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CEDERJ - CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Curso: Engenharia de Produção Disciplina: Gestão da Manutenção Conteudistas: José Antonio Assunção Peixoto e Leydervan de Souza Xavier DI:Renata Vettoretti “A inteligência é o que você usa quando não sabe o que fazer.” Jean Piaget Aula 6: A construção social de conhecimento e seus fundamentos de produção sistêmica e simbólica: saber fazer, manter e mudar META Apresentar algumas manifestações e representações do pensamento sistêmico e suas relações com a produção social do conhecimento. OBJETIVOS Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de: 1. Aplicar o conceito de construção social do conhecimento à produção de técnicas e à organização do trabalho produtivo; 2. Correlacionar a produção e manutenção de artefatos e mentefatos com algumas de suas representações mais recentes de sistema e organização social. Introdução A história humana pode ser pensada como a trajetória das técnicas, da construção do conhecimento, das formas de produção e de organização, como você viu nas aulas anteriores. Ou, de outra forma, das relações entre fazer e manter, em todas as escalas. A consciência reflexiva, como a dos construtores Epesnasaguas, na primeira aula, enfrenta os desafios do ambiente e do campo social, desenvolvendo novas técnicas que, por sua vez, modificam a organização social e o meio ambiente, assim como a própria consciência. Na busca de compreensão das modernas concepções de produção e manutenção, herdeiras das experiências anteriores, vamos explorar este caminho. Quando você observa as formas de produção de artefatos, percebe que elas vão sendo modificadas com o tempo, e foi sugerida uma curva helicoidal para representar este fenômeno. A produção de valores, as produções simbólicas, a criação da linguagem, de regras sociais, de cultura, das formas de organização de toda a vida social, segue uma trajetória equivalente. <Início de Verbete> No grego fenômeno é o que aparece, o que se apresenta (fazer-se presente). <Fim do verbete> Em termos práticos, percorrer a helicoidal do conhecimento apresentada na Aula 3 seria reviver todas as experiências humanas, desde a origem da espécie, e abranger todas as representações já produzidas, além de identificar como cada uma delas influenciou outras, no próprio tempo e ao longo do tempo. Uma tarefa desafiadora e, praticamente, inviável. Fragmentariamente, muitos campos do conhecimento e ramos da ciência fazem isso, mas não é nosso objetivo. Esse conjunto de fenômenos (de produção) pode ser representado com auxílio de metodologias científicas interpretativas e positivistas que a teoria de sistemas e a cibernética ajudam a analisar e harmonizar. Além disto, servem para dar sustentação teórica a técnicas de produção e de gestão das organizações, com aplicações diretas à função produção e à função manutenção e à interação destas em suas evoluções, a partir do “recorte” introdutório que apresentamos na Aula 3. Além da teoria de sistemas vamos adotar a teoria construtivista fazendo das duas, dois corrimãos em que nos apoiaremos para explorar partes estratégicas para nosso contexto acadêmico desta longa jornada da experiência humana. 2. O construtivismo social Como o sujeito consciente e reflexivo aprende, produz e se autoproduz? Pode- se explicar como isto ocorre usando a tese chamada Construtivismo. Simplificadamente, para atender ao objetivo desta disciplina, pode-se dizer que esta abordagem defende o papel ativo do sujeito na criação e modificação de suas representações do objeto do conhecimento. O termo começou a ser utilizado na obra de Jean Piaget (ver BARBOSA (2020) e, desde então, vem sendo apropriado por https://pt.wikipedia.org/wiki/Jean_Piaget abordagens com as mais diversas posições ontológicas e mesmo epistemológicas Hoje é atribuído a abordagens da filosofia, pedagogia, psicologia, matemática, cibernética, biologia, sociologia e arte. Segundo esta tese, as representações (intuições sensíveis) que temos da realidade são condicionadas pela estrutura de nossa mente e construídas automaticamente por ela; e a que as hipóteses que construímos sobre como o objeto funciona podem ser alteradas e substituídas voluntariamente quando falham em suas predições do que receberemos pelos sentidos. Além disto, rejeita a ideia de que o objeto possa determinar completamente em um sujeito, supostamente passivo, as representações que este tem dele A ontologia pode ser um campo próprio de estudos filosóficos sobre a realidade e a existência de qualquer fenômeno, mas está presente, como uma base ou moldura, em qualquer campo do conhecimento, mesmo quando não é percebida pelos sujeitos ou quando não é declarada formalmente. A concepção da realidade, que você adota, está na base de todo o seu entendimento sobre qualquer coisa e para todas as suas decisões. De forma semelhante, a epistemologia pode ser um campo específico da filosofia, mas estará presente de forma declarada ou não em todo raciocínio que se debruce sobre o fenômeno do aprendizado, da construção de comportamentos sociais, das formas de organização e produção, para citar apenas alguns exemplos. Início verbete ontológicas o estudo da realidade, do que existe Fim verbete Início verbete epistemológicas o estudo do que é o conhecimento, e de como se produz Fim verbete Boxe multimídia Para maiores detalhes consulte o material O que é Construtivismo, escrito por Fernado Becker disponívelem: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/301477/mod_resource/conte nt/0/Texto_07.pdf fim boxe https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/301477/mod_resource/content/0/Texto_07.pdf https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/301477/mod_resource/content/0/Texto_07.pdf Na Figura 6.1 há uma representação das relações entre fenômeno, conhecimento, técnica e produção, no contexto da sociedade e do meio ambiente. Analise as conexões detidamente! Figura 6.1 As relações entre fenômeno, representação, técnica, produção e consciência. Na Figura 6.1, o sujeito à esquerda, usa sua vontade e reflete sobre a realidade. No seu espaço privativo de imaginação, constrói representações com base no conhecimento e experiência adquiridos. Para ele, esta construção ainda é um projeto, mas já possui valor e, também, é percebida como um fenômeno. Da produção imaginária, usando alguma técnica e com uso de energia, matéria e informação, que provêm da sociedade e do meio ambiente, este sujeito produz algo no mundo da vida, algo a que outro sujeito, à direita, pode ter acesso, pode perceber, também, como um fenômeno. Para este outro sujeito, o que ele percebe gera uma representação e uma percepção de valor. Para ambos os sujeitos, o objeto produzido também é um símbolo. Da interação (social) entre os sujeitos, o objeto concreto e o objeto simbólico acoplado a ele passam a afetar as representações, o conhecimento, os valores, a técnica, a sociedade e o mundo da vida, em uma helicoidal de aprendizagem e mudança. Estas interações podem conectar os sujeitos em uma intencionalidade compartilhada, transformando os dois em partes de um todo, com alguma finalidade comum. Pense que o objeto “concreto” pode ser uma máquina, uma causa, uma palavra, um gesto do corpo ou mesmo o silêncio e, cada um destes significará, terá valor, materialidade e simbolizará coisas diferentes. Sujeito consciente MÁTERIAMEIO AMBIENTE PRODUÇAO SOCIEDADE ENERGIA Imaginário MATERIALIDADE INFORMAÇÃO VALOR SÍMBOLO SÍMBOLO Representação Objeto concreto Projeto Conhecimento Técnica Sujeito consciente FENÔMENO As convenções, acordos, consensos como os que são associados aos símbolos, desenhos e qualquer forma de linguagem, seja mental, falada ou escrita, são formas de representação com que construímos outras representaçõese são construídos por este mesmo processo. Este processo pode parecer abstrato ou genérico, mas quando você e sua equipe se debruçam sobre um diagrama lógico de circuito para analisar modos de falha, buscando uma decisão coletiva, não estariam desempenhando papeis como esses, narrados para os sujeitos da Figura 6.1? Vamos usar essa perspectiva em todas as nossas representações. 