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“A ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade, ou seja, é a ciência de uma forma específica de comportamento humano.” (VÁZQUEZ, 2003, p. 23).
Etimologicamente falando, ética é derivada do grego ethos, que significa costume, hábitos e valores de determinada coletividade. A palavra moral deriva do latim mos – ou mores no plural – que também significa costume ou as normas
adquiridas como hábito. Segundo o Houaiss (2009, p. 324), ética é: “1) Estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana, do ponto de vista do bem e do mal; 2) Conjunto de normas e princípios que norteiam a boa conduta do ser humano”.
Vários exemplos de práticas da coletividade mundial poderiam se perfilar aqui. E chegaríamos à conclusão de que as condutas morais, independente de serem aceitáveis ou não do nosso ponto de vista, são práticas de uma sociedade.
Vamos citar alguns exemplos que você poderá aprofundar:
Infanticídio significa assassínio de recém-nascido ou de criança; o ato
de matar o próprio filho, sob a influência do estado puerperal, durante
o parto ou logo depois. O infanticídio feminino é prática que ainda
acontece na China, em função da política do único filho. (FERREIRA,
2001, p. 417).
Embora a ética seja um assunto basicamente filosófico, seu campo de atuação e reflexão pode ser estendido por todas as áreas. A ética também se divide em vários campos do saber: teologia, filosofia, psicologia, direito, economia e
outros.
1 - A ética é descritiva – que corresponde a juízo de valor, ou seja, quem tem boa conduta pode ser considerado como uma pessoa ética, ou seja, uma pessoa virtuosa e íntegra. Enquanto quem não condiz com as expectativas sociais pode
ser considerado ‘sem ética’. Nesse sentido, Srour (2011) considera que a ética assume uma ideia simplista reduzida a um valor social, ou apenas um adjetivo.
2 - A ética é prescritiva – a ética como “sistema de normas morais ou a um código de deveres” (SOUR, 2011, p. 19), ou seja, os padrões morais que deveriam conduzir categorias sociais ou organizações passam a se chamar de código de ética; nesse sentido de prescrição a ética e moral tornam-se sinônimo indistinguível.
3 - A ética é reflexiva – que corresponde à teoria de um estudo sistemático como objeto de investigação que, ao transitar por diferentes áreas, pode ser considerada como:
• Ética filosófica – que reflete sobre a melhor maneira de viver (ideais morais).
• Ética científica – que estuda, observa, descreve e explica os fatos morais (amoralidade como fenômeno).
2.3 O VALOR DA ÉTICA
Qual seria mesmo o valor da ética para a sociedade? A ética é o discernimento de que, embora existam práticas que poderiam ser consideradas ‘morais’, por se tratarem de recorrentes na sociedade, ainda assim são práticas que não se suportam do ponto de vista ético. A corrupção, por exemplo, tem sido ato recorrente no cenário político nacional e nem por isso tornou-se moral e eticamente aceitável.
Então podemos dizer que tudo que é legal é moral? Ou se é moral é legal? Todos nós conhecemos algumas práticas que com o passar do tempo tornaram-se costumes e hábitos. Mas não quer dizer que práticas como a corrupção passarão a ser aceitas, pela sua recorrência ou porque a sociedade já se acostumou. Práticas que prejudicam a maioria, que não preservam o bem comum, que não beneficiam a sociedade, que não preservam a felicidade apontam ao valor
da ética, porque é através da ética que é possível fundamentar a moralidade e a legalidade.
1) decisão pessoal – é o ato humano, livre e de inteira responsabilidade
de quem toma a decisão;
2) decisão ética – é o ato do homem, em que a moralidade norteia;
3) decisão que afeta outrem – é a decisão que considera princípios éticos
e toma conhecimento dos direitos e limita-se a tais aspectos.
A ética influencia o processo de tomada de decisão para determinar quais são os principais valores. A tomada de decisão envolve momentos de escolha entre o bem e o mal e entre o bem e o bem. É nesse momento que a alteridade e a justiça tomam parte.
A tomada de decisão envolve a alteridade, que é o senso de justiça, porque diz respeito aos outros. Dessa forma, existem tipos de justiça a conhecer que não se esgotam por si só, mas organizam a sociedade e dão as prioridades.
● Justiça social – a justiça social apresenta duas vertentes: a) justiça legal – que são as obrigações dos cidadãos para com o Estado; b) justiça distributiva – que são as obrigações do Estado para com seus cidadãos.
● Justiça legal – “compreende as obrigações dos cidadãos para a sociedade politicamente organizada, tais como pagamento de impostos, prestação de
serviços públicos (serviço militar, serviços emergenciais) etc.” (ALONSO; LOPES; CASTRUCCI, 2010, p. 111).
● Justiça distributiva – leva em consideração o mérito, ou seja, procura respostas às desigualdades e regula as relações entre a comunidade, tais como o imposto de renda: quem ganha mais paga mais e quem ganha menos paga menos ou não paga.
● Justiça comutativa – vem do direito positivo, também conhecida como corretiva, é a justiça que intercede entre as pessoas físicas ou jurídicas, em virtude de contratos em que são fixadas as obrigações das partes.
● Justiça equitativa – é aquela que parte do pressuposto de que todos são iguais. A justiça, junto à moral e à ética, conduz o ser humano a práticas mais eficientes. Nesse caso, não estamos falando da justiça como entidade jurídica, mas da justiça de realizar ações que sejam de consciência ética e moral e, é claro, legal.
2.5 ÉTICA E FILOSOFIA
A ética tornou-se um campo vasto nas diversas áreas científicas. Na área médica, por exemplo, existe uma grande preocupação quanto ao que é ético ou não nas pesquisas de campo, por se tratarem de pesquisas que lidam com o ser
humano. Existe um código de moral, na verdade chamado de código de ética, que limita e/ou exige que a integridade do ser humano seja respeitada.
Então se pode dizer que a moral é mutável, como diziam os romanos – “o tempora, o mores” – ou seja, os costumes mudam com o tempo. Srour (2003, p. 56) elenca alguns itens para a compreensão do que vem a
ser moral:
	QUADRO 2 – COMPARATIVO ENTRE ÉTICA E MORAL
	
	
	ÉTICA 
	MORAL
	Perene 
	Temporal
	Universal 
	Cultural
	Regra 
	Conduta da regra
	Teoria 
	Prática
3.2 CAMPO DA MORAL
O campo da moral, pela sua mutabilidade, se torna um campo vasto, em que se possibilita uma multiplicidade de ações. Até porque a moral é oriunda das ações e interações humanas. A moral, portanto, está em toda parte, nas escolas, nas igrejas, nos hospitais, nas organizações privadas e públicas.
É através da moral que os códigos de convivência são estipulados, para que as pessoas se comportem adequadamente e também para que haja harmonia na interação humana e da instituição.
3.3 MORAL, AMORAL E IMORAL
No item anterior foi possível diferenciar fatos morais de fatos sociais, e dissemos ainda que um fato moral pudesse afetar positivamente ou negativamente outrem. Então fato moral se divide em moral, quando positivo, e imoral quando negativo. E fato social seria o que alguns autores chamam amoral. Então, o que é agir conforme a moral? O que é o agir imoralmente? Ou o que é uma atitude amoral? Como podemos diferenciá-los? De forma bem resumida pode-se dizer que:
● Moral – é agir conforme os valores da sua organização ou sociedade sem prejudicar os outros.
● Imoral – é uma atitude que vai contra as normas e valores de uma organização ou sociedade e que prejudica os outros.
● Amoral – quando uma atitude não influi nem positiva e nem negativamente, ou seja, é uma ação neutra. Pode-se concluir que uma atitude moral é uma ação positiva, uma atitude imoral é uma ação negativa e uma atitude amoral é uma ação neutra. Dessa forma, o âmbito da moral é decidir como agir, é uma questão da prática, enquanto que o
âmbito da ética é refletir sobre essas ações e suas implicações na felicidade humana.
O estudo da Ética, se pode dizer, teve início com os filósofos Sócrates, Platão e Aristóteles. O livro Ética a Nicômacoé uma obra de referência, em que a ética vai determinar que a finalidade suprema é a felicidade (eudaimonia). Nessa época, a questão da ética era o bem supremo da vida humana e, de acordo com Passos (2004, p. 32), “não devia consistir em ter a sorte ou ser rico, por exemplo, e sim em proceder e ter uma alma boa”.
