interesses e pouca importância com o próximo. Quando Lucy percebe a cultura das pessoas da fábrica de Minnesota ela tem um choque de realidade. Um dos exemplos em que ela foi individualista foi quando recebeu ordens do escritório de Miami de que fizesse uma lista de demissão (50% dos operários) e ela começou a anotar as pessoas as quais ela não havia gostado do "jeito" ou acreditava ter motivos plausíveis para demiti-los. Porém, com o tempo, ela foi buscando agir em prol do grupo, fosse na esfera de Minnesota ou no âmbito de trabalho, exemplo: ela se uniu ao coral para cantar no Natal, se preocupou quando o escritório de Miami decidi fechar a fábrica e buscou encontrar formas de ajudar os operários para que não perdessem seus empregos); ● Aversão à incerteza corresponde a como as pessoas ligam em situações desconhecidas: quando Lucy chega à fábrica, Stu (o supervisor) logo fala que é questão de tempo para que as pessoas começassem a ser demitidas pois pessoas de Miami não se deslocavam a toa até Minnesota. Obviamente, as pessoas agiam de forma desconfortável, distante e até buscando ignorar as ordens ou tentativa de imposição de Lucy. Mais para o final do filme, mesmo com a reviravolta dela ter criado um sentimento de pertencimento e identificação com as pessoas da cidade, ao voltar para tal lugar com a notícia sobre a posse da fábrica, as pessoas novamente mostraram aversão a ideia, mesmo que por instantes, mas houve desconfiança; ● Masculinidade versus feminilidade: em sociedade que a masculinidade é mais presente há a cultura de competição entre si, um exemplo clássico do filme são as cenas em que a Lucy é a única mulher a mesa no escritório de Miami. Apesar da fábrica possuir em sua maioria homens, não consegui enxergar tanto a competitividade. Já quando se trata da presença da feminilidade, há uma maior preocupação de construir boas relações e melhor qualidade de vida a todos, uma das primeiras cenas do filme me permitiu perceber a força e união das mulheres no filme, que é quando Blanche está a mesa com sua família e Trude (a corretora). Enquanto seu marido e filho assistem futebol na sala, em silêncio; Blanche e as demais estão na mesa conversando, fofocando e rindo juntas. Além dos momento em que Blanche estava sendo tentando ser uma secretária amistosa para Lucy, demonstrando cuidado e preocupação; ● Há o pensamento a longo prazo é a curto, como já sabemos. Sociedades que possuem a orientação para uma visão a longo prazo são mais cautelosas, cada pessoa possui sua função, os mais velhos devem ser respeitados e as relações são valorizadas, uma visão muito característica às pessoas de Minnesota retratadas no filme nas relações familiares, de amizades e vínculos laborais. Algo que me fez enxergar ainda mais sobre foi quando Bluche descobre que Lucy havia feito uma lista de demissões em segredo, e para Blunch o que pesou mais foi a deslealdade de Lucy do que o segundo fato, não apenas ela se sentiu assim mas todos os que descobriram essa grana inicial de Lucy. Um exemplo de visão a curto prazo, foi quando Lucy descobriu que o escritório de Miami iria fechar a fábrica e ela decidiu pensar numa ideia que fosse boa o bastante para reerguer a fábrica em 1 mês. E quando descobriu que após o sucesso, iriam vender a fábrica, ela volta a Minnesota para contar o seu plano de fazer de uma forma que as próprias pessoas locais conseguissem comprar a fábrica, assim mais ninguém tiraria ou arriscaria a retirada da principal geradora de empregos da região, uma visão a longo prazo. ● Quanto à complacência e repressão, acredito que o escritório no qual Lucy trabalhava era repressor, Lucy tinha seus comportamentos reprimidos principalmente por estar num contexto em que os homens a viam como inferior (isso é possível interpretar através da forma como a tratavam). Já na cidade de Minnesota as pessoas eram complacentes, as pessoas buscavam a felicidade e qualidade de vida, exemplo disso foi quanto Stu decretou folga num dia que tinha relação com um feriado estadual e as pessoas não foram para a fábrica para se reunirem e pescar, isso as deixavam felizes; quando Blunch se reunião nos jantares com familiares e amigos, ou cozinhava para compartilhar com os demais, as pessoas tinham hábitos de vida simples mas de auto realização; 2-Exemplificar cenas do filme em que são percebidas situações de subcultura e contracultura; As subculturas podem ser compreendidas como subdivisões da cultura macro, característica das organizações e sociedades, afinal as pessoas e seus jeitos são diversos e vão se unindo de acordo com o grau de conexão entre si. Segundo Fraga (1990, p.23), quando falamos em subculturas, a diversidade inerente a tal, favorece a convivência