3.0 Pensamento sistêmico O pensamento sistêmico – aquele que se baseia na representação de sistemas – é uma longa construção histórica e filosófica, ainda não concluída, que pode ser reconhecido como estando presente, no Ocidente, desde a antiguidade grega até os dias de hoje, incorporando conceitos e ajustando-se às descobertas e experiências da humanidade. Início boxe multimídia Uma abordagem recente e bastante completa deste tema você poderá pesquisar na obra “A Visão Sistêmica da Vida” de Fritjof Capra e Pier Luigi Luisi (CAPRA, 2014), mas neste texto, serão trabalhados, sinteticamente, apenas, alguns aspectos desta visão orientados ao escopo da disciplina, agregados às abordagens de outros autores. Fim boxe Os dois autores desenvolvem uma abordagem sistêmica da vida, e incluem interessante reflexão sobre as organizações e a sociedade como parte da vida, interagindo com o ambiente, desde as formas de vida mais simples até o planeta, como uma totalidade viva. Neste modelo, todas as formas bióticas e abióticas se integram na rede da vida, de uma forma sistêmica. Assim, pode-se pensar que a evolução das representações sistêmicas – que acontece, como você verá, em vários campos do conhecimento, de forma independente ou interdependente e simultaneamente ou não – serve, de um lado, como narrativa para se compreender os fenômenos estudados pelas diversas áreas da filosofia e da ciência e, de outro lado, como base teórica e suporte técnico para produzir artefatos, mentefatos organizações e interagir, reflexivamente, com eles. Portanto, a trajetória do pensamento sistêmico ajudará a situar a Gestão da Manutenção nos contextos das organizações ao longo do tempo, o que inclui, naturalmente, o presente e, indicações dos cenários futuros. Isto se justifica, porque a evolução do pensamento sistêmico, incorporando em cada época os avanços do conhecimento científico, tecnológico e de organização social, se faz acompanhar por necessidades que precisam ser atendidas pela gestão da manutenção. No caso das organizações, por exemplo, e recuperando a concepção de que elas se degradam e que precisam de intervenções que restituam suas condições de produção, é preciso dispor de representações que suportem intervenções como essas e permitam resultados efetivos, em cada época da história. De modo análogo, um médico que não conheça a anatomia, a fisiologia e psicologia de seu paciente incorrerá em grave risco à vida dele, ao prescrever qualquer tipo de medicação ou ao executar qualquer intervenção no seu organismo. Assim como um mecânico que não domine o conhecimento sobre uma máquina, não poderá repará-la, quando necessário. E, apenas, para ajudar na sua reflexão acerca dos muitos conceitos baseados em visões diferentes de sistemas, que podem ser confundidos sob a mesma denominação, pense nas seguintes expressões: sistema de acionamento pneumático, sistema de controle digital, sistema nervoso, sistema social, sistema financeiro nacional, sistema educacional. Veja, algumas dessas possibilidades na Figura 6.2 Figura 6.2. Algumas possibilidades de aplicação da representação de sistemas: engenharia, biologia, sociologia, política, meio ambiente, etc. Todos têm o nome de sistemas, mas poderiam ser alinhados como de mesma natureza? E poderiam ser todos, subsistemas de uma totalidade maior? Assim, procure, agora, identificar o que é um sistema para você e, depois, refletir criticamente no que está sendo representado por sistema, sobretudo para você ou por você, quando esse termo aparecer ao longo deste texto e no mundo da vida. SISTEMA Pneumático Hidráulico Mecânico Elétrico Eletrônico Digital Estrutural Controle Acionamento Linguagem Social Financeiro Governo Educação Saúde Biológico Nervoso Vascular Límbico Imunológico Musculo- esquelético Digestório Ambiental Ciência e Tecnologia Justiça Redes sociais 3.1 Conceitos básicos de sistemas A palavra sistema remonta ao grego antigo e denota associação de algumas coisas; como você faz em um discurso em que alinha, de forma lógica, em seu argumento, diversos temas ou assuntos. Qual a semelhança entre um discurso e uma pedra? Você pode pensar que certas frases são verdadeiras pedradas, mas não é só isto! Ao olhar a matéria no meio ambiente, como uma pedra ou um cristal e perceber que há diferenças na aparência e nas propriedades físicas, os homens se perguntaram por quê? De que eram feitos os corpos? E, uma das formas de responder, levou à concepção de que os corpos eram associações de partes menores que, dependendo de sua composição e arranjo, constituíram as diferenças. Através de longo e sinuoso percurso da história, esse raciocínio “atomista” alcança você nos dias de hoje, notavelmente, com as contribuições do filósofo e matemático Descartes (2006/1637). Quando resolve um sistema de equações ou deriva uma função, pode não parecer, mas você está usando métodos que se baseiam nesta perspectiva. Quando se projeta um relógio ou um mecanismo ou ainda um circuito eletrônico, também! Cada parte tem sua natureza e um papel ou função no conjunto e a integração correta de todas as partes define o todo, permitindo que, com ele, se realize alguma coisa. Nesta lógica, para entender o que é um relógio, você pode desmontá-lo e, se conseguir entender o que cada parte realiza, conseguirá entender, completamente, o que é um relógio e como funciona. Então, considere uma organização produtiva a ser representada e o esforço intelectual de fazer isto usando o conceito de sistemas. Esse desafio tem sido, recorrentemente, enfrentado por diversos autores no campo da teoria das organizações e na administração, assim como na sociologia e na psicologia. As Aulas 3 e 4 trataram disto, em parte. Agora, examine a Figura 6.3. Nesta representação de uma organização, sobre um reticulado , você pode encontrar um conjunto de atores humanos, artefatos e instalações associados a processos de trabalho interagindo de forma a se produzir algum tipo de resultado. O reticulado está no interior da sociedade e ambos no interior do meio ambiente. Em um conjunto como esse, possivelmente, haverá: • sistemas mecânicos, • sistemas de computação, • sistemas de suporte de infraestrutura, • sistemas de comunicação, • linguagem (sistemas de símbolos e significados), • sistemas de valores (éticos, morais, políticos, profissionais, técnicos, legais, financeiros), rachel Highlight • sistemas de relações pessoais e profissionais, • sistema de gestão, • sistema de saúde, meio-ambiente e segurança, • sistema de combate a incêndio, • sistema de segurança patrimonial, entre outros sistemas. Todos eles, estarão ligados aos seus sistemas nervoso, circulatório, digestório, excretor, muscoesquelético, imunológico etc. E, se tudo correr bem, todos eles formam um sistema que produz, chamado de organização, dentro de outro sistema, chamado de sociedade, no interior de um outro sistema chamado Terra, que não foi detalhado na representação, e você estará saudável e feliz! Figura 6.3 As redes que conectam a consciência aos objetos imaginados e produzidos. Na Figura 6.3, o sujeito consciente e reflexivo vê a rede de ligações como um fenômeno, que pode ser um projeto a ser realizado, uma lembrança de algo vivido ou a observação no presente. Em todos os casos há instalações, equipamentos, normas, regras, valores, com que ele se conecta, na direção do campo da sociedade e da organização,assim como em direção ao meio ambiente. Nesta representação, sem maiores cuidados conceituais, você, de pronto, percebe a multiplicidade de conexões e antevê a diversidade das naturezas dos processos produtivos realizados por cada um dos sistemas mencionados. Isto