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UMA ANÁLISE SOBRE A SENTENÇA DO CASO GOMES LUND E OUTROS (“GUERRILHA DO ARAGUAIA”) VS. BRASIL NA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS Élen Andreia Von Mühlen1 Gabriel Nervis Luane Maiara da Silva Resumo O presente estudo tem como objetivo analisar o caso Gomes Lund e outros vs. Brasil, conhecido como “A Guerrilha do Araguaia”, partindo das considerações acerca da contribuição do Direito Internacional analisando a atuação da Corte Interamericana de Direitos Humanos perante a condenação do Estado Brasileiro pelas graves violações de direitos humanos cometidas na época da Ditadura Militar, analisando brevemente a influência da Lei nº 6.683/79 (Lei da Anistia) e a sua incompatibilidade com os termos da Convenção Americana de Direitos Humanos e a decisão do Supremo Tribunal Federal referente à ADPF 153, todos incluídos na referida decisão, ora examinada. Palavras–chave: Corte Interamericana dos Direitos Humanos. Convenção Americana de Direitos Humanos. Guerrilha do Araguaia. Lei nº 6.683/79 (Lei da Anistia). Supremo Tribunal Federal – ADPF 153. 1 Introdução O presente artigo possui como objetivo examinar a decisão proferida no Caso Gomes Lund e outros vs Brasil em relação aos seus aspectos penais, pelas graves violações de direitos humanos cometidas durante o período da Ditadura Militar na região do Araguaia, onde cerca de 70 militantes foram executados enquanto estavam sob custódia do poder público. Inicialmente será exposto sobre o Sistema Interamericano de Direitos Humanos e sua importância diante do caso. Em seguida, aborda-se a Guerrilha do Araguaia e as atrocidades que nela foram 1 Acadêmicos do Curso de Direito da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. cometidas. Nos capítulos seguintes, é abordada a condenação do Brasil pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, referente às disposições contidas na Lei de Anistia brasileira, considerada pelo órgão internacional, como incompatível com os termos da Convenção Americana de Direitos Humanos. Por fim, estudaremos a atuação do Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADPF nº 153, tendo em vista a obrigação internacional do Estado brasileiro em cumprir integralmente os termos da sentença da Corte Interamericana. 2 Sistema Interamericano de Direitos Humanos A Corte Internacional de Direitos Humanos é um órgão judicial autônomo que possui como principal instrumento normativo a Convenção Americana de Direitos Humanos, popularmente conhecida como Pacto de San Jose da Costa Rica, por meio da qual é reconhecido e assegurado aos indivíduos um rol de direitos fundamentais. A Convenção tem como objetivo monitorar e fiscalizar a postura dos Estados no que diz respeito às garantias expressas nos enunciados de seus textos, prevendo órgãos específicos para assegurar a proteção e a promoção dos direitos humanos. Segundo o artigo 41 do Pacto de San Jose: A Comissão tem a função principal de promover a observância e a defesa dos direitos humanos e, no exercício de seu mandato, tem as seguintes funções e atribuições: a) Estimular a consciência dos direitos humanos nos povos da América; b) Formular recomendações aos governos dos Estados-membros, quando considerar conveniente, no sentido de que adotem medidas progressivas em prol dos direitos humanos no âmbito de suas leis internas e seus preceitos constitucionais, bem como disposições apropriadas para promover o devido respeito a esses direitos; c) Preparar estudos ou relatórios que considerar convenientes para o desempenho de suas funções; d) Solicitar aos governos dos Estados-membros que lhe proporcionem informações sobre as medidas que adotarem em matéria de direitos humanos; e) Atender às consultas que, por meio da Secretaria Geral da Organização dos Estados Americanos, lhe formularem os Estados-membros sobre questões relacionadas com os direitos humanos e, dentro de suas possibilidades, prestar-lhes o assessoramento que lhes solicitarem; f) Atuar com respeito às petições e outras comunicações, no exercício de sua autoridade, de conformidade com o disposto nos artigos 44 a 51 desta Convenção; e g) Apresentar