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Administração do Capital de Giro indd

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ADMINISTRAÇÃO DO 
CAPITAL DE GIRO
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Jose Alfredo Pareja Gomez De La Torre
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Cristiane Lisandra Danna
Norberto Siegel
Camila Roczanski
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Bárbara Pricila Franz
Marcelo Bucci
Revisão de Conteúdo: Bárbara Pricila Franz
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2018
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
L358a
 La Torre, José Alfredo Pareja Gomez De 
 Administração do capital de giro. / José Alfredo Pareja Gomez 
De La Torre – Indaial: UNIASSELVI, 2018.
 153 p.; il.
 ISBN 978-85-53158-47-8
1.Capital de giro – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 658.15244
José Alfredo Pareja Gomez de La Torre
Educação: Graduado em Administração de 
Empresas, e Ciências Políticas e História; Pós-
Graduação em Finanças; Pós-Graduação em 
Gestão Educacional a Distância: e Pós-Graduação em 
Gestão Ambiental. Mestrando: programa de mestrado 
Massachusetts Institute of Technology (MIT) em Estadística e 
Desenvolvimento Econômico. Experiência nas seguintes áreas:
• Sete anos de vivencia como professor de ensino superior 
nos curso de administração, nas áreas de Finanças, 
Comércio Exterior e Economia, no Grupo Uniasselvi, www.
grupouniasselvi.com.br.
• Publicações, livros técnicos nas seguintes áeras: 
Análise de Balanço e Concessão de Crédito, Análise 
de Projetos. Comércio Exterior, Economia, Gestão de 
Custos no Setor Público, Gestão de Projetos Públicos, 
Matemática Financeira e Comercial, Prática Cambial, 
Processos de Exportação e Importação. Currículo Lattes: 
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.
do?id=K4491670E7
• Cinco anos na gestão bancaria comercial na área de 
leasing fi nanceiro e empréstimos para empresas.
• Cinco anos na gestão administrativa e fi nanceira na área 
agroindustrial.
• Três anos na gestão nos processos de exportação e 
vendas de produtos frescos perecíveis, para os mercados 
de Estados Unidos e da Europa.
• Sete anos na representação de embalagens para 
agro- indústria de produtos perecíveis, no mercado 
exportador de fl ores e espargos da Colômbia 
e do Equador. Assim como: desenvolvimento 
de embalagem especial para exportação de 
perecíveis aos Estados Unidos.
Língua materna Espanhol, fl uente em Inglês 
e Português.
Sumário
APRESENTAÇÃO ..........................................................................07
CAPÍTULO 1
Recurso Operativo de Curto Prazo ........................................09
CAPÍTULO 2
Ciclo do Capital de Giro ............................................................45
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
Gestão do Capital de Trabalho .................................................79
Fontes do Capital de Giro ....................................................... 111
APRESENTAÇÃO
O sucesso das operações empresariais muitas vezes depende de uma boa 
gestão da liquidez operacional, o que em outras palavras é conhecido como 
gestão do capital de giro. Essa boa gestão da liquidez depende de diversos 
fatores, entre eles: a dinâmica dos tempos operacionais das atividades, o correto 
planejamento da necessidade de recursos financeiros para essas atividades e o 
correto planejamento de caixa operacional. 
Um fator importantíssimo na gestão do capital de giro é saber identificar os 
ciclos operacionais e seu aprimoramento, assim como a qualidade do gasto. Isso 
envolve conhecer bem a estrutura de custos e a capacidade de gerar vendas em 
função da dinâmica de entrada e saída de caixa operacional. Todos esses temas 
irão ser estudados ao longo deste livro de estudos, levando em consideração:
• Diferenciar o uso de recursos operativos entre sua classificação como 
custo e despesa, variável e fixa, em função da dinâmica das vendas e 
em função do nível crítico operacional.
• Identificar a dinâmica do Ciclo Operacional em função à Conversão de 
Caixa.
• Reconhecer a dinâmica da Conversão de Caixa conforme às 
necessidades de custos e de vendas.
• Ponderar a relação entre Ativo e Passivo Circulante desde o ponto de 
vista da liquidez operacional.
• Definir políticas de Estoques, de Contas a Receber e de Contas a Pagar 
conforme as necessidades operativas e de caixa.
• Discernir como a capacidade de gerar rentabilidade pode ser influenciado 
pela correta gestão do Capital de Giro.
• Vincular o Fluxo de Caixa com as necessidades de Capital de Giro.
• Fazer uma correta gestão entre necessidades de liquidez e tesouraria.
Lembre-se que os conhecimentos a serem adquiridos ao longo desta 
disciplina serão de grande ajuda para enriquecer suas competências, aliás, 
essenciais para suas projeções profissionais, seja no âmbito privado, de serviços 
ou inclusive no setor público.
Caro acadêmico! Seja vindo e fique à vontade para ler, estudar e perguntar 
ao longo de seus estudos. Desejo-lhe sucesso no estudo desta disciplina. 
Temática que com certeza poderá lhe ajudar na construção de seu conhecimento 
e aprimoramento de competências.
Bons estudos!
CAPÍTULO 1
RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Identifi car o uso de recurso variável, seja como custo ou despesa.
 Estabelecer a dinâmica das vendas e seu vínculo com a geração de custos e 
despesas variáveis.
 Identifi car a dinâmica da Margem Operacional.
 Estabelecer o nível crítico operacional, ou Ponto de Equilíbrio Operacional.
 Aplicar exemplos para entender melhor a dinâmica dos custos e despesas 
variáveis.
 Análisar a estrutura do Ponto de Equilíbrio.
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 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
11
RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Em termos fi nanceiros, o capital de giro é o valor de investimento necessário 
para fazer andar as atividades operacionais de um negócio, isto é, o capital de 
giro é o valor de quanto capital monetário é necessário para: comprar matérias-
primas, insumos, gastos diversos (energia elétrica, telefone, combustível etc.), 
salários, entre outros. Ao longo deste capítulo, estudaremos a dinâmica do 
consumo desses recursos, seu registro, como custos e despesas, conforme suas 
implicações na gestão do capital de giro.
2 RECURSO FINANCEIRO PARA O GIRO 
OPERATIVO
O que você consegue visualizar como capital de giro? O primeiro pensamento 
é que ele seria o ciclo de quantas vezes o capital consegue girar. Nessa lógica, 
pode-se estar considerando todo o “capital” que faz parte da empresa, porém, 
o capital de giro considera somente a necessidade de recurso monetário para 
fazer acontecer as operações, isto é, a liquidez que serve para fi nanciar as 
operações do dia a dia das atividades organizacionais, ou seja, o investimento 
nas necessidades operacionais.
O objetivo do capital de giro é dar conta das operações, das vendas 
e de fazer produzir os bens de capital (infraestrutura, equipamentos, 
caminhões etc.), ou seja, o capital de giro envolve a gestão fi nanceira 
das atividades operacionais em um horizonte de curto prazo. Existem 
diversas maneiras de observá-lo como uma organização economicamente 
ativa, isso dependerá da estratégia operativa a se executar e do tipo de 
empresa, ou seja, se ela é industrial, comercial e/ou de serviço.
Para se ter um melhor entendimento da dinâmica do capital de giro, 
neste capítulo estudaremos quais recursos produtivos são consumidos 
por meio do investimento nocapital de giro, sempre em termos de curto 
prazo. Em contrapartida, em termos de longo prazo, no investimento 
em bens de capital, uma empresa realiza investimentos em galpões, 
equipamentos, patentes, veículos, entre outros, que serão consumidos 
ao longo de sua vida útil, isto é, por vários anos.
No capital de giro, o investimento é feito no uso de recursos que 
serão consumidos em sua totalidade, ao longo de um ciclo do processo 
produtivo a ser registrado nas movimentações tanto do ativo como do 
passivo circulante. Em uma perspectiva fi nanceira, a gestão de capital 
O capital de 
giro envolve a 
gestão fi nanceira 
das atividades 
operacionais em um 
horizonte de curto 
prazo.
A gestão de capital 
de giro vem a ser 
a “Administração 
Financeira de Curto 
Prazo” dentro de um 
marco de condições 
e processos 
operacionais, 
envolvendo a 
análise do nível 
ótimo entre Ativo 
Circulante e Passivo 
Circulante.
12
 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
de giro vem a ser a “Administração Financeira de Curto Prazo” dentro de um marco 
de condições e processos operacionais, envolvendo a análise do nível ótimo entre 
Ativo Circulante e Passivo Circulante. Esse nível ótimo é medido pelo capital de giro 
e o capital de giro líquido.
O Ativo Circulante, comumente chamado de capital de giro, 
representa a porção do investimento que circula, de uma forma ou 
outra, na condução normal dos negócios. Esse conceito abrange 
a transição recorrente de caixa para estoques, destes para os 
recebíveis e de volta para o caixa (GITMAN, 2010, p. 547).
Assim, o capital de giro refl ete um processo de geração de caixa desde a ordem 
do pedido, passando pelos estoques e pelo processo de produção, para chegar 
às vendas e, fi nalmente, à cobrança dos recebíveis. Esse processo de geração de 
caixa é conhecido como o Ciclo Operacional e Financeiro das operações de um 
negócio que possui vínculo direto com o capital de giro, conceito que será estudado 
no próximo capítulo. Esse ciclo operativo, em termos monetários, será refl etido nos 
registros dos saldos tanto do Ativo Circulante como do Passivo Circulante. Essa 
relação entre contas é defi nida como capital de giro líquido.
O capital de giro líquido é, normalmente, defi nido como a 
diferença entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante de 
uma empresa. Quando o Ativo Circulante supera o Passivo 
Circulante, a empresa tem capital de giro líquido positivo. 
Quando o primeiro é inferior ao segundo, tem-se capital de giro 
líquido negativo (GITMAN, 2010, p. 547).
 
Quais as fontes do capital de giro líquido? A fonte do capital de giro 
está na conversão de estoques, em produto terminado, em vendas e em 
recebíveis, para, então, serem convertidos em caixa. Essa é a fonte de 
recursos que servirá para liquidar as obrigações do Passivo Circulante 
e as obrigações de curto prazo. Assim, neste capítulo, estudaremos os 
recursos consumidos por meio do fi nanciamento do capital giro.
