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Brasília-DF. Desempenho De eDificações Elaboração Bárbara César Barros Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 5 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 6 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8 UNIDADE I COMPREENDENDO DESEMPENHO EM EDIFICAÇÕES .......................................................................... 11 CAPÍTULO 1 O CONCEITO DE DESEMPENHO EM EDIFICAÇÕES ................................................................. 11 CAPÍTULO 2 REQUISITOS TÉCNICOS ........................................................................................................... 19 CAPÍTULO 3 DESEMPENHO TÉRMICO ......................................................................................................... 32 UNIDADE II DESEMPENHO ACÚSTICO, LUMÍNICO, E SEGURANÇA AO FOGO .......................................................... 39 CAPÍTULO 1 DESEMPENHO ACÚSTICO ....................................................................................................... 39 CAPÍTULO 2 DESEMPENHO LUMÍNICO ....................................................................................................... 43 CAPÍTULO 3 SEGURANÇA AO FOGO ......................................................................................................... 49 UNIDADE III DESEMPENHO ESTRUTURAL E ANTROPODINÂMICO ............................................................................... 56 CAPÍTULO 1 DESEMPENHO ESTRUTURAL ..................................................................................................... 56 CAPÍTULO 2 DESEMPENHO ANTROPODINÂMICO ....................................................................................... 60 UNIDADE IV SUSTENTABILIDADE NAS EDIFICAÇÕES .................................................................................................. 63 CAPÍTULO 1 SUSTENTABILIDADE NAS EDIFICAÇÕES ..................................................................................... 63 CAPÍTULO 2 ANÁLISE DO CICLO DE VIDA PARA EDIFICAÇÕES .................................................................... 67 CAPÍTULO 3 RECICLAGEM DE RESÍDUOS ................................................................................................... 74 UNIDADE V EDIFICAÇÕES SAUDÁVEIS, PROJETOS REGENERATIVOS E AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO ........................ 79 CAPÍTULO 1 EDIFICAÇÕES SAUDÁVEIS ....................................................................................................... 79 CAPÍTULO 2 PROJETOS REGENERATIVOS .................................................................................................... 85 CAPÍTULO 3 AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO (APO) ....................................................................................... 88 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................. 91 5 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 6 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 7 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 8 Introdução Recorrentemente avaliamos o desempenho de produtos e sistemas no nosso dia a dia, de forma a decidir o que nos melhor serve ou não. Por exemplo, é usual na compra de um automóvel avaliar seu desempenho em relação ao consumo de combustível por quilômetro rodado. Por muito tempo, a noção de desempenho traçou um caminho distante da indústria da construção civil brasileira, apesar desta influenciar nossas vidas diretamente, principalmente em cidades, já que passamos a maior parte do nosso tempo em edificações, seja para morar, trabalhar ou relaxar. Todavia, nos últimos anos, a indústria da construção civil, academia e mercado imobiliário vêm demonstrando interesse em reverter esse cenário, em busca de fomentar um estoque de edificações de melhor qualidade técnica e construtiva, de maior durabilidade, e que atendam de forma mais adequada às demandas dos seus usuários. Nesse sentido, em 2013, foi lançada a norma técnica ABNT NBR 15.575 para normatizar o desempenho esperado em edificações habitacionais do país. Para essa norma, foi compilado o conteúdo de várias normas já existentes no Brasil. Conjuntamente, a mudança do clima e o consumo excessivo dos recursos naturais do planeta demanda uma nova visão sobre os nossos modelos de produção e consumo, de forma que garantiremos que as futuras gerações tenham suas demandas também atendidas. Por isso, precisamos discutir sobre sustentabilidade, e como ela se insere na indústria da construção civil e em edificações. Para isso, esta apostila está divida em cinco unidades: Na primeira, segunda e terceira unidades serão discutidos os conceitos e tipos de desempenhos das edificações, baseada na Norma ABNT NBR 15575. Na quarta e quinta unidade, serão discutidas as questões que permeiam sustentabilidade em edificações e a saúde dosusuários, como os conceitos de análise de ciclo de vida, reciclagem de resíduos, edificações saudáveis, projetos regenerativos e avaliação pós-ocupação. 9 Objetivos » Esclarecer ao aluno as questões primordiais do desempenho das edificações habitacionais, com base na Norma ABNT NBR 15575. » Apresentar os conceitos que permeiam a temática da sustentabilidade em edificações. 10 11 UNIDADE I COMPREENDENDO DESEMPENHO EM EDIFICAÇÕES Nesta unidade, no capítulo 1, iremos discutir a abordagem de desempenho em edificações, contextualizando a evolução do termo até a Norma ABNT NBR 15575. Em seguida, no capítulo 2, apresentaremos os requisitos técnicos da Norma ABNT NBR 15575. No terceiro capítulo, vamos abordar os parâmetros importantes a serem considerados para garantir o desempenho térmico de uma edificação. CAPÍTULO 1 O conceito de desempenho em edificações Diariamente, utilizamos o termo desempenho para avaliar a capacidade que algo ou alguém possui de cumprir suas funções principais com qualidade, a exemplo da avaliação de atletas em torneios ou produtos onde se exige boa performance. Na área da construção civil, a produção de edificações envolve grande diversidade de técnicas, tecnologias e materiais, assim como grande variedade de atores envolvidos (incorporadores, construtores, fabricantes de materiais, projetistas, financiadores etc.), que geram uma produção diversificada. Conjuntamente, questões econômicas, políticas, urbanísticas e ambientais, bem como necessidades específicas dos usuários, também interferem diretamente na heterogeneidade desta produção. Mais além, edificações são produtos onde se espera uma longa vida útil e que sejam adequadas para os usos que foram dados, como habitação, trabalho, lazer etc. 12 UNIDADE I │ COMPREENDENDO DESEMPENHO EM EDIFICAÇÕES Nesse sentido, a complexidade inata da construção civil torna esse setor de difícil avaliação sobre a qualidade do produto final perante o tempo. Dessa forma, nas últimas décadas, desenvolveu-se na Academia e instituições técnicas a discussão sobre como avaliar o desempenho de edificações. Entende-se como desempenho de uma edificação o seu comportamento em uso durante sua vida útil (BLACHERE, 1969, apud BORGES, 2008). De acordo com Borges (2008, p.26): O edifício é um produto que deve apresentar determinadas características que o capacitem a cumprir objetivos e funções para os quais foi projetado, quando submetido a determinadas condições de exposição e uso; assim, ele é considerado “bem comportado” quando atende aos requisitos para o qual foi projetado. No Brasil, avaliar o desempenho de edificações é tema extremamente recente, mas nos países desenvolvidos, esse tema já vem sendo discutido há décadas, com destaque especial ao CIB (International Council for Research and Innovation in Bulding and Construction). O CIB é uma Associação Internacional, criada em 1953, com objetivo de estimular e facilitar a troca de conhecimento técnico para o avanço tecnológico do setor da construção civil. Dentre suas linhas de pesquisa, estão estudos sobre desempenho de edificações. Em 1982, o coordenador da Comissão de Trabalho W060 do CIB trouxe a seguinte definição para desempenho de edificações: A abordagem de desempenho é, primeiramente e acima de tudo, a prática de se pensar em termos de fins e não de meios. A preocupação é com os requisitos que a construção deve atender e não com a prescrição de como esta deve ser construída. (GIBSON, 1982, apud BORGES, 2008, p.28). Assim, compreende-se que o conceito de desempenho de edificações traz uma inversão da lógica prescritiva tradicional encontrada nos códigos de construções, que tradicionalmente indicam como devem ser construídos os edifícios, indicando materiais, espaçamentos, técnicas etc., ou seja, definindo os meios para como construir. Na lógica do desempenho de edificações, o importante é garantir que as edificações apresentem características de comportamento pré-definidas no produto final ao longo da vida útil, de forma a dar ênfase no desempenho desejado global da edificação, ou seja, no objetivo fim do produto. 