seria v o c ê SOCIEDADE MEIO AMBIENTE rachel Highlight uma máquina? Um organismo? Uma forma viva em um corpo material? E, como fazer a manutenção de tudo isto? Bem, vamos trabalhar sobre isso! Claramente, esta proposição fica desafiada a abranger itens vivos, não se trata de objetos estáticos. Um quebra-cabeças é diferente de um relógio mecânico. Ainda assim, considerando que se aplica um impulso mecânico pela corda dada a um relógio, daí em diante, retoma-se a mesma ideia, cada parte se move de forma prescrita e tudo bem encaixado e ajustado, funcionará sincronicamente. Veja o movimento indicado no mecanismo da Figura 6.4. A perspectiva, de sistema-máquina ou mecanismo, sugere que se você conhecer cada parte e como se move, poderá representar qualquer coisa por mais complicada que pareça. Na Figura 6.4 há um motor, representado como circunferência menor, à esquerda (em analogia com a potência criadora de um sujeito consciente), que aciona uma engrenagem sobreposta e concêntrica a ela (como a abstração da vontade do sujeito), e esta movimenta duas outras engrenagens (acima poderia ser a produção e abaixo poderia ser a manutenção). Figura 6.4. Representação esquemática de mecanismo com engrenagens, eixos e cremalheira. A engrenagem de cima faz uma cremalheira (como uma produção intensiva) ser acionada. Tudo isto está dentro de uma grande máquina, representada por uma circunferência maior (como a sociedade) em uma caixa que contém tudo(como o meio ambiente). Calor, vibração, e outras formas de energia circulam entre os itens do sistema mecânico, como causa ou consequência do trabalho realizado, mas não constam da representação, até o momento. Uma vez determinadas as posições relativas das peças e as geometrias (por exemplo o número de dentes de cada engrenagem) todos os movimentos e posições futuras serão determináveis e previsíveis, assim como, as forças atuando e os esforços em cada item. O avanço nas técnicas precisas de desenho foi outro passo fundamental para o desenvolvimento de máquinas mais complexas com muitos componentes. Assim, analogamente, conhecendo as leis que regem a natureza, você poderia, nesta perspectiva de sistema mecânico, entender como ela funciona, como uma imensa e precisa máquina. Com o avanço da mecânica de Newton e da lógica de Descartes, associando-se esses nomes a alguns outros pensadores, filósofos e cientistas, você vai encontrar uma filosofia que sustentou boa parte do pensamento científico e do desenvolvimento tecnológico, econômico e social dos séculos XVII, XVIII e XIX. Os modelos capazes de explicar os movimentos dos astros, os ciclos termodinâmicos que permitiram usar a potência do vapor e, mais tarde, de combustíveis fósseis: tudo isto parecia ser mais do mesmo. Máquinas e sistemas mecânicos, simplesmente. Finalmente, o universo seria, então, uma máquina e conhecendo como funcionava, seria possível projetar, construir e operar qualquer outra máquina. Prever trajetórias, calcular impulso, determinar forças. Este conjunto de recursos da física, matemática e mecânica constituiu um arsenal capaz de transformar a paisagem da sociedade de forma a mudar a maneira de pensar e de viver. BOX DE CURIOSIDADE O Robô de Leonardo da Vinci. Muito antes de Newton e datado do ano 1490, foi descoberto um estudo de Leonardo da Vinci das proporções humanas, baseado no tratado recém-redescoberto do arquiteto romano Vitrúvio. Leonardo debruçou-se sobre o que foi chamado o Homem Vitruviano, o que acabou se tornando um dos seus trabalhos mais famosos e um símbolo do espírito renascentista. O desenho reproduz a anatomia humana conduzindo eventualmente ao desenho do primeiro robô conhecido na história que veio a ser chamado de O Robô de Leonardo. Figura 6.5 O Robô de Leonardo (fonte Wikipedia, 2019) https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Da_Vinci_Vitruve_Luc_Viatour.jpg https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Leonardo-Robot3.jpg https://pt.wikipedia.org/wiki/Vitr%C3%BAvio https://pt.wikipedia.org/wiki/Homem_Vitruviano_(desenho_de_Leonardo_da_Vinci) https://pt.wikipedia.org/wiki/Cavaleiro_mec%C3%A2nico_de_Leonardo https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Da_Vinci_Vitruve_Luc_Viatour.jpg https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Leonardo-Robot3.jpg Uma análise recente e exaustiva de Leonardo como cientista por Frtijof Capra (2007) defende que Leonardo era um tipo fundamentalmente diferente de cientista como Galileu, Newton e outros cientistas que o seguiram. Sua experimentação seguiu claro, abordagens com métodos científicos, e juntamente a sua teorização e hipotética voltada às artes, particularmente na pintura, o fizeram um Leonardo único e integrado, em que pontos de vista holísticos da ciência, fazem dele um precursor dos modernos sistemas teóricos e complexas escolas de pensamento. FIM 3.2 Máquinas e Organismos Historicamente, como uma alternativa à concepção da máquina feita de partes, você vai se deparar com a visão de organismo. As formas vivas e as formas não-vivas seriam diferentes em quê? Para diversas escolas de pensamento, a vida seria um sopro, um fluxo, insuflado na forma não-viva, e sendo retirado dela, quando ocorre a morte. A visão orgânica seria a de um todo que vive, ou que funciona harmonicamente, cada órgão contribuindo com os demais, mas animado por este sopro. Reflita que, conceitualmente, a visão de sistema tanto poderia ser aplicada à perspectiva da máquina quanto à do organismo. E, em sentido inverso, quando se pensa em sistema, pode ocorrer a representação de um mecanismo ou de um organismo, como forma de exemplificação. Isto acontece com você? O mesmo raciocínio se pode fazer com um mecanismo e, também com um diagrama lógico de blocos, mostrado as relações entre as partes. Examine a Figura 6.6 em que as três concepções (máquina ou mecanismo, organismo e sistema) estão representadas. O organismo do sujeito que caminha pode ser compreendido como uma interação de partes (órgãos, tecidos, células) com finalidades distintas, mas que se integram “organicamente” ou sistemicamente. A consciência dele e a sua conseguem refletir sobre o que são, nas máquinas e nas representações sistemicamente e para elas estas podem ser a realidade. Assim, o mecanismo funciona sistemicamente e qualquer relação conhecida poderia ser representada através de uma lógica de sistemas. Observe o nexo entre as três representações que são sistemas integrados por itens. https://pt.wikipedia.org/wiki/Galileu https://pt.wikipedia.org/wiki/Newton Figura 6.6 Cada bloco é constituído de partes ou itens, que são diferenciados por cores. Historicamente, as visões de máquina e de organismo se encontraram a partir do momento em que a abordagem mecanicista da natureza se mostrou eficaz em muitos domínios do conhecimento e da técnica. Assim, por que não usar as mesmas leis da mecânica dos corpos para explicar como funcionam os corpos dos seres vivos? Os limites desta abordagem são, para você, cidadão do século XXI, óbvios, mas historicamente, as descobertas da Química e, particularmente, da bioquímica, foram demonstrando que o funcionamento dos sistemas, órgãos, tecidos, células do corpo, não poderiam ser reduzidos à interação mecânica de peças, como em um mecanismo. Por exemplo, comparar o funcionamento de seu coração com um sistema hidráulico pode ser esclarecedor, como analogia, mas dizer que são a mesma coisa, não faz sentido nos nossos dias. De um lado, ainda que todas as leis da mecânica e da termodinâmica continuem sendo reconhecidas em diversos processos realizadosorganicamente, os modelos baseados, apenas, nestas ciências não dão conta de descrever e explicar o que é o organismo e como ele funciona. Por outro lado, as descobertas dos fenômenos magnéticos e das interações de campo, delimitaram ainda mais a área de aplicação da física newtoniana. Mais tarde, as concepções da estrutura da matéria