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- -1 DESENVOLVIMENTO HUMANO E SOCIAL UNIDADE 1 - INSTITUIÇÕES SOCIAIS, INDIVÍDUO E EXCLUSÃO: DE QUE FORMAS OS HOMENS SE DESENVOLVEM EM SOCIEDADE E QUE DESAFIOS POSSUEM? Autoria: Dra. Elaine Borges da Silva Tardin - Revisão técnica: Dra. Karen Barbosa Montenegro de Souza - -2 Introdução Os humanos emsociedadehámilênios.Emum podeacharqueessaseres organizam-se primeiromomento,vocêaté ass sedeudeuma masnão eumadas analisarmosasociedade umolharociação formanatural, foi, ferramentaspara com cientí e denossas e épormeiodofico isento pré-noções preconceitos métodosociológico.Nestecapítulo,vocêterá aoportunidadedeolhara socialde melhoroseu socialrealidade formadiferente,compreendendo papel enquanto indivíduoinseridonessa quehá sociaisque social,poisnemrealidade.Compreenderátambém camadas sofremexclusão os humanossão damesma uma queháumasériede que sertodos seres tratados forma, vez barreiras precisam superadasp emumasociedademaisaravivermos igualitária. Emum aoportunidadede ainfluênciaqueas sociais asegundomomento,vocêterá refletirsobre instituições como escola, a ea possuem nós. se que asdecisõesqueeu sãofamília igreja sobre Você perguntará:até ponto tomo exclusivamente minhas,enãoinfluenciadaspelasociedade? Outropontoparareflexãoé oqueéo suas os quese asobre Estado, principaiscaracterísticas, teóricos debruçaram entend os os MaxWebereImmanuelKant,e aertalconceito,como contratualistas, pensadores refletirsobre relaçãointrínseca do o oquenos anos quem opoderdo Essaéuma noEstadocom poder, leva perguntar: limita Estado? questãourgente cont jáque daextoatual, participamosdiretamente comunidadepolítica. Emnossoúltimo o ea domundodo aosertópico,vamosentender conceito trajetória trabalho,comoalgoinerente humano, masquese da Na o éuma de oude o modificouatravés história. atualidade, trabalho fonte prazer tristezapara homem?O quepodeserfeitoparaqueotrabalhonãosejavistocomoumfardo?Ésobreessaseoutras questões queconvidamosvocê arefletiremnossocapítulo. Bonsestudos! : 63 minutos.Tempo estimado de leitura 1.1 Indivíduo, sociedade e exclusão: conceitos e enquadramentos O humanoesocialnãosedeudeuma massimporum edesenvolvimento formaaleatória, processocontínuo inacabado.V jápensoudeque osindivíduosse emsociedadee aadquiriruma Aocê forma desenvolvem passam consciênciacoletiva? p de a degrupos alheiasà daartir talquestãojustifica-se exclusão comcaracterísticasespecíficas, pretensãohomogênea s Que a das degruposociedade? mecanismoslegaisasseguram manifestação expressõesculturais historicamenteexclu - -3 A é esses(e adquirirmosumaídos? intençãodestetópico fazervocêrefletirsobre outros)pontostãoimportantespara cons os sociais.ciênciacríticasobre processos Vocêainda - a doqueasleis quandohá deacompanhará nestetópico respeito brasileirasnormatizam casos exclusão social,o porumaidentidade ea degrupos emnossodireito própria representatividade historicamenteexcluídos país. 1.1.1 O indivíduo e a consciência coletiva Muitasvezes,aonos os sociais podemospensarque por odepararmoscom fenômenos cotidianos, estudá-lostendo base podeser de por desdeonosso as dasmétodocientífico perda tempo.Afinal,acabamos naturalizar nascimentoaté regras i sociais, alémdo nossa nosso nossosnstituições comoescola,família,igreja, convíviocom comunidade, bairro, amigos. porqualEntão, motivoestudaríamostaisfenômenoscientificamente? De o AnthonyGiddens(2012, 1),aSociologiaéo socialdavidahuman ,masnãodeacordocom sociólogo p. “estudo a” f ormadeso denadaeaciden al. ensar é denossas emr t P sociologicamente despir-se convicçõespessoais,tendo mente oque ser uma individualéna de alémdesuaspensávamos meramente manifestação verdadeparte algomaior,muito pret i o de ensõesinternas.Ass m,estetópicotem objetivo nosfazerpensarsociologicamentecomooshomenssedesenvolve memsociedadeeadquiremumaconsciênciacoletivaecomosetempensadoasuperaçãodaexclusãosocialdecertos grupos. Diferentespensadoresrefletiramsobrea indivíduoesociedade,eaqui avisãodorelaçãoexistenteentre destacamos pai dadisciplina ÉmileDurkheim(1858-1957),pensador que quepossuímosduassociológica, francês afirmava consciênci aindividualea No as quese anós,àsnossas àsas: coletiva. primeirocaso,estão ações referemsomente escolhaspessoais, quenos No há ainfluência de ideias, eopiniõesações tornamúnicos. segundo caso, crenças, práticas,tradições cole nós.Odifícilé que asociedade,oua nosinfluenciativassobre conseguirperceberaté ponto consciênciacoletiva, enqua indivíduos.Em que uma podeser individual?nto outraspalavras,até ponto ação consideradameramente Você quer ler? Em seu livro (DURKHEIM, 1982), publicado originalmente em 1897, O suicídio Durkheim analisa como uma ação tão pessoal, que a princípio significaria uma escolha individual, na verdade representa algo para além das escolhas pessoais, com ligações diretas com o meio social em que o indivíduo vive, influenciando assim, diretamente, o ato suicida. Uma ótima leitura para entendermos melhor sobre os limites da sociedade em nossa consciência individual. - -4 Analisar ainfluênciadasociedadeemnossavida,épensaremum deDurkheim(1974):odesolidariedade,sobre conceito ouaquiloqueuniaosindivíduosemsociedade, podendoserde no dodiferentesformas decorrer tempohistórico,inclusi evecomavanços retrocessos. Nas sociedades mais simples, pré-capitalistas (mas não somente), havia a solidariedade mecânica. Nesse caso, as escolhas individuais eram diminuídas em detrimento das escolhas do grupo. Logo, o todo fala mais alto que o individual, dando ao indivíduo um maior sentido, ulterior a ele. Há a força das crenças, das tradições, dos costumes e da ação moral do indivíduo pautado por algo que lhe é externo. Já nas sociedades capitalistas, contemporâneas a Durkheim, o indivíduo já não se sente tanto parte do todo, mas busca a sua satisfação pessoal. O autor a chamou de solidariedade orgânica. Vale ressaltar que os tipos de solidariedade estudados por Durkheim não são estanques no tempo nem seguem um mesmo padrão. No passado e no presente há sociedades que se caracterizam de uma forma ou de outra, ou seja, não há uma regra pré-determinada para as sociedades. Como vivemos em constante relação com o outro em sociedade, certos grupos podem criar identidades específicas e a partir daí excluir o outro, por meio de mecanismos seletivos e excludentes, que podem ser econômicos, políticos ou sociais, ou todos ao mesmo tempo. No próximo tópico, vamos estudar o que significa a exclusão social e como ela simboliza um impedimento da convivência em uma sociedade mais igualitária. 