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ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE QUANDO SURGIU NO BRASIL? - A estratégia que envolve a APS foi iniciada em junho de 1991, com a implantação no Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Em 1994, por iniciativa do MS, foram formadas as primeiras equipes do Programa de Saúde da Família (PSF), incorporando e ampliando a atuação dos agentes comunitários. A Estratégia de Saúde da Família (ESF), por fim, se consolidou em 2006 e ampliou sua cobertura pelo país todo – em Palmas, por exemplo, é constatada uma cobertura de 100% pela ESF. - É uma política de saúde que incorpora e reafirma princípios básicos do SUS para a Atenção Básica, destacando-se: universalização (todos têm acesso), equidade no acesso (cuidado por necessidade – mais para quem tem menos), integralidade de ações (todos os serviços disponíveis) e participação da comunidade. POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA – PNAB - A PNAB está disposta no anexo XXII, da Portaria de consolidação nº 2 de 28/09/2017. Publicada em 2011 (Portaria 2488 de 21/10/2011) e alterada em 2017 (Portaria 2436 de 21/09/2017) → O conceito da PNAB foi revogada pela portaria de consolidação – dentro dessa portaria, o Ministério trouxe várias políticas para dentro de um só instrumento para facilitar o acesso e o entendimento. - Art. 1º (Parágrafo Único): A Política Nacional de Atenção Básica considera os termos “Atenção Básica” (AB) e “Atenção Primária à Saúde” (APS), nas atuais concepções, como termos equivalentes, de forma a associar ambos os princípios e as diretrizes definidas neste documento (PRT MS/GM 2436/17). Principais mudanças na PNAB 2017: Estratégia Saúde da Família/Equipe de Atenção Básica (antes era focada na ESF) Agentes Comunitários de Saúde Integração da AB e Vigilância Sanitária Oferta nacional de serviços essenciais e ampliados Gerente de atenção básica Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica Estratégia de Saúde da Família na PNAB: - A ESF é tida como modelo prioritário para atenção básica no Brasil. Art. 4º A PNAB tem na Saúde da Família sua estratégia prioritária para expansão e consolidação da Atenção Básica. Parágrafo único. Serão reconhecidas outras estratégias de Atenção Básica, desde que observados os princípios e diretrizes previstos nesta portaria e tenham caráter transitório, devendo ser estimulada sua conversão em Estratégia Saúde da Família. Art. 6º Todos os estabelecimentos de saúde que prestem ações e serviços de Atenção Básica, no âmbito do SUS, de acordo com esta portaria serão denominados Unidade Básica de Saúde – UBS → OBS.: uma portaria recente afirma que os estabelecimentos devem ser denominados Unidades de Saúde da Família. Parágrafo único. Todas as UBS são consideradas potenciais espaços de educação, formação de recursos humanos, pesquisa, ensino em serviço, inovação e avaliação tecnológica para a RAS → É obrigação do SUS o fornecimento de todos esses caracteres. EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) PNAB 2011 PNAB 2017 EAB não era reconhecida; EAB não tinha financiamento federal; EAB passa a ser reconhecida; EAB deve atender aos princípios e diretrizes da AB; atencao primaria a saude Funcionamento: - Carga horária mínima de 40 horas/semana, no mínimo 5 dias da semana e nos 12 meses do ano, possibilitando o acesso facilitado à população. - A população adscrita por equipe de Atenção Básica (eAB) e de Saúde da Família (eSF) deve ser de 2000 a 3500 pessoas e localizada dentro do seu território, garantindo os princípios e diretrizes da Atenção Básica. Além disso, devem existir (no máximo) quatro equipes por UBS, para que possam atingir seu potencial resolutivo. - Fica estipulado para cálculo do teto máximo de eABs e eSFs, com ou sem os profissionais de saúde bucal, pelas quais o Município e o Distrito Federal poderão fazer jus ao recebimento