um relatório anual à Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos. A Convenção Americana de Direitos Humanos foi ratificada pelo Brasil em 25 de setembro de 1992, momento em que o Estado assumiu perante a comunidade internacional “a obrigação de manter e desenvolver o Estado Democrático de Direito e de proteger, mesmo em situações de emergência, um núcleo de direitos básicos e inderrogáveis” (PIOVESAN, 2010, p. 298). No caso brasileiro, o caráter vinculante e de cumprimento inafastável da sentença de Corte decorre também da força constitucional conferida à Convenção Americana de Direitos Humanos está expressa no artigo 5º§ 1º a 3º da Constituição Federal de 1988. 3 Guerrilha do Araguaia Por volta de 1966, cerca de 70 militantes contrários à Ditadura Militar do Partido Comunista do Brasil (PC do B), se instalaram na região localizada ao Sul do estado do Pará, compreendendo a uma área de 6.500 km² entre as cidades de São Domingos e São Geraldo, às margens do rio Araguaia, local onde não havia assistência do poder público, como exemplo a ausência de escolas, hospitais e outros, esses militantes se instalaram com o objetivo de transmitir doutrinas de conscientização política para os moradores daquele local, baseando-se nas revoluções Cubana e Chinesa. No período da Ditadura Militar 1964 a 1985, os militantes do PC do B já eram perseguidos politicamente, estando todos em situação clandestina no Brasil, pois não iam de acordo com o regime imposto na época. Durante a preparação da luta armada, nos anos de 1970 a 1973 o governo brasileiro tomou conhecimento da operação organizada pelo grupo composto por militares e camponeses, sendo então alvo de cerca de seis operações militares realizadas pelo Exército, Marinha e Aeronáutica do Brasil, que em quatro meses derrotaram a guerrilha. Até o final de 1974, todos os integrantes da Guerrilha, que não chegou a ser colocada em ação, foram dizimados pelos órgãos de repressão, e o governo militar impôs silêncio absoluto sobre os acontecimentos na região, ou seja, a sociedade, a imprensa, ninguém chegou a ter conhecimento sobre os acontecimentos da Guerrilha, havia uma ordem expressa do atual Presidente da República na época, General Médici, para que ninguém saísse vivo de lá. Sendo assim, grande parte dos guerrilheiros foi executada enquanto estavam sob a tutela do poder público, ou seja, quando estavam sob custódia dos militares. A operação militar no Araguaia ocorreu em segredo, definindo que a ação do Estado era clandestina. Dessa forma, não houve inquéritos policial-militares, denúncias ou sentenças judiciais. A ditadura militar havia fixado um padrão de conduta que era o de não entregar os cadáveres, sendo assim, jamais reconheceram que existiram, ao morrer o corpo desaparecia. No decorrer do tempo os familiares dos desaparecidos aguardaram o retorno de seus parentes, porém, como isso não ocorreu, os mesmos foram em busca de respostas e descobriram que seus entes haviam desaparecido na região do Rio Araguaia. Segundo Gaspari (2002, p.428) citado por Moura (2012) o padrão de conduta determinado pela ditadura foi o silêncio. Não entregava cadáveres ou reconhecia que existissem. “Quem morria, sumia”. No dia 28 de Agosto de 1970 foi promulgada a Lei da Anistia, no governo do então presidente João Baptista Figueiredo, após uma ampla mobilização social ainda no regime militar. A Lei da Anistia possui a finalidade de reverter as punições aos cidadãos brasileiros que, entre os anos de 1961 e 1979, foram considerados criminosos políticos pelo regime militar. Através de diversos instrumentos, os familiares dos desaparecidos da Guerrilha do Araguaia tentaram localizar o paradeiro de seus respectivos parentes. Entretanto, diante de vários obstáculos, como exemplo o sigilo de documentos referentes ao conflito e a aplicação da Lei de Anistia,todas as tentativas de localização dos seus entes terminaram sem êxito. Em 19 de fevereiro de 1982, 22 familiares, representando 25 desaparecidos da Guerrilha do Araguaia, adentraram com uma ação perante a Justiça Federal requerendo o esclarecimento, por parte do Estado brasileiro, das mortes dos militantes. São consideradas