13 COMPREENDENDO DESEMPENHO EM EDIFICAÇÕES │ UNIDADE I A ênfase dada no desempenho das edificações garante mais liberdade de soluções técnicas aos projetistas e construtores, viabilizando escolhas por soluções construtivas inovadoras e que promovam a evolução tecnológica do setor. Mais além, o foco em desempenho de edificações garante melhor qualidade no produto entregue, ao exigir ótimos comportamentos estruturais, eficiência energética e hídrica, melhor qualidade nos materiais construtivos e de revestimentos, e melhor conforto térmico. Em 1984, a Norma Internacional ISO 6241 trouxe um guia de requisitos que deveriam ser contemplados numa norma nacional de desempenho de edificações: Quadro 1. Requisitos para uma norma nacional de desempenho de edificações da ISSO 6241. Categoria Exemplos 1. Requisitos de estabilidade Resistência mecânica a ações estáticas e dinâmicas, tanto individualmente quanto em combinação. Resistência a impactos, ações abusivas intencionais ou não, ações acidentais, efeitos cíclicos. 2. Requisitos de segurança contra incêndio Riscos de irrupção e de difusão de incêndio, respectivamente. Efeitos psicológicos de fumaça e calor. Tempo de acionamento de alarme (sistemas de detecção e de alarme). Tempo de evacuação da edificação (rotas de saída). Tempo de sobrevivência (compartimentalização do fogo). 3. Requisitos de segurança em uso Segurança relativa a agentes agressivos (proteção contra explosões, queimaduras, pontos e bordas cortantes, mecanismos móveis, descargas elétricas, radioatividade, contato ou inalação de substâncias venenosas, infecção.). Segurança durante movimentação e circulação (limitação de escorregamento nos pisos, vias não obstruídas, corrimões etc.). Segurança contra a entrada indevida de pessoas e/ou animais. 4. Requisitos de vedação Vedação contra água (de chuva, do subsolo, de água potável, de águas servidas etc.). Vedação de ar e de gás. Vedação de poeira e de neve. 5. Requisitos térmicos e de umidade Controle de temperatura do ar, da radiação térmica, da velocidade do ar e da umidade relativa (limitação de variação em tempo e no espaço, resposta de controles). Controles de condensação. Ventilação. 6. Requisitos de pureza do ar Ventilação. Controle de odores. 7. Requisitos acústicos Controle de ruídos internos e externos (contínuos e/ou intermitentes). Inteligibilidade sonora. Tempo de reverberação. 8. Requisitos visuais Iluminação natural e artificial (iluminação necessária, estabilidade, contraste luminoso e proteção contra luz muito forte). Luz solar (insolação). Possibilidade de escuridão. Aspectos de espaços e de superfícies (cor, textura, regularidade, nivelamento, verticalidade, horizontalidade, perpendicularidade etc.). Contato visual, internamente e com o mundo exterior (encadeamentos e barreiras referentes à privacidade, proteção contra distorção ótica). 14 UNIDADE I │ COMPREENDENDO DESEMPENHO EM EDIFICAÇÕES Categoria Exemplos 9. Requisitos táteis Propriedades das superfícies, aspereza, secura, calor, elasticidade. Proteção contra descargas de eletricidade estática. 10. Requisitos dinâmicos Limitação de vibrações e acelerações de todo o conjunto (transientes e contínuas). Comodidade dos pedestres nas áreas expostas ao vento. Facilidade de movimentação (inclinação das rampas, disposição dos degraus de escadas). Margem de manobras (manipulação de portas, janelas, controle sobre equipamentos etc.). 11. Requisitos de higiene Instalação para cuidados e higiene do corpo humano. Suprimento de água. Condições de feitura de limpeza. Liberação de águas servidas, materiais servidos e fumaça. Limitação de emissão de contaminantes. 12. Requisitos para a conveniência de espaços destinados a usos específicos Quantidade, tamanho, geometria, subdivisãoe inter-relação de espaços. Serviços e equipamentos. Condições (capacidade) de mobiliamento e flexibilidade. 13. Requisitos de durabilidade Conservação (permanência) de desempenho com relação à necessária vida útil de serviços sujeitos à manutenção regular. 14. Requisitos econômicos Custos de manutenção, operacionais e de capital. Custos de demolição. Fonte:Borges (2008, pp. 31-32). Observa-se no quadro anterior, que essa guia já trazia diretrizes inovadoras para o desempenho de edificações, como custos de manutenção, operacionais e de capital; requisitos acústicos e de durabilidade; requisitos que estão sendo recentemente discutidos no Brasil. Conjuntamente, a Norma não menciona requisitos de sustentabilidade, questão que ainda era pouco discutida no período, mas que hoje é fundamental para avaliar o desempenho de uma edificação. Em 2000, o Secretariado Geral do CIB criou a iniciativa de rede temática PeBBu (Performance Based Building, ou Construção baseada em desempenho – tradução nossa). Essa rede contemplava 73 organizações, de diferentes países, como: BBRI (Bélgica), VTT (Finlândia), CSTB (França), EGM e TNO (Noruega), BRE (Reino Unido), além da CIB Development Foundation (CIBdf). Os objetivos da rede eram estimular e facilitar a disseminação do tema de edificações baseadas em desempenho no setor da construção civil. Ao todo, foram feitos 26 relatórios finais sobre o tema, que deram grandes passos no tema na União Europeia e são referências no mundo. Além disso, ressalta-se que o objetivo da rede PeBBu é a aplicação prática da abordagem de desempenho nas construções, de forma a trazer benefícios como a especialização da indústria da construção civil e aumento da competitividade entre países da União Europeia. De forma simplificada, a rede PeBBu visa: 15 COMPREENDENDO DESEMPENHO EM EDIFICAÇÕES │ UNIDADE I » Avaliar a operação de uma edificação ao invés de focar nas normativas de como construir. » Incentivar a inovação de materiais, componentes, sistemas e projetos. » Promover a flexibilidade para gerar soluções projetuais inovadoras. » Estabelecer níveis de desempenho que garantam o cumprimento das demandas mais básicas da sociedade. Como benefícios da rede, temos: » Promover melhores retrofits aos usos das construções. » Promover melhor comunicação dos anseios do cliente com o projeto e a construção. » Promover a inovação técnica, construtiva e projetual e a otimização dos custos. » Promover trocas comerciais internacionais no setor, devido à especialização da construção civil. No Brasil, a limitação de referências bibliográficas no tema e a dificuldade de avaliação dos sistemas inovadores atrasaram a assimilação do conceito de desempenho de edificações na indústria da construção civil. Foi a partir dos anos 80, com as pesquisas desenvolvidas pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) e outros autores, que o tema começou a ganhar espaço. Tradicionalmente, toda a normatização brasileira teve caráter prescritivo. Foi a partir dos estudos do IPT, que noções do termo de desempenho na avaliação de sistemas construtivos foram induzidas nas novas normas técnicas. Em 2000, a Caixa Econômica Federal e a Academia mostraram interesse em aglutinar e simplificar várias normas técnicas em vigor para descomplicar o processo de avaliação. Dessa forma, a Caixa, com apoio da Finep, financiou o projeto de pesquisa “Normas Técnicas para Avaliação de Sistemas Construtivos Inovadores para Habitações”. Os aprendizados da pesquisa induziram o desenvolvimento de uma Norma Técnica unificada: a ABNT NBR 15575. Tal norma foi primeiramente apresentada em 2008 para consulta técnica ao mercado e academia, e passaria a entrar em vigor em 2010. Contudo, por demandas do mercado, que ainda precisaria de um tempo maior para se adequar, a norma só foi publicada em 2013. Desde então, a norma rege toda a avaliação de desempenho de edificações habitacionais no país. 16 UNIDADE I │ COMPREENDENDO DESEMPENHO EM EDIFICAÇÕES Figura 1. Processo para criar a norma NBR15575 – Edifícios Habitacionais – Desempenho. 12/05/2018 • Publicação 12/05/2010 • Entrada em vigor 12/11/2010 • Período que deveria iniciar a exigibilidade • A exibilidade foi suspensa até 12/03/2013 19/02/2013 • Publicação 19/07/2013 • Exigibilidade • A nova versão substitui plenamente a anterior. Fonte: Elaboração da autora, 2019, baseado em MATOZINHOS, Roberto. Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado do Rio de Janeiro. 2015. Material produzido para palestra “NBR15575 – Edifícios Habitacionais – Desempenho”, p. 7. Norma ABNT NBR 15575 A Norma ABNT NBR 15575 estabelece os requisitos e critérios de desempenho que se aplicam às edificações habitacionais, como um todo integrado, bem como os sistemas específicos que devem ser avaliados de forma isolada. A Norma não se aplica a obras em andamento ou a edificações concluídas até a data da entrada em vigor da mesma. Também não se aplica a obras de reformas nem de retrofit, nem edificações provisórias. Ela é utilizada como um procedimento de avaliação do desempenho de sistemas construtivos. Figura 2. Esquema sobre desempenho de edificações. 5. Desempenho da Edificação em Uso Inspeção predial 4. Desempenho da Edificação Nova Inspeções e ensaios 3. Desempenho da obra Inspeções e ensaios 2. Desempenho dos Projetos Análises técnicas 1. Desempenho do Terreno Inspeções in loco Fonte: Adaptação de Qualidade Total e a Norma de Desempenho em Edificações. Disponível em: <https://www. institutodeengenharia.org.br/site/2016/02/01/qualidade-total-e-a-norma-de-desempenho-em-edificacoes/>. 