se modificaram profundamente com os trabalhos de Einstein e outros pesquisadores no século XX e o uso das representações quânticas, das equações da dinâmica não linear e outros modelos. ORGANISMO MECANISMO SISTEMA LÓGICO rachel Highlight 3.4 Teoria de sistemas De um lado, ao longo do século XX e agora no XXI, os avanços na lógica de automação de sistemas, primeiro de forma mecânica e mais tarde, com recursos da eletricidade, da eletrônica, da microeletrônica, dos processadores digitais e softwares até as produções da inteligência artificial, fazem as representações de “máquinas ou sistemas inteligentes” uma alternativa considerada por vários autores, como aplicável na modelagem das realidades sociais. Neste movimento, parece que se humaniza a máquina, quando antes se “mecanizava” ou tornava-se máquina, a representação dos fatores humanos e do social da lógica industrialista. Por outro lado, o avanço das ciências sociais, incluindo a sociologia, a antropologia e a modificação das ciências médicas com o advento das abordagens psicanalítica, psicológica e psiquiátrica, isto já no século XX, evidenciou as limitações do positivismo predominante no pensamento administrativo e, também, do funcionalismo estrutural como representação adequada para o entendimento dos sistemas sociais, do comportamento pessoal e de grupos de pessoas. Analise você que, sistema, como um conjunto ou associação de itens diferentes entre si e agindo com uma finalidade comum, continua sendo uma representação presente ou identificável nesses contextos históricos aqui, rapidamente, mencionados. Ainda que, em cada época isto não fosse, explicitamente o objetivo declarado dos sujeitos, você pode revisitar esses momentos e reconhecer a arquitetura de sistemas em muitos deles. Agora, fazendo relação com as aulas anteriores, as concepções de organização, de governo e de organização do trabalho foram, paralelamente, sendo influenciadas por estas correntes de pensamento que alcançaram, em cada época, várias áreas da atividade humana. Algumas destas visões e suas contribuições podem ser reconhecidas no arranjo das legislações, nos organogramas das empresas e em visões pessoais de alguns profissionais, que se sentem confortáveis usando a visão de máquina ou de organismo para pensar sobre sistemas. Você está familiarizado com expressões como: o sistema de governo; o sistema penitenciário o máquina da administração pública; o sistema único de saúde; o equipamentos sociais; o engrenagens do mercado econômico; o alavanca do progresso; o forças econômicas etc. Hoje, essas expressões podem parecer metáforas ou analogias, apenas, de discurso, mas se você for investigar cada uma destas expressões, em sua origem histórica, verá que todas têm, em suas épocas, um fundamento teórico orientado por uma visão mecanicista. Elas representam o que se pensou dos fenômenos, da realidade. Quando se menciona modelo mecanicista, você pode tomar como exemplo o atuador hidráulico da Figura 6.7. São componentes distintos que integram um todo. Figura 6.7. Atuador hidráulico. A pressão (P) exercida sobre a área (a) pelo fluido admitido no atuador determina a força (F) exercida pela haste. Preenchendo-se a parte esquerda do cilindro com óleo, sob pressão de uma bomba, cria-se uma pressão interna que atua sobre as superfícies internas do cilindro. Isto empurra a parte móvel (êmbolo), que se desloca para a direita, produzindo uma força capaz de vencer uma resistência mecânica. Conhecida a área e a pressão, sabe-se força. A equação diferencial representa o fenômeno, com aproximação adequada para a maioria das aplicações práticas. Pequenos incrementos de pressão geram incrementos de força equivalentes, sem considerar a temperatura e o atrito viscoso, deformação da haste etc. De outra forma, pode-se pensar neste modelo sob a ótica da termodinâmica, segundo a qual, a energia do sistema vai ser igual a diferença entre o calor recebido através de suas fronteiras e o trabalho realizado por ele. Observe as geometrias usadas no modelo, para representar um sistema. Em disciplinas, cujo alicerce teórico se apoia no positivismo científico, a abordagem sistêmica de natureza mecânica, para muitos usos e problemas, é extremamente efetiva. Por exemplo, no caso das engenharias, boa parte das atividades de projeto, de concepção e operação de sistemas físicos (sejam mecânicos, elétricos, eletrônicos, digitais, ou simplesmente lógicos), excluídas as interações humanas e sociais e as contribuições dos modelos numéricos e computacionais, continua sendo desenvolvida, com a perspectiva sistêmica mecanicista, como se faria no século XVIII. Critérios de projeto, modelagem matemática, conhecimentos de processos como atrito, fadiga, corrosão, discussões como confiabilidade não parecem afetar a abordagem sistêmica nos seus fundamentos mecanicistas. Mas, prosseguindo pela curva helicoidal, você vai se deparar com outra representação muito usada para lidar com diversos fenômenos. Trata-se de rede. Força (F)Pressão (P) Área (a) dF=Pda rachel Highlight Os sistemas podem ser representados de diversas formas. Como foi sendo introduzido nas aulas anteriores, é preciso descrever exaustiva e completamente os componentes de um sistema e suas relações para se construir uma representação válida. Isto nem sempre é tarefa simples, conforme a extensão do sistema e a complexidade de seu funcionamento. Um requisito importante é conseguir distinguir cada elemento dos demais e, para isto, soluções gráficas e simbólicas são alternativas muito usadas. Vejamos como isto acontece. 3.5 Representações sistêmicas O discurso é a manifestação mais antiga de sistema, colocando itens (as palavras) dentro de uma fronteira (contexto) e usando a ligação entre elas para produzir nexo. O sujeito, o verbo, o tempo, o modo, o lugar, o objeto são ligados e produzem sentido. Desenhos, diagramas, maquetes são outras formas. Figura 6.8 Um tabuleiro de xadrez, por exemplo, é um modelo de sistema. Fonte: https://pt.freeimages.com/photo/chess-1143743 Um mapa de posicionamento de tropas em um cenário militar é outro. As figuras das aulas anteriores, construídas com códigos de cores, dísticos e rótulos, geometrias próprias (retângulos, círculos, elipses, nuvens) conectadas como formas concêntricas (umas dentro das outras) ou conectadas por linhas retas, curvas, com setas indicativas de fluxo, foram intencionalmente usadas como formas de representar sistemas. Reveja e analise a anatomia de cada figura, quando for oportuno! https://pt.freeimages.com/photo/chess-1143743 rachel Highlight Atividade Anatomia de uma representação: uma exploração sistêmica. Considere as figuras 6.5 e 6.6. Examine com atenção o fato de que ambas têm três imagens e explore as analogias possíveis. (Atende ao Objetivo 1 e 2). Respostas Comentadas. Análise da Figura 6.5. Observa-se que, segundo a fonte de informações, Leonardo se apoiou sobre um estudo de outro autor sobre o corpo humano e, com o acréscimo de seu próprio intelecto, explorou aquela representação (mentefato) e produziu outra, na forma de desenho. A partir deste mentefato, elaborou um modelo mecânico com componentes de mecanismo e, também, uma “máquina”, a armadura, como um homem mecânico. Neste movimento, observa-se como a experiência do conhecimento permitiu operar sobre o fenômeno do corpo humano, produzindo mentefatos e artefatos, progressivamente, mais aperfeiçoados. Nesta linha, os equipamentosrobóticos atuais poderiam ser novas etapas sobre a helicoidal do conhecimento. Além disto, são sujeitos diferentes conectados por possibilidades sociais, políticas, culturais, geográficas que, através do tempo, construíram, socialmente, o produto, cada um em seu campo de trabalho. Em cada um deles, o pensamento sistêmico e suas representações, conforme o entendimento e as possibilidades técnicas da época, pode ser reconhecido por você. A Figura 6.6. Apresenta uma abordagem explícita de