A fonte do capital 
de giro está na 
conversão de 
estoques, em 
produto terminado, 
em vendas e em 
recebíveis, para, 
então, serem 
convertidos em 
caixa.
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RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 
Figura 1 - Capital de giro e seu ciclo
Fonte: Disponível em: <https://www.industriahoje.com.br/o-que-e-e-
como-calcular-o-capital-de-giro>. Acesso em: 8 jan. 2018.
FORNECEDORES
ESTOQUE
DUPLICATAS
A
RECEBER
CAIXA
VENDAS
3 RECURSO VARIÁVEL E FIXO
Para entender a estrutura do capital de giro, devemos revisar a relação que 
existe entre o uso de recurso variável com o do fi xo, ou seja, a gestão de custos 
nas operações de uma organização. Como o próprio nome sugere, o recurso 
variável vai mudando e se incorporando ao processo produtivo de maneira direta, 
à medida que a produção aumentar ou diminuir. Isso acontece com a matéria-
prima, os insumos, as embalagens, a mão de obra direta, o consumo de energia 
no processo de transformação, entre outros.
O custo fi xo faz parte do uso de recursos essenciais à produção, mas que 
não são incorporados “fi sicamente” ao produto. Exemplo: para produzir pão, 
você precisará de forno, de equipamento e de um local onde operar. Esses bens 
de capital são o custo fi xo, pois o registro de custos não muda à medida que a 
produção aumentar, o gasto de aluguel, a depreciação do equipamento, o salário 
do supervisor, entre outros, são registrados como fi xos de maneira mensal.
14
 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
De todos esses gastos fi xos mencionados, a depreciação não faz parte do 
capital de giro, pois ela é um registro que vai apurando o desgaste de um bem de 
capital ao longo de sua vida útil. Portanto, ela não faz parte do fi nanciamento das 
operações no curto prazo (capital de giro), mas é uma provisão registrada como 
“gastos” do desgaste dos bens de capital investidos nas operações. Exemplo: 
em um veículo que foi adquirido pelo valor de R$ 100.000,00, o seu uso não 
será “consumido” em um ciclo operacional (tal como o uso de insumos), mas se 
desgastará ao longo de sua vida útil, desgaste registrado gradativamente como 
custo de depreciação.
Assim, podemos observar, com exceção do custo em depreciação, que todos 
esses custos, sejam variáveis ou fi xos, devem ser fi nanciados ao longo do ciclo 
produtivo por meio de capital de giro.
Curiosidade: entende-se como atividade e/ou processo 
operativo qualquer atividade e ações necessárias para ter a 
capacidade produtiva de oferecer um produto e/ou serviço.
Atividade de Estudos:
1) A empresa Camisetas do Alto Vale Ltda. vem incorrendo no 
consumo (gasto) dos itens expostos a seguir. Assim, determine 
os custos, as despesas e os valores totais:
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RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 
4 CUSTO DIRETO E INDIRETO
Os gastos necessários às atividades operacionais podem ser de uso direto 
ou indireto. Neste sentido, tanto o consumo de recursos variáveis como fi xos 
podem ser classifi cados como custos ou despesas, mas de uso direto ou indireto. 
Os custos vêm a ser todo o consumo de recursos essenciais ao processo de 
transformação. Por exemplo: insumos, mão de obra no processo de transformação, 
aluguel da fábrica, gasto de energia no processo de transformação, depreciação 
do equipamento industrial etc. Entretanto, as despesas são o uso de recursos 
que servem de apoio ao processo de transformação. Por exemplo: gastos 
administrativos e fi nanceiros, salários da área administrativa, de marketing, de 
logística, da fi nanceira; consumo de telefone e serviço de banda larga, gastos 
de deslocamento, entre outros. Quando esse gasto é classifi cado como custo ou 
despesa, ele deve ser considerado como direto ou indireto.
• Custo direto: são os custos variáveis que vão se incorporando 
diretamente ao custo dos produtos, tais como insumos, embalagens e 
mão de obra direta, ou seja, é o material aplicado direto no processo 
de transformação: matéria-prima, insumos e material secundário. Todos 
eles possuem uma dose específi ca que é incorporada a cada unidade a 
ser produzida.
• Custo indireto: representam o consumo de recursos que possuem um 
vínculo essencial com o processo produtivo e/ou elaboração do serviço, 
mas que não são dosifi cados de maneira física ao produto. Por exemplo: 
depreciação de fornos industriais, de equipamentos para a fabricação; 
mão de obra indireta (supervisores de produção); aluguel de galpão (onde 
o processo de fabricação acontece); entre outros. Esse tipo de custo não 
pode ser incorporado diretamente aos produtos, mas são essenciais ao 
processo de transformação e devem ser rateados e incorporados aos 
produtos e/ou serviços a serem fabricados.
Nesse sentido, os salários são gastos que podem confundir. Assim, no 
contexto da mão de obra, devemos identifi car se eles são custos diretos ou 
indiretos do uso de recurso humano. “Às vezes, é difícil discernir e identifi car se, 
efetivamente, a mão de obra é direta ou indireta” (MARTINS, 2010, p. 133).
O operário que movimentaum torno, por exemplo, trabalhando um produto 
ou componente de cada vez, tem seu gasto classifi cado como mão de obra direta. 
No entanto, se outro operário trabalha supervisionando quatro máquinas, cada 
uma executando uma operação num produto diferente, inexistindo possibilidade 
de se verifi car quanto cada um desses produtos consome do tempo real daquela 
pessoa, temos aí um tipo de mão de obra indireta. 
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 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
Qual será a mão de obra direta em uma empresa de TI? O 
programador, pois ele é o responsável direto do serviço prestado 
pelas atividades de serviço de TI, ou seja, os aplicativos, para 
empresas ou para uso do consumidor.
a) Investimento operativo e aplicação dos recursos como custos ou 
despesas
Dentro do contexto do uso de capital de giro, é importante entender bem 
a diferença entre investimento, custos e despesas. Lembre-se de que qualquer 
aquisição que uma organização faz é considerada investimento, podendo ser 
classifi cada da seguinte maneira:
• Se a compra for consumida no processo produtivo, tipo matéria-prima, 
insumos, embalagens, entre outros, ela é considerada um investimento a 
ser incorporado no capital de giro. Essa compra será registrada no Ativo 
Circulante para fazer parte do ciclo operacional, tendo vínculo contábil 
com o capital de giro.
• Se a compra for usada como bem de capital (veículos, equipamento 
industrial etc.), ela é considerada um investimento em bens de capital 
e não faz parte do capital de giro. Essa compra fará parte do Ativo Não 
Circulante de longo prazo, registrando seu desgaste como custo de 
depreciação.
No quadro a seguir, há um comparativo entre investimento, custos e gastos, 
detalhando a classifi cação de uso de recursos, conforme seu destino:
Quadro 1 - Diferença entre investimento, custos e gastos (despesas)
Orçamento de Investimento 
(Ativo fi xo, insumos etc.)
Ativo Circulante - Capital de Giro: estoque de Insumos, 
embalagens, etc.
Ativo Fixo - Bens de Capital: infraestrutura, móveis e 
equipamentos.
Custos
Uso de recurso produtivo no processo de transformação: 
insumos (saída do estoque), energia, recurso humano, 
depreciação etc.
Despesa Consumo de recurso de apoio ao processo produtivo.
Fonte: O autor.
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RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 
Por meio do quadro observe que tanto os custos como as despesas são uma 
consequência do uso de recursos investidos em um negócio. Exemplifi cando, o 
investimento em ativo circulante, tal com os estoques, vira custos de produção 
no momento que esses estoques são aplicados nos processos de transformação. 
Assim, o investimento em equipamentos e veículos serão transformados em 
custos e/ou despesas por meio de sua depreciação.
Quadro 2 - Classifi cação de consumo e de compras/investimento
Fonte: O autor.
Observe que, dependendo da fi nalidade, os diferentes valores serão 
classifi cados como custos, gastos e investimentos. A compra de matéria-prima 
pelo valor de R$ 24.000,00 é classifi cada como investimento em estoques (capital 
de giro). Agora, quando essa matéria-prima em estoques for consumida, ela 
fará parte dos custos de produção, como mostrado no quadro pelo valor de R$ 
21.000,00, registrado como consumo de matéria-prima. 
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 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
Qual a diferença entre matéria-prima e insumo? A matéria-
prima é o produto extraído diretamente da natureza, e os insumos 
são todo e qualquer tipo de material utilizado para a produção de um 
determinado tipo de produto. Exemplos: grão de trigo (matéria-prima) 
e farinha de trigo (insumo); petróleo (matéria-prima); Polipropileno/
Termoplástico (insumo).
Atividade de Estudos:
1) A seguir, classifi que os itens como: custo direto, custo indireto, 
custo de mão de obra direta, custo de mão de obra indireta, 
despesa e investimento.
ITENS CLASSIFICAÇÃO
Malha consumida
Aluguel de escritório e lojas
Depreciação/equipamentos
Serviço de segurança/instalações
Combustível veículos para entrega 
dos produtos
Salário costureiras
Depreciação galpão/fábrica
Material de escritório consumido
Salário vendedores
Malha comprada
Salário supervisor de produção
Salário de auxiliar contábil
Energia elétrica fábrica
Material de escritório consumido
Compra equipamento
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RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 
b) Custo total e unitário
Outro conceito importante para conseguir entender a dinâmica do 
capital de giro é a diferenciação entre custo total e unitário. Ao apurar 
tanto o custo unitário como total, podemos desenhar estratégias de uso 
de capital de giro conforme os centros produtivos nos processos de 
transformação de um negócio.
O Registro de Custo Total é, relativamente, mais simples que o 
custo unitário, pois para o custo total simplesmente vão se somando 
cada um dos custos registrados. No custo unitário, devemos registrar 
todos os custos para cada produto conforme os objetos de custos, 
conforme os processos operacionais de cada um desses objetos de 
custos ou centro de custos.
