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Direito Constitucional

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DIREITO CONSTITUCIONAL PARA O 
EAGS 
PROFESSOR RENATO BARROSO ANO 
2020/2021 
2 
 
 
 
 
 
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte 
para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e 
individuais, a liberdade, a segurança, o bem- estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça 
como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na 
harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica 
das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA 
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. 
 
TÍTULO I 
Dos Princípios Fundamentais 
 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do 
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
 
I - a soberania; 
II - a cidadania 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político. 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, 
nos termos desta Constituição. 
 
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. 
 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: 
 
 I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
II - garantir o desenvolvimento nacional; 
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras 
formas de discriminação. 
 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: 
 
I - independência nacional; 
II - prevalência dos direitos humanos; 
 III - autodeterminação dos povos; 
IV - não-intervenção; 
V - igualdade entre os Estados; 
VI - defesa da paz; 
VII - solução pacífica dos conflitos; 
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; 
X - concessão de asilo político. 
 
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural 
dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. 
3 
 
 
 
 
1. Noções preliminares. 
 
O Título 1 da Constituição brasileira de 1988, composto por quatro artigos, 
 
é dedicado aos denominados "princípios fundamentais" do Estado brasileiro. O nosso 
constituinte utilizou essa expressão genérica para traduzir a ideia de que nesses primeiros 
quatro artigos já se estabelecem a forma do nosso 
Estado e de seu governo, proclama-se o regime político democrático fundado na soberania 
popular e institui-se a garantia da separação de funções entre os poderes. 
Também neles encontram-se os valores e os fins mais gerais orientadores de nosso 
ordenamento constitucional, funcionando como diretrizes para todos os órgãos mediante os 
quais atuam os poderes constituídos. 
 
2. Fundamentos da República Federativa do Brasil. 
 
O art. 1.º da Constituição, em seu caput, resume a um só tempo, em uma 
 
única sentença, as características mais essenciais do Estado brasileiro: trata-se de uma federação (forma de Estado), de uma 
república ( forma de governo), que adota o regime político democrático ( traz ínsita a ideia de soberania assentada no povo); 
constitui, ademais, um Estado de Direito (implica a noção de limitação do poder e de garantia de direitos fundamentais aos 
particulares). 
 
RESUMO: 
 
Forma de Estado = Federação. Forma de Governo 
= República. 
Sistema de Governo = Presidencialismo. Regime político = 
Democracia. 
Todas essas noções nucleares acerca da estrutura do Estado e do funcionamento do poder político encontram-se assim 
sintetizadas: 
 
Art.1° A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos 
Estados e Municípios e do Distrito Federal, 
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos 
 
SO CI DI VA PLU. 
 
Soberania. Cidadania. 
Dignidade da Pessoa Humana. 
 
Valores Sociais do Trabalho e da Livre Iniciativa. Pluralismo. 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de 
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 
2.1. Forma de Estado. 
 
A forma de Estado adotada no Brasil é a de uma federação, o que 
 
significa a coexistência, no mesmo território, de unidades dotadas de autonomia política, que possuem competências 
próprias discriminadas diretamente no texto constitucional. 
 
A Federação brasileira é composta pela União, estados-membros, Distrito 
 
Federal e municípios. Todos eles são pessoas jurídicas de direito público autônomas e encontram-se sujeitos ao princípio da 
indissolubilidade do vínculo federativo (não existe em nosso País o direito de secessão). 
 
Essas pessoas políticas descentralizadas possuem poder de autoorganização, competências legislativas e administrativas e 
autonomia financeira (têm competências tributárias próprias). Além disso, os estados e o Distrito 
 
Federal são representados no órgão formador da vontade política geral do Estado (têm 
representação no Congresso Nacional - C F, art. 46) e podem propor emendas à Constituição 
(CF, art. 60,III). 
Deve-se anotar, por fim, que a forma federativa de Estado é, no Brasil, cláusula pétrea, não 
podendo ser nem mesmo objeto de deliberação qualquer proposta de emenda constitucional 
tendente a aboli-la (CF, art. 60, § 4. I). 
 
2.2. Forma de Governo. 
 
O Brasil é uma república. Essa é a forma de governo adotada em 
 
4 
 
 
 
nosso País desde 15 de novembro de 1889, consagrada na Constituição de 1891 e em todas as 
Constituições subsequentes. 
A Constituição de 1988 não erigiu a forma republicana de governo ao 
 
status de cláusula pétrea. Entretanto, o desrespeito ao princípio republicano pelos estados-
membros ou pelo Distrito Federal constitui motivo ensejador de medida drástica: a intervenção 
federal (art. 34, VII, "a"). 
Preleciona José Afonso da Silva que forma de governo "é conceito que 
 
se refere à maneira como se dá a instituição do poder na sociedade e como 
 
se dá a relação entre governantes e governados. Responde à questão de quem deve exercer o poder e como este se exerce". 
 
A mais notória característica formal das repúblicas é a necessidade de alternância no poder. 
Entretanto, como assinala a mais abalizada doutrina, não 
é suficiente essa formalidade para que tenhamos uma república em seu sentido mais nobre, de "coisa pública". O conceito de 
república, hoje, encontra-se irremediavelmente imbricado com o princípio democrático e com o princípio da igualdade 
(ausência de privilégios em razão de estirpe). 
 
Em suma, conforme a excepcional síntese de Roque Antônio Carrazza, 
 
a república é a forma de governo fundada na igualdade jurídica das pessoas, 
 
em que os detentores do poder político exercem-no em caráter eletivo, representativo, transitório e com responsabilidade. 
 
2.3. Regime Político. 
 
Quanto ao regime político, o caput do art. 1º da CF afirma 
 
que o Brasil "constitui-se em Estado Democrático de Direito". Em suas origens, o conceito 
de "Estado de Direito" estava ligado tão somente à 
ideia de limitação do poder e sujeição do governo a leis gerais e abstratas. 
A noção de Estado democrático é posterior, e relaciona-se à necessidade de que seja 
assegurada a participação popular no exercício do poder, que deve, ademais, ter por fim a 
obtenção de u ma igualdade material entre os indivíduos. 
Atualmente, a concepção de "Estado de Direito" é indissociável do conceito de "Estado 
Democrático", o que faz com que a expressão "Estado 
Democrático de Direito" traduza a ideia de um Estado em que todas as pessoas e todos os poderes estão sujeitos ao império 
da lei e do Direito e noqual os poderes públicos sejam exercidos por representantes do povo visando a assegurar a todos 
uma igualdade material (condições materiais mínimas necessárias a uma existência digna). 
 