vítimas da Guerrilha do Araguaia as seguintes pessoas: Adriano Fonseca Fernandes Filho, André Grabois, Antônio Alfredo de Lima (ou Antônio Alfredo Campos), Antônio Carlos Monteiro Teixeira, Antônio de Pádua Costa, Antônio Ferreira Pinto, Antônio Guilherme Ribeiro Ribas, Antônio Teodoro de Castro, Arildo Aírton Valadão, Áurea Elisa Pereira Valadão, Bérgson Gurjão Farias, Cilon Cunha Brum, Ciro Flávio Salazar de Oliveira, Custódio Saraiva Neto, Daniel Ribeiro Callado, Dermeval da Silva Pereira, Dinaelza Santana Coqueiro, Dinalva Oliveira Teixeira, Divino Ferreira de Souza, Elmo Corrêa, Francisco Manoel Chaves, Gilberto Olímpio Maria, Guilherme Gomes Lund, Helenira Resende de Souza Nazareth, Hélio Luiz Navarro de Magalhães , Idalísio Soares Aranha Filho, Jaime Petit da Silva, Jana Moroni Barroso, João Carlos Haas Sobrinho, João Gualberto Calatrone, José Huberto Bronca, José Lima Piauhy Dourado, José Maurílio Patrício, José Toledo de Oliveira, Kléber Lemos da Silva, Líbero Giancarlo Castiglia, Lourival de Moura Paulino, Lúcia Maria de Souza, Lúcio Petit da Silva, Luiz René Silveira e Silva, Luiz Vieira de Almeida, Luiza Augusta Garlippe, Manoel José Nurchis, Marcos José de Lima, Maria Célia Corrêa, Maurício Grabois, Miguel Pereira dos Santos, Nelson Lima Piauhy Dourado, Orlando Momente, Osvaldo Orlando da Costa, Paulo Mendes Rodrigues, Paulo Roberto Pereira Marques, Pedro Alexandrino de Oliveira Filho, Pedro Matias de Oliveira (“Pedro Carretel”), Rodolfo de Carvalho Troiano, Rosalindo Souza, Suely Yumiko Kanayama, Telma Regina Cordeiro Corrêa, Tobias Pereira Júnior, Uirassú de Assis Batista, Vandick Reidner Pereira Coqueiro, e Walkíria Afonso Costa. Além disso, também são vítimas os seguintes familiares diretos: Zélia Eustáquio Fonseca, Alzira Costa Reis, Victória Lavínia Grabois Olímpio, Criméia Alice Schmidt de Almeida, João Carlos Schmidt de Almeida, Luiza Monteiro Teixeira, João Lino da Costa, Benedita Pinto Castro, Odila Mendes Pereira, José Pereira, Luiza Gurjão Farias, Junília Soares Santana, Antonio Pereira de Santana, Elza da Conceição Oliveira (ou Elza Conceição Bastos), Viriato Augusto Oliveira, Maria Gomes dos Santos, Rosa Cabello Maria (ou Rosa Olímpio Cabello), Igor Grabois Olímpio, Julia Gomes Lund, Carmem Navarro, Gerson Menezes Magalhães, Aminthas Aranha (ou Aminthas Rodrigues Pereira), Julieta Petit da Silva, Ilma Hass, Osoria Calatrone, Clotildio Calatrone, Isaura de Souza Patricio, Joaquim Patricio, Elena Gibertini Castiglia, Jardilina Santos Moura, Joaquim Moura Paulino, José Vieira de Almeida, Acary V. de S. Garlippe, Dora Grabois, Agostim Grabois, Rosana Moura Momente, Maria Leonor Pereira Marques, Otilia Mendes Rodrigues, Francisco Alves Rodrigues, Celeste Durval Cordeiro, Luiz Durval Cordeiro, Aidinalva Dantas Batista, Elza Pereira Coqueiro, Odete Afonso Costa. De igual modo, o Tribunal considera como vítimas os seguintes familiares não diretos: Angela Harkavy, José Dalmo Ribeiro Ribas, Maria Eliana de Castro Pinheiro, Roberto Valadão, Diva Soares Santana, Getúlio Soares Santana, Dilma Santana Miranda, Dinorá Santana Rodrigues, Dirceneide Soares Santana, Terezinha Souza Amorim, Aldo Creder Corrêa, Helenalda Resende de Souza Nazareth, Helenice Resende de Souza Nazareth, Helenilda Resende de Souza Nazareth, Helenoira Resende de Souza Nazareth, Wladmir Neves da Rocha Castiglia, Laura Petit da Silva, Clovis Petit de Oliveira, Lorena Moroni Barroso, Ciro Moroni Girão, Breno Moroni Girão, Sônia Maria Haas, Elizabeth Silveira e Silva, Luiz Carlos Silveira e Silva, Luiz Paulo Silveira e Silva, Maristella Nurchis e Valeria Costa Couto. Até os dias de hoje, somente dois corpos foram localizados, sendo eles o de Maria Lúcia Petit, morta em junho de 1972 numa emboscada e o de Bergson Gurjão, sendo estes, os únicos guerrilheiros mortos e identificados que posteriormente tiveram um enterro digno dado por seus familiares. 