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APOSTILA DE FISIOTERAPIA EM ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA Professor Marcos Cardia 2015 UNIDADE I O Sistema músculo esquelético é base de toda nossa avaliação, e intervenção no tratamento cinesioterapêutico, também pode ser chamado de Sistema Neuro muscular. Com base na morfologia e na função, os tecidos do corpo humano, são classificados em quatro grupos: TECIDO EPITELIAL: Pele (epiderme e derme), muito importante no tratamento com a terapia manual, ou seja, o toque terapêutico, ótimos inputs sensório motor. TECIDO NERVOSO: Auxilia a coordenação dos movimentos a fim de dar estabilização e retro alimentação adequada as articulações durante posições sustentadas e movimentos intencionais, através de um complexo sistema de controle motor por feedback sensório motor periférico e central. TECIDO CONJUNTIVO: É encontrado em todo corpo humano, divide-se em subgrupos ou subtipos de acordo com a matriz de ligação das células, o tecido conjuntivo serve de apoio estrutural e metabólico para outros tecidos e órgãos do corpo. Ele inclui os ossos, cartilagens, ligamentos, tendões, cápsulas, fáscia, músculos (endomísio, perimísio e epimísio), sistema neural (células da glia, meninges, bainha de mielina), tecido sanguíneo e linfático. TECIDO MUSCULAR: É responsável pelo movimento de substâncias em todo corpo, pelo movimento de uma parte em relação à outra (sistema de alavanca e pelo locomotor). Três tipos de tecido muscular: estriado esquelético, liso e cardíaco. O Tecido conjuntivo é composto por algumas células, os macrófagos e linfócitos que vão realizar fagocitose, e são responsáveis pela defesa de nosso corpo, e limpeza eliminando as impurezas, os mastócitos é de liberar substâncias químicas associadas à inflamação. Os fibroblastos são as principais células do tecido conjuntivo, e eles são diferenciados de acordo com a matriz extra celular que liga as células: 1) Tecido conjuntivo embrionário 2) Tecido conjuntivo propriamente dito (frouxo, denso regular, denso irregular, elástico, reticular e adiposo), vamos encontrar nos tendões, ligamentos, fáscia, cápsula, pele, nervos, músculos, membrana sinovial. 3) Tecido ósseo e cartilaginoso (osteócitos, cartilagem hialina, fibro cartilagem, cartilagem elástica, neste quesito inclui-se os menisco e disco invertebral), 4) Tecido sanguíneo e linfático 1 O osso é uma forma altamente vascular de tecido conjuntivo composto de colágeno, fosfato de cálcio, água, proteínas amorfas e células. É o mais rígido dos tecidos conjuntivos apesar da rigidez é um tecido dinâmico que permanece em metabolismo e modelagem constante. O colágeno do osso é produzido da mesma maneira dos ligamentos, e tendões, embora a fonte produtiva seja de uma célula diferente, os osteoblastos. A nível estrutural, o osso é dividido em. EPÍFISE (EXTREMIDADES ÓSSEAS), FISE (NÚCLEOS EPIFISÁRIOS), METÁFISE (TERÇO DISTAL E PROXIMAL DO OSSO), DIÁFISE (TERÇO MEDIAL DO OSSO). A nível anatômico cada osso possui a morfologia diferente, incluindo o osso cortical ou compacto, e o osso esponjoso ou trabecular, o OSSO CORTICAL é encontrado na camada externa, e o OSSO ESPONJOSO, dentro das regiões epifisárias e metafisárias dos ossos longos, bem como em toda a parte externa dos ossos curtos. A função de um osso é: servir de apoio, reforçar as alavancas (aumentar o torque do movimento), dissipar forças vetoriais (compressão, tração, torção, ficção, extensão, abdução e adução), proteger estruturas vitais, servir de união entre tendões e ligamentos, armazenar minerais principalmente o cálcio, produzir através da medula óssea os glóbulos vermelhos e os glóbulos brancos (linfócitos B), e serve como ponto de referência anatômica nas avaliações e palpatórias. 2 A resistência do osso está relacionada à sua densidade (massa óssea absoluta). Apesar de sua aparência de estrutura rígida e inflexível, o osso é um sólido com PROPRIEDADES ELÁSTICAS. O osso está em permanente processo de PROCESSAMENTO e REMODELAÇÃO, através da: Absorção (produção) dos Osteoblastos, e Reabsorção (Remodelamento) dos Osteoclastos, ou seja, Absorção ou Regeneração (Síntese Osteóide) ou produção, Reabsorção ou remodelação (lise óssea). O ciclo osteoblastos e osteoclásticos levam aproximadamente CEM DIAS para ser concluído. Os ossos tem a capacidade de suportar melhor as forças compressivas, do que as forças tênsil ou de torção. Os ossos corticais são mais rígidos do que os ossos esponjosos, porém os esponjosos, através das trabéculas absorvem muito mais as forças de cargas compressivas. Através da LEI DE WOLFF, é um modelo matemático que analisa a adaptação dos ossos à tensão, explicando ocorrência das fraturas, exemplo; são as fraturas por estresse (fadiga), é quando a síntese osteóide (osteoblastos) não consegue acompanhar a síntese da lise óssea (osteoclastos), gerando um desequilíbrio, com isso os ossos ficam enfraquecidos, e ocorrem as fraturas. A causa são movimentos de sobrecarga e movimentos repetitivos, causando fadiga e dor; locais mais comuns de fratura por estresse (diáfise da tíbia e fíbula), 2º e 3º meta tarsianos, menos comum na diáfise do fêmur), comuns em corredores e esportes com saltos. O osso é muito vascularizado, tem um sistema de vasos paralelos com a medula óssea que são os Canais de HAVERS (canais haversianos), também chamados de Canais Centrais, e canais que cruzam os ossos, que são os Canais de VOLKMANN, vão suprir de sangue o centro do osso, como também o periósteo (local muito vascularizado e inervado). O periósteo é inervado pelo Neuro Receptor PATINI, que é sensível a vibração das forças de compressão, tênsil, angulares e torção, através das contrações musculares e movimentos articulares. O corpo humano se movimenta em três dimensões no espaço-tempo (3D), os ossos são torcidos por ação dos músculos, e as articulações são arredondadas em forma de esfera para prevenir desgastes precoces e produzir mais amplitudes e funcionalidades motoras. 3 As Fraturas podem ser subdivididas de acordo com a etiologia em três grupos; 1) Fraturas causadas exclusivamente por traumas, 2) Fraturas por estresse ou fadiga, 3) Fraturas patológicas. O primeiro grupo engloba a maioria das fraturas, e são submetidas a ossos saudáveis. As fraturas podem ser acometidas por choque DIRETO (ex: quando o peso cai e atinge o pé, e fratura os metatarsos), ou choque INDIRETO (ex. quando tem uma queda da própria altura com a mão espalmada, fraturando a cabeça do rádio, a extremidade distal do rádio, ou quando cai em cima do ombro e têm como consequência a fratura da clavícula). Tipos de fraturas, forma e tipo de superfícies. As fraturas transversais (estáveis) As fraturas oblíquas (instáveis sujeita a perda e redução óssea) Fraturas espiraladas (instáveis), Fraturas cominutivas (com mais de dois segmentos fraturados) Fraturas por avulsão, Faturas compressivas, ou de esmagamento, Fraturas impactadas. 4 Nas crianças a fratura muito comum é a fratura de GALHO VERDE (incompleta), rápida recuperação, em duas semanas. As fraturas podem ser ABERTAS (expostas) ou COMPOSTAS, e FECHADAS ou SIMPLES. As fraturas fechadas, quando não há comunicaçãoentre o foco da fratura e a parte externa do corpo. Contudo a fratura aberta ou composta é quando há uma comunicação direta do meio ambiente e as extremidades fraturadas do osso. A comunicação pode ser feita por uma ferida (ferimento aberto), ou então um pequeno orifício, ou até mesmo uma pele desvitalizada e ou uma região com hematoma, podendo causar infecção óssea (infecção PIOGÊNICA), a mais comum a Osteomielite. DEFINIÇÃO DE FRATURA A fratura é considerada uma interrupção completa ou parcial na continuidade de um osso. Fases de Consolidação das FRATURAS A cicatrização óssea é um processo fisiológico complexo que segue uma cascata ordenada de eventos. O aspecto marcante da cicatrização óssea, comparada com a cicatrização de outros tecidos, é que o reparo é feito com tecido original, e não pelo tecido cicatricial. A regeneração talvez seja a palavra mais indicada em vez de reparo, em termos histológicos clássicos, a cicatrização das fraturas tem sido dividida em duas fases: Cicatrização primária Cicatrização secundária Na cicatrização primária é comum nas fraturas internamente fixadas de maneira rígida (placa, parafuso), NÂO produzir CALO PERIOSTAL OU PERIOSTEAL, e sim CALO ENDÓSTEO (união cortical primária), a falta de micro movimentos das extremidades fraturadas não produz o Calo Periosteal, e a cicatrização fica mais lenta ou demorada que a cicatrização secundária. A cicatrização secundária é que vai realizar micro movimentos das extremidades fraturadas e vai estimular com mais intensidade a circulação óssea (canais de 5 Harven e Canais de Volkmann), favorecendo a formação do CALO PERIOSTEAL, e a cicatrização é regenerada com mais rapidez. A maioria das fraturas é realizada por cicatrização secundária. A CONSOLIDAÇÃO de uma fratura é realizada em 4 etapas: 1ª Fase: Fase de formação de hematoma (inflamação e granulação). Nesta fase ocorrem os coágulos, a inflamação, hematoma e necrose tecidual, com isso a Resposta Inflamatória vai ter a liberação de várias substâncias e produtos como a FIBRONECTINA, aumento do fluxo sanguíneo regional, invasão de neutrófilos, e monócitos, remoção das impurezas celulares, remoção de coágulo e materiais necrosados. 