Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
É a ciência que estuda as dinâmicas humanas, como a distribuição espacial da população, seu crescimento, seus fluxos migratórios e suas estruturas étnica, etária, ativa etc. Assim, a demografia revela importantes características socioeconômicas que podem auxiliar o planejamento estratégico dos países. A população mundial presenta distribuição bastante desigual nos diferentes continentes. A Ásia concentra a maior população absoluta (número total de habitantes) e a maior densidade demográfica (população total dividida pela área) do mundo. Enquanto a Ásia e a África são os continentes mais populosos (elevada população absoluta) e povoados (elevada densidade demográfica), existem vazios demográficos (áreas extensas pouco habitadas) na Terra, como a Oceania e a Antártica, cuja ocupação humana é permitida apenas para fins científicos. No entanto, mesmo no interior dos continentes mais populosos existem vazios demográficos, como o Himalaia e o Saara. Assim, diversas teorias foram elaboradas com o intuito de explicar como o desenvolvimento demográfico pode ser associado ao desenvolvimento socioeconômico dos países, como a Teoria de Malthus, a Teoria Neomalthusiana e a Teoria Reformista. = – Ao estudar o crescimento demográfico, os fluxos migratórios não são considerados. Assim, a dinâmica desse crescimento se restringe às variações nas taxas de natalidade e mortalidade. Para analisar essas variações, deve-se considerar dois conceitos: Taxa de fecundidade: número de nascidos em determinado período de tempo dividido pelo número de mulheres em idade reprodutiva (entre 15 e 49 anos); Taxa de reposição demográfica: número que, igual a 2,1 filhos por mulher, garante a renovação da população; inferior, garante a redução da população; superior, o aumento. o 2 filhos repõem a mortalidade dos pais e a fração 0,1 compensa a mortalidade das pessoas que não alcançaram a idade fértil. A variação do crescimento de uma população se relaciona à influência de vários fatores: Avanços técnicos (os quais o acesso é facilitado em sociedades com melhores condições socioeconômicas e menores índices de desigualdade): o Avanços na área da medicina, a difusão de hábitos de higiene e a estruturação de sistemas sanitários permitem a redução das taxas de mortalidade por doenças; o Evolução das técnicas agrícolas permitiu uma maior produção alimentar em diversas regiões do mundo; o Métodos anticoncepcionais tornaram o planejamento familiar mais eficiente. Aspectos socioculturais: o Estruturas sociais baseadas no trabalho familiar tendem a apresentar maiores taxas de fecundidade (em sociedades rurais, por exemplo, o elevado número de filhos é visto como maior quantidade de mão de obra); o A maior participação da mulher no mercado de trabalho contribui para a queda da fecundidade. Ações políticas: o Políticas antinatalidade, como a legalização do aborto, incentivo ao uso de métodos contraceptivos e campanhas publicitárias buscam reduzir o crescimento populacional; o Políticas de incentivo à natalidade passaram a ser incrementadas em países desenvolvidos com baixas taxas de fecundidade. 1ª fase: sociedade pouco urbanizada com restrições aos avanços técnicos (ausência de saneamento básico, por exemplo) e força de trabalho familiar. Apresentam altas taxas de natalidade e mortalidade → baixo crescimento demográfico. 2ª fase: urbanização facilita o acesso da sociedade aos avanços técnicos, não havendo muitas mudanças na estrutura familiar. Redução nas taxas de mortalidade → aumento do crescimento demográfico. O economista Thomas Malthus realizou importantes observações sobre como o crescimento demográfico poderia afetar o desenvolvimento socioeconômico dos países, estabelecendo as bases para a formulação de sua famosa teoria, a Teoria de Malthus. Ao analisar as transformações demográficas provocadas pela industrialização e urbanização no início do século XIX, destacou que a população estava crescendo muito rapidamente, em ritmo de progressão geométrica, enquanto a capacidade de produção alimentar crescia mais lentamente, em ritmo de progressão aritmética (uma vez que os avanços tecnológicos só chegam às cidades e não à zona rural → a produção não aumentava muito), podendo gerar uma crise de abastecimento com sérios prejuízos à sociedade e à economia, como a disseminação da fome e miséria e, até mesmo, a eclosão