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ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autoria: Jose Alfredo Pareja Gomez De La Torre CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Cristiane Lisandra Danna Norberto Siegel Camila Roczanski Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Bárbara Pricila Franz Marcelo Bucci Revisão de Conteúdo: Bárbara Pricila Franz Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2018 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. L358a La Torre, José Alfredo Pareja Gomez De Administração do capital de giro. / José Alfredo Pareja Gomez De La Torre – Indaial: UNIASSELVI, 2018. 153 p.; il. ISBN 978-85-53158-47-8 1.Capital de giro – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 658.15244 José Alfredo Pareja Gomez de La Torre Educação: Graduado em Administração de Empresas, e Ciências Políticas e História; Pós- Graduação em Finanças; Pós-Graduação em Gestão Educacional a Distância: e Pós-Graduação em Gestão Ambiental. Mestrando: programa de mestrado Massachusetts Institute of Technology (MIT) em Estadística e Desenvolvimento Econômico. Experiência nas seguintes áreas: • Sete anos de vivencia como professor de ensino superior nos curso de administração, nas áreas de Finanças, Comércio Exterior e Economia, no Grupo Uniasselvi, www. grupouniasselvi.com.br. • Publicações, livros técnicos nas seguintes áeras: Análise de Balanço e Concessão de Crédito, Análise de Projetos. Comércio Exterior, Economia, Gestão de Custos no Setor Público, Gestão de Projetos Públicos, Matemática Financeira e Comercial, Prática Cambial, Processos de Exportação e Importação. Currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv. do?id=K4491670E7 • Cinco anos na gestão bancaria comercial na área de leasing fi nanceiro e empréstimos para empresas. • Cinco anos na gestão administrativa e fi nanceira na área agroindustrial. • Três anos na gestão nos processos de exportação e vendas de produtos frescos perecíveis, para os mercados de Estados Unidos e da Europa. • Sete anos na representação de embalagens para agro- indústria de produtos perecíveis, no mercado exportador de fl ores e espargos da Colômbia e do Equador. Assim como: desenvolvimento de embalagem especial para exportação de perecíveis aos Estados Unidos. Língua materna Espanhol, fl uente em Inglês e Português. Sumário APRESENTAÇÃO ..........................................................................07 CAPÍTULO 1 Recurso Operativo de Curto Prazo ........................................09 CAPÍTULO 2 Ciclo do Capital de Giro ............................................................45 CAPÍTULO 3 CAPÍTULO 4 Gestão do Capital de Trabalho .................................................79 Fontes do Capital de Giro ....................................................... 111 APRESENTAÇÃO O sucesso das operações empresariais muitas vezes depende de uma boa gestão da liquidez operacional, o que em outras palavras é conhecido como gestão do capital de giro. Essa boa gestão da liquidez depende de diversos fatores, entre eles: a dinâmica dos tempos operacionais das atividades, o correto planejamento da necessidade de recursos financeiros para essas atividades e o correto planejamento de caixa operacional. Um fator importantíssimo na gestão do capital de giro é saber identificar os ciclos operacionais e seu aprimoramento, assim como a qualidade do gasto. Isso envolve conhecer bem a estrutura de custos e a capacidade de gerar vendas em função da dinâmica de entrada e saída de caixa operacional. Todos esses temas irão ser estudados ao longo deste livro de estudos, levando em consideração: • Diferenciar o uso de recursos operativos entre sua classificação como custo e despesa, variável e fixa, em função da dinâmica das vendas e em função do nível crítico operacional. • Identificar a dinâmica do Ciclo Operacional em função à Conversão de Caixa. • Reconhecer a dinâmica da Conversão de Caixa conforme às necessidades de custos e de vendas. • Ponderar a relação entre Ativo e Passivo Circulante desde o ponto de vista da liquidez operacional. • Definir políticas de Estoques, de Contas a Receber e de Contas a Pagar conforme as necessidades operativas e de caixa. • Discernir como a capacidade de gerar rentabilidade pode ser influenciado pela correta gestão do Capital de Giro. • Vincular o Fluxo de Caixa com as necessidades de Capital de Giro. • Fazer uma correta gestão entre necessidades de liquidez e tesouraria. Lembre-se que os conhecimentos a serem adquiridos ao longo desta disciplina serão de grande ajuda para enriquecer suas competências, aliás, essenciais para suas projeções profissionais, seja no âmbito privado, de serviços ou inclusive no setor público. Caro acadêmico! Seja vindo e fique à vontade para ler, estudar e perguntar ao longo de seus estudos. Desejo-lhe sucesso no estudo desta disciplina. Temática que com certeza poderá lhe ajudar na construção de seu conhecimento e aprimoramento de competências. Bons estudos! CAPÍTULO 1 RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Identifi car o uso de recurso variável, seja como custo ou despesa. Estabelecer a dinâmica das vendas e seu vínculo com a geração de custos e despesas variáveis. Identifi car a dinâmica da Margem Operacional. Estabelecer o nível crítico operacional, ou Ponto de Equilíbrio Operacional. Aplicar exemplos para entender melhor a dinâmica dos custos e despesas variáveis. Análisar a estrutura do Ponto de Equilíbrio. 10 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO 11 RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Em termos fi nanceiros, o capital de giro é o valor de investimento necessário para fazer andar as atividades operacionais de um negócio, isto é, o capital de giro é o valor de quanto capital monetário é necessário para: comprar matérias- primas, insumos, gastos diversos (energia elétrica, telefone, combustível etc.), salários, entre outros. Ao longo deste capítulo, estudaremos a dinâmica do consumo desses recursos, seu registro, como custos e despesas, conforme suas implicações na gestão do capital de giro. 2 RECURSO FINANCEIRO PARA O GIRO OPERATIVO O que você consegue visualizar como capital de giro? O primeiro pensamento é que ele seria o ciclo de quantas vezes o capital consegue girar. Nessa lógica, pode-se estar considerando todo o “capital” que faz parte da empresa, porém, o capital de giro considera somente a necessidade de recurso monetário para fazer acontecer as operações, isto é, a liquidez que serve para fi nanciar as operações do dia a dia das atividades organizacionais, ou seja, o investimento nas necessidades operacionais. O objetivo do capital de giro é dar conta das operações, das vendas e de fazer produzir os bens de capital (infraestrutura, equipamentos, caminhões etc.), ou seja, o capital de giro envolve a gestão fi nanceira das atividades operacionais em um horizonte de curto prazo. Existem diversas maneiras de observá-lo como uma organização economicamente ativa, isso dependerá da estratégia operativa a se executar e do tipo de empresa, ou seja, se ela é industrial, comercial e/ou de serviço. Para se ter um melhor entendimento da dinâmica do capital de giro, neste capítulo estudaremos quais recursos produtivos são consumidos por meio do investimento nocapital de giro, sempre em termos de curto prazo. Em contrapartida, em termos de longo prazo, no investimento em bens de capital, uma empresa realiza investimentos em galpões, equipamentos, patentes, veículos, entre outros, que serão consumidos ao longo de sua vida útil, isto é, por vários anos. No capital de giro, o investimento é feito no uso de recursos que serão consumidos em sua totalidade, ao longo de um ciclo do processo produtivo a ser registrado nas movimentações tanto do ativo como do passivo circulante. Em uma perspectiva fi nanceira, a gestão de capital O capital de giro envolve a gestão fi nanceira das atividades operacionais em um horizonte de curto prazo. A gestão de capital de giro vem a ser a “Administração Financeira de Curto Prazo” dentro de um marco de condições e processos operacionais, envolvendo a análise do nível ótimo entre Ativo Circulante e Passivo Circulante. 12 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO de giro vem a ser a “Administração Financeira de Curto Prazo” dentro de um marco de condições e processos operacionais, envolvendo a análise do nível ótimo entre Ativo Circulante e Passivo Circulante. Esse nível ótimo é medido pelo capital de giro e o capital de giro líquido. O Ativo Circulante, comumente chamado de capital de giro, representa a porção do investimento que circula, de uma forma ou outra, na condução normal dos negócios. Esse conceito abrange a transição recorrente de caixa para estoques, destes para os recebíveis e de volta para o caixa (GITMAN, 2010, p. 547). Assim, o capital de giro refl ete um processo de geração de caixa desde a ordem do pedido, passando pelos estoques e pelo processo de produção, para chegar às vendas e, fi nalmente, à cobrança dos recebíveis. Esse processo de geração de caixa é conhecido como o Ciclo Operacional e Financeiro das operações de um negócio que possui vínculo direto com o capital de giro, conceito que será estudado no próximo capítulo. Esse ciclo operativo, em termos monetários, será refl etido nos registros dos saldos tanto do Ativo Circulante como do Passivo Circulante. Essa relação entre contas é defi nida como capital de giro líquido. O capital de giro líquido é, normalmente, defi nido como a diferença entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante de uma empresa. Quando o Ativo Circulante supera o Passivo Circulante, a empresa tem capital de giro líquido positivo. Quando o primeiro é inferior ao segundo, tem-se capital de giro líquido negativo (GITMAN, 2010, p. 547). Quais as fontes do capital de giro líquido? A fonte do capital de giro está na conversão de estoques, em produto terminado, em vendas e em recebíveis, para, então, serem convertidos em caixa. Essa é a fonte de recursos que servirá para liquidar as obrigações do Passivo Circulante e as obrigações de curto prazo. Assim, neste capítulo, estudaremos os recursos consumidos por meio do fi nanciamento do capital giro. A fonte do capital de giro está na conversão de estoques, em produto terminado, em vendas e em recebíveis, para, então, serem convertidos em caixa. 