17 COMPREENDENDO DESEMPENHO EM EDIFICAÇÕES │ UNIDADE I A ABNT NBR 15575, sob o título geral “Edificações habitacionais — Desempenho” tem previsão de conter as seguintes partes: requisitos gerais; requisitos para os sistemas estruturais; para os sistemas de pisos; para os sistemas de vedações verticais internas e externas; para os sistemas de coberturas e para os sistemas hidrossanitários. As normas de desempenho são estabelecidas buscando atender às exigências dos usuários. No caso dessa, referem-se a sistemas que compõem edificações habitacionais, independentemente dos seus materiais constituintes e do sistema construtivo utilizado. As Normas de desempenho traduzem as exigências dos usuários em requisitos e critérios, e são consideradas como complementares às Normas prescritivas, sem substituí-las. A utilização simultânea delas visa atender às exigências do usuário com soluções tecnicamente adequadas. Figura 3. Estrutura conceitual da Norma de Desempenho NBR 15575. Exigências do usuário Condições de exposição MÉTODOS DE AVALIAÇÃO Análises de projeto Ensaios laboratoriais Protótipos Simulação Computacional CRITÉRIOS Quantitativos REQUISITOS Qualitativos Fonte: Adaptação de ASBEA/CAU, s/d. p.5. No caso de conflito, diferença ou divergência de critérios ou métodos entre as normas prescritivas e a norma NBR 15575 deve-se atender a todos os critérios e métodos de todas as normas. 18 UNIDADE I │ COMPREENDENDO DESEMPENHO EM EDIFICAÇÕES Os sistemas elétricos das edificações habitacionais fazem parte de um conjunto mais amplo de Normas com base na ABNT NBR 5410 e, portanto, os requisitos de desempenho para esses sistemas não estão estabelecidos na ABNT NBR 15575. Essa parte da ABNT NBR 15575 estabelece critérios relativos ao desempenho térmico, acústico, lumínico e de segurança ao fogo, que devem ser atendidos individual e isoladamente pela própria natureza conflitante dos critérios de medições, por exemplo, desempenho acústico (janela fechada) versus desempenho de ventilação (janela aberta). 19 CAPÍTULO 2 Requisitos técnicos Os requisitos técnicos da Norma ABNT NBR 15575 tratam dos condicionantes legais, materiais e valores-parâmetro na avaliação das estruturas, usos e oportunidades de solução de sinistros. Figura 4. Compreendendoa Norma. Fonte: A importância do Conforto Acústico. Disponível em: <https://www.arqblog.com.br/curiosidades-na-arquitetura/5319/>. Referências normativas Os documentos relacionados a seguir são indispensáveis à aplicação da NBR 15.575: » ABNT NBR 5410, Instalações elétricas de baixa tensão. » ABNT NBR 5419, Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas. » ABNT NBR 5629, Execução de tirantes ancorados no terreno. » ABNT NBR 5649, Reservatório de fibrocimento para água potável – Requisitos. » ABNT NBR 5671, Participação dos intervenientes em serviços obras de engenharia e arquitetura. » ABNT NBR 5674, Manutenção de edificações – Procedimentos. » ABNT NBR 6118, Projeto de estruturas de concreto – Procedimentos. 20 UNIDADE I │ COMPREENDENDO DESEMPENHO EM EDIFICAÇÕES » ABNT NBR 6122, Projeto e execução de fundações. » ABNT NBR 6136, Blocos vazados de concreto simples para alvenaria – Requisitos. » ABNT NBR 6479, Portas e vedadores – Determinação da resistência ao fogo. » ABNT NBR 6488, Componentes de construção – Determinação da condutância e da transmitância térmica – Método da caixa quente protegida. » ABNT NBR 6565, Elastômero vulcanizado – Determinação do envelhecimento acelerado em estufa. » ABNT NBR 7190, Projeto de estruturas de madeira. » ABNT NBR 7398, Produto de aço ou ferro fundido revestido de zinco por imersão a quente – Verificação da aderência do revestimento. » ABNT NBR 7400, Produto de aço ou ferro fundido – Revestimento de zinco por imersão a quente – Verificação da uniformidade do revestimento. » ABNT NBR 8044, Projeto geotécnico. » ABNT NBR 8094, Material metálico revestido e não revestido – Corrosão por exposição à névoa salina. » ABNT NBR 8096, Material metálico revestido e não revestido – Corrosão por exposição ao dióxido de enxofre. » ABNT NBR 8491, Tijolo maciço de solo-cimento. » ABNT NBR 8681, Ações e segurança nas estruturas – Procedimentos. » ABNT NBR 8800, Projeto e execução de estruturas de aço de edifícios (método dos estados limites). » ABNT NBR 9050, Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. » ABNT NBR 9062, Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado. » ABNT NBR 9077, Saídas de emergência em edifícios. 21 COMPREENDENDO DESEMPENHO EM EDIFICAÇÕES │ UNIDADE I » ABNT NBR 9441, Execução de sistemas de detecção de alarme de incêndio. » ABNT NBR 9457, Ladrilho hidráulico. » ABNT NBR 10151, Acústica – Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade – Procedimentos. » ABNT NBR 10152, Níveis de ruído para conforto acústico. » ABNT NBR 10834, Bloco vazado de solo-cimento sem função estrutural. » ABNT NBR 10837, Cálculo de alvenaria estrutural de blocos vazados de concreto. » ABNT NBR 10898, Sistema de iluminação de emergência. » ABNT NBR 11173, Projeto e execução de argamassa armada. » ABNT NBR 11682, Estabilidade de taludes. » ABNT NBR 12693, Sistemas de proteção por extintores de incêndio. » ABNT NBR 13281, Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos – Requisitos. » ABNT NBR 13434-1, Sinalização de segurança contra incêndio e pânico – Parte 1: Princípios de projeto. » ABNT NBR 13434-2, Sinalização de segurança contra incêndio e pânico – Parte 2: Símbolos e suas formas, dimensões e cores. » ABNT NBR 13438, Blocos de concreto celular autoclavado. » ABNT NBR 13523, Central de gás liquefeito de petróleo (GLP). » ABNT NBR 13714, Sistemas de hidrantes e de mangotinhos para combate a incêndio – Procedimentos. » ABNT NBR 13858-2, Telhas de concreto – Parte 2: Requisitos e métodos de ensaio – Procedimentos. » ABNT NBR 14037, Manual de operação, uso e manutenção das edificações – Conteúdo e recomendações para elaboração e apresentação. 22 UNIDADE I │ COMPREENDENDO DESEMPENHO EM EDIFICAÇÕES » ABNT NBR 14323, Dimensionamento de estruturas de aço de edifícios em situação de incêndio – Procedimento. » ABNT NBR 14432, Exigências de resistência ao fogo de elementos construtivos de edificações – Procedimento. » ABNT NBR 14762, Dimensionamento de estruturas de aço constituídas por perfis formados a frio – Procedimento. » ABNT NBR 15200, Projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio. » ABNT NBR 15210-1, Telha ondulada de fibrocimento sem amianto e seus acessórios – Parte 1: Classificação e requisitos. » ABNT NBR 15215-3, Iluminação natural – Parte 3: Procedimento de cálculo para a determinação da iluminação natural em ambientes internos. » ABNT NBR15220-2, Desempenho térmico de edificações – Parte 2: Métodos de cálculo da transmitância térmica, da capacidade térmica, do atraso térmico e do fator solar de elementos e componentes de edificações. » ABNT NBR 15220-3, Desempenho térmico de edificações – Parte 3: Zoneamento bioclimático brasileiro, e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social. » ABNT NBR 15220-4, Desempenho térmico de edificações – Parte 4: Medição da resistência térmica e da condutividade térmica pelo princípio da placa quente protegida. » ABNT NBR 15319, Tubos de concreto, de seção circular, para cravação – Requisitos e métodos de ensaio. » ABNT NBR 15526, Redes de distribuição interna para gases combustíveis em instalações residenciais e comerciais – Projeto e execução. Exigências do usuário A Norma ABNT NBR 15575 apresenta uma lista geral de exigências dos usuários, e as utiliza como referência para o estabelecimento dos requisitos e critérios. Sendo estes atendidos, considera-se, para todos os efeitos, que estejam satisfeitas as exigências do usuário. 23 COMPREENDENDO DESEMPENHO EM EDIFICAÇÕES │ UNIDADE I Tais exigências são importantíssimas na metodologia de avaliação do desempenho aplicada ao imóvel – apresentado sob a forma de esquema, nas etapas do processo, conforme demonstra a figura 5, pois contribuem como requisitos de avaliação. Figura 5. Metodologia para avaliação do desempenho. Exigências dos usuários ⟹ EDIFÍCIO HABITACIONAL e suas partes ⟸Condições de Exposição ↓ Requisitos de Desempenho ↓ Critérios de Desempenho ↓ Métodos de Avaliação Fonte: Elaboração da autora, 2019, baseado em Desempenho das edificações, p. 8. Tais requisitos são detalhados a seguir: Figura 6. Requisitos de desempenho. EXIGÊNCIAS DO USUÁRIO SEGURANÇA • Segurança estrutural • Segurança contra fogo • Segurança no uso e operação HABITABILIDADE • Estanqueidade • Desempenho térmico • Desempenho acústico • Desempenho lumínico • Saúde, higiene e qualidade do ar • Funcionalidade e acessibilidade • Conforto tátil e antropodinâmico SUSTENTABILIDADE • Durabilidade • Manutenibilidade • Impacto Ambiental Fonte: Elaboração da autora, 2019, baseado em Desempenho das edificações, p. 10 Segurança As exigências do usuário relativas à segurança são expressas pelos seguintes fatores: » Segurança estrutural. » Segurança contra o fogo. » Segurança no uso e na operação. 24 UNIDADE I │ COMPREENDENDO DESEMPENHO EM EDIFICAÇÕES Habitabilidade As exigências do usuário relativas à habitabilidade são expressas pelos seguintes fatores: » Estanqueidade. » Desempenho térmico. » Desempenho acústico. » Desempenho lumínico. » Saúde, higiene e qualidade do ar. » Funcionalidade e acessibilidade. » Conforto tátil e antropodinâmico. Sustentabilidade As exigências do usuário relativas à sustentabilidade são expressas pelos seguintes fatores: » Durabilidade. » Manutenibilidade. » Impacto ambiental. Nível de desempenho A Norma ABNT NBR 15575 estabelece requisitos mínimos de desempenho que devem ser considerados e atendidos para os diferentes sistemas, de forma a garantir o atendimento da segurança, saúde, higiene e de economia para a edificação. Os valores dos níveis de desempenho devem ser consultados nas Normas: ABNT NBR 15575-1, ABNT NBR 15575-2 e ABNT NBR 15575-3 (Anexo E), ABNT NBR 15575-4 (AnexoF), ABNT NBR 15575-5 (Anexo I). Incumbências De acordo com a Norma ABNT NBR 15575, a construção de habitações envolve a participação de diferentes intervenientes, que devem cumprir seu papel para o alcance do desempenho esperado da edificação. 