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Demografia: Estudo da População Mundial

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É a ciência que estuda as dinâmicas humanas, como a distribuição espacial da população, seu 
crescimento, seus fluxos migratórios e suas estruturas étnica, etária, ativa etc. Assim, a demografia 
revela importantes características socioeconômicas que podem auxiliar o planejamento estratégico 
dos países. 
A população mundial presenta distribuição bastante desigual nos diferentes continentes. A Ásia 
concentra a maior população absoluta (número total de habitantes) e a maior densidade 
demográfica (população total dividida pela área) do mundo. 
Enquanto a Ásia e a África são os continentes mais populosos (elevada população absoluta) e 
povoados (elevada densidade demográfica), existem vazios demográficos (áreas extensas pouco 
habitadas) na Terra, como a Oceania e a Antártica, cuja ocupação humana é permitida apenas 
para fins científicos. No entanto, mesmo no interior dos continentes mais populosos existem vazios 
demográficos, como o Himalaia e o Saara. 
Assim, diversas teorias foram elaboradas com o intuito de explicar como o desenvolvimento 
demográfico pode ser associado ao desenvolvimento socioeconômico dos países, como a Teoria de 
Malthus, a Teoria Neomalthusiana e a Teoria Reformista. 
= –
Ao estudar o crescimento demográfico, os fluxos migratórios não são considerados. Assim, a dinâmica 
desse crescimento se restringe às variações nas taxas de natalidade e mortalidade. Para analisar 
essas variações, deve-se considerar dois conceitos: 
 Taxa de fecundidade: número de nascidos em determinado período de tempo dividido pelo 
número de mulheres em idade reprodutiva (entre 15 e 49 anos); 
 Taxa de reposição demográfica: número que, igual a 2,1 filhos por mulher, garante a 
renovação da população; inferior, garante a redução da população; superior, o aumento. 
o 2 filhos repõem a mortalidade dos pais e a fração 0,1 compensa a mortalidade das 
pessoas que não alcançaram a idade fértil. 
A variação do crescimento de uma população se relaciona à influência de vários fatores: 
 Avanços técnicos (os quais o acesso é facilitado em sociedades com melhores condições 
socioeconômicas e menores índices de desigualdade): 
o Avanços na área da medicina, a difusão de hábitos de higiene e a estruturação de 
sistemas sanitários permitem a redução das taxas de mortalidade por doenças; 
o Evolução das técnicas agrícolas permitiu uma maior produção alimentar em diversas 
regiões do mundo; 
o Métodos anticoncepcionais tornaram o planejamento familiar mais eficiente. 
 Aspectos socioculturais: 
o Estruturas sociais baseadas no trabalho familiar tendem a apresentar maiores taxas de 
fecundidade (em sociedades rurais, por exemplo, o elevado número de filhos é visto 
como maior quantidade de mão de obra); 
o A maior participação da mulher no mercado de trabalho contribui para a queda da 
fecundidade. 
 Ações políticas: 
o Políticas antinatalidade, como a legalização do aborto, incentivo ao uso de métodos 
contraceptivos e campanhas publicitárias buscam reduzir o crescimento populacional; 
o Políticas de incentivo à natalidade passaram a ser incrementadas em países 
desenvolvidos com baixas taxas de fecundidade. 
 
 
1ª fase: sociedade pouco urbanizada com restrições aos avanços técnicos (ausência de saneamento 
básico, por exemplo) e força de trabalho familiar. Apresentam altas taxas de natalidade e mortalidade → 
baixo crescimento demográfico. 
2ª fase: urbanização facilita o acesso da sociedade aos avanços técnicos, não havendo muitas 
mudanças na estrutura familiar. Redução nas taxas de mortalidade → aumento do crescimento 
demográfico. 
 O economista Thomas Malthus realizou importantes observações sobre como o crescimento 
demográfico poderia afetar o desenvolvimento socioeconômico dos países, estabelecendo 
as bases para a formulação de sua famosa teoria, a Teoria de Malthus. 
Ao analisar as transformações demográficas provocadas pela industrialização e urbanização 
no início do século XIX, destacou que a população estava crescendo muito rapidamente, em 
ritmo de progressão geométrica, enquanto a capacidade de produção alimentar crescia 
mais lentamente, em ritmo de progressão aritmética (uma vez que os avanços tecnológicos só 
chegam às cidades e não à zona rural → a produção não aumentava muito), podendo gerar 
uma crise de abastecimento com sérios prejuízos à sociedade e à economia, como a 
disseminação da fome e miséria e, até mesmo, a eclosão de guerras entre os países. 
