Segundas do Serviço Social_Política Social e Neoliberalismo

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Prof. Douglas Gomes
@profdouglasgomes
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz 
doces.
Recomeça.
Cora Coralina
✓ Séc. XIX e XX - emergência de dois tipos de Estados: [1] liberal (estado mínimo) e [2]
social (um liberalismo mais ‘social’);
✓ Compreensão de que ambos os sistemas há o “reconhecimento de direitos sociais
sem prejudicar os fundamentos do capitalismo”;
✓ Netto (2012) afirma algo oportuno: “não existe capitalismo sem crise. São próprias
deste sistema as crises cíclicas que, desde a segunda década do século XIX, ele vem
experimentando regularmente”;
✓ Crises do modelo liberal [exemplos]:
1. A grande depressão de 1873 – 1879 (Europa);
2. Quebra da bolsa de valores de NY em 24 de outubro de 1929;
3. Primeira (1914 – 1918) e segunda guerra mundial (1939 – 1945);
4. A desregulamentação do sistema monetário internacional e dois choques petrolíferos (1973 e
1979).
POLÍTICA SOCIAL
Revisão
✓ Segundo Behring & Boschetti (2006), o surgimento das políticas sociais foi
gradativo e diferenciado entre os países, com base nos movimentos e organizações
reivindicatórias da classe trabalhadora e na correlação de forças no âmbito do
Estado;
✓ Vicente de Paula Faleiros (1991, pag. 28) afirma: Nos países pobres periféricos não
existe o Welfare State nem um pleno keynesianismo, tendo em vista a organização
das políticas sociais em categorias específicas e com desafios para o acesso
universal.
POLÍTICA SOCIAL
Revisão
• O desenvolvimento do capitalismo no Brasil se dá sob algumas especificidades originárias de
sua história de herança colonial e escravocrata, que não podem ser ignoradas. [...] a elite
[agrária] brasileira permaneceu intocada por muito tempo (até meados do século XX)
(GODOY & CALVOSO, 2019, pag. 38);
• O capitalismo nacional sempre esteve indubitavelmente ligado à intervenção estatal
na economia:
Assim surge um novo bloco de poder, a burguesia brasileira. Como contraponto, as políticas sociais
também se desenvolvem, embora com características paternalistas e no âmbito da caridade, não do
direito. Os direitos trabalhistas, por sua vez, desenvolveram-se amplamente – como resultado da luta
dos trabalhadores – mas não deixaram de ser, também, tutelados fortemente pelo Estado, atrelando
a organização sindical ao Ministério do Trabalho. (Ibidem)
POLÍTICA SOCIAL
Neoliberalismo no Brasil
A história da política social está repleta de exemplos de
sua apropriação contraditória por forças políticas
opostas. [...] Conforme Titmuss (1965), a PS “é capaz de
servir diferentes senhores” (p.412), isto é, ao capital e
ao trabalho, e ser utilizada tanto pelas democracias
como pelas ditaduras [...] O caso brasileiro é, inclusive,
emblemático de uma inversão de expectativas
concernentes às funções democráticas da política
social. É que, no Brasil, a política social foi mais visível,
variada e abrangente na ditadura do que na
democracia (SANTOS, 1979; PEREIRA-PEREIRA, 1987;
CARVALHO, 2001) (PEREIRA, 2013, pag. 17)
POLÍTICA SOCIAL
Neoliberalismo no Brasil
Por conseguinte, embora nas ditaduras tenham
proliferado várias legislações e programas sociais,
como no Brasil, especialmente nos anos 1970, sob o
governo Geisel (PEREIRA-PEREIRA, 1987), essa
proliferação cobrou da sociedade um elevado preço
em matéria de cidadania porque: colocou em recesso
a cidadania em seu conjunto, particularmente no que
diz respeito aos direitos civis e políticos; a negação
das liberdades individuais e “da capacidade da
sociedade governar-se a si própria” (SANTOS, 1979,
p.123), refletiu-se negativamente “em todos os níveis,
inclusive nas instituições da política social” (idem,
ibdem).