Reforça o princípio democrático o parágrafo único do art. 1º da CF, 
 
ao declarar que "todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes 
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição''. Democracia, na célebre conceituação 
de Lincoln, é o governo do povo, pelo povo e para o povo. Tradicionalmente, identificam-se 
como elementos essenciais do regime democrático: 
a) o princípio da maioria; 
 
b) o princípio da liberdade; 
 
c) o princípio da igualdade. 
 
O parágrafo único do art. 1º da Carta da República permite concluir que 
 
em nosso Estado vigora a denominada democracia semidireta, ou participativa, na qual são conjugados o princípio 
representativo com os institutos da democracia direta (plebiscito, referendo, iniciativa popular). 
 
O art. 1º da Constituição de 1988, a par de estabelecer a forma do Estado brasileiro 
(federação), a forma de seu governo (república) e o regime de governo (democracia 
participativa fundada na soberania popular), enumera, em seus cinco incisos, os valores 
maiores que orientam nosso Estado. 
O constituinte denominou esses valores mais gerais de "fundamentos 
 
da República Federativa do Brasil", exatamente para transmitir a noção de alicerces, de vigas 
mestras de nossa ordenação político-jurídica. 
Os fundamentos da República Federativa do Brasil são: (1) a soberania; 
 
(2) a cidadania; (3) a dignidade da pessoa humana; (4) os valores sociais do trabalho e da livre-
iniciativa; e (5) o pluralismo político 
5 
 
 
 
 SOBERANIA 
A soberania significa que o poder do Estado brasileiro, na ordem interna, 
é superior a todas as demais manifestações de poder, não é superado 
 
por nenhuma outra forma de poder, ao passo que, em âmbito internacional, encontra-se em 
igualdade com os demais Estados independentes. 
 
 CIDADANIA 
Ao alçar a cidadania a fundamento de nosso Estado, o constituinte está utilizando essa expressão 
em sentido abrangente, e não apenas técnico-jurídico. 
Não se satisfaz a cidadania aqui enunciada com a simples atribuição formal 
 
de direitos políticos ativos e passivos aos brasileiros que atendam aos requisitos legais. É necessário que o Poder Público 
atue, concretamente, a fim de incentivar e oferecer condições propícias à efetiva participação política dos 
 
indivíduos na condução dos negócios do Estado, fazendo valer seus direitos, controlando os atos 
dos órgãos públicos, cobrando de seus representantes 
o cumprimento de compromissos assumidos em campanha eleitoral, enfim, assegurando e 
oferecendo condições materiais para a integração irrestrita do indivíduo na sociedade política 
organizada. 
 
 DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA 
A dignidade da pessoa humana como fundamento da República Federativa do Brasil consagra, 
desde logo, nosso Estado como uma organização centrada no ser humano, e não em qualquer 
outro referencial. A razão de 
ser do Estado brasileiro não se funda na propriedade, em classes, em corporações,em organizações religiosas, tampouco 
no próprio Estado (como 
 
ocorre nos regimes totalitários), mas sim na pessoa humana. Na feliz síntese 
 
de Alexandre de Moraes, "esse fundamento afasta a ideia de predomínio das concepções transpessoalistas de Estado e 
Nação, em detrimento da liberdade individual". São vários os valores constitucionais que decorrem diretamente da ideia de 
dignidade humana, tais como, dentre outros, o direito à vida, à intimidade, à honra e à imagem. 
 
A dignidade da pessoa humana assenta-se no reconhecimento de duas posições jurídicas ao 
indivíduo. De um lado, apresenta-se como um direito de proteção individual, não só em relação 
ao Estado, mas, também, frente aos demais indivíduos. De outro, constitui dever fundamental 
de tratamento igualitário dos próprios semelhantes. 
 
 VALOR SOCIAL DO TRABALHO E DA LIVRE INICIATIVA 
É fundamento do nosso Estado, ainda, o valor social cio trabalho e da livre-iniciativa. Assim 
dispondo, nosso constituinte configura o Brasil comoum Estado obrigatoriamente capitalista e, 
ao mesmo tempo, assegura que, nas relações entre capital e trabalho será reconhecido o 
valor social deste último. No art. 1 70, a Constituição reforça esse fundamento, ao estatuir 
que " a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre-iniciativa, 
tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social". 
 PLURALISMO POLÍTICO 
 
Por último, nossa Carta arvora o pluralismo político em fundamento da 
 
República Federativa do Brasil, implicando que nossa sociedade deve reconhecer e garantir a inclusão, nos processos de 
formação da vontade geral, 
 
das diversas correntes de pensamento e grupos representantes de interesses existentes no seio do corpo comunitário. 
 
 
3. PODERES DO ESTADO 
 
O art. 2º da CF define como Poderes da República Federativa do Brasil, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, 
o Executivo e o Judiciário. 
 
Esse artigo consagra o princípio da separação dos Poderes, ou princípio da divisão funcional do poder do Estado. 
 
O critério de divisão funcional consiste em atribuir a órgãos independentes entre si o exercício 
precípuo das funções estatais essenciais. Assim, 
ao Poder Executivo incumbe, tipicamente, exercer as funções de Governo e 
 
Administração (execução não contenciosa das leis); ao Poder Legislativo cabe precipuamente a elaboração das leis (atos 
normativos primários); ao Poder Judiciário atribui-se, como função típica, o exercício da jurisdição (dizer o direito aplicável aos 
casos concretos, na hipótese de litígio). 
6 
 
 
 
 
 
4. OBJETIVOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 
 
Além dos fundamentos da República Federativa do Brasil, o constituinte 
 
de 1988 explicitou, no art. 3º de nossa Carta Política, objetivos fundamentais a serem perseguidos pelo Estado Brasileiro. 
 
Os objetivos fundamentais do Estado brasileiro arrolados no art. 3.º da Constituição são: 
1 - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o 
desenvolvimento nacional; 
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e 
quaisquer outras formas de discriminação. 
Constata-se que esses objetivos têm em comum assegurar a igualdade material entre os 
brasileiros, possibilitando a todos iguais oportunidades para 
alcançar o pleno desenvolvimento de sua personalidade, bem como para autodeterminar e lograr atingir suas aspirações 
materiais e espirituais, condizentes com a dignidade inerente a sua condição humana. Como bem resume José Afonso da 
Silva, alguns dos objetivos assinalados "valem como base das prestações positivas que venham a concretizar a 
democracia econômica, social e cultural, a fim de efetivar na prática a dignidade da pessoa humana". 
 