1.1.2 A exclusão social e seus desafios De Giddens(2012, 325), por socialas pelasquaisosindivíduospodemsera aacordocom p. entende-se exclusão “formas f adosdoplenoen olvimen onasociedad . podeser peloviés socialoust v t e” Talexclusão percebida econômico, político, ouainda os doisgrupos doplenoabranger três.Vamostomarcomoexemplo historicamenteexcluídos desenvolvimento dasociedade os eosbrasileira: indígenas afro-brasileiros. Você sabia? O dia 20 de novembro é considerado Dia da Consciência Negra no Brasil, em homenagem ao líder do quilombo dos Palmares, Zumbi, que teria sido assassinado nessa data no ano de 1695. A data, em alguns estados e, aproximadamente, mil cidades é declarada feriado nacional, para se refletir sobre a luta nos negros no país. - -5 Oant opólo ob asilei oDa yRibei o(2006),emsuaob a“Op ob asilei , quesomosr g r r rc r r ov r ro” aponta formadosenquanto e pelas portuguesae esse de deviolênciaepovo nação matrizesindígena, africana,porém, processo formaçãofoirepleto social, no no A do nãoéuma deexclusão tanto passadoquanto presente. história Brasil história integraçãoétnica,cultural ousocial,ao acontrário,representou exaltação deumaculturaemdetrimentodeoutras.Inicialmentepelosportugueses e,desdeaIndependência,em1822,pelosprópriosbrasileiros,osíndioseosafro-brasileirostêmsofridoatéosdiasatuaisc omexclusãoeconômica(tantoemrelaçãoàproduçãoouaoacessoaosbensdeconsumo);política(nopassado,peloregimedeescravidãoeimpedimentodeobteremcidadania,nopresentepelaaindaescassarepresentatividade);esocial(acesso aosdireitossociaisprejudicado–trabalho,moradia,saúde,educação,entreoutros). Figura 1 - Uma das manifestações culturais de raiz afro-brasileira mais importantes no Brasil é a capoeira, reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO Fonte: Val Thoermer, Shutterstock, 2021. #PraCegoVer: na figura, temos a fotografia de um grupo de pessoas formando uma roda no meio da rua. Duas pessoas estão no centro, jogando capoeira. Atrás, outras pessoas seguram instrumentos típicos da prática, como o berimbau. Ao redor, pode-se observar prédios. Quandonos à da emnossasociedade umreferimos presença matrizafro-brasileira precisamosabordar conceitomuitou e permanênciaaindahoje:ode O GuidoBarbujani(2007) umavisãotilizado com raça. geneticistaitaliano desconstrói até difundida–adequeos humanos divididospor –entãomuito seres estão raças branca,negra,indígena,asiática,dentreout Oras. autorpropõerepensartalconceito, afirmandoqueasdiferençasgenéticasentreossereshumanosdevemser encaradascomoumdadosocial,enãomeramentebiológico.Naverdade,todosnósfazemospartedeumaúnicaespécie,a humana,logo,opreconceitoeaexclusãosocialsãoreproduzidospeloshomensemsociedadeeéexatamenteporissoque podemsermodificadasealteradas. Você quer ler? No livro (SCHWARCZ, 1993), você poderá refletir sobre o O espetáculo das raças conceito de raça no Brasil na virada do século XIX para o XX, no contexto em que o - -6 Ao queas e aindasão podepensarqueéumafalarmos populaçõesindígenas afro-brasileiras socialmenteexcluídas,você uma quena a de1988,emseu aigualdadedeafirmaçãoequivocada, vez atualidade ConstituiçãoFederal artigoV,garante alei, o sendo umcrime e 2002).todosperante inclusivecom racismo considerado inafiançável imprescritível(BRASIL, umaleipode obom davidaem quePorém,somente garantir funcionamento sociedade?Certamente não. Aleiéo dasdemandasedas sociaisdoseiodasociedade, éumaviademãodupla:resultado transformações logo, enquanto asociedadenãoagir a dosgrupos alei umacontra exclusão historicamenteexcluídos, serámeramente ferramentateórica. Mesmoassim, observardeque a de1988visa a eavale forma ConstituiçãoFederal assegurar manifestação cultural p daidentidade e no areservação indígena afro-brasileira Brasil,comovamosacompanhar seguir. 1.1.3 As manifestações culturais e a legislação brasileira Parao de a social por maisumabismosocialexercício reflexãosobrecomo exclusão acaba gerarcadavez entre cidadãosno é o de eidentidade.Brasil, preciso,inicialmente,abordar conceito cultura De o Geertz(1978, 15),a podeser omp eendida omo“uma eiadesignifiacordocom antropólogoCliord p. cultura c r c t c ados ecidapelohome .E a eiaa a a por porum desímbolosqueelemesmo masquet m” st t c b orientá-lo sistema construiu, est alémdele. i as os easnormas de enãosão neminseridasá Ass m, crenças, valores variam culturaparacultura, estáticas dentr deummesmo as quepossuíamosno podemnãoserasmesmasnao contextocultural: práticasculturais passado atualidad Como poder o esposoouesposa,uma queo i oe. exemplo, escolher futuro vez casamentoserv aparagarantir direito daposseeda e a doséculoXIX,nassociedades mais a doherança, somente partir ocidentais,surgiucom destaque prática c emquea emasamentoromântico, escolhaamorosaeracolocada questão. conceito era hierarquizado e excludente, e assim descobrir como um país de ampla população negra como o nosso se projetava para o mundo. Estudo de Caso Isabella é uma adolescente que sonha em ser uma importante empresária na área de exportação. Estuda muito, dia após dia, e tem as melhores notas na escola. Ao final do terceiro ano, aos 17 anos de idade, Isabella é surpreendida quando várias pessoas de sua família e de seu círculo de amizades repetem a mesma frase: “uma mulher só é completa se for casada e com filhos, desista de estudar.” Isabella não dá ouvidos aos conselhos externos, continua a estudar, se forma e consegue um emprego em uma grande multinacional. Muda-se para o Japão. Torna-se uma mulher bem-sucedida e feliz em seu trabalho. Porém, todo ano, ao visitar os amigos e a família, - -7 Sehá pelasquaisumasociedade no dos oquedefiniria, umaidentidademudançasculturais passa decorrer tempos, então, c É auma