● Sócrates (469-399 a. C.):
dedicou-se à busca da verdade, que deveria ser uma forma de juízo universal, capaz de dirigir a vida das pessoas, no plano pessoal e
político”. Para Sócrates, “as questões morais não são puramente convenções influenciadas pelas circunstâncias, mas problemas que
devem ser resolvidos à luz da razão”. (PASSOS, 2004, p. 32-33).
● Platão (427-347 a. C.): sua teoria ética relaciona-se com a política e a razão (prudência), sua maior contribuição foi vislumbrar a cidade perfeita guiada pelos princípios morais.
● Aristóteles (384-322 a. C): “O bem moral consistia em agir de forma equilibrada e sob a orientação da razão. O ‘meio-termo’, o ponto justo, levaria à felicidade, a uma vida ‘boa e bela’, não como privilégio individual e sim coletivo”. (PASSOS, 2004, p. 35).
● Epicuro (341-270 a. C): teve sua filosofia dividida em três partes: canônica, física e ética; “uma vida feliz é impossível sem a sabedoria, a honestidade e a justiça, e estas, por sua vez, são inseparáveis de uma vida feliz”. (CARBISIER apud PASSOS, 2004, p. 35).
● Zenão (324-263 a. C.): doutrina do estoicismo, que é uma ética, uma forma de viver em que a natureza consistia na orientação central, que significava viver conforme a virtude.
4.2 IDADE MÉDIA
A Idade Média é identificada muito fortemente pelo Renascimento, que foi considerado um movimento literário, artístico e filosófico que teve duração entre o fim do século XIV ao fim do século XVI. Suas características principais foram o humanismo, a renovação religiosa, a renovação das concepções políticas e o naturalismo (novo interesse pela investigação da natureza). As concepções filosóficas destacadas por Passos (2004), ou seja, os principais filósofos deste período, foram:
● Santo Agostinho (354-430): ‘compreender para crer, crer para compreender’. Para Agostinho, o dom divino era o único capaz de resgatar o homem de seus pecados. Nesse sentido, a ética estava ligada aos valores da moral cristã.
● Tomás de Aquino (1225-1274): a ética consiste em agir de acordo com a ordem natural, o homem tem livre-arbítrio e, orientado pela consciência, tem uma capacidade de captar, pela intuição, a ordem moral – ‘faz o bem e evita o mal’.
4.3 IDADE MODERNA
Um dos primeiros pressupostos é o clássico conceito de “antropocentrismo”. O homem assume a centralidade do cosmo, ou seja, através do desenvolvimento da razão assume a existência em suas próprias mãos (“Cogito, ergo sum” – “Penso,
logo existo”, de René Descartes), e a explicar os fenômenos, dominar a natureza (Conhecer é poder, de Francis Bacon), a construir seu mundo segundo sua vontade e representação (Schopenhauer), afastando-se assim da perspectiva teocêntrica medieval que o submetia a uma perspectiva heterônoma diante de si, dos outros, do mundo. Portanto, o ser humano moderno passa a ser senhor de si, a afirmar em alto e bom tom “eu sou”, sou livre e igual aos outros homens por meio da razão, da capacidade de pensar, de refletir e intervir no mundo e modificá-lo, modificando-se a si próprio.
Outro pressuposto decorrente dos princípios anteriormente expostos é a ideia de verdade presente na modernidade. A verdade já não é mais revelada pelo transcendente ao homem, mas o resultado do esforço racional subjetivo de
representação que o ser humano realiza sobre o mundo, a partir das relações que estabelece em sociedade. Portanto, algo passa a ser verdadeiro na medida em que pode ser racionalmente objetivado e universalizado entre os seres humanos.
Kant nos apresentou dois imperativos em que a ética pode ser compreendida: o hipotético e o categórico. No imperativo hipotético as condições são subordinadas. Dessa forma, a ética não se explica, porque as ações humanas são consequências de um interesse.
É a época da igualdade e liberdade, marcada pelos direitos fundamentais, “não pela imposição ou obrigação, com códigos a serem estabelecidos”. (PASSOS, 2004, p. 42). Destacam-se três grandes concepções: marxismo, pragmatismo e existencialismo, que brevemente podemos entender.
O marxismo se refere às ideias filosóficas, políticas e sociais elaboradas por Karl Marx e Friedrich Engels. O marxismo entende o homem como ser social e histórico e, também, aborda a questão da sociedade produtiva e as lutas de classes.
O pragmatismo é uma doutrina filosófica que adota a utilidade prática. O pragmatismo está ligado ao senso prático, em que a verdade está relacionada à utilidade.
O existencialismo tem como ponto de partida o ser humano. O indivíduo, pelas suas ações, sentimentos, então essa doutrina se preocupa com o ser humano em relação ao mundo.
· Friedrich Nietzsche (1844-1900): procurou estudar a origem dos valores e entender o porquê da valorização de uns atos e não de outros, ou seja, a dicotomia entre o bem e o mal.
· Charles Sanders Peirce (1854-1914): apresentou o pragmatismo como um método e não como teoria. A moral é algo quando o fim é bom; nesse sentido, quanto aos valores, são absolutos. “O que é bom ou mau é relativo, variando de situação para situação. Depende de sua utilidade para a atividade prática”. (PASSOS, 2004, p. 45).
· Habermas (1929): as argumentações morais servem para que os conflitos sejam desfeitos pelo consenso. O processo reflexivo, intersubjetivo, argumentativo, leva os participantes ao comum acordo.
2 EXISTEM DIFERENÇAS?
Com relação à ética e à moral, podemos afirmar que a ética estuda e investiga o comportamento moral dos seres humanos. E esta moral é constituída pelos diferentes modos de viver e agir dos homens em sociedade, que é formada por suas diretrizes morais da vida cotidiana, transformando-se no decorrer dos tempos.
	ÉTICA
	MORAL
	· É a ciência que estuda a moral.
· É a reflexão sistemática sobre o comportamento moral.
· É a parte da filosofia que trata da reflexão dos princípios universais da humanidade.
· São os valores humanos universais e fundamentais.
· É a teoria do comportamento moral. • É a compreensão subjetiva do ato moral.
	· É o modo de viver e agir de cada povo, em cada cultura.
· É o conjunto de normas, prescrições e valores reguladores da ação cotidiana.
· Varia no tempo e no espaço.
· São os valores concernentes ao bem e ao mal, permitindo ou proibindo. • Conjunto de normas e regras reguladoras da relação entre os homens de uma determinada comunidade.
· Nasce da necessidade de ajudar cada membro aos interesses coletivos do grupo.
3 PROBLEMAS MORAIS E ÉTICOS
Com relação aos problemas éticos e morais do comportamento humano, observamos que a ética não é facilmente explicável, ao sermos indagados, mas todos nós sabemos o que é, pois está diretamente relacionada aos nossos costumes e às ações em sociedade, ou seja, ao nosso comportamento, ao nosso modo de vida e de convivência com os outros integrantes da sociedade.
Observa-se que todos nós possuímos princípios e valores que foram e são constituídos por nossa sociedade. E com relação a estes valores, cada um de nós possui uma visão do que é certo e errado, do que é o bem e o mal. 
Contudo, esta consciência moral é determinada por um consenso coletivo e social, ou seja, o conjunto da sociedade é que formula e compõe as normas de conduta que o regem. Como exemplo, temos a nossa Constituição Federal e outras regras e normas da sociedade.
A ÉTICA PRAXISTA, em cuja visão o homem tem a capacidade de julgar, ele não é totalmente determinado pelas leis da natureza, nem possui uma consciência totalmente livre. O homem tem uma corresponsabilidade frente às suas ações.
A ÉTICA PRAGMÁTICA, com raízes na apropriação de coisas e espaços, na propriedade, tem como desafio a alteridade (misericórdia, responsabilização, solidariedade), para transformar o Ter, o Saber e o Poder em recursos éticos para a solidariedade, contribuindopara a igualdade entre os homens: “distribuição equitativa dos bens materiais, culturais e espirituais”.
A filosofia moral cristã passou a distinguir três tipos fundamentais de conduta:
· Conduta moral ou ética, que se realiza de acordo com as normas e as regras impostas pelo dever.
· A conduta imoral ou antiética, que se realiza contrariando as normas e as regras fixadas pelo dever.
· A conduta indiferente à moral, em situações nas quais não se impõem as normas e as regras do dever.