de guerras entre os países. Entretanto, Malthus não levou em conta que a pobreza e a fome eram produtos sociais, e não naturais. Influenciado pela religião anglicana, Malthus acreditava que o celibato e a abstinência sexual desacelerariam o ritmo de crescimento da população, evitando tais prejuízos. Todavia, a produção alimentar superou o crescimento demográfico após os avanços das tecnologias agrícolas e, o problema da fome, persistente na atualidade, passou a ser relacionada a complexas questões políticas e econômicas que dificultam o acesso da população aos alimentos. Compreende que os países tendem a evoluir de um regime primitivo para um moderno nas taxas de natalidade e mortalidade. Assim, a leitura da dinâmica demográfica de uma sociedade pode trazer uma interpretação das condições socioeconômicas nela existentes. 3ª fase: intensificação da cultura urbana na sociedade com aumento da escolarização e da participação feminina no mercado de trabalho. Queda na taxa de natalidade → desaceleração do crescimento demográfico. 4ª fase: consolidação da sociedade pós-industrial com avanços nos direitos das mulheres (mudanças sociais incentivam o uso do anticoncepcional), maior concorrência no mercado de trabalho e elevação no custo de vida. Baixas taxas de fecundidade → envelhecimento demográfico. Característica de países desenvolvidos, como os europeus. Entre os séculos XVIII e XIX, o crescimento demográfico europeu alcançou seu ápice. Graças à expansão da produtividade de alimentos, melhorias sanitárias e avanços na medicina, houve uma queda da mortalidade. Todavia, a exploração do trabalho infantil e as restrições ao direito feminino pouco mudaram, mantendo as elevadas taxas de natalidade. No final do século XIX, a redução da natalidade inicia o processo de estabilização demográfica na Europa. Entre os fatores que influenciaram esse processo, podemos destacar: Novas exigências por especialização da força de trabalho, elevando a escolarização e reduzindo o trabalho infantil; Aumento do custo de vida da família; Gradual aumento da participação feminina na sociedade; Avanço de métodos contraceptivos. A partir da década de 1970, vários países desenvolvidos passaram a registrar grande redução da fecundidade e aumento na expectativa de vida, fenômeno conhecido como envelhecimento demográfico, caracterizado por um incremento populacional nulo ou negativo. Característica dos países não desenvolvidos (no caso de países subdesenvolvidos, esta não foi concluída ainda). A expansão capitalista pós 1950 desencadeou transformações de diferentes intensidades em vários países pobres. O êxodo rural foi estimulado pela ampliação das desigualdades no campo e pela rápida urbanização que estes sofreram. Mesmo que de forma desigual e insuficiente, os avanços técnicos chegaram até essas sociedades, provocando uma queda da taxa de mortalidade, entre os anos de 1960 e 1970 → início da transição demográfica e, consequentemente, explosão demográfica. É nesse contexto em que surge a Teoria Neomalthusiana, pensada para os países em desenvolvimento, cuja industrialização e urbanização se intensificaram após a 2ª Guerra Mundial, acompanhadas de uma forte explosão demográfica. Segundo seus idealizadores, o intenso crescimento demográfico poderia prejudicar o desenvolvimento econômico desses países, considerando que o poder público aumentaria suas despesas com as crescentes demandas da população,deixando de investir em setores mais dinâmicos da economia. Tal teoria não reconhecia os papéis da distribuição de renda e do acesso à educação como causas das altas taxas de natalidade. A solução por eles proposta seria o controle da natalidade, voluntário ou compulsório por meio de políticas oficiais de desestímulo à fecundidade, como a oferta universal e difusão dos métodos contraceptivos, que estavam se popularizando na época. Os reformistas desenvolvem uma teoria em resposta aos neomalthusianos, a Teoria Reformista. Segundo eles, não era o excessivo crescimento da população que poderia causar o subdesenvolvimento dos países. Ao contrário, era o subdesenvolvimento que determinava o elevado crescimento demográfico, entendendo que a redução da fecundidade só havia acontecido em países desenvolvidos, sendo diretamente influenciada pelo maior acesso à educação e pela elevação do padrão de vida da população, que havia se urbanizado quase que totalmente. Assim, reformas