deumgruposocial, pelaultural? sentir-sepertencente redeespecífica ligado tradição,ancestralidade,costumes e crenças. Emumasociedade cadavezmais orgânica,individualistae globalizantemanteraidentidadeculturaldeum grupopodeserdeverasdesafiante. Figura 2 - A cultura é uma rede de significados que acabam interligando os indivíduos, dando-lhes um sentido ulterior Fonte: Rawpixel. com, Shutterstock, 2021. #PraCegoVer: na figura, temos uma fotografia editada digitalmente. Na parte inferior, encontramos pessoas de costas, olhando para frente, em direção a uma grande tela. Nesta, há uma espécie de apresentação indicando o que é cultura, envolvendo aspectos como nação, diversidade, tradição, crença, etnia e pessoas. Aopensarmos identidades a dasobre coletivas,imediatamenteprecisamosrefletir respeito proteçãosobretais identidades,dequais são quesejam Aidentidadeeasmecanismos utilizadospara resguardadas. manifestaçõesculturais dos edos são pelo Masoque esses de quepossamindígenas afro-brasileiros protegidas Estado. teriam povos diferente jus tificartalproteção? Durante séculos de colonização e escravidão, esses povos, tão heterogêneos entre si, mas que eram vistos uniformemente, viram sua cultura ser diminuída ou mesmo calada pelos detentores do poder: o ouve a mesma pergunta: “por que não se casa e tem filhos?” Isabella todo ano sorri e diz: “ah, sociedade, por que vocês querem colocar um padrão em algo que pode ser livremente escolhido por mim, um indivíduo autônomo?” A sociedade não entende Isabella, mas ela continua sendo feliz por exercer suas escolhas livremente. - -8 homem branco colonizador. Os costumes culturais indígenas e africanos, suas danças e manifestações religiosas eram considerados pecados por uma lógica eurocêntrica cristã que eliminava qualquer alternativa à fé portuguesa, a fé católica. Assim, manter viva a cultura nativa e africana era possuir uma atitude de resistência. Os quilombos, antigos redutos para escravos fugitivos, são uma forte expressão da resistência negra no Brasil, desmistificando a ideia de que os antigos escravizados aceitavam passivamente sua situação de escravos. Os descendentes dos ex-escravizados que se autodefinem a partir da relação que possuem com o território, com uma ligação com seus ancestrais e suas tradições formam as comunidades quilombolas. No Brasil, existem 220 títulos emitidos, regularizando 754.811,0708 hectares em benefício de 152 territórios, 294 comunidades e 15.910 famílias quilombolas, segundo dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, o INCRA, órgão responsável pela titulação das terras quilombolas (INCRA, 2017). Assim, busca-se a preservação cultural desses grupos étnicos que durante séculos viram sua cultura tentar ser destruída, direta ou indiretamente. O Estado brasileiro, por meio de sua Constituição Federal de 1988, assegura a preservação cultural, material e imaterial dos povos indígenas e afro-brasileiros, conforme se pode observar pelo parágrafo 1º do artigo 215: Em aos o 216 àquelesquepossuem incluindoosrelação patrimôniosculturais, artigo refere-se referênciasidentitárias, co esítiosde éo das quilombolas.njuntosurbanos valorhistórico,como caso comunidades No alei10.639,de2003 2003)que quea eâmbitoeducacional,temos (BRASIL, determina História culturaafro-brasilei sejam na nosensinos e i osalunosra componentesobrigatórios educaçãobásica, fundamental médio.Ass m, poderãoter auma das não pela oficial,acesso história raízesbrasileirasmuitasvezes contada história tradicionalmenteeurocêntrica. Perceba,portanto,comoosgrupos apesardo suashistoricamenteexcluídos, Estadoassegurar manifestaçõesculturais, ainda pela de epela social.A é, umasofremfalta representatividade exclusão lutaidentitária sobretudo, lutaconstante pelo e de noqualdemandas ser seriedadeereconhecimento campos poder, específicasdevem tratadascom urgência,tan pelo pelasociedade.to Estado,quanto § 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro- brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional (BRASIL, 2002, p.126). - -9 1.2 O processo de socialização e as instituições sociais Asprimeirasinstituiçõesque desde sãoa a eas A datemoscontato criança família, escola instituiçõesreligiosas. partir int os dasociedade, nossos e ao deeraçãocom membros formamos costumes,crenças valores.Muitasvezes, discordarmos normasoudogmas, que uma masé emcertas acreditamos estamosrompendocom verdadeabsoluta, precisoter mente queháuma socialque oconstrução envolve indivíduo. Assi umdos mais pelasciênciashumanas:asm,nestetópico,vocêiráaprendersobre assuntos estudados instituições sociaisesuasinfluênciasnavidado quedesde somosinseridosemum socialmaisindivíduo.Vocêverá cedo contexto a equeas por e que nosmplo, instituiçõesacabam determinarcertasregras costumes muitasvezes parecemnaturais, masquenarealidadeforamconstruídassocialmente. 1.2.1 As instituições sociais humanas Asinstituiçõessociaissão dacuriosidade no eno uma quefruto científica passado presente, vez tratamdiretamente denossavidaemsociedade.Alguns ÉmileDurkheim,KarlMarxeMaxWeber emsociólogos,como pensaram ferrament quepudessemnosajudara inseridosemsociedade.Um mais asas entendercomoestamos estudo aprofundadosobre instit quepossamosmelhor as e davidaemsociedade..uiçõesmerecedestaque,para compreender estruturas consequências Uma podeser uma criadapelasociedade equeinstituição entendidacomo estrutura comcaracterísticasespecíficas serve aosseus A ideiaque nos équeas nãosãoprópriosinteresses. primeira precisamos lembrar instituições estáticas,epassam por profundastransformaçõesnodecorrerdostempos,umavezqueaprópriasociedadetambémpassapormutações. Penseno dasociedade a doséculoXIX,por Naquele asurgimento capitalistaburguesa, partir exemplo. contexto,com vitó do no eo deumasociedademais asria capitalismo cenáriointernacional advento mecanizada, instituiçõestradicionais,c a por eomdestaquepara família,passaram profundastransformações.Velhosconceitosforamabandonados novossurgi assim na emqueas por eram, tambémocorre atualidade, instituiçõesestãoconstantementepassando transformações red a dia.No viu ÉmileDurkheim da indivíduoefinições