Além do dever, o cristianismo introduziu a ideia de intenção que habita no sujeito de forma imperceptível. A intenção é invisível, mas para que o sujeito alcance uma conduta virtuosa é preciso que ele a demonstre em ações e atitudes. Para o cristianismo, a vontade e a lei divina estão inscritas no coração dos seres humanos.
Já nascemos puros e dotados de generosidade e benevolência para com os outros. Mas o homem é “estragado”, corrompido pela sociedade quando criou a propriedade, a privação e a servidão humana. Por isso, o cumprimento ao dever nos força a recordar nossa natureza originária, e assim, a imposição externa e aparente.
O que acontece na modernidade? Um pouco antes, temos uma figura muito conhecida: trata-se do filósofo Maquiavel. Seu nome é bem conhecido; de sua obra, o livro mais conhecido é O príncipe. Foi escrito às pressas com a intenção de recuperar o emprego perdido do autor (de secretário de Estado na Itália) e, principalmente, de fazê-lo deixar o exílio. Mas O príncipe não retrata exatamente o pensamento de Maquiavel; interpretá-lo somente a partir dessa obra é o mesmo que querer entender um livro somente pela capa ou por suas orelhas.
O que Maquiavel fez foi desvincular o poder político do poder da Igreja. Enquanto os teólogos partiam da Bíblia e do Direito Romano para legislar, ele parte da experiência real, do que está acontecendo no tempo presente e precisa de soluções imediatas, mas que mantenham uma organização duradoura. Sua leitura política dos clássicos o fez ter uma noção de humanidade, ou seja, para ele o ser humano conserva algumas características imutáveis: “[...] são ingratos, volúveis, simuladores, covardes ante os perigos e ávidos por lucro”. (MAQUIAVEL,1982, p. 19). Por isso, não adianta buscar um governante virtuoso, porque não existe. Mas o governante poderá, se for esperto, desenvolver a virtude e alcançar a fortuna que é a manutenção do poder.
Maquiavel rompeu com o modelo passado da seguinte forma: Não admitindo um fundamento político divino. A cidade está dividida por dois desejos: daqueles que querem oprimir e o desejo do povo de não ser oprimido. Se a sociedade está polarizada entre dois desejos antagônicos, não pode ser vista como uma comunidade e, portanto, a finalidade da política não é o bem comum e a justiça. A lógica política não é a lógica racional da justiça e da ética, mas a lógica da força transformada em lógica do poder e da lei. O príncipe precisa ter virtude para tomar e manter o poder, nem que seja pela força, mentira, astúcia e violência.
Estabelecer “princípios éticos” que nos deem condições de nos situarmos no mundo, de fazer nossas apostas na realização de uma vida, de milhares de vidas, enfim, de ter um sentido, uma finalidade, por mais humana e imanente que possa ser, é nossa condição existencial contemporânea, imersa num conjunto de prerrogativas nas quais somos convocados a nos posicionar.
a) Crítica à razão: a razão, que teve destaque com os gregos, alcançou na modernidade o auge de sua condição, na matematização das leis universais que regem o cosmo, na quantificação, mensuração e classificação do mundo natural, numa relação objetiva com o mundo, com as coisas, entre seres humanos. A racionalização do mundo, potencializada na modernidade, transformou a razão em razão instrumental, hábil executora dos ambiciosos projetos de planificação, estruturação e higienização de toda ambivalência, própria do mundo natural e humano. Os custos da otimização da razão instrumental foram pagos com a dura moeda do sofrimento humano nos campos de concentração na 2ª Guerra Mundial, com as bombas de Hiroshima e Nagasaki, com a guerra do Vietnã, com a morte de milhões de mulheres e crianças vitimadas pela fome na África, com as alterações no equilíbrio da biosfera em função do aquecimento global. Enfim, por violências e crimes de toda espécie, que tornariam este relato excessivamente extenso, e de forma alguma é nossa intenção violentar mais uma vez a condição humana, fazendo inventário, contabilidade ou estatística de corpos humanos devorados nos bárbaros acontecimentos dos séculos XX e XXI.
b) O fim da História: outra característica da contemporaneidade é a descrença, a frustração em relação às promessas modernas em torno de projetos societários que garantissem aos seres humanos a felicidade, a segurança, o progresso e o bem-estar. Ao cabo de séculos de experiências socialistas, capitalistas, anarquistas e outras, nos damos conta de que a terra prometida, o reino da felicidade e da fartura e das benesses humanas não existe e que cabe aos seres humanos continuarem caminhando pelo deserto das paixões e desejos humanos, desprovidos de suas ilusões. Desta forma, esvaziam-se as grandes tarefas históricas impostas pela modernidade aos sujeitos históricos, condenados a entregar suas vidas em torno de causas, na sua maioria, inócuas, vazias e/ou esvaziadas no decorrer do tempo histórico.
c) O fim da política: para os gregos antigos, a política era condição da existência humana, da zoe, da garantia da felicidade, da materialização da cidade como espaço público, do bem viver. A participação na polis, no confronto entre pluralidades no espaço público, era a condição de ser cidadão. Porém, a modernidade eleva à condição primeira da existência humana a vida em sua dimensão meramente biológica. O que está em jogo na modernidade é o cuidado e o controle dos corpos, da vida e da morte dos indivíduos. A política é reduzida como o meio de se garantir as satisfações biológicas dos corpos que compõem o povo, a nação. A contemporaneidade potencializa este reducionismo político, condensando-o em torno de estratégias de biopoder na administração dos corpos de indivíduos atomizados pela lógica do consumo. O consumo foi elevado à condição da existência humana. Consumo, logo existo. Consome-se a tudo e a todos, ao mesmo tempo em que, inerente à lógica do consumo, tudo tem que ser necessariamente descartável.
d) Efemeridade e liquidez: se Kant havia definido as categorias de tempo e espaço como o lócus da realização da existência humana, por excelência, é preciso reconhecer que, na contemporaneidade, tempo e espaço foram comprimidos, diminuídos como condição vital pelas novas tecnologias que fazem parte de nosso cotidiano. Estamos submetidos constantemente a avalanches de informações que não conseguimos acompanhar, analisar, nos posicionar adequadamente. Tudo transcorre num fluxo contínuo e ininterrupto, efêmero e líquido, que escapa às possibilidades da experiência humana com o mundo, com as coisas, entre seres humanos. A compreensão das categorias de tempo e espaço a que estamos submetidos subtrai aos seres humanos a experiência vital de sentir, apreciar, saborear a vida nas pequenas coisas, nos gestos mais singelos, de reconhecer o outro como um ser em si mesmo e não reduzido à condição de meio para a festa do consumo, da descartabilidade.
e) A supremacia da técnica: se na modernidade tivemos a potencialização da razão em razão instrumental, na contemporaneidade convivemos com a hegemonia da racionalidade técnica. Segundo o filósofo italiano Umberto Galimberti (1999), “[...] a técnica se tornou o ambiente que nos envolve segundo as regras de racionalidade apoiadas em critérios de funcionalidade e eficiência”. Nosso tempo assume como verdadeira a máxima: “Se tecnicamente algo é factível, não há necessidade de justificativas éticas”. Portanto, “deve-se fazer tudo o que se puder fazer”, mesmo que isto implique diretamente a manipulação da vida, ou das formas de vida assumidas pelos seres humanoscontemporaneamente. A relação do homem com a técnica remonta a nossos ancestrais mais primevos em sua aventura existencial sobre a face da mãe-terra, porém, o fato novo inaugurado pela modernidade/contemporaneidade é ter transformado a técnica num fim em si mesma. É o fato de ter esquecido de que a técnica, como todo e qualquer fazer humano, não tem sentido em si mesma, mas sua finalidade deve estar a serviço da centralidade da condição humana. 
f) A morte do homem: se a modernidade mata Deus, ou seja, procura livrar-se do peso da perspectiva teocêntrica na interpretação do mundo, da existência, a contemporaneidade mata o homem. Damo-nos conta de que o homem, como fundamento da consciência, como sujeito histórico, é o resultado de categorias discursivamente constituídas numa sociedade estruturada e permeada por instituições sociais que disciplinam corpos e controlam mentes, impondo ao homem o desempenho de papéis sociais, o que levou Lacan a lapidar a expressão: “Penso o que não sou e sou o que não penso”. Decretar a morte do homem significa reposicionar a tensão entre indivíduo e sociedade, retirando o peso excessivo da sociedade na determinação da forma de ser e estar dos indivíduos, ao mesmo tempo em que deposita maior responsabilidade nos ombros dos indivíduos diante das exigências existenciais contemporâneas.
g) A sobrevivência planetária: a contemporaneidade é chamada a responder a um desafio imediato e que tem relação direta com as condições de possibilidade de continuidade da vida no planeta Terra. O planeta começa a dar sinais de que algo não está bem, de que séculos de uma postura agressiva em relação ao meio ambiente, de uma relação que transformou o conjunto da vida que se manifesta em algo objetivo, passível de domínio, necessita ser urgentemente revisto e alterado. Desta forma, o desafio contemporâneo, para além de pensar a continuidade da vida para os que fazem parte do planeta neste momento, envolve responsabilidades com as gerações futuras e, portanto, em última instância, com a continuidade da espécie humana e sua aventura no cosmo.