sistemas explorando duas linhas simultaneamente: as relações entre itens materiais de um mecanismo, uma representação simbólica das relações entre esses itens, segundo regras lógicas e das possibilidades de um sujeito consciente e reflexivo. Uma análise do trabalho de da Vinci, sem o compromisso de encontrar, explicitamente, uma abordagem equivalente de sistemas, permitiria reconhecer os mesmos elementos, a exceção da figura humana, que participou do processo produtivo na origem, como base para os desenvolvimentos futuros. Na Figura 6.6 há sempre uma força motora que impulsiona a produção. No caso do mecanismo é o motor que faz girar uma engrenagem. No caso do diagrama lógico é o bloco superior que está, hierarquicamente, controlando os blocos abaixo. Esta força motriz está sob a influência externa da sociedade, que aparece como uma circunferência sobre a qual todo o trabalho realizado pelo mecanismo acontece. O ambiente é representado como um retângulo que engloba tudo, nos dois casos. No simbolismo do homem, a cabeça é a fonte da vontade que tudo comanda. As partes móveis do corpo, capazes de realizar trabalho mecânico se distribuem entre tons escuros e claros. E há um tronco análogo a uma estrutura de influência social. Os olhos, ouvidos e demais órgãos de sentido se dividem entre as perspectivas de social, técnica e ambiental, conforme os tons claros e escuros. O sujeito, também, produz, como mentefatos, as três representações: as duas ilustradas e a terceira, que é de si mesmo. Se algum arqueólogo encontrasse, apenas, a Figura 6.6, em algum momento distante do futuro, será que decodificaria essa intencionalidade? E, analogamente, você pode pensar, no que estaremos, agora, perdendo de informações olhando para os desenhos de da Vinci! 4.0 Redes e sistemas O conceito de rede é outro caminho que vem sendo percorrido, historicamente, como alternativa às visões de máquina e de organismo e de cultura, predominantemente, nos estudos de redes sociais, para embasar o pensamento sistêmico. Você pode pensar na rede como representação de um sistema. E, alguns autores, sugerem que a rede seja “a” representação mais adequada para a vida, sendo a vida um grande sistema, consequentemente. Deste modo, a vida seria uma rede vista sob a ótica do pensamento sistêmico. Mas, o aprofundamento desta discussão não se coaduna com os objetivos desta disciplina e, por isto, a abordagem de rede, neste curso, será orientada às organizações do trabalho no escopo da EP. Veja a Figura 6.9, em que consta uma representação de elementos diferentes ligados por linhas. Dependendo do que você associe a cada circunferência da Figura 6.3, você poderá pensar em várias formas de rede. Você interage com redes de computadores e de telecomunicações, para conectar seu celular ou computador às antenas, concentradores, servidores, satélites e, com suporte destas redes. Você interage nas chamadas redes sociais e, ainda, dentro das redes sociais você interage, por meio de redes de aplicativos, com diversos grupos de pessoas que, por sua vez, formam redes de amigos, torcedores de algum time, colegas de trabalho ou de turma, família, interessados em algum evento, etc. “Networking” é uma atividade que todos os profissionais precisam fazer, não é verdade? Figura 6.9 Representação de rede: elementos distintos conectados. Você, também, pode pensar na rede de pescar, na rede de dormir, na rede de proteção dos vãos abertos, na rede de esgoto, nas redes de transmissão elétrica, na rede de supermercados e lojas, ou na malha fina do imposto de renda! Em todos os casos, você pode dizer que redes são conjuntos de elementos, de mesma natureza ou não, conectados e distribuídos em algum espaço e tempo. No caso dos seres vivos, as redes têm finalidade que é a vida. No caso dos artefatos, servem a uma finalidade dos sujeitos que as criaram. Assim, em ambos, os casos, pode-se pensar em redes como sistemas. Outra expressão é a de sistemas reticulares ou conjuntos reticulares. Em ciências biológicas e da saúde essas formas são muito usadas. Retículo é um diminutivo de rede. 4.1 Características constitutivas Os elementos ou itens conectados em uma rede, que podem ser pessoas, trançados de fibra vegetal ou sintética, computadores e outros equipamentos, ou ainda cadeias de elementos, fibras nervosas, vasos sanguíneos, geralmente são denominados nós ou pontos. Poderiam, também, ser considerados itens, pensando na NBR5462, com a gama de possibilidades que este termo possui e foi discutida nas aulas anteriores! Se a rede estiver íntegra, cada elemento estará conectado a outros e sempre haverá uma linha ou ligação entre dois nós. Considere a representação da Figura 6.10, em que está indicada uma das características das redes: a capacidade de interação dos nós quando um deles é solicitado. No caso indicado, um dos nós, quando solicitado, compartilha esta solicitação com os demais, com os quais está conectado. Observe que foi representado um elemento que se solta da rede, porque as conexões com seus vizinhos se rompem. Intencionalmente, trabalhou-se com a simbologia, fazendo com que a tonalidade do elemento, originalmente mais escura (como a de produção) se torna mais clara (como em demanda por manutenção). Figura 6.10. Rede com um nó sob solicitação externa e outro com as ligações rompidas. O compartilhamento da solicitação, conforme sua natureza, pode ser considerado em diversos casos. Por exemplo, as redes de pescar distribuem a carga (força) do pescado por sua malha de linhas e nós podendo se adaptar, elasticamente, a cargas concentradas ou distribuídas, afundando aqui ou se esticando ali, como você pode observar no trabalho de pesca. Cada nó transfere carga para os vizinhos, quando é solicitado. A rigidez de cada fibra, as distâncias entre nós, entre outros parâmetros, vão determinar as deformações na geometria da rede. Os esforços podem fatigar as fibras, deformá-las permanentemente, ou desgastá-las até seu esgarçamento e ruptura. Se o peso for excessivo ou se houver alguma aresta cortante, a rede pode se romper, em algum ponto. Os pescadores, via de regra, precisam costurar, periodicamente, suas redes, para reparar os rompimentos. No campo das relações sociais, quando você manda qualquer forma de mensagem para seus colegas por causa de alguma aula que perdeu, na verdade, está fazendo algo semelhante. Está distribuindo com seus colegas o “peso” da sua desinformação. E, depois que alguém responder a você, a rede terá redistribuído o conhecimento sobre o tema de uma parte para outra, para suprir sua deficiência. Ao final, todos os envolvidos terão contribuído e se modificado com a experiência. As redes sociais também sofrem fadiga, falhas, desgaste e podem apresentar rupturas, não é verdade? De quantas delas você se desligou ou foi desligado? Sem conexão e, conforme o caso, sem comunicação as redes não funcionam. . solicitação ruptura conexão Na telefonia ou transmissão de dados móvel, existe um sistema de células no espaço físico, demarcada por antenas e pontos de rede que fazem os sinais entre aparelhos serem captados e redistribuídos para que haja continuidade da conexão em grandes extensões de território, no interior de túneis e ao longo de topologias acidentadas. Quando um nó fica saturado pelo tráfego de sinais, estessinais são redistribuídos para os nós mais próximos. Aparelhos de operadoras diferentes podem compartilhar antenas e pontos de sinal, como se duas redes se interpenetrassem, ou como se um nó de uma rede fosse assimilado pelos demais, de outra rede. Algo semelhante existe nos terminais de autoatendimento das redes de bancos 24h e você consegue “chegar ao seu banco” através de uma rede de terminais compartilhada por vários bancos e alimentada com dinheiro em espécie, energia elétrica e informação. As redes em organismos vivos apresentam propriedades semelhantes, mas comportamentos muito mais complexos. Apenas, para uma