2ª Fase: Fase de Consolidação: Fase de formação de CALO MOLE, Reparadora, ou de Revascularização. Esta fase é caracterizada pela formação de Tecidos Conjuntivos, incluindo a Cartilagem e pela formação de novos Capilares dos vasos pré-existentes (ANGIOGÊNESE). Nessa fase é a formação do CALO MOLE (fibroso), assim o Calo forma uma estrutura triplamente coberta, parte proliferadora externa, uma camada cartilínea média, e uma porção interna de novas trabéculas ósseas, a porção de cartilagem é substituída por osso com avanço da cicatrização. 3ª Fase: Fase da Consolidação: Fase da formação do Calo Duro (Reparadora e Modelagem). Nessa fase o calo ósseo, os osteoblastos, é substituído por osso Reticulado, esse Osso Reticulado ou Pontes Reticuladas, vão formar um fenômeno conhecido como UNIÃO CLÍNICA, é nessa fase que a cartilagem vai se tornar calcificada, e ela vai se tornar alvo para o crescimento interno dos vãos sanguíneos. 4ª Fase: Fase da Remodelagem Durante essa fase o osso reticulado é remodelado em OSSO LAMELAR, mais forte pela ação conjunta de Reabsorção de Osteoclastos e formação de Osteoblastos. De acordo com a LEI DE WOLFF, os ossos se remodelam ao longo de LINHAS DE ESFORÇO (estímulo osteomioarticular). A remodelagem é constante, tendo em vista que o Osso Lamelar é reabsorvido pelos Osteoclastos e substituído pelo Osso Ostenal denso pelos Osteoblastos. 6 São vários fatores determinantes e fundamentais na Cicatrização da Fratura: 1ª Fator Nutricional: Alimentação balanceada rica em proteína, cálcio e vitamina D (suporte dos raios ultra violeta B – vitamina D3 – Bactericida e Bacteriostático, ou sol de manhã cedo e sol da tarde). Já tem estudos que consideram a vitamina D em hormônio, que vão interferir no bem estar geral do corpo. 2º Fator Hormonal: Vitamina D, hormônio do crescimento, hormônio da tireoide, hormônio da para tireoide, calcitonina, glicocordicídes (cortisol). 3º Fator da Angiogênese: Suprimento sanguíneo. É o crescimento externo de novos capilares, a partir de vasos já existentes. O grau de angiogenese depende do tecido bem vascularizado em ambos os lados do espaço fraturado, da estabilidade mecânica suficiente para permitir que novos vasos sobrevivam. A angiogenese leva a osteogênese. Os micromovimentos são importantes para a formação da cicatrização (calo periosteal), mas o excesso de movimento nas extremidades fraturas vai atrapalhar a formação de novos capilares e consequentemente a formação de novos capilares e consequentemente a formação do calo fibroso, calo ósseo e remodelagem. Estudos em Imagem em Ortopedia. Existe topógrafo, também chamado de exame topográfico ou diagnóstico topográfico. A união do diagnóstico nosológico, mais o diagnóstico topográfico vai ter o diagnóstico clínico. A escolha do procedimento terapêutico ideal, diante de uma fratura, depende de vários fatores. 1º Experiência do médico para a tomada de decisão, 2º A tomada de decisão depende de um ótimo diagnóstico nosológico, somada ao diagnóstico topográfico (exame de imagem). A radiografia foi descoberta em 1895 por Wilhelm Conrad Roentegen, também chamada de radiografia convencional ou simples (RX), geralmente é considerada a primeira modalidade de geração de imagens diagnósticas os tecidos de maior densidade permitem uma penetração menor dos raios x, e, portanto aparecem mais claros no filme. 7 As estruturas são apresentadas na ordem decrescente no tocante à densidade: metal, osso, tecidos moles, água ou fluídos corporais, gordura e ar. As radiografias simples ou convencionais são relativamente baratas, e fornece vistas excelentes do osso cortical e sua capacidade comprovada de caracterizar padrões específicos de calcificações e reações periostiais. As radiografias simples são boas para avaliar densidade óssea e interlinha articular. Durante a avaliação das radiografias, recomendá-se utilizar abordagens sistemáticas como a memória (ABCS). Letra A: arquitetura e alinhamento; A radiografia inteira é escaneada de alto a baixo. De lado a lado, para verificar a forma normal e o alinhamento dos ossos. O delineamento destes deve ser liso e contínuo, quebras de continuidade geralmente representam fraturas. O mau alinhamento pode ser indício de subluxações e luxações, ou de escoliose, no caso da coluna. Letra B: densidade óssea; O Fisioterapeuta deve avaliar a densidade local e geral, e a qualidade das trabéculas, de acordo com a Lei de WOLFF, o osso subcondral torna-se mais esclerosado na presença de tensão e aumenta à densidade, esse é um indício radiográfico característico de Osteoartrose e Osteoartrite. É bom lembrar, a densiometria óssea é o principal exame para avaliarmos a densidade óssea. Letra C: espaços cartilaginosos; Cada articulação deve ter um espaço articular bem preservado entre as superfícies articulares, espaços articulares reduzidos geralmente indicam que a cartilagem articular está mais fina, devido aoprocesso degenerativo como a Osteoartrite. Letra S: avaliação dos tecidos moles; Traumas nos tecidos moles produzem imagens anormais, resultantes de efusão, sangramento e distensão, pode aparecer uma imagem mais escurecida, pela diminuição da densidade. Lembrando que os melhores exames para a avaliação dos tecidos moles é a RM e a US. Nas radiografias simples, tem a visualização prejudicada nos casos de tumores, infecção, e algumas fraturas do escafóide, cabeça do rádio, fraturas por estresse, e 8 fraturas ocultas); lembrando novamente que a avaliação dos tecidos moles é prejudicada, como nos tendões, músculos, meniscos, e discos inter vertebrais. Resumindo, as fraturas radiografias simples são bastante úteis para detectar fraturas e subluxações em pacientes com história de trauma. As incidências mais comuns no RX são: AP< Perfil<Oblíquo, Transaxial< PA, e as Globais: panorâmica, escanometria. Quando o médico suspeitar de uma fratura, tem no mínimo pedir duas incidências AP e Perfil, formando um ângulo reto. Além das radiografias simples, temos; Radiografias sob estresse (essa técnica fornece radiografias tiradas durante a aplicação de tensão nas articulações). Essas radiografias vão avaliar se a articulação se encontra no processo de instabilidade, movimentos superiores a 2 mm (milímetros), vão exigir exames adicionais. Radiografias intensificadas por contraste (pode ser administrado por via oral, retal, ou injetável), e são vários tipos como; Iodetos radiopacos orgânicos, e gases radiotranslucentes, têm as artrografias (artrogramas), mielografia, discografia e angiografia com a chegada da RM esses exames perderam força, mas podem ser associadas com a TC. Tomografia Computadorizada (TC) Os sistemas de varredura por TC, conhecidos também por Tomografia Axial computadorizada e por Tomografia Trans axial computadorizada. A qualidade das imagens por TC depende de vários fatores e são relacionadas pelo operador, são utilizados dois parâmetros para definir a qualidade de imagens; temos a resolução espacial e resolução de contraste. A Resolução de contraste por TC é significativamente melhor do que as radiografias convencionais (quase 100 vezes) e as imagens fornecem mais detalhes sobre os tecidos moles do que as radiografias simples, desde que os pacientes permaneçam imobilizados durante o estudo, as varreduras por TC, da uma boa visualização da forma da simetria, e da posição das estruturas, essas informações são úteis nos exames de traumas agudos, aneurismas, infecção, hematomas, cistos e tumores. Tomografia por emissão de pósitron; O avanço tecnológico recente mais significativo da medicina nuclear é a Tomografia por emissão de pósitron. Tem relevantes implicações na oncologia, em especial com pacientes com neoplasias nos tecidos moles ou câncer pós-operatório. Ressonância Magnética; A IRM transformou-se em uma técnica viável desde o início da década de 1980, ao contrário da TC, que depende de várias porções finas de radiação, IRM é o resultado da interação entre campos magnéticos, ondas de 9 radiofrequência (RF) e técnicas complexas de reconstrução de imagens. Existem dois fenômenos na IRM, denominados tempos de relaxamento T1 e T2. As técnicas específicas para obtenção de IRM são conhecidas por sequencia de pulsos. Aplicação Clínicas: A IRM tem como vantagens o excelente contraste tecidual, capacidade de fornecer imagens em cortes transversais, a natureza não invasiva, e a ausência total de radiação ionizante, fornece uma ótima visualização dos