O que a palavra urbanidade significa para você? Com certeza logo associamos a urbano, ou seja, à cidade; e esquecemos ou desconhecemos o outro significado, que é cortesia. Em algumas das leis que discorrem pelos deveres dos servidores, é comum encontrarmos: “tratar com urbanidade”.
Civilidade é o respeito das normas de convívio da sociedade. É a civilidade que permite que as pessoas convivam dentro das organizações e façam interações, mas tendo os valores morais como norteadores. No fim, é isso que nos interessa. A solidariedade, o altruísmo, é a máxima do cristianismo, é fazer ao próximo o que gostaria que fizesse com você. E todas essas virtudes da solidariedade estão imbuídas do bem comum que é o fim em si mesmo.
7.1 FAMÍLIA
Dez entre dez pessoas consideram a família um porto seguro, o lugar ideal e real para se sentir acolhido, de acolher, de estar bem e de fazer o bem, de viver autenticamente o amor.
7.2 SOCIEDADE CIVIL
No que tange às questões da sociedade civil, podemos verificar que, atualmente, os principais problemas enfrentados estão correlacionados ao mundo do trabalho e à propriedade, pois, de acordo com Valls (2003, p. 72),
Nesta perspectiva, observamos que se fazem necessárias algumas reformas políticas e éticas, no que tange às regras de conduta referente ao modo de aquisição da propriedade e do trabalho. Esta reforma deve partir da reformulação dos nossos princípios morais e éticos e através da vontade política de nossos governantes.
7.3 ESTADO
O papel do Estado é garantir a propriedade privada. De acordo com a teoria liberal de Locke, realizada posteriormente pela Independência norte‑americana (1776), mais tarde pela Revolução Francesa (1789) e, por fim, com Max Weber, a função do Estado é:
· Garantir a propriedade privada por meio das leis e pelo uso da violência (exército e polícia).
· O Estado é o árbitro nos conflitos existentes na sociedade civil (por meio da lei e da força).
· O Estado tem o dever de garantir a liberdade de consciência e deve exercer censura no caso das manifestações que coloquem em risco o próprio Estado.
Mas o que é política? O que significa fazer política? Quem faz política? Usamos a palavra política para designar a gestão de vários segmentos que tanto podem ser relacionados à nossa vida privada quanto à nossa vida pública. Olha aí, duas instâncias de nossa vida: a privada e a pública. A privada é aquela que diz respeito apenas à nossa pessoa, e a pública envolve uma questão coletiva.
Sabendo disso é preciso fazer outra distinção: Governo e Estado. O governo se refere aos programas e projetos para atender à sociedade. Esses programas e projetos são, geralmente, propostos pela sociedade através de seus representantes. São programas sociais, de saúde, de educação, entre outros. O Estado é formado por instituições que permitem a ação dos governos: a polícia, o exército (forças armadas), os órgãos de arrecadação (Receita Federal), secretarias de Saúde, de Educação etc. Estes representam a ideia de Estado. Ou seja, são “partes” do Estado que têm autoridade legitimada para gerir o erário (dinheiro) para atender aos governos – projetos – em benefício do cidadão, da sociedade.
Sabendo disso, vamos entender a palavra POLÍTICA em sua etimologia, ou seja, o que a palavra significa. Política é uma palavra grega: ta poltika, vinda da polis, que, por sua vez, significa cidade. Logo, política originada na Grécia Antiga, significa: o que vem da cidade. Polis é a cidade, no sentido de uma comunidade organizada pelos cidadãos.
Tanto os gregos quanto os romanos se empenharam em construir um modelo de política que, naquela época, atenderia às necessidades essenciais de uma cidade, um Estado. Segundo Chauí (2002), foram apenas em três aspectos comuns entre eles: a propriedade da terra, a urbanização e a divisão territorial.
3 ASPECTOS FILOSÓFICOS DA POLÍTICA
A Filosofia nasceu com as mudanças que ocorriam na Grécia, originadas pelo apogeu econômico promovido pelas transações comerciais. Era comum, entre os primeiros filósofos, o exercício político como chefes e legisladores. Os primeiros filósofos, no entanto, separaram de forma conceitual a ideia de poder despótico e poder político. O primeiro atenderia àquele ou àqueles que estivessem no exercício político, e o segundo atenderia a toda a cidade, tornando-a justa.
Muito se pensou e se discutiu sobre política: como iniciou? Para que serve? Quem deve ocupar a posição de chefe ou legislador? Essas questões foram pensadas e registradas por Platão e Aristóteles (entre outros), mas, representando a antiguidade, elegeremos esses dois gigantes da Filosofia. Vamos conhecer como os gregos respondiam à primeira questão: como foi o início da política? Como o mito explicava a realidade antes da Filosofia e como ela conviveu por muitos séculos, para dar a resposta à pergunta. Os gregos recorriam ao mito mais comum: as Idades do homem. Diz o mito que o homem passou por vários estágios, sendo o primeiro representado pelo ouro.
Nesse período, os homens viviam junto aos deuses, nasciam diretamente da terra já adultos, eram felizes e imortais e não necessitavam de leis e, muito menos, de governo. Mas, também nesse mito, o homem sofre uma queda e é expulso da presença dos deuses, tornando-se mortal, jogado nas florestas e vivendo de forma isolada e desprovida de roupas e alimentos e ameaçado pelos animais predadores, maiores que ele.
Com o tempo, descobriram o fogo e passaram a utilizá-lo para sua proteção pessoal, aquecimento, afugentar as feras que lhes ameaçavam e a cozinhar seus alimentos. Fizeram, também, artefatos que eram utilizados nas caçadas. Dessa forma, o homem foi se transformando, inclusive fisicamente. O alimento cozido tornou suas feições mais leves, porque os dentes, antes afiados e pontudos, agora diminuem pela comida cozida e macia. O fogo aqueceu e, aos poucos, os fartos pelos caíram do corpoe as “armas”, ou ferramentas, utilizadas para a casa, também os deixou, digamos, com mais poder.
Depois da Idade do Fogo, o último estágio, a do ferro, quando começaram a fazer guerra entre si. Em situação de guerra permanente, os deuses precisaram intervir e fizeram nascer um homem para legislar sobre os outros. Um homem enviado pelos deuses. Um legislador. Essa foi a explicação mitológica contada na Grécia e, com alguma variação, em Roma. 
Platão utilizou desse mito para explicar que a política, embora com a intervenção dos deuses, nasceu para colocar harmonia entre os homens, ou melhor, as leis e o legislador garantem essa harmonia.
4.1 DILEMAS ÉTICOS
Os dilemas éticos podem ser considerados numa situação, por exemplo, em que o gestor público só pode privilegiar uma ação dentre várias. No exemplo dado sobre a vacina contra a Influenza A, pode-se supor que não haveria condições do governo conceder a toda a população a vacina gratuitamente. Então, qual segmento escolher?
Não se pretende aprofundar no mérito aqui, mas sim buscar o exemplo como situação hipotética. Se não havia condições de distribuir a vacina para toda a população, passa então a existir um dilema ético. Determinar os segmentos que receberão a dose torna-se, então, uma decisão motivada pelas maiores necessidades, e o critério final foi distribuir vacina às faixas etárias com maior fragilidade à doença (crianças e terceira idade), um grupo com acesso direto à iminência da doença (profissionais da saúde) e também a um grupo com grande risco da doença provocar complicações de saúde (grávidas e pessoas com doenças crônicas).
A capacidade de destruição do mundo é outro dilema, quando vemos o avanço tecnológico desvirtuado para o controle de uma nação sobre a outra, de um povo sobre o outro, de um grupo econômico ou político sobre o outro.
