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DIREITO PENAL PENAS E AÇÃO PENAL Livro Eletrônico DOUGLAS DE ARAÚJO VARGAS Agente da Polícia Civil do Distrito Federal, apro- vado em 6º lugar no concurso realizado em 2013. Aprovado em vários concursos, como Po- lícia Federal (Escrivão), PCDF (Escrivão e Agen- te), PRF (Agente), Ministério da Integração, Ministério da Justiça, BRB e PMDF (Soldado – 2012 e Oficial – 2017). DOUGLAS DE ARAÚJO VARGAS Agente da Polícia Civil do Distrito Federal, apro- vado em 6º lugar no concurso realizado em 2013. Aprovado em vários concursos, como Po- lícia Federal (Escrivão), PCDF (Escrivão e Agen- te), PRF (Agente), Ministério da Integração, Ministério da Justiça, BRB e PMDF (Soldado – 2012 e Oficial – 2017). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br 3 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Introdução ................................................................................................4 Pena .........................................................................................................5 Classificações da Pena (Segundo a Doutrina) ..................................................6 Classificações da Pena Segundo o Código Penal ..............................................7 Súmulas sobre regimes iniciais ...................................................................14 Regramentos Específicos dos Regimes .........................................................16 Institutos que Podem Reduzir a Pena ...........................................................19 Medidas de Segurança ..............................................................................21 Espécies de Medidas de Segurança .............................................................22 Medida Cautelar x Medida de Segurança ......................................................23 Efeitos da Condenação ..............................................................................29 Efeitos Secundários da Condenação ............................................................29 Efeitos da Condenação – Esquematização ....................................................32 Ação Penal ...............................................................................................33 Conceito ..................................................................................................34 Espécies de Ação Penal .............................................................................39 Detalhes sobre a Representação .................................................................46 Retratação da Representação .....................................................................47 Ação Penal Privada ...................................................................................48 Legitimidade para Intentar a Ação Privada ...................................................50 Ação Penal Privada Subsidiária da Pública ....................................................54 Resumo ..................................................................................................60 Questões de Concursos .............................................................................67 Gabarito ..................................................................................................80 Gabarito Comentado .................................................................................81 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas INTRODUÇÃO Olá, querido(a) futuro(a) advogado(a)! Hoje vamos tratar da Sanção Penal e de assuntos relacionados. Especificamen- te, vamos tratar dos seguintes temas: Iremos também estudar o tema ação penal, sob o prisma do Código Penal. Entretanto ressalte-se que esse é um assunto abordado de forma muito mais ade- quada em nossas aulas de Direito Processual Penal. Ao final, como de praxe, faremos uma lista de exercícios, porém dessa vez de certames diversos (pois alguns assuntos são mais escassos em questões). Espero que tenham um estudo proveitoso. Lembrando que estou sempre às ordens dos senhores no fórum de dúvidas e nas redes sociais (@teoriainterativa no Instagram). Conte comigo caso precise de alguma orientação! Bons estudos! Prof. Douglas O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Pena Cena do filme “Código de Conduta” (2009) OObs.:� A pena é a consequência jurídica da infração penal. Partindo do ponto em que um indivíduo pratica uma infração penal e, desde que a persecução penal seja executada seguindo o devido procebbo legal, surge a possibilidade de submeter o agente delitivo a uma pena: a conbequência jurídica aplicável em razão de bua conduta. Assim surge o cenário em que o Estado exerce o seu jus puniendi, afinal de contas, em tempos atuais, só o Estado tem o direito de punir. O primeiro passo para que possamos entender bem o conceito de pena e de banção penal é fazer a seguinte observação: PENA não é sinônimo de SANÇÃO PENAL. A pena é uma espécie de sanção penal! O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 6 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Temos, na verdade, o seguinte esquema: Dessa forma, perceba que a pena é uma espécie de sanção penal que consiste na privação de alguns bens jurídicos, que dependem da existência da culpabilidade do agente. Classificações da Pena (Segundo a Doutrina) Uma vez que sabemos o que é a pena, devemos seguir em frente e conhecer as classificações doutrinárias da mesma. Vejamos: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Classificações da Pena Segundo o Código Penal Outra classificação muito importante é aquela prevista no Código Penal, em seu art. 32: Note como o conteúdo do art. 32 do CP se alinha com a previsão doutrinária, embora seja um pouco menos extenso. Certo. Uma vez que conhecemos as classificações da pena, podemos passar a analisar a primeira dessas categorias: ab penab privativab de liOerdades Penab Privativab de LiOerdade As penas privativas de liberdade são as mais conhecidas, pois tratam do encar- ceramento (recolhimento do indivíduo à prisão). Estão divididas da seguinte forma: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado paraANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 8 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Primeiramente, precisamos fazer a leitura do art. 33 do CP, que trata de diferen- ciar os institutos acima: Arts 33s A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aber- to. A de detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. Seguindo tal premissa, temos o seguinte: Mal começamos a aula e já temos muitas informações em nossas mãos. Vamos repassar brevemente o que já estudamos até agora: • Você já sabe que a pena é uma ebpécie de sanção penal; • Você já sabe que a pena, por sua vez, possui diverbab ebpécieb; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 9 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas • Uma dessas espécies, a pena privativa de liberdade, trata do recolhimento da pessoa humana ao cárcere; • A pena privativa