Para registrar os custos indiretos nos centros de custos, deve-se ter critérios 
de rateio para, assim, conseguir incorporar os custos que abrangem vários produtos 
durante o processo de transformação. Com isso, consegue-se obter o custo unitário 
respectivo em função dos objetos de custos. Vamos ver um exemplo? 
Vamos supor que desejamos apurar o custo unitário na fabricação de dois 
tipos de móveis, poltronas e sofás: Produto 1 e Produto 2. No quadro a seguir, 
apresentam-se os Custos Diretos de Fabricação, o Custo Indireto de Fabricação 
(CIF) e o critério de rateio a se utilizar.
Ao apurar tanto 
o custo unitário 
como total, 
podemos desenhar 
estratégias de 
uso de capital de 
giro conforme os 
centros produtivos 
nos processos de 
transformação de 
um negócio.
Quadro 3 - Incorporação do CIF ao custo unitário de fabricação
Fonte: O autor.
20
 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
O quadro apresenta os custos diretos totais para os dois produtos, isto é: 
R$ 47.000,00 e R$ 36.100,00, respectivamente; o CIF total pelo valor de R$ 
79.000,00; as unidades produzidas para esses produtos; o critério de rateio para 
se aplicar; e uma série de espaços em branco para se preencher, visando obter o 
custo unitário de fabricação.
Assim, o CIF pelo valor de R$ 79.000,00 deverá ser incorporado aos produtos 
conforme o critério de rateio exposto ao fi nal do quadro, isto é, horas-máquina. 
No entanto, para usar esse critério de rateio, devemos aplicar a ponderação 
respectiva dessas “horas-máquina”, consumidas no processo de fabricação, 
conforme é apresentado a seguir:
Quadro 4 - Horas-máquina consumidas na fabricação
 FABRICAÇÃO HORAS-MÁQUINA PORCENTAGEM
Produto 1 250 40%  
250
620 x 100
Produto 2 370 60%  
370
620
 x 100
Total Horas-Máquina 620 100%
Fonte: O autor.
Agora, com essas proporcionalidades, aplica-se o rateio dos CIF na 
incorporação dos custos aos produtos, da seguinte maneira:
• Produto 1: 250 horas, representando 40% do total de horas-máquina, isto 
é, 250 horas das 620 horas totais. Portanto, há consumo de 40% do total 
de horas-máquina utilizadas para produzir esse tipo de produto. Rateio:
o R$ 79.000 x 40% = R$ 31.600, considerando que o processo de 
fabricação desse produto usou 40% das horas-máquina.
• Produto 2: 370 horas-máquina, representando 60% do total de horas-
máquinas (620), isto é, 370 das 620 horas totais. Portanto, há consumo de 
60% do total de horas-máquina utilizadas para produzir esse tipo de produto.
o R$ 79.000 x 60% = R$ 47.400, considerando que o processo de 
fabricação desse produto usou 60% das horas-máquina.
Uma vez feito isso, e com essas porcentagens, pode-se incorporar esses CIF 
no registro de custos por produto, conforme a seguir:
21
RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 
Quadro 5 - Incorporação do consumo de recursos ao custo unitário
Fonte: O autor.
Qual é o custo unitário do Produto 1 e doProduto 2? O custo unitário deles é 
R$ 604,62 e R$ 439,47, respectivamente, sendo que:
o Produto 1 – custo unitário de R$ 604,62, isto é: Custo Unitário = 
Custos Indiretos + CIF
Unidade Produzidas  Custo Unitário, Produto 1 = 
47.000+31.600
130
 
= R$ 604,62
o Produto 2 – custo unitário de R$ 439,47, isto é: Custo Unitário = 
Custos Indiretos + CIF
Unidade Produzidas  Custo Unitário, Produto 2 = 
36.100+47.400
190
 
= R$ 439,47
Qual é a necessidade de incorporar os CIF ao custo do 
produto? É uma análise de custos fundamental, por meio da 
incorporação dos CIF ao produto identifi cam-se os custos referenciais 
por unidade produzida. A apuração de custos unitários é essencial para 
analisar a margem operativa e a necessidade de capital de giro, assim, 
essa defi nição de custos unitários e seus respectivos preços de venda 
permite as empresas identifi car o potencial de gerar lucros para cada 
um dos produtos a serem ofertados. Lembre-se de que para conseguir 
apurar o custo unitário, deve-se:
1. Separar custos diretos dos indiretos.
2. Apropriar, por algum meio de rateio, os Custos Indiretos de 
Fabricação - CIF. 
3. Identifi car a produção em termos de unidades produzidas 
para cada um dos produtos e/ou serviços.
4. Determinar o custo unitário de cada um dos produtos.
A apuração de 
custos unitários 
é essencial para 
analisar a margem 
operativa e a 
necessidade de 
capital de giro, 
assim, essa 
defi nição de custos 
unitários e seus 
respectivos preços 
de venda permite as 
empresas identifi car 
o potencial de gerar 
lucros para cada 
um dos produtos a 
serem ofertados.
22
 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
5 SISTEMA VARIÁVEL E MARGEM 
OPERACIONAL
Por meio da análise de custos do sistema variável, permite-se 
avaliar a dinâmica de consumo de recursos à medida que aumenta 
ou diminui a produção, como também permite analisar a necessidade 
de capital de giro conforme o volume produzido e conforme o ciclo 
operacional dos processos produtivos. Pelo Método Variável, separa-
se todo consumo de recursos em dois grandes grupos: os custos 
e despesas de comportamento variável e os custos e despesas de 
comportamento fi xo. 
Independentemente de que sejam custos ou despesas, o foco é quebrar os 
gastos pelo seu comportamento, isto é, entre gastos variáveis e fi xos. Assim, 
será em função desse comportamento que se executa a análise de receitas e 
custos. Por meio desse método, as empresas analisam o impacto dos custos 
e despesas variáveis à medida que aumentarem ou diminuírem o volume 
de vendas. É importantíssimo observar isso, dado que os custos e as despesas 
variáveis têm vínculo diretamente proporcional ao volume de vendas e ao capital 
de giro necessário para fazer acontecer essas vendas. Segundo Crepaldi (2002, 
p. 222), “[...] são os gastos que oscilam proporcionalmente ao volume de produção 
ou venda, ou seja, existe uma relação diretamente proporcional ao aumento da 
produção”. Esses gastos podem ser tanto custos quanto despesas.
Levando em consideração essa proporcionalidade e vínculo “variável”, o 
método possui duas etapas de apuração:
• Primeiro: identifi ca-se quais são os custos e despesas de 
comportamento variável, isto é, consumo de recursos que vão 
mudando à medida que aumentar ou diminuir as receitas. Para fazer 
essa análise, de variabilidade, é necessário identifi car todos os fatores 
do ciclo operacional da empresa, fatores que possuam vínculo com a 
variabilidade das receitas. Exemplos:
o Insumos, embalagens, consumo de energia na produção, no caso de 
custos.
o Comissões de venda, no caso das despesas.
• Segundo: identifi ca-se todos os custos e despesas que sejam fi xas, isto é, 
custos e despesas que, independentemente do nível de produção, fi cam 
sempre iguais sob um horizonte de produção predeterminado. Exemplos:
o Seguro do galpão (chão de fábrica), no caso de custos fi xos; e salários 
administrativos e aluguéis dos escritórios, no caso das despesas.
Pelo Método 
Variável, separa-se 
todo consumo de 
recursos em dois 
grandes grupos: os 
custos e despesas 
de comportamento 
variável e os custos 
e despesas de 
comportamento fi xo. 
23
RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 
Nesse método, é importante sempre fazer a divisão de todos os fatores de 
produção (custos e despesas) entre variáveis e fi xos. Lembre-se: o grande foco 
desse método é a análise das receitas conforme a dinâmica dos custos, tanto 
variáveis como fi xos. Assim, o valor agregado do Método de Custeio Variável é 
a observação do peso, tanto do uso de recursos variáveis como dos fi xos nos 
processos operacionais à medida que aumenta ou diminui a produção.
Essa análise de custos, à medida que muda a produção, permite, entre outras 
coisas, defi nir o nível mínimo de vendas necessárias para não entrar no prejuízo 
operativo, conhecido como o ponto de equilíbrio, permitindo também analisar a 
necessidade de capital de giro em função das perspectivas de produção e vendas 
desejadas. Agora, para ter a capacidade de analisar o método de custeio variável, 
é necessário conhecer a dinâmica da Margem de Contribuição.
a) Margem de contribuição
A ferramenta-chave do Método de Custeio Variável é a determinação da 
margem de contribuição. O método analisa a diferença entre receitas e consumo 
de recursos de comportamento variável, isto é, receitas menos custos e despesas 
de comportamento variável. Os custos e as despesas, neste método, não serão 
separados, no entanto, será separado qualquer tipo de gasto conforme o seu 
comportamento variável e fi xo. Segundo Silva e Lins (2013, p.129):
Por defi nição, o conceito da Margem de Contribuição 
representa o valor que cada produto entrega para a empresa 
depois de cobertos todos os custos que efetivamente ocorrem 
num processo de produção e venda. Essa contribuição é 
calculada pela diferença entre o preço e os custos e as 
despesas variáveis.
Deste modo, a margem de contribuição fi ca em função de três elementos-chave:
• As receitas: ligadas ao volume de vendas, isto é, preço unitário de 
vendas multiplicado pelas unidades vendidas.
• Os custos e as despesas variáveis: ligados aos recursos consumidos 
de maneira direta no processo produtivo multiplicado pelo volume 
produzido.
• As despesas variáveis: ligadas aos recursos variáveis consumidos nos 
gastos de apoio, tais como: comissões de vendedores e de agentes. No 
caso de comércio exterior, uma despesa variável seria a despesa gerada 
pela movimentação de mercadoria na alfândega, a qual liga-se em função 
direta à quantidade de mercadoria comercializada internacionalmente.