 
5. PRINCÍPIOS DE ÂMBITO INTERNACIONAL. 
 
O art. 4º que finaliza o Título 1 da Constituição de 1988, enumera dez princípios 
fundamentais orientadores das relações do Brasil na ordem internacional. É esta a sua 
redação: 
Art. 4.º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações 
internacionais pelos seguintes princípios: 
I. independência nacional; 
 
II. prevalência dos direitos humanos; 
 
III. autodeterminação dos povos; 
 
IV. não intervenção; 
 
V. igualdade entre os Estados; 
 
VI. defesa da paz; 
 
VII. solução pacífica dos conflitos; 
 
VIII. repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
 
IX. cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; 
 
X. concessão de asilo político. 
 
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração 
econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à 
formação de uma comunidade latino- americana de nações. 
De um modo geral, esses princípios consubstanciamo reconhecimento 
 
da soberania, no plano internacional, como elemento igualador dos Estados, além de reconhecer, também nesse âmbito, o 
ser humano como centro das preocupações da nossa República. 
 
Assim, reforça-se a independência nacional como princípio, que nada mais é do que a manifestação da soberania na ordem 
internacional. 
Como corolário, tem-se a igualdade entre os Estados (art. 4 .º,V), consagração do princípio da não subordinação no 
plano internacional. 
 
Trata-se, aqui, de uma igualdade formal, essencial mente jurídica, uma vez que na esfera 
econômica são absurdamente desiguais as condições existentes entre os Estados. De toda sorte, 
uma noção de busca de igualdade material 
se manifesta no princípio da colaboração entre os Estados. A Constituição de 1988 agrega ao 
princípio da colaboração o fim a ser perseguido mediante essa cooperação mútua, qual seja, o 
7 
 
 
 
progresso da humanidade (cooperação entre os povos para o progresso da humanidade art. 4º, 
IX). 
O princípio da não intervenção (art. 4º, IV), e seu correlato, a autodeterminação 
 
cios povos (art. 4º, III), também têm origem no reconhecimento da igualdade entre os Estados. Respeita- se a soberania de 
cada um, assegurando-se que, no âmbito interno, os Estados não devem sofrer ingerência na condução de seus assuntos. 
Vale lembrar que não existem princípios absolutos, devendo sua convivência seguir a lógica da ponderação. Assim, o inciso II 
do art. 4.º enuncia como princípio fundamental internacional a prevalência dos direitos humanos, o que, em casos extremos 
de afronta a esses direitos por um Estado, pode levar o Brasil a apoiar a interferência de outros Estados naquele, a fim de 
impedir a continuação de situações de profunda degradação da dignidade humana. Nesses casos, de que são inúmeros os 
exemplos concretamente ocorridos, os direitos humanos prevalecem à própria soberania. 
 
Na esteira da prevalência dos direitos humanos, o constituinte consignou ainda como 
princípios de nosso Estado na ordem internacional o repúdio ao terrorismo e ao racismo (art. 
4 VIII) e a concessão de asilo político (art. 4, X) a quem esteja sendo perseguido, em outro 
Estado, por motivos políticos ou de opinião. 
São, por último, princípios internacionais, que se complementam, a defesa da paz (art. 4º,VI) e a 
solução pacífica dos conflitos (art. 4, VII). 
Ao lado dos dez princípios que regem as relações do Estado brasileiro 
 
na ordem internacional , o parágrafo único do art. 4º enuncia um objetivo a ser perseguido 
pelo Brasil no plano internacional: a integração econômica, política, social e cultural dos povos 
da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. 
Fonte: Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo. Direito Administrativo Descomplicado. 
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
 
 
 
São chamados por muitos de direito as liberdades públicas, direitos humanos, direitos subjetivos públicos, entretanto a 
expressão direitos fundamentais é a mais precisa, pois abrange situações em que se pretende a defesa do cidadão perante o 
Estado como os interesses jurídicos de caráter social, político ou difuso protegido pela constituição. De um outro lado o termo 
fundamental destaca a imprescindibilidade desses direitos a condição humana. 
 
 
Direito # Garantia 
 
Direito é uma norma de caráter declaratório, que imprime existência a algo. Ex: art. 5º, XV “é livre a locomoção no território 
nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus 
bens;” 
 
Garantia é uma norma de caráter assecuratório de um direito, estariam marcados pelo seu caráter instrumental, vale dizer , 
seriam os meios voltados para obtenção ou reparação dos direitos violados. Ex: art. 5º, LXVIII “conceder-se-á "habeas-
corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por 
ilegalidade ou abuso de poder;” 
 
Não confunda garantia constitucional com remédio constitucional, pois os remédios são apenas espécies de garantias. 
Observe uma garantia que não corresponde a remédio constitucional: 
 
Art. 5 º, X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a 
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; ( note que o direito é consagrado e em 
seguida surge a garantia caso o mesmo seja violado). 
 
Características 
 
 
a) imprescritibilidade (os direitos fundamentais não desaparecem pelo decurso do tempo); 
b) inalienabilidade(não há possibilidade de transferência dos direitos fundamentais a outrem); 
c) irrenunciabilidade(em regra, os direitos fundamentais não podem ser objeto de 
renúncia); 
d) inviolabilidade(impossibilidade de sua não observância por disposições 
infraconstitucionais ou por atos das autoridades públicas); e)universalidade(devem 
abranger todos os indivíduos, independentemente de sua nacionalidade, sexo, raça, credo ou 
convicção político-filosófica); f)efetividade(a atuação do Poder Público deve ter por 
escopo garantir a efetivação dos direitos fundamentais); 
8 
 
 
 
g)interdependência(as várias previsões constitucionais, apesar de autônomas, possuem diversas 
intersecções para atingirem suas finalidades; assim, a liberdade de locomoção está intimamente ligada à 
garantia do habeas corpus, bem como à previsão de prisão somente por flagrante delito ou por ordem da 
autoridade judicial); h)complementaridade(os direitos fundamentais não devem ser interpretados 
isoladamente, mas sim de forma conjunta com a finalidade de alcançar os 
objetivos previstos pelo legislador constituinte); 
i) relatividade ou limitabilidade(os direitos fundamentais não têm natureza absoluta). 
Evolução dos Direitos Fundamentais 
 
 
1ª geração – consagra as liberdades públicas. Impõem uma abstenção do Estado. São chamados de direitos negativos. Ex: 
direitos civis e políticos. 
 
2ª geração – exige uma atividade prestacional do Estado. São conhecidos como direitos positivos também chamados direitos de 
crença. Ex: sociais, culturais e econômicos. 
 
3ª geração – ligados aos sentimentos de solidariedade e fraternidade. Ex: paz, desenvolvimento econômico, comunicação, 
meio ambiente e defesa do consumidor. 
 