de base seriam a solução, melhorando o acesso à saúde e à educação, bem como a distribuição de renda dos países, criando condições para a população pensar e decidir o seu próprio planejamento familiar. Nas últimas décadas, o crescimento demográfico vem apresentando redução nesses países. A América Latina, por exemplo, é a região cuja população foi mais reduzida e alguns países encontram-se próximos à estabilidade demográfica. Por outro lado, países do mundo árabe e da África Subsaariana, por exemplo, mostram fraca redução do crescimento vegetativo, devido ao baixo desenvolvimento socioeconômico, predomínio de população rural e forte influência cultural- religiosa sobre os direitos das mulheres, limitando o planejamento familiar. Apesar de o continente asiático apresentar redução em seu crescimento demográfico, a Índia apresentará a maior população do mundo na próxima década. Em alguns países, como a China, políticas de controle de natalidade são usadas como método de reduzir o crescimento demográfico, por meio de campanhas midiáticas, bonificações, legalização de abortos e incentivos a cirurgias contraceptivas. Apesar do seu sucesso, muitos criticam a política do filho único, alegando que esta limita a liberdade de escolha das pessoas, intensificando a desigualdade entre os gêneros. Aspectos culturais rurais tendem a valorizar mais o sexo masculino. Assim, a prática do aborto é mais frequente em casos de gravidez de meninas. Provoca-se, assim, um desequilíbrio na razão de masculinidade (comparação do número de homens com o de mulheres). Ao analisar as pirâmides etárias de diferentes países ou regiões, percebe-se uma grande heterogeneidade demográfica entre eles. O século XXI vem sendo caracterizado pela queda da fecundidade e aumento da expectativa de vida – envelhecimento demográfico. Desse modo, estabelecer planos e ações estatais direcionados aos diferentes estágios de vida são os atuais desafios. A redução da PEA e o aumento da PEI tende a reduzir o dinamismo econômico e elevar os gastos públicos, como nas áreas de previdência e saúde públicas. Assim, a valorização da população idosa, com o incremento nas políticas de saúde pública, acessibilidade urbana e previdenciária, é As elevadas taxas de fecundidade dos países subdesenvolvidos são exemplificadas na base larga da pirâmide etária, indicando alta participação da população jovem – fato que implica em investimentos em educação e saúde. O afunilamento nos grupos etários adulto e idoso evidencia a ineficiência do Estado nas políticas sociais e o baixo número de população em idade produtiva, o que limita o desenvolvimento econômico → países na 2ª fase do CV O envelhecimento demográfico, fenômeno que ocorre em vários países desenvolvidos e em alguns emergentes, é exemplificado a partir da redução de sua base, indicando uma queda da fecundidade – tendência comum em sociedades mais urbanizadas. Nesse contexto, muitos países europeus apresentam taxas inferiores às de reposição, causando preocupações quanto à substituição da atual força de trabalho. O alargamento da pirâmide nas faixas etárias superiores demonstra uma maior expectativa de vida, criando uma tendência de elevação da população idosa, que exigirá maiores gastos públicos → países no final da 3ª fase do CV (caso do Brasil) Alguns países, como os do antigo bloco socialista, enfrentam problemas decorrentes da transição econômica da década de 1990, a qual trouxe o colapso dos serviços públicos e reduziu a confiança da população na economia. Nesse contexto, várias famílias deixaram de ter filhos, devido às incertezas sociais e econômicas. A pirâmide econômica, inicialmente, passa a indicar o bônus demográfico, na qual a população adulta é predominante, trazendo dinamismo à economia e exigindo menores gastos sociais. Todavia, essa rápida queda da fecundidade ameaça a estabilidade do país nas próximas décadas, pois o envelhecimento demográfico será mais intenso, levando à falta de força e trabalho e ao aumento dos gastos públicos. fundamental para esse grupo etário e pode incentivar diversos setores da economia. Além disso, é preciso estimular novos investimentos destinados a atender essa população, como atividades de lazer e turismo. A tendência de queda na força de trabalho exigirá uma nova dinâmica na formação dos trabalhadores. Incorporar as novas tecnologias ao sistema educacional e proporcionar o incremento da