Entretanto, Malthus não levou em conta que a pobreza e a fome eram produtos sociais, e não 
naturais. Influenciado pela religião anglicana, Malthus acreditava que o celibato e a 
abstinência sexual desacelerariam o ritmo de crescimento da população, evitando tais 
prejuízos. Todavia, a produção alimentar superou o crescimento demográfico após os avanços 
das tecnologias agrícolas e, o problema da fome, persistente na atualidade, passou a ser 
relacionada a complexas questões políticas e econômicas que dificultam o acesso da 
população aos alimentos. 
 
Compreende que os países 
tendem a evoluir de um regime 
primitivo para um moderno nas 
taxas de natalidade e 
mortalidade. Assim, a leitura da 
dinâmica demográfica de uma 
sociedade pode trazer uma 
interpretação das condições 
socioeconômicas nela existentes. 
 
 
3ª fase: intensificação da cultura urbana na sociedade com aumento da escolarização e da 
participação feminina no mercado de trabalho. Queda na taxa de natalidade → desaceleração do 
crescimento demográfico. 
4ª fase: consolidação da sociedade pós-industrial com avanços nos direitos das mulheres (mudanças 
sociais incentivam o uso do anticoncepcional), maior concorrência no mercado de trabalho e 
elevação no custo de vida. Baixas taxas de fecundidade → envelhecimento demográfico. 
Característica de países desenvolvidos, como os europeus. 
Entre os séculos XVIII e XIX, o crescimento demográfico europeu alcançou seu ápice. Graças à 
expansão da produtividade de alimentos, melhorias sanitárias e avanços na medicina, houve uma 
queda da mortalidade. Todavia, a exploração do trabalho infantil e as restrições ao direito feminino 
pouco mudaram, mantendo as elevadas taxas de natalidade. 
No final do século XIX, a redução da natalidade inicia o processo de estabilização demográfica na 
Europa. Entre os fatores que influenciaram esse processo, podemos destacar: 
 Novas exigências por especialização da força de trabalho, elevando a escolarização e 
reduzindo o trabalho infantil; 
 Aumento do custo de vida da família; 
 Gradual aumento da participação feminina na sociedade; 
 Avanço de métodos contraceptivos. 
A partir da década de 1970, vários países desenvolvidos passaram a registrar grande redução da 
fecundidade e aumento na expectativa de vida, fenômeno conhecido como envelhecimento 
demográfico, caracterizado por um incremento populacional nulo ou negativo. 
Característica dos países não desenvolvidos (no caso de países subdesenvolvidos, esta não foi 
concluída ainda). 
A expansão capitalista pós 1950 desencadeou transformações de diferentes intensidades em vários 
países pobres. O êxodo rural foi estimulado pela ampliação das desigualdades no campo e pela 
rápida urbanização que estes sofreram. 
Mesmo que de forma desigual e insuficiente, os avanços técnicos chegaram até essas sociedades, 
provocando uma queda da taxa de mortalidade, entre os anos de 1960 e 1970 → início da transição 
demográfica e, consequentemente, explosão demográfica. 
 É nesse contexto em que surge a Teoria Neomalthusiana, pensada para os países em 
desenvolvimento, cuja industrialização e urbanização se intensificaram após a 2ª Guerra 
Mundial, acompanhadas de uma forte explosão demográfica. 
Segundo seus idealizadores, o intenso crescimento demográfico poderia prejudicar o 
desenvolvimento econômico desses países, considerando que o poder público aumentaria 
suas despesas com as crescentes demandas da população,deixando de investir em setores 
mais dinâmicos da economia. Tal teoria não reconhecia os papéis da distribuição de renda e 
do acesso à educação como causas das altas taxas de natalidade. 
A solução por eles proposta seria o controle da natalidade, voluntário ou compulsório por meio 
de políticas oficiais de desestímulo à fecundidade, como a oferta universal e difusão dos 
métodos contraceptivos, que estavam se popularizando na época. 
 Os reformistas desenvolvem uma teoria em resposta aos neomalthusianos, a Teoria Reformista. 
Segundo eles, não era o excessivo crescimento da população que poderia causar o 
subdesenvolvimento dos países. Ao contrário, era o subdesenvolvimento que determinava o 
elevado crescimento demográfico, entendendo que a redução da fecundidade só havia 
acontecido em países desenvolvidos, sendo diretamente influenciada pelo maior acesso à 
educação e pela elevação do padrão de vida da população, que havia se urbanizado 
quase que totalmente. 