CONTEXTO DE DITADURA MILITAR (1964 – 1985)
Segundo (BEHRING; BOSCHETTI, 2011) “Esse
período, contraditoriamente aos direitos
políticos suspensos do período, a ditadura
militar promoveu a institucionalização da
previdência, da saúde e em muito menos
escala, da assistência social”. Relegando os já
excluídos à própria sorte, e ou caridade de
instituições religiosas. (GODOY & CALVOSO,
2019, pag. 39)
POLÍTICA SOCIAL
Neoliberalismo no Brasil
FONTE DA IMAGEM: https://www.stoodi.com.br/blog/historia/especial-regime-militar-tudo-sobre-ditadura-no-brasil/
Assim, a política social sustenta-se em uma relação 
dialética originária do ventre do capitalismo. É resultado 
da luta dos trabalhadores, todavia possui uma dimensão 
que sustenta o sistema, visto que é socialização da 
riqueza, mas nos limites e condições do neoliberalismo; é 
luta e resistência, entretanto sob a tutela de um Estado 
burguês; é combate à desigualdade enquanto, 
paradoxalmente, a promove (GODOY & CALVOSO, 2019, 
pag. 33).
POLÍTICA SOCIAL
Neoliberalismo no Brasil
A existência das políticas sociais está
atrelada à existência do próprio
capitalismo. A necessidade de
institucionalizar direitos que compensem o
custo e o desgaste da força produtiva,
tendo ela sua mais valia roubada
sistematicamente, só existe pelas
condições dadas nesse sistema de
produção (Ibidem, pag. 40).
É possível observar que os momentos de maior
desenvolvimento das políticas sociais se deram em
pequenos vácuos da história do capitalismo, momentos
de crise do sistema (GODOY & CALVOSO, 2019, pag. 40).
O [1] desgaste do regime, o [2] clamor pela democracia e
a [3] crise econômica fizeram dos anos de 1980 um
terreno fértil para as conquistas políticas e sociais, em
oposição à crise financeira que aplacava o país:
A Constituição de 1988 foi o ponto alto da década no que tange
à conquista de direitos nas mais diversas áreas. Todavia, forças
em oposição dentro do terreno democrático já estavam em
disputa e a direita se ergueu hegemonicamente dentro do Estado.
O projeto neoliberal seria levado às últimas consequências e
uma avalanche de privatizações e abertura escancarada para o
capital estrangeiro concretizou uma nova característica de
colônia para o Brasil. Suas metrópoles estão espalhadas pelo
mundo, assim como a riqueza aqui produzida. O Brasil agora é
globalizado. (GODOY & CALVOSO, 2019, pag. 39)
POLÍTICA SOCIAL
Neoliberalismo no Brasil
✓ O contexto da crise capitalista atual é diferente porque é
sistêmico (total), global (planetária) e permanente (sem ciclos)
(PEREIRA, 2013, pag. 15);
✓ O capital encontrou saídas “ajudando” os governos de países
centrais e periféricos, que transferiram vultosos recursos
públicos à instituições financeiras e a empresas transnacionais
endividadas, a política social tornou-se muito mais útil ao
capital do que ao trabalho (Ibidem) [privatização das
instituições públicas];
POLÍTICA SOCIAL
Neoliberalismo no Brasil
✓ Ainda de acordo com a autora, a crise atual é sistêmica e estrutural por
três principais motivos:
1. porque atinge a todas as áreas da vida humana (social, política, econômica,
financeira, ecológica e de paradigma);
2. porque se disseminou pelo mundo sob o domínio da lógica de funcionamento das
forças livres do mercado;
3. porque parece ser a indicação de uma fase final das oscilações econômicas
típicas do capitalismo, ou dos ciclos expansivos do capital, que agora encontraram
o seu limite [ampliando o cenário da barbárie].
POLÍTICA SOCIAL
Neoliberalismo no Brasil
POLÍTICA SOCIAL
Neoliberalismo no Brasil
POLÍTICA SOCIAL
Neoliberalismo no Brasil
FOCALIZAR
Restringir a política social, 
especialmente a assistência, aos 
segmentos mais pobres da 
população.