cada tópicoanterior,você como refletiaacerca conjunção /sociedade,ea das o afirmaque:respeito instituições, autor ao mesmo tempo que as instituições se impõem a nós, aderimos a elas; elas comandam e nós as queremos; elas nos constrangem, e nós encontramos vantagem em seu funcionamento e no próprio constrangimento. (...) Talvez não existam práticas coletivas que deixem de exercer sobre nós esta ação dupla, a qual, além do mais, não é contraditória senão na aparência. (DURKHEIM, 1974, p. 30) - -10 Vamosaum da deDurkheim:uma de9anos,aindanoensino seexemplopráticopartindo lógica criança fundamental, rec ausaro os asnormasda nãousa uniformeescolar.Porém, pais,concordandocom instituiçãoescolar, oferecemalternativa à anãoser queelanãopodese dosdemais da ouseja,nãopodecriança obedecer,explicando diferenciar colegas escola, suaindividualidadeemum de i Durkheim,a seexercer lugar convivência coletiva.Ass m,para consciênciacoletiva sob àindividual.repõe Figura 3 - A escola é um exemplo de instituição que molda e normatiza o indivíduo, e a figura do professor é vista como aquele que deve conduzir o conhecimento ao aluno Fonte: Royalty-Free/Corbis, Shutterstock, 2021. : na figura, temos a fotografia de uma mulher ajudando uma criança a ler. Esta segura um livro#PraCegoVer e o observa atentamente. A mulher, por sua vez, está atrás da criança, de pé, curvada, lendo a história. Há cubos coloridos embaixo do livro. Outropensador que as individuaise e issopodeserclássico refletesobre ações coletivas como estudadocientificamente éMaxWeber(1864-1920). deDurkheim,Weber queasociedadenãoé a deumaDivergindo acredita formada partir sínt ouem a não o ao oindivíduo suasese, outraspalavras, consciênciacoletiva precede indivíduo, contrário, realiza ações sociais deumsentidoaomesmodotado temporacional esubjetivoe,portanto,anterioràsinstituições.Deumaforma maisdireta,Weber(2009,p.22)assimdefineasinstituições:“nãosãooutracoisaquedesenvolvimentoseentrelaçame ntosdeaçõesespecíficasdepessoasindividuais,jáqueapenaselaspodemsersujeitosdeumaaçãoorientadapeloseu sentido”. - -11 Logo,paraWeber,éa socialquedá às ea socialsedáa doprópriaação origem instituições, relação partir compartilhamento de quepossuem oindivíduoe depois osdemaisrecíproco conteúdos significânciainicialmentepara somente para dasociedade.membros A de os e das sociaisque seguir, vamosacompanhar perto caminhos descaminhos principaisinstituições persistem apesardas domundopós-moderno.mudanças 1.2.2 As instituições e os indivíduos: a família enquanto primeira instituição social do homem A aqual desdeonosso éa Nela, asprimeirainstituiçãocom temoscontato nascimento familiar. recebemos referênciascult nossalíngua,esomos a ouaquela enfim,a nosmoldaa desuasuraiscomo orientados seguiresta religião, família partir próp e Comovimos,nenhuma alheiaàs sociaisqueas e,no dariaspré-noções crenças. instituiçãoestá mudanças cercam caso fa é na os fim,nosmília, perceptívelver atualidade novosarranjosexistentes.Por perguntamos:comtantasmudanças sociais, poderíamosdefinira De (1996, 297-como família? acordocomOuthwaite p. 298): Notecomoa de não um pré- Seassimprópriadefinição família permite enquadramento existente. fosse,retornaríamos aum que umtipode aquele porumpassado somente famíliaerapermitido, composto casalheterossexualcomprolecons Na pós-moderna, umamplotituída. realidadeatual, percebemos caleidoscópio dearranjosfamiliares:paisoumãessolt eiros,netossendocriadospelosavós,casaishomoafetivosadotantes,tantasaspossibilidadesquenãoseriapossíveldesc revê-lasnestecapítulo. Você quer ver? No filme (CHOLODENKO, BLUMBERG, 2010), você pode Minhas mães e meu pai acompanhar a história da família atípica de Jules e Nic, duas lésbicas que no passado fizeram inseminação artificial e agora se veem às voltas com seus dois filhos adolescentes que buscaram e encontraram seu pai biológico. o próprio conceito – a família –, portanto, não pode captar a extensão e a diversidade de experiência que muitos hoje definem como sua. A família – na realidade, muitas famílias diferentes – veio ‘para ficar’. A família é uma elaboração ideológica e social. Quaisquer tentativas de defini-la como uma instituição delimitada, com características universais em qualquer local ou tempo, necessariamente fracassarão. - -12 Cabeaqui seos da emque ourefletir preceitosmorais família crescemosexcluemoutrosarranjosfamiliares outrosmemb dasociedade,sejaporsua social, porseraros condição cor,orientaçãosexual,entreoutros.Exatamente primeirainstituiç a qual a dos no seio éumãocom temoscontato, desnaturalização conceitos apreendidos familiar exercícioárduo,po Ao emsociedade, que em queháum de de onderémnecessário. vivermos temos ter mente campo disputas representações, grupoem maisdemandaspeloseu pelasociedade pelocada particularexigecadavez reconhecimento,tanto quanto Esta Sendoassim,éde queasminoriassociaisbusquem maiso eado. direito cadavez reconhecimento representatividade nomeiosocialepolítico. 1.2.3 Moldando o ser humano: as instituições religiosas e a escola Após refletir sobre nossa primeira instituição, a família, a próxima instituição que vamos destacar e que molda o indivíduo ainda em sua infância é a religiosa, em suas diversas manifestações. Dificilmente haverá uma sociedade na história que não possua alguma ligação com o sagrado e com símbolos, mitos, crenças e tradições. Algumas religiões resistiram às situações tempestuosas, passaram por modificações e readaptações,e permanecem na atualidade, mesmo que tenha havido certa perda da identidade na pós-modernidade. Apesar da existência de tantas expressões religiosas diferentes, Giddens (2012) nos auxilia a compreender as características em comum que as religiões teriam: Assi ao deuma oindivíduo auma que asmesmasm, fazerparte religião, torna-sepertencente comunidade partilha crenç A daí,oindivíduonãoémais mas deas. partir indivíduo, parte algomaior. As características que todas as religiões parecem, de fato, partilhar são as seguintes. As religiões implicam um conjunto de símbolos que invocam sentimentos de reverência ou de temor, ligados a rituais ou cerimônias (como os serviços religiosos) realizados por uma comunidade de crentes (GIDDENS, 2012, p. 535). - -13 Figura 4 - A religião traz ao homem o sentimento de pertencimento, de crença em comum, lhe dá sentido Fonte: Quick Shot, Shutterstock, 2021. : na figura, temos a fotografia de uma senhora com as mãos juntas ao peito, em sinal de prece.