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Kureski_Nuñez_2007_Multiplicadores-de-emprego-e-r_25898

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Multiplicadores de emprego e renda da indústria de papel e celulose – 2003:
uma aplicação da matriz de insumo-produto
Revista de Economia e Administração, v.6, n.1, 83-98p, jan./mar. 2007 83
Multiplicadores de emprego e renda da
indústria de papel e celulose – 2003:
uma aplicação da matriz de insumo-produto
Ricardo Kureski
Doutor em Economia e Política Florestal, Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Professor, Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR)
Técnico do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes)
Rua Imaculada Conceição, 1155 – Prado Velho
Cep: 80215-901 – Curitiba – PR Brasil
e-mail: kureski@pr.gov.br
Blas E. Caballero Nuñez
Doutor em Economia, Universidade de São Paulo (USP)
Professor, Programa de Pós-Graduação em Economia e Política Florestal da
Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Av. Prefeito Lothário Meissner, 632 – térreo Bairro Jardim Botânico
Cep: 80210-170 – Curitiba – PR Brasil
e-mail: blas@ufpr.br
Resumo
Este artigo apresenta os multiplicadores de emprego e renda direto e indireto da econo-
mia brasileira, dando ênfase à indústria de papel e celulose. O primeiro passo na realiza-
ção do trabalho foi estimar a matriz de insumo-produto do Brasil em 2003; na seqüência,
foram identificados os setores-chave da economia brasileira. Em seguida, obtiveram-se
os multiplicadores de emprego e renda. Os multiplicadores de emprego e renda para a
atividade de Papel e Gráfica ficaram na décima nona e na sexta posições, respectiva-
mente, quando confrontados com as 41 atividades incluídas na matriz.
Palavras-chave: Papel e gráfica; Multiplicadores de emprego e renda; Matriz de insumo-
produto.
Abstract
The present article discloses the employment and both the direct and indirect income
multipliers for the Brazilian economy, with emphasis on the paper and pulp industry. In
order to carry out the present project, the first step was to estimate the 2003 Brazilian
input-output matrix and identify the key sectors of the Brazilian economy. The next
step was to obtain the employment and income multipliers. When compared to the 41
activities included in the matrix, the paper and printing employment and income
multipliers were placed in the nineteenth and sixth positions, respectively.
Keywords: Paper and printing; Employment and income multipliers; Input-output matrix.
1. Introdução
A indústria de papel e celulose representa uma importante parcela do valor
do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Segundo dados do Instituto Brasileiro
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de Geografia e Estatística, o setor de papel e celulose teve uma participação de
1,53% no PIB (6,47% do PIB da indústria de transformação) em 2003. Em 2005, a
produção de celulose alcançou 10 milhões de toneladas, e a de papel, 8,6 mi-
lhões de toneladas, com crescimento de 2% e 4% no ano, respectivamente. Os
resultados das exportações de celulose e papel fecharam o ano com um incre-
mento de 18,6% em relação ao ano anterior, com o valor de 3,5 bilhões de dólares
(ZOGBI, 2006).
A indústria de Papel e Gráfica, dentro do novo cenário econômico de abertu-
ra da economia a partir dos anos 1990, buscou ajustar-se ao novo padrão de
concorrência. Tornou-se relevante determinar os impactos (diretos, indiretos)
sobre o emprego decorrentes da variação na demanda final da indústria de Papel
e Gráfica.
Para isso, o procedimento metodológico utilizado neste estudo foi o da ma-
triz de insumo-produto, que exibe as relações entre os diversos setores da eco-
nomia. São estimadas as variações nos níveis de produção setorial resultantes
das variações nos níveis de demanda final, que são determinadas exogenamente.
Utilizando os multiplicadores diretos e indiretos da matriz, é possível determinar
o efeito do aumento da demanda final na geração de emprego.
Assim, o objetivo desta pesquisa é mensurar os multiplicadores de emprego
e renda diretos e indiretos da indústria de papel e celulose para a economia
brasileira no ano de 2003. Como objetivos específicos, pretendemos:
a) Estimar a matriz brasileira de 2003;
b) Determinar os setores-chave da economia brasileira.
Este artigo está estruturado em cinco seções, além da Introdução. Inicial-
mente, é exposto o modelo de insumo-produto. Em seguida, apresenta-se a
metodologia empregada para estimar a matriz de insumo-produto brasileira para
2003. Posteriormente, trata-se dos setores-chave da economia brasileira e dos
multiplicadores de emprego e renda e, por fim, fazem-se as considerações finais.
