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CONTABILIDADE E PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO TÓPICO 3

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CONTABILIDADE E PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO TÓPICO 3 – 
IRPJ: LUCRO PRESUMIDO
CONCEITOS E OBJETIVOS DO IRPJ – DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA:
IRPJ: significa Imposto de Renda de Pessoa Jurídica. Ele é calculado de acordo com o lucro auferido pelas empresas, durante o ano calendário. Com base no IRPJ também temos CSLL: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.
A Constituição Federal no seu artigo 153, inciso III, define que a União tem o dever de instituir impostos sobre a renda e proventos de qualquer natureza. Com base na CF, o decreto 9.580/2018 regulamenta a tributação, a fiscalização, a arrecadação e a administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza, sendo conhecido como Regulamento do Imposto de Renda. Nele, todas as informações e obrigatoriedades estão descritas.
O Livro II do RIR traz especificidades sobre as Pessoas Jurídicas – de quais são caracterizadas até as formas de apuração dos Tributos.
Os contribuintes do IRPJ são:
• As pessoas jurídicas
• As empresas individuais
As pessoas jurídicas são assim definidas:
• as pessoas jurídicas de direito privado domiciliadas no país, sejam quais forem os seus objetos sociais, a sua nacionalidade ou os participantes em seu capital;
• as filiais, as sucursais, as agências ou as representações no país das pessoas jurídicas com sede no exterior;
• os comitentes domiciliados no exterior, quanto aos resultados das operações realizadas por seus mandatários ou seus comissários no país; e
• as sociedades em conta de participação (são equiparadas).
Em relação às empresas individuais, essas são equiparadas às pessoas jurídicas, podendo ser exemplificadas da seguinte forma:
I. o empresário que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços; tendo obrigatoriamente o registro no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ);
II. as pessoas físicas que, em nome individual, explorem, habitual e profissionalmente, qualquer atividade econômica de natureza civil ou comercial, com o fim especulativo de lucro, por meio da venda a terceiros de bens ou serviços; e
III. as pessoas físicas que promovam a incorporação de prédios em condomínio ou loteamento de terrenos.
Para melhor entendimento, não se incluem como pessoas físicas citadas no item II:
• médico, engenheiro, advogado, dentista, veterinário, professor, economista, contador, jornalista, pintor, escritor, escultor e outras atividades que lhes possam ser assemelhadas;
• profissões, ocupações e prestação de serviços não comerciais;
• agentes, representantes e outras pessoas sem vínculo empregatício que, ao tomar parte em atos de comércio, não os pratiquem, todavia, por conta própria;
• serventuários da Justiça, como tabeliães, notários, oficiais públicos, entre outros;
• corretores, leiloeiros e despachantes, seus prepostos e seus adjuntos;
• exploração individual de contratos de empreitada unicamente de lavor, de qualquer natureza, quer se trate de trabalhos arquitetônicos, topográficos, terraplenagem, construções de alvenaria e outras congêneres, quer de serviços de utilidade pública, tanto de estudos como de construções; e
• exploração de obras artísticas, didáticas, científicas, urbanísticas, projetos técnicos de construção, instalações ou equipamentos, exceto quando não explorados diretamente pelo autor ou pelo criador do bem ou da obra.