Assim, reformas de base seriam a solução, melhorando o acesso à saúde e à educação, bem 
como a distribuição de renda dos países, criando condições para a população pensar e 
decidir o seu próprio planejamento familiar. 
Nas últimas décadas, o crescimento demográfico vem apresentando redução nesses países. A 
América Latina, por exemplo, é a região cuja população foi mais reduzida e alguns países 
encontram-se próximos à estabilidade demográfica. Por outro lado, países do mundo árabe e da 
África Subsaariana, por exemplo, mostram fraca redução do crescimento vegetativo, devido ao 
baixo desenvolvimento socioeconômico, predomínio de população rural e forte influência cultural-
religiosa sobre os direitos das mulheres, limitando o planejamento familiar. Apesar de o continente 
asiático apresentar redução em seu crescimento demográfico, a Índia apresentará a maior 
população do mundo na próxima década. 
Em alguns países, como a China, políticas de controle de natalidade são usadas como método de 
reduzir o crescimento demográfico, por meio de campanhas midiáticas, bonificações, legalização de 
abortos e incentivos a cirurgias contraceptivas. Apesar do seu sucesso, muitos criticam a política do 
filho único, alegando que esta limita a liberdade de escolha das pessoas, intensificando a 
desigualdade entre os gêneros. 
Aspectos culturais rurais tendem a valorizar mais o sexo masculino. Assim, a prática do aborto é mais 
frequente em casos de gravidez de meninas. Provoca-se, assim, um desequilíbrio na razão de 
masculinidade (comparação do número de homens com o de mulheres). 
Ao analisar as pirâmides etárias de diferentes países ou regiões, percebe-se uma grande 
heterogeneidade demográfica entre eles. 
 
 
 
O século XXI vem sendo caracterizado pela queda da fecundidade e aumento da expectativa de 
vida – envelhecimento demográfico. Desse modo, estabelecer planos e ações estatais direcionados 
aos diferentes estágios de vida são os atuais desafios. 
A redução da PEA e o aumento da PEI tende a reduzir o dinamismo econômico e elevar os gastos 
públicos, como nas áreas de previdência e saúde públicas. Assim, a valorização da população idosa, 
com o incremento nas políticas de saúde pública, acessibilidade urbana e previdenciária, é 
As elevadas taxas de fecundidade dos países 
subdesenvolvidos são exemplificadas na base larga da 
pirâmide etária, indicando alta participação da 
população jovem – fato que implica em investimentos 
em educação e saúde. O afunilamento nos grupos 
etários adulto e idoso evidencia a ineficiência do Estado 
nas políticas sociais e o baixo número de população 
em idade produtiva, o que limita o desenvolvimento 
econômico → países na 2ª fase do CV 
 
O envelhecimento demográfico, fenômeno que ocorre 
em vários países desenvolvidos e em alguns emergentes, é 
exemplificado a partir da redução de sua base, indicando 
uma queda da fecundidade – tendência comum em 
sociedades mais urbanizadas. Nesse contexto, muitos 
países europeus apresentam taxas inferiores às de 
reposição, causando preocupações quanto à 
substituição da atual força de trabalho. O alargamento 
da pirâmide nas faixas etárias superiores demonstra uma 
maior expectativa de vida, criando uma tendência de 
elevação da população idosa, que exigirá maiores gastos 
públicos → países no final da 3ª fase do CV (caso do Brasil) 
Alguns países, como os do antigo bloco socialista, enfrentam 
problemas decorrentes da transição econômica da década 
de 1990, a qual trouxe o colapso dos serviços públicos e 
reduziu a confiança da população na economia. Nesse 
contexto, várias famílias deixaram de ter filhos, devido às 
incertezas sociais e econômicas. A pirâmide econômica, 
inicialmente, passa a indicar o bônus demográfico, na qual a 
população adulta é predominante, trazendo dinamismo à 
economia e exigindo menores gastos sociais. Todavia, essa 
rápida queda da fecundidade ameaça a estabilidade do país 
nas próximas décadas, pois o envelhecimento demográfico 
será mais intenso, levando à falta de força e trabalho e ao 
aumento dos gastos públicos. 
 
fundamental para esse grupo etário e pode incentivar diversos setores da economia. Além disso, é 
preciso estimular novos investimentos destinados a atender essa população, como atividades de 
lazer e turismo. 
A tendência de queda na força de trabalho exigirá uma nova dinâmica na formação dos 
trabalhadores. Incorporar as novas tecnologias ao sistema educacional e proporcionar o incremento 
da produtividade serão fundamentais para compensar a queda da PEA. 