 
 
TÍTULO II 
Dos Direitos e Garantias Fundamentais 
CAPÍTULO I 
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e 
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; 
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; 
 III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 
 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, 
moral ou à imagem; 
 
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos 
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; 
 
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de 
internação coletiva; 
 
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, 
salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação 
alternativa, fixada em lei; 
 
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente 
de censura ou licença; 
 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a 
indenização pelo danomaterial ou moral decorrente de sua violação; 
 
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, 
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação 
judicial; 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações 
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de 
investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9296.htm
9 
 
 
 
 
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que 
a lei estabelecer; 
 
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao 
exercício profissional; 
 
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, 
nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; 
 
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente 
de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo 
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; 
 
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar; 
 
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo 
vedada a interferência estatal em seu funcionamento; 
 
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por 
decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; 
 
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; 
 
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus 
filiados judicial ou extrajudicialmente; 
 
XXII - é garantido o direito de propriedade; 
 
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; 
 
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou util idade pública, ou por 
interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta 
Constituição; 
 
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, 
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano; 
 
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será 
objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os 
meios de financiar o seu desenvolvimento; 
 
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, 
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; 
 
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: 
 
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, 
inclusive nas atividades desportivas; 
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos 
criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas; 
 
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem 
como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos 
distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País; 
 
XXX - é garantido o direito de herança; 
 
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do 
10 
 
 
 
cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus"; 
 
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; 
 
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de 
interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas 
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; (Regulamento) 
 
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: 
 
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; 
 
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de 
situações de interesse pessoal; 
 
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; XXXVI - a lei não 
prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; 
DIREITO ADQUIRIDO Consideram-se adquiridos assim os direitos 
que o seu titular, ou alguém por ele, possa 
exercer, como aqueles cujo começo do 
exercício tenha termo pré-fixo, ou condição 
pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de 
outrem. 
ATO JURÍDICO PERFEITO Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado 
segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. 
COISA JULGADA Chama-se coisa julgada ou caso julgado a 
decisão judicial de que já não caiba recurso. 
 
 
 
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; 
 
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: 
 
a) a plenitude de defesa; 
 
b) o sigilo das votações; 
c) a soberania dos veredictos; 
 
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; 
 
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; 
 
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; 
 
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais; 
 
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos 
da lei; 
 
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico 
ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles 
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; 
 
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a 
ordem constitucional e o Estado Democrático; 
 
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a 
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, 
até o limite do valor do patrimônio transferido; 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11111.htm
11 
 
 
 
 
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: 
 
a) privação ou restrição da liberdade; 
 
b) perda de bens; 
 
c) multa; 
 
d) prestação social alternativa; 
 
e) suspensão ou interdição de direitos; XLVII - não 
haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; 
 
b) de caráter perpétuo; 
 
c) de trabalhos forçados; 
 
d) de banimento; 
 
e) cruéis; 
 
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o 
sexo do apenado; 
 
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; 
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o 
período de amamentação; 
 
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da 
naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; 
 
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião; 
 
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; 
 
LIV - ninguém seráprivado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; 
 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o 
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
 
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; 
 
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; 
 
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em 
lei; (Regulamento). 
 
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal; 
 
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o 
interesse social o exigirem; 
 
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade 
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; 
 
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz 
competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12037.htm
12 
 
 
 
 
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe 
assegurada a assistência da família e de advogado; 
 
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; 
 
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; 
 
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou 
sem fiança; 
 
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e 
inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; 
 
LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência 
ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; 
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por 
"habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade 
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público; 
 
DIREITO LÍQUIDO E CERTO HELY LOPES MEIRELLES “É O QUE SE 
APRESENTA MANIFESTO NA SUA 
EXISTÊNCIA, DELIMITADO NA SUA 
EXTENSÃO E APTO A SER EXERCITADO NO 
MOMENTO DA IMPETRAÇÃO. 
 
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: 
 
a) partido político com representação no Congresso Nacional; 
 
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há 
pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; 
 
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o 
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à 
cidadania; 
 
LXXII - conceder-se-á "habeas-data": 
 
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros 
ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; 
 
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; 
 
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao 
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao 
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da 
sucumbência; 
 
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de 
recursos; 
 
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo 
fixado na sentença; 
 
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: 
 
a) o registro civil de nascimento; 
 
13 
 
 
 
b) a certidão de óbito; 
 
LXXVII - são gratuitas as ações de "habeas-corpus" e "habeas-data", e, na forma da lei, os atos necessários 
ao exercício da cidadania. (Regulamento) 
 
LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os 
meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
§ 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. 
 
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos 
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. 
 
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa 
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes 
às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)(Atos aprovados na forma 
deste parágrafo) 
 
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado 
adesão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
 
CAPÍTULO II 
DOS DIREITOS SOCIAIS 
 
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, 
o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos 
desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 
2015) 
 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua 
condição social: 
 
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei 
complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos; 
 
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; III - fundo de 
garantia do tempo de serviço; 
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais 
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e 
previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação 
para qualquer fim; 
 
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; 
 
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; 
 
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável; 
 
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria; 
 
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; 
 
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; 
 
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, 
participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; 
 
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;(Redação 
dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9265.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc90.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc90.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc20.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc20.htm#art1
14 
 
 
 
compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; (vide 
Decreto-Lei nº 5.452, de 1943) 
 
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo 
negociação coletiva; 
 
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; 
 
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; (Vide 
Del 5.452, art. 59 § 1º) 
 
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal; 
 
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; 
 
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; 
 
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; 
 
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; 
 
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança; 
 
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; 
 
XXIV - aposentadoria; 
 
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em 
creches e pré-escolas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) 
 
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; XXVII - proteção 
em face da automação, na forma da lei; 
 
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este 
está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; 
 
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco 
anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de 
trabalho;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000) 
 
a) (Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000) 
 
b) (Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000) 
 
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de 
sexo, idade, cor ou estado civil; 
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador 
portador de deficiência; 
 
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais 
respectivos; 
 
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a 
menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
 
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador 
avulso. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm#art478§2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm#art478§2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm#art59§1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm#art59§1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc53.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc53.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc28.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc28.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc28.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc28.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc20.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc20.htm#art1
15 
 
 
 
 
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos 
incisos IV, VI, VII, VIII, X,XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXIV, XXVI, XXX, 
XXXI E XXXIIIatendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das 
obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os 
previstos nos incisos I, II, III, XI, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social. (EC 72 de 
2013). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Militares (têm direito). Servidores Públicos(têm direito). Domésticos (não têm direito) 
VIII décimo terceiro salário com base na 
remuneração integral ou no valor da 
aposentadoria; 
 
XII - salário-família pago em razão do 
dependente do trabalhador de baixa 
renda nos termos da lei 
 
XVII - gozo de férias anuais 
remuneradas com, pelo menos, um terço 
a mais do que o salário normal; 
 
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo 
do emprego e do salário, com a duração 
de cento e vinte dias; 
 