3.1 A incompatibilidade da Lei da Anistia Logo após o período da Ditadura Militar (1964 a 1985) o Brasil passou por um processo de transição entre o regime ditatorial militar e o regime democrático. A Lei da Anistia pode ser considerada como um ponto fundamental para a transição brasileira, pois concedeu anistia a todos que no período entre 02 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979 cometeram crimes políticos ou conexos. Além disso, a anistia também foi concedida a todos que tiveram seus direitos políticos suspensos, permitindo que todos os brasileiros que participaram do movimento diretamente ou indiretamente, aos banidos e aos que se exilaram voluntariamente, fugindo do país, o direito de retorno ao Brasil, extinguindo também os processos a que estavam respondendo. O conceito de Crimes Conexos, expresso na Lei nº 6.683/79 §1 incorporado ao texto desta lei, acabou desviando a anistia do propósito de conceder aos cidadãos o direito de processar devido às normas de exceção do governo militar, sendo utilizado para beneficiar os agentes do Estado envolvidos nas práticas de torturas, desaparecimentos e assassinatos. Está expresso na Lei nº 6.683/79: O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 02 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou conexo com estes, crimes eleitorais, aos que tiveram seus direitos políticos suspensos e aos servidores da Administração Direta e Indireta, de fundações vinculadas ao poder público, aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciário, aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais, punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares (vetado). § 1º - Consideram-se conexos, para efeito deste artigo, os crimes de qualquer natureza relacionados com crimes políticos ou praticados por motivação política. Cabe destacar que, no Brasil, a Lei da Anistia, foi considerada pelo Supremo Tribunal Brasileiro (STF) uma lei de bilateral, ou seja, ela beneficiaria torturadores e vítimas, impedindo que os responsáveis pela prática de torturas e execuções sumárias fossem responsabilizados pelos crimes cometidos, beneficiando os mesmos, sendo absolutamente incompatível com o Direito Internacional. As circunstâncias dos desaparecimentos não foram informadas e esclarecidas, os restos mortais não foram localizados, identificados e entregues a seus familiares, e os responsáveis não foram investigados, processados ou sancionados. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos declarou: “As anistias que eximem de sanção penal os responsáveis por crimes atrozes, na esperança de garantir a paz, costumam fracassar na consecução de seu objetivo, e, em vez disso, incentivaram seus beneficiários a cometer novos crimes. Ao contrário, celebraram-se acordos de paz sem disposições relativas à anistia, em algumas situações em que se havia dito que a anistia era uma condição necessária para a paz, e em que muitos temiam que os julgamentos prolongassem o conflito”. 4. Corte Interamericana de Direitos Humanos No dia 19 de fevereiro de 1982 os familiares dos desaparecidos na região do Araguaia ingressaram com uma ação civil contra o Brasil requerendo o esclarecimento por parte do Estado, das mortes dos militantes, porém não obtiveram êxito quanto a este pedido. Não obstante, em 1996, tendo conhecimento das dificuldades enfrentadas na concretização de suas demandas, o Grupo Tortura Nunca Mais/RJ, a Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos de São Paulo, o Centro pela Justiça e pelo Direito Internacional (CEJIL) e a Human Rights Watch Américas, apresentaramà Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) uma petição alegando a violação de inúmeros dispositivos da Convenção Americana de Direitos Humanos, face a essa situação. A Corte Interamericana de Direitos Humanos consiste em um tribunal internacional supranacional pertencente à Convenção Americana e capaz de condenar seus Estados por violações dos direitos previstos nos textos de ambas. Como regra de exceção, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos aceitou a sua análise e apreciação, considerando que não houve resposta do Estado Brasileiro, quanto ao pedido dos familiares dos desaparecidos na Guerrilha do Araguaia no período de 1982 até 1996, reconhecendo que houve a demora no trâmite deste processo. A Comissão também reconheceu o caso à Corte porque em virtude da Lei 6.683/79 o Estado não realizou uma