13 RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 Figura 1 - Capital de giro e seu ciclo Fonte: Disponível em: <https://www.industriahoje.com.br/o-que-e-e- como-calcular-o-capital-de-giro>. Acesso em: 8 jan. 2018. FORNECEDORES ESTOQUE DUPLICATAS A RECEBER CAIXA VENDAS 3 RECURSO VARIÁVEL E FIXO Para entender a estrutura do capital de giro, devemos revisar a relação que existe entre o uso de recurso variável com o do fi xo, ou seja, a gestão de custos nas operações de uma organização. Como o próprio nome sugere, o recurso variável vai mudando e se incorporando ao processo produtivo de maneira direta, à medida que a produção aumentar ou diminuir. Isso acontece com a matéria- prima, os insumos, as embalagens, a mão de obra direta, o consumo de energia no processo de transformação, entre outros. O custo fi xo faz parte do uso de recursos essenciais à produção, mas que não são incorporados “fi sicamente” ao produto. Exemplo: para produzir pão, você precisará de forno, de equipamento e de um local onde operar. Esses bens de capital são o custo fi xo, pois o registro de custos não muda à medida que a produção aumentar, o gasto de aluguel, a depreciação do equipamento, o salário do supervisor, entre outros, são registrados como fi xos de maneira mensal. 14 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO De todos esses gastos fi xos mencionados, a depreciação não faz parte do capital de giro, pois ela é um registro que vai apurando o desgaste de um bem de capital ao longo de sua vida útil. Portanto, ela não faz parte do fi nanciamento das operações no curto prazo (capital de giro), mas é uma provisão registrada como “gastos” do desgaste dos bens de capital investidos nas operações. Exemplo: em um veículo que foi adquirido pelo valor de R$ 100.000,00, o seu uso não será “consumido” em um ciclo operacional (tal como o uso de insumos), mas se desgastará ao longo de sua vida útil, desgaste registrado gradativamente como custo de depreciação. Assim, podemos observar, com exceção do custo em depreciação, que todos esses custos, sejam variáveis ou fi xos, devem ser fi nanciados ao longo do ciclo produtivo por meio de capital de giro. Curiosidade: entende-se como atividade e/ou processo operativo qualquer atividade e ações necessárias para ter a capacidade produtiva de oferecer um produto e/ou serviço. Atividade de Estudos: 1) A empresa Camisetas do Alto Vale Ltda. vem incorrendo no consumo (gasto) dos itens expostos a seguir. Assim, determine os custos, as despesas e os valores totais: 15 RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 4 CUSTO DIRETO E INDIRETO Os gastos necessários às atividades operacionais podem ser de uso direto ou indireto. Neste sentido, tanto o consumo de recursos variáveis como fi xos podem ser classifi cados como custos ou despesas, mas de uso direto ou indireto. Os custos vêm a ser todo o consumo de recursos essenciais ao processo de transformação. Por exemplo: insumos, mão de obra no processo de transformação, aluguel da fábrica, gasto de energia no processo de transformação, depreciação do equipamento industrial etc. Entretanto, as despesas são o uso de recursos que servem de apoio ao processo de transformação. Por exemplo: gastos administrativos e fi nanceiros, salários da área administrativa, de marketing, de logística, da fi nanceira; consumo de telefone e serviço de banda larga, gastos de deslocamento, entre outros. Quando esse gasto é classifi cado como custo ou despesa, ele deve ser considerado como direto ou indireto. • Custo direto: são os custos variáveis que vão se incorporando diretamente ao custo dos produtos, tais como insumos, embalagens e mão de obra direta, ou seja, é o material aplicado direto no processo de transformação: matéria-prima, insumos e material secundário. Todos eles possuem uma dose específi ca que é incorporada a cada unidade a ser produzida. • Custo indireto: representam o consumo de recursos que possuem um vínculo essencial com o processo produtivo e/ou elaboração do serviço, mas que não são dosifi cados de maneira física ao produto. Por exemplo: depreciação de fornos industriais, de equipamentos para a fabricação; mão de obra indireta (supervisores de produção); aluguel de galpão (onde o processo de fabricação acontece); entre outros. Esse tipo de custo não pode ser incorporado diretamente aos produtos, mas são essenciais ao processo de transformação e devem ser rateados e incorporados aos produtos e/ou serviços a serem fabricados. Nesse sentido, os salários são gastos que podem confundir. Assim, no contexto da mão de obra, devemos identifi car se eles são custos diretos ou indiretos do uso de recurso humano. “Às vezes, é difícil discernir e identifi car se, efetivamente, a mão de obra é direta ou indireta” (MARTINS, 2010, p. 133). O operário que movimentaum torno, por exemplo, trabalhando um produto ou componente de cada vez, tem seu gasto classifi cado como mão de obra direta. No entanto, se outro operário trabalha supervisionando quatro máquinas, cada uma executando uma operação num produto diferente, inexistindo possibilidade de se verifi car quanto cada um desses produtos consome do tempo real daquela pessoa, temos aí um tipo de mão de obra indireta. 16 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO Qual será a mão de obra direta em uma empresa de TI? O programador, pois ele é o responsável direto do serviço prestado pelas atividades de serviço de TI, ou seja, os aplicativos, para empresas ou para uso do consumidor. a) Investimento operativo e aplicação dos recursos como custos ou despesas Dentro do contexto do uso de capital de giro, é importante entender bem a diferença entre investimento, custos e despesas. Lembre-se de que qualquer aquisição que uma organização faz é considerada investimento, podendo ser classifi cada da seguinte maneira: • Se a compra for consumida no processo produtivo, tipo matéria-prima, insumos, embalagens, entre outros, ela é considerada um investimento a ser incorporado no capital de giro. Essa compra será registrada no Ativo Circulante para fazer parte do ciclo operacional, tendo vínculo contábil com o capital de giro. • Se a compra for usada como bem de capital (veículos, equipamento industrial etc.), ela é considerada um investimento em bens de capital e não faz parte do capital de giro. Essa compra fará parte do Ativo Não Circulante de longo prazo, registrando seu desgaste como custo de depreciação. No quadro a seguir, há um comparativo entre investimento, custos e gastos, detalhando a classifi cação de uso de recursos, conforme seu destino: Quadro 1 - Diferença entre investimento, custos e gastos (despesas) Orçamento de Investimento (Ativo fi xo, insumos etc.) Ativo Circulante - Capital de Giro: estoque de Insumos, embalagens, etc. Ativo Fixo - Bens de Capital: infraestrutura, móveis e equipamentos. Custos Uso de recurso produtivo no processo de transformação: insumos (saída do estoque), energia, recurso humano, depreciação etc. Despesa Consumo de recurso de apoio ao processo produtivo. Fonte: O autor. 17 RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 Por meio do quadro observe que tanto os custos como as despesas são uma consequência do uso de recursos investidos em um negócio. Exemplifi cando, o investimento em ativo circulante, tal com os estoques, vira custos de produção no momento que esses estoques são aplicados nos processos de transformação. Assim, o investimento em equipamentos e veículos serão transformados em custos e/ou despesas por meio de sua depreciação. Quadro 2 - Classifi cação de consumo e de compras/investimento Fonte: O autor. Observe que, dependendo da fi nalidade, os diferentes valores serão classifi cados como custos, gastos e investimentos. A compra de matéria-prima pelo valor de R$ 24.000,00 é classifi cada como investimento em estoques (capital de giro). Agora, quando essa matéria-prima em estoques for consumida, ela fará parte dos custos de produção, como mostrado no quadro pelo valor de R$ 21.000,00, registrado como consumo de matéria-prima. 