25 COMPREENDENDO DESEMPENHO EM EDIFICAÇÕES │ UNIDADE I Fornecedor de insumo, material, componente e/ou sistema O fornecedor deve caracterizar o desempenho do insumo, material, componente, e/ou sistema, para que viabilizem informações sobre o prazo de vida útil destes e condições de manutenção, de forma que os demais intervenientes estejam cientes de como proceder na utilização deles. Em caso de carência de informações comprobatórias de desempenho baseado em normas brasileiras, indica-se a adoção de normas específicas internacionais. Projetista A inovação da Norma ABNT NBR 15575 é que os projetistas devem estabelecer a VIDA ÚTIL PROJETADA (VUP) de cada sistema que compõe a Norma. O VUP trata do período estimado de tempo para que os sistemas projetados possam atender aos requisitos de desempenho da Norma ABNT NBR 15575. O detalhamento dos parâmetros adotados para o cálculo do VUP, como estado da arte da informação, cumprimento periodicidade, e manutenção correta, deve estar especificado no Manual de Uso, Operação e Manutenção. O projetista deve especificar no projeto materiais, produtos e processos que atendam o desempenho mínimo estabelecido na norma, atestado por normas prescritivas e pelo desempenho garantido pelo fornecedor de insumo, material, componente e/ou sistema. Na carência de informações de desempenho disponibilizadas pelo fornecedor de insumo, material, componente e/ou sistema, o projetista pode solicitar que o fornecedor garanta informações para a especificação. Em casos atípicos de valores de VUP maiores que os mínimos estabelecidos na norma, o projetista deve justificar os resultados nos projetos e/ou memorial de cálculo. Construtor e incorporador O incorporador (e não a empresa construtora) deve incumbir-se de identificar os riscos previsíveis que permeiam o projeto, providenciando os estudos técnicos necessários para compreensão destes aos projetistas. Consideram- se exemplos de riscos: a presença de aterro sanitário na área de implantação do empreendimento, contaminação do lençol freático, presença de agentes agressivos no solo e outros riscos ambientais. 26 UNIDADE I │ COMPREENDENDO DESEMPENHO EM EDIFICAÇÕES O construtor (eventualmente o incorporador) deve elaborar o Manual de Operação Uso e Manutenção, ou documento similar, atendendo à ABNT NBR 14037 e ABNT NBR 5674. Esse Manual deve ser entregue ao proprietário da unidade habitacional, no momento da permissão legal de uso. Conjuntamente, um manual das áreas comuns deve ser elaborado pelo construtor e entregue aos condomínios. O manual de uso e operação da edificação deve estar alinhado à ABNT NBR 14037, e deve apresentar os prazos de garantia aplicáveis aos sistemas e componentes, previstos pelo construtor ou pelo incorporador. Sugere-se que os prazos de garantia estabelecidos no Manual de operação, uso e manutenção, ou documento similar, sejam iguais ou maiores que os apresentados a seguir. Quadro 2. Prazos de garantia. Sistemas, elementos, componentes e Instalações Prazos de garantia recomendados 1 ano 2 anos 3 anos 5 anos Fundações, estrutura principal, estruturas periféricas, contenções e arrimos. Segurança e estabilidade global. Estanqueidade de fundações. e contenções. Paredes de vedação, estruturas auxiliares, estruturas de cobertura, estrutura das escadarias internas ou externas, guarda-corpos, muros de divisa e telhados. Segurança e integridade. Equipamentos industrializados (aquecedores de passagem ou acumulação, motobombas, filtros, interfone, automação de portões, elevadores e outros) Sistemas de dados e voz, telefonia, vídeo e televisão. Instalação. Equipamentos. Sistema de proteção contra descargas atmosféricas, sistema de combate a incêndio, pressurização das escadas, Iluminação de emergência, sistema de segurança patrimonial. Instalação. Equipamentos. Integridade de portas e batentes. Porta corta-fogo. Dobradiças e molas Instalações elétricas tomadas/interruptores/disjuntores/ fios/ cabos/eletrodutos/caixas e quadros. Equipamentos Instalação Instalações hidráulicas e gás – colunas de água fria, colunas de água quente, tubos de queda de esgoto, colunas de gás. Integridade e vedação. Instalações hidráulicas e gás coletores/ramais/louças/ caixas de descarga/bancadas/metais sanitários/sifões/ ligações flexíveis/ válvulas/registros/ralos/tanques. Equipamentos. Instalação Impermeabilização Estanqueidade Esquadrias de madeira. Empenamento. Descolamento. Fixação. Esquadrias de aço. Fixação Oxidação. Esquadrias de alumínio e de PVC. Partes móveis (inclusive recolhedores de palhetas, motores e conjuntos elétricos de acionamento). Borrachas, escovas, articulações, fechos e roldanas. Perfis de alumínio, fixadores e revestimentos em painel de alumínio. 27 COMPREENDENDO DESEMPENHO EM EDIFICAÇÕES │ UNIDADE I Sistemas, elementos, componentes e Instalações Prazos de garantia mínimos 1 ano 2 anos 3 anos 5 anos Fechaduras e ferragens em geral. Funcionamento. Acabamento. Revestimentos de paredes, pisos e tetos internos e externos em argamassa/gesso liso/ componentes de gesso acartonado. Fissuras Estanqueidade de fachadas e pisos molháveis. Má aderência do revestimento e dos componentes do sistema. Revestimentos de paredes, pisos e tetos em azulejo/ cerâmica/pastilhas. Revestimentos soltos, retados, desgaste excessivo. Estanqueidade de fachadas e pisos molháveis. Revestimentos de paredes, pisos e teto em pedras naturais (mármore, granito e outros). Revestimentos soltos, gretados, desgaste excessivo. Estanqueidade de fachadas e pisos molháveis. Pisos de madeira – tacos, assoalhos e decks. Empenamento, trincas na madeira e destacamento. Piso cimentado, piso acabado em concreto, contrapiso. Destacamentos fissuras, desgaste excessivo. Estanqueidade de pisos molháveis. Revestimentos especiais (fórmica, plásticos, têxteis, pisos elevados, materiais compostos de alumínio). Aderência Forros de gesso. Fissuras por acomodação dos elementos estruturais e de vedação. Forros de madeira. Empenamento, trincas na madeira e destacamento. Pintura/verniz (interna/externa). Empolamento, descascamento esfarelamento, alteração de cor ou deterioração de acabamento. Selantes, componentes de juntas e rejuntamentos. Aderência Vidros Fixação Fonte: NBR 15575-1 (2013, pp. 50-51). Usuário O usuário da edificação habitacional, proprietário ou não, deve garantir a manutenção, seguindo o que se estabelece na ABNT NBR 5674 e no Manual de operação, uso e manutenção, ou documento similar. O usuário não pode alterar a destinação, ou as cargas e/ou as solicitações previstas nos projetos originais, sem a autorização prévia da construtora ou poder público. 28 UNIDADE I │ COMPREENDENDO DESEMPENHO EM EDIFICAÇÕES Figura 7. O usuário. Fonte: Comprar imóveis: como o casal pode organizar as finanças? Educação Financeira. Disponível em: <https://www. credipronto.com.br/blog/comprar-imoveis-como-o-casal-pode-organizar-as-financas/>. Avaliação de desempenho “A avaliação de desempenho busca analisar a adequação de um sistema ou de um processo construtivo a uma função, independentemente da solução técnica adotada”. (ABNT NBR 15575-1, 2013, p.11). Para tanto, é necessário realizar uma pesquisa científica para dimensionar o comportamento do sistema em condições de uso específicas. Os autores da pesquisa devem possuir profundo conhecimento no funcionamento de uma edificação, assim como seus componentes e técnicas construtivas. A pesquisa deve adotar métodos de avaliação apresentados na Norma. O produto da pesquisa deve ser um relatório, a ser desenvolvido pelo responsável da avaliação, e deverá cumprir plenamente com asexigências da Norma. Na carência de Normas prescritivas para sistemas, podem-se adotar Normas Internacionais. Os resultados da pesquisa devem ser documentados de forma técnica, acompanhados com informações de pesquisa, como levantamento fotográfico, memorial de cálculo, análises de legislações, catálogos técnicos de produtos, indicação de projetos de expansão urbana, serviços públicos e outros. A Tabela 3 traz um exemplo de planilha para levantamento, registro e identificação dos problemas a serem analisados no documento de avaliação do desempenho. 29 COMPREENDENDO DESEMPENHO EM EDIFICAÇÕES │ UNIDADE I Quadro 3. Identificação dos problemas locais. Agentes de risco Há risco? Sim/Não Providência recomendada pelo analista Enchentes/inundação e alagamentos. Erosão. Deslizamentos. Presença de solos colapsíveis. Presença de solos expansíveis. Subsidência do solo. Crateras em camadas profundas. Desconfinamento do solo. Ocorrência significativa de matacões. Argilas moles em camadas profundas. Rebaixamento do lençol freático. Sobreposições de bulbos de pressão. Efeitos de grupos de estaca. Vendavais. Tremores de terra. Vibrações decorrentes de terraplanagem. Vibrações por vias férreas/autoestradas. Proximidade de aeroportos. Analista: Assinatura: Local e data: Fonte: MATOZINHOS, Roberto. Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado do Rio de Janeiro. 2015. Material produzido para palestra “NBR15575 – Edifícios Habitacionais – Desempenho”, p.33. Figura 8. Risco de deslizamento. Fonte: ALMEIDA, Aniela e BELO, Carolina G. “Solução exige uma década”. Gazeta do Povo, 2011. Disponível em: <https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/solucao-exige-uma-decada-ebsow559248fqpt0aernt6q8e/>. 