O Fisco deixa para o contribuinte escolher uma das formas para cálculo do IRPJ, levando em consideração o maior benefício ao contribuinte (valor menor a ser recolhido). Porém, a forma de cálculo e o resultado a ser pago deverão ser demonstrados por meio das obrigações acessórias, que normalmente são enviadas anualmente, para IRPJ e CSLL.
Independentemente da opção escolhida, o fisco a reconhece no primeiro pagamento do IRPJ por meio do código informado no documento de arrecadação (DARF). E ela é definitiva para todo o ano-calendário, podendo somente ser alterada no primeiro cálculo do ano seguinte.
TIPOS DE SOCIEDADES QUE PODEM INGRESSAR NO LUCRO PRESUMIDO:
Para o lucro presumido, podem optar, as pessoas jurídicas:
· Cuja receita total do ano-calendário anterior tenha sido igual ou inferior a R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais) ou a R$ 6.500.000,00 (seis milhões e quinhentos mil reais) multiplicado pelo número de meses em atividade no ano-calendário anterior, quando inferior a 12 meses. 
· Que não estejam obrigadas à tributação pelo lucro real em função da atividade exercida ou da sua constituição societária ou natureza jurídica.
AS EMPRESAS DE LUCRO REAL QUE NÃO PODEM OPTAR PELO LUCRO PRESUMIDO:
· Cujo a receita total, no ano-calendário, tenha excedido o limite de R$ 78.000.000,00 ou de 6.500.000,00 multiplicado pelo número de meses do período, quando inferior a 12 meses.
· cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguro privado e de capitalização e entidades de previdência privada aberta;
· Que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior;
· Que, autorizadas pela legislação tributária, queiram usufruir de benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do imposto de renda;
· Que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado o recolhimento mensal pelo regime de estimativa, na forma prevista no art. 32 da IN RFB nº 1.700, de 2017;
· Que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring);
· Que explorem as atividades de securitização de créditos imobiliários, financeiros e do agronegócio; e
· As pessoas jurídicas que explorem as atividades de compra de direitos creditórios, ainda que se destinem à formação de lastro de valores mobiliários (securitização).
Vale comentar que a receita bruta citada é referente ao ano anterior. Se durante o ano calendário vigente o valor for ultrapassado, somente no próximo ano calendário é que a empresa não poderá optar pelo Lucro Presumido, não sendo excluída dentro do próprio ano.
No regime de Lucro Presumido, pode-se escolher, para cálculo do imposto, o regime de caixa ou de competência.
Se for adotado o regime de Competência, deverá apurar os tributos incidentes sobre o total da nota fiscal, no período em que foi emitida, independentemente de quando irá receber.
No caso de adoção do regime de Caixa, a apuração será feita conforme os recebimentos de receitas no período, independentemente de quando ocorreu a emissão da nota fiscal. Esse é um caso em que se pode postergar o valor a ser recolhido, quando uma empresa tem longo prazo para recebimento de suas receitas.
A partir dessas informações, vamos entender melhor como calcular e contabilizar o IRPJ e a CSLL com base no Lucro Presumido.
CALCULOS E CONTABILIZACAO DO IRPJ – LUCRO PRESUMIDO:
Lucro Presumido é uma das quatro opções de regime tributário em que a base de cálculo do IRPJ e da CSLL são calculadas por meio da Presunção.
Os períodos de apuração são trimestrais, encerrados em 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário.
As alíquotas de presunção de lucro são divididas por atividade e aplicadas sobre o faturamento da empresa, da seguinte forma:
	ATIVIDADES
	PERCENTUAIS (%)
	Vendas em Geral
	8
	Revenda, para consumo, de combustível derivado de petróleo, álcool etílico carburante e gás natural
	