investigação penal com o intuito de julgar e punir as pessoas responsáveis pelo desaparecimento forçado de 70 vítimas e pela execução de Maria Lúcia Petit da Silva, porque os recursos judiciais de natureza civil, com o objetivo de obter informações sobre os fatos, não foram efetivos para garantir aos familiares dos desaparecidos e da pessoa executada o acesso a informação sobre a Guerrilha do Araguaia. Essas medidas afetaram indevidamente a integridade pessoal dos familiares e dos desaparecidos da pessoa executada. A Comissão também solicitou à Corte, que verificasse que o Brasil violou os direitos estabelecidos nos seguintes artigos: Art. 3 (Direito ao reconhecimento da personalidade jurídica), Art. 4 (Direito à vida), Art. 5 Direito à integridade pessoal), Art. 7 (Direito à liberdade pessoal), Art. 8 (Garantias judiciais), Art. 13 (Liberdade de pensamento e expressão) e o Art. 25 (proteção judicial), da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, combinados com as obrigações previstas nos artigos 1.1 (Obrigação geral de respeito e garantia dos direitos humanos) e 2 (dever de adotar disposições de direito interno) da mesma Convenção, solicitando à Corte que ordene ao Estado Brasileiro a adoção de medidas reparatórias. Durante o transcorrer do processo, no dia 31 de outubro de 2009, o Estado Brasileiro solicitou o arquivamento do feito, apresentando três contestações escritas: 1) A incompetência da Corte para analisar o caso. 2) A falta de esgotamento dos recursos internos; 3) A falta de interesse processual da Comissão e de seus Representantes. Essas contestações foram rejeitadas pela Corte, com exceção do primeiro, pois o Brasil havia ratificado a Convenção Americana de Direitos humanos, em 10 de dezembro de 1998, dizendo expressamente que os casos de tortura e execução de pessoas, só poderiam ser analisados se ocorressem a partir daquela data. Ao analisar o caso, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Estado Brasileiro pela violação dos direitos ao reconhecimento da personalidade jurídica, à vida, à integridade pessoal, à liberdade pessoal, à liberdade de pensamento e de expressão, às garantias judiciais e à proteção judicial, em conjunto com a obrigação geral de respeito e garantia dos direitos humanos e com o dever de adotar disposições do Direito Internacional. Declarou também a incompatibilidade da Lei da Anistia, que impediu a investigação das vítimas da Guerrilha com a Convenção Americana e responsabilizou o Estado pelo desaparecimento forçado de 70 pessoas. No dia 14 de dezembro de 2011, o Estado brasileiro enviou à Corte um relatório referente cumprimento da sentença, porém, em 5 de abril de 2012 os representantes dos familiares informaram que o Brasil não cumpriu sua obrigação de conduzir uma investigação penal, de forma a processar e a sancionar os responsáveis pelas graves violações de direitos humanos, sendo que a única tentativa de início de uma ação penal no âmbito interno foi rejeitada judicialmente, com base na Lei de Anistia brasileira e no instituto da prescrição, violando, assim, a sentença da Corte neste caso. Os representantes dos familiares também alegaram que o Estado não ofereceu tratamento médico, psicológico e psiquiátrico às vítimas que o solicitaram. Por último, os representantes consideram que o Estado cumpriu parcialmente sua obrigação de pagar indenizações a título de danos morais e materiais aos familiares das vítimas, dado que o Estado ainda não efetuou todos os pagamentos devidos. 5. A posição do STF sobre a Lei da Anistia - ADPF 153 Neste caso há um choque de decisões, entre a Suprema Corte brasileira e a Corte Interamericana de Direitos Humanos. De um lado a Suprema Corte brasileira que ao julgar, em 30.04.2010, a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental - ADPF 153, arguida pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), declarou a validade da Lei de Anistia. E de outro, a decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos, que ao julgar o Caso Gomes Lund e outros versus Brasil, posteriormente, em 24.11.2010, declarou a invalidade da mesma Lei, em razão da incompatibilidade das disposições nela contidas