XIX - licença-paternidade, nos termos 
fixados em lei 
 
XXV - assistência gratuita aos filhos e 
dependentes desde o nascimento até 5 
(cinco) anos de idade em creches e pré- 
escolas 
IV - salário mínimo , fixado em lei, 
nacionalmente unificado, capaz de 
atender a suas necessidades vitais básicas 
e às de sua família com moradia, 
alimentação, educação, saúde, lazer, 
vestuário, higiene, transporte e 
previdência social, com reajustes 
periódicos que lhe preservem o poder 
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação 
para qualquer fim; 
 
VII - garantia de salário, nunca inferior 
ao mínimo, para os que percebem 
remuneração variável; 
 
VIII - décimo terceiro salário com base 
na remuneração integral ou no valor da 
aposentadoria; 
 
IX - remuneração do trabalho noturno 
superior à do diurno 
 
XII - salário-família pago em razão do 
dependente do trabalhador de baixa 
renda nos termos da lei; 
 
XIII - duração do trabalho normal não 
superior a oito horas diárias e quarenta e 
quatro semanais, facultada a 
compensação de horários e a redução da 
jornada, mediante acordo ou convenção 
coletiva de trabalho 
 
XV - repouso semanal remunerado, 
preferencialmente aos domingos; 
 
XVI - remuneração do serviço 
extraordinário superior, no mínimo, em 
cinquenta por cento à do normal; XVII - 
gozo de férias anuais remuneradas com, 
pelo menos, um terço a mais do que o 
salário normal; 
V - piso salarial proporcional à extensão 
e à complexidade do trabalho. 
 
IX - remuneração do trabalho noturno 
superior à do diurno 
 
XIV - jornada de seis horas para o 
trabalho realizado em turnos 
ininterruptos de revezamento, salvo 
negociação coletiva; 
 
XX - proteção do mercado de trabalho da 
mulher, mediante incentivos específicos, 
nos termos da lei; 
 
XXII - redução dos riscos inerentes ao 
trabalho, por meio de normas de saúde, 
higiene e segurança; 
 
XXIII - adicional de remuneração para as 
atividades penosas, insalubres ou 
perigosas, na forma da lei; 
 
XXVII - proteção em face da automação, 
na forma da lei 
 
XXIX - ação, quanto aos créditos 
resultantes das relações de trabalho, com 
prazo prescricional de cinco anos para os 
trabalhadores urbanos e rurais, até o 
limite de dois anos após a extinção do 
contrato de trabalho 
 
XXXII - proibição de distinção entre 
trabalho manual, técnico e intelectual ou 
entre os profissionais respectivos; 
 XVIII - licença à gestante, sem prejuízo 
do emprego e do salário, com a duração 
de cento e vinte dias; 
 
XIX - licença-paternidade, nos termos 
fixados em lei 
 
XXII - redução dos riscos inerentes ao 
trabalho, por meio de normas de saúde, 
higiene e segurança; 
 
XXX - proibição de diferença de 
salários, de exercício de funções e de 
critério de admissão por motivo de sexo, 
idade,cor ou estado civil; 
 
16 
 
 
 
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: 
 
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão 
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical; 
 
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria 
profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores 
interessados, não podendo ser inferior à área de um Município; 
 
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em 
questões judiciais ou administrativas; 
 
IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada 
em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da 
contribuição prevista em lei; 
 
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato; 
 
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho; VII - o 
aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais; 
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção 
ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer 
falta grave nos termos da lei. 
 
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de 
pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer. 
 
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de 
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. 
 
§ 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades 
inadiáveis da comunidade. 
§ 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei. 
 
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos 
em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação. 
 
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um representante 
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores. 
 
 
 
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político de direito público interno,faz da pessoa um dos elementos componentes 
da dimensão do Estado. Cada Estado é livre para dizer quais são os seus nacionais. Serão nacionais de um 
Estado, portanto, aqueles que o seu Direito definir como tais; 
demais serão estrangeiros: todos aqueles que não são tidos por nacionais um determinado 
Estado são, perante ele, estrangeiros. 
 
Nação é o agrupamento humano cujos membros, fixados num território, são ligados por 
laços históricos, culturais, econômicos e linguísticos; o fato de possuírem as mesmas 
tradições e costumes, bem como a consciência coletiva dão os contornos ao conceito de 
nação. 
 
Povo é o conjunto de pessoas que fazem parte de um Estado, é o elemento humano do 
Estado, ligado a este pelo vínculo da nacionalidade. 
 
População é conceito meramente demográfico, mais amplo que o conceito de povo, utilizado 
para designar o conjunto de residentes de um território, quer sej am nacionais, quer sejam 
estrangeiros. 
 
17 
 
 
 
 
Nacionais são todos aqueles que o Direito de um Estado define como tais; são todos aqueles que se encontram 
presos ao Estado por um vínculo jurídico que os qualifica como seus integrantes. 
 
Cidadão é conceito restrito, para designar os nacionais (natos ou naturalizados) no gozo dos 
direitos políticos e participantes da vida do Estado. 
 
 
Estrangeiros são todos aqueles que não são tidos por nacionais, em relação a um determinado 
Estado, isto é, as pessoas a que o Direito do Estado 
não atribuiu a qualidade de nacionais. 
 
Polipátrida é aquele que possui mais de uma nacionalidade, em razão de o seu nascimento o enquadrar em 
distintas regras de aquisição de nacionalidade. Dois ou mais Estados reconhecem uma determinada pessoa como 
seu nacional, dando origem à multinacionalidade. Essa situação ocorre, por exemplo, com os filhos oriundos de 
Estado que adota o critério ius sanguinis (nacionalidade determinada pela ascendência), quando nascem em um 
Estado que acolhe o critério ius so/is (nacionalidade determinada pelo local do nascimento). Situação de 
polipátrida ocorre com os filhos de italianos nascidos no Brasil. Como o Brasil adota o critério do ius solis, os filhos 
de italianos aqui nascidos, desde que seus pais não estejam a serviço da Itália, adquirirão, de pronto, necessária e 
automaticamente, a nacionalidade brasileira. Como a Itália adota o critério ius sanguinis, os filhos de italianos, 
nascidos onde quer que seja, são, para aquele país, italianos. Logo, os filhos de italianos nascidos no Brasil 
adquirem, por força da legislação italiana, dupla nacionalidade. 
 
Apátrida ("sem pátria" ou heimatlos) é aquele que, dada a circunstância de seu 
nascimento, não adquire nacionalidade, por não se enquadrar em nenhum critério estatal 
que lhe atribua nacionalidade. 
É o que ocorre, em princípio, com um filho de brasileiro nascido na Itália, 
se seus pais não estiverem a serviço do Brasil. Não será ele italiano, porque a Itália adota o 
critério ius sanguinis, segundo o qual somente será italiano o 
descendente de italiano. Por outro lado, não será brasileiro, porque, como o Brasil adota o critério ius 
solis, ninguém será considerado automaticamente brasileiro pelo simples fato de ter pais brasileiros, 
se nascido em outro Estado. 
 