PRIVATIZAR
Transformar bens públicos, como 
saúde e educação,
em propriedade privada ou 
transferir para iniciativa particular 
[mercantil ou não mercantil]
DESCENTRALIZAR
Transferir da esfera federal para
as estaduais e municipais e para 
instituições privadas 
responsabilidades governamentais
que deveriam ser conjuntas,
POLÍTICA SOCIAL
Neoliberalismo no Brasil
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Neoliberalismo no Brasil
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Neoliberalismo no Brasil
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Neoliberalismo no Brasil
Diante da magnitude hoje alcançada por estes problemas — e expressa
em três ordens de fenômenos: “o crescente alargamento da distância
entre o mundo ricoe o pobre [...]; a ascensão do racismo e da
xenofobia; e a crise ecológica, que nos afetará a todos” (Hosbawm) —,
todas as indicações sugerem que o tardo-capitalismo oferecerá
respostas dominantemente regressivas, operando na direção de um
novo barbarismo, de que as formas contemporâneas de apartheid
social são já suficientemente nítidas (NETTO, 2012, pag. 242).
✓ A atual crise - que muitos confundem com uma crise financeira – avança
para duas seguintes situações: a derrocada do próprio capitalismo ou a
barbárie, traduzida em ainda maior superexploração do trabalho e
rebaixamento ou anulação da proteção social pública (PEREIRA, 2013, pag.
15);
✓ Proposta de Emenda Constitucional (PEC: PEC do Teto, PEC 241 na Câmara
dos Deputados, PEC 55 do Senado Federal) – Emenda Constitucional nº
95/2016;
a) Governo do ex-presidente Michel Temer – Henrique Meireles (ex-ministro da
fazenda);
b) Limita despesas com saúde, educação, assistência social e previdência, por
exemplo, por 20 anos.
POLÍTICA SOCIAL
Pontos finais
✓ Substituição do Estado de Bem-estar social para o Estado Penal (NETTO,
2012);
✓ A articulação orgânica de repressão às “classes perigosas” e
assistencialização minimalista das políticas sociais dirigidas ao
enfrentamento da “questão social” constitui uma das faces
contemporâneas mais evidentes da barbárie atual. E é no seu marco que,
majoritariamente, operam, enquanto profissionais, os assistentes sociais
(NETTO, 2012, pag. 429).
POLÍTICA SOCIAL
Pontos finais
RESOLUÇÕES DE 
ITENS
IADES, 2020 – SES/DF. 
No capitalismo, ocorre uma disputa na sociedade por recursos do
fundo público no âmbito do orçamento estatal. O orçamento público é,
dessa forma, um espaço de luta política, com as diferentes forças da
sociedade buscando inserir seus interesses.
SALVADOR, E. Fundo Público e o financiamento das Políticas Sociais no Brasil. Revista Serviço Social,
Londrina, v. 14, n. 2, p. 4-22, jan./jun. 2012, com adaptações.
A respeito do fundo público e do financiamento das políticas sociais no
Brasil, julgue o item a seguir.
IADES, 2020 – SES/DF. julgue o item a seguir:
No Brasil, o orçamento é financiado pela taxação das grandes riquezas,
via impostos sobre o patrimônio, a propriedade e os lucros, e por
intermédio de tributos diretos, os quais possibilitam a redistribuição de
recursos para os segmentos mais pauperizados da sociedade, por meio
de programas de redistribuição de renda.
ERRADO
FGV, 2018 – CAMARA DE SALVADOR/BA. 
“As mudanças na ordem social capitalista produziram novas demandas
profissionais [para o Serviço Social], ampliaram os espaços sócio-
ocupacionais, modificaram as condições de trabalho, exigiram a
incorporação de sólidos fundamentos para adensar a formação
profissional e desafiaram as práticas organizativas dos sujeitos sociais.”
(MOTA e AMARAL, 2016, p.30).
De acordo com o contexto descrito no texto 1, o neoliberalismo, em
sua versão brasileira, amplia e aprofunda as expressões da questão
social.
FGV, 2018 – CAMARA DE SALVADOR/BA. 
Nesta conjuntura, as políticas sociais, que tradicionalmente servem
como instrumento de enfrentamento da questão social pelo Estado,
passam a assumir o binômio:
a) protetivo/focalizador;
b) universalização/redistributividade;
c) repressão/assistência;
d) público estatal/organizações sociais;
e) terceiro setor/ONG.