produtividade serão fundamentais para compensar a queda da PEA. Alguns países da União Europeia e o Japão apresentam fatores limitantes para a retomada do crescimento econômico. Na tentativa de superá-los, ações políticas, como o inventivo à natalidade (a partir de benefícios sociais e fiscais aos pais), ou migratórias (a partir da flexibilização da entrada de trabalhadores estrangeiros no país) acabam gerando debates e resistência em diversos setores da sociedade: As políticas de incentivo à natalidade são criticadas por exigirem longos prazos para surtirem efeitos e tendem a elevar os gastos públicos com os benefícios; A flexibilização para a entrada de mão de obra estrangeira causa polêmicas relacionadas a grupos conservadores xenófobos. As áreas mais desenvolvidas do globo – América Anglo-Saxônica, Europa, Japão e Austrália – enfrentam os desafios do envelhecimento populacional e a possível perda de dinamismo econômico, apesar de concentrarem quase 80% do PIB mundial e dominarem a maior parte das novas tecnologias. Esses países são ameaçados pela perda do bem-estar social devido à estagnação econômica e ao desequilíbrio das contas públicas. Por outro lado, os países pobres – América Latina, África Subsaariana, Oriente Médio e Ásia – apresentam elevada concentração de jovens. Todavia, a falta de estabilidade política e recursos financeiros e tecnológicos limitam as possibilidades de usar a sua crescente força de trabalho para o desenvolvimento socioeconômico. Esses países, por sua vez, são palco de tensões sociais, ambientais e religiosas. Além disso, a PEA destes busca a entrada nas áreas de grande concentração de riquezas. Assim, as migrações internacionais evidenciam as desigualdades sociais e demográficas do mundo globalizado. Nas últimas décadas, houve uma intensa desaceleração do crescimento vegetativo, fazendo com que o país esteja cada vez mais próximo de concluir o processo de transição demográfica. A fase da pré-transição do crescimento vegetativo brasileiro durou até a década de 1930, quando a população ainda morava predominantemente no campo: A mão de obra familiar sustentava a produção a produção agrícola de subsistência, característica do período (muitos filhos = mais braços para trabalhar → altos índices de natalidade); Por outro lado, a precariedade das condições sanitárias do campo, associada à dificuldade de acesso à assistência médico-hospitalar, determinavamos altos índices de mortalidade. O processo de industrialização e urbanização brasileiro foi acompanhado pela intensificação do crescimento vegetativo entre as décadas de 1940 e 1970. Nesse período, a população brasileira atravessou a fase de transição da mortalidade, caracterizada pela explosão demográfica: As melhores condições sanitárias nas cidades, a partir de serviços básicos, como o tratamento de água e esgoto e a coleta de lixo, influenciaram a imensa queda da taxa de mortalidade; Os maiores avanços da medicina, como a vacinação, também foram importantes para a redução da mortalidade e elevação da expectativa de vida; Entretanto, a taxa de natalidade ainda se manteve alta nesse período, dada a manutenção de tradições culturais do campo (casamentos precoces, combinados ao aumento da expectativa de vida e da idade fértil da mulher) e os poucos conhecimentos sobre métodos contraceptivos. O crescimento vegetativo brasileiro começou a se desacelerar no início da década de 1980, quando a maior parcela da população já morava nas cidades. O maior custo de vida, aliado ao aumento da participação da mulher no mercado de trabalho e, consequente adiamento dos casamentos e da maternidade, influenciaram diretamente a diminuição da média de filhos por mulher no Brasil. É nesse contexto também que houve uma maior difusão dos conhecimentos sobre os métodos contraceptivos. Além disso, no início da década de 1990, houve a implantação do SUS, o qual foi responsável pela melhoria do sistema público de saúde, tornando a medicina preventiva e a assistência médico-hospitalar mais acessíveis à população brasileira. Representa a composição da população de uma região segundo diferentes faixas de idade, classificadas em três grandes grupos: jovens (0 a 19 anos), adultos (20 a 59 anos) e idosos (após 60 anos). O conhecimento da estrutura etária revela importantes características socioeconômicas de um país, auxiliando no planejamento de políticas públicas ao indicar