de recursos financeiros específicos, conforme a seguinte fórmula: população/2000 Composição das equipes: OBS.: tanto a PNAB de 2011 quanto a de 2017 explicitavam critérios para o NASF. Recentemente, dentro do programa Previne Brasil, essa política foi revogada → Ainda há uma equipe multiprofissional atendendo no município; isso acontece porque, apesar de o MS ter acabado com sua forma de financiamento, manteve o financiamento municipal e, portanto, o gestor local tem liberdade de manter a equipe multiprofissional nas unidades (e de escolhê-la) para apoiar o cuidado à população. Gerente de Atenção Básica: - Tem papel diferente do gerente administrativo; ele deve discutir a questão da continuidade do cuidado, da organização e dos protocolos, por exemplo. Por isso, inclusive, deve ter nível superior e não pode fazer parte da equipe da ESF. - A inclusão desse profissional deve ser avaliada pelo gestor, segundo a necessidade do território e cobertura de AB. Oferta Nacional de Serviços e Ações: - Para que as equipes que atuam na Atenção Básica possam atingir seu potencial resolutivo, de forma a garantir a coordenação do cuidado, ampliando o acesso, é necessário adotar estratégias que permitam a definição de um amplo escopo dos serviços a serem ofertados na UBS, de forma que seja compatível com as necessidades e demandas de saúde Município podia compor da forma que lhe fosse conveniente, incluindo definição de composição e carga horária; EAB não enviava produção de saúde. EAB tem caráter transitório em direção à ESF; Definida carga horária mínima semanal (40h) e composição das equipes (máximo 3 profissionais por categoria / CH mínima 10h) → diferente da ESF, em que todos os profissionais devem, obrigatoriamente, fazer 40h/semanais. Na EAB, pode ser fracionada. PNAB 2011 PNAB 2017 ESF mínima: médico, enfermeiro, técnico/auxiliar de enfermagem e ACS ESF mínima: médico, enfermeiro, técnico/auxiliar de enfermagem e ACS ESF complementar: saúde bucal, NASF ESF complementar: ACE, saúde bucal, NASF EAB não havia definição – a critério do gestor local EAB deve seguir parâmetros da ESF PNAB 2011 PNAB 2017 Não reconhecia este trabalhador Reconhece a figura do gerente de UBS, recomendando sua inserção na equipe, a depender da necessidade local Gerente de AB deve ter nível superior, preferencialmente da área da saúde. Caso seja enfermeiro, a UBS deverá ter outro enfermeiro para as ações de cunho clínico. PNAB 2011 PNAB 2017 Não possuía - A oferta de ações e serviços da Atenção Básica deverá estar disponível aos usuários de forma clara, concisa e de fácil visualização, conforme padronização pactuada nas instâncias gestoras da população adscrita, seja por meio da Estratégia Saúde da Família ou outros arranjos de equipes de Atenção Básica (eAB), que atuem em conjunto, compartilhando o cuidado e apoiando as práticas de saúde nos territórios. Territorialização e vínculo: - Essa mudança veio para possibilitar, de acordo com a necessidade e conformação do território, através de pactuação e negociação entre gestão e equipes, que o usuário possa ser atendido fora de sua área de cobertura, mantendo o diálogo e a informação com a equipe de referência. - Toda UBS deve monitorar a satisfação de seus usuários, oferecendo o registro de elogios, críticas ou reclamações, por meio de livros, caixas de sugestões ou canais eletrônicos. - As UBS deverão assegurar o acolhimento e escuta dos usuários, mesmo que não sejam da área de abrangência da unidade, com classificação de risco e encaminhamento responsável de acordo com as necessidades apresentadas, articulando-se com outros serviços de forma resolutiva, em conformidade com as linhas de cuidado estabelecidas. Regulação: OBS.: Essa regulação acontece, por exemplo, quando os profissionais encaminham (devida ou indevidamente) o paciente a outro serviço, ordenando o fluxo de pessoas nos pontos da rede. Se eu faço um encaminhamento