Alguns países da União Europeia e o Japão apresentam fatores limitantes para a retomada do 
crescimento econômico. Na tentativa de superá-los, ações políticas, como o inventivo à natalidade 
(a partir de benefícios sociais e fiscais aos pais), ou migratórias (a partir da flexibilização da entrada 
de trabalhadores estrangeiros no país) acabam gerando debates e resistência em diversos setores da 
sociedade: 
 As políticas de incentivo à natalidade são criticadas por exigirem longos prazos para surtirem 
efeitos e tendem a elevar os gastos públicos com os benefícios; 
 A flexibilização para a entrada de mão de obra estrangeira causa polêmicas relacionadas a 
grupos conservadores xenófobos. 
As áreas mais desenvolvidas do globo – América Anglo-Saxônica, Europa, Japão e Austrália – 
enfrentam os desafios do envelhecimento populacional e a possível perda de dinamismo econômico, 
apesar de concentrarem quase 80% do PIB mundial e dominarem a maior parte das novas 
tecnologias. Esses países são ameaçados pela perda do bem-estar social devido à estagnação 
econômica e ao desequilíbrio das contas públicas. 
Por outro lado, os países pobres – América Latina, África Subsaariana, Oriente Médio e Ásia – 
apresentam elevada concentração de jovens. Todavia, a falta de estabilidade política e recursos 
financeiros e tecnológicos limitam as possibilidades de usar a sua crescente força de trabalho para o 
desenvolvimento socioeconômico. Esses países, por sua vez, são palco de tensões sociais, ambientais 
e religiosas. Além disso, a PEA destes busca a entrada nas áreas de grande concentração de 
riquezas. Assim, as migrações internacionais evidenciam as desigualdades sociais e demográficas do 
mundo globalizado. 
Nas últimas décadas, houve uma intensa desaceleração do crescimento vegetativo, fazendo com 
que o país esteja cada vez mais próximo de concluir o processo de transição demográfica. 
A fase da pré-transição do crescimento vegetativo brasileiro durou até a década de 1930, quando a 
população ainda morava predominantemente no campo: 
 A mão de obra familiar sustentava a produção a produção agrícola de subsistência, 
característica do período (muitos filhos = mais braços para trabalhar → altos índices de 
natalidade); 
 Por outro lado, a precariedade das condições sanitárias do campo, associada à dificuldade 
de acesso à assistência médico-hospitalar, determinavamos altos índices de mortalidade. 
O processo de industrialização e urbanização brasileiro foi acompanhado pela intensificação do 
crescimento vegetativo entre as décadas de 1940 e 1970. Nesse período, a população brasileira 
atravessou a fase de transição da mortalidade, caracterizada pela explosão demográfica: 
 As melhores condições sanitárias nas cidades, a partir de serviços básicos, como o tratamento 
de água e esgoto e a coleta de lixo, influenciaram a imensa queda da taxa de mortalidade; 
 Os maiores avanços da medicina, como a vacinação, também foram importantes para a 
redução da mortalidade e elevação da expectativa de vida; 
 Entretanto, a taxa de natalidade ainda se manteve alta nesse período, dada a manutenção 
de tradições culturais do campo (casamentos precoces, combinados ao aumento da 
expectativa de vida e da idade fértil da mulher) e os poucos conhecimentos sobre métodos 
contraceptivos. 
O crescimento vegetativo brasileiro começou a se desacelerar no início da década de 1980, quando 
a maior parcela da população já morava nas cidades. O maior custo de vida, aliado ao aumento da 
participação da mulher no mercado de trabalho e, consequente adiamento dos casamentos e da 
maternidade, influenciaram diretamente a diminuição da média de filhos por mulher no Brasil. É nesse 
contexto também que houve uma maior difusão dos conhecimentos sobre os métodos 
contraceptivos. Além disso, no início da década de 1990, houve a implantação do SUS, o qual foi 
responsável pela melhoria do sistema público de saúde, tornando a medicina preventiva e a 
assistência médico-hospitalar mais acessíveis à população brasileira. 
Representa a composição da população de uma região segundo diferentes faixas de idade, 
classificadas em três grandes grupos: jovens (0 a 19 anos), adultos (20 a 59 anos) e idosos (após 60 
anos). O conhecimento da estrutura etária revela importantes características socioeconômicas de 
um país, auxiliando no planejamento de políticas públicas ao indicar quais segmentos devem ser 
priorizados. 
Analisando a evolução do crescimento vegetativo brasileiro, três grandes mudanças ocorreram nas 
últimas décadas, causando impactos diretos sobre sua estrutura etária. As taxas de fecundidade e 
mortalidade diminuíram e a expectativa de vida aumentou, determinando o envelhecimento 
populacional. 
