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ADMINISTRAÇÃO DE PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS II CLÁUDIO ALVES DA SILVA Revisão e atualização: João Pinheiro de Barros Neto ©2016 Universidade de Santo Amaro Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Universidade de Santo Amaro. Pró-reitora de EaD: Angelita Flores Coordenador da Equipe Pedagógica: Jairo Bandeira Designer instrucional: Cibele Cesario Revisora de texto: Silvana Pierro Diagramação: Equipe Multimídia Universidade de Santo Amaro Rua Isabel Schmidt, 349 | Santo Amaro CEP 04743-030 | São Paulo | SP Tel.: 0800-171796 | Site: www.unisa.br Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Milton Soldani Afonso Silva, Cláudio Alves da Administração de pequenas e médias empresas II / Cláudio Alves da Silva / revisado e atualizado por João Pinheiro de Barros Neto. – São Paulo : Unisa Digital, 2016. 87 p. : il. Apostila Unisa Digital (Educação a Distância) – Universidade de Santo Amaro, 2016. 1. Administração de pequenas e médias empresas II. 2. Mercado de capitais 3. Governança corporativa 4. Planejamento empresarial I. Título APRESENTAÇÃO É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Administração de pequenas e médias empresas II, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo que a educação a distância oferece. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina. A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidisciplinares, como material de apoio, fóruns, aulas narradas, webconferências etc. Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação. Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suplemento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal. A Unisa Digital é assim para você: universidade a qualquer hora e em qualquer lugar! Unisa Digital INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 7 1 PLANOS DE NEGÓCIOS PARA PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS............................ 11 1.1 Por que escrever um plano de negócios .......................................................................................... 11 1.2 O que é o plano de negócios ............................................................................................................ 12 1.3 Estruturas de um plano de negócios ................................................................................................ 13 1.4 Tamanho ideal de um plano de negócios ......................................................................................... 14 Recapitulando ......................................................................................................................................... 15 Explorando seu conhecimento ............................................................................................................... 16 2 DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS PARA PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS & FONTES DE RECURSOS ....................................................................................................................17 2.1 Contabilidade gerencial .................................................................................................................... 18 2.2 Ferramentas da contabilidade gerencial .......................................................................................... 18 2.3 Análise de balanços .......................................................................................................................... 19 2.4 Orçamento empresarial .................................................................................................................... 21 2.5 Custo do produto e/ou serviço ......................................................................................................... 23 2.6 Margem de contribuição .................................................................................................................. 24 2.7 Fluxo de caixa ................................................................................................................................... 26 2.8 Ponto de equilíbrio ........................................................................................................................... 26 2.9 Alavancagem financeira.................................................................................................................... 27 2.10 Fontes de recursos.......................................................................................................................... 29 2.10.1 Necessidade líquida de capital de giro ........................................................................................ 30 2.10.2 Tesouraria .................................................................................................................................... 30 2.10.3 Longo prazo ................................................................................................................................. 31 2.10.4 Capital de giro próprio ................................................................................................................. 31 2.10.5 Vantagens do autofinanciamento ............................................................................................... 33 2.10.6 Desvantagens do autofinanciamento .......................................................................................... 33 2.10.7 Termômetro da situação financeira ............................................................................................ 34 Recapitulando ......................................................................................................................................... 35 Explorando seu conhecimento ............................................................................................................... 36 3 CONTROLES FINANCEIROS & POLÍTICAS DE CRÉDITO PARA PAGAMENTO PARA PME ........................................................................................................................................... ..37 3.1 Objetivos ........................................................................................................................................... 38 3.2 Balanço perguntado ......................................................................................................................... 39 3.3 Política de crédito e pagamento ....................................................................................................... 41 3.3.1 Dificuldades envolvidas no crédito ................................................................................................ 42 3.3.2 Formas de garantia de crédito ....................................................................................................... 42 3.3.3 Políticas e programas governamentais de incentivo às pequenas e médias empresas ................ 43 3.3.4 Fundo de Garantia para a Promoção da Competitividade (FGPC) ................................................ 44 3.3.5 Fundo de Aval para Geração de Emprego e Renda (Funproger) ................................................... 45 3.3.6 Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe).............................................................. 45 SUMÁRIO 5 Recapitulando ......................................................................................................................................... 47 Explorando seu conhecimento ............................................................................................................... 48 4 MARKETING & VISÃO DE PREÇOS E MERCADO.............................................................. 49 4.1 Marketing empreendedor ................................................................................................................ 50 4.2 Marketing das micro e pequenas empresas .................................................................................... 50 4.3 Visão de preços e mercado .............................................................................................................. 51 4.3.1 Tipos de estratégias de preços ...................................................................................................... 54 4.3.2 Considerações sobre créditos e descontos ................................................................................... 54 Recapitulando ......................................................................................................................................... 57 Explorando seu conhecimento ............................................................................................................... 57 5 CONTEXTO E IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE PESSOAS ............................................... 59 5.1 Conceitos de gestão de pessoas ....................................................................................................... 60 5.2 Pessoas como parceiras das empresas ............................................................................................ 61 5.3 Objetivos da gestão de pessoas ....................................................................................................... 64 5.4 Processos existentes na gestão de pessoas ...................................................................................... 64 5.5 Gestão de pessoas utilizada de forma estratégica ........................................................................... 66 Recapitulando ......................................................................................................................................... 68 Explorando seu conhecimento ............................................................................................................... 