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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS CURSO DE DIREITO DEPARTAMENTO DE DIREITO PRIVADO DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE DOS ATOS INFRACIONAIS JOÃO PESSOA / PB MARÇO DE 2017 DOS ATOS INFRACIONAIS Trabalho entregue ao departamento de direito privado do curso de Direito da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), como pré-requisito para obtenção de nota da disciplina de Direito da Criança e do Adolescente, sob a orientação da docente Caroline Satiro de Holanda. Discente: Bruno de Carvalho Nóbrega Veras – 11117709 JOÃO PESSOA/PB 2017 ASPECTOS LEGAIS O ato infracional está previsto no artigo 103 do Estatuto da Criança e do Adolescente e trata-se da conduta descrita como crime ou contravenção penal cometida por pessoa menor de 18 anos de idade. Essa definição dada pelo Estatuto da Criança e do adolescente, eufemisticamente transforma o fato praticado por menor de 18 anos em uma figura típica, acolhendo assim o princípio da reserva legal, ou seja, não há ato infracional sem lei penal anterior que o defina, nem medida socioeducativa sem previa cominação legal. A caracterização de um ato infracional necessita da demonstração da ocorrência de crime ou contravenção, com todos os elementos constitutivos, subjetivo, objetivo e normativo, bem como todas as circunstancias e demais requisitos do fato delituoso. Não demonstrada a tipicidade da conduta, apenas medidas protetivas (art. 101 do ECA) podem ser aplicadas. MEDIDAS APLICÁVEIS Os atos infracionais quando praticados por crianças, aplicam-se apenas medidas protetivas (art. 105 do ECA), quando praticados por adolescentes, podem sofrer tanto medidas protetivas e/ou socioeducativas, cumuladas ou não. PRESCRIÇÃO Quanto a prescrição dos atos infracionais, não são as mesmas do regras do delito correspondente, visto que as medidas protetivas ou socioeducativas são aplicáveis em regra até os 18 anos e por exceção até os 21 anos de idade, sempre em decorrência de fato praticado durante a menoridade penal, não existindo possibilidade de execução após esses limites. INAPLICABILIDADE DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS À CRIANÇA Por mais grave que seja o ato infracional praticado por pessoa com menos de 12 anos de idade, as únicas medidas aplicáveis serão as protetivas, previstas no artigo 101 do ECA. HIPÓTESES DE APREENSÃO DE ADOLESCENTE O Artigo 106 do Estatuto da Criança e do Adolescente prevê que nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita fundamentada da autoridade judiciária competente. O dispositivo refere-se a adolescente, deixando claro que nenhuma criança será privada de sua liberdade. Não se utiliza o termo prisão para menores e sim apreensão. O adolescente pode ser privado de sua liberdade em duas situações: Ou por apreensão em flagrante ou por mandado emanado de autoridade judiciária competente. Para apuração de atos infracionais não há previsão legal de apreensão temporária. Todos os procedimentos afetos à Justiça da Infância e da Juventude, na área de infratores, são de natureza pública incondicionada, seguindo, portanto, as regras do impulso oficial e da obrigatoriedade. CONCLUSÃO O Ato infracional é o ato condenável, de desrespeito às leis, à ordem pública, aos direitos dos cidadãos ou ao patrimônio, cometido por crianças ou adolescentes. Só há ato infracional se àquela conduta corresponder a uma hipótese legal que determine sanções ao seu autor. No caso de ato infracional cometido por criança (até 12 anos), aplicam-se as medidas de proteção, sendo o órgão responsável pelo atendimento, o Conselho Tutelar. Já o ato infracional cometido por adolescente deve ser apurado pela Delegacia da Criança e do Adolescente a quem cabe encaminhar o caso ao Promotor de Justiça que poderá aplicar uma das medidas socioeducativas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente da Criança e do Adolescente, Lei 8.069/90 ( ECA). Existe uma evolução natural da sociedade na qual, cada vez mais pessoas se aproveitam da medida socioeducativa aplicada e estes delitos que se extingue quando o infrator completa 21 anos para, dessa forma acobertar ou até mesmo praticar diversos crimes coma certeza de que, se condenados, terão brevemente a liberdade e, por tais medidas não possuírem natureza de pena, terão suas fichas limpas, se beneficiando, dessa forma, para cometerem outros crimes e não terem antecedentes criminais. Apesar das diversas formas de tentativa de melhorar estes infratores, a prática mostra que na sua maioria não é possível. O Direito da Infância e da Juventude, tem como objetivo a reeducação e a ressocialização do adolescente infrator. Procura-se sempre, que a sociedade ganhe um cidadão e não um marginal, para tanto faz-se necessária a correta escolha da medida socioeducativa, nem branda demais, pois inócua, nem severa ao extremo, sob o risco de conduzir à morte civil do agente, apenas a adequada às peculiaridades de cada caso. REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição Federal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm> _______. Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. AQUINO, Leonardo Gomes. Criança e adolescente: o ato infracional e as medidas sócio-educativas. Disponível em http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11414. Acesso em 25 de março de 2017. BARREIRA, Wilson, Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente. Rio de Janeiro: Editora Forense. 1991. BARROSO FILHO, José. Do ato infracional . Jus Navigandi, Teresina, a. 6, n. 52, nov. 2001. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2470>. Acesso em: 22 mai. 2006. CAVALIERI, Alejuino. Falhas do Estatuto da Criança e do Adolescente: 395 objeções. Rio de Janeiro:Forense, 2000. DEL-CAMPO, Eduardo Roberto Alcântara. Estatuto da criança e do adolescente. – 2ª Ed. São Paulo: Atlas, 2006- (série leituras jurídicas: provas e concursos, v 28) . VELASQUEZ, Miguel Granato. Hecatombe X ECA. Disponível em: <http://www.mprs.mp.br/infancia/doutrina/id527.htm>. Acesso em: 19 de março de 2017.
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