Buscar

A Gente é da Hora - Homens Negros e Masculinidade por Bell Hooks

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

A gente é da hora1: Homens Negros e Masculinidade 
 
Prefácio sobre homens negros: Não acredite na hype 
 
 
 Quando mulheres se juntam e falam sobre homens, as notícias quase sempre são 
pessimistas. Quando se especifica o tópico e o foco passa a ser os homens negros, as notícias 
são ainda piores. Apesar dos avanços dos direitos civis em nossa nação, o movimento feminista 
e a liberdade sexual, quando se destaca os homens brancos a mensagem é, geralmente, que 
estes continuam travados e que, enquanto, um grupo, ainda não estão envolvidos com seu 
tempo. O influente jornalista negro Ellis Cose pouco ajuda a acabar com a imagem que se tem 
da masculinidade negra em seu recente livro The Envy of the World: On Being a Black Man in 
America (A inveja do Mundo: Sobre ser um homem negro na América). Ainda assim, seu livro 
obteve larga atenção em comparação a outros trabalhos recentes focados na masculinidade 
negra. 
Identificando homens negros como “um grupo a parte” em seu prefácio, Cose afirma: 
 
Muitos de nós estão perdidos nesta América do século vinte e um. Nós estamos 
menos certos de nosso lugar no mundo do que estavam nossos predecessores, 
por parte é por conta de nossas opções, nossas possibilidades de escolhas são 
maiores que as deles. Então ficamos presos em um paradoxo. Nós sabemos, 
admitindo abertamente ou não, que em diversos aspectos estamos melhores do 
que eles jamais estariam. Este é um momento, afinal, em que um Afro 
americano pode ser secretário de Estado e, possivelmente, até mesmo 
presidente. As antigas barreiras que nos bloqueavam todos os passos finalmente 
caíram – ou estão abertas o suficiente para permitir que alguns de nós passem. 
Apesar de estar tudo estar nosso alcance, coletivamente e individualmente, para 
alcançar um alto nível de sucesso que jamais foi imaginado por nossos 
antepassados, muitos de nós estão condenados a falhar. 
 
 Enquanto Cose identifica diversas problemáticas, ele também não oferece nenhuma 
visão de como os homens negros podem ter criado um novo e diferente auto-conceito. 
 O capítulo final, intitulado “Twelve Things You Must Know to Survive and Thrive in 
America,” (Doze coisas que você precisa saber para sobreviver e progredir na America) 
apresenta suas “novas regras mundiais,” sua chave de sucesso para sobrevivência, ou os 
“mandamentos” de Cose, ou se você preferir “Duras verdades desta nova era”. Suas duras 
verdades são, no máximo, conselhos de senso comum sobre como viver em um mundo com as 
piores banalidades. O autor busca encorajar homens negros a pararem de reclamar, parar de 
culpar outros por seus sofrimentos, parar de pedir ajuda e se afastarem de amigos tóxicos. A 
dura verdade número 11 declara “Mesmo que você precise fingir, demonstre alguma fé em 
você mesmo.” Cose concluiseu livro com a seguinte retratação “Este volume se preocupa 
 