30 UNIDADE I │ COMPREENDENDO DESEMPENHO EM EDIFICAÇÕES Implantação Para edifícios ou conjuntos habitacionais, os projetos de arquitetura, da estrutura, das fundações, contenções e outras eventuais obras geotécnicas devem ser desenvolvidos com base nas características do local da obra (topográficas, geológicas etc.). Nesses casos avalia-se os riscos possíveis, no local, como deslizamentos; enchentes; erosões; vibrações transmitidas por vias férreas ou por trabalhos de terraplenagem e compactação do solo; presença de crateras em camadas profundas; riscos de explosões oriundas do confinamento de gases resultantes de aterros sanitários; solos contaminados, dentre outros, tomando-se as providências necessárias para que não ocorram prejuízos à segurança e à funcionalidade da obra. Entorno Os projetos devem ainda prever as interações entre construções próximas que podem prejudicar a segurança e a funcionalidade da obra, bem como de edificações vizinhas. Observar, por exemplo, sobreposições de bulbos de pressão, efeitos de grupos de estacas, rebaixamento no lençol freático, desconfinamento do solo devido ao corte do terreno etc. O desempenho da edificação está ligado a todos os projetos de implantação e ao desempenho das fundações, devendo ser cumpridas as disposições das Normas Brasileiras aplicáveis, particularmente das ABNT NBR 8044, ABNT NBR 5629, ABNT NBR 11682, ABNT NBR 6122 e NBR 12722 – a serem consultadas. Segurança e estabilidade Os projetos devem garantir segurança e estabilidade ao longo da vida útil da estrutura. Para tanto, devem ser analisadas as condições do solo, do ar e da água, prevendo-se, quando necessário, as proteções de cada estrutura. Métodos de avaliação do desempenho A Norma apresenta métodos de ensaio previstos para avaliação dos requisitos de desempenho, como ensaios laboratoriais, inspeções em protótipos ou em campo, simulações e análise de projetos. A realização deve ser baseada nas Normas referenciadas para cada requisito de desempenho. 31 COMPREENDENDO DESEMPENHO EM EDIFICAÇÕES │ UNIDADE I Amostragem: Pode-se adotar métodos de avaliação por amostragem no caso de sistemas construtivos já utilizados em outras obras, podendo ser estabelecidas as inspeções de campo, com base nos requisitos e critérios de desempenho estabelecidos na Norma e com comprovação que a edificação ou o sistema sejam iguais ao avaliado. As avaliações de campo só podem ser aceitas se a construção tiver ocorrido num período máximo de dois anos. Deve-se ter extremo cuidado com extrapolações de resultados, em condições diferenciadas a do edifício ou sistema em avaliação. 32 CAPÍTULO 3 Desempenho térmico O desempenho térmico garante o conforto térmico do usuário, além de contribuir na eficiência energética. Os fatores que interferem no conforto térmico podem ser as características do sítio (forma urbana, topografia, temperatura e umidade do ar, direção e velocidade dos ventos etc.) ou características da edificação (materiais, pé-direito, orientação das aberturas, orientação das fachadas etc.). Salienta-se que a Norma NBR 15575 não discute o desempenho térmico por sistemas artificiais de condicionamento, refrigeração e ventilação, apenas nas condições naturais de insolação e ventilação. A edificação habitacional deve reunir características que atendam às exigências de desempenho térmico, considerando-se a zona bioclimática definida na ABNT NBR 15220-3. Figura 9. Zoneamento Bioclimático Brasileiro. Z1 Z2 Z3 Z4 Z5 Z6 Z7 Z8 00,8% 06,4% 06,5% 02,0% 05,6% 12,6% 12,6% 53,7% Fonte: ABNT NBR Projeto 02:135.07-001/3:2003. Disponível em: <http://www.labeee.ufsc.br/sites/default/files/projetos/ normalizacao/Termica_parte3_SET2004.pdf>. 33 COMPREENDENDO DESEMPENHO EM EDIFICAÇÕES │ UNIDADE I A avaliação de desempenho pode ser realizada de maneira simplificada, baseando-se nas propriedades térmicas das fachadas e coberturas, ou por simulação computacional. a. Procedimento 1 – Simplificado (normativo): O projetista deve atender aos requisitos e critérios para os sistemas de vedação e coberturas, conforme ABNT NBR 15575-4 e ABNT NBR 15575-5 (ver Normas). A insuficiência de resultados satisfatórios na transmitância térmica e capacidade térmica exige que se adote o método da simulação computacional. b. Procedimento 2 – Medição (informativo. Seguir Anexo A – p. 33 da Norma 15.575): É feita a verificação do atendimento aos requisitos e critérios estabelecidos nesta ABNT NBR 15575-1, por meio da realização de medições em edificações ou protótipos construídos. Esse método é de caráter informativo, não se excluindo os procedimentos descritos no item anterior. c. Simulação computacional: Para a avaliação de desempenho térmico por simulação computacional, os requisitos, critérios e métodos são detalhados em “Exigências de desempenho no verão” e “Exigências de desempenho no inverno“, a seguir. Para a realização das simulações computacionais devem ser utilizadas como referência as tabelas A1, A2 e A3, apresentadas no Anexo A (pp.37-39 da Norma 15.575), que fornecem informações sobre a localização geográfica de algumas cidades brasileiras e os dados climáticos correspondentes aos dias típicos de projeto de verão e de inverno. No caso de falta de dados para a cidade onde se encontra a habitação, indica-se utilizar os dados climáticos de uma cidade próxima, com características climáticas semelhantes, na mesma Zona Bioclimática brasileira (conforme indicado na NBR 15220-Parte 3). Se o clima na cidade não for semelhante ao de nenhuma outra que tenha dados disponíveis, recomenda-se evitar o método da simulação computacional. O programa de simulação computacional que deve ser adotado é o EnergyPlus. O programa pode ser baixado no link: <https://energyplus.net/downloads>. 34 UNIDADE I │ COMPREENDENDO DESEMPENHO EM EDIFICAÇÕES Podem-se adotar outros programas de simulação, contanto que permitam a determinação do comportamento térmico de edificações e a avaliação da inércia térmica, com validação pela Norma ASHRAE Standard 140 (Standard Method Of Test For The Evaluation Of Building Energy Analysis Computer Programs). A habitaçãodeve ser considerada como um topo para a geometria do modelo de simulação, sendo cada ambiente uma zona térmica. Os dados das propriedades térmicas dos materiais e/ou componentes construtivos devem ser: » Dados obtidos em laboratório, por meio do método de ensaio normalizado, cujos métodos aceitos estão apresentados na tabela 4. » Na carência desses dados, ou na impossibilidade de obtê-los junto aos fabricantes, é permitido utilizar os dados disponibilizados na NBR 15220-Parte 2 como referência. Tabela 4. Métodos de medição de propriedades térmicas de materiais e elementos construtivos. Propriedade Determinação Condutividade térmica. ASTM C 518 ou ASTM C 177 ou ISO 8302. Calor específico. Medição ASTM C 351 – 92b. Densidade de massa aparente. Medição conforme método de ensaio preferencialmente normalizado, específico para o material. Emissividade. Medição JIS A 1423/ ASTM C1371 – 04a. Absortância à radiação solar. Medição ANSI/ASHRAE 74/88 ASTM E1918-06, ASTM E903-96. Resistência ou transmitância térmica de elementos. Medição conforme ABNT NBR 6488 ou cálculo conforme ABNT NBR 15220-2, tomando-se por base valores de condutividade térmica medidos. ASTM E903-96. Características fotoenergética (vidros). EN 410 – 1998/ EN 12898. Fonte: NBR 15575-1/2013, p. 20. Exigências de desempenho no verão O projeto deve garantir condições térmicas no interior do edifício habitacional melhor ou iguais ao ambiente externo, em sombra, num dia típico de verão. Para a avaliação de desempenho térmico por simulação computacional, os requisitos, critérios e métodos são detalhados em “Exigências de desempenho no verão”. Para a realização das simulações computacionais devem ser utilizadas como referência as tabelas A1, A2 e A3 apresentadas no Anexo A (pp.37-39 da Norma 15.575), que fornecem informações sobre a localização geográfica de algumas 35 COMPREENDENDO DESEMPENHO EM EDIFICAÇÕES │ UNIDADE I cidades brasileiras e os dados climáticos correspondentes aos dias típicos de projeto de verão. Valores máximos de temperatura O valor máximo diário da temperatura do ar interior de recintos de permanência prolongada, sem a presença de fontes internas de calor (ocupantes, lâmpadas, outros equipamentos em geral), como salas e dormitórios, deve ser sempre menor ou igual ao valor máximo diário da temperatura do ar exterior. O nível para aceitação é o M (denominado mínimo), ou seja, atende ao critério do item “Simulação computacional“, supracitado e mostrado no quadro 5: Quadro 5. Critério de avaliação de desempenho térmico para condições de verão. Nível de desempenho Critério Zonas 1 a 7. Zona 8. M Ti,max ≤ Te,max. Ti,max ≤ Te,max. Ti,max é o valor máximo diário da temperatura do ar no interior da edificação, em graus Celsius; Te,max é o valor máximo diário da temperatura do ar exterior à edificação, em graus Celsius; Ti,min é o valor mínimo diário da temperatura do ar no interior da edificação, em graus Celsius; Te,min é o valor mínimo diário da temperatura do ar exterior à edificação, em graus Celsius. NOTA: Zonas bioclimáticas de acordo com a ABNT NBR 15220-3. A Tabela E1 do Anexo E da Norma 15.575 (p. 52 da mesma) apresenta a caracterização para os