indevido para uma especialidade indevida ou se encaminho um caso que não deveria encaminhar, acabopodendo sobrecarregar o sistema. Então, além do ordenamento desse fluxo, o profissional também precisa gerir essa referência e contra referência. - A gestão municipal deve articular e criar condições para que a referência aos serviços especializados ambulatoriais, sejam realizados preferencialmente pela Atenção Básica, sendo de sua responsabilidade: Ordenar o fluxo das pessoas nos demais pontos de atenção da RAS; Gerir a referência e contrarreferência em outros pontos de atenção; e Estabelecer relação com os especialistas que cuidam das pessoas do território. Estratégia de Saúde da Família na PNAB: - Tipos de equipe: Equipe de Saúde da Família (eSF), Equipe da Atenção Básica (eAB), Equipe de Saúde Bucal (eSB) e Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (EACS) - Especificidades da Estratégia de Saúde da Família: Equipes de Saúde da Família para o atendimento da População Ribeirinha da Amazônia Legal e Pantaneira, Equipe de Consultório na Rua (eCR) e Equipe de Atenção Básica Prisional (eABP). - Deverá estar afixado em local visível, próximo à entrada da UBS (ANEXO I do ANEXO XXII – PNAB – Operacionalização): Identificação e horário de atendimento; Mapa de abrangência, com a cobertura de cada equipe; Identificação do Gerente da Atenção Básica no território e dos componentes de cada equipe da UBS; Relação de serviços disponíveis; e Detalhamento das escalas de atendimento de cada equipe. PNAB 2011 PNAB 2017 Usuário só podia se vincular a uma UBS Usuário pode se vincular a mais de uma UBS PNAB 2011 PNAB 2017 Tratado de forma superficial (aparece 3 vezes) Acrescenta, nas atribuições dos membros da equipe, a função de participar e contribuir com os processos de regulação do acesso a partir da AB Sinaliza o Telessaúde e a utilização de protocolos como ferramentas de apoio e aperfeiçoamento do processo de regulação. - Seção I – Das Responsabilidades: Art. 9º Compete às secretarias estaduais de saúde e ao Distrito Federal a coordenação do componente estadual e distrital da Atenção Básica, no âmbito de seus limites territoriais e de acordo com as políticas, diretrizes e prioridades estabelecidas, sendo responsabilidades dos estados e do Distrito Federal: (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 9º) II - destinar recursos estaduais para compor o financiamento tripartite da Atenção Básica, de modo regular e automático, prevendo, entre outras formas, o repasse fundo a fundo para custeio e investimento das ações e serviços; VII - prestar apoio institucional aos municípios no processo de implantação, acompanhamento e qualificação da Atenção Básica e de ampliação e consolidação da Estratégia Saúde da Família; Art. 10. Compete às secretarias municipais de saúde a coordenação do componente municipal da Atenção Básica, no âmbito de seus limites territoriais, de acordo com a política, diretrizes e prioridades estabelecidas, sendo responsabilidades dos municípios e do Distrito Federal: (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 10) III - organizar o fluxo de pessoas, inserindo-as em linhas de cuidado, instituindo e garantindo os fluxos definidos na Rede de Atenção à Saúde entre os diversos pontos de atenção de diferentes configurações tecnológicas, integrados por serviços de apoio logístico, técnico e de gestão, para garantir a integralidade do cuidado; XVIII.- organizar o fluxo de pessoas, visando à garantia das referências a serviços e ações de saúde fora do âmbito da Atenção Básica e de acordo com as necessidades de saúde das mesmas; e XIX.