Espécies de Nacionalidade 
A nacionalidade pode ser primária (de origem ou originária) ou secundária (adquirida). 
 
A nacionalidade primária resulta de fato natural (nascimento), a partir do qual, de acordo com os critérios 
adotados pelo Estado (sanguíneos ou territoriais), será estabelecida. Cuida-se de aquisição involuntária de 
nacionalidade, decorrente do simples nascimento ligado a um critério estabelecido pelo Estado. 
 
A nacionalidade secundária é a que se adquire por ato volitivo, depois do nascimento (em regra, pela 
naturalização). Cuida-se de aquisição voluntária de nacionalidade, resultante da manifestação de um ato de 
vontade. 
 
 
Critérios de atribuição de nacionalidade 
São dois os critérios para a atribuição da nacionalidade primária, ambos partindo do 
nascimento da pessoa: o de origem sanguínea -ius sanguinis e o de origem territorial -ius 
solis. 
O critério ius sanguinis funda-se no vínculo do sangue, segundo o qual será nacional todo 
aquele que for filho de nacionais, independentemente do local de nascimento. 
O critério ius solis atribui a nacionalidade a quem nasce no território do Estado que o adota, 
independentemente da nacionalidade dos ascendentes. A Constituição Federal de 1988 
adotou, como regra, o critério ius solis, admitindo, porém, ligeiras atenuações. Portanto, no 
Brasil, não só o critério 
ius solis determina a nacionalidade; existem situações de preponderância do critério ius 
sanguinis. 
Brasileiros natos (aquisição originária) 
 
 
 
18 
 
 
 
São brasileiros natos: 
 
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes 
não estejam a serviço de seu país; 
Nessa hipótese, adotou a Constituição o critério ius solis (origem territorial), considerando 
nato aquele nascido no território brasileiro, independentemente da nacionalidade dos 
ascendentes. 
A Constituição, porém, estabelece uma exceção ao critério ius solis, excluindo da nacionalidade 
brasileira os filhos de pais estrangeiros que estejam 
a serviço de seu país. 
 
São dois, portanto, os requisitos para o afastamento do critério ius solis: 
 (i) ambos os pais estrangeiros; 
(ii) pelo menos umdeles estar a serviço de seu país de origem (se aqui estiverem a passeio, ou a serviço de 
empresa privada, ou de outro país que não o seu de origem, o filho aqui nascido será brasileiro nato). 
 
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles 
esteja a serviço da República Federativa do Brasil ; 
Nessa hipótese, o legislador constituinte adotou o critério ius sanguinis, combinado com um 
requisito adicional, qual seja, a necessidade de que o pai ou a mãe brasileiros (ou ambos, 
evidentemente), natos ou naturalizados, estejam a serviço da República Federativa do Brasil 
(critério funcional). 
São dois, portanto, os requisitos: 
(i) ser filho de pai brasileiro ou mãe brasileira; 
(ii) o pai ou a mãe (ou ambos) devem estar a serviço da República Federativa do Brasil, 
abrangendo qualquer serviço público prestado 
pelos órgãos e entidades da Administração Direta ou Indireta da União, dos estados, do Distrito 
Federal ou dos municípios. 
 
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde quesejam registrados em repartição 
brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer 
tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. Essa hipótese de aquisição 
originária da nacionalidade brasileira, constante 
 
do art. 12, inciso 1, alínea "c", sofreu duas modificações em seu regramento constitucional inicial, estabelecido 
pela Assembleia Nacional Constituinte, em 1988. 
Com efeito, o texto originário da Constituição, promulgado em 05. l 0. 1988, 
 
em seu art. 12, 1, "c", considerava brasileiros natos "os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro 
ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente, ou 
venham a residir na República Federativa do Brasil antes da maioridade e, alcançada esta, 
optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira". 
Posteriormente, a Emenda Constitucional de Revisão 3/1 994, suprimiu a possibilidade de 
aquisição da nacionalidade brasileira pelo registro em 
repartição brasileira competente, passando a dispor que são brasileiros natos "os nascidos no 
estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que venham a residir na República 
Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira". 
Finalmente, a Emenda Constitucional 54/2007, voltou a permitir a aquisição da 
nacionalidade brasileira pelo registro em repartição brasileira competente, considerando 
brasileiros natos "os nascidos no estrangeiro de 
pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira 
competente ou venham a residir na República Federativa do 
Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira" 
(art. 12, 1, "c"). 
Essa hipótese aplica-se àquele que tenha nascido no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe 
brasileira, quando estes - pai brasileiro e mãe brasileira - 
não estejam a serviço do Brasil (caso estivessem, o filho seria, de pronto, brasileiro nato, por 
enquadramento na hipótese precedente). 
Percebe-se que há duas possibilidades distintas de aquisição de nacionalidade com base nesse art. 
12, 1, "c", da Constituição, em sua redação atual (assim como havia pela redação originária): (a) 
registro em repartição brasileira; e (b) vir o nascido no estrangeiro residir no Brasil e optar, quando 
atingida a maioridade. 
19 
 
 
 
A segunda possibilidade é hipótese de nacionalidade originária potestativa, uma vez que, manifestada a 
opção, não se pode recusar o reconhecimento 
 
da nacionalidade ao interessado. É ato que depende exclusivamente da vontade do 
interessado. 
Anote-se que ambas as possibilidades são fundadas no critério ius sanguinis, exigindo-se, 
porém, alternativamente: 
a) o registro em repartição brasileira competente; ou 
 
b) a residência no território brasileiro e, uma vez adquirida a maioridade, expressa opção 
pela nacionalidade brasileira. 
Na primeira situação - registro em repartição brasileira competente -, o mero registro já 
assegura, por si só, a nacionalidade brasileira. 
Na segunda possibilidade, são dois os requisitos para a aquisição da nacionalidade 
brasileira: (a) vir o nascido no estrangeiro a residir no Brasil, a qualquer tempo; (b) depois de 
atingida a maioridade, efetuar a opção, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira. 
A respeito dessa segunda possibilidade de aquisição da nacionalidade - aquisição potestativa 
(que já existia no texto originário de 1988 e não foi suprimida pela ECR 311994) -, o Supremo 
Tribunal Federal firmou entendimento de que, embora seja potestativa, sua forma não é _ livre: a 
opção há 
de ser feita em juízo, em processo de jurisdição voluntária, que finda com a sentença que 
homologa a opção e lhe determina a transcrição, uma vez acertados os requisitos objetivos 
e subjetivos dela. 
Desse modo, enquanto pendente o reconhecimento judicial da opção pela nacionalidade 
brasileira, não se pode considerar o optante brasileiro nato, cuidando-se, portanto, de condição 
suspensiva, sem prejuízo - como é próprio das condições suspensivas -, de gerar efeitos ex 
tunc, uma vez realizada. 
Por fim, deve-se frisar que o texto constitucional só permite a manifestação 
 