68 6 GESTÃO DE OPERAÇÕES PARA PEQUENAS EMPRESAS ............................................... 69 6.1 Diferença entre empresas de serviço e de manufatura ................................................................... 70 6.2 Processos e operações ..................................................................................................................... 70 6.3 Melhoria de processos .................................................................................................................... 71 Recapitulando ......................................................................................................................................... 72 Explorando seu conhecimento ............................................................................................................... 72 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................ 73 RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ............................................. 75 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................... 79 6 Administração de pequenas e médias empresas II 7 Caro(a) aluno(a), as pequenas e médias empresas ganharam uma maior importância na economia brasileira na década de 1990, devido à quebra das barreiras comerciais e alfandegárias. Com o advento de novas tecnologias, produtos e serviços, tanto o mercado como a economia nacional passaram por uma mudança de comportamento e de paradigmas. Tal mudança aconteceu devido à exigência de uma melhor capacitação e profi ssionalização que muitos profi ssionais na época não possuíam e também pela necessidade de serviços que anteriormente não existi am. Diante desse contexto, muitos trabalhadores foram demiti dos por causa da implementação da automação e da roboti zação nos processos produti vos. Como passou a existi r uma nova demanda de serviços e produtos, muitos trabalhadores e empreendedores encontraram, nessa ocasião, uma oportunidade para sobreviverem ou para inovarem, ofertando novos produtos, serviços e negócios. Muitos passaram, então, a ser micro ou pequenos empresários, ou seja, donos do seu próprio negócio. Só que muitos desses “empresários” ti veram a capacidade para gerar os seus negócios, porém muitos não ti veram e não possuem a capacidade para gerir. Essa falta de visão e de administração, associada à concorrência desleal com grandes empresas, mais as difi culdades para obtenção de fi nanciamento e de crédito, mais a necessidade de aprimoramento e de sofi sti cação, fez com que muitas empresas fechassem as suas portas antes do tempo estabelecido para terem o retorno sobre o investi mento. Para fugirem desse triste fi m e para manterem os seus negócios competi ti vos, muitos micro e pequenos empresários começaram a buscar assessoria e capacitação empresarial junto a enti dades privadas e governamentais, tais como universidades ou enti dades, como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Nesse contexto, podemos perceber que tais empresas são importantes para o país e para a economia e aprender a administrá-las é algo de fundamental importância. Para ajudá-lo na construção do seu aprendizado, com a leitura e uso desta aposti la nas aulas e na resolução das ati vidades que serão propostas durante a realização do curso, pretendemos que você venha a entender e compreender os demais temas e assuntos que fazem parte da gestão administrati va. O curso, por meio do conteúdo programáti co da disciplina de Administração de pequenas e médias empresas II, tem como objeti vos: � auxiliar na identi fi cação de conceitos e desenvolvimento de oportunidades ligadas aos negócios envolvendo o micro, pequeno e médio empresário que tanto contribuem para o desenvolvimento sustentável regional e do país; INTRODUÇÃO 8 Unisa | Educação a distância � identificar as características das pequenas empresas, empreendedores e as oportunidades de negócios; � auxiliar na identificação de oportunidades para iniciar ou comprar uma empresa; � correlacionar os conhecimentos administrativos e financeiros para gestão de empresas de pequeno e médio porte; � identificar as diferentes configurações societárias e as necessidades de planejamento, controle e avaliação administrativa e financeira nas empresas de pequeno e médio porte; � entender a metodologia do plano de negócios no contexto das necessidades de recursos humanos, materiais, patrimoniais, financeiros e de marketing para empresas desse porte; � interpretar as necessidades de recursos e a capacidade financeira das empresas, considerando o perfil do negócio e do empreendedor; � aplicar as técnicas de planejamento, controle e avaliação financeira, adequando os processos e sistemas de informação para auxiliar na gestão da pequena e média empresa. O curso oferece, dessa forma, subsídios para um estudo crítico sobre o papel estratégico das atividades empresariais desempenhadas e realizadas por empreendedores e gestores de empresas. Dentro dessa perspectiva, o conteúdo está organizado da seguinte forma: Unidade 1: abordaremos um plano de negócios e seus aspectos, tais como: por que é bom escrever um plano de negócios, o que ele significa e quais as suas estruturas e tamanho ideal. Unidade 2: apresentaremos a importância dos principais demonstrativosfinanceiros de uma empresa, a contabilidade gerencial e as suas ferramentas, tais como análise de balanços e de orçamento empresarial, mensuração de custos existentes nos produtos e serviços, análise da margem de contribuição, fluxo de caixa, ponto de equilíbrio e alavancagem financeira. Serão apresentados, ainda, as necessidades e os métodos para se realizar o financiamento do capital de giro, bem como as vantagens e desvantagens do autofinanciamento e o termômetro da situação financeira. Unidade 3: serão apresentados os principais objetivos mediante o uso dos controles financeiros para auxiliar no levantamento de recursos e as informações pertinentes ao balanço perguntado. Também serão apresentadas as políticas existentes de crédito e pagamento, bem como as dificuldades envolvidas tanto para obter como para conceder crédito, as principais formas de garantia, fundos de aval e associação de garantia de crédito como políticas e programas governamentais de incentivo às pequenas e médias empresas. Unidade 4: falaremos sobre o marketing empreendedor e o marketing das micro e pequenas empresas. Falaremos, ainda, sobre a visão, tipos e estratégias de preços e de algumas considerações sobre crédito e descontos. Administração de pequenas e médias empresas II 9 Unidade 5: serão apresentados o contexto, a importância, conceitos, objetivos e os processos existentes na gestão de pessoas; além dos objetivos organizacionais e pessoais e a sua utilização de forma estratégica. Unidade 6: serão apresentados alguns tópicos sobre a administração de operações, a diferença básica entre os processos de empresas de serviços e de manufatura, a diferenciação de processos e operações, e, por último, a melhoria de processos. Ao final, serão apresentadas algumas considerações, as respostas comentadas das atividades propostas e existentes em cada unidade, as referências bibliográficas e materiais anexos que o(a) ajudarão na sua empreitada estudantil e profissional. Será um prazer acompanhá-lo(a) ao longo de mais uma etapa rumo a sua formação acadêmica. Cláudio Alves da Silva Administração de pequenas e médias empresas II 11 1 PLANOS DE NEGÓCIOS PARA PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS 1.1 Por que escrever um plano de negócios Além de proporcionar um momento de refl exão por parte da pessoa empreendedora, o plano de negócio traz benefí cios de ordem administrati va e fi nanceira. Para Longenecker, Moore e Pett y (1998), o plano de negócios descreve a ideia de um novo empreendimento e projeta os aspectos mercadológicos, operacionais e fi nanceiros dos negócios propostos para os três a cinco primeiros anos. Ao planejar, toda pessoa deve levar em consideração a sua realidade fi nanceira e de mercado para evitar e, se possível, não ter problemas futuros na gestão do novo negócio. Dessa forma, o plano de negócio permiti rá ao empreendedor visualizar e prever situações que podem ser evitadas quando estas forem vistas no ato do planejamento. Por envolver aspectos de produto e mercado, esse plano possibilita também defi nir qual o potencial de aceitação de um determinado produto ou serviço que será ofertado por esse novo negócio aos seus respecti vos clientes. Essa aceitação, traduzida como potencial de vendas, leva em consideração não só a fati a de mercado que esse negócio terá espaço para explorar, mas também as fati as de mercado dos concorrentes locais. Nesta unidade, vamos apresentar assuntos perti nentes ao plano de negócios e seus aspectos, tais como: por que é bom escrever um plano de negócios, o que ele signifi ca e quais as suas estruturas e tamanho ideal. Para Chiavenato (2008), planejar tem o signifi cado de estudar de uma forma antecipada o que será realizado ou colocado em práti ca, levando em conta os objeti vos que se pretende alcançar. Como planejar envolve descrever formalmente as ideias e os objeti vos pretendidos, toda e qualquer pessoa que deseja começar um negócio se depara com essa necessidade. Escrever um plano de negócios não é uma ati vidade fácil. Isso porque, se uma pessoa nunca escreveu um, ela não terá a menor ideia de como começar. Os empreendedores em geral, na ansiedade de começar os seus empreendimentos, não percebem e não fazem ideia da importância de um plano escrito. Como um novo negócio envolve ati vidades e fatores operacionais, fi nanceiros e de mercado, a sua elaboração demonstrará os itens mais importantes do negócio, propiciando, dessa forma, uma refl exão por parte da pessoa empreendedora para