de liberdade se divide em pena de reclusão, detenção e pri- são simples. • Que as espécies reclubão e detenção são aplicáveis aos crimes, e que a espécie de pribão bimpleb se aplica às contravenções penais. • Que a espécie de pena privativa de liberdade determina qual o regime de cumprimento da pena. O próximo passo é entender melhor o que significa dizer que o indivíduo irá cumprir a pena em regime fechado, semiaberto ou aberto. Tal conceito está no art. 33, parágrafo 1º, CP: § 1º Considera-se: (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984) a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média; b) regime semiaberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabeleci- mento similar; c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento ade- quado. Esses são os regimes Oábicob aplicáveis ao cumprimento de pena. Mas, uma vez que você consegue diferenciá-los, precisa também saber que existem alguns regimes ebpeciaib de cumprimento de pena, os quais estudaremos a seguir. Pribão Domiciliar A prisão domiciliar, também chamada de regime aOerto domiciliar, se dá com o recolhimento do apenado em sua residência particular. A previsão legal para a prisão domiciliar está na LEP (Lei de Execuções Penais). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 10 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Sem dúvidas é uma espécie de prisão cujo cabimento causa muita polêmica, haja vista ser consideravelmente mais branda do que o encarceramento do indiví- duo em qualquer um dos estabelecimentos penais existentes em nosso país. Sobre essa espécie de regime, por hora é essencial que você tome nota do se- guinte: Não confunda a prisão-pena domiciliar com a medida cautelar de recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga, prevista no art. 319 Código de Processo Penal! Na aula de hoje, estamos discutindo a prisão domiciliar como espécie de PENA (ou seja, o indivíduo foi condenado e está sendo submetido a uma sanção penal na modalidade de prisão domiciliar). Este instituto não se confunde com o recolhimento domiciliar previsto no CPP, que é uma medida CAUTELAR diversa da prisão, e que não depende da condena- ção do réu para sua decretação. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 11 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Regime Dibciplinar Diferenciado O famoso e polêmico RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) está previsto na Lei de Execuções Penais, e, ao contrário dos demais regimes apresentados até aqui, constitui uma banção dibciplinar ao preso – seja ele provisório ou condenado. O RDD é uma modalidade rigorosa, que permite o recolhimento do preso em cela individual, reduzindo as visitas semanais e o direito do preso de sair de sua cela (para apenas 2h por dia para banho de sol). A aplicação do RDD é possível nos seguintes casos: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 12 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Com essa breve exposição sobre o RDD, vislumbramos as modalidades de regi- me importantes para a prova. É necessário agora responder à seguinte pergunta: Professor, como determinar o regime inicial de cumprimento de pena? Vamos descobrir! Fixando o Regime Inicial de Cumprimento de Pena Você com certeza percebeu que os delitos penados com reclusão PODEM ter o cumprimento da pena iniciado em qualquer dos três regimes (fechado, semiaberto ou aberto). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 13 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas É necessário então entender como é que se dá a definição entre as três possibi- lidades acima, de uma forma legal e sem arbitrariedades. Primeiramente, vamos fazer a leitura do art. 33, parágrafo 2º do CP: § 2º As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hi- póteses de transferência a regime mais rigoroso: (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984) a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado; b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto; c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, po- derá, desde o início, cumpri-la em regime aberto. Artigo muito longo e maçante – porém extremamente importante. A regra geral esquematizada fica assim: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 14 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Essa parte é muitochata – mas infelizmente necessária. A única maneira de memorizar essas condições é através de leitura e repetição. Súmulas sobre regimes iniciais A definição do regime inicial de cumprimento de pena é de máxima importância para o apenado (afinal de contas, faz toda a diferença em relação ao seu direito de liberdade). Com isso, acaba existindo muita discussão judicial sobre o direito do acusado a um determinado regime inicial de cumprimento de pena, o que acaba resultando na existência de váriab búmulab consolidando o entendimento do STJ e do STF sobre o tema. A seguir listamos as súmulas mais importantes sobre o assunto, que não raro são utilizadas, em sua literalidade, na elaboração de questões: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 15 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Progrebbão Uma vez que sabemos definir em qual regime de cumprimento de pena deve ser iniciada a execução, é necessário entender quando o apenado adquire o direito de progredir para um regime menob gravobos § 2º As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hi- póteses de transferência a regime mais rigoroso. A regra geral para a progressão de regime é simples: Dessa forma, em regra, um condenado que iniciar seu cumprimento de pena em regime fechado, be tiver Oom comportamento, após cumprir 1/6 poderá ser transferido para regime menos rigoroso (no caso, o bemiaOerto). Peculiaridade nob Crimeb Contra a Adminibtração PúOlica Os crimes contra a Administração Pública possuem uma condição especial para a progressão de regime, prevista no parágrafo 4º do art. 33: § 4º O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 16 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Delitob Hediondob Os crimes hediondos não be buOmetem a regra geral para a progressão de regime, e sim, a uma regra especial. Caso o apenado tenha sido condenado pela prática de delito hediondo, passa a ter direito de progressão de regime após cumprir 2/5 de sua pena (se primário) ou 3/5 de sua pena (se reincidente). Regrebbão de regime Nada é tão ruim que não possa piorar, certo? Essa regra de vida também vale para o regime de cumprimento de pena – pois existe apenas a possibilidade de re- grebbão de regime, de acordo com o art. 118 da LEP: Arts 118s A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado: I – praticar fato definido como crime doloso ou falta grave; II – sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne incabível o regime (artigo 111). Uma vez que finalizamos esse assunto, podemos estudar as especificidades do cumprimento de cada regime, sem nos limitarmos unicamente ao local onde a pena será cumprida pelo condenado. Regramentos Específicos dos Regimes Uma vez que se determina qual o regime e qual o estabelecimento no qual o condenado irá cumprir sua pena, existe ainda a necessidade de conhecer os artigos O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 17 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas 34 a 39 do CP, que tratam das características de cada um dos regimes em estudo. Comecemos pelo regime fechados Regrab do Regime Fechado Regrab do regime fechado Arts 34s O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a exame cri- minológico de classificação para individualização da execução. (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984) § 1º – O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso noturno. (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984) § 2º – O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das ap- tidões ou ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena.(Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984) § 3º – O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras públicas. Ou seja, são regras do regime fechado: Regime SemiaOerto Regrab do regime bemiaOerto Arts 35s Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado que inicie o cumprimento da pena em regime semiaberto. (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984) § 1º O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em co- lônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984) § 2º O trabalho externo é admissível, bem como a frequência a cursos supletivos pro- fissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior. Apenado trabalha inter- namente, no período diurno. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art34 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art34 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art34 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art34 18 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas O regime semiaberto, portanto, possui as seguintes características: Ainda sobre este regime, temos duas observações jurisprudenciais importantes: Segundo o STF, não é necessário que o condenado cumpra 1/6 da pena para ser autorizado a trabalhar externamente. E segundo a súmula 493 do STJ, o juiz não pode condicionar a concessão do regime semiaberto a algum tipo de pena restritiva de direitos. Regime AOerto O regime aberto se encontra disciplinado no art. 36 do CP: Regrab do regime aOerto Arts 36s O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado. (Redação dada pela Lei n 7.209, de 11.7.1984) § 1º O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, fre- quentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga. (Redação dada pela Lei n 7.209, de 11.7.1984) § 2º O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato definido como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou se, podendo, não pagar a multa cumu- lativamente aplicada. (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984) Apenado trabalha interna- mente, no período diurno. Deve ser cumprido em CO- LÔNIA AGRÍCOLA, INDÚS- TRIAL OU SIMILAR. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciadopara ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 19 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Esquematizando da mesma forma que fizemos anteriormente, temos os seguin- tes destaques para o regime aberto: Institutos que Podem Reduzir a Pena Existem alguns institutos legais que podem ser utilizados para reduzir a pena a ser cumprida pelo condenado. É muito importante que você conheça quais são eles! Remição O primeiro dos institutos que podem reduzir a pena é o da remição (acredite, é com ç mesmo). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 20 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas A remição nada mais é do que um instituto que permite ao preso redimir sua pena atravéb do traOalhos Ou seja, através do esforço traOalhando ou ebtu- dando, o preso tem descontados dias extras em sua pena, de modo que possa cumpri-la de forma antecipada. A remição é possível das seguintes formas: A previsão para a remição está no art. 128 da LEP: Arts 128s O tempo remido será computado como pena cumprida, para todos os efeitos. Detração O segundo instituto com a mesma capacidade da remição é o da detração penal.: Detração Arts 42s Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior. Portanto, nos casos narrados no art. 42, o condenado poderá “abater” a pena que já cumpriu em sua pena condenatória, de modo que possa cumprir apenas o restante. Esse conceito pode ser facilmente compreendido com um exemplo: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 21 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Na situação acima, John, ao ser condenado a trinta anos de prisão, poderá ter os dois anos que já cumpriu preventivamente aOatidob de bua bentença, de modo que deverá cumprir apenas os vinte e oito anos restantes. Medidas de Segurança Como você já sabe, a segunda espécie de banção penal é a medida de segu- rança. As medidas de segurança são chamadas de medidab de prevenção ebpecial, pois têm função preventiva e terapêutica – ou seja: de efetivamente tratar o indi- víduo que praticou um fato típico e jurídico. Lembre-se que a medida de segurança é aplicável a indivíduos que são inim- putáveib ou bemi-imputáveib. Não há a aplicação de medida de segurança a in- divíduos imputáveis, pois uma vez configurada a culpaOilidade, estaremos diante da aplicação de uma pena comum. Em outras palavras: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 22 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Temos, portanto, dois prebbupobtob para a aplicação da medida de segurança: A prática de um ilícito penal e a periculosidade do agente. Segundo a doutrina, o segundo pressuposto (a periculosidade) se divide ainda em duas categorias: Espécies de Medidas de Segurança Agora que já conhecemos os pré-requisitos da aplicação de medidas de seguran- ça, precisamos conhecer as suas espécies, elencadas no art. 96 do Código Penal: Ebpécieb de medidab de begurança Arts 96s As medidas de segurança são: I – Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado; II – sujeição a tratamento ambulatorial. A medida de internação prevista no inciso I é chamada pela doutrina de medi- da DETENTIVAs Por sua vez, a medida de tratamento ambulatorial é chamada de RESTRITIVAs O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 23 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Mas, professor, como saber qual medida de segurança aplicar? Segundo o próprio Código Penal, nos casos de agente inimputável, deve ser determinada sua internação (Art. 96, I). Entretanto, se o fato praticado for puní- vel com detenção, deve o juiz submeter o agente delitivo à tratamento amOu- latorial (Art. 96, II). Essa é a regra geral a ser adotada para fins de prova. Entretanto, é interessante saber que já houve posicionamento do STJ no sentido de que o juiz possui discri- cionariedade para avaliar o