tecidos anatômicos e fisiológicos e em geral é usada para avaliar lesões no sistema nervoso central, e nos tecidos moles. Além disso, apresenta ótima sensibilidade para detectar lesões ocultas, sobretudo ósseas, bem como fraturas pós-traumáticas e fraturas por estresse. A IRM tem duas contra indicações gerais, que são; grampos em aneurismas intra cranianos marca passos cardíacos, algumas válvulas cardíacas protéticas, desfibriladores cardíacos implantados, grampo vascular em artéria carótida, estimuladores da medula espinhal, bomba de infusão de insulina. Ultrassonografia: Diagnóstico por ultra-som evoluiu com o desenvolvimento do sonar militar, embora o início tenha sido usado, sobretudo para geração de imagens abdominais, os US estão se tornando rapidamente uma alternativa para aplicações musculoesqueléticas. Atualmente ela é utilizada para auxiliar a identificação de lesões nos tecidos moles, infecções ósseas, ou seja, artropatias, assim como para avaliar densidades ósseas minerais, os tendões adaptam-se bem ao US, por causa dos fascículos paralelos de colágeno. A US é muito útil para classificar as fases de lesões musculares, permitindo avaliação mais precisas, no retorno do atleta as atividades desportivas, também é útil para avaliar as fases de consolidação de uma fratura. Tomografia Computadorizada por Spect; É uma varredura por TC por emissão de fotonónico (spect), melhora a detecção e a localização de anormalidades por meio da separação espacial das estruturas ósseas. Imagem em três dimensões (axial, sagital e coronal) e tem valor clínico especial nos estudos da coluna vertebral. Varredura óssea por radio nucleotídeos ou isótopos Cintilografia: As varreduras por radio nucleotídeos envolvem a introdução de isótopos, que são administrados aos pacientes por via oral ou intravenosa e alojam-se no esqueleto. São testadas as alterações ósseas (fraturas por estresse, e fraturas ocultas). As anormalidades apresentam-se como alvo conhecido por “ponto quente”, cuja aparência é mais escura do que o tecido normal. Podem detectar indícios de tumor, necrose avascular, inspeção como a osteo mielite, doenças de Paget, e fraturas recentes. Também como já falamos identificar as fraturas por estresse (diáfise da tíbia, fíbula, 2ª e 3ª meta tarsianos), fraturas ocultas (escafóide, cabeça do rádio e colo do fêmur). 10 PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO DE FRATURAS: Antes de iniciar o tratamento definitivo de uma fratura devemos dirigir nossa atenção aos primeiros socorros, à avaliação clínica do paciente, e a ressucitação. Os primeiros socorros; São aqueles cuidados básicos que nós conhecemos, ou seja, pode ser realizado por um médico, pelo socorrista ou uma pessoa treinada em uma empresa. Cuidados com vias respiratórias, limpeza e proteção dos ferimentos, se for preciso fazer torniquete, no tocante ao volume sanguíneo, imobilizar o paciente no tocante à fratura e oferecer conforto, até a chegada da ambulância. Na avaliação clínica deve-se enfatizar que uma avaliação imediata se faz necessário: a) Se há um ferimento em comunicação com a fratura, b) Se há evidência de lesão vascular, c) Se há evidência de lesão nervosa, d) Se há evidência de lesão visceral. Ressucitação: Muitos pacientes com fraturas graves, e os poli traumatizados, chegam ao hospital em estado de choque. Deve-se cuidar da ressucitação antes de cuidar das fraturas. Ponto importante é o tratamento antichoque, ou seja, o restabelecimento imediato da circulação sanguínea, a fim de recuperar o volume sanguíneo e rápido ajuste do equilíbrio hidroeletrolítico. Cuidar também das vias aéreas. Tratamentode fraturas fechadas não complicadas: Os três princípios fundamentais para o tratamento de fraturas são: 1)Redução 2)Imobilização 3)Reabilitação reeducação funcional 11 1) A REDUÇÃO de uma fratura pode ser necessária ou não, em muitas fraturas a redução não é necessária, porque não há deslocamento dos fragmentos fraturados, ou porque o pequeno deslocamento ou desalinhamento é irrelevante para o resultado final (boa cicatrização). Exemplos de fraturas que não precisam de Redução; fraturas de clavículas em crianças e adultos, fratura do colo do úmero em idosos, quando as fraturas são instáveis e o deslocamento ou desalinhamento possa comprometer a consolidação e o resultado final, se decidirem pela redução a Imobilização é inevitável (reduzir tem que imobilizar), se decidir pela redução a céu aberto (cirurgicamente), a imobilização por fixação interna é realizada: exemplo de uma fratura que precisa de redução e imobilização; fraturas próximas as articulações (intra articulares), é quando as superfícies articulares são afetadas, a redução dos fragmentos articulares tem que ser o mais próximo ao normal para evitar a Osteoartrose. Métodos de redução de uma fratura: a) Manipulação fechada b) Tração mecânica com ou sem manipulação, c) Manipulação a céu aberto (cirurgicamente). A maioria das fraturas comuns é realizada por manipulação fechada. 2)IMOBILIZAÇÃO de uma fratura: Algumas fraturas precisam ser imobilizadas rapidamente, enquanto outras não precisam sequer imobilização, para a cicatrização, e outras com imobilizações excessivas é muito prejudiciais. Indicações para a Imobilização; 1) Quando há deslocamentos ou angulações de fragmentos, 2) Quando há movimentos que possam prejudicar a consolidação, 3) Quando há dor e desconforto ao paciente. Quando a Imobilização é necessária, poderá ser realizada através de quatro métodos; 1) Aparelho gessado ou outra imobilização externa, 2) Tração contínua, 3) Fixação externa, 4) Fixação interna. 12 1)Para a maioria das fraturas o método padrão é o gesso e outros materiais como Tala de Polietileno, Imobilização Funcional (BRACE ou Imobilização removível), Imobilizador com metal e espema para os metacarpianos e interfalangianas, colarinho ou colar cervical com espuma de polietileno, tipoia. O aparelho gessado pode ser utilizado sozinho e cumprir seu objetivo (ótima consolidação), ou depois da tração contínua (6 semanas), comuns nas fraturas da diáfise do fêmur, e na diáfise da tíbia, utilizamos o aparelho gessado pélvico PADÁLICO até o término da consolidação. Também pode ser associado pós-fixação interna (placa aparafusada e hastes intra medular), o aparelho gessado é aplicado logo após a cirurgia de antebraço (fratura da diáfise do rádio e ulna). Precauções do aparelho gessado logo após as fraturas recentes ou após uma cirurgia, cuidados com possíveis problemas circulatórios (edema dentro do gesso pode ser suficiente para impedir o fluxo sanguíneo, a extremidade distal do membro), o perigo maior é entre 12 e 36 horas após a lesão e a cirurgia, vai apresentar muitas dores nas mãos e pés, cianose (cinza, azul ou esbranquiçado). A Imobilização por TRAÇÃO CONTÍNUA; pode ser usado nas fraturas da diáfise do fêmur, diáfise da tíbia, fraturas proximais do fêmur, serve para manter o alinhamento e a posição dos fragmentos, pois a força dos músculos do membro inferior (quadríceps) causa desalinhamento. Nos dias atuais seu uso está sendo questionado, pois o paciente tem que permanecer em tração contínua por várias semanas, desenvolvendo a Síndrome da Imobilidade (úlceras de pressão, alterações osteomioarticulares por desuso, afetando o TROFISMO, NUTRIÇÃO, afetando a ELASTICIDADE DOS TECIDOS MOLES, alterando a MECÂNICA DA ARTRO E OSTEO CINEMÁTICA, desenvolvendo a IMPOTÊNCIA FUNCIONAL). Hoje os médicos cirurgiões, estão preconizando o uso do DISTRATOR (tração óssea), na cirurgia aberta com fixação interna ou externa, dependendo do caso, evitando a Síndrome da Imobilidade. A tração contínua ainda usada é a TRAÇÃO DE RUSSEL. 3)Imobilização por FIXAÇÃO EXTERNA; é utilizado para ancorar rigidamente os fragmentos ósseos, a um mecanismo externo como uma barra de metal através de pinos fixados aos fragmentos proximais e distais de uma fratura de ossos longos, um exemplo de fixador externo é o aparelho de ILIZAROV que é uni planar ou multiplanar. A fixação externa tem sua principal aplicação no tratamento de FRATURAS ABERTAS (EXPOSTAS) ou INFECTADAS, e também pode ser utilizadas como alternativa de algumas fraturas fechadas de ossos longos. 13 4) Imobilização por FIXAÇÃO INTERNA; é indicada nas seguintes circunstâncias: 1) Se for impossível manter uma posição aceitável, apenas por goteira (gesso) ou em combinação com a tração em uma FRATURA FECHADA. 