A bomba atômica foi talvez uma das mais assustadoras criações humanas na contemporaneidade. O século XX foi o século da finitude: quando o homem moderno e contemporâneo começa a se perguntar sobre os efeitos daquilo que a ciência e o seu uso fizeram e fazem sobre a realidade. Todo o otimismo na ciência e a confiança no progresso se tornaram desconfiança na contemporaneidade. A crise ética e a urgência do debate ético se fazem cada vez mais necessários diante do complexo cenário em que vivemos nesse início de século.
Contudo, nem sempre a consciência concorda com a lei. Muitas vezes, as pessoas gostariam que as leis fossem diferentes, ou porque são licenciadas de alguma coisa, ou, muitas vezes, porque discorrem por pura crença, haja vista as manifestações religiosas em muitas das decisões governamentais, entre outros exemplos. 
Dessa forma, os conflitos entre consciência e lei podem surgir, como alguns exemplos apresentados na obra de Camargo (1999):
· Greves: existem duas situações: 1) se a greve for da sua categoria, você se encontrará no dilema de querer ou não participar, muito embora, nem sempre a situação lhe dará escolha; 2) se a greve não for da sua categoria, você poderá ser afetado diretamente e assim ser licenciado de um serviço, mesmo que você não concorde com a motivação do movimento, como na greve dos trabalhadores de transporte público.
· Segurança nacional: impedem a liberdade de associação e toda população pode sentir-se privada do seu direito de ir e vir livremente sem sentir-se vigiada.
· Taxas e impostos: arrecadação proposta para melhoria do bem comum, embora, por vezes, pode qualquer cidadão colocar em dúvida se essa aplicação é feita adequadamente.
5 A PRÁTICA MORAL EM NOSSA SOCIEDADE
A variedade de relações do ser humano diante da sociedade é imensa, ou seja, o ser humano se relaciona com a família, no trabalho, na igreja, no clube, com seus amigos, e para cada relação existem as práticas morais estabelecidas em cada um desses grupos sociais. Assim como destaca Vázquez (2003, p. 88):
Em junho de 2005, a direção da Schincariol, segunda maior cervejaria brasileira, foi presa e autuada por sonegação fiscal, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, corrupção de funcionários públicos e formação de quadrilha. Foram expedidos 77 mandados de prisão.
O que podemos observar nesse caso? Que tudo o que a empresa fez está completamente errado e que as suas ações estão no universo do particularismo. Contudo, Srour (2011, p. 106-107) aprofunda um pouco mais no que ele chama de “moral da parcialidade”, ou seja, “existem pessoas e organizações que pensam que existem erros na sociedade, tais como impostos muito caros e que se acham no direito de transgredir a lei por não concordarem com as normas”.
· adota normas mistas de condutas ao exigir estrita lealdade dos que fazem parte da empresa (“os de dentro”), ao mesmo tempo em que advoga a malícia nas relações com os demais (“os de fora”);
· parte do pressuposto de que um pouco de desonestidade faz as coisas acontecerem;
· confere à venalidade o estatuto de “lubrificante do mundo dos negócios”, à semelhança da famosa fórmula populista “rouba, mas faz” que, implicitamente, absolve o político salafrário enquanto generaliza a falta de caráter das autoridades.
Em 2000, a Natura, fabricante de cosméticos, tinha 60 atendentes em sua central de atendimento ao cliente e gastava R$ 8 milhões por ano com o serviço. Recebia uma média mensal de 100 mil ligações.
Em agosto desse mesmo ano, um cliente ligou dizendo que o desodorante que usara havia manchado a sua camisa. O que fez o atendente? Perguntou na hora o preço da roupa – uns 70 reais – e se prontificou a enviar um cheque ao cliente com o valor correspondente. A camisa manchada foi recolhida e encaminhada imediatamente ao departamento de pesquisa da Natura. Em uma semana, descobriu-se o componente do desodorante responsável pela mancha. Em consequência, a fórmula do produto foi alterada!
É assim que se dão as práticas morais, conforme as necessidades humanas. E essas novas necessidades humanas vão transformando o ser humano, as suas relações e, também, as práticas morais. Alguns dizem que a ética e a moral são a encruzilhada entre o bem e o mal. Se você optar pelo bem, trilhará o caminho da ética e da moral, caso contrário, não existe meia ética e ‘moral da parcialidade’. 
Você pode afirmar que tem necessidades de autorrealização, de segurança de afetividade, enfim, que elas legitimam um comportamento e que afetam os outros. Vejamos a hierarquia explanada pela ‘pirâmide’ de Maslow para melhor entender essa realidade.
2 FAMÍLIA REAL NO BRASIL
Demorou 308 anos para a família real se mudar para cá. Mas não foi por gosto nem opção. Eles vieram fugidos na “calada da noite”. De que ou de quem fugiam? Fugiram de medo de Napoleão Bonaparte, que rumava com seu exército para depor a família real e subtrair-lhe o trono e o reino. Saíram tão às pressas que esqueceram uma criada no porto. Quem os ajudou financeiramente na fuga? A Inglaterra. Portanto, nossa dívida externa já data daquela época.
Mas foi a partir da Independência, em 1822, que o Brasil foi adquirindo corpo político, porém com projeto europeu e sem uma identidade definida. O Brasil foi constituído, politicamente, a partir de um ecletismo. Não obstante, o Positivismo influenciou o modelo político assumido pela primeira república e, é claro, a própria democracia que já vai se vislumbrando.
3 A DEMOCRACIA
Damos um pulo na história e chegamos aos anos 90, do século XX. Estes anos se configuraram a partir do modelo político fundamentado no chamado Estado de Direito Democrático. A instalação desse modelo não teve visibilidade real para a “massa”, ou seja, ele foi sentido, mas não foi compreendido pelo povo. O povo ficou de fora da discussão que envolveu o processo de mudança.
O Estado de Direito Democrático instalou-se não apenas no Brasil, mas na América do Sul, com exceção para o Peru e o Paraguai. Segundo Vieira, esse modelo se delineia a partir do modelo democrático liberal e os países que o adoram são pouco ou nada democráticos, no significado real da palavra DEMOCRACIA (governo do povo).Então, podemos dizer que num governo democrático, o povo determina suas relações de poder sobre os demais integrantes, mas, mesmo assim, podemos distinguir a democracia em duas formas distintas:
· Democracia direta: na qual o povo decide diretamente, por meio de referendo/ plebiscito, se aceita ou não determinadas questões políticas e administrativas de sua localidade, estado ou país.
· Democracia indireta: nesta, o povo participa democraticamente, por meio do voto, elegendo seu representante político, ou seja, uma pessoa que os represente nas diversas esferas governamentais, para tomar decisões cabíveis, em nome do povo que os elegeu.
A palavra NEO significa novo e podemos entender que, ao pé da letra, o Neoliberalismo significa um novo liberalismo. Mas esse modelo tem sua fundamentação na raiz do Liberalismo inglês, ou seja, um liberalismo radical formado por um conjunto de ideias formuladas pelo economista austríaco Frederich von Hayek, para o desenvolvimento da Teoria da Desigualdade Produtiva, “pela qual, não haveria nada mais improdutivo do que a igualdade”. (VIEIRA, 2001, p. 21). Para ele é a desigualdade que gera riqueza pela competição (onde ganham os mais fortes).
Mas Vieira nos ensina que o Neoliberalismo em sua forma pura não foi implantado em nenhum país. Aqui no Brasil, o que temos é um conjunto de diretrizes elaboradas por organismos internacionais que formularam o que autor chama de “Neoliberalismo Tardio”.
Nas Ciências Sociais, essa generalização dos meios de comunicação de massa, depois da consolidação do modo de produção capitalista, é designada por “cultura de massa” ou “indústria cultural”. Segundo Crespo (2000), podemos trabalhar a concepção de indústria cultural a partir do século XVIII, pela multiplicação dos jornais na Europa. Calma! Vamos explicar. Até a Idade Média, a leitura e a escrita eram privilégios do clero e da nobreza, mas isso se transforma com o capitalismo por causa da urbanização, da industrialização e pela ampliação do mercado consumidor. Com todas essas questões, as cidades passam a se tornar centros de referência nas questões políticas, econômicas e culturais. O processo de migração para a cidade, o aumento da população urbana, o trabalho fabril, maior produção, preços mais baixos... enfim, uma cadeia de relações que coloca a burguesia como classe revolucionária, sendo que esta passa a conquistar não só o mercado em geral, mas também o mercado cultural.