#PraCegoVer Ela veste um cobertor quadriculado por cima dos ombros e uma blusa de lã verde. Aparece apenas parte do seu rosto, com foco para suas mãos. Pordarum maiorao a podeserum de poispodesersignificado indivíduo, religião instrumentoperigoso poder, manipul poraquelesqueassumem de cuidadoem à é queo deável posições mando.Outro relação religião, compreender sistema c diz àquelesque em dogma.rençassomente respeito acreditam determinado Uma sejaelaqual nãopodeser e umasociedade,anãoserqueocrençareligiosa, for, determinante impostaparatoda regim em sejao Deus; na ou porepolítico questão teocrático(teo: cracia:governo),comoocorre ArábiaSaudita Paquistão, Nassociedades de o ao deexemplo. democráticas,valer-se preceitosreligiosospara impedimento acesso direitos sociaisdosgrupos éemsiuma da da quepolíticose/ou minoritários, própriacontrovérsia gênese democracia, deve queos daminorianãosejamincluídospelosdamaioria. i no daassegurar direitos Ass mcomo caso família,desnaturalizar as e quenos moldardesdea nãoéumacrenças convicçõesreligiosas tentaram infância tarefafácil,porém écrucialquepossamos afimde senãoemharmonia,aomenosemumasociedadedesnaturalizartalatitude convivermos justa. A aqual ainda éa quepodeser um deterceirainstituiçãocom temoscontato criança escola, tanto espaçosocializador forma ouserum de Nasua a pode aomesmo quepodepositiva espaço exclusão. opinião, escola integrar tempo excluir?Vamos esserefletirsobre ponto. A educação brasileira tradicionalmente seguia um viés conservador, herdeira de uma educação jesuítica que privilegiava aspectos quantitativos em detrimento dos qualitativos. Tanto essa vertente quanto a tecnicista, privilegiava os resultados, não a emancipação do educando e sua compreensão do mundo em que vive. O maior educador brasileiro, Paulo Freire (1921-1997), sugere que abandonemos a “concepção bancária da educação” (FREIRE, 2011, p. 33), onde alunos são meros receptáculos do conteúdo dado por um professor que deteria todo o conhecimento, e passemos a lutar por uma educação humanista e libertadora e, sobretudo, política, onde o professor reconheça que a todo o momento pode aprender com o aluno. Assim, ambos constroem o conhecimento mutuamente, sem hierarquizar saberes. - -14 A escola enquanto espaço excludente é aquela que rejeita e oprime as minorias sociais, sejam elas de qualquer forma: de cor, religião ou orientação sexual, ou outras aqui não citadas, apartando-as do processo socioeducativo, que deve ser construído com toda a comunidade, para além dos rumos da instituição. Na Constituição Federal (BRASIL, 2002, p. 123), artigo 205, a educação é referida como “direito de todos e dever do Estado e da família”, inclusive sendo “promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho". Portanto, a instituição escolar não está apartada de outras instituições, como a família. O tipo de escola que queremos reflete-se no tipo de sociedade que temos. Se a escola assume uma postura excludente, preconceituosa, tecnicista ou que privilegia a memorização em detrimento da consciência crítica, é porque a sociedade e o poder público não fiscalizam ou investigam o que deveria ser cumprido obrigatoriamente, visto que é lei (BRASIL, 2002) que tenhamos um ensino pautado pelos princípios de igualdade, liberdade e pluralismo de ideias e concepções pedagógicas. A construção de uma educação que ensine de forma crítica, política e construtiva depende de uma sociedade verdadeiramente atenta para que tais posturas ocorram de fato. Figura 5 - A inclusão deve ser palavra de ordem de toda e qualquer escola. Se a escola for excludente, é porque toda a sociedade também o é Fonte: Nelosa, Shutterstock, 2021. #PraCegoVer: na figura, temos a fotografia de mãos segurando grandes letras vermelhas. Estas formam a palavra "inclusão". No a que poder osindivíduos deum empróximotópico,vamosestudar instituição exerce sobretodos habitantes território ocomum: Estado. 1.3 O Estado e suas representações sociais - -15 Vocêdeveterpercebidoatéaqui as sociaisnos enormas, écomo instituições imputamcrenças,valores porém, precisoco que poder nós.O a nãoéopcional,poisaonheceroutrainstituição exerce sobre pertencimento estainstituição nascermos já inseridosemsua o nos nos epossui deestamos lógica.Vamosrefletircomo Estado obriga, limita diferentesformas at uação. Então,nestetópico,vocêiráse a de o que eaprofundar respeito como Estado,instituição regula,normatiza administra avidaemsociedade,podeserpensadode os a daformacrítica.Vamoslevantar questionamentos respeito legitimação, dousoda ea queo aseuscidadãos. maisforçafísica representação Estadoproporciona Tambémvamosconhecer sobre adivisãodopoder dodentro próprioEstado. 1.3.1 Por uma definição de Estado Existemdiversasteoriasa da da do Na orespeito necessidade fundação Estado. Gréciaantiga, filósofoAristótelesacredit queo seriaumasociedade a artirdesua on ep ãodequeohomeméumanimalpolíti .Em“Opríncipava Estado natural p c c ç co , em1532, afirmaqueo seriaa deumae” escrito NicolauMaquiavel Estado expressão comunidadepolíticasoberana. NoséculoXVII, denominadosde (ThomasHobbes,John epensadorespolíticoseuropeus, contratualistas Locke Jean-J aideiado dasociedadecivila do deumacquesRousseau)defendiam surgimento partir cumprimento contrato socialquedaria aum de A do omútuoautoridade governante formalegítima. assinaturasimbólica contratopressupunha e ehaviaaideiada do quenaqueleacordoentregovernantes governados, necessidade governante, contextodetinhatodo opoderemsi, as humanaspormeioda de normaseparacontrolar paixões formalização regras, obrigações. A por a doséculoXVIII elaso dequeo nãomaisseEuropapassou importantestransformações partir dentre fato Estado lim aum a dadivisãodos que o Da omundo oitava governante, partir poderes,para houvesse equilíbrio. Europapara