realizar as suas ideias e objeti vos. 12 Unisa | Educação a distância CONSIDERAÇÕES FINAIS Assista ao vídeo “Como elaborar um plano de negócios: Sebrae”, e saiba mais detalhes sobre o assunto. Disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=k- MLkiSNWeg>. Acesso em: 3 mar. 2016. VÍDEO 1.2 O que é o plano de negócios Para Longenecker, Moore e Petty (1998), o plano de negócios é um documento contendo a ideia básica e os detalhes que devem ser considerados antes de iniciar um novo negócio. Por ser um documento formal utilizado para descrever todos os elementos que fazem parte de um empreendimento, é comum o seu formato ser padronizado e dividido por seções, cada qual contendo uma determinada área ou objetivos predefinidos, facilitando dessa forma o seu entendimento e manuseio. Apesar de seguir uma padronização, o tamanho do plano de negócios pode variar conforme a ideia, o porte e o formato do negócio. Por ser utilizado por micro e pequenos empresários, este será bem diferente do que um plano elaborado por uma grande empresa. Um plano de negócios para uma micro e pequena empresa não ultrapassa vinte páginas, na sua grande maioria contendo entre dez e doze páginas. Esse tamanho é devido ao fato de suas seções serem curtas. O plano de negócios é semelhante a um roteiro que permite um ensaio antes que o empreendedor faça a sua estreia real. Esse “ensaio”, com o uso do plano de negócios, conforme já falamos, ajuda o empreendedor a prever e evitar problemas e riscos que podem prejudicar a criação e o andamento dos negócios. Diante de tantas incertezas, o plano de negócios servirá como um guia estratégico envolvendo todas as áreas e elementos que fazem parte da realidade dos negócios, tais como: o desempenho financeiro com base nas vendas e do fluxo de caixa, o potencial de retorno sobre investimento e as estratégias de marketing e de prestação de serviços. Como podemos perceber, o plano de negócios, além de permitir a realização de uma análise prévia, permite também que se faça o acompanhamento de elementos, que são dinâmicos por fazerem parte do cotidiano da empresa. E seu uso em outros momentos se torna algo constante, necessitando, dessa forma, de ajustes e atualizações conforme os eventos e resultados forem acontecendo. Além desses benefícios, o plano de negócios possibilita que o micro e pequeno empresário tenham a oportunidade de expor as suas ideias e a sua empresa de uma forma bem prática e objetiva na hora de buscar crédito junto aos bancos e instituições financeiras. Em algumas situações, dependendo do tipo de negócio e da necessidade, o plano de negócio, além de ser usado pelo próprio empreendedor, poderá ser utilizado tanto pelos próprios dirigentes internos, funcionários, órgãos e bancos do governo, como por instituições e pessoas que incentivem e invistam em novos bons negócios. Portanto, um plano de negócios é útil tanto para o público interno quanto externo de uma empresa, em alguns casos envolvendo até os fornecedores. Saber o que ele é e representa para as micro e pequenas empresas é algo fundamental. Agora que sabemos sua importância, surge a pergunta: o que é o plano de negócios? Vamos ver. Administração de pequenas e médias empresas II 13 Cada plano de negócio possui, em seu teor, informações que são direcionadas a um determinado público, para atender aos objetivos e fins específicos, facilitando dessa forma o seu entendimento e uso. Para tanto, é necessárioseguir uma ordem lógica e sequencial na hora da sua elaboração. Sabendo o que é um plano de negócios, quais as suas partes, quais seus benefícios e quais os seus usuários, o entendimento e a visualização da organização do novo empreendimento serão mais fáceis de serem apoiados e compreendidos. Inflação de custos ocorre quando os custos aumentam, fazendo com que os preços do mercado também aumentem.“ ”1.3 Estruturas de um plano de negócios Para ter êxito na elaboração de um plano de negócios, toda e qualquer pessoa que irá escrevê-lo deverá atentar para as suas seções e estrutura, para que dessa forma ele possa representar todos os pontos primordiais que fazem parte de um novo negócio, visando a facilitar a sua compreensão e para atender a fins, às vezes, específicos. Para Longenecker, Moore e Petty (1998), apesar de não existir um formato geral e padrão, há muitas semelhanças entre as estruturas gerais propostas para planos de negócio. Por não existir um formato genérico e sim específico, é comum que ao elaborá-lo uma pessoa venha a seguir e basear-se em um modelo elaborado por uma empresa já existente. Para ser devidamente estruturado, um plano de negócios deverá ser composto por partes e seções, contendo de uma forma sucinta, porém completa, todos os detalhes e informações pertinentes ao novo negócio e o nome das pessoas que são responsáveis por determinadas áreas da nova empresa. Conforme empresas e entidades, como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), um plano de negócios geralmente apresenta a seguinte estrutura: � capa: considerada como o cartão de apresentação, por conter as primeiras informações que serão visualizadas pelos leitores; � sumário: contendo todas as partes e seções devidamente enumeradas, para facilitar a sua leitura e manuseio; � resumo executivo: parte importantíssima porque apresenta uma visão geral de todas as áreas e assuntos que fazem parte do seu teor. Ele deve ser escrito por último, para que, de uma forma resumida e diretiva, atenda às expectativas de quem vai lê-lo. Esse resumo deve conter explicações sobre as estratégias e os objetivos gerais e específicos, tanto do plano de negócios quanto da nova empresa, sendo esses de ordem financeira ou de novas parcerias; Leia o artigo “O que os investidores buscam em um plano de negócios” e conheça os aspectos importantes para elaborar um plano de negócios sem incosistências. Disponível em: <http:// exame.abril.com.br/ pme/noticias/o-que- investidores-buscam- em-um-plano-de- negocios>. Acesso em: 3 mar. 2016. ARTIGO 14 Unisa | Educação a distância � descrição geral da empresa: nesta parte são descritos o tipo, a sua constituição jurídica, o ramo e setor de atuação da empresa, o seu endereço, os seus dados cadastrais, enquadramento fiscal, seu faturamento e desempenho no mercado em que atua; � plano de serviços e produtos: essa parte contém os tipos de produtos e serviços, quais os direitos existentes e valores das marcas e patentes, caso as tenham, as formas de produção e de realização, o seu potencial de vendas e de aceitação por parte dos clientes, esta parte em muitos planos é denominada “plano operacional”; � plano de marketing e de mercado: nessa parte, são mostrados de uma forma estratégica os principais concorrentes e participações no mercado que atuam e disputam a atenção dos clientes, os pontos de vendas, preços, tipos e formas de promoção e os meios utilizados para que tais produtos e serviços cheguem ao cliente final. � plano financeiro: parte que é fundamental por apresentar os montantes que compõem o capital inicial, bem como os valores que serão necessários para custear as necessidades da empresa e os planos futuros. Nessa parte, é comum a apresentação do fluxo de caixa orçado e, quando for o caso, também o fluxo de caixa realizado, que servirão de comparativo na leitura e interpretação do leitor, com o apoio dos demais demonstrativos contábeis e financeiros da empresa, que além de mostrar o seu desempenho financeiro, apresentam informações projetadas para o futuro; � apêndice: mais conhecido como anexo, utilizado para apresentar todo e qualquer tipo de informação complementar, através de planilhas, fotos, cópias de documentos, tanto da empresa quanto dos seus proprietários e produtos, visando a facilitar, ajudar e cativar a atenção do leitor do plano, bem como permitir a empresa a alcançar os seus objetivos. Como a quantidade das informações de cada parte e seção pode variar de uma empresa para outra, conforme o porte, ramo e setor ou o número de respostas dadas para atender às diversas e inúmeras questões usadas como forma de roteiro no ato de elaboração de sua redação, é justificado o fato de não existir um padrão, bem como uma obrigatoriedade, que defina o seu tamanho e número de páginas. 1.4 Tamanho ideal de um plano de negócios Para Longenecker, Moore e Petty (1998), para atrair e chamar atenção de investidores e de leitores específicos, o plano não pode ser extremamente longo, como uma enciclopédia. Diante desse contexto, podemos afirmar que não há um tamanho ideal e predefinido para se elaborar um plano de negócios. O aconselhável é que o plano seja escrito de uma forma que venha conter informações estratégicas e diretivas para que, dessa forma, consiga cativar a atenção dos seus respectivos usuários. Por conter várias partes e seções diferenciadas e por apresentar de uma forma genérica informações das mais diversas áreas e fatores, nem todas receberão a devida importância, porque os interesses variam de um leitor para o outro. Administração de pequenas e médias empresas II 15 Tais leitores podem ser os que internamente ou externamente fazem parte da empresa, podendo estes ser gerentes, um órgão do governo, um banco, um investi dor, um cliente ou um fornecedor. Esses leitores terão interesse pelas informações das suas respecti vas áreas de atuação, buscando, dessa forma, minimizar os riscos que possam existi r caso eles venham a contribuir nas operações estratégicas, concessão de emprésti mos e de mercadorias. O tamanho de um plano de negócios e sua quanti dade de páginas irão variar também de acordo com as estratégias e as exigências por parte dos seus leitores. Conforme as estratégias e objeti vos, um plano de negócios poderá ser apresentado de uma forma completa, para apresentar a totalidade de um negócio, muito