caso concreto nos delitos puníveis com detenção, para decidir pela adoção da medida de internação ou de tratamento amOulatorial, a depender da periculosidade do agente. Além disso, o STF também já se posicionou no sentido de que é possível, excep- cionalmente, a aplicação de medida de tratamento amOulatorial em cabob de delitob puníveib com reclubão, be manifebta a debnecebbidade de inter- nação do agente delitivos Medida Cautelar x Medida de Segurança Assim como ocorre com a pribão domiciliar, é importante não confundir a medida de segurança de internação com a medida CAUTELAR de internação provibória! O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 24 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Aplicação da Medida Já adiantamos, ao introduzir o assunto medida de begurança, que tais me- didas são aplicáveis a inimputáveib e a bemi-imputáveibs É hora de conhecer a fundamentação legal e como ocorre a imposição de tal medida ao agente delitivo! Inimputáveib Primeiramente, temos a seguinte previsão no CP: Inimputáveib Arts 26s É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Uma vez que o magistrado identifique que o delito foi praticado por autor intei- ramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-be de acordo com ebbe entendimento, irá prolatar a chamada bentença aObolu- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.brhttps://www.grancursosonline.com.br 25 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas tória imprópria. Ou seja, absolverá o agente, não irá lhe aplicar uma pena, e sim uma medida de segurança! Semi-Imputáveib Já no caso dos semi-imputáveis, temos a seguinte previsão legal: Redução de pena Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retarda- do não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Ou seja, o semi-imputável, ao contrário do inimputável, possui uma capacidade ao menos parcial de entender o caráter ilícito de seus atos. Desse modo, não ficará isento de pena nem será absolvido: berá condenado, mab terá bua pena dimi- nuída de 1/3 a 2/3s Mas, professor, então vamos aplicar pena e medida de segurança ao mesmo tempo? Excelente pergunta! E a resposta é negativa! Não se pode aplicar duas punições a um mesmo fato delitivo, certo? Caso isso acontecesse, estaríamos diante do famoso bis in idem! Aqui temos, portanto, a aplicação do chamado bibtema vicariante ou unitário.: No sistema vicariante ou unitário, aplica-se OU uma medida de segurança OU uma pena privativa de liberdade. Não pode ocorrer a aplicação de ambas, seja na forma cumulativa ou sucessiva! O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 26 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Por esse motivo, o que acontece com os semi-imputáveis é o seguinte: Inicialmente, o magistrado condena o indivíduo e faz incidir uma causa de diminuição de pena de 1/3 a 2/3 em razão de sua semi-imputabilidade. Se entender que o condenado necebbita de tratamento, PODE SUBSTITUIR a pena aplicada pelo tratamento amOulatorial ou pela internação (medidab de begurança)! Faz sentido, certo? O que acontece, portanto, é uma buObtituição da pena aplicada (que já havia sido reduzida) por uma medida de begurança, haja vista que o condenado neces- sita de tratamento curativo para sua condição de semi-imputabilidade! A previsão legal está no art. 98 do CP: SuObtituição da pena por medida de begurança para o bemi-imputável Arts 98s Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e necessitando o con- denado de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser subs- tituída pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º. Professor, e se o condenado adquirir uma doença mental DEPOIS de conde- nado? Outra excelente pergunta! Em alguns casos, o indivíduo será imputável e corre- tamente condenado a uma pena privativa de liberdade, para posteriormente passar a sofrer de doença mental. Nesse caso, pode o juiz da execução penal buObtituir a pena aplicada, du- rante a execução, por uma medida de beguranças É importante notar que, no entanto, se o indivíduo recuperar a saúde mental, deve voltar a cumprir a pena normalmente. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 27 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Prazob Para a pena privativa de liberdade, é fácil tratar do período de duração da me- dida – afinal de contas, todo tipo penal apresenta a sanção penal adequada em seu preceito secundário. Por exemplo: Homicídio bimpleb Arts 121s Matar alguém: Pena – reclusão, de beib a vinte anobs Professor, quanto tempo deve durar uma medida de segurança? Seria o mesmo prazo da pena privativa de liberdade? A resposta está nos parágrafos do art. 97, do Código Penal: Prazo § 1º A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdu- rando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosi- dade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos. Perícia médica § 2º A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e deverá ser repe- tida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução. Ou seja; O juiz irá fixar um prazo mínimo que deve ser de 1 a 3 anobs Perceba que este é o prazo MÍNIMO! Uma vez que o prazo mínimo acabar, ocorre uma perícia médica (parágrafo 2º), na qual se avalia a periculosidade do agente delitivo. Se persistir a periculosidade, o indivíduo continuará submetido à medida de segurança, e a perícia médica deverá ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, a depender do entendimento do juiz da execução! O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 28 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Prazo Máximo Certo. Falamos que o prazo mínimo de internação varia de 1 a 3 anos. Mas qual o prazo máximo? O legislador falou em prazo indeterminado, como você acabou de ler no art. 97, § 1º. Entretanto, temos um problema com essa premissa: No Brasil, a Constituição Federal veda a existência de penas perpétuas. Logo, como podemos limitar a pena privativa de liberdade a 30 anob, e não limitar a medida de segurança da mesma forma, tornando-a virtualmente mais gravosa do que a primeira? Por esse motivo, o STF entendeu que a medida de begurança não pode ul- trapabbar 30 anob, assim como a pena privativa de liberdade! O STJ, por sua vez, de forma ainda mais benéfica aos inimputáveis e semi-im- putáveis, entendeu que o tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado. Dessa forma, se estivermos diante de um delito de homicídio simples praticado por um inimputável, por exemplo, para o STJ o tempo de duração da medida de se- gurança não poderá ultrapassar os 20 anos previstos para o art. 121 no Código Penal! Debinternação e Extinção da PuniOilidade Você já sabe que se a perícia médica constatar que a periculosidade persiste, também persistirá a medida de segurança aplicada ao indivíduo. Entretanto, e se a perícia médica constatar que o agente não apresenta mais sinais de periculosidade? Nesse caso, o magistrado irá conceder a desinternação ou liberação do indivíduo, sem- pre em caráter