níveis de desempenho I (intermediário) e S (superior) opcionais. Fonte: NBR 15575-1/2013, p. 20. Exigências de desempenho no inverno O projeto deve garantir condições térmicas no interior do edifício habitacional melhor que do ambiente externo, no dia típico de inverno, conforme critérios a seguir, nas zonas bioclimáticas 1 a 5. Nas zonas 6, 7 e 8 não é necessário realizar avaliação de desempenho térmico para inverno. Valores mínimos de temperatura Os valores mínimos diários da temperatura do ar interior de recintos de permanência prolongada como salas e dormitórios, no dia típico de inverno devem ser sempre maiores ou iguais à temperatura mínima externa acrescida de 3 °C. O nível para aceitação é o M (denominado mínimo), ou seja, atende ao critério de 11.4.1 é mostrado na tabela 6: 36 UNIDADE I │ COMPREENDENDO DESEMPENHO EM EDIFICAÇÕES Tabela 6. Critério de avaliação de desempenho térmico para condições de inverno. Nível de desempenho Critério M Zonas bioclimáticas 1 a 5. Zonas bioclimáticas 6, 7 e 8. Ti,min ≥ (Te,min + 3o C). Nestas zonas, este critério não deve ser verificado. Ti,min é o valor mínimo diário da temperatura do ar no interior da edificação, em graus Celsius; Te,min é o valor mínimo diário da temperatura do ar exterior à edificação, em graus Celsius. NOTA: Zonas bioclimáticas de acordo com a ABNT NBR 15220-3. A Tabela E2 do Anexo E da Norma 15.575 (p. 53 da mesma) apresenta a caracterização para os níveis de desempenho I (intermediário) e S (superior) opcionais. Fonte: NBR 15575-1/2013, p. 21. Edificações em fase de projeto A avaliação deve ser feita para um dia típico de projeto, de verão e de inverno. Para unidades habitacionais isoladas, devem ser seguidos os procedimentos estabelecidos em “Procedimentos”. Para conjuntos habitacionais ou edifícios multipisos, selecionar unidades habitacionais representativas conforme estabelecido a seguir: a. Conjunto habitacional de edificações térreas: selecionar uma unidade habitacional com o maior número de paredes expostas e seguir o procedimento estabelecido em “Procedimentos”. b. Edifício multipiso: selecionar uma unidade do último andar, com cobertura exposta, e seguir o procedimento estabelecido em “Procedimentos”. Procedimentos Figura 10. Procedimentos de avaliação de desempenho térmico. Fonte: Inércia térmica responde pelo conforto de edificações. Disponível em: <https://www.aecweb.com.br/cont/m/rev/inercia-termica-responde-pelo-conforto-de-edificacoes-entenda-por-que_16821_0_0>. 37 COMPREENDENDO DESEMPENHO EM EDIFICAÇÕES │ UNIDADE I A simulação deve ser feita para todos os ambientes da unidade habitacional, levando em conta as trocas térmicas entre os seus ambientes e avaliando os resultados dos dormitórios e salas, considerando: » Os ambientes adjacentes de outras unidades habitacionais, separados, portanto, por paredes de geminação ou entrepisos, apresentam a mesma condição térmica do ambiente que está sendo simulado. » A orientação da edificação deve ser a mesma da implantação. A unidade habitacional da edificação escolhida para a simulação deve ser a mais crítica do ponto de vista térmico. » Na falta de informações da orientação, pode ser adotado a condição térmica mais crítica. Condição crítica Como condição crítica do ponto de vista térmico, indica-se que: a. No verão: janela do dormitório ou da sala voltada para oeste e a outra parede exposta voltada para norte. Na impossibilidade de cumprimento, garantir que o ambiente deva ter pelo menos uma janela voltada para oeste. b. No inverno: janela do dormitório ou da sala de estar voltada para sul e a outra parede exposta voltada para leste. Na impossibilidade de cumprimento, garantir que o ambiente deve ter pelo menos uma janela voltada para sul. c. Obstrução no entorno: atentar que as paredes expostas e as janelas estejam desobstruídas, ou seja, sem a presença de edificações ou vegetação nas proximidades que modifiquem a incidência de sol e/ou vento. Edificações de um mesmo complexo, como condomínio podem ser consideradas, desde que previstas para habitação no mesmo período. Essa informação deve constar na documentação de comprovação de desempenho. d. Obstrução por elementos construtivos previstos na edificação: dispositivos de sombreamento. Exemplos: para-sóis, marquises, beirais devem ser considerados na simulação. Deve-se adotar uma taxa de ventilação do ambiente de 1 ren/h. A taxa de renovação da cobertura deve ser a mesma, de 1 ren/h. 38 UNIDADE I │ COMPREENDENDO DESEMPENHO EM EDIFICAÇÕES A absortância à radiação solar das superfícies expostas deve ser definida conforme a cor e as características das superfícies externas da cobertura e das paredes expostas, conforme orientações a seguir: » Cobertura:deve-se indicar o valor especificado no projeto, correspondente, portanto, ao material declarado para o telhado ou outro elemento utilizado que constitua a superfície exposta da cobertura. » Parede: deve-se assumir o valor da absortância à radiação solar correspondente à cor definida no projeto. Se ainda não houver definição de cores, adotar a simulação de três alternativas de cor: › Cor clara: α = 0,3. › Cor média: α = 0,5. › Cor escura: α = 0,7. A unidade habitacional que não atender aos critérios estabelecidos para verão deve ser simulada novamente considerando-se as seguintes alterações: » Ventilação: taxa de ventilação de cinco renovações do volume de ar do ambiente por hora (5,0 Ren/h) e janelas sem sombreamento. » Sombreamento: inserção de proteção solar externa ou interna da esquadria externa com dispositivo capaz de cortar no mínimo 50% da radiação solar direta que entraria pela janela, com taxa de uma renovação do volume de ar do ambiente por hora (1,0 ren/h). » Ventilação e sombreamento: combinação das duas estratégias anteriores. O Anexo A da Norma 15.575 (pp.34-40 da mesma) apresenta dados climáticos brasileiros de referência. 39 UNIDADE II DESEMPENHO ACÚSTICO, LUMÍNICO, E SEGURANÇA AO FOGO No capítulo 1, desta unidade, entenderemos o desempenho acústico que uma edificação residencial deve apresentar. No capítulo 2, veremos o desempenho lumínico de uma edificação, conforme a Norma de Desempenho. No capítulo 3, vamos estudar a segurança ao fogo que uma edificação deve garantir. CAPÍTULO 1 Desempenho acústico O ruído é um fator de estresse em edificações habitacionais. Dificuldades de concentração ou de dormir devido a problemas com música alta no entorno, ruídos de trânsito, e barulhos internos como deslocamento de móveis ou o caminhar de saltos, são fatores recorrentes de discussões entre vizinhos. A Norma NBR 15.575 objetiva garantir o isolamento acústico das vedações externas e de áreas comuns ao som aéreo, evitando ruídos exteriores, assim como garantir o isolamento acústico a ruídos por impactos, caso importante em relação a entrepisos e coberturas trafegáveis. 40 UNIDADE II │ DESEMPENHO ACÚSTICO, LUMÍNICO, E SEGURANÇA AO FOGO Figura 11. Isolamento acústico. Fonte: Site PetCivil. Disponível em: <https://petcivilufjf.wordpress.com/2013/06/03/nbr-15575-edificacoes-habitacionais-desempenho/>. » Isolação acústica de vedações externas: A edificação deve possuir condições mínimas de desempenho acústico, com relação a fontes normalizadas de ruídos externos aéreos, por exemplo, ruídos de trânsito, conforme estabelecido nas ABNT NBR 15575-4 e 15575-5. » Isolação acústica entre ambientes: A edificação deve possuir condições de isolação acústica entre as áreas comuns e ambientes de edifícios habitacionais. Por exemplo, proteção de ruídos de corredores e salões de festas. » Isolação ao ruído aéreo entre pisos e paredes internas: Os projetistas e construtores devem garantir que os sistemas de pisos e vedações verticais que compõem o edifício habitacional devem ser projetados, construídos e montados conforme os requisitos das normas da ABNT NBR 15575-3 e 15575-4. » Ruídos gerados por impactos: A edificação habitacional deve garantir condições mínimas de desempenho acústico no interior da edificação para com as fontes padronizadas de ruídos de impacto, devendo atender aos requisitos e critérios especificados nas ABNT NBR 15575-3 e ABNT NBR 15575-5. 41 DESEMPENHO ACÚSTICO, LUMÍNICO, E SEGURANÇA AO FOGO │ UNIDADE II Figura 12. Ruídos gerados por impactos. Fonte: Site Audium. Disponível em: <http://www.audium.com.br/noticia/ruido-de-impacto/>. A seguir, as imagens mostram exemplos de isolantes acústicos aplicados em edificações. Figura 13. Isolamento acústico de forro. Fonte: Veja dicas para fazer um isolamento acústico residencial e evitar ruídos. Disponível em: <http://www.finocredito.com.br/noticias/veja-dicas-para-fazer-um-isolamento-acustico-residencial-e-evitar-ruidos>. Figura 14. Paredes tradicionais de alvenaria de tijolos – dupla. Fonte: Isolamento acústico para paredes. Master House. Disponível em: <https://www.masterhousesolucoes.com.br/dicas-de- isolamento-acustico-para-paredes/>. 42 UNIDADE II │ DESEMPENHO ACÚSTICO, LUMÍNICO, E SEGURANÇA AO FOGO Figura 15. Paredes de gesso acartonado com isolamento acústico. Fonte: ARRUDA, Victor. Como transformar o seu apartamento em um local silencioso. 03/abr/2018. Disponível em: <http://www.inovacivil.com.br/tag/ruido-em-edificio/>. Métodos de avaliação: Análise do projeto e atendimento aos métodos de ensaios especificados nas ABNT NBR 15575-3, e ABNT NBR 15575-5. 