ocidental, se e seusmeios, o dosdiasEstadofoi modificando delimitando até formato atuais. O Max em (2004),afirmaqueo nãopodeserdefinidoporseusfins,sociólogo Weber, “Apolíticacomovocação” Estado masporseusmeios:omonopólio da o o seriauma humanaque,legítimo forçafísica.Para autor, Estado “comunidade dentr dos de –a de aumdos essenciaisdo –o limites determinadoterritório noção territóriocorresponde elementos Estado reiv omonopóliodouso daviolência (WEBER,2004, 98),ouseja,o éo que ousoindica legítimo física” p. Estado único detém Você o conhece? Thomas Hobbes (1588-1679) foi um teórico, filósofo, e matemático inglês que defendia a ideia de que o Estado era uma instituição criada artificialmente pelo homem para conter as paixões humanas, e por isso defendia o absolutismo. A partir do surgimento do Estado, após a assinatura do contrato social, havia leis civis, controle social e o fim de uma guerra até infinda entre os homens. Para mais informações, você pode ler a obra “Leviatã” (HOBBES, 1997). - -16 e daviolência. háa de quepois oexclusivo legítimo Porém, necessidade mecanismos delimitemtalpoder, casocontrário, de e por os mais doscidadãos,sejamelescivis,Estadoagirá formaautoritária acabará desrespeitar direitos básicos ousociais.Seo não suas aoscidadãos suapolíticos Estado cumprecom prerrogativas,cabe exigirem reformulação,comp atívelcomnovasrealidades. A de de do ImmanuelKant(1724-1778),concepçãotradicional Estado Direitoprovém filósofo para quemaideiadequeos do vinculadosàs individuaiseà dainteresses Estadodevemestar garantias proteção propriedadepri queo ser ao Kant(1998)afirmaquea asociedade,vada.Defendendo Estadodeveria subordinado direito, razãodevereger emleisque ser Háumadiscussão maisamplaa da dedevem válidasuniversalmente. muito respeito definiçãojurídica Esta queo éuma quevisaà da ado,porémcaberessaltar Estado organizaçãocoletiva manutenção ordempúblicacom leg dadapor osseus Oprincípioda éumadas emquesefundao poisitimidade todos membros. legalidade bases Estado, soment após pelo doque équeumalei ser ecumprida.e passar crivo foiinstituídocomolegal deve respeitada Partindodas e do a da o eaconcepçõessociológicas jurídicas Estado,vamosagorapara busca compreensãosobre papel fu nassociedadesnçãodestainstituição ocidentais. 1.3.2 As ações do Estado na vida social Agoraque já queo é criadapelohomemepossui ousodavocê entendeu Estado instituição comocaracterísticas forçafísic a deleisea dos mais doscidadãos, algumas doa, normatização defesa direitos básicos vamospara ações Estado emnossavidacotidiana. Umdos ao éode ojá Max opoder umaconceitosbásicosligados Estado poder.Para citadosociólogo Weber, pressupõe rel desubmissão(odomíniodeumhomemoudeumgrupo osdemais),equemopossuiemação sobre primeirolugardeveobt de eser dosmeios de Ouseja,o doê-lo formalegítima detentor materiais organização. Estadoprecisa reconhecimento desua por doscidadãos.legitimidade parte Umtipo depoderéa só quandohálegítimo dominação, existindo motivossuficientementefortesparaassegurar aobediência,enão pelousoda Emnossa o há quesomente força. relaçãocom Estado, variadosexemplos demonstram asubmissãodoscidadãosaele,do indode àsleis,normase nocontrário,estaríamos encontro obrigações.Porexemplo, B o é dos18aos70anosdeidade.Se pornãorasil, voto obrigatório optarmos votar,estaremos descumprindoumdosprincípios dacidadaniae,por umasériedebásicos contadisso,sofreremos represálias,comoter otítulo e,assim,o de de de oucassado impedimento participar concursospúblicos, retirarpassaporte carteira deidentidade,denão em deensino oficial, Emrenovarmatrícula estabelecimentos público dentreoutrassanções resumo ao auma social ao há e assim, pertencemos comunidade subordinada Estado, certosdeveres obrigaçõesimplícitos, como Quando jáháuma leis um penaleasdemaisnormasesomosdireitos. nascemos, constituiçãovigente, trabalhistas, código em essaenquadradospreviamente toda lógica. - -17 1.3.3 As formas de ação e organização do Estado No da dahumanidade,o assumiu mas quenosso fiquemaisdecorrer história Estado diversasformas, para estudo delimita a dodovamostomarcomoexemplo constituição Estadobrasileiro. Antesdesermos de é,nãotínhamosqualquertipodeBrasil,éramoscolônia Portugal,isto organizaçãopolítico-administ nãocidadãos.Issoquer queo não Orativaautônoma,éramossúditos, dizer Estadobrasileiro existia?Exatamente. Esta a a da deindependênciade e nossadopassousomente existir partir proclamação Portugal com primeiraconstituição, em1824.Não deser masdesdeonosso pordeixamos Brasil, nascimento,enquantoEstadoNação,passamos diversosgo civil, eporfimovernos:império,república oligárquica,ditadura repúblicademocrática, ditaduracivil-militar retorno à (desde1985).democracia Os masogovernosmudaram, Estadopermaneceu. DesdeoséculoXIX,amaioriados a de AEstadosocidentaisadotou forma repúblicacomogoverno. palavrarepública éoriundado – um no a doslatim,respublica coisapública, governorepublicanopressupõerotatividade poder, escolha rep do eadivisãodopoderem eresentantes povo três:executivo,legislativo judiciário. A dadivisãodopoderem maisbem pelo Charlesde em“Oteoria trêsvertentesfoi formulada filósofo Montesquieu espír das (1979), queinfluenciou i opodernãoseriaito leis” obra governosrepublicanosposteriores.Ass m, centralizado nasmãosdeum masseria a da que umdos deúnicogovernante, equilibrado partir função cada trêssetoresexerceria forma emharmonia si.independente,porém entre Você sabia? Estado e governo são diferentes? Sim. O Estado é permanente, é a instituição que centraliza em torno de si o poder e possui códigos, normas e sistemas. Os governos se alternam, são mutáveis, como vimos no exemplo do Estado brasileiro. Quer saber mais sobre isso? Recomendamos o livro “Dicionário de política” (BOBBIO, 1998), do historiador e filósofo político Norberto Bobbio. - -18 Figura 6 - Montesquieu (1689-1755) foi um dos mais importantes teóricos políticos do mundo, influenciando diversos processos revolucionários no mundo ocidental Fonte: Shutterstock, 2021. #PraCegoVer: na figura, temos um esboço em preto e branco do perfil de Montesquieu. Ele está com um leve sorriso e veste roupas pesadas, com