quais segmentos devem ser priorizados. Analisando a evolução do crescimento vegetativo brasileiro, três grandes mudanças ocorreram nas últimas décadas, causando impactos diretos sobre sua estrutura etária. As taxas de fecundidade e mortalidade diminuíram e a expectativa de vida aumentou, determinando o envelhecimento populacional. A queda da fecundidade diminuiu o número de jovens no país, que passou a apresentar uma população mais envelhecida, com o predomínio de adultos e um crescente contingente de idosos, em função da redução da mortalidade e do aumento da expectativa de vida; o O envelhecimento populacional estabelece profundas mudanças socioeconômicas. Inicialmente, o predomínio de adultos cria um “bônus” ou uma “janela demográfica” de oportunidades que pode alavancar a economia. ▪ Os adultos representam a parcela da população economicamente ativa que estimula as atividades produtivas, além de pagar mais impostos e usar menos os serviços públicos associados à educação, saúde e aposentadoria, ao contrário dos jovens e idosos representantes da população economicamente inativa. ▪ A baixa qualificação da mão de obra é um fator que dificulta o completo aproveitamento do bônus demográfico, considerando as maiores exigências laborais e a saturação do mercado de trabalho, com o crescimento do desemprego. A estimativa é de que o período de oportunidade demográfica acontecerá até o final da década de 2020, mas, em seguida, essa situação favorável poderá se inverter. o Com o avanço do envelhecimento populacional, haverá intenso crescimento da população idosa dependente do sistema de previdência social e, em contrapartida, diminuição da população economicamente ativa. Assim, a economia do país será bastante afetada com a menor arrecadação de impostos e a elevação de gastos com aposentadoria e saúde. Compreende a mão de obra disponível para o setor produtivo, sendo dividida em dois grupos: população ocupada (pessoas que estão trabalhando no momento) e população desocupada (pessoas dispostas a trabalhar, mas que não conseguem se inserir no mercado de trabalho). Os setores econômicos são divididos por tipo de atividade econômica. Setor primário: atividades vinculadas ao extrativismo e à agropecuária; Setor secundário: indústrias de transformação e construção civil; Setor terciário: prestações de serviços e atividades comerciais. A constante evolução tecnológica, que possibilitou a modernização da produção, intensificou a DIT. Com a modernização do campo, houve uma redução da PEA primária. Algumas regiões do mundo não desenvolvido passaram a integrar a economia global como grandes exportadoras de commodities, via expansão do plantation e do agronegócio, mudanças que aceleraram o êxodo rural. Sem capacidade de ofertar empregos para todos, as grandes cidades desses países passam por uma hipertrofia do terciário, no qual o aumento de atividades relacionadas aos serviços e comércio, vinculadas à informalidade, baixa remuneração e insalubridade, crescem sem controle. O predomínio da PEA terciária é típico de países urbanizados, como os EUA, Canadá, a União Europeia e o Japão. Esses apresentam o fenômeno da terciarização, segundo o qual há uma expansão da população ocupada no setor terciário. Nessas regiões, a sociedade urbana moderna trouxe melhorias na qualidade de vida, e novas necessidades ampliaram setores relacionado aos serviços e ao comércio. A redução da PEA secundária em países desenvolvidos está relacionada ao alto custo da força de trabalho associado aos avanços da Terceira Revolução Industrial, que incentivaram a robotização da produção e a desconcentração produtiva da indústria para áreas com menor custo produtivo. A terceirização, prática segundo a qual uma empresa ou pessoa física é contratada para a realização de serviços necessários dentro do processo produtivo, ampliou a dispersão de atividades industriais e, consequentemente, a PEA secundária para países menos desenvolvidos, com destaque para o Sudeste Asiático. Também é encontrada em serviços terciários relacionados à tecnologia de informação, como call centers e telemarketing, nos quais se destacam a Índia e o Paquistão. Essas mudanças observadas nas diferentes atividades econômicas provocaram a extinção de várias funções no mercado de trabalho, criando o desemprego estrutural. Diferentemente, existe o desemprego conjuntural, no qual a redução das vagas de trabalho