24
 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
Conseguindo estabelecer esses três dados, calcula-se a Margem de 
Contribuição, que possui a seguinte base de cálculo:
Margem de Contribuição = Receitas – Custo Variável – Despesas Variáveis
A análise do Método de Custeio Variável possui toda uma dinâmica de 
cálculo, conforme veremos no seguinte fl uxograma:
Figura 2 - Método de custeio variável
( - ) Custo Fixo 
( - ) Despesa Fixa
( = ) Lucro Operacional
Margem Contribuição
( - ) CP.V
( - ) Despesa Variável
Vendas
RESULTADO
Estoque
Próprio 
e Geral
Próprio 
e Geral
Fixo
Fixo
Despesas 
Administrativas 
e Vendas
Custos de 
Produção
Variável
Variável
Fonte: Knuth (2012, p. 41).
Na fi gura anterior, a sigla CPV signifi ca Custo do Produto Vendido. Essa 
nominação aplica-se para processos industriais. Para as empresas comerciais, 
aplica-se o Custo da Mercadoria Vendida (CMV) e, para empresas de serviços, 
aplica-se Custo do Serviço Prestado (CSP). Esse fl uxograma de custos demonstra 
claramente a separação entre custos em função de seu comportamento variável 
ou não, conforme a seguinte lógica de apuração:
• Separa-se o consumo de recursos na produção entre os custos variáveis 
e fi xos, encaminhando-os para serem incorporados ao valor dos 
estoques. Valor de estoques que vai se convertendo em CPV à medida 
que vão acontecendo asvendas.
• Separam-se as despesas entre variáveis e fi xas, encaminhando-as para 
serem incorporadas ao valor de estoques.
• Determina-se o volume de estoques que foram encaminhados para 
efetivar vendas, assim, essa saída de estoques converte-se em CPV 
(Custo do Produto Vendido).
• Apura-se a Margem de Contribuição, isto é, o valor das vendas 
(receitas) menos o CPV.
25
RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 
• Apura-se o Lucro Operacional, que é o resultado da Margem de 
Contribuição menos os custos fi xos e despesas fi xas.
A margem de contribuição é fundamental para qualquer análise de foco 
operacional/fi nanceiro e servirá também para fazer a apuração da necessidade 
de capital de giro. Conhecendo a margem de contribuição e o peso dos custos e 
despesas fi xas, as empresas conseguem identifi car níveis críticos da capacidade 
de produção e de capital de trabalho (de giro).
b) A DRE e a dinâmica na análise dos custos variáveis e fi xos
No método por custeio variável, existem muitos elementos de cálculo. No 
entanto, se fi zermos esse cálculo de maneira sistemática, veremos que não é tão 
difícil assim. Lembre-se: no Método de Custeio Variável, a chave é determinar a 
Margem de Contribuição e o valor total dos Custos Fixos e Despesas Fixas. A 
seguir, montaremos o passo a passo deste método utilizando um exemplo prático.
Quadro 6 - Análise de custos pelo seu comportamento: 1º semestre
Consumo Pro-
dução
Volume 
Produção Custo Unitário
Custos Variáveis R$ 94.990
23.000
R$ 4,13
Despesas Variáveis R$ 32.890 R$ 1,43
Variável Total R$ 127.880 R$ 5,56
Fonte: O autor.
Você pode observar no quadro anterior que no custo unitário do produto fi cam 
incorporados somente os custos e os gastos de comportamento variável. Qual é 
o objetivo de incorporar as despesas variáveis ao custo unitário e à Margem de 
Contribuição se as despesas são consideradas “gastos de apoio”?
• O objetivo é vincular todos os gastos (sejam custos ou despesas) que 
vão mudando à medida que a produção aumentar ou diminuir e, assim, 
medir a necessidade de recursos de curto prazo (capital de giro).
Fazendo essa separação, entre consumo de recursos variáveis e fi xos, pode-
se facilmente analisar qualquer mudança nos volumes de produção e seu impacto 
no incremento do uso de recursos para conseguir essa produção. Vamos voltar 
para a situação exposta anteriormente, mudando a produção de 23.000 para 29.000 
durante o segundo semestre. É obvio que esse aumento representará um acréscimo 
praticamente proporcional dos custos e despesas variáveis, mas de quanto? 
26
 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
Quadro 7 - Análise de custos pelo seu comportamento: 2º semestre
Consumo Produção Volume Produção Custo Unitário
Custos Variáveis R$ 119.770
29.000
R$ 4,13
Despesas Variáveis R$ 41.470 R$ 1,43
Variável Total R$ 161.240 R$ 5,56
Fonte: O autor.
Observe que não houve aumento nem dos custos, nem das despesas variáveis 
em termos unitários, porém, houve aumento dos valores totais. Isso acontece 
simplesmente porque o volume de venda e produção aumentou, mas, de maneira 
proporcional, ao gasto unitário. Assim, o custo total passou de R$ 128.880,00 para 
R$ 161.240,00, mas o custo variável unitário manteve-se igual em R$ 5,56. O 
aumento proporcional desses custos e despesas variáveis é recorrente do aumento 
no uso de insumos e despesas diretas (tipo comissões de vendas), os quais 
aumentam diretamente em função do aumento da produção e vendas.
Em termos de projeções, esses custos e despesas variáveis são 
a dose exata de consumo de recursos por cada unidade produzida 
multiplicado pelo volume de produção durante um período determinado, 
sendo um dos elementos para analisar necessidade de capital de 
giro. Agora, tendo em mãos esses valores de custos registrados na 
produção, iremos usá-los na apuração da Margem de Contribuição e, 
logo, no seguinte capítulo, na análise do capital de giro. 
A margem de contribuição total é vinculante à produção de um 
período específi co? Ou existe a possibilidade de vender mais do que foi 
produzido? Na dinâmica de volumes de venda e volume de produção, 
sempre se apresentam vendas maiores ou menores do que realmente 
foi produzido, refl etindo-se nos saldos de mercadoria a ser vendida. 
Vamos supor que foram vendidas 33.000 unidades, mas foi produzido 
no mesmo período 29.000, isto é, 4.000 unidades a mais de vendas, 
puxando essas 4.000 unidades do saldo de estoques. Lembre-se: o 
consumo de recursos no processo de fabricação alimenta os valores dos estoques 
de produto terminado. Assim, se a empresa vendeu mais do que ela produziu 
nesse semestre, quer dizer que tinha saldo de mercadoria produzida do semestre 
anterior. Agora, se essa mercadoria foi vendida por R$ 7,50 a unidade, de quanto 
será a margem de contribuição? 
Em termos de 
projeções, esses 
custos e despesas 
variáveis são 
a dose exata 
de consumo de 
recursos por cada 
unidade produzida 
multiplicado pelo 
volume de produção 
durante um período 
determinado, sendo 
um dos elementos 
para analisar 
necessidade de 
capital de giro. 
27
RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 
Lembre-se de que:
Margem de Contribuição = Receitas - Custo Variável - Despesas Variáveis
Quadro 8 - A margem de contribuição
APURAÇÃO DAS VENDAS
Preço Unitário Volume de Vendas Valor Vendas
Produto R$ 7,50 33.000 R$ 247.500
APURAÇÃO DOS CUSTOS E GASTOS VARIÁVEIS
Custos e Despesas 
Variáveis
Volume 
Vendido Custo Unitário
Custos Variáveis R$ 136.290
33.000
R$ 4,13
Despesas Variáveis R$ 47.190 R$ 1,43
Variável Total R$ 183.480 R$ 5,56
APURAÇÃO DA MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO
Custos e 
Despesas 
Variáveis
Volume 
Vendido
Valor 
Unitário Porcentagem
Receitas R$ 247.500
33.000
R$ 7,50 100,00%
Custos e Despesas 
Variáveis R$ 183.480 R$ 5,56
 
74,13%
Margem de Contribuição R$ 64.020 R$ 1,94 25,87%
Fonte: O autor.
Dessa apuração, consegue-se ver que existem três informações 
fundamentais:
• Valores Totais: vendas de R$ 247.500; Custos e Despesas Variáveis de 
R$ 183.480; e Margem de Contribuição de R$ 64.020.
• Valores Unitários: preço de venda unitário de R$ 7,50; Custos e 
Despesas Variáveis unitárias de R$ 5,56; e uma Margem de Contribuição 
unitária de R$ 1,94.
• Porcentagens em função das vendas totais: vendas 100%; Custos e 
Despesas Variáveis 74,13%; e Margem de Contribuição de 25,87%.
Para objetivos de análise, os valores mais importantes são os unitários do 
preço de venda, os custos e as despesas unitárias, a margem de contribuição 
28
 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
unitária e as porcentagens de proporcionalidade desses valores unitários, 
visando visualizar o potencial de lucro por tipo de mercadoria e o capital de giro 
necessário ao processo operacional.
Esses dados são importantes porque, em função deles, o gestor consegue 
analisar vários cenários de produção e vendas para a tomada de decisão 
gerencial e o volume de investimento e capital de giro. Assim, para efeitos de 
análise, apresentam-se:
• Valores monetários totais da margem de contribuição: observando 
a entrada (receitas) e o gasto (custos e despesas variáveis) de recursos 
monetários do processo produtivo.
• Valores Unitários: observando como vai se comportando a margem de 
contribuição em termos unitários. É a chave para analisar precifi cação, 
ou seja, defi nir o preço unitário de venda e a potencial geração de lucro.
• Valores em porcentagens: observando a dinâmica em termos de 
proporcionalidade, fundamental para a análise sem precisar entrar nos 
detalhes monetários de custos individuais. Isso ajuda muito a análise 
gerencial.
A Margem de Contribuição é uma das ferramentas de gestão mais importantes 
da análise de custos e de recursos a serem usados no curto prazo (capital de giro). 
Segundo Lunkes (2004, p. 121), “[...] margem de contribuição é a quantia de receita 
que permanece depois de deduzir os custos e despesas variáveis”.
c) Análiseda DRE pelo método de custeio variável
A análise da DRE pelo Método de Custeio Variável serve somente para fi ns 
gerenciais, para fi ns contábeis. Conforme as normas contábeis, deve-se usar o 
método por absorção. O foco do custeio variável é observar a dinâmica das contas, 
ou seja, quais destas são fi xas e quais são variáveis. É em função dessa dinâmica 
que vamos “quebrar” a DRE em duas grandes fases: na primeira, consideram-
se as receitas menos todos os custos e despesas que sejam variáveis; e, na 
segunda, consideram-se todos os custos e despesas que sejam fi xas. 