com o disposto na Convenção Americana de Direitos Humanos, da qual o Brasil é parte. Com efeito, em outubro de 2008, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, interpôs, perante o STF, Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental pedindo para que fosse interpretado o parágrafo único do art. 1° da Lei de Anistia (Lei 6.683/79) conforme a Constituição Federal de 1988, de modo a declarar, a luz de seus preceitos fundamentais, que a anistia concedida pela mencionada lei aos crimes políticos ou conexos não se estende aos crimes comuns praticados pelos agentes de Estado (civis ou militares) em nome da ditadura, contra opositores políticos. Não se registrou, no caso brasileiro, uma auto concedida anistia, pois foram completamente diversas as circunstâncias históricas e políticas que presidiram, no Brasil, com o concurso efetivo e a participação ativa da sociedade civil e da Oposição militante, a discussão, a elaboração e a edição da Lei de Anistia, em contexto inteiramente distinto daquele vigente na Argentina, no Chile e no Uruguai, dentre outros regimes ditatoriais. Contudo, como se poderia conceber um “acordo bilateral” em plena Ditadura? Este tem se mostrado o ponto mais fraco da argumentação do STF em relação à ADPF 153. No mesmo voto, o relator afirmou que nos casos das Supremas Cortes do Chile e da Argentina, que declara a inaplicabilidade das respectivas leis de anistia aos agentes de repressão política, foram os poderes legislativos de ambos os países que combateram a anistia anteriormente concedida, e não o judiciário como se esperava na citada arguição. O julgamento, portanto, em nada inovou em relação à Lei de Anistia que foi declarada válida em seu inteiro teor. Porém, este julgamento ocorreu em momento anterior à prolação da sentença pela Corte Interamericana, de modo que a decisão da Corte Internacional ainda precisa passar pelo crivo do STF, que deverá realizar o chamado controle de convencionalidade entre o disposto na Lei de Anistia e o disposto na Convenção Americana de Direitos Humanos (1969). No caso da ADPF 153, houve o controle de constitucionalidade, exercido pelo STF. No Caso Gomes Lund e outros versus Brasil, houve o controle de convencionalidade, exercido pela Corte Interamericana. A anistia aos agentes da guerrilha, para subsistir, deveria ter sobrevivido intacta aos dois controles, mas só resistiu a um (com votos contrários, frise-se), o controle de constitucionalidade. Por seu turno, as teses defensivas de prescrição, legalidade penal estrita, entre outras, também deveriam ter obtido anuência de ambos os controles. Como as mencionadas teses defensivas não foram aceitas pelo controle de convencionalidade e dada à aceitação constitucional da internacionalização dos direitos humanos, não podem ser aplicadas internamente. Ou seja, não cabe alegar coisa julgada ou efeito vinculante para obstruir inquéritos policiais ou ações penais que estejam a aplicar a sentençainteramericana, pois esses amparam-se na decisão da Corte IDH, que tem eficácia, independentemente da decisão do STF. A partir da aplicação dessa teoria será necessário se acostumar a exigir que todo ato interno se conforme não só com o teor da jurisprudência do STF, mas também com o teor da jurisprudência interamericana. Como já dito oportunamente, o Brasil fora condenado a “conduzir eficazmente, perante a jurisdição ordinária, a investigação penal dos fatos do presente caso a fim de esclarecê-los, determinar as correspondentes responsabilidades penais e aplicar efetivamente as sanções e consequências que a lei preveja”. (CORTE IDH, 2010, p. 114). A decisão do “Caso Gomes Lund e outros versus Estado brasileiro”, impacta decisivamente em atribuições privativas do Ministério Público, como a propositura de ações penais contra os agentes da ditadura militar. Vale dizer que o Ministério Público brasileiro é essencial na missão de implementar internamente as decisões internacionais de responsabilização do Estado por violação a direitos humanos. Tanto é que, em havendo inércia dos outros Poderes, caberá ao MP a tarefa de utilizar seus poderes conferidos constitucionalmente – entre eles o poder de