43 CAPÍTULO 2 Desempenho lumínico A ABNT NBR 15575 baseia os requisitos para iluminação artificial na norma ABNT NBR 5413, que define as iluminâncias adequadas para diferentes tipos de usos de edificações (habitação, escolas, hospitais, fábricas etc.). De maneira conjunta, a Norma de Desempenho define níveis de desempenho para iluminação natural e artificial. Figura 16. Conforto lumínico num ambiente. Fonte: MUNZFELD, Sara. Publicação de 31/jan/2019. Disponível em: <https://www.carrodemola.com.br/blog/decoracao-azul- cores-combinam/>. A Norma estabelece que as dependências da edificação habitacional listadas no quadro 7, devem receber iluminação natural, de forma direta ou indireta, com os seguintes níveis de iluminância: Quadro 7. Níveis de iluminância geral para iluminação natural. Dependência Iluminância geral (lux) para o nível mínimo de desempenho M Sala de estar. Dormitório. Copa / cozinha. Área de serviço. ≥ 60 Banheiro. Corredor ou escada interna à unidade. Corredor de uso comum (prédios). Escadaria de uso comum (prédios). Garagens/estacionamentos. Não exigido. * Valores mínimos obrigatórios, conforme método de avaliação (a seguir). NOTA: Para os edifícios multipiso, admitem-se, para as dependências situadas no pavimento térreo ou em pavimentos abaixo da cota da rua, níveis de iluminância ligeiramente inferiores aos valores especificados na tabela acima (diferença máxima de 20% em qualquer dependência). NOTA 2: Os critérios dessa Tabela não se aplicam às áreas confinadas ou que não tenham iluminação natural. NOTA 3: Deve-se verificar e atender as condições mínimas exigidas pela legislação local. Fonte: NBR 15575-1/2013, p. 24. 44 UNIDADE II │ DESEMPENHO ACÚSTICO, LUMÍNICO, E SEGURANÇA AO FOGO O Anexo E da Norma 15.575 (pp. 52-56) contém recomendações de outros níveis de desempenho relativos a esses critérios. Para a iluminação natural, é importante que projetistas e construtores considerem a análise dos seguintes aspectos na promoção de um desempenho lumínico adequado: » Arquitetura do projeto: estudar a melhor disposição dos cômodos, orientação geográfica, dimensionamento e posição das aberturas, tipos de janelas e de envidraçamentos, rugosidade e cores dos elementos (paredes, tetos, pisos etc.), inserção de poços de ventilação / iluminação, eventual introdução de domos de iluminação etc. » Presença de obstáculos: estudar o impacto de taludes, muros, coberturas de garagens etc. sobre a iluminação natural na edificação. » Implantação de conjuntos e condomínios habitacionais: estudar o impacto de elementos de arquitetura, como caixas de escada, garagens etc. sobre as edificações do conjunto. » Recomendações para aberturas em salas de estar e dormitórios: A Norma indica que a iluminação natural seja possível por portas e janelas. No caso da última, a Norma sugere a adoção da altura de 100 cm como cota máxima de altura do peitoril, a partir do piso interno, e 220 cm para altura máxima da janela, conforme imagem a seguir. Figura 17. Altura indicada para esquadrias. ≤1 00 cm ≤ 22 0c m Fonte: NBR 15575-1/2013, p. 26. Da mesma forma, a Norma estabelece que os sistemas de iluminação artificial devam garantir condições de iluminação satisfatórias durante a noite,45 DESEMPENHO ACÚSTICO, LUMÍNICO, E SEGURANÇA AO FOGO │ UNIDADE II promovendo conforto e segurança aos usuários. A Tabela a seguir apresenta os níveis gerais de desempenho que devem ser atendidos para garantia do desempenho lumínico em edificações habitacionais. Para níveis de iluminação de emergência, deve ser consultada a ABNT NBR 10.898:1999. Figura 18. Níveis de iluminamento geral para iluminação artificial. Dependência Iluminamento geral para o nível mínimo de desempenho lux Sala de estar. Dormitório. Banheiro. Área de serviço. ≥ 100 Copa/cozinha. ≥ 200* Corredor ou escada interna à unidade. Corredor de uso comum (prédios). Escadaria de uso comum (prédios). Garagens/estacionamentos internos e cobertos. ≥ 75* Garagens/estacionamentos descobertos. ≥ 20* * Valores retirados da NBR 5413 NOTA: Deve-se verificar e atender as condições mínimas exigidas pela legislação local. O Anexo E da Norma 15.575 (pp. 52-56) contém recomendações de outros níveis de desempenho relativos a estes critérios. Fonte: NBR 15575-1/2013, p. 26. Método de avaliação A avaliação do desempenho deve ser feita por meio de simulações para os períodos da manhã (09h30min) e da tarde (15h30min), para os dias 23 de abril e 23 de outubro. Acrescentando, as avaliações devem ser realizadas com emprego do algoritmo apresentado na ABNT NBR 15215 –3, atendendo às condições: » Considerar a latitude e a longitude do local da obra, supor dias com nebulosidade média (índice de nuvens 50 %). » Supor desativada a iluminação artificial, sem a presença de obstruções opacas (janelas e cortinas abertas, portas internas abertas, sem roupas estendidas nos varais etc.). » Simulações para o centro dos ambientes, na altura de 0,75m acima do nível do piso. 46 UNIDADE II │ DESEMPENHO ACÚSTICO, LUMÍNICO, E SEGURANÇA AO FOGO » Simulações nos pontos centrais de corredores internos ou externos à unidade, a 0,75m do nível do piso. » Para escadarias, simulações nos pontos centrais dos patamares e a meia-largura do degrau central de cada lance, a 0,75m acima do nível do piso. » Para o caso de conjuntos habitacionais constituídos por casas ou sobrados, considerar todas as orientações típicas das diferentes unidades. » Para o caso de conjuntos habitacionais constituídos por edifícios multipiso considerar, além das orientações típicas, os diferentes pavimentos e as diferentes posições dos apartamentos nos andares. » Em qualquer circunstância, considerar os eventuais sombreamentos resultantes de edificações vizinhas, taludes, muros e outros possíveis anteparos, desde que se conheçam o local e as condições de implantação da obra. Medição in loco: Fator de Luz Diurna (FLD) Figura 19. Medição in loco. Fonte: Directindustry. <http://www.directindustry.com/pt/prod/kimo/product-11846-1252617.html>. Para avaliações de desempenho apenas com iluminação natural, o Fator de Luz Diurna (FLD), nas diferentes dependências das construções habitacionais, deve garantir os níveis mínimos apresentados na tabela a seguir: (Ver ISO 5034 – 1). 47 DESEMPENHO ACÚSTICO, LUMÍNICO, E SEGURANÇA AO FOGO │ UNIDADE II Quadro 8. Fator de luz diurna para os diferentes ambientes da habitação. Dependência FLD (%) para o nível mínimo de desempenho M Sala de estar. Dormitório. Copa / cozinha. Área de serviço. ≥ 0,50% Banheiro. Corredor ou escada interna à unidade. Corredor de uso comum (prédios). Escadaria de uso comum (prédios). Garagens/estacionamentos. Não exigido. * Valores mínimos obrigatórios, conforme método de avaliação (a seguir). NOTA 1: Para os edifícios multipiso, admitem-se para as dependências situadas no pavimento térreo ou em pavimentos abaixo da cota da rua níveis de iluminância ligeiramente inferiores aos valores especificados na tabela acima. NOTA 2: Os critérios dessa Tabela não se aplicam às áreas confinadas ou que não tenham iluminação natural. Fonte: NBR 15575-1/2013, p. 25. NOTA: O Anexo E contém recomendações de outros níveis de desempenho relativos a esses critérios. Avaliação para iluminação natural As medições devem ser feitas no plano horizontal, com o emprego de luxímetro portátil, e considerando o erro máximo de ± 5% do valor medido, na faixa temporal de 9h e 15h, nas seguintes condições: » Medições em dias com cobertura de nuvens maior que 50%, sem ocorrência de precipitações. » Medições realizadas com a iluminação artificial desativada, sem a presença de obstruções opacas (janelas e cortinas abertas, portas internas abertas, sem roupas estendidas nos varais etc.). » Medições no centro dos ambientes, a 0,75m acima do nível do piso. » Medições nos pontos centrais de corredores internos ou externos à unidade. » Para escadarias, medições nos pontos centrais dos patamares e a meia-largura do degrau central de cada lance. » No caso de conjuntos habitacionais constituídos por casas ou sobrados, considerar todas as orientações típicas das diferentes unidades. 48 UNIDADE II │ DESEMPENHO ACÚSTICO, LUMÍNICO, E SEGURANÇA AO FOGO » Em conjuntos habitacionais constituídos por edifícios multipiso considerar, além das orientações típicas, os diferentes pavimentos e as diferentes posições dos apartamentos nos andares. » Na ocasião das medições não pode haver incidência de luz solar direta sobre os luxímetros, em nenhuma circunstância. » O Fator de Luz Diurna – FLD se dá pela relação entre a iluminância interna e a iluminância externa à sombra, de acordo com a seguinte equação: FLD = 100 x Ei/Ee Onde: Ei é iluminânica no interior da dependência Ee é iluminância externa à sombra. Figura 20. Medição de iluminação artificial. Fonte: Dicofiltro <https://www.dicofiltro.com/pt/catalogo/go/equipamentos-luximetro-luximetro-lx-200--0-1-a-200-000-lux>. Avaliação para iluminação artificial A avaliação do desempenho da iluminação artificial deve ser seguida pela análise de projeto ou inspeção de protótipo, adotando o Anexo B da Norma 15.575 (p. 41). 