- assegurar o cumprimento da carga horária integral de todos os profissionais que compõem as equipes que atuam na Atenção Básica, de acordo com as jornadas de trabalho especificadas no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde vigente e a modalidade de atenção. NOVO MODELO DE FINANCIAMENTO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE - Principais critérios atuais de alocação do repasse federal em APS: - Modelo misto de financiamento, com os seguintes componentes: 1. Capitação ponderada; Critérios de ponderação: População cadastrada em equipe de saúde da família e atenção primária credenciadas Vulnerabilidade socioeconômica – Considerando a proporção de pessoas cadastradas nas ESF e que recebam benefício financeiro do Programa Bolsa Família (PBF), Benefício de Prestação Continuada (BPC) ou benefício previdenciário no valor máximo de dois saláriosmínimos Ajuste demográfico – Ajustada por faixa etária com maiores necessidades e gastos de saúde – população cadastrada nas ESF com até 5 anos e a partir de 65 anos de idade Ajuste do tamanho e distância municipal – Classificação dos municípios de acordo com a tipologia rural-urbana definida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 2. Pagamento por desempenho; Indicadores: o Programa Previne Brasil indica que serão monitorados 21 indicadores da saúde da população, no contexto da APS. A proposta prevê que, em 2020, serão monitorados 7 indicadores, mais 7 em 2021 e mais 7 em 2022. O monitoramento de indicadores será feito a cada quatro meses, a partir de setembro de 2020. § 1º São indicadores para o ano de 2020: I – proporção de gestantes com pelo menos 6 (seis) consultas pré-natal realizadas, sendo a 1ª até a 20ª semana de gestação; II – proporção de gestantes com realização de exames para sífilis e HIV; III – proporção de gestantes com atendimento odontológico realizado; IV – cobertura de exame citopatológico; V – cobertura vacinal de poliomielite inativada e de pentavalente; VI – percentual de pessoas hipertensas com pressão arterial aferida em cada semestre; e VII – percentual de diabéticos com solicitação de hemoglobina glicada 3. Incentivos a programas específicos/estratégicos; Prioritários Programa Saúde na Hora Informatização Formação e residência médica e multiprofissional Saúde Bucal Saúde Bucal CEO Laboratório de Prótese Dentária UOM Promoção da Saúde Programa Saúde na Escola Academia de Saúde Especificidades Consultório na Rua Equipes Ribeirinhas UBS Fluviais Microscopistas Prisional Saúde do Adolescente 4. Provimento de profissionais. Novo provimento médico – Programa Médicos pelo Brasil (critérios abaixo) o Equidade de alocação de recursos o Contrato federal CLT o Distribuição em direção aos pequenos e remotos munícipios o Formação em Medicina de Família em larga escala e com qualidade o Pagamento por desempenho com mesmos indicadores do novo modelo de financiamento Estratégia dos Agentes Comunitários de Saúde - ACS (aumento do piso previsto em lei) - Síntese dos resultados: Ganho: o Maior parte dos municípios apresenta ganho com o novo modelo o Ganho total na ordem de 2,2 a 2,5 bilhões de reais o Corresponde a 9 a 11% do Orçamento 2020 da SAPS Perda: o Parcela mínima dos municípios apresenta perda com o novo modelo o Perda total na ordem de 300 a 400 milhões de reais o Corresponde a 1 a 2% do Orçamento 2020 da SAPS Transição de modelos: - Municípios que ganham na simulação da mudança: (em 2020 já vale o novo modelo) Capitação ponderada: o Receberão 100% do recurso (como se todos os usuários estivessem cadastrados) por 4 meses (1º quadrimestre) o A partir do 2º quadrimestre receberão pelos cadastrados alcançados Per capita fixo: o Valor fixo de base populacional (IBGE 2019) por 12 meses Pagamento por desempenho: o Receberão de acordo com a certificação do 3º ciclo do PMAQ por 8 meses (até o 2º quadrimestre) o A partir do 3º quadrimestre receberão pelos resultados dos indicadores alcançados. Neste momento, vale para todas as equipes implantadas - Municípios que perdem na simulação da mudança: As perdas serão compensadas Receberão valor (médio ou máximo) de 2019 por 12 meses Os municípios poderão mudar para o novo modelo a qualquer momento em 