requisição e investigação na área criminal – para obter a efetivação negada. Buscando dar efetivo cumprimento a decisão da Corte Internacional, o Ministério Público Federal (MPF) tem desenvolvido a investigação dos crimes, em conjunto com a Polícia Federal (PF), de modo que em alguns casos, em que já foi possível identificar os responsáveis pelas violações de direitos humanos, o MPF ofereceu denúncia. O Poder Legislativo incumbe a tipificação do crime de desaparecimento forçado de pessoas, ainda não previsto na legislação penal brasileira. Em razão disso, o plenário do senado, no dia 27/08/2013, aprovou o substitutivo do senador Pedro Taques (PDT-MT) ao projeto de lei do Senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) que tipifica o crime de desaparecimento forçado de pessoas, com penas que podem chegar a 40 anos de reclusão. O projeto se encontra em análise na Câmara dos Deputados. A redação aprovada pelo plenário do senado acrescenta o art. 149-A ao Código Penal, para tipificar o crime de desaparecimento forçado de pessoas. O projeto de Lei define desaparecimento forçado de pessoas como: qualquer ação de apreender, deter, sequestrar, arrebatar, manter em cárcere privado, impedir a livre circulação ou de qualquer outro modo privar alguém de sua liberdade, em nome de organização política, ou de grupo armado ou paramilitar, do Estado, suas instituições e agentes ou com a autorização, apoio ou aquiescência de qualquer destes; ocultando ou negando a privação de liberdade ou deixando de prestar informação sobre a condição, sorte ou paradeiro da pessoa a quem deva ser informado ou tenha o direito de sabê-lo. Em razão dos recursos já impetrados pelo Ministério Público Federal, nas diversas ações penais promovidas com base na condenação do Estado brasileiro no Caso Gomes Lund e outros versus Brasil, é provável que o Supremo Tribunal Federal, muito em breve, tenha que reavaliar concessão de Anistia aos agentes políticos reconhecidamente responsáveis pelas graves violações de direitos humanos, ocorridas no Araguaia. Isto porque, a citada lei tem sido usada como óbice ao prosseguimento das ações penais oferecidas pelo MPF. Muitas das denúncias oferecidas foram sequer recebidas. Espera-se que o STF, a exemplo do que fez a Corte IDH, declare a invalidade da Lei de Anistia, ou reconheça a legitimidade do controle exercido pela Corte IDH e, por consequência, a auto aplicabilidade da sentença internacional proferida, removendo, assim, qualquer obstáculo para a punição dos responsáveis pelas violações de direitos humanos ocorridas no Caso Araguaia. Com essa sensata decisão, o STF estará, ainda, adequando à legislação brasileira as disposições da Convenção Americana de Direitos Humanos. 4.1 Direito à Memória O Direito à Memória está incluído no âmbito da lógica da Justiça de Transição, ou seja, a justiça realizada no decorrer da transição de regimes políticos. O período cujo um Estado Totalitário passa a um Estado Democrático tem efeitos sobre toda a sociedade, e a justiça entre esses dois momentos, a chamada Justiça de Transição, possui caracteres específicos. A Justiça de Transição pode ser apreendida a partir das medidas adotadas em momentos de transição de regimes a fim de que não se criem sentimentos constantes de revanchismo, de modo a trazer segurança jurídica e legitimidade ao novo regime estabelecido. Remígio nos diz que a Justiça de Transição “é um modelo de justiça que pretende reconciliar a nação com o seu passado, manifestando-se por meio de medidas eficazes de superação dos traumas advindos de um momento de repressão e violência”. (REMIGIO apud SOUSA, 2010, p.68). Nesse quadro, segundo Juan Méndez, “o objetivo final da Justiça de Transição deve ser a reconciliação das forças antagônicas que levaram ao conflito cujo resultado foi a violação dos direitos dos perseguidos políticos. O escopo deste instrumento é a formação de um caminho de paz entre os pólos conflitantes de determinado momento histórico, e não a simples reconciliação do torturador com suas vítimas.” (MEZAROBBA apud MACHADO, 2011, p. 126). A Justiça de Transição envolve, nesse sentido, um conjunto de medidas que pode ser resumido