2. Matriz de insumo-produto (MRI)
A matriz de relações insumo-produto, desenvolvida por Wassily Leontief,
constitui um quadro estatístico de dupla entrada. Ela registra, de um lado, os
insumos utilizados pelas distintas atividades econômicas e, do outro, o destino
das produções, possibilitando a percepção da interdependência setorial. A pri-
meira experiência brasileira na elaboração da MRI remonta a 1967, quando foi
publicada a primeira matriz para o país, com base no Censo de 1959, pelo Institu-
to de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) (RIJCKEGHEM, 1967). Outra inicia-
tiva, realizada conjuntamente pelo Banco Central do Brasil e pelo Conselho
Interministerial de Preços, elaborou uma matriz para o ano de 1971 utilizando
dados fiscais (LEÃO et al., 1973). Posteriormente, foram elaboradas matrizes,
apoiadas nos censos, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
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referentes aos anos de 1970, 1975, 1980, 1985 e de 1990 até 1996. Destaca-se que
a Tabela de Recursos e Usos que integra o Novo Sistema de Contas Nacionais
do Brasil, seguindo as recomendações do System of National Accounts (SNA)
da ONU, de 1993, identifica-se com a MRI, que fica assim definitivamente inte-
grada ao sistema. O modelo insumo-produto (Quadro 1) é dividido em três seto-
res, obtendo-se para cada um destes o consumo intermediário, a demanda final
e o valor bruto da produção. Deduzindo-se o valor bruto da produção do consu-
mo intermediário, obtém-se o valor adicionado.
Na linha 1, o valor bruto da produção da agricultura é X1, subdividido em
demanda intermediária (X11, X12 , X13) e demanda final (Y1). Na coluna 1, tem-se a
origem dos bens e serviços intermediários consumidos pela agricultura (X11 +
X21 + X31). A diferença entre o valor bruto da produção e o somatório da deman-
da intermediária (ΣXi1) resulta no valor adicionado, que é utilizado para remune-
ração dos fatores de produção.
Quadro 1.- Fluxo de bens por setores de origem e destinoem termos
simbólicos.
Demanda Total da Valor Bruto
Atividades Intermediária Demanda Final da Produção
(1) (2) (3)
Agricultura (1) X11 X12 X13 Y1 X1
Indústria (2) X21 X22 X23 Y2 X2
Serviços (3) X31 X32 X33 Y3 X3
Valor Adicionado Z1 Z2 Z3
Valor Bruto da Produção X1 X2 X3
Fonte: O’Connor e Henry (1975, p. 39). Nota: A tabela foi modificada pelos autores.
Utiliza-se o mesmo raciocínio para calcular o fluxo de bens tanto da agricul-
tura quanto das atividades da indústria e de serviços. Com o somatório do valor
adicionado das três atividades (ΣZj) obtém-se o Produto Nacional da economia.
O Valor Adicionado é decomposto em salários, aluguéis, lucro e juros, ou seja, a
remuneração paga aos fatores de produção. O somatório da remuneração dos
fatores de produção (ΣZj) resulta na Renda Nacional do país. Por último, tem-se
o somatório da demanda final (ΣYi), que é considerado o Dispêndio Nacional do
país.
O coeficiente técnico é definido como a necessidade direta de insumos dos
diversos setores de atividades, ou seja, demonstra as relações intra e interin-
dustriais diretas. Miernyk (1974) conceitua coeficiente técnico como sendo o
montante de insumo requerido por indústria para elaborar um produto, no valor
de $1, de uma dada indústria. É obtido pela seguinte fórmula:Revista de Economia e Administração, v.6, n.1, 83-98p, jan./mar. 2007 86
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aij =
Xij
Xi (1)
onde:
aij = coeficiente técnico
Xij = consumo intermediário
Xj = valor da produção
Quando do aumento da demanda final, ocorrem não somente efeitos diretos
na produção de insumos, mas também efeitos indiretos, ou seja, tem-se a primei-
ra rodada de compras, a segunda, a terceira etc.