18 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO Qual a diferença entre matéria-prima e insumo? A matéria- prima é o produto extraído diretamente da natureza, e os insumos são todo e qualquer tipo de material utilizado para a produção de um determinado tipo de produto. Exemplos: grão de trigo (matéria-prima) e farinha de trigo (insumo); petróleo (matéria-prima); Polipropileno/ Termoplástico (insumo). Atividade de Estudos: 1) A seguir, classifi que os itens como: custo direto, custo indireto, custo de mão de obra direta, custo de mão de obra indireta, despesa e investimento. ITENS CLASSIFICAÇÃO Malha consumida Aluguel de escritório e lojas Depreciação/equipamentos Serviço de segurança/instalações Combustível veículos para entrega dos produtos Salário costureiras Depreciação galpão/fábrica Material de escritório consumido Salário vendedores Malha comprada Salário supervisor de produção Salário de auxiliar contábil Energia elétrica fábrica Material de escritório consumido Compra equipamento 19 RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 b) Custo total e unitário Outro conceito importante para conseguir entender a dinâmica do capital de giro é a diferenciação entre custo total e unitário. Ao apurar tanto o custo unitário como total, podemos desenhar estratégias de uso de capital de giro conforme os centros produtivos nos processos de transformação de um negócio. O Registro de Custo Total é, relativamente, mais simples que o custo unitário, pois para o custo total simplesmente vão se somando cada um dos custos registrados. No custo unitário, devemos registrar todos os custos para cada produto conforme os objetos de custos, conforme os processos operacionais de cada um desses objetos de custos ou centro de custos. Para registrar os custos indiretos nos centros de custos, deve-se ter critérios de rateio para, assim, conseguir incorporar os custos que abrangem vários produtos durante o processo de transformação. Com isso, consegue-se obter o custo unitário respectivo em função dos objetos de custos. Vamos ver um exemplo? Vamos supor que desejamos apurar o custo unitário na fabricação de dois tipos de móveis, poltronas e sofás: Produto 1 e Produto 2. No quadro a seguir, apresentam-se os Custos Diretos de Fabricação, o Custo Indireto de Fabricação (CIF) e o critério de rateio a se utilizar. Ao apurar tanto o custo unitário como total, podemos desenhar estratégias de uso de capital de giro conforme os centros produtivos nos processos de transformação de um negócio. Quadro 3 - Incorporação do CIF ao custo unitário de fabricação Fonte: O autor. 20 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO O quadro apresenta os custos diretos totais para os dois produtos, isto é: R$ 47.000,00 e R$ 36.100,00, respectivamente; o CIF total pelo valor de R$ 79.000,00; as unidades produzidas para esses produtos; o critério de rateio para se aplicar; e uma série de espaços em branco para se preencher, visando obter o custo unitário de fabricação. Assim, o CIF pelo valor de R$ 79.000,00 deverá ser incorporado aos produtos conforme o critério de rateio exposto ao fi nal do quadro, isto é, horas-máquina. No entanto, para usar esse critério de rateio, devemos aplicar a ponderação respectiva dessas “horas-máquina”, consumidas no processo de fabricação, conforme é apresentado a seguir: Quadro 4 - Horas-máquina consumidas na fabricação FABRICAÇÃO HORAS-MÁQUINA PORCENTAGEM Produto 1 250 40% 250 620 x 100 Produto 2 370 60% 370 620 x 100 Total Horas-Máquina 620 100% Fonte: O autor. Agora, com essas proporcionalidades, aplica-se o rateio dos CIF na incorporação dos custos aos produtos, da seguinte maneira: • Produto 1: 250 horas, representando 40% do total de horas-máquina, isto é, 250 horas das 620 horas totais. Portanto, há consumo de 40% do total de horas-máquina utilizadas para produzir esse tipo de produto. Rateio: o R$ 79.000 x 40% = R$ 31.600, considerando que o processo de fabricação desse produto usou 40% das horas-máquina. • Produto 2: 370 horas-máquina, representando 60% do total de horas- máquinas (620), isto é, 370 das 620 horas totais. Portanto, há consumo de 60% do total de horas-máquina utilizadas para produzir esse tipo de produto. o R$ 79.000 x 60% = R$ 47.400, considerando que o processo de fabricação desse produto usou 60% das horas-máquina. Uma vez feito isso, e com essas porcentagens, pode-se incorporar esses CIF no registro de custos por produto, conforme a seguir: 21 RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 Quadro 5 - Incorporação do consumo de recursos ao custo unitário Fonte: O autor. Qual é o custo unitário do Produto 1 e doProduto 2? O custo unitário deles é R$ 604,62 e R$ 439,47, respectivamente, sendo que: o Produto 1 – custo unitário de R$ 604,62, isto é: Custo Unitário = Custos Indiretos + CIF Unidade Produzidas Custo Unitário, Produto 1 = 47.000+31.600 130 = R$ 604,62 o Produto 2 – custo unitário de R$ 439,47, isto é: Custo Unitário = Custos Indiretos + CIF Unidade Produzidas Custo Unitário, Produto 2 = 36.100+47.400 190 = R$ 439,47 Qual é a necessidade de incorporar os CIF ao custo do produto? É uma análise de custos fundamental, por meio da incorporação dos CIF ao produto identifi cam-se os custos referenciais por unidade produzida. A apuração de custos unitários é essencial para analisar a margem operativa e a necessidade de capital de giro, assim, essa defi nição de custos unitários e seus respectivos preços de venda permite as empresas identifi car o potencial de gerar lucros para cada um dos produtos a serem ofertados. Lembre-se de que para conseguir apurar o custo unitário, deve-se: 1. Separar custos diretos dos indiretos. 2. Apropriar, por algum meio de rateio, os Custos Indiretos de Fabricação - CIF. 3. Identifi car a produção em termos de unidades produzidas para cada um dos produtos e/ou serviços. 4. Determinar o custo unitário de cada um dos produtos. A apuração de custos unitários é essencial para analisar a margem operativa e a necessidade de capital de giro, assim, essa defi nição de custos unitários e seus respectivos preços de venda permite as empresas identifi car o potencial de gerar lucros para cada um dos produtos a serem ofertados. 22 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO 5 SISTEMA VARIÁVEL E MARGEM OPERACIONAL Por meio da análise de custos do sistema variável, permite-se avaliar a dinâmica de consumo de recursos à medida que aumenta ou diminui a produção, como também permite analisar a necessidade de capital de giro conforme o volume produzido e conforme o ciclo operacional dos processos produtivos. Pelo Método Variável, separa- se todo consumo de recursos em dois grandes grupos: os custos e despesas de comportamento variável e os custos e despesas de comportamento fi xo. Independentemente de que sejam custos ou despesas, o foco é quebrar os gastos pelo seu comportamento, isto é, entre gastos variáveis e fi xos. Assim, será em função desse comportamento que se executa a análise de receitas e custos. Por meio desse método, as empresas analisam o impacto dos custos e despesas variáveis à medida que aumentarem ou diminuírem o volume de vendas. É importantíssimo observar isso, dado que os custos e as despesas variáveis têm vínculo diretamente proporcional ao volume de vendas e ao capital de giro necessário para fazer acontecer essas vendas. Segundo Crepaldi (2002, p. 222), “[...] são os gastos que oscilam proporcionalmente ao volume de produção ou venda, ou seja, existe uma relação diretamente proporcional ao aumento da produção”. Esses gastos podem ser tanto custos quanto despesas. Levando em consideração essa proporcionalidade e vínculo “variável”, o método possui duas etapas de apuração: • Primeiro: identifi ca-se quais são os custos e despesas de comportamento variável, isto é, consumo de recursos que vão mudando à medida que aumentar ou diminuir as receitas. Para fazer essa análise, de variabilidade, é necessário identifi car todos os fatores do ciclo operacional da empresa, fatores que possuam vínculo com a variabilidade das receitas. Exemplos: o Insumos, embalagens, consumo de energia na produção, no caso de custos. o Comissões de venda, no caso das despesas. • Segundo: identifi ca-se todos os custos e despesas que sejam fi xas, isto é, custos e despesas que, independentemente do nível de produção, fi cam sempre iguais sob um horizonte de produção predeterminado. Exemplos: o Seguro do galpão (chão de fábrica), no caso de custos fi xos; e salários administrativos e aluguéis dos escritórios, no caso das despesas. Pelo Método Variável, separa-se todo consumo de recursos em dois grandes grupos: os custos e despesas de comportamento variável e os custos e despesas de comportamento fi xo. 23 RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 Nesse método, é importante sempre fazer a divisão de todos os fatores de produção (custos e despesas) entre variáveis e fi xos. Lembre-se: o grande foco desse método é a análise das receitas conforme a dinâmica dos custos, tanto variáveis como fi xos. Assim, o valor agregado do Método de Custeio Variável é a observação do peso, tanto do uso de recursos variáveis como dos fi xos nos processos operacionais à medida que aumenta ou diminui a produção. Essa análise de custos, à medida que muda a produção, permite, entre outras coisas, defi nir o nível mínimo de vendas necessárias para não entrar no prejuízo operativo, conhecido como o ponto de equilíbrio, permitindo também analisar a necessidade de capital de giro em função das perspectivas de produção e vendas desejadas. Agora, para ter a capacidade de analisar o método de custeio variável, é necessário conhecer a dinâmica da Margem de Contribuição. a) Margem de contribuição A ferramenta-chave do Método de Custeio Variável é a determinação da margem de contribuição. O método analisa a diferença entre receitas e consumo de recursos de comportamento variável, isto é, receitas menos custos e despesas de comportamento variável. Os custos e as despesas, neste método, não serão separados, no entanto, será separado qualquer tipo de gasto conforme o seu comportamento variável e fi xo. Segundo Silva e Lins (2013, p.129): Por defi nição, o conceito da Margem de Contribuição representa o valor que cada produto entrega para a empresa depois de cobertos todos os custos que efetivamente ocorrem num processo de produção e venda. Essa contribuição é calculada pela diferença entre o preço e os custos e as despesas variáveis. Deste modo, a margem de contribuição fi ca em função de três elementos-chave: • As receitas: ligadas ao volume de vendas, isto é, preço unitário de vendas multiplicado pelas unidades vendidas. • Os custos e as despesas variáveis: ligados aos recursos consumidos de maneira direta no processo produtivo multiplicado pelo volume produzido. • As despesas variáveis: ligadas aos recursos variáveis consumidos nos gastos de apoio, tais como: comissões de vendedores e de agentes. No caso de comércio exterior, uma despesa variável seria a despesa gerada pela movimentação de mercadoria na alfândega, a qual liga-se em função direta à quantidade de mercadoria comercializada internacionalmente. 