abordagem rápida e superficial, você pode pensar nas redes do sistema nervoso e vascular espalhadas por seu corpo. Por exemplo, os tecidos são irrigados por redes de vasos e capilares que fazem os fluidos circularem até o nível das membranas e organelas das células. Assim, desde a entradas de ar pelas vias aéreas superiores até a chegada do oxigênio nas mitocôndrias de suas células, há um longo caminho a percorrer pelos processos bioquímicos através de redes de diversas dimensões, umas conectadas às outras. As terminações nervosas que, através de redes de plexos e de nervos, conectam todas as partes do corpo ao cérebro são outro exemplo. E o próprio cérebro com suas diversas regiões e, particularmente, o tecido constituído de neurônios também é uma rede. 5.0 Redes e pensamento sistêmico Agora, qual a conexão entre redes e pensamento sistêmico? Quando se pensa em sistemas orgânicos, sobretudo com as descobertas da física e da bioquímica, observam-se propriedades que parecem ser padrões comuns a todas as formas vivas. Além disto, as formas vivas, individualmente constituídas de redes, também se associam em redes formando ecossistemas. Na Figura 6.11 esta concepção foi representada. Figura 6.11 As formas vivas, individualmente constituídas de redes, também se associam em redes formando ecossistemas e sistema sociais. Nesta perspectiva, a questão é: como a vida se manifesta nas redes, segundo uma visão sistêmica? Para isto são analisadas as propriedades ou características comuns às formas de vida. Considere a representação de um ser vivo, simples, na Figura 6.12. Figura 6.12. As três propriedades básicas de um ser vivo, na perspectiva sistêmica: permanência, autonomia e ambiente. Na Figura 6.12, representa-se o fato de que cada ser vivo faz parte de uma rede e, estar vivo, significa realizar ação e sofrer transformação ao longo do tempo de vida. 5.1 Sobrevivência, auto regulação e ambiente. As pesquisas no campo da biologia, em que se destacam as contribuições de Maturana e Varela (1980/1972) indicam que a primeira propriedade ou característica básica das redes bióticas é a sobrevivência ou, de outra forma, a permanência. E, o trabalho regular ou excepcional para assegurar isto diante das interações com o contexto ou ambiente será realizado em rede com outros seres. Ser vivo Membrana/limite da invidvualidade Meio ambiente Outros seres vivos Conexões de rede trocas trocas Permanência ou sobrevivência Autonomia ou autoregulação Ambiente Ser vivo Neste sentido, qualquer organismo será uma rede de redes menores, que podem ser observadas nos órgãos, tecidos, células, organelas, membranas, proteínas, moléculas, átomos e partículas subatômicas e, ao mesmo tempo, fará parte de uma rede maior, ligando-se a outros seres. Cada rede tem um padrão que interage com a rede em que se insere e assim sucessivamente. A manutenção da vida seria uma propriedade que emerge da interação entre essas redes e, deste modo, não poderia ser garantida por nenhuma delas em particular, mas depende de todas atuando sinergicamente. Outra questão é que cada ser vivo, e isto vale para um organismo complexo ou mais simples e, também, para cada célula de um organismo, reage aos estímulos que vêm do ambiente externo, mas, a forma como esse ser reage é sempre própria dele, podendo haver súbitas modificações no comportamento para pequenas variações nos estímulos. Assim, os padrões de comportamento das redes vivas indicam uma autonomia ou cognição que constitui a segunda propriedade básica e se relaciona com a busca da sobrevivência ou permanência, pois as duas propriedades levam a capacidade de se autorregular ou de se adaptar para sobreviver diante de variações no ambiente externo ao ser vivo. No caso dos organismos complexos, o ambiente externo a uma célula pode ser o tecido celular vizinho, ou a corrente sanguínea, sem que nunca entre em contato direto com a atmosfera fora do corpo que, internamente, integra. A terceira propriedade ou característica básica das formas vivas é a existência uma fronteira que define a individualidade e o fato de haver sempre um ambiente externo a fronteira. Cada célula tem sua membrana, os órgãos têm contornos definidos e o corpo tem tecidos que o revestem e limitam sua interação com o meio ambiente. Alguns autores defendem que sua pele é o órgão mais extenso de seu corpo, e é extremamente complexo! Todos os processos de autorregulação atuam para mediar as interações entre o ser e o meio ambiente através dessas fronteiras da individualidade ou de uma coletividade de indivíduos para outra. Cada ser vivo utiliza o material genético, que está contido no interior de suas fronteiras, para se manter e reproduzir. Por este motivo, alguns autores não consideram o vírus uma forma de vida, já que ele depende do material de células exteriores às suas fronteiras para se replicar. Quando você pensa, sente, decide, esta complexa rede de redes interage com o meio ambiente e com as demais pessoas presentes fisicamente ou em sua mente ou em sua tela de celular e suas próprias redes dando suporte biológico aos processos da consciência. Cada uma dessas ações consome energia, demanda insumos e produz resultados, locais e integrados a um todo. Por exemplo, para você, simplesmente, sorrir, imagine a complexidade psicológica, bioquímica e mecânica. Quantas redes têm que atuar para isso? E, agora, imagine a decodificação desse sorriso por quem o observa e, em seguida, o feedback! Indo em direção à sociedade ou aos grupos sociais, como os que existem nas organizações dos sistemas de trabalho de produção e de manutenção, dentre as outras unidades funcionais, como estabelecer alguma forma de representação de rede viva para esses casos? Seria possível entender um grupo social como uma rede viva? Reflita que um grupo de pessoas é, obviamente, um conjunto de seres vivos, mas a questão é se possível definir esse grupo como uma forma-viva, usando a mesma visão científica que se emprega para analisar a relação entre célula e organismo. Por enquanto, não se trata de uma analogia, como uma metáfora, mas da busca de uma definição científica. Com os seres vivos unicelulares têm uma membrana, o primeiro desafio é determinar uma fronteira que permita distinguir um grupo de outro. Não há membranas “sociais” fisicamente determináveis, mas sabemos que há um salto cognitivo nessa fronteira, do tipo do que acontece quando pensamos nas relações entre nossa mente e nosso corpo sob uma visão de dicotomia. 5.2 Redes e Sistemas Sociais A consciência, ao produzir representações, constrói uma realidade abstrata que sustenta alternativas e escolhas. Este é um universo de símbolos e significados que não funciona como as reações químicas ou as leis da física. Associadas a essas escolhas são construídos valores e os processos de escolha ou de decisão passam a ser influenciados pelos valores. Assim como as decisões geram experiências que realimentam a consciência. Cada coisa do ambiente, material ou abstrata, passa a ter um significado para a consciência que cria uma rede de relações entre os significados e os contextos. A linguagem é uma rede de signos que se transformam emsímbolos, que portam significados. É, então, com apoio desse artefato que a consciência constrói outros símbolos e novos significados, inicialmente, como mentefatos em um processo ilimitado de criatividade, como na ciência e arte. Nesta perspectiva, de modo semelhante ao processo de autopoiesis que uma célula desenvolve, um sistema social, como uma totalidade viva, também usaria deste universo simbólico para produzir a si mesmo e se manter. As produções celulares são construtos bioquímicos que compõem sua membrana e suas estruturas internas, obtidas em trocas com o meio ambiente e, analogamente, as produções sociais seriam os artefatos e os mentefatos compondo as realizações nos eventos pontuais de ascendência da helicoidal de aprendizagem, descrita na Aula 3, capazes