Seguindo o exemplo de O’Connor (Tabela 1), o valor bruto da produção (Xi)
é dado pela seguintes fórmulas:
X1 = X11 + X12 + X13 + Y1
X2 = X21 + X22 + X23 + Y2 (2)
X3 = X31 + X32 + X33 + Y3
Isolando-se o valor do insumo da fórmula (1), tem-se:
Xij = aijXj (3)
Substituindo-se a equação (3) na equação (2), obtém-se:
X1 = a11X1 + a12X2 + a13X3 + Y1
X2 = a21X1 + a22X2 + a23X3 + Y2 (4)
X3 = a31X1 + a22X2 + a23X3 + Y2
Na forma de matriz, a equação (4) pode ser escrita assim:
X = AX + Y (5)
onde:
X = vetor-coluna do valores brutos da produção
A = matriz de coeficientes técnicos
Y = vetor-coluna dos valores da demanda final
Isolando-se Yi na equação (4), obtém-se:
(1 - a11)X1 - a12X2 - a13X3 = Y1
-a21X1 + (1 - a22)X2 - a23X3 = Y2 (6)
-a31X1 - a32X2 + (1-a33)X3 = Y3
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Na forma de matriz, a equação (6) pode ser escrita da seguinte maneira:
(I – A)X = Y (7)
onde:
I = matriz identidade
A = matriz dos coeficientes técnicos
X = vetor-coluna do valores brutos da produção
Y = vetor-coluna dos valores da demanda final
Como o objetivo é determinar os efeitos direto e indireto resultantes do
aumento de uma unidade monetária na demanda final (Yi), faz-se necessário
isolar o valor bruto da produção (Xi) na equação (7). A matriz resultante é deno-
minada matriz de Leontief. O resultado final é o seguinte:
X = (I – A) -1Y (8)
onde:
X = valor bruto da produção
(I – A) -1 = matriz de Leontief
Y = demanda final
Para o modelo, é formulada a hipótese de que esta é uma função linear e
homogênea, ou seja, cada mercadoria é fornecida por uma única atividade, com
rendimento constante de escala. Outra hipótese refere-se à aditividade, em que o
efeito total da produção é a soma dos efeitos separados.
3. Obtenção da matriz do Brasil em 2003
Como a matriz de insumo-produto do Brasil em 2003 não foi publicada pelo
IBGE, torna-se necessária sua obtenção prévia. Isso pode ser feito a partir da
Tabela de Recursos e Usos (TRU) do Sistema de Contas Nacionais (SCN), com
a qual está plenamente integrada, desde que respeitados seus grandes agre-
gados. Feijó et al. (2001) alertam também para a necessidade de um trabalho
adicional tendo em vista transformar a tabela de consumo intermediário do
SCN, que apresenta o consumo total (produtos nacionais mais importados) a
preço de consumidor em duas tabelas: consumo nacional e consumo importa-
do, a preço básico. Para obter a TRU a preço básico, adotou-se o procedimen-
to metodológico apresentado por Guilhoto et al. (2002). O primeiro passo é
obter o coeficiente para estimar os valores da Margem de Comércio (MGC), da
Margem de Transporte (MGT), do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS), do Imposto sobre Produtos Industrializados e do ISS (IPI/
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ISS) e Outros Impostos Indiretos Líquidos (OIIL). Para tanto, utiliza-se a se-
guinte fórmula:
(9)
onde:
Zij = valor do produto i vendido para o setor ou demanda final j, a preços de
mercado
 = valor total do produto i vendido para todos os setores da economia,
onde n é o número de setores da economia
Contudo, para se obter a tabela de recursos e usos a preço básico, é também
necessário calcular os valores da Importação de Bens e Serviços (IMP) e do
Imposto de Importação (IIMP). O procedimento metodológico é o mesmo exposto
acima, entretanto no valor total do produto não se inclui o valor das exportações.
Em seguida, multiplica-se o coeficiente (α) pelos valores da Margem de Comér-
cio (MGC), da Margem de Transporte (MGT), do Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS), do Imposto sobre Produtos Industrializados e ISS
(IPI/ISS), de Outros Impostos Indiretos Líquidos (OIIL), de Importação de Bens e
Serviços (IMP) e dos IIMP. Os resultados são deduzidos da tabela de recursos e
usos a preço de mercado para obter-se a tabela de recursos a preço básico.
O resultado final dessas operações encontra-se apresentado na Tabela 1,
correspondendo à Tabela de Oferta e Demanda da Produção a Preço Básico
(2003). Na linha da matriz apresenta-se o destino da produção. Nas colunas, tem-
se a estrutura de custo das atividades. Mostra-se também o total da demanda
final e o valor da produção por produto.