1 O título da obra vem do poema “We Real Cool” escrito por Gwendolyn Brooks, em 1960. A autora ganhou o 
Pulitzer de poema com a obra “Annie Allen” em maio de 1950. 
pouco como sistema, propositalmente, se preocupa pouco com a necessidade de grandes 
mudanças sociais, e mais com o pessoal, com algumas coisas que você talvez queira considerar 
enquanto descobre como viver sua vida”. The Envy of The World é uma análise dos problemas 
do homem negro que desaponta exatamente porque Cose falha na tentativa de fazer conexões 
pessoais, tudo o que está acontecendo no dia-a-dia dos homens negros, sobre política e os 
movimentos progressistas por justiça social que oferecem estratégias teóricas e práticas que 
podem ser usadas para melhorar o bem-estar emocional dos homens negros e aumentar suas 
chances de viver de forma completa e bem vivida. 
 Apesar de ser extremamente apelativo quanto à masculinidade negra em seu último 
capítulo, a linguagem utilizada por Cose em seu livro é a de um observador imparcial. O livro 
parte de uma visão vaga sobre a masculinidade negra, o que indica que seus leitores não têm 
ideia alguma sobre como é a experiência do homem negro. Mesmo a escolha do título, retirado 
do romance Sula, escrito por Toni Morrison, insinua que o público masculino não-negro está 
olhando através de suas lentes invejosas. O livro de Cose deixa claro a estes leitores, em 
específico, que não há nenhuma necessidade de alimentar esta inveja. No romance, uma mulher 
negra castiga um homem negro por ter sugerido que este não recebia atenção o bastante. Ela 
diz: 
 
Digo, não entendo porque tanto barulho sobre isso. Digo, todo mundo te ama. 
Homens brancos amam você. Eles gastam tanto tempo se preocupando com seu 
pênis que esquecem os próprios pênis...E as mulheres brancas? Elas te procuram 
em todas as esquinas da face da terra, se tocam por você embaixo de suas 
camas...Mulheres de cor não cuidam de sua saúde só para que fiquem sob seus 
cuidados. Até mesmo as crianças, brancas e negras, garotos e garotas – ficam 
tristes por você não gostar delas. E se isso não for o bastante, você se ama. 
Ninguém no mundo se ama mais do que homens negros...Me parece que o 
mundo tem inveja de você. 
 