24 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO Conseguindo estabelecer esses três dados, calcula-se a Margem de Contribuição, que possui a seguinte base de cálculo: Margem de Contribuição = Receitas – Custo Variável – Despesas Variáveis A análise do Método de Custeio Variável possui toda uma dinâmica de cálculo, conforme veremos no seguinte fl uxograma: Figura 2 - Método de custeio variável ( - ) Custo Fixo ( - ) Despesa Fixa ( = ) Lucro Operacional Margem Contribuição ( - ) CP.V ( - ) Despesa Variável Vendas RESULTADO Estoque Próprio e Geral Próprio e Geral Fixo Fixo Despesas Administrativas e Vendas Custos de Produção Variável Variável Fonte: Knuth (2012, p. 41). Na fi gura anterior, a sigla CPV signifi ca Custo do Produto Vendido. Essa nominação aplica-se para processos industriais. Para as empresas comerciais, aplica-se o Custo da Mercadoria Vendida (CMV) e, para empresas de serviços, aplica-se Custo do Serviço Prestado (CSP). Esse fl uxograma de custos demonstra claramente a separação entre custos em função de seu comportamento variável ou não, conforme a seguinte lógica de apuração: • Separa-se o consumo de recursos na produção entre os custos variáveis e fi xos, encaminhando-os para serem incorporados ao valor dos estoques. Valor de estoques que vai se convertendo em CPV à medida que vão acontecendo asvendas. • Separam-se as despesas entre variáveis e fi xas, encaminhando-as para serem incorporadas ao valor de estoques. • Determina-se o volume de estoques que foram encaminhados para efetivar vendas, assim, essa saída de estoques converte-se em CPV (Custo do Produto Vendido). • Apura-se a Margem de Contribuição, isto é, o valor das vendas (receitas) menos o CPV. 25 RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 • Apura-se o Lucro Operacional, que é o resultado da Margem de Contribuição menos os custos fi xos e despesas fi xas. A margem de contribuição é fundamental para qualquer análise de foco operacional/fi nanceiro e servirá também para fazer a apuração da necessidade de capital de giro. Conhecendo a margem de contribuição e o peso dos custos e despesas fi xas, as empresas conseguem identifi car níveis críticos da capacidade de produção e de capital de trabalho (de giro). b) A DRE e a dinâmica na análise dos custos variáveis e fi xos No método por custeio variável, existem muitos elementos de cálculo. No entanto, se fi zermos esse cálculo de maneira sistemática, veremos que não é tão difícil assim. Lembre-se: no Método de Custeio Variável, a chave é determinar a Margem de Contribuição e o valor total dos Custos Fixos e Despesas Fixas. A seguir, montaremos o passo a passo deste método utilizando um exemplo prático. Quadro 6 - Análise de custos pelo seu comportamento: 1º semestre Consumo Pro- dução Volume Produção Custo Unitário Custos Variáveis R$ 94.990 23.000 R$ 4,13 Despesas Variáveis R$ 32.890 R$ 1,43 Variável Total R$ 127.880 R$ 5,56 Fonte: O autor. Você pode observar no quadro anterior que no custo unitário do produto fi cam incorporados somente os custos e os gastos de comportamento variável. Qual é o objetivo de incorporar as despesas variáveis ao custo unitário e à Margem de Contribuição se as despesas são consideradas “gastos de apoio”? • O objetivo é vincular todos os gastos (sejam custos ou despesas) que vão mudando à medida que a produção aumentar ou diminuir e, assim, medir a necessidade de recursos de curto prazo (capital de giro). Fazendo essa separação, entre consumo de recursos variáveis e fi xos, pode- se facilmente analisar qualquer mudança nos volumes de produção e seu impacto no incremento do uso de recursos para conseguir essa produção. Vamos voltar para a situação exposta anteriormente, mudando a produção de 23.000 para 29.000 durante o segundo semestre. É obvio que esse aumento representará um acréscimo praticamente proporcional dos custos e despesas variáveis, mas de quanto? 26 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO Quadro 7 - Análise de custos pelo seu comportamento: 2º semestre Consumo Produção Volume Produção Custo Unitário Custos Variáveis R$ 119.770 29.000 R$ 4,13 Despesas Variáveis R$ 41.470 R$ 1,43 Variável Total R$ 161.240 R$ 5,56 Fonte: O autor. Observe que não houve aumento nem dos custos, nem das despesas variáveis em termos unitários, porém, houve aumento dos valores totais. Isso acontece simplesmente porque o volume de venda e produção aumentou, mas, de maneira proporcional, ao gasto unitário. Assim, o custo total passou de R$ 128.880,00 para R$ 161.240,00, mas o custo variável unitário manteve-se igual em R$ 5,56. O aumento proporcional desses custos e despesas variáveis é recorrente do aumento no uso de insumos e despesas diretas (tipo comissões de vendas), os quais aumentam diretamente em função do aumento da produção e vendas. Em termos de projeções, esses custos e despesas variáveis são a dose exata de consumo de recursos por cada unidade produzida multiplicado pelo volume de produção durante um período determinado, sendo um dos elementos para analisar necessidade de capital de giro. Agora, tendo em mãos esses valores de custos registrados na produção, iremos usá-los na apuração da Margem de Contribuição e, logo, no seguinte capítulo, na análise do capital de giro. A margem de contribuição total é vinculante à produção de um período específi co? Ou existe a possibilidade de vender mais do que foi produzido? Na dinâmica de volumes de venda e volume de produção, sempre se apresentam vendas maiores ou menores do que realmente foi produzido, refl etindo-se nos saldos de mercadoria a ser vendida. Vamos supor que foram vendidas 33.000 unidades, mas foi produzido no mesmo período 29.000, isto é, 4.000 unidades a mais de vendas, puxando essas 4.000 unidades do saldo de estoques. Lembre-se: o consumo de recursos no processo de fabricação alimenta os valores dos estoques de produto terminado. Assim, se a empresa vendeu mais do que ela produziu nesse semestre, quer dizer que tinha saldo de mercadoria produzida do semestre anterior. Agora, se essa mercadoria foi vendida por R$ 7,50 a unidade, de quanto será a margem de contribuição? Em termos de projeções, esses custos e despesas variáveis são a dose exata de consumo de recursos por cada unidade produzida multiplicado pelo volume de produção durante um período determinado, sendo um dos elementos para analisar necessidade de capital de giro. 27 RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 Lembre-se de que: Margem de Contribuição = Receitas - Custo Variável - Despesas Variáveis Quadro 8 - A margem de contribuição APURAÇÃO DAS VENDAS Preço Unitário Volume de Vendas Valor Vendas Produto R$ 7,50 33.000 R$ 247.500 APURAÇÃO DOS CUSTOS E GASTOS VARIÁVEIS Custos e Despesas Variáveis Volume Vendido Custo Unitário Custos Variáveis R$ 136.290 33.000 R$ 4,13 Despesas Variáveis R$ 47.190 R$ 1,43 Variável Total R$ 183.480 R$ 5,56 APURAÇÃO DA MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO Custos e Despesas Variáveis Volume Vendido Valor Unitário Porcentagem Receitas R$ 247.500 33.000 R$ 7,50 100,00% Custos e Despesas Variáveis R$ 183.480 R$ 5,56 74,13% Margem de Contribuição R$ 64.020 R$ 1,94 25,87% Fonte: O autor. Dessa apuração, consegue-se ver que existem três informações fundamentais: • Valores Totais: vendas de R$ 247.500; Custos e Despesas Variáveis de R$ 183.480; e Margem de Contribuição de R$ 64.020. • Valores Unitários: preço de venda unitário de R$ 7,50; Custos e Despesas Variáveis unitárias de R$ 5,56; e uma Margem de Contribuição unitária de R$ 1,94. • Porcentagens em função das vendas totais: vendas 100%; Custos e Despesas Variáveis 74,13%; e Margem de Contribuição de 25,87%. Para objetivos de análise, os valores mais importantes são os unitários do preço de venda, os custos e as despesas unitárias, a margem de contribuição 28 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO unitária e as porcentagens de proporcionalidade desses valores unitários, visando visualizar o potencial de lucro por tipo de mercadoria e o capital de giro necessário ao processo operacional. Esses dados são importantes porque, em função deles, o gestor consegue analisar vários cenários de produção e vendas para a tomada de decisão gerencial e o volume de investimento e capital de giro. Assim, para efeitos de análise, apresentam-se: • Valores monetários totais da margem de contribuição: observando a entrada (receitas) e o gasto (custos e despesas variáveis) de recursos monetários do processo produtivo. • Valores Unitários: observando como vai se comportando a margem de contribuição em termos unitários. É a chave para analisar precifi cação, ou seja, defi nir o preço unitário de venda e a potencial geração de lucro. • Valores em porcentagens: observando a dinâmica em termos de proporcionalidade, fundamental para a análise sem precisar entrar nos detalhes monetários de custos individuais. Isso ajuda muito a análise gerencial. A Margem