2020 INCENTIVOS A PROGRAMAS ESPECÍFICOS/ESTRATÉGICOSEquipes de Atenção Primária e Saúde Bucal: - São equipes de 20-30h semanais que devem observar os atributos essenciais de APS e às diretrizes da PNAB, sendo a Equipe de Atenção Primária composta por medico e enfermeiro, e a Equipe de Saúde Bucal composta por cirurgião dentista e auxiliar ou técnico em saúde bucal. - Benefício: ampliação da cobertura populacional de APS no Brasil e ênfase nos atributos de acesso, longitudinalidade, integralidade e coordenação. - Valores de repasse: Carga horária eAP eSB Mod. I Total 20h R$ 3.565,00 R$ 1.115,00 R$ 4.680,00 30h R$ 5.347,00 R$ 1.672,50 R$ 7.019,50 Saúde na Hora: - São Unidades de Saúde da Família que funcionam 60 ou 75h, com pelo menos 11h ininterruptas e com possibilidade de funcionar aos finais de semana. - Benefícios: (1) ampliação da cobertura da Estratégia de Saúde da Família, (2) ampliação do acesso e do número de usuários nos serviços da USF e (3) redução do volume de atendimentos de baixo risco em pronto atendimento e emergências hospitalares. - Valores de repasse: incentivo de adesão Informatiza APS: Ou seja, receberão em 2020 de acordo com o modelo anterior - É um fomento à informatização das Unidades por meio de custeio para implantação e manutenção de prontuário eletrônico. Há contratação livre pelos municípios, que escolhem a solução mais adequada à sua realidade, e obrigação de envio de dados no formato e volume adequados para recebimento do custeio (aumento progressivo das exigências). - Benefícios: (1) melhora nos registros (acompanhamento contínuo em ótima granularidade das condições de saúde da população, com induções focadas – por grupo populacional e/ou região), (2) aumento da produtividade e capacidade de acompanhar o indivíduo por equipes e gestores e (3) o Ministério, hoje, possui uma capacidade muito baixa de uso de dados secundários, necessitando de inquéritos e outras pesquisas com grande frequência. - Valores de repasse: Custeio – média de R$ 2.000/equipe (varia conforme a caracterização do município) Incentivo de adesão e prazo de implantação em definição Residência da APS: - É o custeio repassado aos municípios que possuírem Programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade e/ou Multiprofissional em Odontologia e Enfermagem na Saúde da Família. Para residentes de 1º e 2º anos que compõe a equipe de Saúde da Família É necessária a adesão do município e o credenciamento da SAPS - Benefícios: (1) ampliação da cobertura da Estratégia de Saúde da Família no Brasil e (2) qualificação da assistência. - Valores de repasse: MFC: R$ 4.500,00 mensais por vaga de residente ocupada que compõe a equipe de Saúde da Família Multiprofissional: R$ 1.500,00 mensais por vaga de residente ocupada que compõem a equipe ESF/SB (além do valor da bolsa) ALGUMAS DISPUTAS NO CONTEXTO DA PNAB - Existem concepções populares sobre a atenção básica de que ela se resume a um “postinho de saúde” que oferta cuidados simplificados com foco central na promoção e prevenção e com profissionais de menor qualidade. O que não cabe à realidade. As estratégias aplicadas à AB levam a cuidados abrangentes, resolutivos e variados (inclusive complexos) e com profissionais valorizados. - Antes, era possível perceber uma rigidez na Estratégia de Saúde da Família quanto a formatos e organização do trabalho. Hoje, a Atenção Básica é ampliada (diretrizes comuns, ESF como estratégia principal e diferentes formatos). - Há uma necessidade de fugir do discurso de que a AB é uma prioridade ao sistema e traduzir essa prioridade à realidade. Sem uma AB muito organizada, não há uma rede organizada. Limites nacionais de ação para o seu fortalecimento até o momento: Ampliação do acesso à atenção básica Aumento do financiamento Ampliação e melhoria da infraestrutura das UBS Incentivo à melhoria do acesso e da qualidade da atenção Valorização dos trabalhadores – Programas de provimento e fixação PRINCIPAIS AVANÇOS NA PNAB A capilaridade e a expansão da cobertura: Saúde da Família (1ª onda) e Mais Médicos (2ª onda); O crescimento do financiamento federal da atenção básica (100% nos últimos 4 anos); Priorização pelo MS e pelo governo; A criação e magnitude do Requalifica-UBS; O PMAQ (contratualização, avaliação, aporte de recusos e outros); O esforço de contemplar diferentes realidades/públicos/necessidades; A ampliação e as novas diretrizes do Telessaúde; A universalização dos NASF; Mais Médicos PNAB: PERSPECTIVAS E DESAFIOS Consolidar a reestruturação das Unidades Básicas de Saúde (reformas, ampliações, construções, informatização, conectividade e equipamentos); Expandir, junto com o E-SUS AB, a utilização do prontuário eletrônico da AB; Ampliar a integração das Unidades Básicas de Saúde com outros pontos de atenção das redes (coordenação e continuidade do cuidado); Intensificar a oferta de dispositivos de qualificação do trabalho na atenção básica (educação permanente, telessaúde, matriciamento, formação de estudantes e residentes, protocolos clínicos e de encaminhamento e outros); Garantir financiamento tripartite compatível com os custos de uma atenção básica mais resolutiva e considerando diferenças regionais; Garantir apoio/suporte à gestão municipal nas regiões de saúde; Consolidar uma política sustentável de gestão do trabalho; Ampliar o acesso, a resolutividade e a capacidade de cuidado da AB. ATIVIDADE QUAIS OS PRINCIPAIS PROBLEMAS E DESAFIOS ATUAIS DA ATENÇÃO BÁSICA NOS MUNICÍPIOS? Financiamento insuficiente da Atenção Básica; Infraestrutura das UBS inadequada; Baixa informatização dos serviços e pouco uso das informações disponíveis para a tomada de decisões na gestão e a atenção à saúde; Necessidade de ampliar o acesso, reduzindo tempos de espera e garantindo atenção, em especial, para grupos mais vulneráveis; Necessidade de melhorar a qualidade dos serviços incluindo acolhimento, resolubilidade e longitudinalidade do cuidado; Pouca atuação na promoção da saúde e no desenvolvimento de ações intersetoriais; Desafio de avançar na mudança do modelo de atenção e na mudança de modelo e qualificação da gestão; Inadequadas condições e relações de trabalho, mercado de trabalho predatório, déficit de provimento de profissionais e contexto de baixo investimento nos trabalhadores; Necessidade de contar com profissionais preparados, motivados e com formação específica para atuação na Atenção Básica; Importância de ampliar a legitimidade da Atenção Básica junto aos usuários e de estimular a participação da sociedade. EM QUE MEDIDA AS POL ÍTICAS E ESTRATÉGIAS NACIONAIS TÊM CONSEGUIDO ENFRENTÁ-LOS OU INFLUENCIÁ-LOS? - A partir da compreensão de que esses são os desafios a serem enfrentados na AB, buscou-se promover discussões e construir consenso acerca desse entendimento nas esferas de pactuação tripartite do SUS. Nesse contexto, em abril do mesmo ano, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) aprovou a Resolução nº 439 sobre a AB, que serviu para revisão da PNAB. Na Resolução, o CNS ressalta que as ações de AB são de responsabilidade das três esferas de gestão do SUS e aponta a necessidade de: "aumentar a destinação de recursos financeiros para a Atenção Básica"; garantir ações necessárias para que a Rede de Atenção Básica se efetive como a "principal porta de entrada do SUS"; "fortalecer o controle social, a participação da comunidade em cada serviço", realizar "coletas sistemáticas da opinião e satisfação do usuário"; "garantir profissionais de saúde em todas as regiões e localidades do País"; que o MS e as Secretarias Estaduais e Municipais "aprimorem e qualifiquem os mecanismos de controle, fiscalização do cumprimento de responsabilidades [...] e avaliação da qualidade dos serviços de Atenção Básica". - A nova PNAB engloba diversas iniciativas que dialogam com osdesafios apontados