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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS – FMU. ETNOCENTRISMO E RELATVISMO CULTURAL. MELISSA VICTORIA DA SILVA SOUZA. RA: 7391354 TURMA: 003201A04 DISCIPLINA: ANTROPOLOGIA E CULTURA BRASILEIRA. SÃO PAULO 2020 2 Sumário. 1. Introdução. .......................................................................................................... 3 2. Etnocentrismo e Relativismo Cultural: uma breve conceituação. ................. 4 2.1. Etnocentrismo. ............................................................................................... 4 2.2. Relativismo Cultural. ...................................................................................... 4 3. Etnocentrismo nas situações cotidianas e sua relação com o contexto histórico. .................................................................................................................... 6 Considerações Finais ............................................................................................... 8 Referências. ............................................................................................................... 9 3 1. Introdução. A sociedade apresenta uma gama muito alta no que tange a diversidade, atualmente é impossível dizer que estamos cercados de diferentes formas de enxergar o mundo, ou seja, é impossível dizer que vivemos em um mundo sem diversidade cultural. A percepção de que tudo é diferente, em teoria, deveria ser tratada como algo extremamente valioso, visto que a diferença evita que a sociedade se torne monótona e permite que os indivíduos estejam sujeitos a diversas experiências, cada uma mais diferente do que as outras. Contudo, na prática a realidade é bem diferente da teoria. Constantemente é possível se ver dentro do âmbito social, situações em que indivíduos desprezem outra cultura, pois, julgam que esta é inferior a cultura a qual os mesmos estão atrelados, este conceito recebe o nome de Etnocentrismo. Em contrapartida, há, também, o que é chamado de Relativismo Cultural, que parte do ponto da aceitação das diversas culturas, sem compará-las a nem um modelo, simplesmente aceitando e respeitando as suas nuances. Todavia, há de se considerar algumas incongruências neste último conceito que serão devidamente tratadas no decorrer deste trabalho. É objetivo do presente trabalho elucidar tais conceitos, apresentando mais detalhes de como se moldam perante a sociedade e maiormente explicar de que forma afetam a sociedade em seu cotidiano. 4 2. Etnocentrismo e Relativismo Cultural: uma breve conceituação. 2.1. Etnocentrismo. O Etnocentrismo tem como premissa que a cultura especifica a qual se trata é o centro de tudo, este fato já se dispõe em seu próprio nome, pois: “Etno” se refere a cultura e “Centrismo” se refere a centro. Durante a evolução humana a questão cultural sofreu por diversos motivos, mas talvez o mais prejudicial deles tenha sido o etnocentrismo. Atualmente, mesmo se tendo conhecimento de que existem culturas diferentes, muitos indivíduos se fixam numa concepção hierárquica onde a sua cultura está no topo, e as demais estão abaixo, logo, acabam por definir sua própria cultura como um modelo a ser seguido, de forma que qualquer coisa que não esteja sob a mesmas condições de sua cultura é considerado errado. Muitas das vezes o etnocentrismo se manifesta de maneira extremamente prejudicial, como explica MARCONI e PRESOTTO1 (2019, p. 21): “O etnocentrismo pode ser manifestado no comportamento agressivo ou em atitudes de superioridade e até de hostilidade. A discriminação, o proselitismo, a violência, a agressividade verbal, são outras formas de expressar o etnocentrismo.” 2.2. Relativismo Cultural. O Relativismo Cultural, por sua vez, é definido como o oposto do Etnocentrismo. A razão para tamanha divergência entre os dois termos é porque no etnocentrismo se parte das disposições de uma determinada cultura para julgar uma outra, estabelecendo uma definição de que a cultura servida de base é certa e a cultura que se está sendo analisada é a errada. Já no relativismo cultural, se aceitam as nuances presentes em cada cultura, sem julgá-las, apenas aceitando que as diferenças existem e que devem ser respeitadas. 1 MARCONI, Marina de Andrade; PRESOTTO, Zelia Maria Neves. Antropologia: uma introdução. – 8.ed. – São Paulo: Atlas, 2019. 