Quadro 9 - Demonstração do Resultado do Exercício - DRE - pelo método 
variável, visando à análise do comportamento dos custos e despesas
29
RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 
Fonte: O autor.
No cálculo exposto, entre as coisas importantes a se observar, é que a 
DRE, convertida ao método variável, possui uma estrutura de análise tanto de 
percentuais como de valores unitários, considerando que:
• As vendas representam 100% e os custos variáveis representam 37,60% 
do volume vendido, ou seja: 37,60%= 673.380
1.791.000
, ou 37,60%= 74,82
199,00
.
• As comissões pagas aos vendedores representam 5% do valor total das 
vendas, ou seja: 5,00%= 89,550
1,791.000
, ou 5,00%=114,23
199,00
.
• A margem de contribuição gerada foi de 57,40% do total das vendas, ou 
seja: 57,40%=1,028.070
1,791.000
, ou 57,40%=114,23
199,00
.
• Os custos e gastos fi xos foram de 44,55%, ou seja: 44,55%= 797.850
1,791.00
, 
ou 44,55%= 88,65
199,00
.
• A geração de lucro representa 12,85% do total das vendas, ou seja: 
12,85%= 230.220
1,791.000
 , ou 12,85%= 25,58
199,00
.
Nesta análise, o foco é observar o comportamento dos custos fi xos e 
variáveis, o que será a base para determinar o ponto de equilíbrio, em função 
da margem de contribuição unitária e dos custos fi xos totais.
30
 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
Atividades de Estudos:
1) Tanto o método de custeio por absorção como o custeio variável 
possuem como objetivo analisar o resultado da Demonstração 
do Resultado do Exercício (DRE), mas por sistemas de apuração 
diferentes. A seguir, desenvolva o cálculo da DRE em função 
destes dois métodos, levando em consideração os seguintes 
valores e formato da DRE:
31
RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 
Nesse caso, o lucro mensal da empresa, calculado pelo Método 
de Custeio por Absorção e pelo Método de Custeio Variável, é igual, 
respectivamente, a:
a) ( ) R$ 100.000,00 e R$ 180.000,00.
b) ( ) R$ 150.000,00 e R$ 130.000,00.
c) ( ) R$ 210.000,00 e R$ 240.000,00.
d) ( ) R$ 240.000,00 e R$ 220.000,00.
e) ( ) R$ 244.000,00 e R$ 234.000,00.
2) Uma empresa de comercialização de doces pretende adotar um 
controle de custos. O Método de Custeio por Absorção e o Método 
de Custeio Variável são os indicados para tais necessidades. 
A tabela a seguir resume as informações necessárias para as 
decisões a serem tomadas.
32
 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
6 PONTO DE EQUILÍBRIO OPERACIONAL 
E SUA DINÂMICA
O Ponto de Equilíbrio Operativo (PEO) é mais um aprofundamento do 
Método de Custeio Variável, e seu objetivo é determinar o ponto crítico de 
produção, dentro de uma estrutura operativa. Observe que, para identifi car o PEO, 
é necessário saber a Margem de Contribuição (Receitas – Custos e Despesas 
variáveis), os custos e as despesas fi xas.
Toda gestão de custos efi ciente precisa identifi car o ponto de equilíbrio de 
suas operações, por meio dele, enxerga-se o ponto de ruptura, ou seja, seu 
divisor de águas. A partir do PEO, a empresa começa a ter geração de lucro se o 
volume de vendas aumentar ou prejuízo se o volume de vendas diminuir. Assim, 
o Ponto de Equilíbrio é o nível onde o total das receitas deverá ser igual ao 
total de todos seus custos e despesas, gerando lucro zero.
• Acima desse nível crítico, as receitas superam o total de custos e 
despesas, ou seja, há geração de lucro.
• Abaixo desse nível crítico, os custos totais superam as receitas, ou seja, 
há prejuízo.
O conceito parece simples, mas o importante é saber como identifi car esse PEO!
a) Exemplifi cação do ponto de equilíbrio
Para identifi car o ponto de equilíbrio, devemos ter os elementos de análise 
da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), feito pelo método de custeio 
variável. Nele estudamos sobre o comportamento da DRE em função do nível 
de vendas, os custos variáveis e os custos fi xos. Nessa análise, foi observado 
o comportamento dos custos quando o nível de vendas estava em um patamar 
referencial de 9.000 unidades, gerando lucro de R$ 230.220,00. 
No entanto, se mudarmos o volume de vendas para 6.985 unidades, o que 
vai acontecer com a geração de lucro? Óbvio que será menor, pois se apresentam 
vendas menores e os custos fi xos fi cam iguais, conforme se apresenta a seguir.
33
RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 
Quadro 10 - DRE (Método Variável) e lucro zero (Ponto de Equilíbrio)
Fonte: O autor.
Assim, nesse nível de vendas de 6.985 unidades, o lucro gerado será de zero! 
Isto é, esse nível de vendas representa o ponto crítico das operações, ou seja, 
o Ponto de Equilíbrio Operativo (PEO). Acima de 6.985 unidades vendidas, 
a empresa gera lucro; e abaixo dessas 6.985 unidades, a empresa começa a 
gerar prejuízo. Sabendo o valor do PEO, a empresa consegue estabelecer um 
ponto referencial crítico de suas operações. Por isso a importância de saber a 
dinâmica do Método de Custeio Variável.
 
São essenciais ao PEO tanto a margem de contribuição unitária como os 
custos fi xos. Em função disso, devem-se seguir os seguintes passos para apurar 
o PEO, identifi cando:
1. O valor da venda unitário e o valor dos custos e despesas variáveis.
2. O valor da Margem de Contribuição Unitária.
3. O valor dos custos e despesas totais fi xas.
4. A divisão entre os custos e despesas fi xas totais e o valor unitário da 
Margem de Contribuição.
A seguir, exemplifi caremos o PEO do nosso exercício anterior conforme os 
passos expostos.
34
 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
Quadro 11 - Apuração do Ponto de Equilíbrio Operacional (PEO)
Margem de Contribuição 
Unitária
Venda Unitária – Custo Variável Unitário – Despesas 
Variáveis Unitárias
Margem de Contribuição 
Unitária R$ 199,00 – R$ 74,82 – R$ 9,95
Margem de Contribuição 
Unitária R$ 114,23
Ponto de equilíbrio Operacional (PEO)
Custos e Despesas Fixas
Margem de contribuição Unitária
Ponto de equilíbrio Operacional (PEO) R$ 797.850
R$ 114,23
Ponto de equilíbrio Operacional (PEO) 6.984,59  6.985
Fonte: O autor.
Se aplicarmos esse nível de vendas, de 6.985 unidades em função do preço 
de vendas e a estrutura de custos, veremos que o lucro do exemplo será de zero. 
A dinâmica do PEO é simples, acima dele, a empresa começa a gerar lucro e 
abaixo dele, a empresa começa a gerar prejuízo operacional, conforme podemos 
observar na dinâmica do gráfi co exposto na fi gura a seguir.
Figura 3 - Dinâmica do Ponto de Equilíbrio (PEO)
Fonte: Disponível em: <http://fi nancas-em-foco.blogspot.com.
br/2012/02/ponto-de-equilibrio.html>. Acesso em: 8 jan. 2018.
b) O peso e sua dinâmica
Um dos elementos-chave do Ponto de Equilíbrio Operacional (PEO) é a 
proporcionalidade dos custos variáveis e o peso dos custos fi xos. Tanto os custos 
como as despesas variáveis sempre manterão uma mesma proporcionalidade, 
conforme o volume de vendas, porém, o peso dos custos fi xos vai fi cando mais 
35
RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 
leve, ou mais pesado à medida que mudar a produção. Na estrutura de custos do 
exemplo exposto, apresenta-se:
Os custos e as despesas variáveis fi cam sempre em 42,60% sobre o preço de 
venda unitário, isto é, a somatória do custo variável é de 37,60%, R$ 74,82
R$ 199
x100 , 
mais as comissões de vendedores de 5,00%, R$ 9,95
R$ 199
x100 .
A porcentagem da Margem de Contribuiçãofi ca estável em 57,40%, 
R$ 114023
R$ 199
x100 . Fica estável em termos proporcionais, seja se a empresa 
vender pouco ou muito. Se a empresa vender pouco essa proporcionalidade fi ca 
igual em 57,40%; assim, mesmo se vender muito, fi ca igual em 57,40%.
Os custos e as despesas fi xas não mudam, eles fi cam sempre em R$ 
797.850. Se a empresa vender mais, o peso dos custos fi xos será menor, todavia 
se vender menos, o peso será maior.
Dessa estrutura de custos, consegue-se defi nir que o PEO é apurado da 
seguinte maneira:
PEO
c) Deslocamento do PEO para um novo patamar
As empresas não são estáticas, elas possuem uma dinâmica própria que 
fi ca em função de diversas variáveis que acontecem continuamente, tais como: 
comportamento do consumidor (clientes), variação dos preços dos insumos 
(variação dos custos), aprimoramento de processos produtivos, aumento dos gastos 
administrativos etc. Assim, o PEO é mais uma representação de análise gerencial 
que de fato pode mudar, mudança que depende de dois grandes determinantes:
• Valor total dos custos e despesas fi xas.
• Valor da margem de contribuição unitária.
Com esses dois componentes é que se consegue apurar as 
unidades mínimas de produção para cobrir pelo menos os custos fi xos, 
ou seja, o PEO. No entanto, o Ponto de Equilíbrio Operacional pode 
mudar se a margem de contribuição sofrer alguma alteração ou se os 
valores totais dos custos fi xos mudarem, assim, com certeza, haverá 
um novo nível de análise do PEO, isto é, acontece se houver:
Custo e Despesas Fixas Totais
Margem de Contribuição Unitáriia
o Ponto de Equilíbrio 
Operacional pode 
mudar se a margem 
de contribuição 
sofrer alguma 
alteração ou se 
os valores totais 
dos custos fi xos 
mudarem
36
 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
• Mudanças no preço de venda unitário.