acontece devido a fatores econômicos ou ambientais momentâneos, como crises econômicas e secas prolongadas. Situação: aumento da população de idosos e queda da PEA → envelhecimento demográfico; Problema: aumento dos gastos sociais e perda de dinamismo no mercado de trabalho; Medidas alternativas: políticas migratórias e aumento da produtividade dos trabalhadores para compensar a redução da força de trabalho como forma de elevar a arrecadação de impostos. Situação: rápida redução da população jovem, crescente participação idosa e elevação da participação adulta; Problema: absorver a mão de obra atual, já que a baixa capacitação da população, alinhada ao fraco dinamismo econômico, limita o aproveitamento da oportunidade de desenvolvimento Medidas alternativas: investimentos no sistema educacional, de modo a capacitar a mão de obra. Situação: altas taxas de fecundidade; Problema: falta de serviços educacionais e de saúde e trabalho familiar; Medidas alternativas: capacitação básica, de modo a melhorar as oportunidades no mercado de trabalho. A oferta da força de trabalho brasileira nos últimos anos tem sido afetada por três diferentes fatores: transição demográfica, aumento da escolaridade e participação feminina na PEA. Estes passaram a modificar a força produtiva nacional. Tais mudanças, relacionadas ao estoque de capital, afetam diretamente o nível de produtividade de uma economia e suacapacidade na geração de riquezas. Caracterizou-se pela expansão da PIA (População em Idade Ativa – 15 anos ou mais), que se dará até a década de 2020, trazendo o bônus demográfico. Após esse período, inicia-se a tendência de queda, que resultará no encolhimento da força de trabalho e possível ônus demográfico, com gastos sociais mais elevados e menor arrecadação de impostos. A transição demográfica também proporcionou uma maior participação da população idosa no mercado de trabalho, graças à redução da mortalidade. A qualificação da mão de obra é fundamental para melhorar a competitividade da economia brasileira dentro da globalização, atraindo novos investimentos e incrementando a arrecadação de impostos. Entretanto, o Brasil apresenta um elevado índice de exclusão digital de seus trabalhadores que não possuem capacitação adequada para incorporar as novas tecnologias na rotina de trabalho. Contraditoriamente, apesar do aumento da escolaridade, em 2009, apenas 50,9% dos jovens entre 15 e 17 anos estavam matriculados no ensino médio ou técnico (taxa de escolarização líquida – proporção da população que está no nível escolar adequado à sua idade). Esses dados evidenciam a baixa influência que o sistema educacional exerce na formação do cidadão-trabalhador, fazendo com que as novas habilidades exigidas no mundo do trabalho para maximizar a produtividade ficam distantes, dificultando a conquista de emprego e facilitando a exploração do trabalho, a informalidade do emprego e a hipertrofia do terciário. Além disso, a posição do Brasil no PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) evidencia a ineficiência do sistema educacional brasileiro em comparação com os outros países. A PEA brasileira apresenta desde 1970 um incremento da participação feminina, justificado pelo aumento do custo de vida com a urbanização, que exigiu um complemento da renda familiar, pelo aumento da escolaridade feminina e pela mudança do papel social da mulher. Entretanto, a participação masculina ainda é 20% maior, evidenciando o elevado potencial para o incremento na força de trabalho via inclusão da mulher no emprego formal. Além disso, a remuneração feminina em relação à masculina no mercado de trabalho é menor, indicando a maior exploração do trabalho feminino. Apesar de o Brasil apresentar números positivos em escolaridade feminina, a elevada taxa de fecundidade na adolescência dificulta a frequência escolar e a entrada no mercado de trabalho. Mesmo apresentando participação crescente na PEA, a evolução do setor terciário no Brasil entre as décadas de 1950 e 1980 foi pouco expressivo no incremento do PIB, pois os serviços são pouco especializados, geralmente relacionados a atividades tradicionais como comércio e atividades essenciais ao cotidiano. A urbanização é considerada a principal causa para o crescimento do terciário. Nas áreas urbanas, novas necessidades sociais e econômicas surgem, como sistemas de saúde, educação, administração pública, serviços