2) Quando é necessário operar uma fratura para garantir uma redução adequada, 3) Como método de escolha para certas fraturas, a fim de garantir a imobilização rígida e favorecer a mobilidade mais precoce (minimizar as alterações do sistema músculo esquelético), promovendo um restabelecimento funcional mais rápido. Métodos de Fixação interna ou Implantes; A cirurgia para aplicação da osteos síntese pode ser ABERTA OU ARTROSCÓPICA, podemos utilizar placa aparafusada, parafusos dinâmicos (inteligente) ou deslizantes, placas canoladas, placas anguladas, fios de KIRSCHNER, parafusos deslizantes de RICHARD, grampos, pinos intra medulares, placas retangulares (coluna vertebral), e as próteses (artro plastias). Complicações das Fraturas; na grande maioria das fraturas, a consolidação ocorre de acordo com as expectativas, ou seja, pouca ou nenhuma incapacidade, porém nem todas as fraturas tem um final feliz, algumas evoluem para complicações de menor monta, e outras para complicações seríssimas, uma complicação importante é a INFECÇÃO, e pode contaminar o osso, a partir de uma fratura exposta (aberta), nas quais o ferimento na pele que se comunica com o osso, infectando o tecido ósseo por micro-organismos, outra situação que pode causar infecção são nas intervenções cirúrgicas. A OSTEOMIELITE é uma complicação séria, a partir da infecção óssea por micro organismos PIOGÊNICOS, a infecção tende a se tornar crônica, parte o osso pode morrer (necrose) por interrupção da circulação, formando um SEQUESTRO que pode ficar solto, dentro da cavidade óssea, por um período indeterminado, a menos que seja removido cirurgicamente. Neste caso há sempre uma eliminação constante de pus, a partir de uma fístula. A infecção PE uma fator importante no atraso ou impedimento da consolidação. Consolidação RETARDADA; como regra geral, a consolidação é considerada retardada, se os fragmentos fraturados ainda se moverem livremente, em três ou quatro meses após o traumatismo, se o retardo persistir a partir de 6 meses acabará passando para o estágio de não consolidação (pseudoartrose). 14 A diferença entre os dois, é que o retardo pode se consolidar, e a “pseudoartrose” JAMAIS OCORRERÁ A CONSOLIDAÇÃO. Não consolidação (pseudoartrose); É uma fratura que não se consolidou, a menos que faça uma cirurgia com colocação de enxerto entre as extremidadesfraturadas. As alterações radiológicas vão evidenciar a pseudoartrose, ou seja, as extremidades ósseas, no foco da fratura se tornam densas e arredondadas, e os espaços entre os ossos, preenchido por tecido fibroso, parecendo uma articulação falsa (pseudoartrose). O tratamento é cirúrgico, preconiza-se o enxerto ósseo, principalmente o AUTOGÊNICO (do próprio paciente). A enxertia nos ossos longos tem bom prognóstico, mas nas fraturas justas ou intra-articulares, outra cirurgia pode ser mais apropriada, como a excisão de um dos fragmentos ou uma substituição por uma prótese. Fatores que podem favorecer a pseudoartrose; 1)infecção, 2) Suprimento sanguíneo inadequado, 3) Cisalhamento excessivo entre os fragmentos, 4) Tumor, 5) Hematoma pelo líquido sinovial (fraturas intra-articulares), 6) perda de posição entre os fragmentos (inclusive excesso de tração),?????? 7) inter posição de tecidos moles entre os fragmentos. Necrose Avascular; É a morte do osso por falta de circulação e pode ter consequências sérias. Além de ser a causa da não consolidação, pode também levar a osteoartrose impactante ou incapacitante ou total desarranjo articular (ANQUILOSE). Outras complicações da necrose avascular é a OSTEOPOROSE DIFUSA. A necrose avascular é clinicamente importante, apenas quando envolve a extremidade articular do osso. Os locais onde a necrose avascular ocorre são em geral a “cabeça do fêmur”, após fratura da cabeça do fêmur, após luxação da coxofemoral, fratura da metade proximal do osso escafóide (meio do osso), corpo do tálus, após fratura do colo do tálus, às vezes o osso inteiro pode sofrer necrose, após luxação, principalmente o osso semilunar. 15 A intervenção precoce é fundamental, antes de ocorrer às fraturas (osteoporose difusa), com perfuração do fragmento avascular e colocação de enxerto. Nos casos avançados, a melhor solução é a ARTRODESE . Consolidação Viciosa; Consolidação dos fragmentos fraturados em posição incorreta, com isso os fragmentos podem ter-se consolidado com angulação, rotação, perda de aposição término-terminal, superposição, e consequentemente encurtamento. O tratamento em alguns casos, a incapacidade é insignificante, e pode ser aceita sem tratamento, em outros, deve-se corrigir a deformidade, realizando a osteotomia e fixando com placa aparafusada. Encurtamento; O encurtamento de um osso pós-fatura pode ocorrer por três motivos; 1) Consolidação viciosa (quando há acavalgamento, ou forte angulação dos fragmentos); 2) Esmagamento ou perda óssea, devido por fatura muito cominutiva, por compressão e por arma de fogo (quando um pedaço do osso é lançado para fora do corpo); 3) No caso das fraturas das fises (núcleos epifisários), principalmente por trauma (esmagamento). O encurtamento é importante apenas no membro inferior, de até 2 cm, não é considerado significativo, e dificilmente pode ser notado, se for maior pode ser corrigido por ajuste no sapato, ou encurtar o lado mais comprido da perna (cirurgicamente). Lesões vasculares; em grau menor e maior, toda fratura causa dano às partes moles adjacentes, especialmente músculos, fáscia e pequenos vasos, porém na maioria dos casos o dano e reparo espontaneamente, durante a consolidação da fratura. Temos casos mais graves levando a gangrena e amputação (nos casos de arma de fogo, ou ponta de osso perfurando ou lesando o vaso durante o traumatismo). O vaso pode ser seccionado, contundido, obliterado por trombose e ainda ocluído por espasmo muscular, uma complicação importante é a CONTRATURA DE VOLKMANN, nas fraturas supra condilianas do úmero e fraturas da tíbia, outra complicação vascular importante é a SÍNDROME COMPARTIMENTAL, devido à contusão, vai ocorrer à compressão dentro do compartimento fascial, causando Isquemia, e Necrose dos músculos. O tratamento é de Emergência médica, podendo levar a dor intensa, alterações circulatórias, isquemia, paralisia e gangrena. O tratamento é a Fasciotomia, descomprimindo o local do compartimento. 16 Locais onde acontecem mais lesões de artérias (arteriais por fratura e luxações): 1) Lesão da artéria axilar, em luxação do ombro. 2) Lesão da artéria braquial, após fratura supra condiliana do úmero ou luxação do cotovelo, 3) Lesão da artéria poplítea, após luxação do joelho ou fratura deslocada da extremidade superior da tíbia. Lesões Nervosas; Os nervos periféricos são lesados em fraturas, muito mais frequentes que os grandes vasos. As lesões nervosas foram classificadas por SEDDON (1942), em Três tipos; Neuropraxia, Axonotmesis e Neurotmesis. NEUROPRAXIA é a lesão da bainha de mielina, a recuperação em torno de 2 a 4 meses. AXONOTMESIS, lesão do axônio, a arquitetura do nervo foi lesionada, mas o nervo foi preservado, acontece à degeneração VALERIANA, e a recuperação é em torno de 1 ano. NEUROTMESIS, lesão completa do nervo, o nervo é seccionado, o tratamento é cirúrgico (Neurografia). Locais mais comuns de Lesão Nervosa; PERIFÉRICA; luxações do ombro, (pode causar lesão do NERVO CIRCUNFLEXO), fratura da diáfise do úmero, (pode causar lesão do NERVO MEDIAL), fratura na coluna lombar (pode causar lesão na CAUDA EQUINA), fratura da coluna cervical e torácica (pode causar lesão da MEDULA ESPINHAL), luxação do quadril, com fratura do acetábulo (pode causar lesão do NERVO ISQUIÁTICO). VISCERAIS; assim como as artérias, nervos, as vísceras podem ser lesadas pelo agente causador da fratura (fragmento ósseo cortante), exemplo: perfuração da pleura, após fraturas de costelas. OSTEO-DISTROFIA pós-traumática de SUDECK ou Atrofia de Sudeck, ou Síndrome de Distrofia Reflexa Simpática; Esta enfermidade evolui para uma osteoporose dolorosa nas mãos e pés, após a retirada do aparelho gessado ou após dois meses à lesão. Os sintomas são: dor, edema, rigidez pronunciada na mão e no pé do membro afetado, (nas mãos afetam as articulações metacarpo falangeanas e inter falangeanas, também chamada de “mão congelada”). A etiologia é idiopática (desconhecida). 