pela opção da nacionalidade brasileira depois de alcançada a maioridade. É que a opção, por 
decorrer da vontade, tem caráter personalíssimo. Exige-se, então, que o optante tenha capacidade 
plena para manifestar a sua vontade, capacidade que se adquire com a maioridade. Logo, conforme 
já deixou assente o Supremo Tribunal Federal, no caso de o nascido no estrangeiro, de pai 
brasileiro ou de mãe brasileira, vir a residir no Brasil, ainda menor, passa, desde logo, a ser 
considerado brasileiro nato, mas estará sujeita essa nacionalidade à ulterior manifestação da 
vontade do interessado, mediante a opção, depois de atingida 
a maioridade. Atingida a maioridade, enquanto não manifestada a opção, esta passa a constituir-
se em condição suspensiva da nacionalidade brasileira. us Dessarte, o menor, nascido no 
estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, que venha residir no Brasil ainda menor, será, 
durante a menoridade, considerado brasileiro nato, sem restrições, porque ele, enquanto for 
menor, não tem como efetuar a opção. Assim que ele atingir a maioridade, passa 
a estar suspensa a sua condição de brasileiro nato, ou seja, a partir da data em que atingiu a 
maioridade, enquanto ele não manifestar a sua vontade, não será considerado brasileiro nato. 
 
 
Brasileiros naturalizados (aquisição secundária) 
 
A Constituição Federal prevê a aquisição da nacionalidade secundária por meio da naturalização, sempre mediante 
manifestação de vontade do interessado. Em regra, não há direito subjetivo à obtenção da naturalização: a plena 
satisfação das condições e dos requisitos não assegura ao estrangeiro o direito à nacionalização, visto que a 
concessão da nacionalidade brasileira é ato de soberania nacional, discricionário do Chefe do Poder Executivo. A 
naturalização poderá ser tácita ou expressa. 
A naturalização tácita é aquela adquirida independentemente de manifestação expressa do 
naturalizando, por força das regras jurídicas de nacionalização adotadas por determinado Estado. 
A naturalização expressa depende de requerimento do interessado, demonstrando 
sua intenção de adquirir nova nacionalidade. 
A Constituição Federai só contempla hipóteses de naturalização expressa, sempre 
dependente de manifestação de vontade expressa do interessado. 
 
São brasileiros naturalizados: 
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de 
países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral 
20 
 
 
 
(naturalização ordinária); 
Nessa hipótese (naturalização ordinária), é concedida a naturalização aos estrangeiros, residentes no 
país, que cumpram os requisitos previstos na lei brasileirade naturalização (capacidade civil de acordo 
com a lei brasileira; visto 
permanente no país; saber ler e escrever em português; exercício de profissão etc.). No caso dos 
estrangeiros originários de países de língua portuguesa (Portugal, Angola, Moçambique, Guiné 
Bissau, Açores, Cabo Verde, Príncipe, 
Goa, Macau e Timor Leste), somente são exigidos dois requisitos: (i) residência no 
Brasil por um ano ininterrupto; (ii) idoneidade moral. 
Em suma, podemos afirmar que a naturalização ordinária ocorre em duas hipóteses: 
1) no caso dos estrangeiros originários de países de língua portuguesa, exigem- 
se apenas: (i) residência por um ano ininterrupto; e (ii) idoneidade moral; 
 
II) já para os estrangeiros não originários de países de língua portuguesa a naturalização 
ordinária ocorrerá conforme dispuser a lei. 
A principal característica da naturalização ordinária é que ela é discricionária. 
 
Ou seja, ainda que tenha cumprido os requisitos, o interessado não 
 
dispõe de direito subjetivo à aquisição da nacionalidade brasileira, uma vez que a concessão 
dependerá de avaliação de conveniência e oportunidade do Chefe do Poder Executivo. 
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na República Federativa do Brasil há mais 
de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade 
brasileira (naturalização extraordinária). 
São três os requisitos para aquisição da naturalização extraordinária: (i)residência 
ininterrupta no Brasil há mais de quinze anos; 
(ii) ausência de condenação penal; 
 
(iii) requerimento do interessado. 
 
Nessa espécie de naturalização, ao contrário da ordinária, não há discricionariedade para o Chefe do 
Poder Executivo, tendo o interessado direito subjetivo 
à nacionalidade brasileira, desde que preenchidos os pressupostos. Cumpridos os quinze anos 
de residência no Brasil sem condenação penal, efetivado o requerimento, o Chefe do Poder 
Executivo não pode negar a naturalização. 
Portugueses residentes no Brasil 
 
A Constituição Federal confere tratamento favorecido aos portugueses residentes no Brasil, ao 
dispor que "aos portugueses com residência permanente no país, se houver reciprocidade em favor 
dos brasileiros, serão 
atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição" 
(CF, art. 12, § I .º). 
Nessa hipótese, não se trata de concessão aos portugueses da nacionalidade 
brasileira (se assim o desejarem, deverão instaurar o processo de naturalização ordinária, valendo-se da 
condição de estrangeiro originário de país de língua portuguesa). Os portugueses residentes no Brasil 
continuam portugueses e os brasileiros que vivem em Portugal continuam com a nacionalidade brasileira. 
O que acontece é que, uns e outros, recebem direitos que, no geral, somente poderiam ser 
concedidos aos nacionais de cada país. 
São dois os pressupostos para que os portugueses possam gozar dos direitos de brasileiro 
naturalizado: 
(i) que tenham residência permanente no Brasil; 
 
(ii) que haja reciprocidade, ou seja, que o ordenamento jurídico português outorgue ao brasileiro com 
residência permanente em Portugal o mesmo direito. 
Satisfeitos esses dois pressupostos, o português não precisa naturalizar-se brasileiro para 
auferir os direitos correspondentes à condição de brasileiro naturalizado. 
Se um português tiver residência permanente no Brasil, e Portugal reconhecer ao brasileiro com 
residência permanente em Portugal determinado 
direito não reconhecido a estrangeiro, o português poderá reivindicar igual tratamento aqui, salvo 
se privativo de brasileiro nato. 
É relevante notar que a Constituição Federal concede aos portugueses 
21 
 
 
 
 
aqui residentes a condição de brasileiro naturalizado, não de brasileiro nato. 
 