condicional, de modo que o agente seja novamente submetido à medida O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 29 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas be praticar fato indicativo de bua periculobidade anteb de decorrer um ano de bua liOeraçãos Por fim, caso ocorra a extinção da puniOilidade do agente por qualquer mo- tivo, não be impõe medida de begurança, nem buObibte a medida de begu- rança que já foi impobta, por força do art.96, parágrafo único, CP. Efeitos da Condenação Por fim, precisamos falar brevemente dos chamados efeitob da condenaçãos O primeiro e principal efeito da condenação, obviamente, é a impobição de uma banção penal, beja ela uma pena ou medida de beguranças Entretanto, este não é o único dos efeitos da condenação, e você precisa co- nhecer os demais, chamados de efeitob becundáriobs Efeitos Secundários da Condenação Os efeitos secundários da condenação se dividem em efeitos penaib e extra- penaibs São efeitos secundários PENAIS da condenação: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 30 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas O primeiro dos efeitos é autoexplicativo: O condenado passa a ser considerado reincidente caso pratique um novo delito. A revogação de sursis anterior pode ocorrer de forma facultativa ou obriga- tória. Caso o agente estivesse gozando de sursis (bubpenbão condicional) em relação a delito anteriormente praticado, essa sursis poderá (ou deverá, em alguns casos), ser revogada, em razão do autor ter voltado a delinquir. Também pode ocorrer a revogação do livramento condicional em relação a outro crime praticado pelo autor, a depender do caso concreto. Por fim, torna-se ainda possível impedir que determinados institutos (restritos aos réus primários) sejam concedidos ao condenado (tal como o reconhecimento do furto privilegiado, que requer a primariedade do agente). Efeitob EXTRAPENAIS de Aplicação AUTOMÁTICA (Ob Chamadob Efeitob Genéricob) Uma vez que o réu é condenado, a primeira das consequências AUTOMÁTICAS de sua condenação é a oOrigação de reparar o dano caubado à vítima (oOri- gação de indenizar)s O confisco, por sua vez, nada mais é do que a perda, em favor da união, dos bens arrolados no art. 91, inciso II do CP, que merece ser lido: A perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984) a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso. 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O fundamental é que você saiba que essas hipóteses devem ser declaradas expressamente na sentença, visto que não bão de aplicação automáticas Tal rol está previsto no art. 92 do CP, que também narra as condições em que tais efeitos irão ocorrer, de modo que merece ser lido na integra: Arts 92s São também efeitos da condenação: I – a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Adminis- tração Pública; b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. II – a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes do- losos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado; (Re- dação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984) III – a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso. (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único. Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença. Incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art92 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art92 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art92 32 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Perda dob Direitob Políticob O último dos efeitos secundários de natureza extrapenal de grande importância para fins de prova não está previsto no CP, e sim na Constituição Federal, art. 15, inciso III: Arts 15s É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: III – condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; Dessa forma, enquanto durarem os efeitos da condenação transitada em julga- do, ocorre a suspensão dos direitos políticos do condenado! Efeitos da Condenação – Esquematização Para finalizar a nossa aula, vamos fazer um breve esquema voltado para os inú- meros efeitos da condenação: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 33 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Pena x Medidab de Segurança Pena Medida de Segurança Três Finalidades: Prevenção, Retribuição e Ressocialização Finalidade: Prevenção Voltada ao passado Voltada ao futuro Culpabilidade Periculosidade ImputaOilidade e Medida de Segurança Inimputável (Doença Mental) Semi-imputável (PerturOação Mental) A periculosidade é PRESUMIDA A periculosidade precisa ser COMPROVADA Impõe-se a chamada aObolvição imprópria Condena-se com redução da pena ou imposição de medida de begurança Agente x Medida de Segurança Inimputável Medida de Segurança Semi-imputável Pena – ou Medida de Segurança Imputável Pena Ação Penal Caro(a) aluno(a), para finalizar a aula de hoje, vamos tratar de um assunto bastante extenso, que é a ação penal. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 34 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Nossa abordagem, no entanto, irá contextualizar a ação penal sob o prisma mais material do assunto. Isso porque o assunto ação penal está muito mais relacionado à disciplina de Direito Processual Penal do que de Direito Penal propriamente dito. Mas, professor, por que então o senhor vai falar de ação penal em um curso de Direito Penal? O faremos, pois o edital assim o prevê, sob o conteúdo programático de Direito Penal, o tema ação penal – e não é justo deixar o aluno na mão nesses casos. Entretanto, é cabível observar que o estudo contextualizado e aprofundado do tema ocorre de uma maneira muitomais adequada sobre o prisma do direito pro- cessual penal. Dito isso, vamos ao que interessa! Conceito A ação penal é o direito do Estado-Acusação ou do ofendido de ingressar em juízo, so- licitando a prestação jurisdicional, representada pela aplicação do Direito Penal ao caso concreto. - Guilherme de Souza Nucci A ação penal é um instituto fundamental no Estado Democrático, se manifes- tando em um direito essencial de solicitar a prestação jurisdicional e a aplicação do Direito Penal ao caso concreto. O fluxo da persecução penal (persecutio criminis), em regra, começa com a con- duta delituosa do indivíduo, passa pela busca da materialidade e indícios de autoria (suporte probatório mínimo), que é utilizado na ação penal que será intentada com o objetivo de punir o infrator. Vejamos: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 35 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Nesse sentido, note que o próximo passo após a colheita de provas suficientes para garantir a justa causa (seja através do Inquérito Policial ou de outros meios lícitos) é a ação penal! Início da Ação Penal De posse das condições necessárias para o ingresso em juízo (ou seja, havendo justa causa), a ação penal poderá ser iniciada, basicamente, de duas formas: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 36 