5 Ao se analisar o relativismo cultural pode-se enxergar um conceito perfeito, parecendo até mesmo ser utópico – de certa forma é –, todavia, há de se falar em alguns problemas que estão relacionados ao relativismo cultural, problemas esses que se podem ver até mesmo na atualidade. Tais problemas se definem em: ao considerar as características do relativismo cultural, devemos aceitar até mesmo os costumes inseridos nesta cultura, que oprimem uma parcela de indivíduos que estão atrelados a mesma? Segundo MACHADO, AMORIM e BARROS2 (2016, p. 52): “(...) o relativismo cultural, não significa aceitar tudo o que qualquer cultura faz ou produz, e sim entender como e por que cada sociedade faz o que faz, quem é ou não favorecido por determinadas práticas e como diversos tipos de opressão podem surgir dessas práticas.’ O relativismo cultural sempre está considerando as particularidades de cada cultura, MARCONI E PRESOTTO comentam3 que todos os valores de certo ou errado, bem como os costumes e a sociedade em sentido amplo, no relativismo cultural, estão diretamente relacionados com as disposições da cultura que estão devidamente atrelados. Para que haja o real entendimento da forma que o etnocentrismo e o relativismo cultural se dispõem dentro do contexto social, é preciso realizar uma análise das situações cotidianas, onde esses dois conceitos em questão, plenamente se aplicam. 2 MACHADO, Igor José de Renó; AMORIM, Henrique; BARROS, Celso Rocha de. Sociologia hoje: ensino médio, volume único. – 2.ed. – São Paulo: Ática, 2016. 3 MARCONI, Marina de Andrade; PRESOTTO, Zelia Maria Neves. Antropologia: uma introdução. – 8.ed. – São Paulo: Atlas, 2019. P. 21. 6 3. Etnocentrismo nas situações cotidianas e sua relação com o contexto histórico. Para se compreender, de fato, a maneira como o etnocentrismo se dispõe no âmbito cotidiano da sociedade, é preciso considerar grandes temáticas como, por exemplo, a religião. No Brasil, no ano de 20204, segundo o IBGE5, 81% dos brasileiros são definidos como cristãos – sendo 50% Católicos e 31% Evangélicos. Aqueles que não tem religião representam 10% da população, os de religião Espírita são 3%, aqueles que que seguem religiões Afro-Brasileiras representam 2%, na religião Judaica 0,3%, Ateus representam 1% e outras religiões que contabilizam 2%. Quando se trata do etnocentrismo e religiões simultaneamente, o que se observa é a chamada Intolerância Religiosa. Considerando religiões de baixa predominância, é possível detectar diversas situações em que o etnocentrismo se faz presente, como é o caso da Umbanda, Candomblé e as demais religiões Afro- Brasileiras. Infelizmente, no Brasil, é muito comum que tais religiões sofram ataques extremamente agressivos. A exemplo disso, em fevereiro de 2020, foi noticiado6 que um terreiro de Umbanda foi alvo de um ataque por um grupo de aproximadamente 30 pessoas que jogaram uma bomba caseira dentro do terreiro e atacaram os religiosos que ali estavam, com socos, chutes, pedradas e afins, quando estes tentaram sair dali. Apesar de chocante, a violência neste caso não é uma situação isolada, pelo contrário, todos os anos são noticiadas diversas situações como esta ou, até mesmo, mais graves. 4 BALLOUSSIER, Anna Virginia. Evangélicos podem desbancar católicosno Brasil em pouco mais de uma década. Folha de São Paulo, 14 jan. 2020. Disponível em: < https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/01/evangelicos-podem-desbancar-catolicos-no-brasil-em- pouco-mais-de-uma-decada.shtml> Acesso em 23 fev. 2021. 5 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 6 SCHIAVONI, Eduardo. Terreiro de Umbanda é alvo de bomba e praticantes são espancados em SP. UOL, Ribeirão Preto (SP), 06 fev. 2020. Disponível em: < https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas- noticias/2020/02/06/terreiro-de-umbanda-e-alvo-de-bomba-e-praticantes-sao-espancados-em- sp.htm> Acesso em 23 fev. 2021. https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/01/evangelicos-podem-desbancar-catolicos-no-brasil-em-pouco-mais-de-uma-decada.shtml https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/01/evangelicos-podem-desbancar-catolicos-no-brasil-em-pouco-mais-de-uma-decada.shtml https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2020/02/06/terreiro-de-umbanda-e-alvo-de-bomba-e-praticantes-sao-espancados-em-sp.htm https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2020/02/06/terreiro-de-umbanda-e-alvo-de-bomba-e-praticantes-sao-espancados-em-sp.htm https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2020/02/06/terreiro-de-umbanda-e-alvo-de-bomba-e-praticantes-sao-espancados-em-sp.htm 