e complementaridade, "unicidade na multiciplicidade". Já a contracultura, de acordo com Lyles e Schwerk (1992), são estruturas periféricas que coexistem com a cultura, apresentando grau de ruptura em relação a tal. Ou seja, é adivergência ou negação a cultura. Cenas do filme que me fizeram visualizar as subculturas foram: ● Em Miami, no escritório, todos esboçam características de um mundo corporativo típico: bater metas, atingir resultados, agir em prol dos interesses de promoção pessoal e etc. Porém, como já citei, tal escritório é mostrado pela sua constituição de membros em que a maioria são homens, e estes agem de forma mais fria, impessoal, não demonstram empatia etc, não possuem estilo inovador ou criativo, são tradicionais e engessados. Já Lucy, demonstra um jeito similar em partes, mas diferente pela delicadeza que possui, de certo modo, por ter o objetivo de seguir os passos de seu pai em ser um bom líder, ela possui motivações e uma história que mesmo que naquele contexto em que ela também assemelhava-se com os homens daquela organização, ela conseguia ser diferente e mais adaptável; ● Quando chega em Minnesota, apesar da cidade ser pequena, há diversos elementos que a impactam, dado que ela veio de uma outra cultura. Tanto na vida social quanto no trabalho fabril há variáveis que considero ser parte da subcultura: - Na fábrica, ainda que elementos da tradição da cidade sejam presentes, podemos enxergar que há divisões de subculturas, até pela delimitação física: aqueles que trabalham no operacional, na organização, são mais distantes e concentrados no trabalho. Já quem está no escritório, é mais dinâmico e comunicativo: como Blanche; - Na cidade, a cultura configura-se como de pessoas amistosas, fervorosas, que vêem a família como unidade importante, porém, há subgrupos dessa cultura macro que se manifestam: como aqueles que se reúnem pra ver jogos e beber, outros que gostam de pescar, mulheres que gostam de cozinhar, outras que gostam de praticar os esportes e etc. Então, mesmo que a cultura geral seja mais voltada para pontos que remetem ao contexto de "cidade pequena" ainda assim há uma certa diversidade na forma de expressar a cultura local. - Porém, essas formas diversas não me permitiram enxergar um conflito, na realidade as pessoas convivem nem entre si, e se reúnem para propósitos em comum característicos da cultura macro: como a reunião para o coral de natal (pois são majoritariamente cristãos); Quanto à contracultura, eu não consegui visualizar no filme. Aprendi com as aulas de Cultura e Mudança Organizacional que pessoas que expressam um comportamento de contracultura são infelizes, fracassadas, o fazem sem motivações reais e o filme mostra os operários da fábrica totalmente diferente disso. Até mesmo o momento em que após Lucy demitir o Stu, e os operários se reuniram para fazer um motim em fingir que todas as máquinas haviam dado defeito para irritar Lucy, foi em prol do coletivo, pois naquele momento Lucy representava uma ameaça. Sendo assim, o único contexto em que penso haver visto contracultura foi com a chegada de Lucy, que pareceu não fazer questão inicialmente de "mergulhar" na cultura organizacional da fábrica ou cidade, criticando a forma de trabalhar, como se relacionavam, seus gostos e hobbies pessoais, etc. 3-Evidenciar o gerenciamento da diversidade cultural em cenas do filme; De acordo com Knomo e Cox (1996), quando a diversidade não é devidamente gerenciada, a organização é conduzida a um forte conflito intergrupal, uma das consequências é a redução de resultados. Ou seja, a diversidade pode impactar positivamente ou negativamente a eficiência e eficácia organizacional a depender do seu gerenciamento. Quando Lucy chegou em Minnesota, ela se sentia totalmente fora da realidade, enquanto gestora e visitante da cidade. Em primeiro momento, ela não conseguiu gerenciar a multiplicidade de jeitos de cada pessoa, havia resistência de sua parte e consequentemente dos demais para com ela. Ela não achava importante os feriados estaduais, os gostos daquele povo, o impacto que a crença cristã tinha sobre seus hábitos. Ted, o representante do sindicato foi uma das primeiras pessoas com quem Lucy entrou em conflito por divergência de cultura ( a cena do jantar foi marcante para que ficasse claro esse atrito). Em seguida, Lucy demorou Stu por decretar folha na fábrica devido a um feriado típico da região, como não era conhecimento dela e mesmo quando soube não demonstrou importância, ela ficou furiosa. Ela não conseguia compreender o porquê as pessoas apenas não podiam ser como as de Miami. Somente com o tempo, e ironicamente com a ajuda de Ted, ela começou a respeitar a todos e gerenciar melhor as