uti lizado para solicitar emprésti mos e fi nanciamentos junto aos órgãos ligados ao governo ou bancos. Quando for o caso e a situação assim exigir, ele poderá ser apresentado de uma forma resumida, para não cansar os seus leitores que, geralmente, têm interesses em pontos e informações específi cas, tais como potencial de vendas, fl uxo de caixa, taxa de retorno sobre o investi mento e sobre o capital aplicado. Apesar de não existi r um padrão ou limitação de páginas, geralmente eles são elaborados e apresentados com 10 a 40 páginas. A importância de um plano de negócios está atrelada não só ao seu tamanho, mas também à qualidade das informações conti das e apresentadas em suas partes e seções. À procura da felicidade Exemplo de empreendedorismo, esse fi lme conta a história de Chris Gardner, um pai de família que persiste até o fi m para conquistar seus sonhos. FILME Apesar de não existir um formato geral e padrão para atrair e chamar atenção de investidores e de leitores específi cos, o plano de negócios deverá ser estrategicamente bem redigido e, se for o caso, conter anexos que o complementem e facilitem o seu entendimento e uso. “ ” Nesta unidade, aprendemos que: � além de proporcionar um momento de refl exão por parte da pessoa empreendedora, o plano de negócio trará benefícios de ordem administrativa e fi nanceira; � o plano de negócios descreve a ideia de um novo empreendimento e projeta os aspectos mercadológicos, operacionais e fi nanceiros dos negócios propostos para os três a cinco primeiros anos; � umplano de negócios é útil tanto para o público interno como externo de uma empresa, em alguns casos envolvendo até os fornecedores; � o plano de negócios é um documento contendo a ideia básica e os detalhes que devem ser considerados antes de iniciar um novo negócio; � o seu tamanho pode variar conforme a ideia, o tamanho e o formato do negócio; RECAPITULANDO 16 Unisa | Educação a distância EXPLORANDO SEU CONHECIMENTO � sabendo o que é um plano de negócios, quais as suas partes, benefícios e usuários, o entendimento e a visualização da organização do novo empreendimento serão mais fáceis de serem apoiados e compreendidos; � a importância de um plano de negócios está atrelada não só ao seu tamanho, mas também à qualidade das informações contidas e apresentadas em suas partes e seções. 1. Qual é o signifi cado de planejar para o autor Chiavenato (2008)? 2. O plano de negócios é semelhante a quê? Explique. Administração de pequenas e médias empresas II 17 2 DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS PARA PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS & FONTES DE RECURSOS Neste capítulo, vamos de apresentar a importância dos principais demonstrati vos fi nanceiros de uma empresa, a contabilidade gerencial e as suas ferramentas, tais como: análise de balanços e de orçamento empresarial, mensuração de custos existentes nos produtos e serviços, análise da margem de contribuição, fl uxo de caixa, ponto de equilíbrio e alavancagem fi nanceira. Para Longenecker, Moore e Pett y (1998), caso os pequenos e médios empresários queiram tomar boas decisões, terão de fazer uso de informações precisas, signifi cati vas e oportunas. Essa necessidade se torna maior em um ambiente onde faltam recursos e sobram necessidades e desafi os. Sem dúvida nenhuma, as informações sobre os negócios são de grande valia para que as decisões sejam tomadas de uma forma rápida e em tempo hábil. Além do mais, as informações são e estão presentes nas empresas, e são elas que alimentam os sistemas de controle existentes, permiti ndo a elaboração de demonstrati vos contábeis mais consistentes e confi áveis. Para tanto, a contabilidade gerencial não só oferecerá informações, mas também condições de garanti r a confi abilidade e transparência dos negócios. Como os pequenos empresários precisam aproveitar as poucas oportunidades e evitar problemas fi nanceiros, que por sinal são muitos, a informação fornecida pela contabilidade será de grande uti lidade. De nada adianta ter um contador, quer seja interno ou externo, e o empreendedor não saber fazer uso das informações perti nentes à empresa e aos seus negócios. No ambiente de uma micro e pequena empresa, em sua maioria, é comum os proprietários ou os membros da família que dirigem os negócios não procederem ou não fornecerem informações de forma correta. Diante disso, orientar e prestar boas informações é um desafi o enfrentado por parte dos contabilistas e da contabilidade como um todo. Conforme já falamos, nesta parte mostraremos a importância da contabilidade fi nanceira, das suas informações e das ferramentas de controle usadas pelo contador para registrar, processar e fornecer informações. 18 Unisa | Educação a distância 2.1 Contabilidade gerencial Para Nakagawa (1995), há três importantes papéis que podem ser atribuídos à contabilidade gerencial: 1) O papel de contar no sentido de mensurar. 2) O papel de contar no sentido de comunicar. 3) O papel de contar no sentido de confiar. Confome mencionado anteriormente, nos ambientes de uma micro e pequena empresa, em sua maioria, é comum os proprietários ou os membros da família, que dirigem os negócios, não procederem ou não fornecerem informações da forma correta. Dessa forma, eles tornam a contabilidade como algo opcional, não dando sua devida importância. Essa situação, além de ser desagradável, mostra que os gestores não confiam, não sabem e não fazem o devido uso das diversas informações por ela prestadas. Mas, às vezes, a culpa não é só dos proprietários, mas sim de muitos contadores que não fazem o papel de consultores, não prestando dessa forma esclarecimentos sobre fatos e tendências que são de difícil entendimento por parte da maioria de donos e gestores administrativos. Para Iudícibus (1995, p. 21), a contabilidade gerencial pode ser caracterizada, superficialmente como um enfoque especial conferido a várias técnicas e procedimentos contábeis já conhecidos e tratados na contabilidade financeira, na contabilidade de custos, na análise financeira e de balanços etc., colocados numa perspectiva diferente, num grau de detalhe mais analítico ou numa forma de apresentação e classificação diferenciada, de maneira a auxiliar os gerentes das entidades em seu processo decisório. Poderíamos ter citado diversos autores, mas essa caracterização consegue resumir a contabilidade gerencial, a sua técnica, bem como sua utilidade para auxiliar os gestores a tomar suas decisões com base em informações de todas as áreas que fazem parte do seu negócio. A contabilidade gerencial é importante porque, além de fornecer informações, consegue abranger todas as movimentações de caráter contábil e financeiro. Cabe ressaltar que são as informações contábeis financeiras que irão permitir a tomada de boas decisões, até porque elas refletem a realidade das movimentações do fluxo de caixa, bem como de outros elementos que compõem o capital de giro e o patrimônio da empresa. Um sonho de liberdade Andy Dufresne, um bem-sucedido bancário, é condenado à prisão injustamente. Em virtude de seus talentos como contabilista, obtém alguns favores por parte de pessoas influentes. O filme mostra os dois lados na contabilidade, que pode ser usada para o bem ou para o mal. FILME 2.2 Ferramentas da contabilidade gerencial Além dos controles financeiros comentados anteriormente, a contabilidade gerencial faz uso de algumas técnicas e ferramentas que são utilizadas para realizar análises e cruzamento das mais diversas informações e elementos financeiros e contábeis existentes e contidos nas principais demonstrações contábeis. Administração de pequenas e médias empresas II 19 Como exemplo, temos o Balanço Patrimonial (BP), a Demonstração de Resultado do Exercício (DRE), a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) e as Demonstrações das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR), sendo que esta última foi legalmente substituída pela Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), ao entrar em vigor a Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Dessa forma, a DFC passou a fazer parte das principais demonstrações financeiras que obrigatoriamente devem ser apresentadas por parte das empresas de capital aberto ou fechado, que atuam no Brasil e no exterior. A DFC tem como objetivo aumentar a credibilidade da empresa ao apresentar informações padronizadas pelo modelo e facilitar a interpretação e análise financeira feita pelos investidores nacionais e internacionais. 