Para concluir, é necessário obter a matriz inversa de Leontief. Assim, com a
tabela de consumo nacional, calculam-se os coeficientes técnicos (matriz B)
para o país, acompanhando o procedimento utilizado pelo IBGE, descrito em
Feijó et al. (2001, p. 149). Supõe-se a tecnologia do setor representada por uma
matriz de coeficientes técnicos de produto por setor (Matriz B), obtida da tabela
do consumo nacional e expressa na seguinte fórmula:
Bn = Un.<g> -1 (10)
onde:
Bn = matriz dos coeficientes técnicos nacionais
Un = matriz de consumo intermediário nacional
g = vetor do valor bruto da produção nacional
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Cada coeficiente técnico é calculado mediante a fórmula:
bnij = unij/gj (11)
onde:
bnij = coeficiente técnico do setor j
unij = consumo intermediário do produto i para o setor j
g = valor bruto da produção do setor j
A seguir, calcula-se a matriz D (setor por produto), na qual se utiliza a hipó-
tese de market-share. A equação é a seguinte:
D = V.<q> -1 (12)
onde:
D = matriz de market-share
V = tabela de produção nacional transposta
q = vetor do valor bruto da produção nacional
4. Determinação dos setores-chave da economia brasileira
Por meio da matriz, é possível identificar quais são os setores-chave da
economia nacional. Primeiramente, é necessário obter os índices de ligação para
frente e para trás, que levam em conta os efeitos diretos e indiretos decorrentes
da expansão dos setores econômicos da economia nacional; para tanto, utiliza-
se a matriz inversa de Leontief. O encadeamento para trás do setor j é definido
pela seguinte equação:
Y . j = ((1 / n) Σ rij / (1 / n2) Σ Σ rij) (13)
Neste caso, rij é o elemento da matriz inversa, e n representa o número de
atividades, correspondendo à divisão da média setorial da coluna j pela média
de todos os setores da economia. Se o resultado é superior a 1, o setor gera
efeitos para trás acima da média da economia.
Quanto ao encadeamento para frente de todas as atividades econômicas,
considerando os efeitos diretos e indiretos decorrentes da demanda final de
uma unidade monetária, é calculado pela seguinte equação:
Y . j = ((1 / n) Σ rij / (1 / n2) Σ Σ rij) (14)
Nessa equação, rij é o elemento da matriz inversa, e n representa o número de
atividades, correspondendo à divisão da média setorial da linha i pela média de
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todos os setores da economia. Sendo o resultado superior a 1, o setor gera
efeitos para frente acima da média da economia.
Os índices de ligações para trás e para frente de Rasmussen/Hirschman foram
calculados para todas as atividades da matriz de insumo-produto do Brasil, o que
possibilitou identificar a participação da Indústria de Papel e Gráfica (15) no cenário
da economia brasileira. Os resultados estão na Tabela 1 e são ilustrados na Figura 1.
No que se refere ao encadeamento para trás, o resultado demonstraque as
cinco primeiras atividades ordenadas são: Indústria Têxtil (22), Abate de Ani-
mais (27), Indústria de Laticínios (28), Material Elétrico (10) e Artigos do Vestu-
ário (23). Nota-se que duas dessas atividades estão relacionadas ao segmento
de vestuário, e outras duas ao segmento de produtos alimentares.
A Indústria de Papel e Gráfica (15) foi classificada em décimo quarto lugar,
com um encadeamento médio de 1,14 quando do aumento de uma unidade mo-
netária na demanda final de seus produtos. Seus principais fornecedores de
insumos são a Indústria Química e a Agropecuária, com madeira para celulose,
proveniente da silvicultura. Conforme Sesso Filho (2003), essas atividades se
destacam como fornecedoras de matéria-prima para outros setores da economia,
sendo demandados em maior intensidade (valor) em relação à média dos demais.
Quanto ao resultado do encadeamento para frente, têm-se como as cinco
principais atividades: Refino do Petróleo (18), Comércio (35), Agropecuária (1),
Siderurgia (5) e Serviços Industriais de Utilidade Pública (33).