de Contribuição é uma das ferramentas de gestão mais importantes da análise de custos e de recursos a serem usados no curto prazo (capital de giro). Segundo Lunkes (2004, p. 121), “[...] margem de contribuição é a quantia de receita que permanece depois de deduzir os custos e despesas variáveis”. c) Análiseda DRE pelo método de custeio variável A análise da DRE pelo Método de Custeio Variável serve somente para fi ns gerenciais, para fi ns contábeis. Conforme as normas contábeis, deve-se usar o método por absorção. O foco do custeio variável é observar a dinâmica das contas, ou seja, quais destas são fi xas e quais são variáveis. É em função dessa dinâmica que vamos “quebrar” a DRE em duas grandes fases: na primeira, consideram- se as receitas menos todos os custos e despesas que sejam variáveis; e, na segunda, consideram-se todos os custos e despesas que sejam fi xas. Quadro 9 - Demonstração do Resultado do Exercício - DRE - pelo método variável, visando à análise do comportamento dos custos e despesas 29 RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 Fonte: O autor. No cálculo exposto, entre as coisas importantes a se observar, é que a DRE, convertida ao método variável, possui uma estrutura de análise tanto de percentuais como de valores unitários, considerando que: • As vendas representam 100% e os custos variáveis representam 37,60% do volume vendido, ou seja: 37,60%= 673.380 1.791.000 , ou 37,60%= 74,82 199,00 . • As comissões pagas aos vendedores representam 5% do valor total das vendas, ou seja: 5,00%= 89,550 1,791.000 , ou 5,00%=114,23 199,00 . • A margem de contribuição gerada foi de 57,40% do total das vendas, ou seja: 57,40%=1,028.070 1,791.000 , ou 57,40%=114,23 199,00 . • Os custos e gastos fi xos foram de 44,55%, ou seja: 44,55%= 797.850 1,791.00 , ou 44,55%= 88,65 199,00 . • A geração de lucro representa 12,85% do total das vendas, ou seja: 12,85%= 230.220 1,791.000 , ou 12,85%= 25,58 199,00 . Nesta análise, o foco é observar o comportamento dos custos fi xos e variáveis, o que será a base para determinar o ponto de equilíbrio, em função da margem de contribuição unitária e dos custos fi xos totais. 30 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO Atividades de Estudos: 1) Tanto o método de custeio por absorção como o custeio variável possuem como objetivo analisar o resultado da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), mas por sistemas de apuração diferentes. A seguir, desenvolva o cálculo da DRE em função destes dois métodos, levando em consideração os seguintes valores e formato da DRE: 31 RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 Nesse caso, o lucro mensal da empresa, calculado pelo Método de Custeio por Absorção e pelo Método de Custeio Variável, é igual, respectivamente, a: a) ( ) R$ 100.000,00 e R$ 180.000,00. b) ( ) R$ 150.000,00 e R$ 130.000,00. c) ( ) R$ 210.000,00 e R$ 240.000,00. d) ( ) R$ 240.000,00 e R$ 220.000,00. e) ( ) R$ 244.000,00 e R$ 234.000,00. 2) Uma empresa de comercialização de doces pretende adotar um controle de custos. O Método de Custeio por Absorção e o Método de Custeio Variável são os indicados para tais necessidades. A tabela a seguir resume as informações necessárias para as decisões a serem tomadas. 32 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO 6 PONTO DE EQUILÍBRIO OPERACIONAL E SUA DINÂMICA O Ponto de Equilíbrio Operativo (PEO) é mais um aprofundamento do Método de Custeio Variável, e seu objetivo é determinar o ponto crítico de produção, dentro de uma estrutura operativa. Observe que, para identifi car o PEO, é necessário saber a Margem de Contribuição (Receitas – Custos e Despesas variáveis), os custos e as despesas fi xas. Toda gestão de custos efi ciente precisa identifi car o ponto de equilíbrio de suas operações, por meio dele, enxerga-se o ponto de ruptura, ou seja, seu divisor de águas. A partir do PEO, a empresa começa a ter geração de lucro se o volume de vendas aumentar ou prejuízo se o volume de vendas diminuir. Assim, o Ponto de Equilíbrio é o nível onde o total das receitas deverá ser igual ao total de todos seus custos e despesas, gerando lucro zero. • Acima desse nível crítico, as receitas superam o total de custos e despesas, ou seja, há geração de lucro. • Abaixo desse nível crítico, os custos totais superam as receitas, ou seja, há prejuízo. O conceito parece simples, mas o importante é saber como identifi car esse PEO! a) Exemplifi cação do ponto de equilíbrio Para identifi car o ponto de equilíbrio, devemos ter os elementos de análise da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), feito pelo método de custeio variável. Nele estudamos sobre o comportamento da DRE em função do nível de vendas, os custos variáveis e os custos fi xos. Nessa análise, foi observado o comportamento dos custos quando o nível de vendas estava em um patamar referencial de 9.000 unidades, gerando lucro de R$ 230.220,00. No entanto, se mudarmos o volume de vendas para 6.985 unidades, o que vai acontecer com a geração de lucro? Óbvio que será menor, pois se apresentam vendas menores e os custos fi xos fi cam iguais, conforme se apresenta a seguir. 33 RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 Quadro 10 - DRE (Método Variável) e lucro zero (Ponto de Equilíbrio) Fonte: O autor. Assim, nesse nível de vendas de 6.985 unidades, o lucro gerado será de zero! Isto é, esse nível de vendas representa o ponto crítico das operações, ou seja, o Ponto de Equilíbrio Operativo (PEO). Acima de 6.985 unidades vendidas, a empresa gera lucro; e abaixo dessas 6.985 unidades, a empresa começa a gerar prejuízo. Sabendo o valor do PEO, a empresa consegue estabelecer um ponto referencial crítico de suas operações. Por isso a importância de saber a dinâmica do Método de Custeio Variável. São essenciais ao PEO tanto a margem de contribuição unitária como os custos fi xos. Em função disso, devem-se seguir os seguintes passos para apurar o PEO, identifi cando: 1. O valor da venda unitário e o valor dos custos e despesas variáveis. 2. O valor da Margem de Contribuição Unitária. 3. O valor dos custos e despesas totais fi xas. 4. A divisão entre os custos e despesas fi xas totais e o valor unitário da Margem de Contribuição. A seguir, exemplifi caremos o PEO do nosso exercício anterior conforme os passos expostos. 34 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO Quadro 11 - Apuração do Ponto de Equilíbrio Operacional (PEO) Margem de Contribuição Unitária Venda Unitária – Custo Variável Unitário – Despesas Variáveis Unitárias Margem de Contribuição Unitária R$ 199,00 – R$ 74,82 – R$ 9,95 Margem de Contribuição Unitária R$ 114,23 Ponto de equilíbrio Operacional (PEO) Custos e Despesas Fixas Margem de contribuição Unitária Ponto de equilíbrio Operacional (PEO) R$ 797.850 R$ 114,23 Ponto de equilíbrio Operacional (PEO) 6.984,59 6.985 Fonte: O autor. Se aplicarmos esse nível de vendas, de 6.985 unidades em função do preço de vendas e a estrutura de custos, veremos que o lucro do exemplo será de zero. A dinâmica do PEO é simples, acima dele, a empresa começa a gerar lucro e abaixo dele, a empresa começa a gerar prejuízo operacional, conforme podemos observar na dinâmica do gráfi co exposto na fi gura a seguir. Figura 3 - Dinâmica do Ponto de Equilíbrio (PEO) Fonte: Disponível em: <http://fi nancas-em-foco.blogspot.com. br/2012/02/ponto-de-equilibrio.html>. Acesso em: 8 jan. 2018. b) O peso e sua dinâmica Um dos elementos-chave do Ponto de Equilíbrio Operacional (PEO) é a proporcionalidade dos custos variáveis e o peso dos custos fi xos. Tanto os custos como as despesas variáveis sempre manterão uma mesma proporcionalidade, conforme o volume de vendas, porém, o peso dos custos fi xos vai fi cando mais 35 RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 leve, ou mais pesado à medida que mudar a produção. Na estrutura de custos do exemplo exposto, apresenta-se: Os custos e as despesas variáveis fi cam sempre em 42,60% sobre o preço de venda unitário, isto é, a somatória do custo variável é de 37,60%, R$ 74,82 R$ 199 x100 , mais as comissões de vendedores de 5,00%, R$ 9,95 R$ 199 x100 . A porcentagem da Margem de Contribuiçãofi ca estável em 57,40%, R$ 114023 R$ 199 x100 . Fica estável em termos proporcionais, seja se a empresa vender pouco ou muito. Se a empresa vender pouco essa proporcionalidade fi ca igual em 57,40%; assim, mesmo se vender muito, fi ca igual em 57,40%. Os custos e as despesas fi xas não mudam, eles fi cam sempre em R$ 797.850. Se a empresa vender mais, o peso dos custos fi xos será menor, todavia se vender menos, o peso será maior. Dessa estrutura de custos, consegue-se defi nir que o PEO é apurado da seguinte maneira: PEO c) Deslocamento do PEO para um novo patamar As empresas não são estáticas, elas possuem uma dinâmica própria que fi ca em função de diversas variáveis que acontecem continuamente, tais como: comportamento do consumidor (clientes), variação dos preços dos insumos (variação dos custos), aprimoramento de processos produtivos, aumento dos gastos administrativos etc. Assim, o PEO é mais uma representação de análise gerencial que de fato pode mudar, mudança que depende de dois grandes determinantes: • Valor total dos custos e despesas fi xas. • Valor da margem de contribuição unitária. Com esses dois componentes é que se consegue apurar as unidades mínimas de produção para cobrir pelo menos os custos fi xos, ou seja, o PEO. No entanto, o Ponto de Equilíbrio Operacional pode mudar se a margem de contribuição sofrer alguma alteração ou se os valores totais dos custos fi xos mudarem, assim, com certeza, haverá um novo