2.3 Análise de balanços Uma análise pode ser feita e aplicada em toda demonstração, mas o balanço patrimonial e a demonstração do resultado do exercício são as mais utilizadas pelas micro e pequenas empresas, por demonstrar os seus direitos, bens, obrigações, capital e os resultados financeiros em determinados períodos. Para Iudícibus (1995, p. 67), é muito mais útil calcular certo número selecionado de índices e quocientes, de forma consistente de período para período, e compará-los com padrões pré- estabelecidos e tentar, a partir daí, tirar uma ideia de quais problemas merecem uma investigação maior, do que apurar dezenas e dezenas de índices, sem correlação entre si, sem comparações e ainda, pretender dar um enfoque e uma significação absolutos a tais índices e quocientes. Uma análise só será útil se ela for devidamente e estrategicamente bem feita. Para tanto, ela deve ser feita conforme as necessidades e exigências dos solicitantes de tais informações. Como há diversos fatores e elementos que compõem o balanço,o contador ou o gestor financeiro terá várias alternativas e escolhas para fundamentar as decisões que serão tomadas com base nos dados econômicos e financeiros. Essa atividade pode ser feita com base na análise dos índices, pelas tendências da empresa ou pelo cálculo do ponto de equilíbrio (outra ferramenta contábil financeira) o qual veremos à frente. Tais índices são resultados da aplicação de fórmulas e equações sobre as informações e valores contidos nas demonstrações contábeis e financeiras, tais como o balanço contábil e as demonstrações de resultado do exercício, conforme mencionamos inicialmente por serem as peças contábeis principais e fundamentais para gerir uma micro e pequena empresa. Para Anthony (2000), a tarefa fundamental numa análise de balanços é encontrar um padrão ou norma que permita fazer a comparação do desempenho real. Essa observação é importante porque há informações que compõem e fazem parte de demonstrativos e valores que são orçados, enquanto que por outro lado, Para saber mais sobre análise de balanço, assista ao vídeo do professor Alexandre Assaf, “Análise de balanço: limitações e conflitos”. Disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v= zJmVhD1CISw>. Acesso em: 3 mar. 2016. VÍDEO 20 Unisa | Educação a distância Dividindo o valor do ativo circulante de 20X2 pelo ativo circulante de 20X1, temos R$ 15.000,00 / R$ 10.000,00 = 1,50. Pela análise horizontal, é possível observar que o ativo circulante em 20X2 corresponde a uma vez e meia o valor de 20X1, ou seja, temos um aumento de 50%; enquanto que na análise do ativo não circulante temos demonstrado um aumento de 1,35 ou de 35%. Análise comparativa de evolução da empresa Outra forma é comparar a evolução da empresa como um todo, quando comparada com os resultados e índices anteriores. Tomando como base o nosso exemplo, dividindo o valor total 20X2 pelo valor total de 20X1, temos R$ 17.300,00 / R$ 11.700,00 = 1,48, ou seja, um aumento de 48% do ativo total. Análise de informações externas Como a concorrência serve de parâmetro, é comum as empresas fazerem uso das informações externas, tais como indicadores financeiros de empresas que fazem parte do mesmo mercado e setor. Análise vertical Da forma vertical, temos a comparação das contas e dos elementos que compõem as demonstrações contábeis da empresa, permitindo que seja feita uma comparação percentual de tais elementos, bem como a representação de cada conta ou item analisado em relação ao saldo total contido na demonstração Tabela 2.1 – Exemplo de análise horizontal ATIVO TOTAL CIRCULANTE R$ 10.000,00 R$ 1.700,00 R$ 11.700,00 R$ 17.300,00 R$ 2.300,00 R$ 15.000,00 1,50 1,35 1,48 NÃO CIRCULANTE 20X1 20X2 A.H. usados para medir o desempenho e resultados, existem os valores já realizados e que nem sempre contemplarão os objetivos e as estratégias da empresa. Na gestão financeira, temos as principais formas utilizadas para se fazer uma análise de balanço e as mostraremos a seguir. Análise horizontal De forma horizontal, temos a análise do desempenho atual da empresa, tomando como base demonstrações de períodos anteriores. Isso permite que seja feita a comparação de cada conta patrimonial ou elemento financeiro, conforme demonstrado no exemplo contido na Tabela 2.1: Administração de pequenas e médias empresas II 21 Tabela 2.2 – Exemplo de análise vertical TOTAL CIRCULANTE R$ 8.000,00 R$ 1.700,00 R$ 9.700,00 100% 18% 82% NÃO CIRCULANTE ATIVO 20X1 % de participação Dividindo o valor do ativo circulante de 20X1 pelo valor do ativo total, temos: R$ 8.000,00 / R$ 9.700,00 = 0,82, o que equivale a 82% de participação do ativo circulante em relação ao ativo total, enquanto que o ativo não circulante tem uma representação bem menor sobre o ativo total, ou seja, de 18% apenas. Como podemos perceber, a análise de balanço é abrangente e complexa, mas, sendo feita com critério, planejamento e direcionamento, fornecerá dados e informações importantes que demonstrarão se a forma de gestão e a devida alocação e utilização dos recursos estão sendo feitos de uma forma eficaz. A tarefa fundamental numa análise de balanços é a de encontrar um padrão ou norma que permita fazer a comparação do desempenho real da empresa ou dos elementos financeiros que compõem tais demonstrações com base em períodos anteriores. “ ”2.4 Orçamento empresarial O orçamento empresarial, além de demonstrar as quantidades físicas e valores monetários, mostra também o desenvolvimento e os resultados de todos os departamentos e áreas de uma empresa. Para Anthony (2000), não se pode criar uma empresa de qualquer tipo, na qual os líderes não pensem sobre quais deveriam ser os objetivos e qual a melhor maneira de realizá-los. O orçamento empresarial, para ser eficaz, deve ser feito de uma forma estrategicamente planejada, antevendo quais os elementos e gastos que serão feitos para se alcançar determinados objetivos e metas empresariais. Nas empresas, é comum a comparação das movimentações, sendo essas as entradas e saídas financeiras, permitindo que seja feita a comparação entre o que foi realizado com base no que foi orçado anteriormente, conforme demonstrado no exemplo contido na Tabela 2.3: 22 Unisa | Educação a distância Tabela 2.3 – Exemplo básico de orçamento empresarial Orçamento empresarial Setor: limpeza Itens R$ % VariaçãoMês: agosto de 20x1 Valor orçado/Entradas Valor real / Saídas Salários Água Sabão R$ 16.200,00 R$ 250,00 R$ 15.950,00 R$ 215,00 – R$ 250,00 – R$ 35,00 – 1,54 –14,00 Energia elétrica R$ 98,00 R$ 380,00 R$ 522,00 R$ 89,00 R$ 142,00 – R$ 9,00 37,37 –9,18 Amaciante Detergente R$ 56,00 R$ 39,00 R$ 47,00 R$ 52,00 – R$ 4,00 R$ 8,00 –7,14 20,51 Observe que o gasto real com salários apresenta uma diminuição de –R$ 250,00 ou a variação (negativa) de – 1,54% em comparação com o valor orçado, ou seja, gastou-se menos do que o valor orçado e isto é muito bom. Porém, o gasto com energia elétrica apresenta um aumento de R$ 142,00 ou a variação (positiva) de 37,37%, ou seja, tivemos um gasto real maior do que o valor orçado. Neste último caso, o empreendedor ou o gestor tem que tomar cuidado e controlar esta e as demais contas (Detergente) que venham a apresentar aumento nos gastos conforme orçamento. Essa peça financeira contribui para que a empresa possa saber se terá condições de realizar e alcançar determinados objetivos, bem como se os resultados já realizados saíram conforme o planejado. Ou seja, aponta para o futuro, mas sem perder de vista a realidade. Na elaboração de um orçamento, o gestor faz uso das informações contábeis e financeiras do presente momento. O orçamento é um ponto de partida, projetando e descrevendo os objetivos, as necessidades, as obrigações, as datas e os valores para se chegar a um ponto final, ou seja, para cumprir ou fechar mais um ano comercial. 5 PASSOS PARA O PLANEJAMENTO DA EMPRESA Adaptado de: 5 passos para fazer o planejamento de sua empresa. Exame. Disponível em: < http://exame.abril.com.br/pme/ noticias/5-passos-para-fazer-o-planejamento-da-sua-empresa-em-2012>. Acesso em: 7 mar. 2016. 1 2 3 45 PLANEJE OS RESULTADOS FAÇA O ORÇAMENTO EMPRESARIAL TENHA UM PLANO B ENVOLVA A EQUIPEINCENTIVE OS FUNCIONÁRIOS Administração de pequenas e médias empresas II 23 Como a informação é base para que seja feito um orçamento, a contabilidade gerencial será de grande valia para auxiliar os gestores e proprietários de empresas a realizarem essa tarefa, pois envolve elementos e objetivos que serão orçados ou realizados em longo prazo. Além de fazer a previsão, todo gestor deve fazer o devido controle para saber se todos os elementos estão contribuindo para que se realizem todos os objetivos da empresa. O orçamento empresarial também contribui para que haja a devida utilização dos recursos financeiros, porque mostra a previsão de gastos combase na previsão das entradas financeiras. Dessa forma, permite que a empresa funcione sem a necessidade de financiamentos ou empréstimos para custear as suas metas e objetivos. 2.5 Custo do produto e/ou serviço Na elaboração de um orçamento, o gestor, com certeza, fará uso das informações contábeis e financeiras para saber quais os custos envolvidos nas metas e nos objetivos da empresa. Para Iudícibus (1995), comercialmente, “custo” significa o quanto foi gasto para adquirir certo bem, objeto, propriedade ou serviço. Em todo e qualquer ramo e setor empresarial e, principalmente, na área industrial, o cálculo e a análise de custos são de real importância, pois estão diretamente ligados não só ao preço dos produtos e serviços, mas também aos resultados da empresa. Isso porque eles estão inseridos e representados em todas as atividades existentes no contexto das empresas. Isso acontece porque os custos podem ser: � diretos, quando estiverem diretamente atrelados à produção de um produto ou serviço produzido, dessa forma, fazendo parte do preço final deste; � indiretos, quando utilizados para demonstrar os gastos de itens e atividades auxiliares que contribuem para que a produção de um bem ou serviço venha a ser realizado. Porém, estes não são alocados ou contabilizados aos produtos ou serviços. Por esse motivo os custos indiretos não fazem parte do preço final. Conforme os itens, atividades e classificação, eles serão: � fixos: considerados como aqueles que não mudam, independentemente das atividades realizadas; � variáveis: considerados como aqueles que variam conforme o consumo ou a produção de um determinado produto ou serviço, ou seja, eles variam conforme a quantidade dos elementos ligados a eles. Independentemente dos custos serem fixos, variáveis, diretos ou indiretos, eles devem ser alocados ou classificados corretamente, pois estes irão representar o total de gastos utilizados nos itens e elementos que compõem todas as atividades e áreas de uma empresa. A posse dessas informações permite que sejam feitas Para saber mais como calcular o valor do produto, acesse o site do Sebrae, na página “Como definir o preço de venda de um produto ou serviço”. Disponível em: <http:// www.sebrae.com.br/ sites/PortalSebrae/ artigos/Pre%C3%A7o- de-venda>. Acesso em: 3 mar. 2016. LINK 24 Unisa | Educação a distância 2.6 Margem de contribuição Como toda empresa é criada com o objetivo principal de gerar lucro, essa metodologia, chamada margem de contribuição, consiste em analisar individual e financeiramente cada um dos produtos, bens ou serviços que são produzidos e ofertados para atender às demandas e necessidades de mercado. Dessa forma, o gestor terá que fazer uso de informações que são provenientes da gestão de custos para saber qual a contribuição de cada um deles sobre o lucro total da empresa. Para Padoveze (1994), em outras palavras, a margem de contribuição é o mesmo que o lucro variável unitário, ou seja, preço de venda unitário do produto deduzido dos custos e despesas variáveis necessários para produzir e vender um determinado produto. Na apuração da margem de contribuição, o gestor deverá fazer uso das informações dos custos variáveis, para que eles sejam deduzidos das receitas de vendas, conforme demonstrado no exemplo a seguir: as devidas análises e avaliações individuais de gastos e desempenho, bem como da empresa como um todo. Como podemos perceber, além da gestão contábil financeira, o gerenciamento de custos é algo que contribui para que haja a devida alocação de custos em todas as atividades da empresa, bem como para propiciar o devido acompanhamento e controle de tais atividades e áreas. Caso sejam identificados itens ou elementos que demonstrem gastos incompatíveis ou ineficiências em relação aos retornos financeiros esperados ou estabelecidos, o gestor terá condições de efetuar as devidas correções para que a alocação dos recursos e, principalmente, do capital de giro sejam feitos de uma forma mais eficaz. Administração de pequenas e médias empresas II 25 Produto X Produto Y Total Preço de venda R$ 60,00 R$ 90,00 (–) Custos e despesas variáveis Quantidade (=) Margem de contribuição unitária em R$ (–) Custos e despesas variáveis totais (=) Margem de contribuição em R$ (–) Custos e despesas fixas (=) Lucro operacional líquido Margem de contribuição em percentual R$ 42,00 R$ 18,00 R$ 189.000,00 R$ 81.000,00 R$ 19.500,00 R$ 61.500,00 30% 4.500 R$ 54,00 R$ 36,00 R$ 81.000,00 R$ 54.000,00 R$ 19.500,00 R$ 34.500,00 40% R$ 270.000,00 R$ 135.000,00 R$ 39.000,00 R$ 96.000,00 33% 1.500 Tabela 2.4 – Exemplo de cálculo da margem de contribuição unitária e total Receita R$ 270.000,00 R$ 135.000,00 R$ 405.000,00 A sua interpretação está totalmente baseada no resultado da diferença obtido das receitas menos os custos e despesas variáveis. Após a obtenção da margem de contribuição de um determinado produto ou serviço, é feita a dedução dos custos fixos para que, dessa forma, seja encontrado o lucro operacional líquido. A margem de contribuição colabora para que itens ou produtos considerados ineficientes financeiramente sejam melhores administrados e avaliados. Por outro lado, ela contribui para que os produtos que apresentarem melhores retornos sejam mantidos e, se possível, tenham a sua produção e vendas aumentados. Por ser uma ferramenta gerencial, ela também irá auxiliar para que o gestor da empresa tome decisões mais específicas sobre determinado assunto ou elemento financeiro que envolva um produto ou serviço, bem como para conduzir a empresa de uma forma mais lucrativa financeiramente. Margem de contribuição: quanto sobra para sua empresa? O Sebrae desenvolveu uma apostila sobre como calcular a margem de contribuição. Disponível em: <http://www. bibliotecas.sebrae.com. br/chronus/ARQUIVOS_ CHRONUS/bds/bds.nsf/ E809A7FF3D9553E9032 5714700620C06/$File/ NT00031FEA.pdf>. Acesso em: 3 mar. 2016. LIVRO 26 Unisa | Educação a distância 2.7 Fluxo de caixa Conforme mencionamos anteriormente, denomina-se fluxo de caixa de uma empresa o conjunto de ingressos e desembolsos de numerários ao longo de um período determinado, podendo ser diário, semanal, mensal ou anual. Para Matarazzo (1997), o fluxo de caixa é uma demonstração imprescindível na mais elementar atividade empresarial e mesmo para pessoas físicas que se dedicam a algum negócio. Essa ferramenta é utilizada para que seja feito o registro de todas as entradas e saídas financeiras de toda e qualquer empresa que seja contábil e financeiramente estruturada. Com a devida utilização do fluxo de caixa, o gestor terá condições de fazer, acompanhar, programar e controlar as finanças da empresa de uma forma mais abrangente e eficaz. O uso dessa demonstração financeira permitirá que os proprietários e gestores tenham uma visão geral das suas atividades e operações que estão sob suas responsabilidades, bem como fazer o devido uso e alocação do seu capital circulante por envolver contas e elementos realizáveis em curto prazo. Tal procedimento visa a aumentar a capacidade de pagamento da empresa, contribuindo para que não seja necessária a busca de empréstimos ou financiamentos para custear as suas necessidades diárias de operação, bem como as suas obrigações. 2.8 Ponto de equilíbrio A análise do ponto de equilíbrio permite ao gestor ter a compreensão do total mínimo de serviços ou produtos que deverão ser vendidos ou produzidos para que ele possa honrar os seus compromissos diários e, dessa forma, não ficar devendo nada para ninguém. Para Iudícibus (1995), o ponto de equilíbrio, considerado como “ruptura”, é aquele volume em que todas as receitas se igualam com todos os custos. Partindo dessa ótica, para se alcançar o ponto de equilíbrio, a empresa deverá produzir ou vender os seus produtos e serviços, até eles alcançarem um valor que demonstre que não houve nem lucro e nemprejuízo. Tomando como base os dados contidos na Tabela 2.4, apresentamos o seguinte exemplo: A margem de contribuição do produto X é de R$ 270.000,00 – R$ 189.000,00 = R$ 81.000,00 ou 30% da receita. Para realizarmos o cálculo do ponto de equilíbrio, ou seja, da quantidade ou do valor mínimo que deverá ser gerado, devemos proceder da seguinte forma: Ponto de equilíbrio = custo fixo / % da margem de contribuição em relação à receita Administração de pequenas e médias empresas II 27 2.9 Alavancagem financeira Toda empresa, em determinados momentos, além de fazer uso do capital próprio, terá que fazer uso do capital de terceiros, sendo este em forma de empréstimo ou financiamento. Para que seja feita a devida análise e gestão, tanto do capital próprio como o de terceiros, todo e qualquer gestor terá que fazer uso dessa abordagem, chamada de alavancagem. Essa abordagem, diferentemente da margem de contribuição, é utilizada pelas empresas, porque a quantidade de empréstimos e de financiamentos com as suas taxas e encargos irão demonstrar e quantificar o valor das despesas financeiras que a empresa teve como custos. Como essas taxas e juros são custos fixos financeiros, eles não são considerados na apuração da margem de contribuição por não fazerem parte da produção ou das vendas de produtos ou serviços que essas empresas oferecem. Dessa forma teremos: Ponto de equilíbrio = R$ 19.500 / 30% = R$ 65.000,00 Para atingirmos o ponto de equilíbrio, a empresa tem que produzir e vender os seus produtos para alcançar o valor de R$ 65.000,00 como receita, ou seja, abaixo de R$ 65.000, 00 a empresa terá prejuízo; obtendo a receita no valor de R$ 65.000,00, a empresa não terá nem lucro e nem prejuízo, neste caso ela estará em equilíbrio; porém, se ela produzir e vender mais do que R$ 65.000,00, ela terá lucro. Como a receita varia proporcionalmente com a quantidade vendida (receita = valor unitário x quantidade), caso queiramos saber somente a quantidade que deverá ser produzida para alcançarmos o ponto de equilíbrio, neste caso, teremos que dividir o total minímo de receita pelo valor unitário do produto X. Dessa forma, obteremos o seguinte resultado: R$ 65.000,00 = R$ 60,00 x quantidade = 1.083,33 ou: Quantidade = R$ 65.000,00 / R$ 60,00 = 1.083,33 A empresa deverá produzir a quantidade de 1.083,33 unidades para alcançar o ponto de equilíbrio. Lembrando que em produção teremos que fazer o arredondamento para cima, ou seja, teremos que considerar 1.084 unidades a serem produzidas, para que nesse caso a empresa tenha lucro. Se o arredondamento do valor que representa a quantidade for feito para baixo, 1.083 unidades, teremos prejuízo. O conhecimento e a aplicação dessa abordagem ajudarão o gestor da empresa a analisar de uma forma individual ou coletiva todos os produtos ou serviços produzidos ou oferecidos pela empresa. 