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Lembre-se de que, embora, na maioria das vezes, o Inquérito Policial seja a peça que dá suporte à justa causa para a ação penal, ele não é obrigatório. Se já houver prova de materialidade e indícios suficientes de autoria por outros meios, a ação penal poderá ser iniciada de forma independente do IP! Fundamento Conbtitucional da Ação Penal O direito à ação penal está previsto na Constituição Federal, no art. 5º, inciso XXXV, como verdadeiro direito fundamental: XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Segundo a doutrina, o inciso XXXV também manifesta o chamado princípio da inafastabilidade de jurisdição, que tem por objetivo garantir que somente o poder Judiciário seja capaz de dizer o direito com força de coisa julgada. Caracteríbticab da Ação Penal A ação penal, assim como o Inquérito Policial, possui suas características, que também podem ser cobradas em sua prova. Gosto bastante das definições trazidas pelo mestre Leonardo Alves, as quais estão apresentadas a seguir: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 37 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Fundamentação Legal A ação penal possui sua fundamentação infraconstitucional prevista tanto no Código Penal (CP) quanto no Código de Processo Penal (CPP). Como sempre, al- guns artigos costumam ser cobrados em sua literalidade pelo examinador, motivo pelo qual serão listados a seguir. Entretanto, vamos esquematizar de forma paralela as normas do CP e do CPP, para que você possa fazer tanto a leitura quanto a revisão de uma forma mais or- ganizada: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 38 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Ação Penal - CP Ação Penal - CPP Arts 100s A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofen- dido. § 1º A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça § 2º A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo. § 3º A ação de iniciativa privada pode intentar- -se nos crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal. § 4º No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descen- dente ou irmão. Arts 24s Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requi- sição do Ministro da Justiça, ou de represen- tação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. § 1º No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascen- dente, descendente ou irmão. § 2º Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública. Arts 25s A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia. Todos os conceitos previstos nas normas acima serão explicados durante a aula de hoje. No entanto, peço que você faça a leitura pausada dos artigos acima, pois sua literalidade também é importante para resolver questões. Para que seja intentada, a ação penal possui dois requisitos essenciais: indícios de autoria e prova de materialidade delitiva. Via de regra, ao cobrar esse conceito, as bancas examinadoras costumam focar apenas nesses dois requisitos (embora estes não sejam os únicos). Via de regra, as bancas examinadoras costumam definir a justa causa como supor- te probatório mínimo, que se caracteriza com a prova de materialidade e indícios de autoria. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 39 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Em termos mais simples, a justa causa estará presente quando existir prova de que um crime realmente aconteceu (materialidade delitiva) e indícios que levam a crer que o acusado é o autor do delito em apuração (indícios de autoria). Espécies de Ação Penal Caro(a) aluno(a), agora você já sabe bem o que é uma ação penal, e quais as condições para que ela seja válida (de modo que a denúncia não seja rejeitada). De posse desse conhecimento, você já está pronto para conhecer as espécies de ação penal que existem em nosso ordenamento jurídico! A classificação que vamos utilizar possui duas categorias principais, com duas espécies cada uma: Comecemos pela mais importante: A ação penal pública incondicionada. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratoresà responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 40 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Ação Penal PúOlica Incondicionada Já vou começar chamando a sua atenção! Quando o legislador não informar qual o tipo de ação penal para um determinado delito, a ação penal será pública incondicionada! Isso ocorre porque esse tipo de ação penal é a regra geral em nosso ordena- mento jurídico! Vamos comparar dois tipos penais para exemplificar: RouOo Arts 157s Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena – reclusão, de quatro a dez anos, e multa Violação do segredo profissional Arts 154s Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem: Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa. Parágrafo único. Somente se procede mediante representação. No caso do delito de roubo, o legislador não diz nada sobre o tipo de ação penal que deverá ser utilizada para processar aquele tipo de conduta criminosa, de modo que deve ser utilizada a regra, que é a ação penal pública incondicionada. Já no caso do delito de violação do segredo profissional, veja que o legislador não se omitiu: no parágrafo único, informou que somente se procede mediante re- presentação! Nesse caso, o que ele quer dizer é que a ação penal do delito previsto no art. 154 não é pública incondicionada, e sim pública condicionada à represen- tação! 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Agora temos que entender quais as consequências disso! No caso do delito de roubo – que se apura mediante ação penal pública incondi- cionada, como você já sabe – quais serão as características da ação penal? Caracteríbticab da Ação Penal PúOlica Incondicionada A característica mais importante deste tipo de ação penal é bastante direta: Ela independe de autorização do ofendido para ser iniciada. Sendo assim, ela é regida pelo princípio da oficiosidade, ou seja, o Estado pode agir de ofício – sem provocação! Nos crimes apurados com esse tipo de ação penal, portanto, basta que a auto- ridade pública fique sabendo da ocorrência do crime para que tome as providências que o caso requer. Não dependerá de autorização da vítima ou de nenhum órgão Estatal para dar andamento à persecução penal! Nesse diapasão, podemos dizer o seguinte: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 42 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Para ficar ainda mais claro, imagine a situação hipotética: Um indivíduo é encontrado morto em seu apartamento, com três tiros no peito. A polícia é comunicada do fato e chega ao local, mas a família pede que os policiais não investiguem o caso! Essa seria uma situação absurda, certo? Como assim a família não quer que a morte de um ente querido seja investigada? Seria um comportamento tão absurdo que sem dúvidas levantaria suspeitas. Felizmente, o delito de homicídio também é de ação penal pública incondiciona- da, motivo pelo qual a polícia poderá tomar todas as