de manter o sistema social. Início verbete autopoiesis autoprodução Termo cunhado por Maturana e Varela para designar a capacidade que os sistemas vivos têm de autoprodução mediante um sistema fechado de relações com o ambiente e baseada em suas três características: autonomia, circularidade e auto-referência. (Morgan, 2007, p252). Fim verbete De um lado, tudo o que a técnica humana realiza sobre a matéria, como prédios, pontes, computadores, casas etc. E, de outro lado, os fatos mentais, que, na sua origem, são socialmente compartilhados para materialização e socialização como artefatos: as linguagens, a cultura, o direito, entre outros. Em suma, as formas de viver e conviver que permitem reconhecer quem pertence ou não a um determinado sistema social. Assim, a fronteira do sistema social seria determinada pela possibilidade de conexão pela comunicação. Isto porque, quem não consegue se comunicar, com um determinado grupo de pessoas, não consegue pertencer a ele e ficaria de fora. E isto, em função dos recursos de telecomunicações disponíveis, é algo que não fica limitado a um espaço territorial, apenas. De qualquer parte do mundo e fora da Terra pessoas podem se conectar em rede e se comunicar. E, podem estar lado-a-lado e não conseguirem se comunicar, simplesmente, porque não querem ou não conseguem se entender, ter uma finalidade em comum. Os sistemas sociais, da mesma forma que os demais seres vivos, são constituídos de redes. Você pode pensar em subredes, como famílias, alunos da turma de Engenharia de Produção etc. E, em cada nó de uma rede mais interna, estaria uma pessoa. Figura 6.13. Os sujeitos e sua participação em uma ou mais redes sociais: as fronteiras de comunicação de cada rede. Cada pessoa pode ser nó de várias redes, pertencendo a vários sistemas sociais e atuando como interface destes sistemas, como sugerido na Figura 6.13 Os sistemas sociais são alimentados por fluxos de matéria e de energia, como qualquer outro sistema vivo, mas também, por fluxos de informação e comunicação, sem os quais não se mantêm. As redes sociais interagem com as redes de pessoas, que compõem famílias, empresas, organizações, sindicatos etc. E, também, se ligam e interagem com as redes de outras formas de vida como animais, vegetais, bactérias e etc. Assim, uma visão sistêmica ampla, incluiria uma rede com todos os seres bióticos e abióticos tendo a vida como uma propriedade emergente desta rede. Nesta perspectiva, reflita que o fluxo de matéria e de energia, assim como de informação, vai viabilizar ou não a vida em qualquer sistema local e, também, no grande sistema chamado Terra. Nesta linha de pensamento, as cadeias de suprimentos e as formas de produção organizadas pela consciência humana estão conectadas a outras redes e sistemas naturais, podendo esta interação ser capaz de influenciar positiva ou negativamente cada sistema local e o sistema global. A perspectiva de produção e de manutenção, nestes termos, se reduz ou se amplia, em termos interpretativos de significação e de busca de sentidos, conforme o enfoque. Nos sistemas biológicos observa-se padrões. As estruturas celulares são renovadas com a substituição de materiais através das trocas bioquímicas como o ambiente, mas o padrão ou forma de organização se mantém. Isto é a sobrevivência da identidade de cada ser, seja uma célula ou um organismo mais complexo. Nos sistemas sociais, ocorre algo equiparável a esse processo. Por exemplo, as pessoas nascem, crescem e morrem, mas certos padrões de comportamento social se mantêm. A sobrevivência ou manutenção das organizações, como sistemas sociais, demanda um conjunto de esforços para que cada uma delas continue sendo a mesma, apesar das modificações nos seus quadros de colaboradores, nas instalações, nos mentefatos, artefatos, métodos, estratégias comerciais e etc. A linguagem, como sistema simbólico e rede de símbolos, está sendo sempre modificada e, sobrevive, porque é utilizada, conectando as pessoas, atualizando e produzindo significados e sentidos para elas. Esta “conexão complexa” faz com que, apesar das modificações que o tempo e as experiências impõem aos indivíduos e às organizações, esses se reconheçam e sejam reconhecidos como eles mesmos ao longo da vida. No caso dos sistemas sociais, há posições formalmente estabelecidas, como os cargos ou funções indicadas nos organogramas. E esses nós se conectam através de ligações formais. Por exemplo, considere os cargos de estado da República Federativa do Brasil, abrangendo os três poderes e as estruturas de ministérios, empresas, fundações, autarquias, estados e municípios. Cada servidor público, que pertence a esta grande rede, tem vínculos com os demais e formas hierarquizadas de se conectar com os demais. Agora, observe a representação na Figura 6.14. Figura 6.14 Construção de relações oficiais e informais nas redes sociais. Na Figura 6.14, está representado o fato de que além da rede formal ou oficial, as pessoas que ocupam cargos, em geral, constroem outras redes informais e se conectam de forma espontânea, como por exemplo, nos espaços e eventos sociais em que as liturgias de cargos não são observadas. Conexões oficiais Conexões informais Esta construção de relações sociais acontece na vida comum, em que os sujeitos estão em família ou em espaços públicos em que não são reconhecidos por suas funções típicas do ambiente de trabalho. O mesmo acontece com a estrutura das organizações. As pessoas se relacionam por meio de outras redes e este relacionamento, muitas vezes, alimenta e apoia a rede formal ou profissional para que funcione. Quantas vezes você acionou sua rede privada de relacionamentos em busca de solução para problemas de outras redes que, sem esta iniciativa, não se resolveriam? E, na história, quantas guerras foram iniciadas ou evitadas por efeito de relações informais ou pessoais atuando de forma subjacente aos protocolos oficiais? A amizade entre reis não ajudaria a paz entre os reinos? O que teria causado a guerra de Tróia? Helena seria uma razão de estado ou o vértice de um triângulo amoroso? Início boxe multimídia Sobre o que realmente aconteceu em Tróia, leia a reportagem da revista Superinteressante no link: https://super.abril.com.br/historia/o- que-realmente-aconteceu-em-troia/ Fim boxe 5.3 Redes e Ambientes Os ambientes, na visão sistêmica, também são redes. Os ecossistemas também se organizam, sistemicamente, em redes. Pense no fluxo de matéria entre os animais, vegetais e minerais. A alimentação de todos os seres de um mesmo ambiente se estabelece na forma de cadeias alimentares, de modo que o produto metabolizado por uns serve de insumo para processos de produção de organismos mais sofisticados, havendo conexão entre todos e uma autorregulação das espécies. Se há crescimento atípico de uma espécie, outra espécie que se alimenta dela cresce e controla seu crescimento. Em sentido inverso, se há redução de uma espécie, aquela que se alimenta desta tem sua populaçãoreduzida, progressivamente, mantendo-se um patamar de equilíbrio do sistema. Pense, agora, nas cadeias de suprimento que se conectam e nos fluxos de matéria e energia que alimentam as organizações produtivas ou, se preferir, no mercado. As concepções de forças de mercado que se autorregulam sem intervenção de governança externa se assemelham a esta visão dos ecossistemas. Quanto mais seres houver em um ecossistema, mais estável ele se torna diante de oscilações externas e, de modo semelhante, quanto maior o número de agentes e de relações entre os agentes no mercado, mas seguro se torna seu funcionamento. Para você ir pensando desde já, o que seria produção sustentável nesta perspectiva, considerando as cadeias de suprimento e o ambiente? Esta discussão seria uma forma de abordagem ecológica? https://super.abril.com.br/historia/o-que-realmente-aconteceu-em-troia/ https://super.abril.com.br/historia/o-que-realmente-aconteceu-em-troia/ 