17 A fratura de COLLES é o exemplo de fratura que pode desenvolver a Síndrome de Sudeck. OSTEOARTRITE e OSTEOARTROSE; Qualquer rugosidade ou irregularidade de uma superfície articular pode acelerar as lesões cartilaginosas e o osso subcondral, causando osteoartrose, portanto a osteoartrose acaba aparecendo mais cedo ou mais tarde, após qualquer fratura com deslocamento que envolve uma superfície articular, a menos que os fragmentos possam ser recolocados em posição tão perfeita que o contorno liso da superfície articular seja preservado. Como já mencionados, a Necrose avascular pode desenvolver uma osteoartrose grave. As osteoartrose intra-articulares podem se tornar clinicamente evidente dentro de seis a nove meses após a lesão. As fraturas da diáfise de fêmur e tíbia com angulação e encurtamento do membro, vai causar uma sobrecarga nas articulações do joelho e quadril, causando degeneração e osteoartrose, (15 a 20 anos para evidenciar clinicamente). Embolia Gordurosa; A embolia gordurosa, embora pouco frequente, é uma das complicações mais sérias das fraturas, apesar de recentes avançospara o seu tratamento, é ainda fatal. A obstrução de pequenos vasos tem seus efeitos mais significativos nos pulmões e cérebro, causando uma Hipoxia grave. A Embolia gordurosa ocorre primeiramente após fraturas de membros inferiores, especialmente no fêmur e tíbia. O início acontece geralmente dois dias após o trauma, os sintomas são; distúrbio cerebral sob forma de desânimo acentuado, confusão mental, tonturas e coma. Tratamento é de 100% de oxigênio e corticosteroide. Características especiais de fraturas em CRIANÇAS. Um problema muito comum nas crianças são as fraturas nas extremidades dos ossos longos, afetando a cartilagem de crescimento (fise ou placa epifisária). Segundo SALTER e HARRIS, classificou em seis as fraturas com descolamentos dos núcleos epifisários; 18 De 1 a 4 – os prognósticos são bons, De 5 a 6 – senão tiver um ótimo atendimento pode afetar o crescimento da criança, ou seja, a fratura de esmagamento (5), e as lesões na porção periférica da fise e formação de ponte ósseas (6), vai levar a fusão precoce (epifisiodese). As crianças pequenas tem uma característica de fratura que é em “GALHO VERDE”, pois os ossos são flexíveis e elásticos. Outra característica nas crianças, é que o periósteo adere levemente no osso, favorecendo o preenchimento de hematoma sub periosteal e convertendo rapidamente em calo. Fraturas em crianças podem se consolidar rapidamente em torno de duas a três semanas. A criança mais nova tem vantagens sobre as crianças próximas ao término do crescimento (fusão epifisária). Depois da fusão epifisária, a idade tem pouco efeito na taxa de consolidação, no tocante aos locais de fratura; extremidade distal do antebraço; clavícula, tíbia e fíbula. As fraturas raras nas crianças são; as fraturas de escafóide, colo do fêmur e trocanterianas, comuns nos adultos. As fraturas graves em traumatologia infantil são; na região do cotovelo (fratura supra condiliana do úmero e do capítulo), Estas fraturas têm como complicações; rompimento da artéria braquial (emergência médica), e ossificação heterotrófica no cotovelo. 3) REABILITAÇÃO; ou tratamento fisioterápico, tem início durante a Imobilização de uma fratura, com o objetivo de facilitar o processo cicatricial óssea, minimizar as sequelas do sistema músculo esquelético, ou neuromuscular, ou osteomioarticular, e preservar a função neuromotora e osteoarticular dos segmentos não deficientes (não imobilizados).. Outro aspecto importante da reabilitação são os procedimentos pós-imobilização, que inclui planejamento, estratégia e execução. O objetivo dessa etapa de tratamento compreende; A restauração da função motora (restabelecer a ADM, força grau 5, coordenação organizada, normalizar o fluxo sanguíneo e linfático do seguimento deficiente, ou seja, eliminando a congestão vascular, eliminando o quadro álgico, e reeducar o movimento funcional), normal ou mais próximo ao normal, adaptando e integrando o paciente as atividades da vida diária (AVDs), mantendo e melhorando a qualidade de vida, no seu máximo potencial em todos os aspectos, físico, psíquico e social (somatopsicosocial). Não podemos esquecer que a cinesioterapia, e a terapia manual são os recursos mais importantes do fisioterapeuta (terapeuta funcional), sendo os recursos da eletrotermo e foto, recursos coadjuvantes, ou seja, dando suporte à cinesioterapia. 19 Diretrizes para o tratamento; Período de Imobilização: Comprometimentos; inflamação e edema na área imobilizada, hipotrofia muscular progressiva, formação de contraturas, regeneração da cartilagem, diminuição da ADM, diminuição da circulação, enfraquecimento potencial de todo o corpo, caso esteja confinado ao leito, limitações funcionais impostas pelo local da fratura e pelo método de imobilização usado. Plano de tratamento: Educar o paciente, como intervenção; 1) ensinar adaptação funcional, ensinar deambulação segura e mobilidade no leito. 2) Diminuir os efeitos da inflamação durante o período agudo, como Intervenção: 2) crioterapia e elevação do membro; 3) Diminuir os efeitos da imobilização, como Intervenção: 3) exercícios isométricos intermitentes leves, e exercícios de ADM ativa para as articulações acima e abaixo da região imobilizada, 4) Se o paciente estiver confinado ao leito, manter a força e ADM nos grupos musculares principais, como Intervenção; 4) exercícios resistidos para os grupos musculares maiores não imobilizados, especialmente em preparo a futura deambulação, (Conceito P.N.F, pode ser uma ótima opção). Período pós-imobilização: Comprometimentos; dor com movimento que diminui progressivamente, diminuição da ADM, diminuição da mobilidade intra-articular, aderências de tecido cicatricial, diminuição da força e da resistência à fadiga. Plano de tratamento: Educar o paciente como Intervenção: 1) Informar ao paciente sobre as limitações, até que o local da fratura esteja radiologicamente consolidado, ensinar exercícios domiciliares que reforçam as intervenções. OBS: no tocante aos alunos, quais são as orientações e exercícios nessa fase de intervenção. 2) Prover proteção até que esteja radiologicamente consolidada, como intervenção: 1) usar apoio de peso parcial no membro inferior e atividades livres no membro superior. OBS: desenvolver exercícios e manobras, na fase em consolidação, e já consolidada. 3) Iniciar exercícios ativos, como intervenção: 3) ADN ativa e isométrica suaves em vários ângulos. OBS: quais são as outras técnicas que podemos agregar para o tratamento. 4) Aumentar a mobilidade das articulações e dos tecidos moles, como intervenção: 4) iniciar técnicas de alongamento (energia muscular), e mobilização intra-articular, técnica do conceito Mulligan, técnicas do conceito Maitland, III, IV, e técnicas de mobilização sem impulso da osteopatia. 20 5) Aumentar a força e a resistência, como intervenção: 5) a medida que a ADM aumenta, o osso se remodela cada vez mais, iniciar exercícios resistidos e pré-resistidos. O conceito P.N.F é uma ótima indicação para o controle motor, exercícios de MECANOTERAPIA pode ser outra opção. 6) Melhorar o preparo cardio pulmonar, como intervenção: 6) iniciar exercícios aeróbicos seguros que não sobrecarreguem o local da fratura, (dor, desconforto, fadiga e edema, são sintomas de sobrecarga), pois a fratura ainda está no processo de regeneração (modelagem, 3ª fase da consolidação). 21 UNIDADE 2 - LESÃO DOS TECIDOS MOLES Os Tecidos moles no tocante do sistema músculo esqueléticos incluem: a pele, tecido subcutâneo (células adiposas), os tendões, os ligamentos, cápsulas articulares, membrana sinovial, músculos, nervos periféricos, retináculos, fáscia, bursa, meniscos, disco invertebral, tecido sanguíneo e linfático. O TECIDO CONJUNTIVO possui matriz flexível e frouxa, denominada Substância Fundamental. As células mais comuns do tecido conjuntivo são os FIBROBLASTOS, que produzem Fibras de Colágeno, Elastina e Reticulina. O Colágeno e a Elastina são componentes vitais do sistema musculoesquelético. A fáscia que compreende um tecido conjuntivo frouxo é considerada o órgão da coordenaçãomotora e forma um novo esqueleto no corpo humano (esqueleto conjuntivo fibroso), ela envolve e contorna todo sistema músculo esquelético, (osso, tendões, ligamentos, músculos, nervos, derme, cápsula, vasos sanguíneos e linfáticos), ela se divide em Fáscia superficial e Profunda. Além do sistema músculo esquelético, ela também envolve os órgãos e sistemas. A Fáscia além de coordenar e ajustar o controle motor, juntos com os músculos, e o sistema neural, serve de apoio estrutural e metabólico para outros tecidos e órgãos do corpo. A fáscia termina em cada célula do corpo humano (influência grande no metabolismo celular). O Tecido Conjuntivo e o Tecido Muscular esquelético formam juntos o SISTEMA MÚSCULO ESQUELÉTICO. Esse sistema trabalha intimamente com o Sistema Nervoso, para produzir movimentos coordenados, a fim de dar estabilização e retro alimentação adequada as articulações durante posições sustentadas e movimentos intencionais. Os músculos se dividem em: Músculos Estriados Esquelético, Músculo Liso, e Músculo Cardíaco. O nosso foco é no Músculo Estriado Esquelético, os músculos podem ser MONO ARTICULARES (estabilizadores articulares), e os PLURI ARTICULARES (responsáveis em executar movimentos funcionais). Os músculos são torcidos (espiralados), e como consequência vão torcer os ossos, e as articulações arredondadas irão facilitar os movimentos funcionais (Tridimensionais). Os músculos trabalham em conjunto (solidariedade), em cadeias musculares com objetivo de aumentar a mobilidade (amplitude de movimento), no tempo e no 22 espaço, e gastar menos sobrecarga sobre os tecidos osteos articulares, e menos lesão tecidual e mais atividades funcionais de qualidade e destreza. Para acontecer essa sincronização de movimentos nós temos os AGONISTAS( responsáveis pelo movimento desejado), SINERGISTAS, (grupos de músculos que trabalham em solidariedade com os Agonistas, em prol do movimento desejado, ESTABILIZADORES, (músculos que vão realizar pontos fixos em vários segmentos do corpo, para que o movimento desejado (funcional) seja realizado com destreza e sincronização, NEUTRALIZADORES, (músculos que vão ser inibidos para não atrapalhar ou mascarar a ação do músculo que está realizando o movimento desejado). ANTAGONISTAS, (músculo que tem o efeito oposto do Agonista, ou seja, relaxando e alongando a nível sincronizado, para coordenar e controlar o movimento do Agonista). No tocante as contrações, nós temos: 1) Contrações Isométricas; (contrações estáticas) ótima contração para aumentar a força muscular, estabilidade articular, alívio do quadro álgico, aumentar a amplitude articular, interfere positivamente no metabolismo celular (principalmente na alternância Agonista e Antagonista), irradiação e reforço para outros segmentos do corpo. 