7 A questão religiosa não é o único cenário no qual o etnocentrismo se faz presente, existem inúmeras situações em que por haver divergências entre uma cultura e outra, uma delas acaba por menosprezar as particularidades da outra. Até mesmo em situações, de certa forma, simples, como a forma de se vestir se torna objeto de discussão sobre a superioridade de uma cultura à outra. Outras questões mais específicas como, costumes, comidas típicas, músicas, festas etc., também são alvo do preconceito desenvolvido no etnocentrismo. O etnocentrismo é dotado, também, de uma vasta bagagem histórica que demonstra claramente a maneira como pode alterar a sociedade bem como o lugar em que vivem. Isso, porque as diferenças não são uma particularidade de uma determinada época, elas, a sua maneira, sempre existiram e acompanharam o processo evolutivo da sociedade e hoje a diferença é base em todo o mundo. Para exemplificar tal contexto histórico, é possível considerar fatos extremamente marcantes na história, em 1500, por exemplo, com a chegada dos portugueses ao Brasil e seu contato com os indígenas foi repleto de desrespeito e controvérsias para com os nativos. Os portugueses e os demais europeus exerceram o etnocentrismo de maneira muito profunda, onde concluíam que sua própria etnia e forma de ver as relações sociais e o modo de vida eram o centro de todo o mundo. Desconsideraram todos as particularidades dos povos indígenas, como costumes, a língua e principalmente a religião. Para os europeus os indígenas eram selvagens que não sabiam viver em sociedade, daí vem o termo “Descobrimento do Brasil”, onde os europeus considerando somente sua própria etnia, anularam o fato de que já havia indígenas no território. 7 Um outro fato marcante que mudou a história, foi a ascensão do governo Nazista e o desenrolar da Segunda Guerra Mundial. Adolph Hitler, com seus discursos altamente persuasivos – convenceu os alemães de que a chamada Raça Ariana – conceito do diplomata Arthur de Gobineu, os europeus que eram de raça ‘pura’ (branca) descendiam do povo ariano (nobres), sendo considerados o suprassumo da 7 PINTO, Tales dos Santos. Conquista ou Descobrimento do Brasil? Mundo Educação. Disponível em: < https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/descobrimento-brasil.htm>. Acesso em 20 fev. 2021. https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/descobrimento-brasil.htm 8 civilização – eram superiores as demais raças, principalmente superiores aos Judeus8. Desta forma, Hitler convenceu em seus discursos que os judeus eram a razão para a crise de fome e econômica da Alemanha e, além disso, qualquer problema que o povo alemão tivesse a culpa era relacionada aos judeus. Essa situação resultou no Holocausto, que foi um dos maiores genocídios que a humanidade já viu. O holocausto, então, se traduziu em uma perseguição religiosa, política, étnica etc.9. Tais fatos históricos não se dizem respeito somente a época em que aconteceram, atualmente ainda se pode ver seus reflexos na sociedade. No Brasil, apesar de serem o povo nativo, pouco se tem conhecimento sobre as tribos indígenas espalhadas pelo território. O povo indígena é retratado de forma fortemente estereotipada e por isso, temos uma concepção errônea de como eles vivem. Esta falta de compreensão referente as culturas é algo que assola o mundo todo, ou seja, existem muitas concepções sobre várias coisas que não condizem com o que realmente é de fato, essa situação pode se tornar muito perigosa quando atinge níveis altos, como é o caso do holocausto durante a ascensão de Hitler. Considerações Finais. Ao longo da história a humanidade sempre apresentou em seu contexto sociocultural diversas mudanças que sempre se traduziram em diferenças e particularidades entre um grupo de pessoas e outro. As diferenças refletem um cenário de diversidade muito amplo e por isso os problemas que eventualmente podem surgir também são amplos. O Etnocentrismo se apresenta como um destes problemas, pois, versa sobre uma concepção fechada onde a diferença da etnia alheia não é respeitada. Tal problema pode ser extremamente perigoso, isso porque ao se analisar a história é 8 SOUSA, Rainer Gonçalves. Raça Ariana. História do Mundo. Disponível em: < https://www.historiadomundo.com.br/artigos/raca-ariana.htm>. Acesso em 20 fev. 2021. 9 BERTOLLO, Carolina. Etnocentrismo e Hitler. 