providências e apurar os fatos de ofício, pois não depende da autorização de ninguém para fazê-lo. Princípiob correlatob Atualmente, os examinadores costumam elaborar assertivas perguntando quais os princípios que regem um determinado tipo de ação penal, motivo pelo qual é importante conhecer quais são princípios correlatos a cada tipo de ação penal. Para a ação penal pública incondicionada, temos os seguintes princípios: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 43 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Ação Penal PúOlica Condicionada à Reprebentação A ação penal pública condicionada à representação é muito parecida com a in- condicionada. Seu titular continua sendo o Ministério Público (afinal de contas, ela ainda é uma espécie de ação penal pública). A diferença principal é simples: Em crimes de ação penal pública condicionada a representação, as autoridades pú- blicas dependerão da representação da vítima ou de quem tenha capacidade para representá-la, para que possam atuar na persecução penal! Ou seja, se a Polícia Judiciária ou o Ministério Público tiverem notícia de um cri- me que é apurado mediante este tipo de ação penal, acontecerá o seguinte: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 44 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Por esse motivo, chamamos a representação do ofendido de condição de pro- cedibilidade. A representação do ofendido, nesse caso, é chamada de condição de procedibilidade! Nesse raciocínio, vamos imaginar uma nova situação hipotética: A polícia tem notícia de que Tyrion ameaçou seu sobrinho, Joffrey. No entanto, quando questionado pelo delegado de polícia sobre os fatos, Joffrey admite que foi ameaçado, mas que não tem interesse de que os fatos sejam apurados. Como o delito de ameaça é de ação penal pública condicionada à representação, acontecerá que a autoridade policial não poderá seguir em frente com a apuração do delito, pois faltará uma condição essencial de procedibilidade, a representação do ofendido! Princípiob Correlatob Vejamos quais são os princípios que regem especificamente a ação penal públi- ca condicionada à representação do ofendido: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 45 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Como a ação penal pública condicionada à representaçãoainda é uma ação pe- nal pública em sua essência, muitos de seus princípios são idênticos aos da moda- lidade anterior. Entretanto, é interessante notar as seguintes diferenças: • Na ação condicionada à representação, não estão presentes os princípios da oficiosidade nem da obrigatoriedade, pois este tipo de ação penal depende essencialmente da representação do ofendido! • No lugar dos princípios anteriores, surge o princípio da oportunidade, visto que o ofendido só irá representar se tiver interesse (se considerar oportuno o exercício desse direito). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 46 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Embora a ação penal pública condicionada à representação seja regida pela oportu- nidade e não pela obrigatoriedade, se o ofendido representar e existir justa causa para a ação penal, o MP não poderá deixar de atuar! Uma vez que a vítima decide representar pela persecução penal, não pode o MP alegar o princípio da oportunidade para não se manifestar sobre o caso. Deverá agir regularmente! Detalhes sobre a Representação Precisamos agora entender alguns detalhes sobre a representação do ofendido. Vamos listar uma compilação de perguntas recorrentes em provas de concursos, todas extremamente relevantes para a sua preparação! O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 47 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Retratação da Representação Ainda sobre a representação, é recorrente em provas o questionamento sobre a possibilidade de o ofendido voltar atrás em seu desejo de ver o delito apurado – ou, em termos técnicos, de retratar da representação já oferecida ao estado. Nesse sentido, a regra é que é possível a retratação da representação – mas apenas até o oferecimento da denúncia pelo Ministério Público. Os examinadores gostam de afirmar que, em regra, a representação poderá ser retratada até o recebimento da denúncia pelo Juiz. Essa afirmação é incorreta! O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 48 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Retratação e Lei Maria da Penha (Lei ns 11s340/2006) Observação importante é sobre a lei Maria da penha. Em casos de crimes que envolvam violência doméstica contra a mulher, o procedimento de retratação muda um pouco: • Nesse caso, excepcionalmente, a retratação pode se dar até o recebimento da denúncia. • No entanto, será necessária a realização de uma audiência específica para que a vítima retrate a representação, diante do Juiz. Ação Penal Privada Agora que você já conhece a ação penal pública e suas espécies (incondicionada e condicionada à representação) é necessário passar para uma outra modalidade de ação penal: a ação penal privada. Tudo que sabemos até agora é como identificar os delitos que são apurados através deste procedimento. Localizando a expressão “somente se procede mediante queixa”, que deverá constar junto do tipo penal. Sabendo que um determinado delito é apurado mediante ação penal privada, o próximo passo é entender as principais diferenças entre a ação penal pública con- dicionada à representação, e a ação penal privada: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 49 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Ou seja, excepcionalmente na ação penal privada, o Estado concederá a legiti- midade ao ofendido para ele mesmo entrar em juízo! Isso ocorre pois, em algumas situações, o legislador entende que ingressar em juízo e expor a intimidade da vítima, muitas vezes, pode gerar um sofrimento maior do que a própria impunidade do criminoso. Nesse sentido, é dada a opção para que o ofendido decida o que lhe é mais vantajoso, através da conversão da ação penal em privada. A ação penal privada é uma exceção ao princípio da oficialidade, visto que o Es- tado transfere a titularidade da ação penal, de forma totalmente excepcional, para o ofendido. O direito de punir continua sendo do Estado. O que se transfere é a mera legitimidade para o oferecimento da ação penal. De uma maneira prática, entenda da seguinte forma: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 50 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Não confunda a queixa da ação penal privada com a expressão popular “prestar queixa na delegacia”. A comunicação de um delito à polícia judiciária é a chamada notitia criminis, ou notícia do crime, ato no qual a autoridade pública toma ciência de um fato delituoso! A queixa-crime, por sua vez, é o instrumento de oferecimento da ação penal pri- vada que deve ser realizada pelo querelante (ofendido), devidamente representado por advogado. Ela se equipara à denúncia na ação penal pública! Legitimidade para Intentar a Ação