• Mudança nos custos e/ou nas despesas variáveis. 
• Mudança nos custos e nas despesas fi xas.
O PEO muda automaticamente quando se apresentam mudanças na 
dinâmica de custos. 
A fórmula de PEO é:
Custo e Despesas Fixas
Margem de Contribuição Unitária
Portanto, é sufi ciente que qualquer um desses dois componentes apresente 
alteração para que o ponto de equilíbrio mude de patamar. Isso poderia vir a 
acontecer, entre outras coisas, se houver:
• Mudança no preço unitário de venda em função das condições do 
mercado, comportamento e capacidade de compra do consumidor.
• Mudança no custo variável em função de:
o Novos custos de quaisquer dos insumos do processo produtivo, 
impactando no custo variável unitário.
o Aumento do custo da hora-homem na produção, que também faz 
parte do custo variável unitário.
o Aumento do custo da energia do processo produtivo.
• Mudança das despesas variáveis, uma comissão mais alta para 
aumentar as vendas, por exemplo.
• Mudança de qualquer um dos gastos que fazem parte do custo e 
gasto fi xo: aumento do aluguel da fábrica, aumento no salário mínimo, 
novo equipamento, entre outros.
Voltando para o nosso exemplo, observe como muda o PEO para um novo 
patamar, utilizando a DRE previamente estudada. O que pode acontecer com o 
PEO se houver um aumento de 3,9% no custo variável? A lógica nos fala que 
haverá uma mudança desse PEO, conforme quadro a seguir:
37
RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 
Quadro 12 - Mudança no PEC quando houver variação no custo e gasto fi xo
Detalhe PEO Inicial PEO Novo
Preço de Venda Unitário R$ 199,00 = 100,00% R$ 199,00 = 100,00%
Custo Variável Unitário R$ 74,82 = 37,60% R$ 77,74 = 39,07%
Despesa - Comissões R$ 9,95 = 5,00% R$ 9,95 = 5,00%
Margem de Contribuição R$ 114,23 = 57,40% R$ 111,31 = 55,93%
Custos Fixos R$ 797.850,00 R$ 797.850,00
Ponto de Equilíbrio Contábil PEC 6.985 Unidades 7.168 Unidades
Fonte: O autor.
Assim, o novo PEO é de 7.168 unidades, ou seja, para atingir o mínimo 
de vendas necessárias, para não gerar prejuízo, esse PEO aumentou de 6.985 
unidades para 7.168 unidades vendidas. Isto porque agora existem custos 
variáveis maiores, recorrentes, por exemplo, de um aumento nos insumos. No 
entanto, o que acontece se os custos e as despesas fi xas aumentarem também? 
Da mesma maneira, haverá um nível de PEO maior e, portanto, uma nova análise 
gerencial da geração de lucro e de necessidade de capital de giro. Esse capital de 
giro possui vínculo direto com o ciclo produtivo, na qual estudaremos no próximo 
capítulo.
A seguir, um case do uso de recursos na perspectiva de curto prazo e seu 
peso na gestão do capital de giro de AT&T, empresa dos Estados Unidos do ramo 
das comunicações.
AT&T
A Terceirização é Inevitável
A AT&T está entre as principais empresas de comunicação 
de voz, vídeo, e dados do mundo, atendendo a pessoas 
físicas e jurídicas e ao governo. Com respaldo na capacidade 
de pesquisa e desenvolvimento da AT&T Labs, a empresa 
administra a maior e mais sofi sticada rede mundial de 
comunicação.
Um de seus serviços é o de cartão telefônicos pré-pagos. 
Apesar da especialização na prestação de serviços de 
telecomunicação, a empresa tinha pouca experiência na 
administração dos processos da cadeia de suprimentos 
necessários para levar bens tangíveis e acabados a canais 
como lojas de conveniência e varejo de massa. A AT&T tomou 
a decisão estratégica de terceirizar as funções de gestão da 
cadeia de suprimentos de seu cartão pré-pago. Para isso, 
contratou a Accenture, uma empresa global de serviços de 
consultoria empresarial e tecnologia. 
A Accenture uniu-se à AT&T para desenvolver uma cadeia 
de suprimentos voltada para o cliente, que se integra todos 
os processos empresariais necessários - compras, produção, 
38
 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
programação, serviços de contas, armazenagem, atendimento, 
estoque, cobrança e administração de sistemas. Usando sua 
experiência em administração da cadeia de suprimentos, a 
consultoria transformou os processos de tomada de decisões 
de compras e estoque. Juntas, a AT&T e a Accenture reduziram 
os custos de produção em 15%, melhoraram a produtividade 
dos armazéns em 25% e reduziram o estoque de matérias-
primas em 25%.
Reduzir o estoque de matérias-primas por meio da terceirização 
o de conversão para produção just-in-time pode diminuir a 
necessidade de capital de giro líquido, a diferença entre o 
ativo circulante de uma empresa – inclusive estoques – e seu 
passivo de capital para que seja, então, mais bem empregado 
pela empresa.
Satisfeita com a parceria com Accenture, a AT&T recorreu 
novamente a ela para desenvolver e levar ao mercado uma 
oferta nova e exclusiva chamada Prepaid WebCentsSM 
Service, uma alternativa segura para compras de conteúdo on-
line com cartões de crédito (GITMAN, 2010, p. 546).
É interessante observar no artigo a importância da cadeia de suprimentos 
(supply chain) na gestão do capital de giro. Quanto mais efi ciente ela é, menor 
será o capital de giro necessário às atividades operacionais de um negócio. Uma 
cadeia de suprimentos efi ciente depende de muitos fatores, no entanto, para 
se analisar o estado atual dessa cadeia de suprimentos, deve-se é observar a 
dinâmica do Giro Operacional (OP) e o Giro Financeiro (GF), quesito a ser 
estudado no próximo capítulo.
Atividades de Estudos:
1) As empresas consomem recursos para executar suas tarefas. 
Quando esse uso de recursos é usado diretamente nos centros 
de produção, é registrado como custo. Diferencie e cite exemplos 
entre Custo Direto e Custo Indireto de Fabricação (CIF).
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RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 
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2) A empresa de Madeira do Alto Vale Ltda., fornecedora de 
tábuas para diversas fábricas de móveis, deseja classifi car os 
seguintes gastos (consumo de recursos), como Mmatéria-prima 
e/ou insumos, MP/insumos; mão de obra direta - MOD; Custos 
Indiretos de Fabricação (CIF); e as despesas.
Itens Valores em R$ Classifi cação
Depreciação de equipamento 800,00
Troncos de madeira 18.550,00
Parafusos e porcas 1.350,00
Mão de obra, corte das tábuas 65.000,00
Supervisor de produção 7.800,00
Salários pessoal administrativo 15.780,00
Cola consumida 3.500,00
Depreciação galpão 3.700,00
Suprimentos centro de produção 2.600,00
Aluguel local de vendas 6.000,00
Depreciação máquinas e 
equipamento de produção
5.550,00
Depreciação equipamento 
administração
900,00
Combustível caminhões 
distribuição
3.800,00
3) Na execução das atividades de qualquer tipo de negócio existe 
a necessidade do uso de recurso. Esse consumo (ou gasto) de 
recursos, dependendo do objeto de custos, poderá ser custo ou 
despesa. A seguir, determine a sentença correta com relação ao 
uso de recursos:
a) ( ) O uso de recursos considerado como despesa é utilizado 
com a fi nalidade de satisfazer as necessidades de gasto 
geral durante as atividades dos centros de produção. Nesta 
situação, podemos considerar o aluguel e o gasto da energia 
de um galpão usado no processo de transformação.
40
 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
b) ( ) O uso de recursos considerado como despesa é utilizado 
com a fi nalidade de satisfazer as necessidades de apoio 
para fazer acontecer as atividades dos centros de produção. 
Nesta situação, podemos considerar o aluguel de várias lojas 
nos shoppings.
4) Os custos indiretos devem ser alocados ao custo unitário, eles 
refl etem o consumo de recursos nos processos de produção. 
Assim, o rateio é um sistema viável para incorporar os custos 
indiretos. Conforme os valores do quadro a seguir, incorpore os CIF 
ao custo dos dois produtos, e determine o custo unitário destes.
5) Uma parte importante da dinâmica dos custos é observar o 
comportamento dos custos em função de sua estrutura entre 
custos fi xos e variáveis. Assim, uma empresa poderá identifi car 
custos totais e unitários em diferentes níveis de produção. Diante 
disso, assinale a alternativa correta:
a) ( ) A diferença essencial entre custo variável e fi xo é que o 
variável pode mudar em cada período de análise de custos, 
pois há alguns recursos em que seus preços de compra 
aos fornecedores mudam mês a mês. Exemplo: o quilo de 
tomate para produzir molho concentrado muda de preço 
todas as semanas.
b) ( ) Entretanto, o custo fi xo é aquele que possui um preço de 
compra aos fornecedores estável mês a mês, este não 
muda de preço. Por exemplo: o aluguel da fábrica de molho 
de tomate, este possui contrato de custo fi xo por um ano.
41
RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 
c) ( ) A diferença essencial entre custo variável e fi xo é que o 
variável vai mudando em função das unidades produzidas, 
ou seja, é diretamente vinculado e dosifi cado ao volume 
produzido, exemplo: quanto mais quilos de pão produzir 
uma padaria, maiores serão os custos variáveis. Entretanto, 
os custos fi xos são um custo indireto que não aumenta à 
medida que aumenta a produção, estes se mantêm fi xos, 
exemplo: o aluguel da padaria, esse custo será pago cada 
mês independentemente se a padaria produzir 300 quilos 
ou 3.000 quilos de pão ao mês.