nível de análise do PEO, isto é, acontece se houver: Custo e Despesas Fixas Totais Margem de Contribuição Unitáriia o Ponto de Equilíbrio Operacional pode mudar se a margem de contribuição sofrer alguma alteração ou se os valores totais dos custos fi xos mudarem 36 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO • Mudanças no preço de venda unitário. • Mudança nos custos e/ou nas despesas variáveis. • Mudança nos custos e nas despesas fi xas. O PEO muda automaticamente quando se apresentam mudanças na dinâmica de custos. A fórmula de PEO é: Custo e Despesas Fixas Margem de Contribuição Unitária Portanto, é sufi ciente que qualquer um desses dois componentes apresente alteração para que o ponto de equilíbrio mude de patamar. Isso poderia vir a acontecer, entre outras coisas, se houver: • Mudança no preço unitário de venda em função das condições do mercado, comportamento e capacidade de compra do consumidor. • Mudança no custo variável em função de: o Novos custos de quaisquer dos insumos do processo produtivo, impactando no custo variável unitário. o Aumento do custo da hora-homem na produção, que também faz parte do custo variável unitário. o Aumento do custo da energia do processo produtivo. • Mudança das despesas variáveis, uma comissão mais alta para aumentar as vendas, por exemplo. • Mudança de qualquer um dos gastos que fazem parte do custo e gasto fi xo: aumento do aluguel da fábrica, aumento no salário mínimo, novo equipamento, entre outros. Voltando para o nosso exemplo, observe como muda o PEO para um novo patamar, utilizando a DRE previamente estudada. O que pode acontecer com o PEO se houver um aumento de 3,9% no custo variável? A lógica nos fala que haverá uma mudança desse PEO, conforme quadro a seguir: 37 RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 Quadro 12 - Mudança no PEC quando houver variação no custo e gasto fi xo Detalhe PEO Inicial PEO Novo Preço de Venda Unitário R$ 199,00 = 100,00% R$ 199,00 = 100,00% Custo Variável Unitário R$ 74,82 = 37,60% R$ 77,74 = 39,07% Despesa - Comissões R$ 9,95 = 5,00% R$ 9,95 = 5,00% Margem de Contribuição R$ 114,23 = 57,40% R$ 111,31 = 55,93% Custos Fixos R$ 797.850,00 R$ 797.850,00 Ponto de Equilíbrio Contábil PEC 6.985 Unidades 7.168 Unidades Fonte: O autor. Assim, o novo PEO é de 7.168 unidades, ou seja, para atingir o mínimo de vendas necessárias, para não gerar prejuízo, esse PEO aumentou de 6.985 unidades para 7.168 unidades vendidas. Isto porque agora existem custos variáveis maiores, recorrentes, por exemplo, de um aumento nos insumos. No entanto, o que acontece se os custos e as despesas fi xas aumentarem também? Da mesma maneira, haverá um nível de PEO maior e, portanto, uma nova análise gerencial da geração de lucro e de necessidade de capital de giro. Esse capital de giro possui vínculo direto com o ciclo produtivo, na qual estudaremos no próximo capítulo. A seguir, um case do uso de recursos na perspectiva de curto prazo e seu peso na gestão do capital de giro de AT&T, empresa dos Estados Unidos do ramo das comunicações. AT&T A Terceirização é Inevitável A AT&T está entre as principais empresas de comunicação de voz, vídeo, e dados do mundo, atendendo a pessoas físicas e jurídicas e ao governo. Com respaldo na capacidade de pesquisa e desenvolvimento da AT&T Labs, a empresa administra a maior e mais sofi sticada rede mundial de comunicação. Um de seus serviços é o de cartão telefônicos pré-pagos. Apesar da especialização na prestação de serviços de telecomunicação, a empresa tinha pouca experiência na administração dos processos da cadeia de suprimentos necessários para levar bens tangíveis e acabados a canais como lojas de conveniência e varejo de massa. A AT&T tomou a decisão estratégica de terceirizar as funções de gestão da cadeia de suprimentos de seu cartão pré-pago. Para isso, contratou a Accenture, uma empresa global de serviços de consultoria empresarial e tecnologia. A Accenture uniu-se à AT&T para desenvolver uma cadeia de suprimentos voltada para o cliente, que se integra todos os processos empresariais necessários - compras, produção, 38 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO programação, serviços de contas, armazenagem, atendimento, estoque, cobrança e administração de sistemas. Usando sua experiência em administração da cadeia de suprimentos, a consultoria transformou os processos de tomada de decisões de compras e estoque. Juntas, a AT&T e a Accenture reduziram os custos de produção em 15%, melhoraram a produtividade dos armazéns em 25% e reduziram o estoque de matérias- primas em 25%. Reduzir o estoque de matérias-primas por meio da terceirização o de conversão para produção just-in-time pode diminuir a necessidade de capital de giro líquido, a diferença entre o ativo circulante de uma empresa – inclusive estoques – e seu passivo de capital para que seja, então, mais bem empregado pela empresa. Satisfeita com a parceria com Accenture, a AT&T recorreu novamente a ela para desenvolver e levar ao mercado uma oferta nova e exclusiva chamada Prepaid WebCentsSM Service, uma alternativa segura para compras de conteúdo on- line com cartões de crédito (GITMAN, 2010, p. 546). É interessante observar no artigo a importância da cadeia de suprimentos (supply chain) na gestão do capital de giro. Quanto mais efi ciente ela é, menor será o capital de giro necessário às atividades operacionais de um negócio. Uma cadeia de suprimentos efi ciente depende de muitos fatores, no entanto, para se analisar o estado atual dessa cadeia de suprimentos, deve-se é observar a dinâmica do Giro Operacional (OP) e o Giro Financeiro (GF), quesito a ser estudado no próximo capítulo. Atividades de Estudos: 1) As empresas consomem recursos para executar suas tarefas. Quando esse uso de recursos é usado diretamente nos centros de produção, é registrado como custo. Diferencie e cite exemplos entre Custo Direto e Custo Indireto de Fabricação (CIF). ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 39 RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________ 2) A empresa de Madeira do Alto Vale Ltda., fornecedora de tábuas para diversas fábricas de móveis, deseja classifi car os seguintes gastos (consumo de recursos), como Mmatéria-prima e/ou insumos, MP/insumos; mão de obra direta - MOD; Custos Indiretos de Fabricação (CIF); e as despesas. Itens Valores em R$ Classifi cação Depreciação de equipamento 800,00 Troncos de madeira 18.550,00 Parafusos e porcas 1.350,00 Mão de obra, corte das tábuas 65.000,00 Supervisor de produção 7.800,00 Salários pessoal administrativo 15.780,00 Cola consumida 3.500,00 Depreciação galpão 3.700,00 Suprimentos centro de produção 2.600,00 Aluguel local de vendas 6.000,00 Depreciação máquinas e equipamento de produção 5.550,00 Depreciação equipamento administração 900,00 Combustível caminhões distribuição 3.800,00 3) Na execução das atividades de qualquer tipo de negócio existe a necessidade do uso de recurso. Esse consumo (ou gasto) de recursos, dependendo do objeto de custos, poderá ser custo ou despesa. A seguir, determine a sentença correta com relação ao uso de recursos: a) ( ) O uso de recursos considerado como despesa é utilizado com a fi nalidade de satisfazer as necessidades de gasto geral durante as atividades dos centros de produção. Nesta situação, podemos considerar o aluguel e o gasto da energia de um galpão usado no processo de transformação. 40 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO b) ( ) O uso de recursos considerado como despesa é utilizado com a fi nalidade de satisfazer as necessidades de apoio para fazer acontecer as atividades dos centros de produção. Nesta situação, podemos considerar o aluguel de várias lojas nos shoppings. 4) Os custos indiretos devem ser alocados ao custo unitário, eles refl etem o consumo de recursos nos processos de produção. Assim, o rateio é um sistema viável para incorporar os custos indiretos. Conforme os valores do quadro a seguir, incorpore os CIF ao custo dos dois produtos, e determine o custo unitário destes. 5) Uma parte importante da dinâmica dos custos é observar o comportamento dos custos em função de sua estrutura entre custos fi xos e variáveis. Assim, uma empresa poderá identifi car custos totais e unitários em diferentes níveis de produção. Diante disso, assinale a alternativa correta: a) ( ) A diferença essencial entre custo variável e fi xo é que o variável pode mudar em cada período de análise de custos, pois há alguns recursos em que seus preços de compra aos fornecedores mudam mês a mês. Exemplo: o quilo de tomate para produzir molho concentrado muda de preço todas as semanas. b) ( ) Entretanto, o custo fi xo é aquele que possui um preço de compra aos fornecedores estável mês a mês, este não muda de preço. Por exemplo: o aluguel da fábrica de molho de tomate, este possui contrato de custo fi xo por um ano. 41 RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 c) ( ) A diferença essencial entre custo variável e fi xo é que o variável vai mudando em função das unidades produzidas, ou seja, é diretamente vinculado e dosifi cado ao volume produzido, exemplo: quanto mais quilos de pão produzir uma padaria, maiores serão os custos variáveis. Entretanto, os custos fi xos são um custo indireto que não aumenta à medida que aumenta a produção, estes se mantêm fi xos, exemplo: o aluguel da padaria, esse custo será pago cada mês independentemente se a padaria produzir 300 quilos ou 3.000 quilos de pão ao mês. 6) Uma das peças-chave do método de custeio variável é a apuração da Margem de Contribuição. Nesse sentido, assinale a alternativa correta: a) Margem de contribuição defi ne-se como a margem bruta entre receitas menos os custos de produção, considerando o rateio de custos. b) Margem de contribuição é a diferença entre as receitas menos os custos e despesas de comportamento variável. c) Margem de contribuição vem a ser a contribuição logo dos custos unitários (diretos e indiretos) dos processos produtivos na capacidade de gerar lucro operativo antes das despesas. 