Privada Certo. Já sabemos que não será o Ministério Público o responsável por entrar em juízo na ação penal privada – e sim o próprio ofendido representado por advo- gado. Vejamos, no entanto, algumas regras específicas sobre o assunto: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 51 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Quanto à previsão do art. 36, teríamos a seguinte ordem preferencial: Princípiob que Regem a Ação Penal Privada Assim como fizemos com as duas ações penais anteriores, é importante tam- bém apresentar os princípios que regem a ação penal privada: Note, portanto, que a ação penal privada não é regida pela oficialidade, obri- gatoriedade, oficiosidade e autoritariedade, que são princípios relacionados com a titularidade do estado sobre a ação penal! O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 52de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Ofendidob Menoreb de Idade No caso de ofendidos menores de 18 anos (ou incapazes por outro motivo, tais como pessoas com enfermidades mentais que lhes restrinjam a capacidade de en- tendimento), estes podem ser representados por curador especial, que pode ser nomeado a requerimento do MP, ou até mesmo de ofício, pelo Juiz. OOrigatoriedade de Advogado Conforme explicamos anteriormente, o ofendido irá intentar a ação penal priva- da diretamente. Entretanto, este em regra não possui capacidade postulatória, que é a capacidade de praticar atos processuais, conferida por lei ao advogado. Nesse sentido, é obrigatório que o querelante se faça representar por advogado para que possa oferecer a ação penal! Se o próprio ofendido for advogado (regularmente inscrito na OAB), poderá repre- sentar a si próprio, tendo em vista que não lhe faltará capacidade postulatória. Noutro giro, note que o Estado não pode obrigar a vítima a possuir dinheiro para pagar um advogado e solicitar a prestação jurisdicional – que é um direito de todos, afinal de contas. Assim, se o querelante não dispuser de meios para pagar um advogado em causa própria, bastará que este comprove sua pobreza para que o juiz nomeie um advogado que promova a ação penal privada em seu nome. Sobre esse assunto, recomendo a leitura do art. 32 do CPP, transcrito abaixo, visto que sua literalidade costuma ser recorrente em provas de concursos – princi- palmente a do §2º: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 53 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Arts 32s Nos crimes de ação privada, o juiz, a requerimento da parte que comprovar a sua pobreza, nomeará advogado para promover a ação penal. § 1º Considerar-se-á pobre a pessoa que não puder prover às despesas do processo, sem privar-se dos recursos indispensáveis ao próprio sustento ou da família. § 2º Será prova suficiente de pobreza o atestado da autoridade policial em cuja circuns- crição residir o ofendido. Atuação do Minibtério PúOlico Também é um ponto importante da ação penal privada a atuação do MP. Note que, embora não atue como protagonista – visto que o querelante irá ingressar em juízo por conta própria, o MP ainda manterá suas atribuições de custos legis, ou seja, de fiscal da lei. Dessa forma, o MP deverá atuar, mesmo na ação penal privada, para garantir a observação dos princípios que regem tal instituto, bem como para garantir o bom andamento do processo. Ebpécieb de Ação Penal Privada Para finalizar o assunto ação penal privada, é ainda preciso entender que exis- tem três espécies: a regular, a personalíssima e a subsidiaria da pública. A ação penal privada regular (ou propriamente dita) é a que você acabou de es- tudar: é a ação penal na qual o examinador determina que só se procede mediante queixa. A ação penal privada personalíssima, por sua vez, possui as mesmas caracte- rísticas da ação penal privada comum, porém com uma peculiaridade: apenas o ofendido poderá intentá-la, pessoalmente. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 54 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Na ação penal privada personalíssima, não é possível que representantes legais, sucessores ou curadores ingressem em juízo em substituição ao ofendido. Essa limitação ocorre pois dizemos que a legitimidade ativa fica restrita ao ofendido. Não se preocupe tanto com esse tipo específico da ação penal privada. O im- portante mesmo é que você saiba que existe essa possibilidade, pois, na prática, existe apenas um delito em nosso Código Penal cujo processo é realizado através da ação penal privada personalíssima: O art. 236 do CP (Ocultação de impedimento ao casamento). Ação Penal Privada Subsidiária da Pública Por fim, temos a ação penal privada subsidiária da pública. E essa variação me- rece um tópico de destaque, pois simplesmente despenca em provas de concursos. O direito a esse tipo de ação penal surge quando o MP, no exercício de sua titu- laridade da ação penal pública, não cumpre os prazos impostos por lei. Ou seja: Uma ação penal pública deveria ter sido intentada pelo órgão minis- terial no prazo, e não foi. Com isso, a vítima passa a ter o direito de ela própria ingressar em juízo, visto que não é obrigada a aguardar indefinidamente que o MP ofereça a denúncia. Esse ingresso em juízo feito excepcionalmente pela vítima em casos de omissão do parquet, é realizado através da ação penal privada subsidiária da pública! O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 55 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas Veja que simplesmente houve uma demora injustificada do Estado, na figura do Ministério Público, o que gerou um direito de ingressar em juízo ao ofendido. Esse tipo de ação penal é exatamente isso, um direito, que o ofendido pode ou não exercer – só o fará se quiser! Ninguém é obrigado a intentar a ação penal privada subsidiária da pública só porque o MP está demorando a atuar. Dicas importantes para a prova: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 56 de 105www.grancursosonline.com.br DIREITO PENAL Penas e Ação Penal Prof. Douglas de Araújo Vargas OObervaçõeb à Participação do MP É importante notar que, embora o MP tenha “pisado na bola” e não tenha se manifestado em tempo, a ação de origem ainda é pública, e a titularidade da ação penal pública é do MP, motivo pelo qual ainda possuirá muito mais influência no trâmite da ação penal privada subsidiária da pública, do que possui na ação penal privada comum. Em primeiro lugar, o MP continuará a atuar no trâmite da ação penal privada subsidiária da pública. Poderá inclusive aditá-la, e até mesmo oferecer uma denún- cia substitutiva, se considerar que a queixa-crime elaborada pelo ofendido e seu advogado é inadequada. Nesse sentido, é importantíssimo conhecer o art. 29 do CPP, em sua literalidade: Arts 29s Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for inten- tada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ANNE CRISTIANNE ABRAHAO CALIL RODRIGUES - 04278929706, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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