A Indústria de Papel e Gráfica (15) ficou em décimo lugar, com um encadea-
mento médio para frente de 1,16, decorrente do aumento da demanda de uma
unidade monetária na demanda final de todas as atividades. Entretanto, quando
comparados os resultados dos encadeamentos para trás e para frente, observa-
se melhor desempenho no encadeamento para frente. Isso decorre do fato de
que essa indústria fornece a maior parte da sua produção para o consumo inter-
mediário de outras atividades, ao invés de fornecê-la para a demanda final,
caracterizando-se como produtora de bens intermediários.
Para se definir quais são os setores-chave da economia brasileira, adotou-se
neste trabalho a metodologia utilizada por Guilhoto et al. (2002), que considera
como setores-chave as atividades que possuem índices para trás e para frente
superiores a 1 (um). Conclui Guilhoto et al. (2002) que, se adotado um conceito
restritivo, em que os setores que apresentassem índices para frente ou para trás
superiores a 1 fossem setores-chave, correr-se-ia o risco de essa classificação
ser demasiadamente extensa. Conforme os dados da Tabela 1, os setores-chave
são: Siderurgia (5), Outros Metalúrgicos (7), Papel e Gráfica (15), Químicos Di-
versos (19), Indústria Têxtil (22) e Transportes (36).
Pelo critério adotado, a Indústria de Papel e Gráfica (15) é considerada setor-
chave da economia, em função de sua demanda de insumos dentro do processo
produtivo, a qual está concentrada na Indústria Química, na Agropecuária e em
suas vendas para o comércio (fornecimento de embalagens). Não possui um
elevado encadeamento para trás, como a Indústria Têxtil (22), nem um elevado
encadeamento para frente, como a Siderurgia (5).
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Tabela 1.- Índice de ligações de Hirschman-Rasmussen - Brasil – 2003.
Código Atividade Índice Ordem Índice Ordem
para Trás para Frente
1 Agropecuária 0,83 34 3,13 3
2 Extrativa mineral 0,99 26 0,67 25
3 Extração de petróleo e gás 0,62 40 1,35 6
4 Minerais não-metálicos 0,99 25 0,77 19
5 Siderurgia 1,15 13 1,76 4
6 Metalurgia não-ferrosos 1,14 15 0,98 15
7 Outros metalúrgicos 1,19 9 1,08 11
8 Máquinas e tratores 0,91 31 1,00 13
10 Material elétrico 1,23 4 0,59 32
11 Equipamentos eletrônicos 0,95 27 0,53 38
12 Automóveis, caminhões e ônibus 1,19 8 0,48 41
13 Outros veículos e peças 1,16 11 0,74 21
14 Madeira e mobiliário 1,05 21 0,59 31
15 Papel e gráfica 1,14 14 1,16 10
16 Indústria da borracha 1,06 19 0,78 18
17 Elementos químicos 0,94 29 1,00 14
18 Refino do petróleo 0,93 30 3,56 1
19 Químicos diversos 1,04 22 1,20 9
20 Farmacêutica e de perfumaria 1,20 6 0,52 40
21 Artigos de plástico 1,06 20 0,71 23
22 Indústria têxtil 1,41 1 1,07 12
23 Artigos do vestuário 1,21 5 0,58 33
24 Fabricação de calçados 1,11 16 0,52 39
25 Indústria do café 1,16 12 0,55 37
26 Beneficiamento de produtos vegetais 1,09 17 0,61 28
27 Abate de animais 1,25 2 0,58 34
28 Indústria de laticínios 1,23 3 0,57 36
29 Indústria de açúcar 1,09 18 0,66 26
30 Fabricação de óleos vegetais 1,19 7 0,75 20
31 Outros produtos alimentares 1,18 10 0,67 24
32 Indústrias diversas 1,02 23 0,59 29
33 Serviços industriais de 0,82 35 1,54 5
utilidade pública
34 Construção civil 0,84 33 0,59 30
35 Comércio 0,95 28 3,40 2
36 Transporte 1,02 24 1,27 8
37 Comunicações 0,70 38 0,91 16
38 Instituições financeiras 0,65 39 0,87 17
39 Serviços prestados às famílias 0,84 32 0,57 35
40 Serviços prestados às empresas 0,71 37 1,28 7
41 Aluguel de imóveis 0,51 41 0,72 22
42 Administração pública 0,72 36 0,61 27
Fonte: Matriz de Insumo-Produto do Brasil.
Nota: Cálculo realizado pelos autores.
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3.