 
 
Tratamento diferenciado entre brasileiro nato e naturalizado 
 
A Constituição de 1988 não permite que a lei estabeleça distinção entre brasileiro nato e 
naturalizado. Os únicos casos de tratamento diferenciado admitidos 
são aqueles expressamente constantes do próprio texto constitucional, a saber: 
 
a) cargos: são privativos de brasileiro nato os cargos de Presidente da República e Vice-Presidente 
da República, Presidente da Câmara dos Deputados, 
Presidente do Senado Federal, Ministro do Supremo Tribunal Federal, Carreira 
Diplomática, Oficial das Forças Armadas e de Ministro de Estado de Defesa (CF, art. 12, § 
3.º); 
b) função no Conselho da República: no Conselho da República, órgão superior de consulta do 
Presidente da República, foram constitucionalmente 
reservadas seis vagas a cidadãos brasileiros natos (CF, art. 89, VII); 
 
c) extradição: o brasileiro nato não pode ser extraditado, o que pode ocorrer com o naturalizado, 
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em 
tráfico ilícito de entorpecentes 
e drogas afins, na forma da lei (CF, art. 5.0, LI); 
 
d) direito de propriedade: o brasileiro naturalizado há menos de dez anos não pode ser 
proprietário de empresa jornalística e de radiofusão sonora de sons e imagens, tampouco ser 
sócio com mais de 30% (trinta por cento) 
do capital total e do capital votante e participar da gestão dessas empresas (CF, art. 222). 
Perda da nacionalidade 
 
A perda da nacionalidade só poderá ocorrer nas hipóteses expressamente previstas na 
Constituição Federal, não podendo o legislador ordinário ampliar tais hipóteses, . sob pena de 
manifesta inconstitucionalidade. 
Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que (CF, art. 12, 4"): 
 
a) tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao 
interesse nacional; 
b) adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei 
estrangeira ou de imposição de naturalização, pela 
norma estrangeira, ao brasileiro residente em Estado estrangeiro, como condição para 
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis. 
Em consonância com esse dispositivo constitucional, o STF firmou entendimento 
de que o ato de naturalização de estrangeiro como brasileiro somente pode ser anulado 
por via judicial, e não por mero ato administrativo. Dupla nacionalidade 
Em regra, o brasileiro que adquire outra nacionalidade perde a condição 
 
de nacional brasileiro. Porém, a Constituição Federal admite, em duas situações, a dupla 
nacionalidade: 
a) reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira: não perderá a 
nacionalidade o brasileiro que tiver reconhecida outra nacionalidade por Estado estrangeiro, 
originariamente, em virtude de adoção do critério 
ius sanguinis; 
 
É o caso da Itália, que reconhece aos descendentes de seus nacionais a cidadania italiana. Os 
brasileiros descendentes de italianos que adquirirem aquela nacionalidade não perderão a 
nacionalidade brasileira, uma vez que se trata de meio reconhecimento de nacionalidade 
originária italiana, em virtude de vínculo sanguíneo (terão eles dupla nacionalidade). 
b) imposição da lei estrangeira: imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao 
brasileiro residente em Estado estrangeiro, como condição para permanência em seu 
território ou para o exercício de direitos civis. Nessa hipótese, o brasileiro não perde a 
22 
 
 
 
nacionalidade brasileira porque a aquisição da segunda nacionalidade não se deu em razão 
de ato volitivo, de manifestação de vontade sua, mas sim de imposição do Estado estrangeiro. 
O brasileiro não possuía a intenção de abdicar da nacionalidade brasileira, mas, por força da 
norma estrangeira, vê-se praticamente obrigado a adquirir a nacionalidade estrangeira, por 
motivos de trabalho, acesso aos serviços públicos etc. 
·CAPÍTULO III 
DA NACIONALIDADE 
 
Art. 12. São brasileiros: 
 
I - natos: 
 
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não 
estejam a serviço de seu país; 
 
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãebrasileira, desde que qualquer deles esteja a 
serviço da República Federativa do Brasil; 
 
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em 
repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer 
tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 54, de 2007) 
 
II - naturalizados: 
 
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de 
língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; 
 
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de 
quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. (Redação 
dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) 
 
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de 
brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. 
(Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) 
 
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos 
nesta Constituição. 
 
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: 
 
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presidente 
da Câmara dos Deputados; 
III - de Presidente do Senado Federal; 
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da carreira 
diplomática; 
VI - de oficial das Forças Armadas. 
VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) 
 
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: 
 
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse 
nacional; 
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: (Redação dada pela Emenda Constitucional de 
Revisão nº 3, de 1994) 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc54.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc54.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/ECR/ecr3.htm#art12iib
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/ECR/ecr3.htm#art12iib
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/ECR/ecr3.htm#art12§1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/ECR/ecr3.htm#art12§1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc23.htm#art12§3vii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc23.htm#art12§3vii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/ECR/ecr3.htm#art12§4ii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/ECR/ecr3.htm#art12§4ii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/ECR/ecr3.htm#art12§4ii
23 
 
 
 
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; (Incluído pela Emenda 
Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) 
 
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, 
como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; (Incluído pela Emenda 
Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) 
 
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil. 
 
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. 
 
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios. 
 
CAPÍTULO IV 
DOS DIREITOS POLÍTICOS 
 
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual 
para todos, e, nos termos da lei, mediante: 
 
I - plebiscito; 
II - referendo; 
III - iniciativa popular. 
 
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são: 
 
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; II - facultativos 
para: 
a) os analfabetos; 
 
b) os maiores de setenta anos; 
 
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. 
 
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, 
os conscritos. 
 
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: 
 
I - a nacionalidade brasileira; 
II - o pleno exercício dos direitos políticos; III - o alistamento 
eleitoral; 
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; 
V - a filiação partidária; Regulamento 
VI - a idade mínima de: 
 
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador; 
 
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; 
 
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice- Prefeito e juiz de 
paz; 
 
d) dezoito anos para Vereador. 
 
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/ECR/ecr3.htm#art12§4ii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/ECR/ecr3.htm#art12§4ii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/ECR/ecr3.htm#art12§4ii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/ECR/ecr3.htm#art12§4ii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/ECR/ecr3.htm#art12§4ii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9096.htm
24 
 
 
 
 
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem 
os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período 
subseqüente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997) 
 
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito 
Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito. 
 
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, 
até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do 
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo 
se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. 
 
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições: 
 
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade; 
 
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará 
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade. 
 
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de 
proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do 
candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do 
exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. (Redação dada pela Emenda 
Constitucional de Revisão nº 4, de 1994) 
 
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados 
da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. 
 
§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da 
lei, se temerária ou de manifesta má-fé. 
 
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: 
 
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; 
II - incapacidade civil absoluta; 
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; 
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; 
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. 
 
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando 
à eleição que

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