 
 A queda da fecundidade diminuiu o número de jovens no país, que passou a apresentar uma 
população mais envelhecida, com o predomínio de adultos e um crescente contingente de 
idosos, em função da redução da mortalidade e do aumento da expectativa de vida; 
o O envelhecimento populacional estabelece profundas mudanças socioeconômicas. 
Inicialmente, o predomínio de adultos cria um “bônus” ou uma “janela demográfica” 
de oportunidades que pode alavancar a economia. 
▪ Os adultos representam a parcela da população economicamente ativa que 
estimula as atividades produtivas, além de pagar mais impostos e usar menos os 
serviços públicos associados à educação, saúde e aposentadoria, ao contrário 
dos jovens e idosos representantes da população economicamente inativa. 
▪ A baixa qualificação da mão de obra é um fator que dificulta o completo 
aproveitamento do bônus demográfico, considerando as maiores exigências 
laborais e a saturação do mercado de trabalho, com o crescimento do 
desemprego. A estimativa é de que o período de oportunidade demográfica 
acontecerá até o final da década de 2020, mas, em seguida, essa situação 
favorável poderá se inverter. 
o Com o avanço do envelhecimento populacional, haverá intenso crescimento da 
população idosa dependente do sistema de previdência social e, em contrapartida, 
diminuição da população economicamente ativa. Assim, a economia do país será 
bastante afetada com a menor arrecadação de impostos e a elevação de gastos 
com aposentadoria e saúde. 
 Compreende a mão de obra disponível para o setor produtivo, sendo dividida em dois grupos: 
população ocupada (pessoas que estão trabalhando no momento) e população desocupada 
(pessoas dispostas a trabalhar, mas que não conseguem se inserir no mercado de trabalho). 
Os setores econômicos são divididos por tipo de atividade econômica. 
 Setor primário: atividades vinculadas ao extrativismo e à agropecuária; 
 Setor secundário: indústrias de transformação e construção civil; 
 Setor terciário: prestações de serviços e atividades comerciais. 
A constante evolução tecnológica, que possibilitou a modernização da produção, intensificou a DIT. 
Com a modernização do campo, houve uma redução da PEA primária. Algumas regiões do mundo 
não desenvolvido passaram a integrar a economia global como grandes exportadoras de 
commodities, via expansão do plantation e do agronegócio, mudanças que aceleraram o êxodo 
rural. Sem capacidade de ofertar empregos para todos, as grandes cidades desses países passam 
por uma hipertrofia do terciário, no qual o aumento de atividades relacionadas aos serviços e 
comércio, vinculadas à informalidade, baixa remuneração e insalubridade, crescem sem controle. 
O predomínio da PEA terciária é típico de países urbanizados, como os EUA, Canadá, a União 
Europeia e o Japão. Esses apresentam o fenômeno da terciarização, segundo o qual há uma 
expansão da população ocupada no setor terciário. Nessas regiões, a sociedade urbana moderna 
trouxe melhorias na qualidade de vida, e novas necessidades ampliaram setores relacionado aos 
serviços e ao comércio. 
A redução da PEA secundária em países desenvolvidos está relacionada ao alto custo da força de 
trabalho associado aos avanços da Terceira Revolução Industrial, que incentivaram a robotização da 
produção e a desconcentração produtiva da indústria para áreas com menor custo produtivo. 
A terceirização, prática segundo a qual uma empresa ou pessoa física é contratada para a 
realização de serviços necessários dentro do processo produtivo, ampliou a dispersão de atividades 
industriais e, consequentemente, a PEA secundária para países menos desenvolvidos, com destaque 
para o Sudeste Asiático. Também é encontrada em serviços terciários relacionados à tecnologia de 
informação, como call centers e telemarketing, nos quais se destacam a Índia e o Paquistão. 
Essas mudanças observadas nas diferentes atividades econômicas provocaram a extinção de várias 
funções no mercado de trabalho, criando o desemprego estrutural. 
 Diferentemente, existe o desemprego conjuntural, no qual a redução das vagas de trabalho 
acontece devido a fatores econômicos ou ambientais momentâneos, como crises 
econômicas e secas prolongadas. 
 
 
 Situação: aumento da população de idosos e queda da PEA → envelhecimento demográfico; 
 Problema: aumento dos gastos sociais e perda de dinamismo no mercado de trabalho; 
 Medidas alternativas: políticas migratórias e aumento da produtividade dos trabalhadores 
para compensar a redução da força de trabalho como forma de elevar a arrecadação de 
impostos. 