pelo governo federal e com as propostas do CNS. Neste contexto, destacam-se: o Programa de Requalificação das Unidades Básicas de Saúde (UBS); a criação do novo Sistema de Informação da Atenção Básica e a estratégia e-SUS AB; o Programa Telessaúde Brasil Redes; o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ); a reestruturação do Programa Saúde na Escola; a criação do Programa Academia da Saúde; a nova Política Nacional de Alimentação e Nutrição; a Política de Educação Permanente do SUS; o Plano Nacional de Educação Médica; o Programa de Valorização e Atenção Básica e o Programa Mais Médicos, além de medidas para adequação do financiamento da AB. O QUE PODEMOS ESPERAR DA ATENÇÃO BÁSICA NO CONTEXTO DAS REDES DE ATENÇÃO DO SUS? - As Redes de Atenção caracterizam-se por arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas, que integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado. (BRASIL, 2010). Encontramos como principais características das RAS: a formação de relações horizontais entre os pontos de atenção, tendo a Atenção Básica como centro de comunicação; a centralidade nas necessidades de saúde da população; a responsabilização por atenção contínua e integral; o cuidado multiprofissional; o compartilhamento de objetivos e o compromisso com resultados sanitários e econômicos. - A Atenção Básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, redução de danos e a manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte na situação de saúde e autonomia das pessoas e nos determinantes e condicionantes de saúde das coletividades (BRASIL, 2011n). Eixo de Ações Específicas: - Financiamento com Equidade: Ao optar por estimular a lógica da equidade, a Política diferencia os valores repassados aos municípios, conforme o PIB per capita, que apresentam percentual de população com plano de saúde, percentual de população com Bolsa Família, percentual de população em extrema pobreza e densidade demográfica. - Infraestrutura e Condições de Trabalho: O Programa de Requalificação de Unidades Básicas de Saúde (Requalifica- UBS), instituído em 2011, já contemplou 3.835 municípios, com 10.042 construções; 3.182 municípios, com 8.482 ampliações e 2.882 municípios, com 8.334 reformas habilitadas. Destaca-se também o cadastramento de 64 propostas para construção de UBS fluviais, das quais a de Borba/AM foi inaugurada em 2013. - Núcleos de Apoio à Saúde da Família: Ao compreender e reconhecer que outras ações, além das realizadas pelas equipes das UBS, têm impacto direto sobre a saúde e bem-estar das pessoas, a política estimula a ampliação do número de Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasfs), em dezembro de 2012, foi publicada a Portaria nº 3.124/2012 (BRASIL, 2013) que redefiniu os parâmetros de vinculação dos núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasfs) modalidades 1 e 2 às equipes de Saúde da Família e/ou equipes de Atenção Básica para populações específicas, cria a Modalidade Nasf 3, e dá outras providências. - Acesso com Qualidade: O Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (Pmaq-AB) é um dos componentes da Estratégia “Saúde Mais Perto de Você” e visa à instituição de processos que ampliem a capacidade da gestão federal, estadual e municipal e das equipes de Atenção Básica (EABs) em ofertarem serviços que assegurem maior acesso e qualidade, de acordo com as necessidades concretas da população. O Programa busca induzir a ampliação do acesso e a melhoria da qualidade da Atenção Básica, estabelecendo padrão de qualidade comparável nacional, regional e local, de maneira a permitir maior transparência e efetividade das ações governamentais direcionadas à Atenção Básica em Saúde em todo o Brasil. Eixo de Ações Transversais às Redes Temáticas: - Atenção Básica e a Rede de Atenção Psicossocial: A Política Nacional de Atenção Básica dialoga amplamente com o conjunto de políticas instituídas para