IF/SC, 2017 – IF-SC. O processo de acumulação do capital gera
desigualdades que se materializam na chamada “questão social”. O
Estado assume o papel de unificação dos interesses das classes
burguesas, agindo na consolidação da modernização capitalista. De
acordo com os postulados neoliberais, identificamos abaixo alguns
elementos que indicam a ação do Estado no que se refere ao
enfrentamento da “questão social”, na atualidade:
I. Implementação de programas focalizados de proteção à pobreza.
II. Ampliação dos investimentos em políticas de proteção social.
III. Tendência à privatização da política social pública.
IV. Fortalecimento de políticas públicas de cunho universal.
IF-SC, 2017 – IF-SC.
Assinale a opção que apresenta somente a afirmativa INCORRETA:
a) III e IV.
b) I, II e IV.
c) II, III e IV.
d) II e IV.
e) II e III.
CRESCER CONSULTORIAS, 2019 – PREFEITURA DE PEDRO DO
ROSÁRIO/MA. O enfrentamento da questão social pelo Estado sob a
égide do ideário neoliberal pode ser caracterizado como:
a) maximização dos direitos trabalhistas.
b) máximo para o capital e mínimo para o social.
c) ampliação das políticas sociais.
d) expansão dos direitos sociais.
FGV, 2019 – DPE/RJ. Uma das expressões fundamentais da ofensiva
neoliberal manifesta-se por meio da “onda punitiva” (Wacquant, 2007),
que é materializada por meio do(a):
a) combate às arbitrariedades das instituições judiciárias;
b) criminalização dos pobres;
c) compromisso do Estado com a segurança;
d) luta contra a violência urbana e rural;
e) intolerância ao tráfico de drogas.
IADES, 2019 – HEMOPA. A complexidade e o acirramento da questão
social na sociedade contemporânea ocasionaram, no que diz respeito
às políticas sociais,
a) a ampliação das políticas de pleno emprego nos países de
economia central, em detrimento da precarização de políticas
sociais em países de economia periférica como o Brasil.
b) a privatização de políticas ligadas aos programas de emprego e
renda e a gratuidade de políticas de moradia, saúde e educação,
como formas de enfrentar o aumento da crescente desigualdade
social presente em todos os países.
c) uma equiparação do modelo das políticas garantidoras dos direitos
de cidadania em nível internacional.
IADES, 2019 – HEMOPA. A complexidade e o acirramento da questão
social na sociedade contemporânea ocasionaram, no que diz respeito
às políticas sociais,
d) um aumento do financiamento público dessas políticas como forma
de evitar o aumento do desemprego e da criminalidade nos países
de economia periférica.
e) a manutenção seletiva de políticas essenciais à reprodução da força
de trabalho, ao mesmo tempo em que se estabeleceu um crescente
processo de privatização de políticas como saúde e educação.
Boa sorte e tenha uma excelente 
preparação!
Mega abraços.
Prof. Douglas Gomes
GABARITO
01. 02. 03. 04. 05. 06.
E C D B B E
BEHRING, E. R.; BOSCHETTI, I. B. Política Social: fundamentos e História. São Paulo: Cortez, 2007.
CASTRO, J. A; RIBEIRO, J.A. As políticas sociais e a Constituição de 1988: conquistas e desafios. In.:
POLÍTICAS SOCIAIS: acompanhamento e análise. IPEA. Brasília: 2008.
FALEIROS, V. P. O que é política social. 5. ed. São Paulo: Brasiliense, 1991.
GODOY. E. A; CALVOSO, F. B. Políticas sociais no contexto do neoliberalismo: uma reflexão sobre os
limites do estado burguês. In.: Revista CEAM: Globalização, desigualdade e educação. Disponível em:
https://periodicos.unb.br/index.php/revistadoceam/article/view/26526 > Acesso em 14 de março de
2021.
NETTO, J. P. Crise do capital e consequências societárias. Serv. Soc. Soc., São Paulo , n. 111, p. 413-
429, Sept. 2012 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
66282012000300002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 14 de março de 2021.
PEREIRA, P. A. Política social contemporânea: concepções e configurações no contexto da crise
capitalista. In: COSTA, L. C., NOGUEIRA, V. M. R., and SILVA, V. R., orgs. A política social na América do
Sul: perspectivas e desafios no século XXI [online]. Ponta Grossa: Editora UEPG, 2013, pp. 15-26.
REFERÊNCIAS
Utilizadas
https://periodicos.unb.br/index.php/revistadoceam/article/view/26526