2) Contração Isotônica concêntrica; reduz o movimento articular, é uma contração de encurtamento muscular, as peças ósseas se aproximam, ótima contração para o aprendizado motor, interfere positivamente no metabolismo celular (bombeamento), contração preparatória para a contração excêntrica. 3) Contração Isotônica excêntrica; (contração em alongamento, as peças ósseas se afastam, contração desacelerando) necessita mais controle motor e independência funcional, integrando as outras contrações. Temos ainda mais três contrações: 1) Contração isocinética (ocorre quando o músculo potencializa o seu máximo de contração na mesma velocidade e em toda sua amplitude, ou seja, velocidade constante), precisa de equipamento para resistir o movimento, equipamentos com custo alto (KinKon, Cybex), equipamentos informatizados, bons resultados no ganho de força muscular (Hipertrofia) com menos sobrecarga articular (diminuição do atrito), pode ser realizado para avaliação e tratamento dos atletas. 2) Contração Econcêntrica (combina contração concêntrica controlada e contração excêntrica simultânea do mesmo músculo, sobre duas articulações separadas) exemplo: agachamento em cadeia cinética fechada em relação aos Ísquios tibiais e ao reto femoral. 3) Contração Isolítica: trata-se de uma contração usada pelos osteopatas para tratamento de contraturas e fibroses, é realizada uma contração excêntrica 23 pelo paciente, e o terapeuta irá realizar uma força maior, vencendo a força do paciente. O músculo esquelético humano possui outra propriedade biomecânica: EXTENSIBILIDADE ou PLASTICIDADE, capacidade de se alongar e aumentar o comprimento do alongamento, ELASTICIDADE, é a capacidade do músculo de se encurtar, de alongar, e voltar ao seu tamanho original, IRRITABILIDADE: capacidade de responder a estímulos e é fornecido de maneira eletroquímica. Capacidade de responder a Tensão; (também chamado de tônus muscular, que é o estado de semi contração de um músculo), essa tensão pode ser aumentada pelo alongamento e pela contração muscular. A contração gerada pelos músculos pressiona os ossos e cria um torque nas articulações gerando movimento. A força muscular, a resistência muscular, a potência, são componentes do desempenho muscular, são importantes nas atividades funcionais, pois deixa o paciente interagir com meio ambiente de maneira mais eficiente. A força muscular é exercida por uma resistência realizada pelo terapeuta, pelo aparelho de mecanoterapia, pelos elásticos, pela água, ou pelo próprio paciente. Podemos testar a força muscular pelo teste muscular manual (T.M.M.). ou pelo dinamômetro de mão, isométrico isocinético. Resistência muscular; (é a capacidade de determinado músculo ou grupo de músculos de manter ou executar contrações sem fadiga). Potência; é o produto da força e da velocidade, é a capacidade do músculo de desenvolver força com aumento de controle da velocidade. Definições de Lesões de tecidos moles. ● Distensão: alongamento excessivo, esforço exagerado, uso repetitivo de tecido mole, tende a ser menos grave que uma entorse. Considerado um trauma leve, é um termo usado frequentemente para comprometimentos da unidade tendínea (lesão fascial). ● Entorse: sobrecarga intensa, estiramento ou ruptura de tecidos moles, como cápsula articular, ligamento, tendão e músculos. É um termo usado frequentemente para comprometimento das estruturas ligamentares, e é graduado como; entorse grau I (lesão leve), grau II (lesão moderada), grau III (lesão grave). ● Subluxação: é um deslocamento parcial ou incompleto das superfícies articulares, e causa traumas secundários aos tecidos moles ao redor. 24 ● Luxação: é um deslocamento total ou completo das superfícies articulares, causando lesão dos tecidos moles; como a inflamação, dor, edema, espasmos musculares. Requer procedimento de redução articular, procedimento exercido pelo profissional médico. ● Ruptura ou laceração de um músculo e tendão: se uma ruptura ou laceração for parcial, a dor é experimentada na região da fenda (falha sequencial), quando o músculo é alongado ou quando se contrai contra resistência. Agora, se a ruptura é completa, o músculo não traciona a lesão, de modo que, o alongamento e a contração contra resistência, não causa dor. ● Lesão tendínea: tendinite: é a inflamação de um tendão, pode ser resultante de uma cicatriz(rupturas) e depósito de cálcio (calcificação). ● Tenossinovite: é uma inflamação da membrana sinovial que cobre o tendão (paratendão). ● Tenovaginite: é a inflamação com espessamento da bainha tendínea. ● Tendinose: é a degeneração do tendão, devido à microtraumas repetitivos. ● Sinovites: inflamação da membrana sinovial, a nível articular, vai levar excesso de fluído sinovial dentro da articulação, ou a nível de tendão, levando a inflamação da bainha tendínea. ● Hemartrose: sangramento dentro da articulação devido a trauma grave. ● Gânglio: formação de um balão (abscesso sinovial) na parede da cápsula articular ou na bainha tendínea, os gânglios podem surgir após traumas ou na artrite reumatóide. ● Bursite: inflamação da bursa. ● Contusão: lesão causada por uma compressão pesada, devido a um golpe direto, levando sangramento, dor, inflamação, ruptura capilar, edema, espasmo muscular. ● Síndrome do uso excessivo, distúrbio de trauma cumulativo ou lesão de esforço repetitivo: sobrecarga ou desgaste por fricção sub máxima repetitiva de um músculo ou tendão, causando dor e inflamação. ● Disfunção articular (disfunção somática): perda mecânica de a mobilidade articular pode causar perda funcional e dor, alterações posturais (assimétricas), alterações teciduais (textura, temperatura, tônus, aderência, edemas). ● Aderência: aderência anormal das fibras de colágeno, devido à imobilização, traumas, complicações cirúrgicas, que altera a elasticidade normal e o deslizamento das estruturas envolvidas. ● Fraqueza muscular: pode ser uma paresia (perda parcial da força muscular), é de 1 a 4 no teste muscular manual, e plegia (paralisia), zero de força muscular, pode ser espástica ou flácida (neurológica). 25 Segundo o autor Mark Dutton (Fisioterapia ortopédica, Editora Artmed), as lesões de tecidos moles e seus estágios de cicatrização se caracterizam em 3 etapas: 1. Estágio de inflamação e coagulação: processo agudo: Características gerais: a área apresenta vermelha e quente, edemaciada e dolorida, a dor está presente em repouso e em movimento, em geral dura de 48 a 72 horas, podendo durar de 7 a 10 dias. 2. Estágio migratório e proliferativo: processo subagudo; Caracteriza pela migração e proliferação, a fase inflamatória diminui, as mudanças características dessa etapa incluem; crescimento capilar, formação de tecido granulado, proliferação de fibroblastos com síntese de colágeno, aumento da atividade dos macrófagos e mastócitos (leucócitos). O colágeno é do tipo (I e II). Esta fase é responsável pelo desenvolvimento da resistência à lesão a tensão, a dor em geral ocorre com atividade ou movimento na área envolvida, em geral dura de 10 dias a 6 semanas. 3. Estágio de remodelação: processo crônico; Caracteriza-se pela conversão do tecido em reparo inicial, em tecido cicatricial. A longa fase de aproximação, remodelação e aumento de resistência à tensão na lesão, pode durar até um ano, e nos ligamentos de 1 a 3 anos, ou seja, um ligamento pode ter 50% de sua resistência à tensão por volta de 6 meses, após a lesão, 80% de sua resistência à tensão, após 1 ano, e 100% de sua resistência à tensão, após 1 a 3 anos. O processo de cicatrização pode ser prejudicado, por vários motivos: Infecção, alterações circulatórias e metabólicas (diabetes), e neuropatias. Como sequelas do processo cicatricial, podemos citar várias alterações do sistema osteomioarticular e neuromotor; contraturas, aderências, fibroses, intra articular e extra articular, alteração do metabolismo local e do seguimento funcional como um todo. Segundo Mark Dutton, as lesões musculares e seu processo cicatricial, se processam com muito mais rapidez em comparação com os tendões e ligamentos. Os músculos são muito mais vascularizados e seu poder contrátil ajuda no processo regenerativo. O processo essencial da regeneração muscular é semelhante, seja qual for a causa da lesão, embora o resultado e o tempo da regeneração variem de acordo com o tipo, a gravidade, e a extensão da lesão. 