5.4 Redes e Representações das Organizações Como usar, então, as representações sistêmicas, por exemplo, para qualquer organização, e contribuir, por exemplo, com a determinação de um Plano Estratégico de Manutenção? Nos sistemas sociais há uma questão diferencial dos demais sistemas vivos: o poder. A consciência tem capacidade de representar, abstrair e identificar ou criar alternativas e, por isto, pode escolher. A autonomia de escolher pode não coincidir entre os diversos sujeitos relacionados em rede, mas pode ser necessária uma decisão coletiva, e então como se obtém a homeostase ou o equilíbrio? O poder é uma condição de decisão do sujeito, relativo a si mesmo ou, eventualmente, sobre os demais. Nas estruturas formais, o poder pode ser hierarquizado, um sujeito comanda vários outros, como em uma relação piramidal, mas, e nas redes sociais? Figura 6.15. As relações de poder nas redes sociais. O que seria poder na Figura 6.15? Quem tem poder? Em geral, o poder de influenciar é percebido e reconhecido pelos sujeitos conscientes que, espontaneamente, buscam conexão com o sujeito ou com os sujeitos que apresentam esta condição. E isto cria nós concentradores de conexões (hubs). No caso das chamadas redes sociais (embora este nome seja um reducionismo do conceito geral de rede social), alguns sujeitos são “seguidos” por um séquito de associados que, de alguma forma, demonstram por esta opção, reconhecer o poder de influenciar daquele que seguem. Canais, produtos, vídeos, passam a se destacar quando um número expressivo de sujeitos se conecta a eles, criando um valor para esses nós da rede. Nas redes, o maior poder é o de se conectar e o de conectar ou de cortar a conexão de alguém. Assim, o sujeito que é capaz de criar e manter ativa uma rede demonstra seu poder sobre ela. ? ?? ?? ?? ? ? ? ???? Como as redes informais se conectam às redes formais, mesmo onde exista uma hierarquia funcional de poder, haverá, também, uma rede de influências em paralelo, alterando o funcionamento do sistema e o comportamento das pessoas. Deste modo, alguns fenômenos comerciais, políticos, religiosos e culturais, em sentido amplo, acontecem de forma, inicialmente, não-percebida pelas estruturas formais, tomando lugar no campo das relações sociais, com apoio do poder das redes informais de relações. As fronteiras aparentes de uma organização, um partido político, uma escola, ou qualquer outra forma de organização, se tornam cada vez mais voláteis ou permeáveis em termos territoriais, por força das redes informais, que conectam esses sistemas a um número imprevisível de outros sujeitos, distribuindo o poder de decisão e de influenciar o sistema de forma incontrolável. Obviamente, este universo simbólico, que os sujeitos conscientes criam, se conecta ao mundo pela comunicação, em suas diversas manifestações, que depende do suporte de meios materiais. E, o controle dos recursos materiais, que suportam as redes de comunicação, pode ser uma forma de poder concentrado, considerando-se certas referências limitadas de tempo e de espaço. Por exemplo, se a internet paralisasse por um dia, por vontade de um sujeito, hipoteticamente, as vontades dos demais sujeitos de se comunicar pelo mundo todo estariam sob a influência daquele sujeito. Por outro lado, este sujeito faz parte do ambiente em que há outras redes e, desta forma, estaria conectado às influências dos demais sujeitos, podendo ser afetado, nestas relações, pelas consequências da decisão que tomou em relação à internet. Nas redes, nenhum nó está desligado. No campo das relações sociais, ninguém está isolado dos demais Atividade Reveja o organograma da Figura.1.1 e considere a necessidade de desenvolver um sistema de comunicação remota via internet para conectar todos os participantes, conforme os vínculos que você identifica na representação. Sugestão: use o conceito e uma representação de rede. Solução: considerando a parte ligada, formalmente, à manutenção e adotando alguns pressupostos de hierarquia (quem tem acesso a quem) e redundância (equipes diferentes, mas com papel equivalente pode ser chefes em comum). 10 9 12 11 87 65 4 3 0 1 12- Eletricista de manutenção; 11- Mecânico de manutenção; 10- Eletricista de manutenção; 9- Mecânico de manutenção; 8- Encarregado de manutenção; 7-Encarregado de manutenção; 6- Planejador de Man. Sup&C; 5- Analista de Manutenção; 4- Supervisão de Manutenção; 3- Gerente de Produção; 2- PCP; 1- Diretor Industrial; 0- Presidente. 2 As ligações aqui são as da rede oficial de relações. Em geral, haverá outras redes formadas por afinidade e que interagem com a oficial, ajudando nas ações, conforme o modelo AGIL, de Parsons, por exemplo. 6. Conclusão O pensamento sistêmico, em suas diversas manifestações em cada época, exerceu e continua exercendo forte influência na produção humana, nos domínios da técnica e da organização, estando presente em áreas diferentes do conhecimento científico, contudo, nem sempre de forma integrada ou convergente. Rastrear a helicoidal do conhecimento seguindo a trajetória das concepções e representações sistêmicas, permite, no contexto e no escopo desta disciplina, compreender como as funções produção e manutenção são organizadas e analisar suas possibilidades, limitações e consequências, dentro e fora das organizações em que se desenvolvem, fazendo conexões diretas, com as abordagens e conteúdo das Aulas 3 e 4. 7. Resumo Nesta aula, você foi estudou a tese construtivista do conhecimento e algumas manifestações do pensamento sistêmico. A teoria de sistemas foi introduzida, sendo usada, em associação com o construtivismo, como suportes para percorrer a helicoidal do conhecimento, identificando diversas representações sistêmicas ao longo da história, que demarcaram as técnicas de cada época. A teoria de sistemas é um campo em construção, sendo transformado com o avanço do conhecimento em cada área de saber pela interação das áreas. As representações sistêmicas foram, são e devem continuar a ser importantes para todas as formas de produção. As expressões gestão de sistemas e sistemas de gestão são, apenas, mais exemplos disto. 8. Informações sobre a próxima aula Na próxima aula, o foco é sobre a construção das organizações e a organização das funções produção e manutenção com apoio da teoria de sistemas, como continuidade desta aula. As propriedades básicas e evolutivas de sistemas serão vistas em maior profundidade e, as representações de redes e suas relações com sistemas, produção e manutenção vão ser discutidas. 9. Referências Bibliográficas BARBOSA, P. M. R.; O Construtivismo e Jean Piaget. Educação Pública ISSN 1984-6290. Disponível em https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/15/12/o-construtivismo-e- jean-piaget. Acesso em 20 de fev. 2020. CAPRA, F. A Visão Sistêmica da Vida:uma concepçãounificada e suas implicações filosóficas, políticas, sociais e econômicas. Tradução Mayra Teruya Eichemberg e Newton Roberval Eichemberg. São Paulo: Editora Cultrix, 2014. CAPRA, F. The Science of Leonardo; Inside the Mind of the Genius of the Renaissance. (New York, Doubleday, 2007) https://pt.wikipedia.org/wiki/Leonardo_da_Vinci#Engenharia_e_inven%C3%A7%C3%B 5es DESCARTES, R. Discourse on Method. Traduzido com introdução e notas por I. MacLean. Nova York: Oxford University Press. 2006 MATURANA, H.; F. VARELA “Autopoiesis: the organization of living (título original: De maquinas y seres vivos)” in Maturana e Varela, Autopoiesis and Cognition. Dordrecht: D. Reidel. (1980) https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/15/12/o-construtivismo-e-jean-piaget https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/15/12/o-construtivismo-e-jean-piaget https://pt.wikipedia.org/wiki/Leonardo_da_Vinci#Engenharia_e_inven%C3%A7%C3%B5es https://pt.wikipedia.org/wiki/Leonardo_da_Vinci#Engenharia_e_inven%C3%A7%C3%B5es
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