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5. Geração de emprego e renda
O multiplicador de emprego tem a finalidade de demonstrar para a atividade
j o volume de empregos diretos e indiretos resultante do incremento de uma
unidade monetária na demanda final. Em seguida, foram obtidos os coeficientes
de emprego direto, que são dados por
lj = ej / xj (15)
onde:
lj = coeficiente de emprego direto
ej = número de empregados da atividade j
xj = valor bruto da produção da atividade j
Com a fórmula (15), obtêm-se os coeficientes técnicos de empregos diretos.
Para se obter os coeficientes técnicos de emprego direto e indireto, aplica-se a
seguinte fórmula:
CE = L (I − A)−1 Y (16)
onde:
CE = coeficientes técnicos de emprego direto e indireto
L = coeficientes técnicos de emprego direto
I = matriz identidade
A = matriz dos coeficientes técnicos diretos
Y = demanda final
Utilizando-se os dados de emprego da TRU do Brasil, estimaram-se os
multiplicadores de empregos diretos e indiretos, para aumentos de R$ 1 milhão
na demanda final. A atividade Serviços Privados Não-Mercantis foi excluída da
análise, porque o pequeno valor de sua produção e o seu elevado número de
trabalhadores distorcem os resultados. Esse procedimento também foi adotado
por Najberg e Vieira (1996).
A principal atividade geradora de emprego é Artigos do Vestuário (23), com
um coeficiente técnico de 126 empregos para um aumento de R$ 1 milhão na sua
demanda final. Como é característica dessa atividade possuir uma participação
elevada do número de empregados por conta própria, como as costureiras que
trabalham em suas próprias residências, também as empresas, em sua maioria,
são intensivas em mão-de-obra, resultando em multiplicador de emprego acima
das demais atividades.
O segundo e o terceiro lugares são ocupados pelas atividades Serviços
Prestados às Famílias (39) e Comércio (35), atividades estas que têm como carac-
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terística principal o uso intensivo de mão-de-obra. Quando se isolam somente
as atividades relacionadas à indústria de transformação, a primeira colocação
fica com a atividade de Artigos de Vestuário (23), como já visto. O último lugar é
da atividade de Refino de Petróleo (18). Por si sós, as refinarias não são grandes
geradoras de emprego, por constituírem um segmento altamente utilizador de
mais máquinas e equipamentos do que pessoal para a produção. A indústria de
Papel e Gráfica (15) está classificada na décima nona posição entre as 41 ativida-
des. Provavelmente, o emprego vem sendo puxado pelo setor gráfico, visto que
a indústria de Papel e Celulose tem intensificado investimentos em tecnologia,
reduzindo a demanda por mão-de-obra.Tabela 2.- Geração de emprego direto e indireto, segundo atividade, no
Brasil – 2003.
Código Atividade Multiplicador Posição
de Emprego
Direto Indireto Total
23 Artigos de vestuário 80 46 126 1
39 Serviços prestados às famílias 77 14 90 2
35 Comércio 53 16 69 3
 1 Agropecuária 49 17 66 4
14 Madeira e mobiliário 35 31 66 5
24 Fabricação de calçados 35 29 65 6
27 Abate de animais 4 54 58 7
26 Beneficiamento de produtos vegetais 7 42 49 8
28 Indústria de laticínios 3 46 49 9
25 Indústria do café 5 44 49 10
22 Indústria têxtil 8 40 48 11
40 Serviços prestados às empresas 35 9 44 12
30 Fabricação de óleos vegetais 1 43 44 13
31 Outros produtos alimentares 10 33 43 14
32 Indústrias diversas 18 24 42 15
36 Transporte 27 13 40 16
20 Farmacêutica e de perfumaria 5 32 37 17
29 Indústria de açúcar 4 31 35 18
15 Papel e gráfica 7 28 35 19
42 Administração pública 19 15 34 20
 2 Extrativa mineral 13 19 32 21
 7 Outros metalúrgicos 14 17 31 22
34 Construção civil 20 11 31 23
10 Material elétrico 5 25 29 24
 4 Minerais não-metálicos 11 17 28 25
Multiplicadores de emprego e renda da indústria de papel e celulose – 2003:
uma aplicação da matriz de insumo-produto
Revista de Economia e Administração, v.6, n.1, 83-98p, jan./mar. 2007 95
21 Artigos de plástico 13 15 28 26
12 Automóveis, caminhões e ônibus 2 25 27 27
13 Outros veículos e peças 5 21 26 28
11 Equipamentos eletrônicos 5 19 25 29
 8 Máquinas e tratores 9 15 24 30
17 Elementos químicos 2 22 24 31
16 Indústria da borracha 3 18 21 32
 6 Metalurgia de não-ferrosos 2 16 19 33
19 Químicos diversos 3 14 17 34
 5 Siderurgia 1 16 17 35
38 Instituições financeiras 6 9 15 36
37 Comunicações 4 9 13 37
33 Serviços industriais de
utilidade pública 3 6 9 38
18 Refino de petróleo 0 8 9 39
 3 Extração de petróleo e gás 1 6 7 40
41 Aluguel de imóveis 2 2 3 41
Fonte: Tabela de Recursos e Usos (IBGE).