7) As instituições utilizam o Ponto de Equilíbrio para defi nir o ponto crítico de suas operações. Considerando isso, a seguir, defi na o que é Ponto de Equilíbrio, e o que acontece com o resultado quando as vendas estão abaixo deste ponto de equilíbrio? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 8) Para poder identifi car o Ponto de Equilíbrio Operativo (PEO), deve ser identifi cado a margem de contribuição e os custos e despesas indiretos. Nesse contexto, a seguir, defi na o PEO, considerando os seguintes dados: 42 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO • Preço unitário de vendas R$ 160,00 • Custo de Produção Variável unitário R$ 64,11 • Despesa Variável unitária R$ 8,00 • Custos e despesas fi xas R$ 674.400,00 _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ 7 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Neste capítulo, abordamos alguns conceitos importantes de custos para visualizar melhor a dinâmica do capital de giro, assim, identifi camos quais custos são variáveis e quais são fi xos. Um aumento ou uma diminuição da atividade operacional causará um impacto direto no custo variável e uma mudança no peso do custo fi xo, e isso terá repercussões na dinâmica capital de giro. Essas mudanças, tanto na estrutura como no próprio volume de produção e vendas, mexem no equilíbrio operacional de qualquer negócio e na necessidade de capital de giro, que pode ser medida por várias perspectivas. 43 RECURSO OPERATIVO DE CURTO PRAZO Capítulo 1 REFERÊNCIAS CREPALDI, S. A. Curso básico de contabilidade de custos. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. GITMAN, L. J. Princípios de administração fi nanceira. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. KNUTH, V. Orçamento empresarial. Indaial: Uniasselvi, 2012. LUNKES, Rogério João. Manual de contabilidade hoteleira. São Paulo: Atlas, 2004. MARTINS, E. Contabilidade de custo. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MOREIRA, T. Setor de cartões propõe acabar com o parcelado sem juros. 2018. Disponível em: <http://www.valor.com.br/fi nancas/5287067/setor-de- cartoes-propoe-acabar-com-o-parcelado-sem-juros#>. Acesso em: 2 abr. 2018. SILVA, R. N. S.; LINS, L. S. Gestão de custos: Contabilidade, controle e análise. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013. 44 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO CAPÍTULO 2 CICLO DO CAPITAL DE GIRO A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Incorporar a dinâmica do Ciclo Operacional aos custos e despesas variáveis. Incorporar a dinâmica do Ciclo Financeiro aos prazos de pagamento aos fornecedores. Identifi car o capital de trabalho em função do ciclo fi nanceiro e da geração de custos. Estabelecer a sequência de giro do capital de trabalho. Utilizar os critérios do Ciclo Operacional. Avaliar o Ciclo Financeiro conforme a geração de custos. Relacionar a dinâmica da estrutura do Capital de Trabalho e o Ciclo Financeiro. 46 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO 47 CICLO DO CAPITAL DE GIROCapítulo 2 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Qual é o elo entre Capital de Giro e os processos operativos de uma organização? Basicamente, fi nanciar o abastecimento de recursos produtivos para viabilizar as operações. Diante disso, um dos objetivos do capital de giro é saber identifi car as necessidades de liquidez dos ciclos operacionais de cada um dos objetos de custos, que precisam de matéria-prima, insumos, mão de obra, entre outros. Uma empresa produtora de laticínios precisa identifi car necessidades de recursos para cada um dos ciclos produtivos de seus produtos, isto é, processos produtivos do leite integral pasteurizado, do leite semi-integral pasteurizado, de seus diversos tipos de queijos, de seus iogurtes etc. Quais recursos operativos são necessários neste exemplo? A matéria-prima, o leite cru; os insumos diversos; a mão de obra, tanto direta como indireta; a manutenção do equipamento; o consumo de energia; os gastos administrativos; entre outros. 2 CICLO OPERACIONAL A base do capital de giro é determinada pelo fl uxo das operações e consumo de recursos das atividades operacionais em função dos objetos de custos, isto é, todos os processos de ordens de compra, estocagens, processos de transformação da matéria-prima, insumos, salários, entre outros gastos. O consumo de recurso produtivo objetiva dar continuidade à produção constante apurada por meio dos tempos de consumo destes recursos. Voltando ao exemplo da indústria de laticínios e sua relação entre consumo de recursos e objetos de custos, esses objetos de custos poderiam ser visualizados como cada um dos produtos a serem ofertados pela empresa de laticínios. Embora complementares, cada um destes produtos pode ser identifi cado como objeto de custos diferenciados com seus respectivos ciclos operacionais. Por exemplo, o leite integral pasteurizado terá um ciclo produtivo de, no máximo, uma hora, a produção de soro de leite mais uma hora, e a produção de queijo prato pode demorar alguns dias, ou semanas, até o queijo madurecer no ponto desejado. Para ilustrar, observe a seguir um fl uxograma do processo de produção de dois produtos de laticínios 100% complementares, ou seja, os dois nascem do mesmo processo: a fabricação de soro de leite e o queijo prato, sendo que o queijo continua com mais um passo, o processo do amadurecimento. 48 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO Figura 1 - Processo de produção de soro de leite e queijo Adição de coalho Recepção de leite cru Soro de leiteDessoragem Corte da coalhada/mexedura Repouso/coagulação (45 minutos) Resfriamento (35 ºC) Pasteurização (65 °C/30 minutos) Adição do cloreto de cálcio Fonte: Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0101-20612009000100006>. Acesso em: 2 abr. 2018. Figura 2 - Processo de Maturação de Queijos Fonte: Disponível em: <http://www.lilies-diary.com/unterwegs-der-emilia- romagna-der-himmel-des-gaumenfreunds/>. Acesso em: 2 abr. 2018. 49 CICLO DO CAPITAL DE GIRO Capítulo 2 No exemplo exposto anteriormente, podemos visualizar a complexidade dos processos de fabricação de uma indústria, no caso de uma indústria de laticínios de uma só matéria-prima (leite cru), que consegue produzir diversos produtos com processos de produção específi cos, sendo que todos esses processos demandam de capitais de giro específi cos em função de seus objetos de custos. Agora, imagine uma indústria que produz diversos produtos derivados do plástico, observe que a maioria dos produtos que você consume possui plástico. Devemos observar que, apesar de a maioria das empresas possuir mais de um objeto de custos, neste capítulo, para facilitar o aprendizado, estudaremos como se existisse um só objeto de custos. Os ciclos operativos de qualquer processo operativo são diretamente dependentes do giro de capital necessário para conseguir dar conta de todas as atividades envolvidas nas atividades operacionais, que começam com o momento da compra, a estocagem de insumos, o processo de transformação, venda, a distribuição nos pontos de consumo e os clientes. Todo esse vínculo, entre os ciclos operacionais e suas respectivas necessidades de caixa, pode ser visualizado, fi nanceiramente, por meio das contas do Ativo Circulante, e sua contrapartida de fi nanciamento por meio das obrigações geradas no Passivo Circulante, tema a ser estudado no Capítulo 3. Assim, podemos observar que há um vínculo entre a análise inicial dos índices de liquidez e seu respectivo aprofundamento nos ciclos operacionais para gerar o capital de giro essencial às necessidades do negócio. Como se consegue analisar o capital de giro, além dos índices de liquidez? Por meio dos ciclos operacionais, conforme estudaremos a seguir. a) Tempos do ciclo operacional Uma maneira para determinar esses tempos de consumo de recursos é através do ciclo operacional das atividades operacionais. Para isso, devem ser defi nidos os seguintes prazos médios das atividades durante o processo operacional: • PME: o Prazo Médio de Estoques, que é defi nido em dias. O PME defi ne os estoques necessários para manter o fl uxo contínuo da produção. • PMP: Prazo Médio de Produção, que é estabelecido em dias. O PMP depende do tempo médio de transformação do processo de produção. • PMR: o Prazo Médio das Duplicatas a Receber, que é estabelecido em dias. O PMR é o tempo médio que demoram as vendas para se liquidar. Todos esses processos demandam de capitais de giro específi cos em função de seus objetos de custos. Todo esse vínculo, entre os ciclos operacionais e suas respectivas necessidades de caixa, pode ser visualizado, fi nanceiramente, por meio das contas do Ativo Circulante, e sua contrapartida de fi nanciamento por meio das obrigações geradas no Passivo Circulante 50 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO Ciclo Operativo CO = PME + PMR CO PME PMP PMR Ciclo Operacional Prazo Médio de Estoques Prazo Médio de Produção Prazo Médio de Duplicatas a Receber A fórmula anterior é a representação mais simplifi cada possível do CO, porém, atrás de cada um dos elementos que fazem parte do ciclo operacional, existe todo um processo de produção com diferentes níveis