a quatro campos de ação: a) a reforma das instituições do regime político findo; b) a responsabilização criminal daqueles que cometeram crimes; c) a reparação das vítimas e d) a busca pela verdade. A preocupação com a memória decorre da sua capacidade de dar e manter a coesão de um grupo social. Nossa memória é social, é fruto da relação humana, é coletiva. Além disso, a memória é seletiva. Na dinâmica social, parte da memória é esquecida e parte é lembrada. Lembrar e esquecer são, portanto, aspectos importantes e necessários para a construção da memória. Na medida em que a memória é construída, pode-se falar que a memória é menos história; é menos o passado do que o que se faz desse passado. A memória é escolha e identidade, e quando selecionamos aquilo que queremos que permaneça na memória acabamos por escolher o tipo de sociedade e de pessoa que se quer ser. A memória do Direito está em se “reconstruir” o passado a partir das interpretações. Ao olhar para o passado para interpretá-lo, lembramos e esquecemos, selecionamos hoje um passado tendo em vista o futuro. É por isso que François Ost fala em quatro categorias de tempos normativos e temporais a partir dos quais seria possível falar em uma retemporalização: memória, perdão, promessa e questionamento. “Igualmente, é sobre uma medida em quatro tempos que se toca esta partitura. Lado do passado, a memória e o perdão; lado do futuro: a promessa e a retomada da discussão. A memória que liga o passado, garantindo-lhe um registro, uma fundação e uma transmissão. O perdão, que desliga o passado, imprimindo-lhe um sentido novo, portador de futuro (...). A promessa, que liga o futuro através dos comprometimentos normativos, desde a convenção individual até a Constituição, que é a promessa que a nação fez a si própria. O questionamento, que em tempo útil desliga o futuro, visando operar as revisões que se impõem, para que sobrevivam as promessas na hora de mudança.” (OST, 2005, p. 17). Conclusão O presente artigo buscou deixar de forma clara e objetiva o caso abordado, Gomes Lund e outros vs Brasil, deixando explícito as séries de violações cometidas pelo Estado brasileiro durante o período do regime militar, especificamente da Guerrilha do Araguaia onde 70 pessoas foram executadas. Também buscou-se deixar de forma clara a falta de recursos para os familiares que buscavam encontrar os seus entes desaparecidos. Além disso, analisou-se a sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos, que condenou o Estado brasileiro, em seus aspectos penais, demonstrando a conduta adotadapelo Brasil para solucionar o aparente choque entre a decisão do STF e a decisão da Corte Interamericana em relação à eficácia da Lei de Anistia, que foi considerada incompatível com as disposições da Convenção Americana de Direitos Humanos. Sendo feita também uma breve análise sobre a ADPF 153. Por fim, vale salientar que, caso o Brasil não cumpra com a decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos, o não cumprimento espontâneo acarreta nova responsabilidade internacional ao país, possibilitando uma nova ação na mesma Corte Internacional e nova condenação. Referências AYRES, Rodrigo Santa Maria Coquillard. A Lei de Anistia e o caso Gomes Lund e outros (“Guerrilha do Araguaia” vs. Brasil na Corte Interamericana de Direito Humanos: interação e consequências. Disponível em: > https://jus.com.br/artigos/36905/a-lei-de-anistia-e-o-caso-gomes-lund-e-outros-guerri lha-do-araguaia-vs-brasil-na-corte-interamericana-de-direitos-humanos < Acesso em: 03 out. 2017. ADMINEM. Lei de Anistia, Direito à Verdade e à Justiça: o Caso Brasileiro. 12 abr. 2012. Disponível em: > http://interessenacional.uol.com.br/2012/04/lei-de-anistia-direito-a-verdade-e-a-justic a-o-caso-brasileiro/ > Acesso em: 06 out. 2017. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm > Acesso em: 04 de out. 2017. BRASIL. Lei No 6.683, de 28 de Agosto de 1979. Disponível em: > http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6683.htm < Acesso em: 01 out. 2017. BRASIL, Portal. Lei da Anistia Política reverteu punições da época da ditadura. 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