26 O processo cicatricial do tecido muscular se divide em 3 fases: 1. Fase destrutiva: As fibras musculares e suas bainhas de tecido conjuntivo são totalmente rompidas, essa fase é caracterizada pela necrose do tecido muscular, degeneração e infiltração pelos leucócitos, durante a formação de hematomas e edemas no local da lesão. 2. Fase de reparo: Essa fase envolve as seguintes etapas; ● Formação de hematomas; o espaço entre as extremidades rompidas das fibras é preenchido inicialmente por hematomas, células inflamatórias incluindo fagócitos que começam a desfazer os coágulos sanguíneos. ● Formação da matriz; o sangue derivado do encadeamento cruzado de fibronectina e fibrina, forma matriz primária, age como suporte e ancoragem para invasão de fibroblastos. ● Formação de colágeno; a produção de colágeno tipo I pelos fibroblastos , aumenta a resistência, a tensão do músculo lesionado. O excesso de fabricação dos fibroblastos do tipo cicatricial denso pode retardar consideravelmente a regeneração completa das fibras musculares. A regeneração das mio fibras tem início com ativação das células satélites, que inclui a regeneração do músculo estriado, a produção da cicatriz do tecido conjuntivo, e o crescimento do capilar interno. As células satélites, células mioblásticas precursoras, proliferam-se no processo regenerativo envolve a interação ou integração dos elementos neurais e a formação da junção neuro muscular funcional 3. Fase do remodelamento: nessa fase, o músculo regenerado amadurece e contrai-se com a reorganização do tecido cicatricial. Temos que reorganizar e remodelar o tecido conectivo (conjuntivo), pois existe uma cicatriz (um remendo) que pode facilitar outra lesão. Uma consequência de deficiência é a HIPOTROFIA, DEFICIÊNCIA DE FORÇA MUSCULAR, E DIMINUIÇÃO DA RESISTÊNCIA À FADIGA; as pesquisas tem evidenciado que uma simples série de exercícios, protege contra dano muscular com efeitos presentes entre 6 semanas a nove meses, exercícios com baixa intensidade com ações excêntricas mínimas para proteger contra o dano muscular. Segundo DULTON, as lesões musculares, no seu ventre têm prognóstico melhor e grau de lesão menor, agora lesão na junção musculotendínea tem grau de lesão maior e pode até complicar para a síndrome compartimental e miosite ossificante. 27 Segundo CAROLY KISNER (exercícios terapêuticos, Ed. Manole), classificou em três graus de lesão tecidual (tecidos moles): ● Grau I: dor leve nos momento da lesão ou nas primeiras 24 horas, ocorre edema leve, sensibilidade local e dor quando o tecido é sobrecarregado. ● Grau II: dor moderada que requer a interrupção da atividade. A sobrecarga e a palpação do tecido aumentam bastante à dor. Quando a lesão é no ligamento algumas das fibras são rompidas resultando em algum aumento da mobilidade articular. ● Grau III: ruptura ou avulsão quase completa ou completa do tecido (tendão ou ligamento), com dor intensa. A sobrecarga do tecido geralmente é indolor (alongamento e contração contra resistida). A palpação pode revelar a falha (QUEPP), um ligamento rompido resultaem instabilidade articular. Após qualquer agressão ao tecido conjuntivo, seja devido à lesão mecânica (incluindo cirurgia), seja por um irritante químico, a resposta vascular e celular é semelhante. A sensibilidade ou a irritabilidade do tecido e o resultado dessas respostas é dividido em três estágios: 1. Estágio agudo (reação inflamatória) Fase de proteção: os sinais da inflamação estão presentes; dor em repouso, calor, rubor, edema, e perda da função. A dor e o movimento doloroso é pelo estado químico alterado que irrita as terminações nervosas, e pelo aumento do tônus, pelo edema (efusão articular), e a defesa muscular (espasmo protetor), é a defesa do corpo para imobilizar uma área dolorosa, em geral esse estágio dura de 4 a 6 dias. Plano de tratamento para o Estágio Agudo (fase de proteção) 1. Educar o paciente: INTERVENÇÃO: informar ao paciente o tempo previsto para a recuperação, e como proteger a área, mantendo ao mesmo tempo atividades funcionais apropriadas. 2. Controlar a dor, edema e o espasmo: INTERVENÇÃO: frio, compressas e elevação, massagem (48 horas), imobilizar a parte (repouso, splint, faixa, gesso), evitar posições que sobrecarreguem o segmento, pode realizar a mobilização articular do Maitland (grau I). 3. Manter a integridade e a mobilidade dos tecidos e da articulação: INTERVENÇÃO: dosagem apropriada dos movimentos passivos dentro do limite da dor, dosagem adequada de isométricos intermitentes leves, ou estimulação elétrica (microcorrente e FAZ). 4. Reduzir o edema articular, caso os sintomas estejam presentes: INTERVENÇÃO: pode ser necessária a intervenção médica, caso o edema seja 28 rápido (sanguinolento, chama-se HEMARTROSE), tem que ser feito uma punção articular, pode-se prover a proteção (splint e gesso). 5. Manter a integridade e a função das áreas associadas (adjacentes): INTERVENÇÃO: exercícios ativos assistidos, ativo livre e ativo resistido, e aeróbicos modificados, não pode causar dor na área lesada, (primária), pode proteger a área lesada durante a atividade. PRECAUÇÕES: é preciso usar uma dosagem apropriada de repouso e de movimento, durante o estágio inflamatório, os sinais de movimentos excessivos são: dor e inflamação. 2º Estágio subagudo (reparo e regeneração) Fase do movimento controlado: do 2º ao 4º dia após a lesão dos tecidos, a inflamação começa a diminuir. Inicia-se a resolução do coágulo e o reparo do local lesado, isso dura geralmente uns 10 a 17 dias (14 – 21 dias após ocorrência da lesão), mas pode durar até 6 semanas. Comprometimentos: dor no final do movimento articular, diminuição do edema dos tecidos moles, diminuição da efusão articular (caso a articulação esteja envolvida), desenvolvimento de contraturas de tecidos moles, músculos e articulações, desenvolvimento de fraqueza muscular pelo uso reduzido, diminuição do uso funcional da parte lesada e das áreas associadas. Plano de tratamento do estágio subagudo; Fase do movimento controlado: 1. Educar o paciente; INTERVENÇÃO: informar ao paciente o tempo previsto para regeneração, ensinar exercícios domiciliares e encorajar atividades funcionais controladas, monitorar e fazer modificações à medida que o paciente progrida. 2. Promover modificações, ou seja, regeneração dos tecidos lesados; INTERVENÇÃO; monitorar a resposta do tecido à progressão do exercício, diminuir a intensidade, caso a inflamação aumente, proteger o tecido em regeneração com dispositivos auxiliares (splint, faixas ou ataduras), aumentar progressivamente a quantidade de tempo que a articulação fica livre (movimentar mais vezes durante o dia a articulação), diminuir o uso de dispositivos auxiliares à medida que a força nos músculos de suporte aumenta. 3. Restaurar a mobilidade dos tecidos moles, músculos e da articulação; INTERVENÇÃO; progredir de ADM ativo assistida para ativo livre dentro dos limites da dor, aumentar aos poucos a mobilidade do tecido cicatricial (técnica miofasciais), aumentar progressivamente a mobilidade das estruturas retraídas e contraturadas (técnicas miofasciais, energia muscular e conceito Mulligan) 4. Desenvolver controle neuromotor, resistência à fadiga, e força nos músculos envolvidos e relacionados: 29 INTERVENÇÃO; inicialmente progredir nos exercícios isométricos em múltiplos ângulos e posicionamento (decúbito), dentro da tolerância do paciente, começar cuidadosamente com resistência leve, iniciar a ADM ativa livre, e os exercícios protegidos de estabilização em cadeia fechada, (conceito P.N.F., irradiação e reforço e reversão de estabilização), a medida que a ADM, a mobilidade intra-articular, e a regeneração melhorem, progredir para exercícios isotônico com número maior de repetições. 5. Manter a integridade e a função das áreas associadas; INTERVENÇÃO; aplicar atividades e exercícios progressivos de fortalecimento e estabilização nas áreas associadas, cuidando da lesão primária, reassumir atividades funcionais de baixa intensidade envolvendo tecido em regeneração, de modo que não exacerbe os sintomas. PRECAUÇÕES: os sinais de inflamação ou edema articular diminuem neste estágio. Poderá ocorrer algum desconforto à medida que o nível de atividade for progredindo, mas ele não deve durar mais que algumas horas (se sentir um pouco mexido pela atividade). Sinais de movimento ou atividade em excesso são: dor em repouso, fadiga, aumento da fraqueza e espasmo. 