crenças e hábitos daquelas pessoas, e foi algo que de certa forma demorou, dado que ela passou meses na cidade e esse gerenciamento ficou mais forte quase mais pro final do filme. Cenas em que acredito que Lucy gerenciou a cultura: ● Para Ted, sua filha Bob (13 anos) ainda era muito nova para o encontro do dia dos namorados, porém ele não a proibiu de namorar, mas não sabia como arrumar-lá (ele era um pai solo), então Lucy, que anteriormente havia entrado em conflito em Ted e um dos motivos era justamente que ela achava que ele impunha-se demais sobre os gostos da menina; se comprometeu em ajudá-la, deixado-a linda para o encontro e nos padrões de vestimenta daquela cidade; ● Lucy aceitou ser levada por Ted para uma "caçada", uma das atividades típicas deles; ● Após atirar no Ted acidentalmente, ela fez um bolo e levou para ele, outro hábito deles era cozinhar um par só outro; ● Na fábrica, Lucy pediu para que Stu voltasse a ser o supervisor da fábrica e a ajudasse no seu plano de reerguê-la, bem como, parou de se incomodar com o jeito expansivo de Blanch; Tudo isso gerou aproximação de Lucy para com as pessoas da região envolvidas na história, e facilitou o alinhamento em prol do bem de todos. Os conflitos foram diminuindo e a confiança aumentando. 4-Comentar sobre a mudança organizacional ocorrida (fatores de resistência e inovação); Até que tudo se encaixasse e fluísse, demorou um tempo, precisou de adaptação. Não foi um processo nada fácil! A começar da chegada de Lucy no Estado de Minnesota: o clima da cidade foi a primeira coisa que a impactou; a recepção de Blanche a assustou, pois ela mostrou-se muito invasiva questionando coisas como exemplo: se ela havia casado já, afinal, em Minnesota era costume formar família cedo. Era óbvio que haveria mudança de Miami para Minnesota, mas Lucy não imaginava que seria tão impactante e tão difícil de lidar. Na realidade, na maioria das vezes nós só nos damos conta disso quando de fato estamos vivenciando tal experiência. Segundo os artigos lidos, a mudança é constante, mas a primeira reação que ela trás é resistência, afinal,usar significa lidar com o novo e ficamos ansiosos e estressados pela incerteza do que precisaremos passar. Alguns fatores em comum contribuíram para que as pessoas tivessem resistência à mudança: 1) Lucy, uma pessoa que não fazia ideia de como funcionava uma fábrica, chegou na empresa tentando mudar algumas coisas; 2) A forma como Lucy se expunha gerava distanciamento, demonstrava superioridade e falta de respeito a cultura dos habitantes de Minnesota; 3) As pessoas tinham medo de perder seus empregos, sentimento que foi reforçado pela demissão de Stu; Ainda segundo o artigo Mudança Organizacional: Uma Visão Gerencial, a American Productovy Quality Center (1997) identificou 5 elementos-chave para o sucesso da mudança organizacional: ● comprometimento e participação ativa do líder - quando Lucy teve a ideia de reerguer a fábrica utilizando a receita de tapioca de Blanch, ela decidiu assumir riscos junto a todos que quisessem fazer parte dessa jornada, as pessoas conseguiram entender que ela também estava arriscando sua pele quando estava lutando para salvar o emprego de todos e se manter no caminho de se igualar ao seu pai; ● mudança fundamental na cultura da organização - os operários da fábrica eram trabalhadores e responsáveis, porém não eram inovadores, a ideia da Lucy de utilizar a receita da tapioca de Blunch trouxe a inovação para os processos e na forma como todos enxergavam a geraçãode valor a partir disso, ou seja, não era apenas dinheiro que estava em jogo, mas a cultura; ● propiciando-lhes autonomia e programas de educação - apesar de Lucy não possuir formas de dar capacitações sobre as máquinas antigas que precisavam ser reativadas para fazer o teste de fabricação dos novos produtos, ela incorporou todos os interessados no processo dando abertura para que ajudassem ativamente, ou seja, todos tinham autonomia para propor ideias, e quando atingiu-se o objetivo desejado, seguiram tendo autonomia para realizar melhorias; ● métricas e comunicação efetiva na organização - a comunicação entre os envolvidos na história foi melhorando à medida que foram se adequando frente às diferenças, principalmente entre os trabalhadores e Lucy, porém, quando finalmente estavam acertados, a comunicação já fluía mais abertamente, o que antes se configurava como estrutura vertical de hierarquia, agora passou a ser horizontal, Lucy se mostrou em pé de igualdade aos demais, ● alinhamento dos sistema de recurso humanos com as metas e objetivos da mudança - quanto a esse elemento chavo não consegui identificá-lo em nenhuma cena;
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