 Situação: rápida redução da população jovem, crescente participação idosa e elevação da 
participação adulta; 
 Problema: absorver a mão de obra atual, já que a baixa capacitação da população, 
alinhada ao fraco dinamismo econômico, limita o aproveitamento da oportunidade de 
desenvolvimento 
 Medidas alternativas: investimentos no sistema educacional, de modo a capacitar a mão de 
obra. 
 Situação: altas taxas de fecundidade; 
 Problema: falta de serviços educacionais e de saúde e trabalho familiar; 
 Medidas alternativas: capacitação básica, de modo a melhorar as oportunidades no 
mercado de trabalho. 
A oferta da força de trabalho brasileira nos últimos anos tem sido afetada por três diferentes fatores: 
transição demográfica, aumento da escolaridade e participação feminina na PEA. Estes passaram a 
modificar a força produtiva nacional. Tais mudanças, relacionadas ao estoque de capital, afetam 
diretamente o nível de produtividade de uma economia e suacapacidade na geração de riquezas. 
Caracterizou-se pela expansão da PIA (População em Idade Ativa – 15 anos ou mais), que se dará 
até a década de 2020, trazendo o bônus demográfico. Após esse período, inicia-se a tendência de 
queda, que resultará no encolhimento da força de trabalho e possível ônus demográfico, com gastos 
sociais mais elevados e menor arrecadação de impostos. 
A transição demográfica também proporcionou uma maior participação da população idosa no 
mercado de trabalho, graças à redução da mortalidade. 
A qualificação da mão de obra é fundamental para melhorar a competitividade da economia 
brasileira dentro da globalização, atraindo novos investimentos e incrementando a arrecadação de 
impostos. Entretanto, o Brasil apresenta um elevado índice de exclusão digital de seus trabalhadores 
que não possuem capacitação adequada para incorporar as novas tecnologias na rotina de 
trabalho. 
Contraditoriamente, apesar do aumento da escolaridade, em 2009, apenas 50,9% dos jovens entre 15 
e 17 anos estavam matriculados no ensino médio ou técnico (taxa de escolarização líquida – 
proporção da população que está no nível escolar adequado à sua idade). Esses dados evidenciam 
a baixa influência que o sistema educacional exerce na formação do cidadão-trabalhador, fazendo 
com que as novas habilidades exigidas no mundo do trabalho para maximizar a produtividade ficam 
distantes, dificultando a conquista de emprego e facilitando a exploração do trabalho, a 
informalidade do emprego e a hipertrofia do terciário. 
Além disso, a posição do Brasil no PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) 
evidencia a ineficiência do sistema educacional brasileiro em comparação com os outros países. 
A PEA brasileira apresenta desde 1970 um incremento da participação feminina, justificado pelo 
aumento do custo de vida com a urbanização, que exigiu um complemento da renda familiar, pelo 
aumento da escolaridade feminina e pela mudança do papel social da mulher. 
Entretanto, a participação masculina ainda é 20% maior, evidenciando o elevado potencial para o 
incremento na força de trabalho via inclusão da mulher no emprego formal. Além disso, a 
remuneração feminina em relação à masculina no mercado de trabalho é menor, indicando a maior 
exploração do trabalho feminino. 
 Apesar de o Brasil apresentar números positivos em escolaridade feminina, a elevada taxa de 
fecundidade na adolescência dificulta a frequência escolar e a entrada no mercado de 
trabalho. 
Mesmo apresentando participação crescente na PEA, a evolução do setor terciário no Brasil entre as 
décadas de 1950 e 1980 foi pouco expressivo no incremento do PIB, pois os serviços são pouco 
especializados, geralmente relacionados a atividades tradicionais como comércio e atividades 
essenciais ao cotidiano. 
A urbanização é considerada a principal causa para o crescimento do terciário. Nas áreas urbanas, 
novas necessidades sociais e econômicas surgem, como sistemas de saúde, educação, 
administração pública, serviços financeiros, logísticos etc. 
A reestruturação econômica e a modernização da economia nacional a partir dos anos 1990 
aumentaram o dinamismo econômico e trouxeram uma reorganização do espaço produtivo 
brasileiro, estimulando a diversificação das atividades econômicas. A terciarização da economia está 
associada à robotização da indústria, à capitalização do campo e à interdependência que as 
atividades terciárias criaram junto à indústria e à agropecuária. Portanto, o crescimento das 
diferentes macrorregiões influencia a desconcentração econômica nacional e tende a ampliar o 
setor de comércios e serviços, não apenas nos estados com grandes regiões metropolitanas, mas 
também em polos do agronegócio e em áreas de expansão industrial. 