Nota: Geração direta e indireta de emprego por R$ 1 milhão. Cálculos dos autores.
O multiplicador de renda apresenta, para a atividade j, o volume de renda de
salário resultante do aumento de uma unidade monetária na demanda final. Por
meio dos dados da TRU, foi possível obter o valor da renda de salários por
atividade econômica. O multiplicador de renda direta é dado por:
crj = sj / xj (17)
onde:
crj = multiplicador de renda direta
sj = valor dos salários da atividade j
xj = valor bruto da produção da atividade j
Com a fórmula (17) obtêm-se os coeficiente técnicos de renda direta. Para se
obter os coeficientes técnicos de renda direta e indireta, aplica-se a seguinte fórmula:
CW = CR (I − A)−1 Y (18)
onde:
CW = multiplicador de renda direta e indireta
CR = multiplicador de renda direta
Revista de Economia e Administração, v.6, n.1, 83-98p, jan./mar. 2007 96
Ricardo Kureski e Blas E. Caballero Nuñeza
I = matriz identidade
A = matriz dos coeficientes técnicos diretos
Y = demanda final
A Tabela 3 mostra os multiplicadores de renda para um aumento de demanda
final de R$ 1 milhão. Esse multiplicador considera apenas os ganhos referentes
a salários, não sendo incluída a parte do lucro; como o valor adicionado é
dividido em salários e lucro, as atividades que tiverem maior proporção do valor
adicionado na conta salário têm um multiplicador mais elevado. Neste caso,
refere-se em especial às atividades relacionadas ao setor terciário. Assim, a
atividade Administração Pública (42), em face da característica da atividade, que
não visa ao lucro, possui o maior multiplicador, R$772.433, para um aumento de
R$ 1 milhão na demanda final. Na segunda posição ficaram as atividades Servi-
ços Prestados às Empresas (40) e Serviços Prestados às Famílias (39). Esses
setores possuem multiplicadores superiores aos demais, dado que são intensi-
vos em mão-de-obra - a maior parte da renda gerada provém do trabalho.
Tabela 3.- Geração de renda direta e indireta, segundo atividade,
no Brasil – 2003.
Código Atividade Multiplicador de Posição
Renda (R$ 1 milhão)
Direto Indireto Total
42 Administração pública 672.487 99.946 772.433 1
40 Serviços prestados às empresas 337.420 90.296 427.716 2
39 Serviços prestados às famílias 297.964 85.042 383.006 3
38 Instituições financeiras 272.171 90.366 362.537 4
35 Comércio 231.225 129.051 360.276 5
15 Papel e gráfica 121.574 212.245 333.819 6
23 Artigos de vestuário 139.213 193.250 332.463 7
24 Fabricação de calçados 159.387 172.037 331.424 8
14 Madeira e mobiliário 163.140 151.095 314.235 9
36 Transporte 192.973 116.307 309.280 10
20 Farmacêutica e de perfumaria 101.256 202.286 303.542 11
13 Outros veículos e peças 116.304 170.377 286.681 12
21 Artigos de plástico 170.423 114.332 284.755 13
22 Indústria têxtil 59.629 224.062 283.691 14
10 Material elétrico 81.857 193.212 275.069 15
8 Máquinas e tratores 157.138 114.840 271.978 16
37 Comunicações 179.153 88.904 268.058 17
7 Outros metalúrgicos 128.664 134.175 262.839 18
33 Serviços industriais de 147.062 113.643 260.706 19
utilidade pública
Multiplicadores de emprego e renda da indústria de papel e celulose – 2003:
uma aplicação da matriz de insumo-produto
Revista de Economia e Administração, v.6, n.1, 83-98p, jan./mar. 2007 97
32 Indústrias diversas 75.585 177.588 253.173 20
2 Extrativa mineral 98.901 153.288 252.189 21
12 Automóveis, caminhões e ônibus 51.926 195.605 247.531 22
4 Minerais não-metálicos 105.431 132.897 238.329 23
11 Equipamentos eletrônicos 91.123 144.481 235.604 24
31 Outros produtos alimentares 74.991 144.651 219.641 25