6) Uma das peças-chave do método de custeio variável é a apuração 
da Margem de Contribuição. Nesse sentido, assinale a alternativa 
correta:
a) Margem de contribuição defi ne-se como a margem bruta entre 
receitas menos os custos de produção, considerando o rateio de 
custos.
b) Margem de contribuição é a diferença entre as receitas menos os 
custos e despesas de comportamento variável.
c) Margem de contribuição vem a ser a contribuição logo dos 
custos unitários (diretos e indiretos) dos processos produtivos na 
capacidade de gerar lucro operativo antes das despesas.
7) As instituições utilizam o Ponto de Equilíbrio para defi nir o ponto 
crítico de suas operações. Considerando isso, a seguir, defi na 
o que é Ponto de Equilíbrio, e o que acontece com o resultado 
quando as vendas estão abaixo deste ponto de equilíbrio?
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8) Para poder identifi car o Ponto de Equilíbrio Operativo (PEO), deve 
ser identifi cado a margem de contribuição e os custos e despesas 
indiretos. Nesse contexto, a seguir, defi na o PEO, considerando 
os seguintes dados:
42
 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
• Preço unitário de vendas  R$ 160,00
• Custo de Produção Variável unitário  R$ 64,11
• Despesa Variável unitária  R$ 8,00
• Custos e despesas fi xas  R$ 674.400,00
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7 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Neste capítulo, abordamos alguns conceitos importantes de custos para 
visualizar melhor a dinâmica do capital de giro, assim, identifi camos quais custos 
são variáveis e quais são fi xos. 
Um aumento ou uma diminuição da atividade operacional causará um 
impacto direto no custo variável e uma mudança no peso do custo fi xo, e isso terá 
repercussões na dinâmica capital de giro.
Essas mudanças, tanto na estrutura como no próprio volume de produção e 
vendas, mexem no equilíbrio operacional de qualquer negócio e na necessidade 
de capital de giro, que pode ser medida por várias perspectivas.
43
RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 
REFERÊNCIAS
CREPALDI, S. A. Curso básico de contabilidade de custos. 2. ed. São Paulo: 
Atlas, 2002.
GITMAN, L. J. Princípios de administração fi nanceira. 12. ed. São Paulo: 
Pearson Prentice Hall, 2010.
KNUTH, V. Orçamento empresarial. Indaial: Uniasselvi, 2012.
LUNKES, Rogério João. Manual de contabilidade hoteleira. São Paulo: Atlas,
2004.
MARTINS, E. Contabilidade de custo. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MOREIRA, T. Setor de cartões propõe acabar com o parcelado sem juros. 
2018. Disponível em: <http://www.valor.com.br/fi nancas/5287067/setor-de-
cartoes-propoe-acabar-com-o-parcelado-sem-juros#>. Acesso em: 2 abr. 2018.
SILVA, R. N. S.; LINS, L. S. Gestão de custos: Contabilidade, controle e análise. 
2. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
44
 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
CAPÍTULO 2
CICLO DO CAPITAL DE GIRO
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Incorporar a dinâmica do Ciclo Operacional aos custos e despesas variáveis.
 Incorporar a dinâmica do Ciclo Financeiro aos prazos de pagamento aos 
fornecedores.
 Identifi car o capital de trabalho em função do ciclo fi nanceiro e da geração 
de custos.
 Estabelecer a sequência de giro do capital de trabalho.
 Utilizar os critérios do Ciclo Operacional.
 Avaliar o Ciclo Financeiro conforme a geração de custos.
 Relacionar a dinâmica da estrutura do Capital de Trabalho e o Ciclo Financeiro.
46
 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
47
CICLO DO CAPITAL DE GIROCapítulo 2 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Qual é o elo entre Capital de Giro e os processos operativos de uma 
organização? Basicamente, fi nanciar o abastecimento de recursos produtivos 
para viabilizar as operações. Diante disso, um dos objetivos do capital de giro é 
saber identifi car as necessidades de liquidez dos ciclos operacionais de cada um 
dos objetos de custos, que precisam de matéria-prima, insumos, mão de obra, 
entre outros.
Uma empresa produtora de laticínios precisa identifi car necessidades de 
recursos para cada um dos ciclos produtivos de seus produtos, isto é, processos 
produtivos do leite integral pasteurizado, do leite semi-integral pasteurizado, de 
seus diversos tipos de queijos, de seus iogurtes etc. Quais recursos operativos 
são necessários neste exemplo? A matéria-prima, o leite cru; os insumos diversos; 
a mão de obra, tanto direta como indireta; a manutenção do equipamento; o 
consumo de energia; os gastos administrativos; entre outros.
2 CICLO OPERACIONAL 
A base do capital de giro é determinada pelo fl uxo das operações e 
consumo de recursos das atividades operacionais em função dos objetos de 
custos, isto é, todos os processos de ordens de compra, estocagens, processos 
de transformação da matéria-prima, insumos, salários, entre outros gastos. O 
consumo de recurso produtivo objetiva dar continuidade à produção constante 
apurada por meio dos tempos de consumo destes recursos.
Voltando ao exemplo da indústria de laticínios e sua relação entre consumo de 
recursos e objetos de custos, esses objetos de custos poderiam ser visualizados 
como cada um dos produtos a serem ofertados pela empresa de laticínios. Embora 
complementares, cada um destes produtos pode ser identifi cado como objeto de 
custos diferenciados com seus respectivos ciclos operacionais. Por exemplo, o 
leite integral pasteurizado terá um ciclo produtivo de, no máximo, uma hora, a 
produção de soro de leite mais uma hora, e a produção de queijo prato pode 
demorar alguns dias, ou semanas, até o queijo madurecer no ponto desejado.
Para ilustrar, observe a seguir um fl uxograma do processo de produção de 
dois produtos de laticínios 100% complementares, ou seja, os dois nascem do 
mesmo processo: a fabricação de soro de leite e o queijo prato, sendo que o 
queijo continua com mais um passo, o processo do amadurecimento.
48
 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
Figura 1 - Processo de produção de soro de leite e queijo
Adição de coalho Recepção de leite cru
Soro de leiteDessoragem
Corte da 
coalhada/mexedura
Repouso/coagulação 
(45 minutos)
Resfriamento (35 ºC)
Pasteurização (65 
°C/30 minutos)
Adição do 
cloreto de 
cálcio
Fonte: Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0101-20612009000100006>. Acesso em: 2 abr. 2018.
Figura 2 - Processo de Maturação de Queijos
Fonte: Disponível em: <http://www.lilies-diary.com/unterwegs-der-emilia-
romagna-der-himmel-des-gaumenfreunds/>. Acesso em: 2 abr. 2018.
49
CICLO DO CAPITAL DE GIRO Capítulo 2 
No exemplo exposto anteriormente, podemos visualizar a 
complexidade dos processos de fabricação de uma indústria, no caso 
de uma indústria de laticínios de uma só matéria-prima (leite cru), que 
consegue produzir diversos produtos com processos de produção 
específi cos, sendo que todos esses processos demandam de capitais 
de giro específi cos em função de seus objetos de custos. Agora, 
imagine uma indústria que produz diversos produtos derivados do 
plástico, observe que a maioria dos produtos que você consume possui plástico.
Devemos observar que, apesar de a maioria das empresas possuir mais de 
um objeto de custos, neste capítulo, para facilitar o aprendizado, estudaremos 
como se existisse um só objeto de custos. Os ciclos operativos de qualquer 
processo operativo são diretamente dependentes do giro de capital necessário para 
conseguir dar conta de todas as atividades envolvidas nas atividades operacionais, 
que começam com o momento da compra, a estocagem de insumos, o processo de 
transformação, venda, a distribuição nos pontos de consumo e os clientes.
Todo esse vínculo, entre os ciclos operacionais e suas respectivas 
necessidades de caixa, pode ser visualizado, fi nanceiramente, por meio 
das contas do Ativo Circulante, e sua contrapartida de fi nanciamento 
por meio das obrigações geradas no Passivo Circulante, tema a 
ser estudado no Capítulo 3. Assim, podemos observar que há um 
vínculo entre a análise inicial dos índices de liquidez e seu respectivo 
aprofundamento nos ciclos operacionais para gerar o capital de giro 
essencial às necessidades do negócio. Como se consegue analisar 
o capital de giro, além dos índices de liquidez? Por meio dos ciclos 
operacionais, conforme estudaremos a seguir.
a) Tempos do ciclo operacional
Uma maneira para determinar esses tempos de consumo de recursos é através 
do ciclo operacional das atividades operacionais. Para isso, devem ser defi nidos os 
seguintes prazos médios das atividades durante o processo operacional:
• PME: o Prazo Médio de Estoques, que é defi nido em dias. O PME defi ne 
os estoques necessários para manter o fl uxo contínuo da produção.
• PMP: Prazo Médio de Produção, que é estabelecido em dias. O PMP 
depende do tempo médio de transformação do processo de produção.
• PMR: o Prazo Médio das Duplicatas a Receber, que é estabelecido em 
dias. O PMR é o tempo médio que demoram as vendas para se liquidar.
Todos esses 
processos 
demandam de 
capitais de giro 
específi cos em 
função de seus 
objetos de custos.
Todo esse vínculo, 
entre os ciclos 
operacionais e 
suas respectivas 
necessidades 
de caixa, pode 
ser visualizado, 
fi nanceiramente, por 
meio das contas do 
Ativo Circulante, e 
sua contrapartida de 
fi nanciamento por 
meio das obrigações 
geradas no Passivo 
Circulante
50
 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
Ciclo Operativo  CO = PME + PMR
CO 
PME 
PMP 
PMR 
Ciclo Operacional
Prazo Médio de Estoques
Prazo Médio de Produção
Prazo Médio de Duplicatas a Receber
A fórmula anterior é a representação mais simplifi cada possível do CO, 
porém, atrás de cada um dos elementos que fazem parte do ciclo operacional, 
existe todo um processo de produção com diferentes níveis de complexidade, 
conforme as demandas da engenheira de produção, como foi visto no exemplo da 
indústria de laticínios. Contudo, de quais elementos dependerá a apuração destes 
prazos médios? 
• PME: Prazo Médio de Estocagem. O PME depende da análise dos 
processos produtivos e dos tempos logísticos de entrega dos insumos 
necessários para o processo produtivo. Vamos supor que uma fábrica de 
móveis, para garantir seus fl uxos operativos, possui um PME de 25 dias, 
logo, PME = 25 dias.