as Redes de Atenção à Saúde, compreendendo a centralidade de seu papel para a gestão do cuidado integral à saúde do usuário. Em 2011, são incorporados dados sobre saúde mental no Sistema de Informação da Atenção Básica (Siab). - Atenção Básica e as Ações de Prevenção e Controle do Câncer: Em 2012, foi finalizado o Caderno de Atenção Básica sobre o câncer de mama e o câncer do colo do útero, publicação conjunta da Coordenação-Geral de Áreas Técnicas (CGAT/DAB/SAS/ MS) em parceria com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). - Atenção Básica e a Rede de Urgência e Emergência (RUE): A Atenção Domiciliar – Melhor em Casa – é componente da Rede de Urgências e Emergências (RUE), portanto, tem sido debatida nos grupos condutores desta rede no âmbito dos estados. Para tanto, a Coordenação-Geral de Atenção Domiciliar (CGAD/DABSAS/MS) tem consolidado a parceria com o Departamento de Atenção Hospitalar e de Urgência (DAHU/SAS/MS), com a finalidade de que o tema da Atenção Domiciliar seja discutido de forma integrada à RUE, potencializando a ação do apoio institucional. - Atenção Básica e a Rede Cegonha: O Departamento de Atenção Básica (DAB/SAS/MS) compõe o grupo executivo da Rede Cegonha. A Rede Cegonha visa ampliar e qualificar o acesso às ações de planejamento reprodutivo, pré-natal, parto e nascimento, puerpério e cuidado da criança até os 2 anos. No que se refere à Atenção Básica, os planos de ação da Rede Cegonha contemplam ações voltadas para o planejamento reprodutivo, pré-natal, puerpério e saúda da criança. COMO A ATENÇÃO TEM ATUADO DIANTE DA TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA E EPIDEMIOLÓGICA EM CURSO NO BRASIL? - No Brasil, a transição epidemiológica faz-se de forma singular e muito acelerada. A mortalidade proporcional, indica que, em 1930, nas capitais do País, as doenças infecciosas respondiam por 46% das mortes e decresceu para um valor abaixo de 5%, em 2000; ao mesmo tempo, as doenças cardiovasculares que representavam em torno de 12% das mortes, em 1930, responderam, em 2009, por quase 30% de todos os óbitos. Rapidamente, a participação relativa das condições de saúde modificou-se, indo de um predomínio claro das doenças infecciosas e parasitárias na metade do século passado para o predomínio hegemônico e crescente das doenças crônicas a partir da segunda metade do século passado. Essa complexa situação epidemiológica foi definida como tripla carga de doenças porque envolve ao mesmo tempo: uma agenda não concluída de infecções, desnutrição e problemas de saúde reprodutiva; o desafio das doenças crônicas e de seus fatores de riscos, como tabagismo, sobrepeso, inatividade física, uso excessivo de álcool e outras drogas e alimentação inadequada; e o forte crescimento da violência e das causas externas. - Conscientes dessa situação, os gestores do SUS decidiram implantar no País as Redes de Atenção à Saúde (RAS) – Portaria GM/ MS n. 4.279/2010, na forma de redes temáticas, priorizando algumas linhas de cuidado, uma vez que a concepção de Redes de Atenção à Saúde acolhe e redefine os novos modelos de atenção à saúde que estão sendo experimentados e que têm se mostrado efetivos e eficientes no controle das condições crônicas. Para que a RAS cumpra seu papel, é imprescindível que a Atenção Primária à Saúde (APS) esteja organizada, coordenando o cuidado, responsável pelo fluxo do usuário na Rede de Atenção à Saúde. Nesse sentido, objetivando fortalecer as Secretarias Estaduais de Saúde para o apoio técnico aos municípios, o CONASS propôs e desenvolveu um conjunto de oficinas para o fortalecimento da APS, organizando-a de forma territorializada, com a população cadastrada, capacitando todos os profissionais que atuam na APS, contribuindopara a qualificação e a resolutividade desse nível de atenção, para dessa forma garantir o papel de coordenação da RAS.
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