O termo “indústria cultural” foi criado por Theodor Adorno e Max Horkheimer, membros de um grupo de filósofos conhecidos como Escola de Frankfurt. Esses autores buscaram analisar criticamente o funcionamento dos meios de comunicação de massa, chegando à conclusão de que eles funcionam como um instrumento da indústria cultural, que produz produtos culturais, visando exclusivamente ao consumo.
Para Adorno e Horkheimer (apud CRESPO, 2000), a indústria cultural produz e vende mercadorias, utilizando ideologicamente os meios de comunicação de massa para vender imagens do capitalismo, sendo que, muitas vezes, essas imagens são fetichizadas, buscando reproduzir o status quo vigente. Essa indústria cultural e a cultura de massa produzem “bens culturais” – música, filmes, novelas, propagandas, centrados em dois pontos: o lucro e a manutenção da sociedade capitalista. O modo de produção capitalista produz mercadorias (carros, aparelhos domésticos, roupas) e a indústria cultural também estaria mais preocupada com o lucro de suas “mercadorias”, por exemplo, um programa que tem bastante audiência vende muito, ao passo que uma novela que não dá ibope logo é tirada do ar. Dentro desse contexto não está em jogo a qualidade dos programas, e sim, o lucro que eles viabilizam. Já no que diz respeito à manutenção da sociedade capitalista, são transmitidas, pelos programas, propagandas, imagens buscando um estímulo à imutabilidade das condições de sobrevivência das pessoas. Assim, os produtos culturais devem “produzir” e mostrar (distribuir) aos indivíduos imagens falsas, irreais, imaginárias, ilusórias da realidade, fazendo com que os indivíduos permaneçam passivos e obedientes.
Nesse contexto, podemos destacar alguns pontos negativos dos meios de comunicação de massa e da indústria cultural, dentre eles: a padronização do gosto do consumidor buscando uma padronização dos indivíduos, tirando o senso crítico das pessoas, eliminando sua capacidade de julgar e decidir sobre suas próprias vidas; o incentivo do consumo exagerado, que tem como agente central a propaganda, que divulga um único padrão de vida para as pessoas, fazendo com que os indivíduos fiquem submetidos ao consumo, transformando-os em consumidores potenciais. Um exemplo para ilustrar a ideia de indústria cultural e cultura de massa que estamos discutindo é o poema “Eu etiqueta”, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987).
Apesar de todas as críticas, existem autores que destacam os pontos positivos dos meios de comunicação de massa, como Marshall McLuhan (19111980). Segundo Tomazi (2000), esse autor levanta que os meios de comunicação de massa são grandes fontes de informação, pois muitas pessoas têm acesso às mais variadas notícias por meio da televisão, do rádio e da internet. Nesse sentido, com os meios de comunicação de massa, haveria uma democratização das informações e do saber na sociedade capitalista, contribuindo também para a formação intelectual dos indivíduos (leitores, telespectadores, internautas), o que seria essencial para a nossa sociedade, pois atualmente vivemos os acontecimentos em tempo real, ou seja, nossa sociedade está globalizada.
Enfim, a globalização produz riscos, desafios, desigualdades, positividades que atravessam as fronteiras nacionais e escapam ao alcance das estruturas sociais vigentes. Por isso, torna-se importante discutirmos formas de governo que busquem pensar de forma global, visto que, segundo Giddens (2001), existem governos individuais despreparados para controlar essas questões, sendo necessário enfrentar os problemas globais de uma forma global.
Por outro lado, devemos pensar que todo esse processo abre espaço para novas possibilidades e perspectivas. É importante considerarmos a globalização como um processo que promove o contato intenso entre as diferentes culturas e as trocas culturais abrem sempre possibilidades de crescimento, de amadurecimento, de ganho para os lados envolvidos.
O Renascimento (século XVI) trouxe uma nova visão de mundo, pautado na ciência e na razão. A visão teocêntrica (Deus como centro do Universo) que predominava na sociedade feudal é suplantada pelo antropocentrismo, que coloca o homem como o responsável pela construção das relações sociais; a partir desse momento o homem encontra seu lugar de produtor da realidade social. A ciência passa a ser responsável pela explicação dos acontecimentos em sociedade, despertando nos indivíduos uma nova leitura sobre sua própria existência. Nesse período, a realidade social começa a se tornar mais complexa: o homem, agora racional, torna-se questionador, reflexivo sobre a realidade existente.
Nesse momento, Galileu Galilei, Leonardo da Vinci e Copérnico desenvolveram novas formas de compreender a realidade social, utilizando-se da experiência para comprovar os fenômenos da sociedade e da natureza. É o início do conhecimento científico que, mais tarde, com Francis Bacon e René Descartes, ficará conhecido como o único responsável pelas explicações dos fenômenos naturais e sociais.
A Reforma Protestante (século XVI) traz uma nova forma de se relacionar com o sagrado, colocando o homem como mediador das questões divinas, redirecionando a questão da hegemonia da Igreja Católica no que diz respeito às explicações religiosas.
Dentro desse processo de mudança da estrutura social, devemos também compreender a importância da Revolução Industrial e da Revolução Francesa como pontos culminantes para o surgimento do modo de produção capitalista, pois essas revoluções concretizaram mudanças no âmbito produtivo e político que haviam sido iniciadas no século XVII.
A RevoluçãoIndustrial, ocorrida na Inglaterra a partir de 1750, consolida novas formas de produção, onde o trabalho manufatureiro (trabalho manual, com auxílio de alguns instrumentos rudimentares de produção) passa a ser um trabalho baseado na maquinofatura (máquinas dentro do processo produtivo), reforçando o papel da classe burguesa como detentora dos meios de produção (máquinas, matéria-prima, fábricas) e a classe trabalhadora com sua força de trabalho, que é vendida nas relações de mercado. Esse contexto possibilitou uma nova visão de produção: a produção industrial, em alta escala, o crescimento do mercado, entre outros.
A Revolução Francesa é fruto da luta entre o Terceiro Estado e a nobreza, sendo que em 1789, com a queda da Bastilha, inicia-se o processo de reformulação política e ideológica, consolidando a figura de um novo Estado que, entre outros aspectos, defende os interesses da maioria da população, fundado no lema “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”.
A propriedade privada dos meios de produção é, talvez, a mais importante das características do capitalismo, uma vez que é através dela que existe a separação entre os que possuem os meios de produção (fábricas, matéria-prima...) e os que são expropriados da propriedade; assim, todo produto produzido está e será diretamente ligado aos proprietários dos meios de produção.
Essa relação fundamenta-se na diferença entre as duas classes sociais existentes no capitalismo: os capitalistas que detêm a propriedade privada dos meios de produção (fábrica, matéria-prima...) e os proletários que vendem a sua força de trabalho para o capital, em uma relação de compra e venda de produtos. Essa distinção de classe extrapola o universo da produção, instituindo-se também dentro das relações de poder em nossa sociedade.
Nesse sentido, podemos analisar outra característica do capitalismo: a transformação de todas as relações sociais em mercadorias. As relações sociais passam a ser relações de troca de mercadorias. Trocamos trabalho por salário (vendemos nossa mercadoria – trabalho – para que outras mercadorias sejam produzidas), trocamos nosso salário por roupas, comida, casa... reproduzindo uma relação ideológica em nosso cotidiano.
4.1 O QUE É TRABALHO?
Pode-se compreender que é por meio do trabalho dos homens que a sociedade se forma, se organiza tanto política, econômica e socialmente. É o trabalho que estrutura as nossas relações sociais. O trabalho se torna fundamental para o desenvolvimento dos princípios ético-morais de uma sociedade, pois é ele que medeia todas as nossas relações. Em outras palavras, o trabalho é a mola propulsora da vida em comunidade.
A ÉTICA DO TRABALHO consiste em entender essa atividade – o trabalho – como fator fundamental à construção da identidade e da realização pessoal e ao estabelecimento de uma ordem social, onde prevaleçam relações fundadas na dignidade, na liberdade e na igualdade entre os homens. (GONÇALVES E WYSE, 1997, p. 24).
Historicamente, podemos observar que todos os homens apresentam muitas diferenças, pois cada um possui um modo de vida, uma etnia e visão de mundo diferente, como: opção sexual, etnia, religião, força física, sonhos, desejos, objetivos de vida, entre muitas outras diferenças, que são resguardadas como direito de igualdade em nossa sociedade. É só observar o que prediz a nossa Constituição Federal.