Dentre os setores terciários que mais se destacam, temos: tecnologia da informação, comunicação, 
financeiro, logística e comércio. Esse cenário se explica pela busca de maior agilidade e flexibilização 
da produção que a globalização exige. Assim, a maior necessidade, acompanhada da 
modernização de serviços, permitiu o barateamento em escala e a difusão dessas atividades em 
todas as regiões brasileiras, em diferentes classes sociais e nos setores primário e secundário. 
 
As desigualdades do espaço econômico nacional foram ampliadas com o processo de 
industrialização centrado no estado de São Paulo, a partir da década de 1960. Por consequência, o 
processo de urbanoindustrialização centrado no Sudeste possibilitou o incremento da PEA secundária 
e terciária dessa região. 
Entretanto, a saturação econômica das metrópoles do Sudeste influenciou a desconcentração 
industrial e possibilitou o crescimento industrial pós década de 1970, principalmente na Zona Franca 
de Manaus e nas regiões metropolitanas do Nordeste e do Sul, diversificando a distribuição da PEA 
nesses locais. Por outro lado, com a expansão das fronteiras agropecuárias nas regiões Centro-Oeste, 
Nordeste e Norte, as novas necessidades econômicas e sociais incentivaram um processo de 
urbanização e industrialização integradas e dependentes das atividades agropecuárias. 
Migrações são fluxos espontâneos de pessoas de maneira permanente ou episódica; nacionais ou 
internacionais; legais ou ilegais. As regiões emigrantes do globo apresentam, normalmente, fatores 
repulsivos e as regiões imigrantes, fatores atrativos. 
Entre eles, destacam-se o relevo, as condições climáticas, características do solo, disponibilidade de 
água etc.; 
Para lembrar: locais inabitáveis são denominados anecúmenos. 
Nesse contexto, algumas localidades, antes propícias à habitação, podem ser deterioradas, 
forçando a saída de sua população, a partir de catástrofes naturais, como ciclones, erupções 
vulcânicas ou terremotos. 
Conflitos étnicos-religiosos ou político-ideológicos também são responsáveis por criar grandes fluxos 
emigratórios em diferentes regiões do mundo. Atualmente, esses deslocamentos ganham mais 
notoriedade nos países da África Subsaariana e nas nações do mundo árabe que foram 
instabilizadas pela Primavera Árabe em 2011, criando regiões repulsivas de população com grandes 
contingentes de emigrantes e refugiados. É importante destacar que a maioria dos refugiados muitas 
vezes se deslocam para países próximos, visto que não dispõem de recursos financeiros. Estes, muitas 
vezes, permanecem em acampamentos temporários, construídos com o básico para a 
sobrevivência, conhecidos como campos de refugiados. Teoricamente, esses espaços servem para 
abrigar a população refugiada até que possam retornar ao seu país de origem. Todavia, em muitos 
casos, não há uma perspectiva de volta e, geralmente, os refugiados não são bem-vindos nos países 
sedes dos campos, permanecendo nos campos para que sua entrada no território nacional seja 
evitada. 
Muitas regiões são incapazes de absorver toda a força de trabalho existente, além e não ofertar 
serviços sociais e remuneração satisfatória às necessidades da população. Nesse contexto, o destino 
buscado por esses imigrantes são regiões com maior nível de desenvolvimento socioeconômico, ou 
seja, com melhores condições para emprego e busca de capitais. 
Parte da renda conquistada pelo trabalho dos imigrantes nos países receptores é enviada ao seu país 
natal (remessa financeira), a qual têm forte participação em sua economia. Esses montantes tendem 
a variar com a flutuação do câmbio. 
 Grandes Navegações (século XV-XVII): entrada de diversos europeus na África, na Ásia e na 
América, além da migração compulsória de africanos par as Américas (tráfico negreiro); 
 Século XIX: a modernização do campo europeu levou a um intenso êxodo rural. A elevação 
do excedente populacional urbano, aliado à industrialização (que aumentou a desigualdade 
nas cidades), estimulou o fluxo migratório do continente, especialmente em direção aos EUA; 
o A expansão territorial dos EUA e o rápido crescimento econômico transformaramo país 
no maior centro imigratório mundial. Esse fluxo imigratório só vai diminuir na década de 
1930, após a crise de 1920, voltando a crescer no pós-guerra. 