27 Abate de animais 35.530 154.405 189.936 26
28 Indústria de laticínios 37.807 152.106 189.913 27
29 Indústria de açúcar 48.524 136.433 184.957 28
25 Indústria do café 40.998 141.102 182.101 29
19 Químicos diversos 71.822 109.445 181.266 30
26 Beneficiamento de produtos
vegetais 47.256 128.216 175.472 31
16 Indústria da borracha 52.985 116.955 169.940 32
6 Metalurgia de não-ferrosos 27.524 141.587 169.111 33
34 Construção civil 63.935 88.493 152.428 34
17 Elementos químicos 44.526 100.395 144.921 35
30 Fabricação de óleos vegetais 10.741 128.543 139.285 36
5 Siderurgia 14.443 116.990 131.433 37
1 Agropecuária 54.842 70.736 125.578 38
3 Extração de petróleo e gás 32.974 52.413 85.387 39
18 Refino de petróleo 9.458 75.070 84.528 40
41 Aluguel de imóveis 14.053 9.926 23.979 41
Fonte: Tabela de Recursos e Usos (IBGE).
Nota: Geração direta e indireta de renda por R$ 1 milhão. Cálculos dos autores.
Analisando a Indústria de Transformação, a atividade Papel e Gráfica (15)
ficou na sexta colocação geral, mas foi a primeira no ramo industrial, seguida da
atividade Artigos de Vestuário (23). Diferentemente das cinco primeiras ativida-
des, a atividade Papel e Gráfica (15) tem no multiplicador de renda indireta a
maior geração de renda direta. Esse fato está principalmente relacionado ao
encadeamento para trás com as atividades de Comércio (35) e Serviços Presta-
dos às Empresas (40).
6. Considerações finais
Neste artigo, determinaram-se os multiplicadores de emprego e renda direta
e indireta da economia brasileira, dando ênfase à indústria de Papel e Celulose.
A fonte dos dados foi a matriz de insumo-produto brasileira, estimada para o ano
de 2003.
A indústria de Papel e Gráfica foi classificada na décima nona posição quan-
to ao multiplicador de emprego, entre as 41 atividades econômicas. Provavel-
Revista de Economia e Administração, v.6, n.1, 83-98p, jan./mar. 2007 98
Ricardo Kureski e Blas E. Caballero Nuñeza
mente, o emprego vem sendo puxado pelo setor gráfico, com predominância de
empregados com carteira assinada. O resultado para o multiplicador de renda
também foi influenciado pelo segmento gráfico, ficando na sexta colocação ge-
ral, mas na primeira do ramo industrial.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) está utilizando novas
pesquisas que substituíram os censos econômicos, tais como a Pesquisa Anual
do Comércio e a Pesquisa Anual da Indústria, para a construção de um novo
ano-basepara as contas nacionais. Este trabalho pretende fornecer informações
referentes às atividades econômicas de forma mais desagregada, possibilitando
separar a atividade gráfica da indústria de papel e celulose. Fica como sugestão
a utilização destas novas pesquisas para a construção de uma nova matriz de
relações insumo-produto.
7. Referências
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Janeiro: Campus, 2001. 356p.
GUILHOTO, J. J. M. et al. Nota metodológica: construção da matriz insumo-produto utili-
zando dados preliminares das contas nacionais. In: Encontro de Estudos Regionais e Urbanos,
2, 2002. Anais... São Paulo: [s.n.], 2002. 1 CD-ROM.
LEÃO, A. S. C. et al. Matriz de insumo-produto do Brasil. Revista Brasileira de Econo-
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Tese (Doutorado em Economia Agrícola) - Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz,
Universidade de são Paulo, Piracicaba, 2003.
ZOGBI, O. Desempenho do setor em 2005. Bracelpa News, São Paulo, v. 11, n. 574, jan.
2006.
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