2 GRANDES PENSADORES
Augusto Comte e Émile Durkheim são os expoentes do positivismo, sendo que esses autores realizam uma leitura da sociedade capitalista buscando estabelecer a necessidade da ordem e do progresso.
2.1 AUGUSTO COMTE
Augusto Comte (1798-1857) definiu a sociologia como “física social”, considerando que ela deveria localizar e estabelecer as leis imutáveis da vida social, identificando quais seriam as irregularidades, ou qual deveria ser o funcionamento normal da sociedade. Para Comte, a sociedade estava em crise, em desordem, e o conhecimento a ser construído deveria, necessariamente, criar condições para que a ordem fosse novamente restaurada.
Durkheim, baseado no pensamento de Comte, considerava que todos os problemas da sociedade capitalista eram de natureza moral, e que os problemas sociais não estariam ligados ao desenvolvimento da economia, ao desemprego gerado pela automatização do processo produtivo, e sim à falta de moral desses indivíduos a se inserirem nas relações sociais.
Durkheim, o positivismo e seus conceitos têm uma leitura de que a sociedade capitalista está em primeiro plano, e o indivíduo deve a todo o momento adaptar-se e cumprir as regras estabelecidas, visto que um indivíduo só tem valor se estiver inserido no contexto social, pois é a sociedade que confere sentido à sua existência.
2.4 MARX E ENGELS
Marx e Engels são pensadores importantíssimos para a realidade social, pois suas abordagens perpassam por questões econômicas, políticas, sociais, ideológicas e culturais. É importante discutir que toda sua leitura está pautada na transformação da realidade social, instituindo uma nova sociedade, ou seja, o socialismo.
Todos os bens seriam de todas as pessoas e não poderia haver diferenças econômicas entre os indivíduos. Existiria um governo (ditadura do proletariado) que instituiria determinadas leis sociais para a totalidade dos indivíduos. Hoje, contamos com a existência do Estado para defender os interesses dos trabalhadores, pois o pensamento nos padrões do capital ainda se faz presente, sendo necessário um período de transição e formação do sujeito dentro de novos padrões econômicos, políticos, ideológicos e culturais.
2.5 MARX E A EDUCAÇÃO
Na leitura marxista, a educação deve ser vista como um instrumento de transformação social e não uma educação reprodutora dos valores do capital. Dentro dessa concepção, ele aborda a necessidade de uma educação politécnica, estabelecendo três pontos principais:
Para Marx o ensino deveria ser universal, obrigatório, público e gratuito, principalmente no Ensino Fundamental. Esse ensino não deveria ser oferecido pelo Estado, pois ele é a representação da burguesia no poder. Caberia ao Estado propiciar as condições materiais para a efetivação da escola politécnica, que seria gerida pelos trabalhadores, no sentido de implementar a educação para os alunos formando indivíduos sociais plenos.
2.6 MAX WEBER
Um pensador importante da sociologia clássica é Max Weber e sua sociologia compreensiva. Como o próprio nome já diz, ele vai buscar compreender as ações dos indivíduos em sociedade.
Para Weber, a sociedade não é uma instituição que se impõe aos indivíduos, como pensava Durkheim. Weber estabelece que a sociedade é fruto das ações racionais dos indivíduos, que fazem conscientemente suas escolhas a todo o momento e em todas as instâncias da vida, sendo que são essas ações que estruturam a sociedade.
Outro fragmento social estudado por Weber foi a relação política e dominação. Intrigava-o pensar que, nas diversas formações sociais, existiram sempre os indivíduos que “mandavam” e os que “obedeciam”. Analisando essa questão, Weber distingue três tipos de dominação: a dominação legal, a dominação tradicional e a dominação carismática.
A dominação legal é aquela em que a obediência é baseada nas leis, estatutos e normas estabelecidas em nossa sociedade. Temos como exemplo o nosso Estado Democrático. A dominação tradicional é aquela em que existe a obediência nas crenças das santidades e das tradições, dos hábitos e dos costumes, que devem ser respeitados. Podemos pegar como exemplo o poder que o rei exerce sobre seus discípulos, sendo que esse poder está vinculado à tradição da monarquia.
Já na dominação carismática, a obediência se dá pelo carisma do líder, sendo esse carisma definido como uma qualidade, um atributo pessoal de quem exerce liderança, como a coragem, o heroísmo, a forma de se expressar verbalmente, entre outros. Podemos citar aqui Hitler, que conseguiu, através do seu carisma, mobilizar todos os alemães em prol da raça pura, exterminando um grande número de judeus.
Podemos dizer que a educação, para Weber, é o modo pelo qual oshomens são preparados para exercer as funções dentro da sociedade. Essa educação é uma educação racional. A educação e a escola, como instituição do Estado Moderno, passaram a ser um fator de estratificação social e não mais visam a educar para o mundo. Nesse sentido, Weber estabelece que o ato de educar é uma ação (olha a ação social novamente!) socialmente dirigida e segue três tipos, segundo Rodrigues (2000, p. 79):
O homem e as ações que realiza fazem com que essa teia de relações preestabelecidas possa ser reconstruída pelos próprios indivíduos, no sentido de estabelecer novos princípios para a sociedade.
2.8 ZYGMUNT BAUMAN
Zygmunt Bauman caracteriza-se por ser um pensador articulado, portador de habilidade e sensibilidade como poucos intelectuais contemporâneos na leitura e interpretação das perspectivas civilizatórias que se constituíram ao longo da modernidade, bem como seus impactos e suas consequências na contemporaneidade. Entre outros fatores próprios da condição humana de Bauman, talvez tais características tenham sido resultado da contribuição e influência que alguns pensadores exerceram na constituição de seu pensamento, entre eles: Albert Camus, Gramsci, Ítalo Calvino e Borges.
Bauman nos propõe uma ética alicerçada em um iluminismo sem ilusões, um pouco mais cética em relação a qualquer proposta que se apresente minimamente redentora e ordenadora da condição humana. Bauman não desconhece que a razão é talvez nossa única possibilidade, mas uma razão que brinca, que joga com a existência. Portanto, uma ética que nos permita reconhecer a dimensão estética, lúdica, contingente e política de nossas existências, de que o que importa é participar do jogo da existência, é jogar e correr os riscos das jogadas que realizamos num determinado contexto social. Afinal, não ter garantias talvez seja a garantia de que o jogo continua independentemente do resultado final do jogo, e assim as possibilidades existenciais humanas continuarão abertas a um conjunto de novas combinações e jogadas.
2.9 JÜRGEN HABERMAS
A proposta filosófica de Habermas procura estabelecer uma alternativa ao projeto marxista de transformação social a partir da luta de classes como motor da mudança que se manifesta na dinâmica histórica, por um projeto emancipatório do gênero humano. Portanto, seu esforço se concentra na reformulação do conceito de “racionalização” do Mundo da Vida, – conceito que já havia sido apresentado por Max Weber e por Herbert Marcuse nas primeiras décadas do século XX –, como condição de superação das categorias marxistas na sua reflexão sobre a dinâmica social.
E a busca do consenso pressupõe a autêntica discussão fundada na razão. A racionalidade comunicativa é a condição do estabelecimento de um padrão que pode permitir a interpretação e o posicionamento adequado das pessoas diante dos paradoxos e desafios que a contemporaneidade nos apresenta.
2.10 HANS JONAS
A proposta ética de Hans Jonas apresenta-se na perspectiva de uma ética para a civilização tecnológica. A modernidade caracteriza-se pela supremacia da racionalidade científica na interpretação e compreensão do mundo, da vida, da existência em sua totalidade, que se radicaliza na contemporaneidade pela disposição da técnica em todas as esferas da vida humana. Nesta perspectiva, a ética de Hans Jonas procura responder aos desafios tecnológicos de nosso tempo, ao poder que o homem alcançou sobre a natureza e, consequentemente, sobre si mesmo, as implicações talvez inimagináveis à condição humana que este poder prático detém. Ou seja, a iminente possibilidade de destruição, ou de alteração da vida na dimensão planetária exige que este poder científico-tecnológico seja acompanhado de um novo princípio, que é o princípio da responsabilidade com a vida em sua totalidade.