financeiros, logísticos etc. A reestruturação econômica e a modernização da economia nacional a partir dos anos 1990 aumentaram o dinamismo econômico e trouxeram uma reorganização do espaço produtivo brasileiro, estimulando a diversificação das atividades econômicas. A terciarização da economia está associada à robotização da indústria, à capitalização do campo e à interdependência que as atividades terciárias criaram junto à indústria e à agropecuária. Portanto, o crescimento das diferentes macrorregiões influencia a desconcentração econômica nacional e tende a ampliar o setor de comércios e serviços, não apenas nos estados com grandes regiões metropolitanas, mas também em polos do agronegócio e em áreas de expansão industrial. Dentre os setores terciários que mais se destacam, temos: tecnologia da informação, comunicação, financeiro, logística e comércio. Esse cenário se explica pela busca de maior agilidade e flexibilização da produção que a globalização exige. Assim, a maior necessidade, acompanhada da modernização de serviços, permitiu o barateamento em escala e a difusão dessas atividades em todas as regiões brasileiras, em diferentes classes sociais e nos setores primário e secundário. As desigualdades do espaço econômico nacional foram ampliadas com o processo de industrialização centrado no estado de São Paulo, a partir da década de 1960. Por consequência, o processo de urbanoindustrialização centrado no Sudeste possibilitou o incremento da PEA secundária e terciária dessa região. Entretanto, a saturação econômica das metrópoles do Sudeste influenciou a desconcentração industrial e possibilitou o crescimento industrial pós década de 1970, principalmente na Zona Franca de Manaus e nas regiões metropolitanas do Nordeste e do Sul, diversificando a distribuição da PEA nesses locais. Por outro lado, com a expansão das fronteiras agropecuárias nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte, as novas necessidades econômicas e sociais incentivaram um processo de urbanização e industrialização integradas e dependentes das atividades agropecuárias. Migrações são fluxos espontâneos de pessoas de maneira permanente ou episódica; nacionais ou internacionais; legais ou ilegais. As regiões emigrantes do globo apresentam, normalmente, fatores repulsivos e as regiões imigrantes, fatores atrativos. Entre eles, destacam-se o relevo, as condições climáticas, características do solo, disponibilidade de água etc.; Para lembrar: locais inabitáveis são denominados anecúmenos. Nesse contexto, algumas localidades, antes propícias à habitação, podem ser deterioradas, forçando a saída de sua população, a partir de catástrofes naturais, como ciclones, erupções vulcânicas ou terremotos. Conflitos étnicos-religiosos ou político-ideológicos também são responsáveis por criar grandes fluxos emigratórios em diferentes regiões do mundo. Atualmente, esses deslocamentos ganham mais notoriedade nos países da África Subsaariana e nas nações do mundo árabe que foram instabilizadas pela Primavera Árabe em 2011, criando regiões repulsivas de população com grandes contingentes de emigrantes e refugiados. É importante destacar que a maioria dos refugiados muitas vezes se deslocam para países próximos, visto que não dispõem de recursos financeiros. Estes, muitas vezes, permanecem em acampamentos temporários, construídos com o básico para a sobrevivência, conhecidos como campos de refugiados. Teoricamente, esses espaços servem para abrigar a população refugiada até que possam retornar ao seu país de origem. Todavia, em muitos casos, não há uma perspectiva de volta e, geralmente, os refugiados não são bem-vindos nos países sedes dos campos, permanecendo nos campos para que sua entrada no território nacional seja evitada. Muitas regiões são incapazes de absorver toda a força de trabalho existente, além e não ofertar serviços sociais e remuneração satisfatória às necessidades da população. Nesse contexto, o destino buscado por esses imigrantes são regiões com maior nível de desenvolvimento socioeconômico, ou seja, com melhores condições para emprego e busca de capitais. Parte da renda conquistada pelo trabalho dos imigrantes nos países receptores é enviada ao seu país natal (remessa financeira), a qual têm forte participação em sua economia. Esses montantes tendem a variar com a flutuação do câmbio. Grandes Navegações (século XV-XVII): entrada de