2015. Disponível em: < http://sociologicamentefalandoehnois.blogspot.com/2015/05/etnocentrismo-e-hitler-como-todos- sabem.html>. Acesso em: 21 fev. 2021. https://www.historiadomundo.com.br/artigos/raca-ariana.htm http://sociologicamentefalandoehnois.blogspot.com/2015/05/etnocentrismo-e-hitler-como-todos-sabem.html http://sociologicamentefalandoehnois.blogspot.com/2015/05/etnocentrismo-e-hitler-como-todos-sabem.html 9 possível ver que muitas pessoas sofreram – e ainda sofrem – de forma violenta, por não ter a sua etnia respeitada. O etnocentrismo além de representar um “julgador” de etnias alheias, também representa a autovalorização da etnia do indivíduo que pratica o etnocentrismo. Sendo assim, cria um cenário onde existe uma superioridade de uma determinada etnia sobre a outra. Aquela dita como inferior, é chamada, também, de errada e improcedente, pois, não se apresenta nas mesmas características da etnia dita como superior. O Relativismo Cultural pode ser visto como uma possibilidade de aceitação e convivência entre as diferenças, é o completo oposto do etnocentrismo. Aceitar as culturas por elas mesmas, não havendo a criação de comparações com demais culturas. A definição de relativismo cultural pode parecer inalcançável, porém, na sociedade existem indivíduos que se pautam no relativismo cultural ao observar a sociedade. É muito comum que haja o falso entendimento de que o relativismo cultural se trata de aceitar tudo o que as culturas fazem. Na verdade, o relativismo cultural se trata de entender como e porque as culturas fazem aquilo. Conclui-se que para que a sociedade deve aprender cm toda a bagagem histórica que possui e deve aprender a conviver em harmonia com a diferença, pois, ao fazer isto, estaria rompendo um laço com concepções errôneas, além disso o sofrimento de muitas pessoas, que é pautado simplesmente por serem diferentes, seria, enfim, apaziguado. Referências. • BALLOUSSIER, Anna Virginia. Evangélicos podem desbancar católicos no Brasil em pouco mais de uma década. Folha de São Paulo, 14 jan. 2020. Disponível em: < https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/01/evangelicos- podem-desbancar-catolicos-no-brasil-em-pouco-mais-de-uma-decada.shtml>Acesso em 23 fev. 2021. https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/01/evangelicos-podem-desbancar-catolicos-no-brasil-em-pouco-mais-de-uma-decada.shtml https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/01/evangelicos-podem-desbancar-catolicos-no-brasil-em-pouco-mais-de-uma-decada.shtml 10 • BERTOLLO, Carolina. Etnocentrismo e Hitler. 2015. Disponível em: < http://sociologicamentefalandoehnois.blogspot.com/2015/05/etnocentrismo-e- hitler-como-todos-sabem.html>. Acesso em: 21 fev. 2021 • HERCULANO, Gabriel. Etnocentrismo e suas consequências. SCRIBD, 2019. Disponível em: < https://pt.scribd.com/doc/127699335/Etnocentrismo-e-suas- consequencias>. Acesso em: 23 fev. 21. • MACHADO, Igor José de Renó; AMORIM, Henrique; BARROS, Celso Rocha de. Sociologia hoje: ensino médio, volume único. – 2.ed. – São Paulo: Ática, 2016. • MARCONI, Marina de Andrade; PRESOTTO, Zelia Maria Neves. Antropologia: uma introdução. – 8.ed. – São Paulo: Atlas, 2019. • PINTO, Tales dos Santos. Conquista ou Descobrimento do Brasil? Mundo Educação. Disponível em: < https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/descobrimento-brasil.htm>. Acesso em 20 fev. 2021. • SCHIAVONI, Eduardo. Terreiro de Umbanda é alvo de bomba e praticantes são espancados em SP. UOL, Ribeirão Preto (SP), 06 fev. 2020. Disponível em: < https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2020/02/06/terreiro-de- umbanda-e-alvo-de-bomba-e-praticantes-sao-espancados-em-sp.htm> Acesso em 23 fev. 2021. • SOUSA, Rainer Gonçalves. Raça Ariana. História do Mundo. Disponível em: < https://www.historiadomundo.com.br/artigos/raca-ariana.htm>. Acesso em 20 fev. 2021. http://sociologicamentefalandoehnois.blogspot.com/2015/05/etnocentrismo-e-hitler-como-todos-sabem.html http://sociologicamentefalandoehnois.blogspot.com/2015/05/etnocentrismo-e-hitler-como-todos-sabem.html https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/descobrimento-brasil.htm https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2020/02/06/terreiro-de-umbanda-e-alvo-de-bomba-e-praticantes-sao-espancados-em-sp.htm https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2020/02/06/terreiro-de-umbanda-e-alvo-de-bomba-e-praticantes-sao-espancados-em-sp.htm https://www.historiadomundo.com.br/artigos/raca-ariana.htm
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