28 Unisa | Educação a distância Para Matarazzo (1997, p. 404), a expressão alavancagem financeira significa o que a empresa consegue alavancar, ou seja, aumentar o lucro líquido através da estrutura de financiamento, ao passo que alavancagem operacional significa o quanto a empresa consegue aumentar o lucro através da atividade operacional, basicamente em função do aumento da margem de contribuição (diferença entre receitas e custos variáveis) e manutenção dos custos fixos. Nesse contexto, temos que destacar que a alavancagem operacional representa o acréscimo na receita de vendas, já a alavancagem financeira representa qual é a intensidade que a empresa utilizou de recursos de terceiros, em vez dos recursos próprios. Essa alavancagem é uma ferramenta financeira que permite ao gestor saber se a empresa terá condições de pagar as suas dívidas. Conforme mencionamos anteriormente, o uso de capital de terceiros é uma vantagem, porque muitas vezes não há juros, devido a um prazo negociado e estipulado de pagamento e, quando há juros, as taxas são menores em comparação às taxas oferecidas pelos bancos e instituições financeiras. Mesmo com essas vantagens, por pertencer a terceiros, é uma obrigação e uma dívida a mais contraída pela empresa tomadora de tais empréstimos e, como tal, deve ser liquidada. Para fazer as devidas análises e apurações, o gestor deverá fazer uso das informações contidas no balanço contábil, aplicando fórmulas financeiras, que o ajudarão a entender o retorno sobre o patrimônio líquido e o retorno sobre o ativo. Para calcular o retorno sobre o ativo e o retorno sobre o patrimônio, são usadas as seguintes equações: � Retorno sobre o patrimônio líquido = lucro líquido/patrimônio líquido médio. O índice de retorno sobre o patrimônio líquido mostra o lucro que é gerado pela empresa, para cada real investido; � Retorno líquido sobre ativo = lucro líquido/ativo total. Esse índice sobre o ativo mostra o retorno existente para cada real aplicado nos ativos da empresa, pelos seus proprietários. Tais resultados demonstrarão a força operacional ou financeira e essas forças representam a alavancagem da empresa. O ideal é que esses índices de retorno sejam sempre maiores que as taxas e custos existentes nos financiamentos e empréstimos operacionais. Enron: os mais espertos da sala Nesse documentário, verificamos como problemas nas demonstrações financeiras podem levar à derrocada de uma das maiores empresas energéticas dos Estados Unidos. FILME ▪ Tecnicamente, ‘custo’ significa o quanto foi gasto para adquirir certo bem, objeto, propriedade ou serviço, e esse custo é repassado no preço para permitir que seja feita a devida recuperação financeira por parte da empresa. ▪ Para que os micro e pequenos empresários possam honrar os seus compromissos diários e, dessa forma, não ficar devendo nada para ninguém, ele faz uso da análise do ponto de equilíbrio, tendo assim, a compreensão do total mínimo de serviços ou produtos que deverão ser vendidos ou produzidos pela sua empresa. “ ” Administração de pequenas e médias empresas II 29 2.10 Fontes de recursos Agora, vamos apresentar as necessidades e os métodos para se realizar o financiamento do capital de giro, bem como as vantagens e desvantagens do autofinanciamento e o termômetro da situação financeira. As micro e pequenas empresas enfrentam muitas dificuldades para se manterem e para continuarem a existir. Tais dificuldades partem desde a sua origem, que, muitas vezes, ao serem criadas muitas não são bem geridas administrativamente nem financeiramente, demonstrando a falta de capacitação e preparo dos seus fundadores proprietários. Dentro desse contexto, não há a criação de competitividade e crescimento, prejudicando a sua sobrevivência e o seu futuro por falta de desempenho e visão. Essa situação se agrava mais ainda quando muitas das micro e pequenas empresas atuam na parte de exportação, tendo, dessa forma, que competir em um mercado parcialmente globalizado, mas completamente competitivo. Para sanar essa deficiência, muitos empreendedores vão à busca de recursos, na tentativa de manterem ou salvar os seus negócios. Para Longenecker, Moore e Petty (1998), o empreendedor iniciante dispõe de três fontes iniciais de financiamento, tais como economias pessoais, amigos e parentes e investidores privados. Como as reservas acabam e muitos não querem saber de problemas, os microempresários terão os bancos, as instituições financeiras ou programas do governo como alternativas e fontes de financiamento. Nesta parte resumidamente mostraremos elementos e técnicas que ajudarão a identificar e aproveitar outras fontes de recursos existentes na própria empresa. 5 erros que os empreendedores cometem no plano de negócios Nesse artigo, há dicas básicas para que o empreendedor não caia em erros comuns ao elaborar seu plano de negócios. Disponível em: <http://exame. abril.com.br/pme/ noticias/5-erros-que- os-empreendedores- cometem-no-plano-de- negocios>. Acesso em: 3 mar. 2016. ARTIGO 5 ERROS COMUNS NO PLANODE NEGÓCIOS Adaptado de: 5 erros que os empreendedores cometem no plano de negócio. Exame. Disponível em: < http://exame.abril.com. br/pme/noticias/5-erros-que-os-empreendedores-cometem-no-plano-de-negocios>. Acesso em: 7 mar. 2016. 2 3 45 NÃO TER COERÊNCIA DEIXAR O PLANEJAMENTO FINANCEIRO DE LADO NÃO USAR INFORMAÇÕES DE PESQUISA DE MERCADO IGNORAR A CONCORRÊNCIA NÃO DEFINIR BEM O MODELO DE NEGÓCIO 1 30 Unisa | Educação a distância 2.10.1 Necessidade líquida de capital de giro Para Ross, Westerfield e Jaffe (2002), o capital de giro líquido é a diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante. Esse índice ajuda o gestor financeiro a fazer o controle e o acompanhamento das contas de curto prazo que interferem diretamente no fluxo de caixa da empresa. Tais contas representam os elementos que podem ser convertidos em caixa dentro do ciclo das atividades da empresa, tais como caixa, contas a receber, estoques e despesas pagas antecipadamente. Sabendo da quantidade de dinheiro que circula diariamente na empresa, o empreendedor terá condições de saber qual a sua necessidade de capital para garantir as atividades da empresa sem que ela pare ou venha a necessitar de empréstimo, dessa forma, mantendo o seu giro operacional. Essa noção e controle das contas e dos valores permitirão que seja feito e mantido o equilíbrio financeiro. Para saber do valor necessário para custear as atividades de curto prazo, basta fazer a subtração entre o ativo circulante e o passivo circulante. Na apuração, se o resultado for apresentado como saldo positivo, significa que há mais capital próprio que de terceiros, ou seja, a empresa está injetando ou trabalhando com dinheiro próprio. Caso o resultado apurado seja negativo, significa que existe dinheiro de terceiros sendo utilizado e que apesar de ser uma obrigação de curto prazo, é mais vantajoso, porque os juros não existem ou são mais baixos do que os praticados pelos bancos. Para tanto, temos que respeitar os prazos de pagamentos negociados, que às vezes são até parcelados, dando condições para que a micro e pequena empresa faça outras aplicações do dinheiro próprio. 2.10.2 Tesouraria Esta é uma abordagem administrativa que permite ao microempresário ter outra ótica financeira sobre o seu próprio capital e capital de terceiros aplicados no seu negócio. Para sua utilização, partimos do princípio anterior baseado no resultado obtido da diferença entre o ativo e o passivo, porém com uma interpretação contrária. Como as microempresas necessitam de financiamento para custear as suas operações, essa visão permitirá ao microempresário fazer uso do dinheiro de terceiros, sendo estes clientes ou fornecedores, sem pagar juros. Conforme mencionamos, se a diferença entre o ativo e o passivo for positiva, há dinheiro sobrando e aplicado e este representa o capital próprio. Se, por outro lado, o resultado for negativo, isso demonstra que há mais obrigações que direitos, ou seja, está faltando dinheiro para custear as atividades e que, muitas vezes, pela falta dele há o pagamento de juros devido a empréstimos e financiamento. Para Braga (1995), o capital próprio constitui a fonte de recursos mais adequada para investimentos de risco ou de maturação prolongada. Administração de pequenas e médias empresas II 31 2.10.3 Longo prazo Nos itens anteriores, abordamos as formas administrativas e variáveis que mostram e se utilizam das contas de curto prazo, porém temos as contas que demonstram e refletem o capital utilizado ou aplicado em longo prazo. Para Braga (1995), essas contas integram o ativo realizável em longo prazo e os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte. Como as contas variam entre curto prazo e longo prazo, financeiramente essa ótica permite que seja feita uma análise nas contas que podem representar fontes de recursos que terão o retorno em mais de um período contábil e financeiro. Por serem de longo prazo, essas contas possuem um retorno mais demorado do que o retorno do capital ou dos recursos aplicados em curto prazo. Para que seja feita a devida análise, o gestor financeiro deverá fazer a apuração com base na apuração de saldo que envolve as contas que representam direitos de longo prazo menos as contas que representam as obrigações de longo prazo. Fazendo assim, teremos uma forma simples de cálculo, representada abaixo: Essa ótica demonstra que, conforme há o aumento do capital próprio utilizado para custear as atividades da empresa, financeiramente ela se tornará mais independente, demonstrando um grau de liquidez de curto prazo mais elevado. Por esse prisma, sendo o saldo sempre negativo, demonstra que financeiramente a empresa não está indo bem e a gestão financeira pior ainda. Mas de nada adianta ter capital próprio sobrando se este não for bem aplicado para trazer mais e melhores benefícios. Na apuração, o resultado sendo positivo demonstrará que há dinheiro da empresa sendo usado para custear as atividades. Por outro lado, caso o resultado seja negativo, a empresa necessitará de dinheiro para custear tais atividades nesse longo período. 