de complexidade, conforme as demandas da engenheira de produção, como foi visto no exemplo da indústria de laticínios. Contudo, de quais elementos dependerá a apuração destes prazos médios? • PME: Prazo Médio de Estocagem. O PME depende da análise dos processos produtivos e dos tempos logísticos de entrega dos insumos necessários para o processo produtivo. Vamos supor que uma fábrica de móveis, para garantir seus fl uxos operativos, possui um PME de 25 dias, logo, PME = 25 dias. • PMP: Prazo Médio de Produção. O PMP depende dos processos de transformação das matérias-primas e insumos em unidades de produto acabado. Vamos supor que uma fábrica de móveis precisa de 12 dias de processos de transformação, logo, PMP = 12 dias. • PMEA: Prazo Médio de Estocagem Produto Acabado. O PMEA depende do ciclo médio de saída da estocagem do produto acabado. Vamos supor que a fábrica precisa de 10 dias para garantir a saída do produto, logo, PMEA = 10 dias. • PMR: Prazo Médio de Duplicatas a Receber. O PMR depende do prazo de pagamento dos principais clientes, no caso da fábrica de móveis poderia ser das diferentes lojas de varejo. Vamos supor que esse prazo médio é de 60 dias, logo, PMR = 60 dias. As empresas devem defi nir muito bem esses prazos médios, que são estabelecidos pela gestão de estoques conforme a logística e processos de transformação das operações das diversas atividades que uma organização possa apresentar. Assim, uma vez estabelecidos esses prazos médios é que se pode apurar o ciclo operacional, utilizando a seguinte fórmula: 51 CICLO DO CAPITAL DE GIRO Capítulo 2 Uma vez feita essa apreciação de prazos médios, temos os meios para calcular o ciclooperativo (C0), sendo, neste caso: CO = PME + PMP + PMEA + PMR CO = 25 dias + 12 dias + 10 dias + 60 dias. CO = 107 dias. Qual seria sua apreciação desse CO de 107 dias? Esses 107 dias representam o prazo médio que a empresa demora para recuperar os recursos investidos no capital de giro de seu processo de produção. Ele é um “prazo médio” porque, de modo geral, as empresas possuem uma margem de erro de alguns dias, assim, esse prazo médio é uma média estatística. Segundo Gitman (2010, p. 549): O ciclo operacional (CO) de uma empresa é o período de tempo que vai do começo do processo de produção até o recebimento de caixa resultante da venda do produto acabado. O ciclo operacional abrange duas principais categorias de ativo de curto prazo: estoque e contas a receber. No exemplo com o qual estamos trabalhando, esses 107 dias representam o tempo “médio” que demorará para o investimento no capital de giro ser recuperado, isto é, desde a ordem de compra, a entrada dos estoques, até a recuperação das vendas. Observe que qualquer aumento ou diminuição desses prazos médios mudarão o CO, por exemplo: • Se por questões de manutenção de equipamento o PMP mudar de 25 dias para 30 dias, logo o CO mudará de 107 para 112 dias. Isso signifi ca que a empresa precisará de maior capital de giro, isto é, maior investimento nas suas necessidades monetárias para fi nanciar suas operações. • Se por aprimoramentos e inovações dos processos produtivos (por exemplo: compra de equipamento com tecnologia de ponta e que possa demandar de menor tempo de manutenção) o PMP reduzir para 17 dias, logo o CO mudará de 107 para 99 dias. Isso signifi ca que a empresa precisará de menor capital de giro, isto é, menor investimento nas suas necessidades monetárias para fi nanciar suas operações. Nesta seção, foi observada a necessidade de liquidez para comprar os materiais necessários à produção e a demora desse investimento para se tornar caixa, desde o momento da compra até o momento da liquidação das vendas a prazo. Nesta análise do ciclo de tempo, que demora em retornar o investimento em capital de giro, falta ainda mais um elemento de análise operativo, o tempo de fi nanciamento por parte dos fornecedores a ser estudado no ciclo fi nanceiro (CF) ou conversão de caixa. 52 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO 3 CICLO FINANCEIRO (CF) O ciclo fi nanceiro (CF) ou ciclo de conversão de caixa, basicamente, é o CO menos os saldos das Contas a Pagar, ou seja, o Prazo Médio de Pagamento (PMP). Por que se deve descontar o PMP? Se você observar o capital de giro, tem a fi nalidade de fi nanciar os recursos produtivos, de curto prazo, a serem usados nos processos de transformação, e, de fato, o Prazo Médio de Pagamento (PMP) é uma fonte de fi nanciamento desse capital de giro, assim, ele reduz a necessidade de fi nanciamento da liquidez. [...] O processo de produção e venda de um produto também inclui a compra a prazo de insumos de produção (matérias- primas), resultando em contas a pagar a fornecedores. Estas reduzem o número de dias de recursos de uma empresa comprometidos com o ciclo operacional. O tempo até a quitação das contas a pagar a fornecedores, medido em dias, é o prazo médio de pagamentos (PMP). O ciclo operacional menos o prazo médio de pagamento é chamado de ciclo de conversão de caixa (CCC) e representa o prazo pelo qual os recursos da empresa fi cam aplicados (GITMAN, 2010, p. 549). Nesse sentido, embora o capital de giro destine recursos monetários para fazer acontecer esse ciclo operacional (CO), há um elemento contínuo de fi nanciamento de parte desse mesmo capital de giro, as Contas a Pagar aos fornecedores. Por isso o nome ciclo fi nanceiro (CF), porque considera o elemento de fi nanciamento dos fornecedores na Conversão de Caixa Operacional. Essa conversão contínua de caixa vinda das operações pode ser apurada por meio de cálculo matemático simples, da seguinte maneira: O capital de giro, tem a fi nalidade de fi nanciar os recursos produtivos, de curto prazo, a serem usados nos processos de transformação, e, de fato, o Prazo Médio de Pagamento (PMP) é uma fonte de fi nanciamento desse capital de giro, assim, ele reduz a necessidade de fi nanciamento da liquidez. Quadro 1 - Conversão de caixa (+) Ciclo Operacional (CO) Como já vem se estudando, o CO mede o prazo mé- dio de toda a cadeia produtiva para converter em caixa as receitas vindas das operações. (-) Prazo Médio de Pagamento (PMP) O PMP depende dos prazos de pagamento negocia- dos com todos os fornecedores, prazo apurado por meio dos saldos registrados no Passivo Circulante durante o período da análise. (=) Ciclo Financeiro (CF) • Conversão de Caixa Como o pagamento aos fornecedores é uma con- stante operacional, vira elemento de redução da ne- cessidade de Capital de Giro operacional. Fonte: O autor. 53 CICLO DO CAPITAL DE GIRO Capítulo 2 Para conseguir entender melhor o CF, pense no seguinte: se não houver fi nanciamento dos fornecedores, a compra de insumos será à vista, o que acontecerá com o valor a ser pago do ciclo do capital de giro? Esse capital de giro deverá ser pago dentro da média de dias apurada no ciclo operacional (CO). Neste caso hipotético, como não há fi nanciamento por parte dos fornecedores, as compras devem ser pagas no momento da entrada desses insumos aos estoques. No entanto, a maioria dos negócios possuem acordos de prazos de pagamentos com seus fornecedores (pois são compras contínuas, só param se a empresa parar de produzir). Esse prazo de pagamento é um elemento de fi nanciamento constante do capital de giro. É por isso que esse prazo médio de pagamento (PMP) é descontado do CO, para assim conseguir apurar um referencial de capital de giro operacional e seu ciclo de conversão de caixa, conforme você pode observar na fi gura a seguir: Figura 3 - Conversão de caixa operativa - ciclo fi nanceiro (CF) Fonte: Disponível em: <http://slideplayer.com.br/slide/1257043/3/images/11/Ciclo+de+ convers%C3%A3o+de+caixa.jpg%20N>. Acesso em: 2 abr. 2018. 54 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO Na fi gura exposta, fi ca claro como funciona a dinâmica do ciclo fi nanceiro (CO) ou ciclo de conversão de caixa. Agora, devemos levar em consideração que, na vida real, esse CF pode apresentar alterações nos seus prazos médios. Por conta disso, as empresas, constantemente, estão fazendo gestão para aprimorar os elementos que fazem parte do ciclo fi nanceiro, isto é: • (+) PME = Prazo Médio de Estocagem. O PME depende da análise dos processos produtivos e dos tempos logísticos de entrega dos insumos necessários para o processo produtivo. Vamos supor que uma fábrica de móveis, para garantir seus fl uxos operativos, possui um PME de 25 dias. Logo, PME = 25 dias. o Assim, aprimorar a gestão de estoques visa reduzir o Prazo Médio de Estoques (PME). Se conseguir reduzir o PME, haverá um menor CO, logo, menor CF e menor capital de giro. • (+) PMP = Prazo Médio de Produção. O PMP depende dos processos de transformação das matérias-primas e insumos em unidades de produto acabado. Vamos supor que uma fábrica de móveis precisa de 12 dias de processos de transformação. Logo, PMP = 12 dias. o Assim, aprimorar e inovar processos de transformação visa reduzir o Prazo Médio de Produção (PMP). Tanto o PME como o PMP estão interligados. Ao existir uma efi ciente programação de produção na área de estoques, pode-se planejar visando minimizar o volume de estoques necessários. • (+) PMEA = Prazo Médio de Estocagem Produto Acabado. O PMEA depende do ciclo médio de saída da estocagem do produto acabado. Vamos supor que a fábrica precisa de 10 dias para a saída do produto. Logo, PMEA = 10 dias. o Assim, aprimorar a necessidade de manter estoques de produto acabado visa reduzir o Prazo Médio de Estocagem Produto Acabado (PMEA). Muitos negócios têm que ter estoques de produto acabado, para assim garantir
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