1,6
	Serviços de transporte (exceto de carga)
	16
	Serviços de transporte de cargas
	8
	Serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico e terapia, fisioterapia e terapia ocupacional, fonoaudiologia, patologia clínica, imagenologia, radiologia, anatomia patológica e citopatológia, medicinanuclear e análises e patologias clínicas, exames por métodos gráficos, procedimentos endoscópicos, radioterapia, quimioterapia, diálise e oxigenoterapia hiperbárica, desde que a prestadora desses serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Anvisa.
Atividades imobiliárias relativas a loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de prédios destinados à venda, bem como a venda de imóveis construídos ou adquiridos para a revenda.
Atividade de construção por empreitada com emprego de todos os materiais indispensáveis à sua execução, sendo tais materiais incorporados à obra.
	
8
	Prestação de Serviços em geral (exceto serviços hospitalares).
	32
	Atividades desenvolvidas por bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, agências de fomento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de previdência privada aberta.
	
16
CALCULO E CONTABILIZAÇÃO COM BASE NO REGIME DE COMPETENCIA
A Instrução Normativa 1.700/2017, com suas alterações, define que o lucro presumido será determinado mediante aplicação dos percentuais citados na tabela acima sobre a receita bruta auferida em cada período de apuração trimestral, deduzida das devoluções e vendas canceladas e dos descontos incondicionais concedidos.
Então, o que compõe a receita bruta é:
I. o produto da venda de bens nas operações de conta própria;
II. o preço da prestação de serviços em geral;
III. o resultado auferido nas operações de conta alheia; e
IV. as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas nos itens i a iii.
Para compor a receita líquida, teremos a receita bruta diminuída de:
I. devoluções e vendas canceladas;
II. descontos concedidos incondicionalmente;
III. tributos sobre ela incidentes; e
IV. valores decorrentes do ajuste a valor presente das operações vinculadas à receita bruta.
Assim que tivermos a base de cálculo com a aplicação da alíquota de presunção de lucro sobre a receita bruta, ainda se faz necessário a inclusão dos seguintes valores na base:
• os ganhos de capital, demais receitas e resultados positivos decorrentes de outras receitas, auferidos no mesmo período;
• os rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras de renda fixa e renda variável;
• os juros sobre o capital próprio auferidos;
• os valores recuperados, correspondentes a custos e despesas, inclusive com perdas no recebimento de crédito, salvo se a pessoa jurídica comprovar não os ter deduzido em período anterior no qual tenha se submetido ao regime de tributação com base no lucro real ou que se refiram a período no qual tenha se submetido ao regime de tributação com base no lucro presumido ou arbitrado;
• o valor resultante da aplicação dos percentuais sobre a parcela das receitas auferidas em cada atividade, no respectivo período de apuração, nas exportações às pessoas vinculadas ou aos países com tributação favorecida que exceder ao valor já apropriado na escrituração da empresa;
• as multas ou qualquer outra vantagem paga ou creditada por pessoa jurídica, ainda que a título de indenização, em virtude de rescisão de contrato.
Uma vez conhecida a base de cálculo para o imposto, a alíquota do imposto de renda que incidirá é de 15% (quinze por cento).
O adicional do imposto de renda devido pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro presumido será calculado mediante a aplicação do percentual de 10% (dez por cento) sobre a parcela do lucro presumido que exceder ao valor da multiplicação de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) pelo número de meses do respectivo período de apuração.
O valor do adicional deverá ser recolhido integralmente, não sendo admitidas quaisquer deduções.
Independentemente do regime tributário escolhido, as alíquotas de IR e CS são as mesmas. O que diferencia é como obter a base de cálculo para utilização das alíquotas.
CALCULOS E CONTRIBUICAO DO CSLL – CONTRIBUICAO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO PARA O LUCRO PRESUMIDO:
A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido é um tributo federal que incide sobre as pessoas jurídicas nacionais e as domiciliadas no país. Seu objetivo é de apoiar a Seguridade Social, aumentando os recursos financeiros para aposentadoria, auxílio-doença, licença maternidade, etc.
A alíquota geral é de 9%, sendo que para as instituições financeiras, de capitalização ou de seguros é de 15%. Não há alíquota adicional.
O imposto é calculado e recolhido a cada trimestre, assim como o IRPJ. O vencimento é no último dia útil do mês subsequente ao trimestre calculado.
Também é utilizada uma tabela para presunção do lucro e ter a base de cálculo da CSLL, porém é bem mais simples do que a do IRPJ. Observe:
	ATIVIDADES
	PERCENTUAIS (%)
	EM GERAL
	12%
	Prestação de serviços em geral, intermediação de negócios e administração, locação ou cessão de bens moveis, imóveis ou direitos
	32%
As definições de receita bruta e líquida são as mesmas do IRPJ. Relembrando:
Receita bruta:
V. o produto da venda de bens nas operações de conta própria;
VI. o preço da prestação de serviços em geral:
VII. o resultado auferido nas operações de conta alheia; e
VIII. as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas nos itens i a iii.
Para a receita líquida, teremos a receita bruta diminuída de:
V. devoluções e vendas canceladas;
VI. descontos concedidos incondicionalmente;
VII. tributos sobre ela incidentes; e
VIII. valores decorrentes do ajuste a valor presente das operações vinculadas à receita bruta.

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