Utilizando da agradável palavra “amor”, é possível fazer uma análise em que o que está 
sendo descrito não é amor, mas desejo. Talvez, o que os homens negros estejam pedindo é que 
o mundo entenda que inveja e desejo não tem nenhuma conexão com amor. 
 A verdade, infelizmente, é que há uma cultura de não amor para homens negros, eles 
não são amados por homens brancos, mulheres brancas, mulheres negras, nem por crianças. A 
maioria dos homens negros, especificamente, não amam a si mesmos. Como eles poderiam, 
como poderiam esperar amor estando rodeados por tanta inveja, desejo e ódio? Homens negros 
em uma sociedade capitalista, patriarcal, imperialista e branca são temidos, mas não são 
amados. É obvio que parte disto vem da cultura de dominação, confundindo desejo e amor. 
Através de vínculos sadomasoquistas, a cultura de dominação transforma o desejo, que é 
desprezo, e o faz tomar a forma de carinho e amor. Se os homens negros fossem amados, eles 
poderiam ter uma esperança de vida, não estariam presos, enjaulados ou confinados, poderiam 
se imaginar além deste confinamento. 
 Estando de fato, ou não, dentro de uma prisão, praticamente todos os homens negros 
nos Estados Unidos da América foi forçado, em algum momento de sua vida, a esconder seus 
sentimentos. Impedidos de se expressar como queriam, tendo que reprimir e conter seu medo 
de ser atacado, esquartejado e destruído. Homens negros vivem, constantemente, em uma 
prisão mental, incapazes de achar o caminho para fora. Em uma sociedade patriarcal, todos os 
homens aprendem que seu papel é o da restrição e do confinamento. Porém, quando raça e 
classe são adicionadas ao debate, junto com o patriarcado, os homens negros enfrentam 
imposições ainda piores da identidade masculina patriarcal. 
 Vistos como animais, brutos, naturalmente estupradores e assassinos, assim os homens 
negros são representados, sem qualquer pudor. Poucas foram as alterações desse estereótipo. 
Como consequência, estes homens se tornam vítimas desses estereótipos, que foram 
construídos no século dezenove, mas persiste no imaginativo dos cidadãos desta nação ainda 
nos dias de hoje. Os homens negros que fogem desta caracterização são raros, pois o preço da 
visibilidade neste mundo contemporâneo de supremacia branca é que estes homens negros se 
mantenham caracterizados no estereótipo. Dentro da construção da individualidade do homem 
negro dentro de uma sociedade branca, capitalista e patriarcal, está a imagem de um bruto, 
selvagem, insensível, primitivo e desprovido de inteligência. 
 Os estereótipos sobre a natureza da masculinidade negra se continuam a pré-determinar 
as identidades que homens negros tentam construir para si mesmos. A subcultura de homens 
negros que começaram a emergir como militantes antirracistas assustaram a América branca 
racista. Enquanto os homens negros eram vistos como selvagensincapazes de emergir de sua 
natureza animal, continuavam a ser vistos como uma ameaça facilmente contida. Foi o homem 
negro buscando libertação das correntes do imperialismo branco, capitalista e patriarcal quem 
teve que ser exterminado. Essa potencial rebeldia do homem negro revolucionário, líder do 
povo, não podia ser admitida nem podia florescer. 
 Malcolm X, mais que qualquer outro homem negro que tenha alcançado poder nesta 
nação, recusou fortemente que sua identidade fosse definida por um sistema racial, de gênero 
e dominação das classes. Ele foi o exemplo que os jovens negros seguiram, nos anos sessenta, 
enquanto batalhávamos para educar os nossos para que tivessem uma consciência crítica do 
mundo. Nós prestamos bastante atenção às palavras de Malcolm, recebendo sua permissão para 
que nos libertássemos, para que libertássemos o homem negro por todos os meios necessários. 
 Não há qualquer menção a Malcolm X nas discussões sobre a identidade do homem 
negro de Ellis Cose. Os anos de luta do poder negro é marcado, para Cose, pelo assassinato de 
Fred Hampton. Ele lembra “Para mim, a execução disse muito sobre o valor da vida homem 
negro na América, como as pessoas justificam, facilmente, sua extinção. Mas também fala 
muito sobre medo; medo da justificada ira dos jovens homens negros; medo do poder que 
possuem; borbulhando dentro do sistema, dentro dos corações alienados daqueles que são 
desprovidos”. Esta fala se encaixa bem à narrativa conservativa de Cose, ele esquece o debate 
de homens negros que corajosamente decolonizaram suas mentes e construíram identidades na 
resistência que transcenderam estereótipo. Estes homens negros, como W.E.B. DuBois e 
