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Ana Júlia Soares Silva1 O COMEÇO DA VIDA O começo da vida. Direção: Estela Renner. Produção: Maria Farinha Filmes. 2016. O documentário titulado O Começo da Vida traz uma visão atual sobre a relação que a sociedade, e principalmente os genitores ou cuidadores, tem com a criança em seus primeiros momentos de vida. Contrariando a ideia da criança como um ser passivo ou uma tábula rasa no convívio com seu ambiente e acentuando a importância de dá-las, desde seus primeiros dias, a liberdade para explorar e exercitar seu processo criativo e imaginativo. Sempre as incentivando para manter suas autoestimas elevadas, fator de grande importância para a conservação do “comportamento cientista” e das interações gerais que servirão como meio de aprendizagem. Ainda é abordada a importância da relação que a criança tem com a mãe, a qual é, por vezes, considerada o primeiro contato do bebê com a humanidade, o que irá refletir com sua forma de interagir posteriormente com o mundo. Relevância a qual não é valorizada na sociedade e que pode ser observada no não reconhecimento e, muitas vezes, na discriminação das pessoas – mães ou pais – que abrem mão de um trabalho formal para dedicar seu tempo para a educação dos filhos, e nas desavenças entre empresas e pais quando o assunto é a licença maternidade ou paternidade. Assim, o documentário expõe questões contemporâneas da infância, como a importância de sua interação ativa com o meio, do brincar e da relação com seus cuidadores. Trazendo ainda a problematização de valores políticos e econômicos que muitas vezes servem de obstáculos para o cumprimento dos direitos e da realização de um desenvolvimento adequado para as crianças, o que é percebido na falta de investimento na parentalidade e programas não efetivos que não cumprem a promessa de apoio às crianças. Dessa forma, O Começo da Vida traz um conteúdo de grande relevância principalmente para servir como base de discussões atuais sobre a visão da infância hoje em dia que, apesar de ter-se ampliado consideravelmente com o tempo, ainda não contempla integralmente essa fase basal tão importante para a constituição de cada indivíduo e da sociedade no geral. 1 Discente de Psicologia da Universidade Federal do Maranhão Email: ajuliasoares13@gmail.com