 Pós Segunda Guerra Mundial: a independência das colônias afro-asiáticas formou Estados 
incapazes de garantir condições dignas de vida para seus cidadãos, caracterizando-se como 
áreas repulsivas de população. Simultaneamente, o processo de reconstrução das potências 
europeias e do Japão criou a necessidade de mão de obra barata para estes países; 
o Os imigrantes provenientes da África, atraídos por empregos nos setores industriais, da 
construção civil e nas atividades terciárias de menor remuneração, passaram a 
compor uma força de trabalho barata e com baixa qualificação para a Europa; 
o No caso dos EUA, a imigração proveniente da América Latina e Ásia foi predominante; 
o Nesse período, os imigrantes foram aceitos como força produtiva, mas a fraca 
integração social e cultural com a população local levará ao processo de 
segregação. 
 Década de 1970: a instabilidade econômica que as economias capitalistas atravessaram 
levou à adoção de políticas neoliberais, como cortes em investimentos sociais, os quais vão 
reduzir a qualidade de vida e a oferta de empregos nesses países. 
o A Terceira Revolução Industrial vai intensificar a robotização/automação dos setores 
secundários e terciários, reduzindo a necessidade de trabalhadores; 
o A produção em rede vai dispersar as atividades produtivas para países com menor 
custo de produção, estimulando a desconcentração industrial e o fluxo de pessoas 
entre nações desenvolvidas; 
o Nos países menos desenvolvidos, a modernização agrária e urbanoindustrial também 
aumentou o desemprego e as desigualdades, aumentando as migrações para o 
mundo desenvolvido. 
Como visto, a globalização foi ampliada pelos avanços técnicos nos sistemas de transporte e 
telecomunicações, viabilizando, assim, a maior integração dos espaços e incentivando um maior 
intercâmbio de informações, mercadorias e capitais pelas fronteiras nacionais. 
Apesar disso, os fluxos migratórios enfrentam crescente barreiras, além da questão linguística e 
cultura. Nos últimos anos, houve um aumento das barreiras jurídicas e físicas em países com altas 
taxas de imigração. Fomentados pelo medo de alterações na cultura nacional e pela xenofobia, 
diversos grupos radicais buscam relacionar os problemas econômicos do país com a entrada de 
estrangeiros, possibilitando o fortalecimento político daqueles que defendem medidas restritivas aos 
imigrantes. Dessa forma, novas barreiras físicas são criadas nas fronteiras para impedir a entrada de 
estrangeiros, assim como aumentam a fiscalização e as exigências para a liberação de vistos aos 
imigrantes. 
A complexa integração entre os países europeus incentivou a assinatura do Acordo de Schengen, em 
1985. Por meio deste, os Estados signatários passaram a adotar regras e procedimentos cooperativos 
que regulam a liberação de vistos, pedidos de asilos e controle das fronteiras externas. 
Simultaneamente, houve a eliminação das fronteiras internas para circulação de pessoas entre os 
países membros, dando origem ao chamado Espaço Schengen. 
Além disso, também foi criado um sistema de troca de informações policiais e jurídicas, chamado de 
Sistema de Informação Schengen (SIS). O SIS é uma base de dados sofisticada que permite o 
intercâmbio de dados entre as autoridades dos países signatários do acordo. 
Para lembrar: durante a pandemia, os países signatários do Acordo de Schengen reforçaram suas 
fronteiras internas como forma de conter o fluxo de pessoas, intensificando a quarentena. 
Desde 2011, a Primavera Árabe trouxe instabilidade a vários países do mundo árabe. Estas, por sua 
vez, criaram terreno fértil para a proliferação de grupos extremistas que patrocinam guerras civis, 
ideologias anti-Ocidente, perseguições políticas e étnico-religiosas. Essas tensões, somadas aos 
problemas ambientais, políticos e econômicos existentes no continente africano, colaboraram para a 
formação da maior crise imigratória de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial. 
Os principais centros dispersores são o Oriente Médio, Chifre da África e Golfo da Guiné. Esses 
refugiados percorrem rotas até a Turquia ou norte da África, áreas próximas da Europa. Quando em 
continente europeu, os países banhados pelo mar Mediterrâneo (Grécia, Itália, França e Espanha) se 
tornam a porta de entrada desse refugiados, que pretendem atravessar a Europa e chegar aos 
membros mais desenvolvidos do Espaço Schengen. 
Nesse contexto, visões mais conservadoras são propagadas pelo continente europeu, refletindo na 
tomada de medidas que buscam ampliar o controla jurídico e policial no Espaço Schengen, as quais 
resultam em uma redução das liberdades de circulação entre fronteiras e a expansão da xenofobia.

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