Malcolm X, não viam sucesso ou falha em termos de saúde ou fama. Seus legados tiveram 
pouco impacto aos homens negros da contemporaneidade pois estes entraram em combate 
direto contra o sistema; eles não estavam tentando fazer este sistema funcionar para eles. 
 Individualmente, os homens negros radicais entenderam que o imperialismo dos 
supremacistas brancos, o capitalismo e o patriarcado estão interligados ao sistema de 
dominação que nunca empodera o homem negro completamente. Neste momento, este sistema 
está simbolicamente linchando muitos homens negros, enforcando suas vidas ao tornar 
impossível que aprendam o básico sobre leitura e escrita na infância; através, também, da 
promoção de um sistema de livre iniciativa que funciona muito bem para poucos; a falta de 
emprego generalizada e através da constante sedução psicológica fatal dos comportamentos 
patriarcais masculinos. Qualquer um que alegue estar preocupado com o destino dos homens 
negros nos Estados Unidos da América que não fala sobre a necessidade de radicalização de 
suas consciências para combater o patriarcado para que possam sobreviver e florescer, 
compactua com o atual sistema que mantém o homem negro no mesmo lugar, psicologicamente 
aprisionado, excluído. 
 Hoje em dia deveria ser obvio, para qualquer escritor e pensador, falar que a primeira 
ameaça genocida, a força que coloca em perigo a vida masculina negra, é o patriarcado 
masculino. Por mais de trinta anos, um dos aspectos da minha visão político-ativista tem sido 
trabalhar para educar a sociedade sobre os impactos do patriarcado e do sexismo nas vidas do 
povo negro. Como uma voz das políticas voltadas ao feminismo, tenho constantemente 
chamado atenção para que homens critiquem o patriarcado e se envolvam com a libertação 
masculina. Em um ensaio escrito a mais de dez anos atrás, chamado “Reconstructing Black 
Masculinity” (“Reconstruindo a masculinidade negra”), sugeri que “nós podemos acabar com 
a ameaça que o patriarcado masculino impõe sobre os homens negros e podemos criar uma 
vida sustentada sob a visão de reconstrução da masculinidade negra que possa proporcionar 
aos homens negros uma forma de salvar suas vidas e de seus irmãos e irmãs em dificuldade”. 
Apesar deste ensaio e outros ensaios similares de Michele Wallace, Gary Lemons, Essex 
Hemphill e outros que falam sobre feminismo, não temos conseguido influenciar a 
generalização que escrevem sobre masculinidade negra e continuam empurrando uma noção 
de que todos os homens negros precisam, para sobreviver, precisam se tornar patriarcas 
melhores. 
 O meio público se recusar a encarar a realidade da condição dos homens negros, jovens 
e mais velhos, só piora com o conluio daqueles que expressão preocupação de forma 
oportunista e joga todos os problemas sobre a masculinidade negra enquanto se recusam a 
contar a verdade sobre como devemos mudar essa situação. Conservadores e radicais parecem 
gostar de falar mais sobre as dificuldades do homem negro do que pensar em estratégias de 
resistência que poderiam oferecer uma esperança e alternativas significativas. Nós, mulheres 
negras e homens negros, que falamos constantemente, educamos para que haja consciência 
crítica em diversas comunidades negras, sobre patriarcado e sexismo, raramente recebemos 
atenção da sociedade quando discutimos a crise na masculinidade negra. Nossos escritos não 
são mencionados em livros conservadores que tratam sobre a masculinidade negra. 
 No entanto, quando eu vou ensinar e lecionar em algumas comunidades negras, os 
homens negros de todas as classes estão entre o público. Escutando estes homens, eu escuto e 
compartilho suas preocupações sobre como homens negros estão perdendo o chão, como suas 
dificuldades estão se agravando. Não importa o quanto nós chamemos a atenção para a crise 
da masculinidade negra, continuamos sem resposta coletiva. Um sentimento de desespero 
ameaça aniquilar nossa capacidade coletiva de criar uma intervenção positiva a favor do 
homem negro. Existe um sentimento geral de desânimo entre os nossos, um sentimento de 
“homens negros simplesmente não entendem”. Com certeza muitos homens que conheço não 
parecem entender. Meu pai, aos 80 anos, se mantém comprometido com o pensamento e ações 
patriarcais, isto o mantém isolado emocionalmente daqueles que ele ama. Apesar do seu 
sexismo e seu constante abuso e violência ter acabado com seu casamento de mais de cinquenta 
anos, ele mantém seu comprometimento com o patriarcalismo. Meu irmão, que conseguiu, em 
sua infância, subverter a dominação patriarcal estando consciente de suas emoções, continua 