3º Estágio Crônico (maturação e remodelamento) Fase de retorno à função. A retração da cicatriz devido à atividade dos miofibroblastos, geralmente se acha completo por volta do 21º dia ao 60º dia, há uma predominância de fibroblastos facilmente remodelados. A regeneração com aumento progressivo da qualidade tensiva do tecido lesado pode continuar por 12 a 18 meses. Comprometimentos: contraturas e aderências de tecidos moles e articulações que limitam a ADM ou a mobilidade intra-articular normal (ou seja, afetando os movimentos acessórios e fisiológicos), diminuição do desempenho muscular: fraqueza muscular, resistência à fadiga ruim, controle neuromuscular ruim, diminuição do uso funcional da parte envolvida e inabilidade para funcionar normalmente em uma atividade esperada. Plano de tratamento do Estágio Crônico: Fase de retorno à função. 1. Educar o paciente: INTERVENÇÃO; instruir o paciente sobre progressões seguras dos exercícios e do alongamento, ensinar meios de evitar a nova lesão na região, ensinar uma mecânica corporal segura, fornecer aconselhamento ergonômico. 2. Aumentar a mobilidade dos tecidos retraídos: articulações e ligamentos, tendões e tecidos moles (massagem transversa), músculos (inibição e facilitação neuromuscular P.N.F), alongamento passivo, técnicas de tecidos moles e mobilização sem impulso, massoterapia, percussão, vibração, deslizamentos, exercícios de flexibilidade, energia muscular e contrair relaxar. 30 3. Melhorar o controle neuromuscular, a força, a resistência muscular à fadiga. INTERVENÇÃO; progredir os exercícios; de resistência submáxima para próximo ao máximo, ou seja, aumentar a tolerância ao exercício, aumentando a carga, garantir a especificidade do exercício, usando concêntricos e excêntricos em cadeiafechada e aberta, de plano uniplanar para movimentos multiplanares, de movimentos simples para complexos, enfatizando movimentos que simulem atividades funcionais, estabilidade proximal controlada e movimentos distais sobrepostos, (fechar cadeias – irradiação e reforço e reversão de estabilização e reversão dinâmica – cadeia aberta), biomecânica segura, progredir para complexidade e o tempo. 4. Melhorar a resistência cardiovascular à fadiga: INTERVENÇÃO; progredir os exercícios aeróbicos, usando atividades seguras. 5. Progredir atividades funcionais: INTERVENÇÃO; continuar usando dispositivos auxiliares (kinesio taping, esparadrapo), até que a ADM esteja funcional a nível de artrocinética, e a força nos músculos de suporte seja adequada, progredir o tratamento funcional com atividades simuladas protegidas e controladas para desprotegidas e variadas, continua os exercícios de fortalecimento progressivo e as atividades de treinamento avançados. Trauma cumulativo – Dor crônica recorrente – Inflamação crônica: Etiologia da inflamação crônica que leva a dor prolongada ou recorrente: ● Uso excessivo, trauma cumulativo, esforço repetitivo: são microtraumas repetitivos ou sobrecarga de esforço repetitivo, com o tempo resulta em enfraquecimento estrutural ou ruptura por fadiga do tecido conjuntivo com quebra das ligações transversas das fibras de colágeno e inflamação. ● Traumas: o trauma que é seguido por traumas repetitivos sobrepostos resulta em uma condição que nunca se regenera completamente. Isso pode ser proveniente de um retorno precipitado ou de atividades funcionais de alta demanda antes da regeneração apropriada da lesão original ter ocorrido. A nova lesão continuada leva aos sintomas de inflamação crônica e disfunção. ● Contraturas ou mobilidade precária: hábitos posturais incorretos ou imobilidade prolongada podem levar a contraturas do tecido conjuntivo, que se torna sobre carregado com atividades repetitivas e vigorosas. – O tratamento volta ao estágio agudo e evolui com a maturação do tecido conjuntivo e muscular, para o retorno à função, prevenindo os fatores de risco e recidivas. Diretrizes para o tratamento – Inflamação crônica, Síndrome do trauma cumulativo: Comprometimentos: dor com grau variável no tecido envolvido: ● somente após fazer atividades repetitivas, ● ao tentar fazer as atividades: impedindo de completar as demandas, ● contínua e sem alívio. 31 Plano de tratamento: INTERVENÇÃO durante a inflamação crônica; 1. educar o paciente (aconselhamento sobre a causa da inflamação ou irritação e a necessidade de evitar sobrecarga a parte inflamada), (e programa de exercícios domiciliares para reforçar a intervenções). 2. Promover a regeneração, diminuir a dor e a inflamação: (crioterapia, compressão e massoterapia). 3. Manter a integridade e a mobilidade do tecido envolvido: (mobilização articular passiva (- osteopatia, mobilização articular ativa – conceito Mulligan, massagem, e exercícios isométricos leves dentro do limite da dor). 4. Desenvolver suporte nas regiões relacionadas: (reeducação postural e exercícios de estabilização). Plano de Tratamento: INTERVENÇÃO Fase do movimento controlado e retorno a função; 1. Educar o paciente: (aconselhamento ergonômico de modo a prevenir a recorrência, instrução domiciliar sobre a progressão segura dos exercícios de alongamento e fortalecimento, instrução sobre sinais de sobrecarga excessiva). 2. Desenvolver uma cicatriz forte e móvel: (massagem de fricção transversa ou massagem transversa profunda, e mobilização de tecidos moles). 3. Desenvolver um equilíbrio entre comprimento e força dos músculos: (correção da causa da biomecânica muscular e articular defeituosa com exercícios apropriadamente graduados de alongamento e fortalecimento). 4. Progredir a independência funcional: (treinamento da coordenação motora e ritmo, desenvolvimento de resistência à fadiga). 5. Analisar o trabalho/ a atividade: (adaptação ao ambiente e aos instrumentos de casa, trabalho e esporte). PRECAUÇÕES: se tiver perda da ADM como resultado do alongamento, não continue a alongar, enfatize a estabilização da parte, e treinamento de padrões de movimentos adaptativos seguros, (conceito P.N.F – método Kabat). Principais locais de lesões dos tecidos moles: ● Tendões: funções dos tendões; proteger os músculos, através das forças tênsis e dos neurorreceptores, (O.T.G.), localizado nos tendões, dissipando forças, e através do estímulo proprioceptivo, vai controlar o tônus muscular. Outra função do tendão junto com os ossos; facilitar o aumento do torque, ou seja, aumentar a força muscular promovendo o movimento articular com mais destreza. 32 MEMBRO SUPERIOR ● Tendão do supra espinhal: NÃO TEM BAINHA TENDÍNEA, também chamado de ESTENOSE ou IMPINGIMENTO do Portal do Supra espinhal (Síndrome do Impacto), uma das causas são os esporões acromiais: o Acrômio tipo I: acrômio plano, tratamento conservador; o Acrômio tipo II: Acrômio curto, tratamento basicamente conservador; o Acrômio tipo III: acrômio ganchoso, tratamento cirúrgico (acromioplastia) Podemos dividir o FECHAMENTO ou IMPINGIMENTO do Portal do Supra espinhal em 3 estágios: ● Estágio I: (edema e hemorragia); abaixo dos 25 anos, caracterizado clinicamente por uma subluxação articular gleno umeral, tratamento conservador. ● Estágio II: (fibrose, tendinite e bursite); entre 25 a 40 anos, dor através da atividade, tratamento pode ser conservador e também cirúrgico. ● Estágio III: (esporões ósseos – calcificações tendíneas e esporões acromiais, rupturas tendíneas), pode ser chamado de Tendinose, acima dos 40 anos, tem uma ligação clínica com a cervical (radiculopatia de C5 e C6), osteoartrose. A dor mais comum é no movimento de abdução do ombro no ângulo de 60º a 120º, antigamente era chamado de Síndrome do Arco doloroso. Tendão da cabeça longa do bíceps: Leva uma tendinite por atrito e fricção, pois a tensão pode sair parcialmente do sulco, (subluxação do sulco), uma das causas, esforço excessivo do bíceps. Tanto o bíceps cabeça longa e o supra espinhal, pode ocorrer lesão completa (ruptura total). 33 Extensor curto radial do carpo: É o principal tendão que causa inflamação epicondilite lateral ou tendinite do tenista. Não podemos esquecer o dermátomo, miótomo e esclerótomo de C 6. Flexor comum dos dedos e palmar longo: Pode levar uma inflamação por esforço repetitivo, esforço excessivo, levando a Epicondilite medial, não podemos esquecer a coluna vertebral (cervical – C8). Nos dedos da mão e punho: Vão apresentar as tenossinovites e tenovaginites, por causa da inflamação, fibrose e nódulos nas bainhas sinoviais ou bainhas tendíneas. Nos dedos da mão temos muita incidência de ruptura parcial e às vezes total, o tratamento normalmente é conservador (com imobilização por 15 dias), e cirúrgico com fixação de fios de Kischer. Tenossinovite de QWERVAIN: Inflamação da bainha tendínea dos tendões abdutor longo do polegar e extensor curto do polegar.( C6) Contratura de Dupuytren: A causa é de etiologia idiopática, vai apresentar uma contratura da aponeurose palmar, pele, dos tendões dos flexores dos dedos e do
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