Hans Jonas parte do pressuposto de que todas as éticas apresentadas até o presente momento compartilhavam as seguintes premissas entre si:
a) A condição humana, resultante da natureza do homem e das coisas, permanece no fundamental fixo de uma vez para sempre.
b) A partir destes princípios é possível determinar com precisão o bem humano.
c) O alcance da ação humana e de sua responsabilidade está estreitamente delimitado.
Sociedade de controle em tempo real. Não há como refugiar-se, você “existe” nos sistemas de informação interligados de norte a sul do país, talvez até do planeta. Talvez você, ser humano portador de sonhos, anseios, projetos, pensamentos, não exista efetivamente para o sistema, mas seu código, que é condição da sua existência estatística nos bancos de dados, é uma realidade. Parafraseando o filósofo René Descartes (1596-1650): “Tenho senha, logo existo”.
E, apesar de todo este controle, nos achamos “mais livres”, “mais seguros”, “mais modernos”, “melhores que outros seres humanos que viveram em outras épocas”. O paradoxo que nos assola contemporaneamente coloca-se na seguinte perspectiva: “Quanto maior nossa necessidade de segurança, menor é a nossa liberdade”.
2 NOVOS CIDADÃOS
A cidadania vem da ideia de polis, que quer dizer cidade, onde na Grécia antiga as pessoas se reuniam e participavam nas decisões do bem comum. Com o passar do tempo, o conceito de cidadania foi ampliado aos deveres e direitos dos seres humanos e ao conjunto de valores da sociedade, mas no senso comum está sempre mais ligado à preservação dos direitos e identidade dos seres humanos e capacidade de participação.
Para efeito da cidadania, parece que o ser humano, pessoa, indivíduo ou cidadão tenha singularidades; pelo contrário, nos parece mesmo que, qualquer que seja a etimologia ou simbologia, os seres humanos – pessoas – indivíduos – cidadãos são iguais em plenos direitos e deveres.
A vida a todo tempo nos dá oportunidade de fazer escolhas, e são essas escolhas que nos possibilitam sermos. Embora em cada ambiente ou organização em que estejamos inseridos possamos desempenhar distintos papéis, ainda assim a essência do ser humano não se distingue porque exercermos uma ou outra função. Em outras palavras, quando falamos de ética, devemos ser éticos em qualquer que seja a nossa função em determinada organização, e mais, continuarmos sendo em nossas atitudes cotidianas, assim como prevê o Decreto no 1.171, de 1994, item VI do Capítulo I (BRASIL, 1994):
A cidadania é, portanto, reflexo das ações do Estado, e o ensino público torna-se também reflexo de como essa cidadania pode ser absorvida. Demo (1995) destaca um comparativo entre cidadania e formas de Estado, que pode ser observado no quadro que segue:
· Cidadania tutelada: é a cidadania que a elite econômica e política pratica. É excludente e de privilégios (paternalismo).
· Cidadania assistida: a sociedade começa a ter noção de seus direitos e estes devem ser garantidos pelo Estado (assistencialismo).
· Cidadania emancipada: é o governo proativo, que faz uso da democracia e tem o entendimento de que o Estado deve servir e buscar medidas que conduzam ao bem comum.
Podemos entender que cidadania é um conjunto de direitos e deveres que denotam e fundamentam as condições do comportamento de cada indivíduo em relação à sociedade, ou seja, a cidadania designa normas de conduta para o convívio social, determinando nossas obrigações e direitos perante os outros integrantes da nossa sociedade.
Podemos observar três dimensões da cidadania:
· Cidadania civil: são aqueles direitos advindos da liberdade de cada indivíduo, como, por exemplo: o livre-arbítrio para expressar nossos pensamentos; o direito de propriedade (venda e compra de um imóvel, um bem ou serviço); entre outros. 
· Cidadania política: podemos considerar que a cidadania política se legitima quando os homens exercem seu poder político de eleger e ser eleitos para o exercício do poder político, independentemente da instituição pública ou privada na qual venham a exercer suas atribuições.
· Cidadania social: compreendida como o conjunto de direitos concernentes ao conforto de cada cidadão, no que tange à sua vida econômica e social, ou seja, do seu bem-estar social. Um novo cidadão, aquino nosso estudo antecede um novo homem, porque esse novo homem que queremos vai de encontro aos modelos que se vislumbram no campo da coisa pública, ou seja, especifica esse homem na dimensão administrativa. Vejamos.
3 UM NOVO HOMEM
Ramos (1984) identificou a existência de três modelos de homem, influenciado pela realidade histórica administrativa ao longo do século XX. Os modelos são: homem operacional, homem reativo e homem parentético. Inicialmente o autor descreveu somente os dois primeiros modelos, mas as circunstâncias sociais o fizeram acrescentar o último modelo: parentético, que é considerado hoje o modelo ideal.
O que difere o homem operacional do homem reativo é a valorização do homem reativo como ser dotado de sentimentos e valores, embora tanto um quanto o outro sejam instrumentos para a organização atingir seus objetivos e metas.
3.1 HOMEM OPERACIONAL
O homem operacional é o homem calculista, que trabalha para receber sua recompensa econômica. Está inserido numa constituição física na lógica de mercado e da burocracia.
O homem operacional não tem preocupações éticas, pois para a organização é só mais um recurso que levará a resultados de produção. Ele, por si mesmo, corresponde como um operador aos processos determinados pela organização, por esse motivo não faz reflexões éticas sobre suas práticas e nem da organização.
3.2 HOMEM REATIVO
O homem reativo é um ser inserido em circunstâncias sociais, por isso seus sentimentos, a motivação, as suas necessidades são importantes e valorizadas, para que seu rendimento frente à organização seja reflexo dessa constituição do sujeito.
O homem reativo, diferentemente do operacional, possui uma visão mais ampla do significado do trabalho, em que somente a recompensa material não é suficiente. O homem reativo tem como motivação ao trabalho a qualidade de vida e a recompensa material.
3.3 HOMEM PARENTÉTICO
O homem parentético é um modelo de homem em que as suas capacidades de crítica, reflexão e autoconhecimento são importantes no desenvolvimento do seu trabalho na organização. O homem parentético deixa de ser o robô e exclusivamente operador do homem operacional, e também a sua motivação humana do homem reativo faz parte de um contexto mais dinâmico social. O homem parentético é aquele que busca a sua realização pessoal, mas numa dimensão social em que o bem-estar deve ser compartilhado por toda a sociedade (o bem comum).
4.1 A RESPONSABILIDADE SOCIAL
A responsabilidade social se desenvolve a partir da sustentabilidade, ou seja, que os recursos sejam usados e não comprometam as futuras gerações. A princípio pensa-se em recursos naturais, por isso o crescimento enorme de controlar a interação do ser humano com o meio ambiente. Porém, a responsabilidade social chega também nas organizações, sejam políticas, sejam não governamentais, construindo-se no tripé ambiental, social e econômico.
Sustentabilidade é a capacidade do ser humano de interagir com o meio ambiente sem comprometer os recursos naturais das gerações futuras.
A forma como se utilizam recursos, a preocupação provinda dos limites de recursos naturais, o atendimento às necessidades dos recursos humanos, o seu bem-estar como um todo dentro e fora da organização, a comunidade na qual a organização está inserida e a sociedade como um todo são temas e objetos da responsabilidade social.
Podemos dizer que a equidade nada mais é do que fazer justiça com imparcialidade, pois todos os seres humanos possuem direitos e deveres perante a sociedade em que vivem. Estes direitos, por sua vez, denotam um conjunto de princípios morais, que acabam igualando todos os homens de uma mesma sociedade.
Assim, podemos afirmar que o respeito às diferenças humanas também pode ser compreendido como o respeito às diversas identidades que compõem uma sociedade, pois cada ser humano possui sua singularidade, ou seja, suas características pessoais.
Pelo comportamento humano e, principalmente, por meio de seu modo de ser, hábitos e costumes é que determinamos e consolidamos nossa moral e, por conseguinte, a ética. A sua constituição advém historicamente das relações do dia a dia de cada ser humano que vive em sociedade.
Então, podemos compreender que o homem social nasce da natureza e de sua inter-relação com os outros de sua espécie, em que suas habilidades e aptidões são desenvolvidas por ele no decorrer de seu processo de humanização, ou seja, é o próprio homem o autor e produto da sua construção.
Portanto, a sociabilidade humana pode ser compreendida como o berço da constituição do homem social ou ser social, pois é por meio de nossas atividades humanas que nos constituímos como homens e, assim, nos perpetuamos historicamente.

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