um lenço amarrado no pescoço. O poder a de oude as leis na máximadosexecutivo tem função governar, executar previstas Constituição,carta paí O do um possuialgumas que, peloses. chefe executivo,geralmente presidente, atribuições sobretudo,devemzelar bem- da Ele opoderde ousancionaros delei pelopoder masnãoestar população. tem vetar projetos formulados legislativo, tem opoderdecriarasleis,poisessaéumafunção dopoderlegislativo.Alémdisso,éopoderlegislativoquefiscalizaoExecuti vo,votaleisorçamentáriaseemcasosexcepcionais,atémesmojulgaseusprópriosmembrosouosdopoderexecutivo. Cabeaopoderjudiciário a em asleiseaspromover justiçalevando consideração regrasconstitucionaispré-estabelecid Sua é pelaschamadas ea éo emqueumaas. hierarquia formada instâncias, primeirainstância primeirolocal ação éanalisadae as ou asdecisõesjulgada, instânciasconfirmam refutam tomadasanteriormente. Entreos háoprincípiode ou e afimdequeopodersejatrêspoderes, checksandballances, freios contrapesos, equilibrado, quenenhumpoder o Dessa aharmoniaeaindependênciaemumpara supere outro. forma,assegurando Estadodemocráti co. Perceba,portanto,comoé queopoderseja enão os deuma daimportante equilibrado defendasomente interesses parte Quandohá deum de o queser nãopopulação. vigência Estadodemocrático direito, governotem paratodos, somentepara uma da quealeisejacumpridaequea seja declasse,parcela população.Assegurar justiça feita,independente raça,orienta - -19 ouqualquer éoprincípio dequalquersociedadequesediz e Nenhumdosçãosexual distinção, básico democrática justa. é avigilânciapor de sociedadeécrucial quenãohajadesarmoniaedesigualdades.poderes estático,logo, parte toda para No a sociedadee equedepróximotópico,vocêvairefletirsobre correlaçãoentretrabalho, economia forma issoinfluenciasuavidaemsociedade. 1.4 Trabalho, sociedade e economia – I No o de socialedeque nossavidapresentetópico,vamosrefletirsobre conceito trabalho,produção forma produtiva influencianossos sociais,eainda analisara do de esuas nopapéis vamos evolução conceito trabalho diferentesrelações d do A queoshomens no da se assim asecorrer tempo. formacom produzem decorrer história alterouprofundamente, como os humanosO deolhar o nos anossa deumarelaçõesentre seres exercício para passado possibilitaenxergar realidade form ao asdesigualdadese nomundodo enomeiosocial,uma queoacrítica, percebermos exclusões trabalho vez trabalho éuma humana.atividadeinerentemente 1.4.1 O trabalho numa perspectiva ontológica A o de uma quea deuma eseureflexãosobre trabalhodeveriapartir todoindivíduo, vez escolha profissão exercício éumadasdecisõesmais que emnossavida.Afilosofianosajudaa eaimportantes tomamos questionarconceitos ontologi o doser ouseja,que suas seusprincípiosea,significa estudo enquantoser, explora características, natureza.Portanto, pensarno numa é suas etrabalho perspectivaontológica refletirsobreorigens,natureza,percurso transformaçõessócio- históricas. A que ser é ohomemeseu poisas queoshomensprimeirarelação deve estabelecida entre trabalho, formascom produzem influenciam avidasocial. nos por oshomens seo étoda Devemos questionar, exemplo,porque produzem, trabalho nec uma de e oquesua anosessariamente fonte opressão refletirsobre trajetóriatem dizer. Umdos mais por o de éoalemãoKarlMarx(1818-1883). oteóricos conhecidos, tratar trabalhocomoobjeto estudo, Para é ohomemdo uma que:autor, impossívelseparar trabalho, vez Assi dotipode ou a dohomem omsendo,independente Estado,governo tempohistórico, relação com trabalhopermanec Ohomeméo que, dosanimais, planejar criar e ae. único diferentemente consegue previamente, metas,objetivos alterar aseu Umanimal,pormelhorque a damesma que hámilênios,natureza redor. produza,continua produzir forma fazia como criador de valores de uso, como trabalho útil, é o trabalho, por isso, uma condição de existência do homem, independente de todas as formas de sociedade, eterna necessidade natural de mediação do metabolismo entre homem e natureza e, portanto, da vida humana (MARX, 2011, p. 167). - -20 poiséguiadoporseus Jáohomem,criaos meios asua eessa de ainstintos. próprios para sobrevivência, ação alterar nat em desua éoquesechamadeureza prol próprianecessidade trabalho. Vamosusar uma ela eassimsuaespécie hámilênios.Uma nãovisacomoexemplo galinha, produzovos, temfeito galinha sua não nem um emseus Sãooshomensque,pensandoemseuaumentar produção, fazhoraextra coloca logotipo ovos. pr os mais queelas mais,ópriolucro,tornam galinheiroslugarescadavez insipientespara produzam com ousodeluzartificial, de e A não adição proteína cálcio. galinha deixadesergalinha,masohomem,aoacrescentarmeios artificiaisaosnaturaisparaaumentaraprodução,acabaporalterartodaumanatureza.Otrabalhoé,portanto,aalteração danaturezapelohomemcomofimdesuprirsuasprópriasnecessidades.Nopróximotópico,vocêrefletirásobreahistória dotrabalhonodecorrerdotempohistórico. 1.4.2 O trabalho através da história Umadas mais o uma quejá queohomemquestões importantessobre trabalho, vez entendemos produzalterando omeioemque a desua éanalisarsua e isso maisuma aKarlvive partir própriaação, trajetória, para vamosretornar, vez, O daanálisedasociedade doséculoXIX,e um abismoMarx. autorparte capitalista identifica profundo entretrabalhador eo doseu uma ou, o Essafruto trabalho, verdadeiraimpessoalidade conforme autorchamava,alienação. lógicarompiaab oque naIdadeMédia, emquehaviaas de asruptamentecom ocorriaanteriormente época corporações ofício, associações que as e homemsabiasua eseu A deumadivisão doregulamentavam profissões, cada profissão exercício. partir lógica tra o oeloquetinha o deseu eissoo mais ebalho, trabalhadorperde com resultado própriotrabalho, torna mecanizado aliena do. - -21 Figura 7 - Karl Marx (1813- 1883), um dos teóricos mais importantes a respeito da análise do mundo do trabalho Fonte: Nicku, Shutterstock, 2021. : na figura, temos um esboço em preto e branco do busto de #PraCegoVer Karl Marx. Ele tem cabelos e barba cheios e longos. Veste paletó e tem um colar pendurado em seu pescoço. Paramelhor a doséculoXIX,Marxolha o afimde aentender realidade para passado investigarcomoera relação doshomens