empenhado em entender o ideal de masculinidade patriarcal, prejudicando as ações positivas 
em sua vida. Ele constantemente se sente confuso e desencorajado. E os homens negros que eu 
amei, como parceiros, sofreram os malefícios da dependência parental e a negligência 
emocional. Apesar de serem homens que trabalham duro, estarem financeiramente bem, sofrem 
emocionalmente. 
 Todos os homens negros que amei se veem isolados, retirados de qualquer sentimento 
de solidariedade. Veem a maioria das lideranças masculinas negras como hipócritas e 
ineficazes, como oportunistas procurando alcançar o estrelato. Compartilham a ideia de 
Michele Wallace que “Quando você vê uma liderança negra refletida na grande mídia, o que 
você vê é uma equipe narcisista, os ridículos vagos e inadequados”. Quando o público pede a 
morte dos líderes negros, eu digo que os visionários radicais entre nós estão tentando e são 
capazes de nos liderar na direção da libertação, e que a maioria dessas pessoas são mulheres 
negras. Continuar com o pensamento sexista sobre a natureza da liderança cria um ponto cego 
que impede o povo negro de utilizar teorias e práticas de libertação, quando são oferecidas 
pelas mulheres negras. 
 Percebendo isto, tenho tido a esperança, junto com outras colegas negras, que o 
individuo negro que se importa com as dificuldades do homem negro e que buscam 
compreender o pensamento feminista poderia fazer muito mais para alcançar um grupo de 
homens negros. Este trabalho não tem sido comunicativo. Toda vez que encontro um irmão de 
pensamento radical eu o encorajo a escrever, a compartilhar seus conhecimentos com outros. 
Muitos indivíduos negros que trabalham no campo acadêmicoque tenta acabar com a violência 
contra mulheres e crianças especialistas em explicar a crise do homem negro e conseguem 
encontrar caminhos para uma recuperação destes, mas não conseguem entender que podem 
escrever. Não há nenhuma literatura anti-patriarcal falando diretamente para homens negros, 
como eles podem se educar sobre consciência negra, se guiando para um caminho de libertação. 
 A ausência de trabalhos como este mantém a ideia de que homens negros não são 
levados a sério. Muitas literaturas surgem com despertar da resistência feminina negra, 
desafiando o sistema opressor que nos mantém exploradas e oprimidas enquanto grupo. Esta 
literatura tem ajudado as mulheres negras a se empoderar. Como autora e leitora destes 
trabalhos, eu sei que isto muda vidas para sempre. 
 Tenho pensando constantemente sobre porque nenhuma literatura de resistência tenha 
surgido de homens negros, apesar de serem donos de revistas e editoras. A falha parece estar 
na falta de coletividade na radicalização por uma parte desses homens (a maioria dos homens 
negros poderosos na mídia são conservadores que apoiam o pensamento patriarcal). O carisma 
individual das lideranças masculinas negras que possuem um pensamento radical 
constantemente se tornam tão narcisistas sobre seu status único de homem negro diferente que 
falham em compartilhar as boas notícias com outros homens negros. Ou permitem ser 
cooptados – seduzidos – pela promessa de grandes recompensas econômicas e acesso ao poder 
da grande mídia que se tornam menos raciais em suas mensagens. 
 Enquanto mulher negra que se importa com as dificuldades do homem negro, sinto que 
não posso mais esperar que os homens negros tenham a iniciativa para espalhar a palavra. 
Esperei por dez anos. O sofrimento do homem negro se intensificou, nesses anos. Escrevendo 
este livro, espero contribuir com minha voz em um pequeno coral de vozes que falam em 
benefício da libertação do homem negro. Mulheres negras não podem falar por homens negros. 
Nós podemos falar com eles. E ao faze-lo, personificamos a prática da solidariedade, onde o 
diálogo é o alicerce do verdadeiro amor. 
 Venho de uma infância em que meu amor pelo homem negro é marcado por um amor 
que muito desejei, mas que só me desprezou. Por sorte, Daddy Gus, meu avô, me deu o amor 
que meu coração precisava. Calma, carinho, gentileza, criatividade, um homem de silencio e 
paz, que me permitiu uma perspectiva da masculinidade negra contrária a norma patriarcal. Ele 
foi o primeiro homem negro radical da minha vida. Ele foi a base. Sempre me envolvendo em 
diálogos, sempre auxiliando meu desejo por conhecimento e sempre me encorajando a falar o 
que estivesse em minha mente, eu honro o compromisso entre nós, as lições sobre 
masculinidade negra e a colaboração feminina criada de forma mútua. Ele me ensinou a 
continuar dialogando com o homem negro, a continuar a obra do verdadeiro amor.

Continue navegando