2.10.4 Capital de giro próprio Conforme Braga (1995), esse recurso é obtido através de aumentos de capital e da retenção de lucros, tudo conforme relacionado à política de dividendos. Como o capital de qualquer empresa, no balanço contábil, faz parte do patrimônio líquido e este, ao ser utilizado, pode ser aplicado na estruturação EXIGÍVEL EM LONGO PRAZO LONGO PRAZO REALIZÁVEL LONGO PRAZO 32 Unisa | Educação a distância O resultado desse cálculo irá demonstrar se há dinheiro sobrando para ser investido e aplicado no patrimônio da empresa, contribuindo para garantir as atividades e necessidades diárias e, principalmente, para o crescimento estrutural, contábil e financeiro da empresa. e aquisição de ativos, toda a sua sistemática e resultado dependerá das movimentações e aplicações que forem feitas no chamado ativo permanente, como nas movimentações e contas que demonstrem os lucros ou prejuízos dos períodos de apuração. Essa retenção de lucro ou a distribuição de dividendos contábil e financeiramente alteram as contas do patrimônio líquido (PL) e, nesse caso, havendo lucro teremos o aumento do PL. Por outro lado, tendo prejuízo, teremos a diminuição do PL. Como as empresas compram bens, máquinas e equipamentos para realizar as suas atividades, estes farão parte do ativo permanente ou imobilizado. Quando for realizada a venda de um desses bens, contabilmente esse dinheiro será registrado nas contas que fazem parte do PL. Juntamente a essa transação, serão feitos ajustes nas contas de depreciação ou amortização, que também afetarão o grupo denominado patrimônio líquido. Contábil e financeiramente as empresas elaboram a Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos (DOAR). Nessa demonstração, caso o resultado seja positivo, isso demonstra que a empresa utilizou recursos próprios para financiar as aplicações no ativo chamado permanente. Caso o resultado seja negativo, isso demonstra que os recursos foram totalmente utilizados para financiar ou pagar o seu ativo imobilizado e que, em um dado momento, a empresa passou a utilizar o capital de terceiros para custear ou financiar os seus investimentos. Essa abordagem mostra se a própria empresa financiou as suas aplicações ou se precisou do capital de terceiros, ou seja, mostra o seu potencial de dependência e de autofinanciamento. Observe que estamos nos referindo a aplicações e não operações de curto prazo, pois nesse contexto há a presença de investimentos que fazem parte do capital imobilizado. Para que seja feita a devida análise, o gestor financeiro deverá fazer a apuração com base na apuração de saldo que envolve as contas que representam o patrimônio líquido menos as contas que representam o seu ativo permanente. Fazendo assim, teremos uma forma simples de cálculo, representada abaixo: PATRIMÔNIO LÍQUIDO CAPITALDE GIRO PRÓPRIO ATIVO PERMANENTE Administração de pequenas e médias empresas II 33 2.10.5 Vantagens do autofinanciamento Para Braga (1995), o capital próprio constitui a fonte de recursos mais adequada para investimentos de risco. Diante disso, fica fácil perceber que, sem dúvida nenhuma, há vantagens financeiras quando o empreendedor torna a sua empresa financeiramente independente. As principais vantagens que podem existir nessa realidade de autofinanciamento são: � independência financeira da empresa, por não usar financiamentos e empréstimos; � melhor alocação dos recursos da empresa, feitos na própria empresa, caso não haja melhores investimentos externos; � a empresa torna-se financeiramente autossuficiente; � melhor retorno financeiro a curto e longo prazo; � a empresa terá melhores chances de crescimento e desenvolvimento, sem a necessidade da realização de dívidas; � quando for o caso, terá melhores chances de distribuição de dividendo. 2.10.6 Desvantagens do autofinanciamento Onde há abundância de recursos, há desperdícios. (Ditado chinês) Se de um lado há vantagens, com certeza, do outro haverá desvantagens no autofinanciamento praticado pelas empresas, tais como: � desperdício de dinheiro, por não observar outras oportunidades de investimento; � perda de melhores chances de investimento e oportunidades, devido ao dinheiro ter sido totalmente aplicado internamente na empresa; � por aplicar em ativo imobilizado, os pro labore e, quando for o caso, os dividendos serão menores. 34 Unisa | Educação a distância Diante dessas variáveis, vantagens e desvantagens, cabe à pessoa que faz a gestão financeira e administrativa da empresa analisá-las e decidir pelo que for melhor e mais vantajoso para o seu negócio, quer seja ela micro, pequena ou média. 2.10.7 Termômetro da situação financeira Para Braga (1995), o saldo de tesouraria não pode ser negativo, porque poderá provocar o fechamento da empresa. Essa abordagem mostra que tem de haver o equilíbrio no uso dos recursos e do capital próprio da empresa para que dessa forma não haja desequilíbrio e endividamento, devido à má administração financeira. Para fazer o devido controle e aplicação dos recursos, o gestor financeiro faz sua análise e controle através do termômetro financeiro. Por fazerem parte de um mercado competitivo e inovador, as micro e pequenas empresas, para não ficarem para trás, fazem uso dos seus recursos financeiros para atender às novas necessidades, tanto de mercado quanto financeiras. Como a mudança é algo urgente, muitas fazem os seus investimentos sem ter condições para honrar os seus compromissos e dívidas. Diante disso, mesmo fazendo uso dos recursos próprios, chega um momento em que o empreendedor terá que fazer a solicitação de empréstimos e financiamentos. As ferramentas financeiras até aqui apresentadas visam a ajudar o gestor a fazer o devido uso dos recursos da empresa, quer seja comprando, vendendo ou investindo os seus recursos ou o capital de giro da própria empresa. Toda e qualquer empresa e, principalmente, as micro e pequenas podem fazer uso do capital de giro próprio ou de terceiros, mas se não houver a devida gestão financeira de uma forma equilibrada, o fechamento será inevitável. A participação do capital de terceiros é e será mais bem analisada e acompanhada na adoção dessa metodologia financeira. O segredo com o uso dessa metodologia reside em crescer de uma forma planejada e organizada. Para que seja feita a devida análise da situação da empresa, o gestor financeiro deverá fazer a apuração do resultado, com a seguinte forma de cálculo, representada a seguir: PATRIMÔNIO LÍQUIDO CAPITAL DE GIRO PRÓPRIO ATIVO PERMANENTE Administração de pequenas e médias empresas II 35 O ideal é que o resultado seja sempre positi vo, demonstrando que as necessidades estão sendo atendidas conforme os recursos existentes e que a empresa possui alto grau de pagamento. Com base nessa análise, caso o resultado seja negati vo, isso demonstra que a capacidade de pagamento, ou seja, que o grau de liquidez está baixo e que a empresa, além de precisar de recursos de terceiros, está totalmente endividada. Caso essa situação negati va seja algo constante, fi nanceiramente a empresa está sofrendo do efeito tesoura, ou seja, está realizando mais gastos com poucos recursos de capital. O capital próprio constitui a fonte de recursos mais adequada para investimentos de risco ou de maturação prolongada, porém o gestor fi nanceiro deverá atentar para outras fontes de recursos que possam surgir como forma de oportunidade, evitando, dessa forma, o desperdício e a má aplicação de recursos. “ ” Nesta unidade, aprendemos que: � caso os administradores queiram tomar boas decisões, terão que fazer uso de informações precisas, signifi cativas e oportunas existentes nas principais demonstrações contábeis e fi nanceiras; � de nada adianta ter um contador, quer seja interno ou externo, e o empreendedor não saber fazer uso das informações pertinentes à empresa e aos seus negócios; � contabilidade gerencial é importante, porque, além de fornecer informações, consegue abranger todas as movimentações de caráter contábil e fi nanceiro; � o balanço patrimonial, a demonstração de resultado do exercício, a demonstração das mutações do patrimônio líquido e as demonstrações das origens e aplicações de recursos são exemplos típicos de demonstrações contábeis; � uma análise só será útil, se ela for devida e estrategicamente bem feita e que a tarefa fundamental numa análise de balanços é a de encontrar um padrão ou norma que permita fazer a comparação do desempenho real das transações; � na gestão fi nanceira temos as principais formas utilizadas para se fazer uma análise de balanço, tais como: horizontal; vertical; comparação da evolução da empresa como um todo, quando comparada com os resultados e índices anteriores; uso externo de indicadores fi nanceiros e de empresas que fazem parte do mesmo mercado e setor; � o orçamento empresarial, além de demonstrar as quantidades físicas e valores monetários, mostra também o desenvolvimento e os resultados de todos os departamentos e áreas de uma empresa; � os custos estão diretamente ligados não só ao preço dos produtos e serviços, mas também aos resultados da empresa; � a margem de contribuição colabora para que itens ou produtos considerados inefi cientes fi nanceiramente sejam melhores administrados e avaliados e, por outro lado, os que apresentarem melhores retornos sejam mantidos, e, se possível, tenham a sua produção e vendas aumentados; RECAPITULANDO 36 Unisa | Educação a distância � com a devida utilização do fl uxo de caixa, o gestor terá condições de fazer, acompanhar, programar e controlar as fi nanças da empresa de uma forma mais abrangente e efi caz; � a análise do ponto de equilíbrio permite ao gestor ter a compreensão do total mínimo de serviços ou produtos que deverão ser vendidos ou produzidos, para que ele possa honrar os seus compromissos diários; � a alavancagem operacional representa o acréscimo na receita de vendas, já a alavancagem fi nanceira representa qual é a intensidade que a empresa utilizou de recursos de terceiros, em vez dos recursos próprios; � o índice de retorno sobre o patrimônio líquido mostra o lucro que é gerado pela empresa, para cada real investido; � o índice sobre o ativo mostra o retorno existente para cada real aplicado nos ativos da empresa pelos seus proprietários; � o empreendedor iniciante dispõe de três fontes iniciais de fi nanciamento, tais como: economias pessoais, amigos e parentes e investidores privados, além dos bancos, instituições fi nanceiras e programas de incentivo do governo; � o capital de giro líquido é a diferença entre o ativo circulante e passivo circulante; � a tesouraria é uma abordagem administrativa que permite ao microempresário ter outra ótica fi nanceira sobre o seu próprio capital
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