o e o demodode que oshomenssecom trabalho, formula conceito produção, significacomo organizamsocia lmente, formadopelajunçãodaquiloqueseproduz(forçasprodutivas)epelasrelaçõesdeprodução.Marx(2011)afirma quenodecorrerdahistóriadahumanidadetivemoscincodistintosmodosdeprodução: Modo de produção primitivo No início da sociedade humana, ainda não havia a instituição do Estado ou de leis que limitassem a vida humana em sociedade. Também não havia propriedade privada, assim como não havia uma relação de produção dividida entre proprietários e empregados, pois os bens coletivos eram divididos entre todos. Modo de produção escravista Extremamente desigual e violento, esse modo de produção estabelecia uma relação de dominação em que o senhor tudo detinha (os meios de produção - terra, materiais - e a força de trabalho), pois ao se tornar o escravo o homem não mais pertencia a si, mas ao outro, que poderia vendê-lo, alugá- lo e obrigá-lo a trabalhar - -22 até o fim de sua vida. Houve casos em que a escravidão era por dívida, por tempo determinado ou indeterminado, mas o que se precisa destacar é que a condição de escravo despersonalizava o homem e o transformava em mercadoria. Modo de produção asiático Presente na China, Egito, parte da África e Índia, esse modo foi marcado pela presença soberana do Estado, que controlava a economia, a política e mesmo a religião. Era utilizado trabalho escravo e servil, símbolo de grande desigualdade e abismo social que imperava. Modo de produção feudal Também marcado pela desigualdade social, a sociedade era dividida, sobretudo, entre senhores (que detinham os meios de produção) e servos, que diferentemente dos escravos, não eram propriedade do senhor, mas estavam presos à terra. Os servos deviam fidelidade ao senhor, e assim ocorreu por muito tempo. A desagregação do mundo feudal ocasionou o surgimento do modo de produção ainda vigente no mundo atual. Modo de produção capitalista Ainda em vigência e tendo passado por ciclos, é caracterizado pela presença da propriedade privada e pelas relações assalariadas de produção, visando sempre maior lucro. Emseu na aclassesocialque osmeiosde a eosinício, primeirafasecapitalista, detinha produçãoera burguesia, trabalhado chamadosde Apesardenão nemservos,o via-seàs um ereseram proletariados. seremescravos proletário voltascom v r dadei o é ci ode ese ,ouseja,umap ofunda on or ênciaent eaqueles quer “ex r t r rva” r c c r r tambémprecisavamsobreviver emuma demais do sãochamadasde e aindaemrealidadetãodura.As fases capitalismo comercial,industrial financeiro, vi nosdiasgência atuais. Vocênão queomodode nãoé masos seus dedeveesquecer produçãocapitalista linear, paísessofrem processos formapar eemseu A ea pelo sendoumamáxima eosticular próprioritmo. concorrência busca lucrocontinuam capitalista, empresár e donosdomeiode ainda umamesma deque posso maisios profissionais produção fazem pergunta: forma lucrar gastando omínimo séculos,os poisopoder pendia oladodopossível?Durante direitostrabalhistasforamignorados, sempre para p à e os ao doatrão.Porém, graças militância,greves lutas, direitos trabalhistasforamconquistados redor mundo, oquenãoquer quenão a aindanosdias Nãoháummododedizer existamcasosanálogos escravidão atuais. produçãoideal, poismesmoquese ouaquelemenosdesigualé emconsidereeste necessáriopermanecerfiscalizando prol deumasociedademais O serpensadode nãomais oumanipulada,equilibrada. trabalhodeve formacrítica, mecanizada eéoque avamosver seguir. 1.4.3 Pensando o trabalho criticamente - -23 Na domodode aindaé a pela deuma queatualfase produçãocapitalista, muitopresente pressão escolha profissão tragare e um ao sua não pelo mastornofinanceiro imediato,porém, jovem, escolher profissão, devefazê-losimplesmente lucro, d quea que asociedadeemqueeveentender profissão escolhersignificaráalterar vive. Um o éode Ser pensarporsi,nãoseconceitobásicopararefletirmossobre trabalhoatual autonomia. autônomosignifica d alienarpelo deum que ése de uma social,eixar resultado trabalho vocênuncateráacesso. perceberparticipante toda lógica equeao a sua tudoaoseu muda,não emalterar naturezapara própriasobrevivência, redorconsequentemente somente ter moseconômicos. Conceitoscomoconsciênciaambiental,trabalhohumanizadoe social na deresponsabilidade devemestar pauta grandes quenem assimpelo da A e desafioseempresas, sempreagiram curso história. atualidadetrazconsigonovos importantes v essas melhornos Desdeo do oocêacompanhará novasconsciências próximoscapítulos. surgimento capitalismo, lucro éoquemaisse por dequem osmeiosde mashá que dabusca parte detém produção, mecanismos emergem própria sociedadecivilque o queelenãoseja É que eregulamentam trabalhopara degradante.importante novasconsciências dire surjam queo maisum o mas, ositos para trabalhotenhacadavez significadopositivo,para mercado, principalmente,para t rabalhadores. - -24 Conclusão Concluímoso dadisciplina. jápodemos as sociaisqueprimeirocapítulo Agora, refletirsobre questões muitasvezesp pôde queasociologiapode as observaraassavamdespercebidas.Você entender teoferecer ferramentaspara realidadeco omoutroolhar, científico. Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • refletir sobre o debate entre indivíduo e consciência coletiva em diferentes perspectivas; • analisar como a exclusão social é uma realidade no Brasil ainda na atualidade, principalmente para as matrizes étnicas que formaram nosso país: indígenas e afro-brasileiros; • observar os mecanismos legais que garantem a preservação cultural e identitária desses povos; • refletir sobre o papel das instituições sociais na vida do indivíduo, como família, escola e instituições religiosas; • entender o conceito de Estado, seus mecanismos de poder e sua divisão; aprender sobre o conceito de trabalho e sua evolução através dos tempos, assim como as relações entre os homens. • • • • • - -25 Referências BARBUJANI,G. mesmo e SãoA dasinvenção raças.Existem raçashumanas?Diversidade preconceitoracial. Paulo: 2007.Contexto, BOBBIO,N.Dicionáriodepolítica.Volume1.11.ed.Brasília:EditoraUnB,1998. 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