• PMP: Prazo Médio de Produção. O PMP depende dos processos de 
transformação das matérias-primas e insumos em unidades de produto 
acabado. Vamos supor que uma fábrica de móveis precisa de 12 dias de 
processos de transformação, logo, PMP = 12 dias.
• PMEA: Prazo Médio de Estocagem Produto Acabado. O PMEA 
depende do ciclo médio de saída da estocagem do produto acabado. 
Vamos supor que a fábrica precisa de 10 dias para garantir a saída do 
produto, logo, PMEA = 10 dias.
• PMR: Prazo Médio de Duplicatas a Receber. O PMR depende do prazo 
de pagamento dos principais clientes, no caso da fábrica de móveis 
poderia ser das diferentes lojas de varejo. Vamos supor que esse prazo 
médio é de 60 dias, logo, PMR = 60 dias.
As empresas devem defi nir muito bem esses prazos médios, que são 
estabelecidos pela gestão de estoques conforme a logística e processos de 
transformação das operações das diversas atividades que uma organização 
possa apresentar. Assim, uma vez estabelecidos esses prazos médios é que se 
pode apurar o ciclo operacional, utilizando a seguinte fórmula:
51
CICLO DO CAPITAL DE GIRO Capítulo 2 
Uma vez feita essa apreciação de prazos médios, temos os meios para 
calcular o ciclooperativo (C0), sendo, neste caso:
CO = PME + PMP + PMEA + PMR  CO = 25 dias + 12 dias + 10 dias + 60 dias.
CO = 107 dias.
Qual seria sua apreciação desse CO de 107 dias? Esses 107 dias representam 
o prazo médio que a empresa demora para recuperar os recursos investidos no 
capital de giro de seu processo de produção. Ele é um “prazo médio” porque, de 
modo geral, as empresas possuem uma margem de erro de alguns dias, assim, 
esse prazo médio é uma média estatística. Segundo Gitman (2010, p. 549):
O ciclo operacional (CO) de uma empresa é o período de 
tempo que vai do começo do processo de produção até o 
recebimento de caixa resultante da venda do produto acabado. 
O ciclo operacional abrange duas principais categorias de ativo 
de curto prazo: estoque e contas a receber.
No exemplo com o qual estamos trabalhando, esses 107 dias representam 
o tempo “médio” que demorará para o investimento no capital de giro ser 
recuperado, isto é, desde a ordem de compra, a entrada dos estoques, até a 
recuperação das vendas. Observe que qualquer aumento ou diminuição desses 
prazos médios mudarão o CO, por exemplo:
• Se por questões de manutenção de equipamento o PMP mudar de 
25 dias para 30 dias, logo o CO mudará de 107 para 112 dias. Isso 
signifi ca que a empresa precisará de maior capital de giro, isto é, maior 
investimento nas suas necessidades monetárias para fi nanciar suas 
operações.
• Se por aprimoramentos e inovações dos processos produtivos (por 
exemplo: compra de equipamento com tecnologia de ponta e que possa 
demandar de menor tempo de manutenção) o PMP reduzir para 17 dias, 
logo o CO mudará de 107 para 99 dias. Isso signifi ca que a empresa 
precisará de menor capital de giro, isto é, menor investimento nas suas 
necessidades monetárias para fi nanciar suas operações.
Nesta seção, foi observada a necessidade de liquidez para comprar os 
materiais necessários à produção e a demora desse investimento para se tornar 
caixa, desde o momento da compra até o momento da liquidação das vendas a 
prazo. Nesta análise do ciclo de tempo, que demora em retornar o investimento 
em capital de giro, falta ainda mais um elemento de análise operativo, o tempo de 
fi nanciamento por parte dos fornecedores a ser estudado no ciclo fi nanceiro (CF) 
ou conversão de caixa.
52
 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
3 CICLO FINANCEIRO (CF)
O ciclo fi nanceiro (CF) ou ciclo de conversão de caixa, 
basicamente, é o CO menos os saldos das Contas a Pagar, ou seja, 
o Prazo Médio de Pagamento (PMP). Por que se deve descontar o 
PMP? Se você observar o capital de giro, tem a fi nalidade de fi nanciar 
os recursos produtivos, de curto prazo, a serem usados nos processos 
de transformação, e, de fato, o Prazo Médio de Pagamento (PMP) é 
uma fonte de fi nanciamento desse capital de giro, assim, ele reduz a 
necessidade de fi nanciamento da liquidez.
[...] O processo de produção e venda de um produto também 
inclui a compra a prazo de insumos de produção (matérias-
primas), resultando em contas a pagar a fornecedores. Estas 
reduzem o número de dias de recursos de uma empresa 
comprometidos com o ciclo operacional. O tempo até a 
quitação das contas a pagar a fornecedores, medido em dias, 
é o prazo médio de pagamentos (PMP). O ciclo operacional 
menos o prazo médio de pagamento é chamado de ciclo de 
conversão de caixa (CCC) e representa o prazo pelo qual os 
recursos da empresa fi cam aplicados (GITMAN, 2010, p. 549).
Nesse sentido, embora o capital de giro destine recursos monetários para 
fazer acontecer esse ciclo operacional (CO), há um elemento contínuo de 
fi nanciamento de parte desse mesmo capital de giro, as Contas a Pagar aos 
fornecedores. Por isso o nome ciclo fi nanceiro (CF), porque considera o elemento 
de fi nanciamento dos fornecedores na Conversão de Caixa Operacional. Essa 
conversão contínua de caixa vinda das operações pode ser apurada por meio de 
cálculo matemático simples, da seguinte maneira:
O capital de giro, 
tem a fi nalidade 
de fi nanciar os 
recursos produtivos, 
de curto prazo, 
a serem usados 
nos processos de 
transformação, e, de 
fato, o Prazo Médio 
de Pagamento 
(PMP) é uma fonte 
de fi nanciamento 
desse capital de 
giro, assim, ele 
reduz a necessidade 
de fi nanciamento da 
liquidez.
Quadro 1 - Conversão de caixa
(+) Ciclo Operacional (CO) Como já vem se estudando, o CO mede o prazo mé-
dio de toda a cadeia produtiva para converter em 
caixa as receitas vindas das operações.
(-) Prazo Médio de Pagamento 
(PMP)
O PMP depende dos prazos de pagamento negocia-
dos com todos os fornecedores, prazo apurado por 
meio dos saldos registrados no Passivo Circulante 
durante o período da análise.
(=) Ciclo Financeiro (CF)
• Conversão de Caixa
Como o pagamento aos fornecedores é uma con-
stante operacional, vira elemento de redução da ne-
cessidade de Capital de Giro operacional.
Fonte: O autor.
53
CICLO DO CAPITAL DE GIRO Capítulo 2 
Para conseguir entender melhor o CF, pense no seguinte: se não houver 
fi nanciamento dos fornecedores, a compra de insumos será à vista, o que 
acontecerá com o valor a ser pago do ciclo do capital de giro? Esse capital de 
giro deverá ser pago dentro da média de dias apurada no ciclo operacional (CO). 
Neste caso hipotético, como não há fi nanciamento por parte dos fornecedores, as 
compras devem ser pagas no momento da entrada desses insumos aos estoques. 
No entanto, a maioria dos negócios possuem acordos de prazos de pagamentos 
com seus fornecedores (pois são compras contínuas, só param se a empresa 
parar de produzir). Esse prazo de pagamento é um elemento de fi nanciamento 
constante do capital de giro. É por isso que esse prazo médio de pagamento 
(PMP) é descontado do CO, para assim conseguir apurar um referencial de 
capital de giro operacional e seu ciclo de conversão de caixa, conforme você 
pode observar na fi gura a seguir:
Figura 3 - Conversão de caixa operativa - ciclo fi nanceiro (CF)
Fonte: Disponível em: <http://slideplayer.com.br/slide/1257043/3/images/11/Ciclo+de+
convers%C3%A3o+de+caixa.jpg%20N>. Acesso em: 2 abr. 2018.
54
 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
Na fi gura exposta, fi ca claro como funciona a dinâmica do ciclo fi nanceiro 
(CO) ou ciclo de conversão de caixa. Agora, devemos levar em consideração que, 
na vida real, esse CF pode apresentar alterações nos seus prazos médios. Por 
conta disso, as empresas, constantemente, estão fazendo gestão para aprimorar 
os elementos que fazem parte do ciclo fi nanceiro, isto é:
• (+) PME = Prazo Médio de Estocagem. O PME depende da análise dos 
processos produtivos e dos tempos logísticos de entrega dos insumos 
necessários para o processo produtivo. Vamos supor que uma fábrica de 
móveis, para garantir seus fl uxos operativos, possui um PME de 25 dias. 
Logo, PME = 25 dias.
o Assim, aprimorar a gestão de estoques visa reduzir o Prazo Médio 
de Estoques (PME). Se conseguir reduzir o PME, haverá um menor 
CO, logo, menor CF e menor capital de giro.
• (+) PMP = Prazo Médio de Produção. O PMP depende dos processos 
de transformação das matérias-primas e insumos em unidades de 
produto acabado. Vamos supor que uma fábrica de móveis precisa de 12 
dias de processos de transformação. Logo, PMP = 12 dias.
o Assim, aprimorar e inovar processos de transformação visa reduzir 
o Prazo Médio de Produção (PMP). Tanto o PME como o PMP 
estão interligados. Ao existir uma efi ciente programação de produção 
na área de estoques, pode-se planejar visando minimizar o volume 
de estoques necessários.
• (+) PMEA = Prazo Médio de Estocagem Produto Acabado. O PMEA 
depende do ciclo médio de saída da estocagem do produto acabado. 
Vamos supor que a fábrica precisa de 10 dias para a saída do produto. 
Logo, PMEA = 10 dias.
o Assim, aprimorar a necessidade de manter estoques de produto 
acabado visa reduzir o Prazo Médio de Estocagem Produto 
Acabado (PMEA). Muitos negócios têm que ter estoques de produto 
acabado, para assim garantir

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