49 CAPÍTULO 3 Segurança ao fogo Incêndios são grandes ameaças à segurança física e à saúde das pessoas, bem como a segurança estrutural das edificações. Os incêndios mais desastrosos podem gerar impactos severos no corpo humano (queimaduras e óbitos), a ruína da edificação, ou de edificações, caso o incêndio se propague por proximidade. As causas de incêndios podem ser várias, como acidentes com gás de cozinha, curtos-circuitos, descargas elétricas etc. Portanto, as edificações devem ser projetadas com características e elementos que: » Limitem o crescimento do incêndio. » Limitem a propagação do incêndio. » Permitam a evacuação segura do edifício. » Garantam a precaução contra a propagação do incêndio entre edifícios. Para isso, o projeto e a construção devem contemplar: » Boas práticas projetuais: distanciamento das edificações, para que o incêndio não se propague para outras edificações; ambientes para compartimentação do fogo, como em caixas de escada; garantia de rotas de fugas seguras; acesso de bombeiros com garantia de elementos de apoio, como hidrantes. » Propriedades dos materiais e sistemas construtivos: os materiais devem apresentar características ignitabilidade, incombustibilidade, resistência ao fogo etc. para retardar ou evitar a propagação das chamas. Essas capacidades dos materiais são definidas por ensaios “reação ao fogo”. » Dispositivos de detecção e combate ao fogo: sensores de fumaça, sprinklers, portas corta-fogo etc. Cabe ressaltar a importância dos materiais construtivos na fase inicial e intensa dos incêndios. Na fase inicial, os materiais construtivos são importantes para evitar ou retardar a propagação do incêndio. Na fase intensa, é vital que os materiais construtivos possuam características de resistência ao fogo, para garantir a evacuação segura das pessoas no processo de salvamento dos bombeiros, bem como a prevenção do colapso estrutural da edificação. Os elementos estruturais devem garantir a resistência ao fogo para:50 UNIDADE II │ DESEMPENHO ACÚSTICO, LUMÍNICO, E SEGURANÇA AO FOGO » Possibilitar a evacuação segura de pessoas da edificação. » Garantir condições de trabalho para os bombeiros, permitindo-lhes o acesso operacional , acessos de viaturas e equipamentos, com tempo hábil para exercer atividades de salvamento de pessoas retidas e combate ao incêndio. » Evitar ou minimizar os danos à edificação, às edificações vizinhas, ao entorno e ao meio ambiente. Figura 21. Destruição de edifício por incêndio. Fonte: Marília notícia. Publicado em 1/5/2018. <https://marilianoticia.com.br/predio-desaba-durante-incendio-no-centro-de-sao-paulo/>. Para segurança contra incêndio, a Norma 15.575 exige para caso de incêndios: » Proteger a vida dos usuários das edificações e áreas de risco. » Limitar a propagação do incêndio, garantindo a redução de danos ao patrimônio e ao meio ambiente. » Dar condições para controlar e extinguir incêndios. » Dar condições de acesso para as operações do Corpo de Bombeiros. Para o atendimento à Norma 15.575, também deve ser consultada a Norma ABNT NBR 14432. Dificultar o princípio do incêndio O projeto e a construção devem adotar premissas que dificultem o princípio do incêndio, por meio de: 51 DESEMPENHO ACÚSTICO, LUMÍNICO, E SEGURANÇA AO FOGO │ UNIDADE II a. Proteção contra descargas atmosféricas: Os edifícios multifamiliares devem estar providos de sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA), em consonância com a ABNT NBR 5419 e demais Normas Brasileiras. Os SPDS são compostos de sistemas externos (subsistemas de captação das descargas, subsistemas condutores de descida; subsistemas de aterramento) e sistemas internos (conjunto de dispositivos que reduzem os efeitos da corrente elétrica e magnética dentro da edificação). Figura 22. Descargas atmosféricas. Fonte: Thórus Engenharia. 28/mai/2018. Disponível em: <http://thorusengenharia.com.br/2018/05/08/o-que-acontece-em-um-edificio-quando-cai-um-raio/>. Figura 23. Exemplo de sistema de proteção contra descargas atmosféricas. Fonte: Site SegmaFire. Disponível em: <http://www.segmafirecom.br/portfolio-view/equipe-04-4/>. 52 UNIDADE II │ DESEMPENHO ACÚSTICO, LUMÍNICO, E SEGURANÇA AO FOGO b. Proteção contra risco de ignição nas instalações elétricas: As instalações elétricas das edificações habitacionais devem ser projetadas para excluir riscos de incêndio de matérias inflamáveis, principalmente ao alcance de temperaturas elevadas ou arcos elétricos, conforme dita a ABNT NBR 5410 e Normas Brasileiras aplicáveis. Figura 24. Curto-circuito e princípio de chama. Fonte: CALEGARI, Raphael. Curto-circuito pode se tornar um incêndio? 22/jun/2015. Disponível em: <http://blog.murrelektronik.com.br/curto-circuito-tornar-incendio/>. c. Proteção contra risco de vazamentos nas instalações de gás: As instalações de gás devem ser projetadas e executadas respeitando as indicações da ABNT NBR 13523 e ABNT NBR 15526, como a construção de paredes resistentes ao fogo, distância do recipiente à fonte de ignição etc. Figura 25. Vazamento de gás e incêndio. Fonte: Martinópole-CE: vazamento em botijão provoca incêndio em residência. 19/jun/2016. Disponível em: <http://www.impactogranja.com/?p=31700>. 53 DESEMPENHO ACÚSTICO, LUMÍNICO, E SEGURANÇA AO FOGO │ UNIDADE II Métodos de avaliação da segurança relativa ao princípio do incêndio A comprovação do requisito de “dificuldade de princípio do incêndio”, deve ser realizada pela análise do projeto ou por inspeção em protótipo. No projeto, para casos de ambientes enclausurados, deve ser aplicada a ABNT NBR 15526 e outras Normas Brasileiras aplicáveis. Facilitar a fuga em situação de incêndio O projeto da edificação deve garantir Rotas de Fuga, de forma a facilitar a saída dos usuários e bombeiros do local. As rotas devem estar conformes o orientado na ABNT NBR 9077. A norma citada traz a indicação para todos os sistemas e componentes de circulação vertical e horizontal da edificação. Figura 26. Garantir rotas de fuga sinalizadas. Fonte: Sinalização de emergência. Disponível em: <http://www.freitag.eng.br/tag/sinalizacao/>. Dificultar a inflamação generalizada O projeto deve dificultar a inflamação generalizada no ambiente de origem do incêndio, por meio de boas práticas projetuais, materiais construtivos e de dispositivos de detecção e combate ao fogo. Salienta-se que, os materiais de revestimento, acabamento e isolamento termoacústico empregados na edificação devem garantir características de controle de propagação de chamas, obedecendo à ABNT NBR 15575-3 a ABNT NBR 15575-5. 54 UNIDADE II │ DESEMPENHO ACÚSTICO, LUMÍNICO, E SEGURANÇA AO FOGO Figura 27. Inflamação generalizada no Museu Nacional, Rio de Janeiro. PAMPLONA, Nicola. Falta de água em hidrante prejudica combate ao incêndio no Museu Nacional Folhapress. 3/9/18. <https://www.tnh1.com.br/noticia/nid/falta-de-agua-em-hidrante-prejudica-combate-ao-incendio-no-museu-nacional/>. Métodos de avaliação da segurança à inflamação generalizada de incêndio A comprovação do atendimento deve ser realizada por inspeção em protótipo ou ensaios, de acordo com as Normas Brasileiras específicas. Dificultar a propagação do incêndio O projeto deve prever o isolamento adequado da edificação, para que não haja a propagação do incêndio para os edifícios adjacentes. Em casos de impossibilidade de isolamento, por exemplo, em zonas já consolidadas de pouco ou inexistente isolamento a edificação deixa de ser considerada como independente, e o dimensionamento das medidas de proteção contra incêndio deve ser planejado para o conjunto de edificações de forma integrada. Os critérios adotados pela Norma para dificultar a propagação do incêndio são: » Isolamento de risco à distância: Os edifícios devem possuir uma distância significativa para garantir a condição de isolamento, de acordo com as normas e o código urbanístico local. » Isolamento de risco por proteção: Os dispositivos de proteção e sistemas construtivos devem garantir que a edificação seja uma unidade independente. » Assegurar estanqueidade e isolamento: Os sistemas ou elementos de compartimentação que compõem as edificações devem garantir 55 DESEMPENHO ACÚSTICO, LUMÍNICO, E SEGURANÇA AO FOGO │ UNIDADE II estanqueidade e isolamento das edificações habitacionais, conforme a ABNT NBR 14432. Métodos de avaliação A comprovação do atendimento do requisito “dificultar a propagação do incêndio” deve ser realizada por meio de análise do projeto ou inspeção em protótipo, obedecendo a ABNT NBR 6479 (determinação da resistência ao fogo de portas e selos corta-fogo) e legislação vigente. Segurança estrutural O projeto deve reduzir o risco de colapso estrutural da edificação habitacional por incêndio, atendendo à ABNT NBR 14432 e às normas específicas para cada tipo de estrutura. Métodos de avaliação A comprovação do atendimento do requisito “Segurança Estrutural” deve ser feita por meio de análise do projeto estrutural em condição de incêndio. As normas específicas para projeto estrutural são: » ABNT NBR 14323, para estruturas de aço. » ABNT NBR 15200, para estruturas de concreto. Sistema de extinção e sinalização de incêndio O projeto deve garantir que o edifício habitacional disponha de sistemas de extinção e sinalização de incêndio, como iluminação de emergência e equipamentos de extinção do incêndio, obedecendo às normas ABNT NBR 9441, ABNT NBR 10898, ABNT NBR 12693, ABNT NBR 13434 e ABNT NBR 13714, e legislação vigente. 56 UNIDADE IIIDESEMPENHO ESTRUTURAL E ANTROPODINÂMICO Neste capítulo, estudaremos os últimos aspectos de desempenho de uma edificação habitacional. No capítulo 1, vamos conhecer as diretrizes da Norma para Desempenho Estrutural. No capítulo 2, vamos pesquisar as diretrizes para Desempenho Antropodinâmico. CAPÍTULO 1 Desempenho estrutural Frequentemente, análises estruturais enfocam na estabilidade e segurança
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