diversos europeus na África, na Ásia e na América, além da migração compulsória de africanos par as Américas (tráfico negreiro); Século XIX: a modernização do campo europeu levou a um intenso êxodo rural. A elevação do excedente populacional urbano, aliado à industrialização (que aumentou a desigualdade nas cidades), estimulou o fluxo migratório do continente, especialmente em direção aos EUA; o A expansão territorial dos EUA e o rápido crescimento econômico transformaramo país no maior centro imigratório mundial. Esse fluxo imigratório só vai diminuir na década de 1930, após a crise de 1920, voltando a crescer no pós-guerra. Pós Segunda Guerra Mundial: a independência das colônias afro-asiáticas formou Estados incapazes de garantir condições dignas de vida para seus cidadãos, caracterizando-se como áreas repulsivas de população. Simultaneamente, o processo de reconstrução das potências europeias e do Japão criou a necessidade de mão de obra barata para estes países; o Os imigrantes provenientes da África, atraídos por empregos nos setores industriais, da construção civil e nas atividades terciárias de menor remuneração, passaram a compor uma força de trabalho barata e com baixa qualificação para a Europa; o No caso dos EUA, a imigração proveniente da América Latina e Ásia foi predominante; o Nesse período, os imigrantes foram aceitos como força produtiva, mas a fraca integração social e cultural com a população local levará ao processo de segregação. Década de 1970: a instabilidade econômica que as economias capitalistas atravessaram levou à adoção de políticas neoliberais, como cortes em investimentos sociais, os quais vão reduzir a qualidade de vida e a oferta de empregos nesses países. o A Terceira Revolução Industrial vai intensificar a robotização/automação dos setores secundários e terciários, reduzindo a necessidade de trabalhadores; o A produção em rede vai dispersar as atividades produtivas para países com menor custo de produção, estimulando a desconcentração industrial e o fluxo de pessoas entre nações desenvolvidas; o Nos países menos desenvolvidos, a modernização agrária e urbanoindustrial também aumentou o desemprego e as desigualdades, aumentando as migrações para o mundo desenvolvido. Como visto, a globalização foi ampliada pelos avanços técnicos nos sistemas de transporte e telecomunicações, viabilizando, assim, a maior integração dos espaços e incentivando um maior intercâmbio de informações, mercadorias e capitais pelas fronteiras nacionais. Apesar disso, os fluxos migratórios enfrentam crescente barreiras, além da questão linguística e cultura. Nos últimos anos, houve um aumento das barreiras jurídicas e físicas em países com altas taxas de imigração. Fomentados pelo medo de alterações na cultura nacional e pela xenofobia, diversos grupos radicais buscam relacionar os problemas econômicos do país com a entrada de estrangeiros, possibilitando o fortalecimento político daqueles que defendem medidas restritivas aos imigrantes. Dessa forma, novas barreiras físicas são criadas nas fronteiras para impedir a entrada de estrangeiros, assim como aumentam a fiscalização e as exigências para a liberação de vistos aos imigrantes. A complexa integração entre os países europeus incentivou a assinatura do Acordo de Schengen, em 1985. Por meio deste, os Estados signatários passaram a adotar regras e procedimentos cooperativos que regulam a liberação de vistos, pedidos de asilos e controle das fronteiras externas. Simultaneamente, houve a eliminação das fronteiras internas para circulação de pessoas entre os países membros, dando origem ao chamado Espaço Schengen. Além disso, também foi criado um sistema de troca de informações policiais e jurídicas, chamado de Sistema de Informação Schengen (SIS). O SIS é uma base de dados sofisticada que permite o intercâmbio de dados entre as autoridades dos países signatários do acordo. Para lembrar: durante a pandemia, os países signatários do Acordo de Schengen reforçaram suas fronteiras internas como forma de conter o fluxo de pessoas, intensificando a quarentena. Desde 2011, a Primavera Árabe trouxe instabilidade a vários países do mundo árabe. Estas, por sua vez, criaram terreno fértil para a proliferação de grupos extremistas que patrocinam guerras civis, ideologias anti-Ocidente, perseguições políticas e étnico-religiosas. Essas tensões, somadas aos problemas ambientais, políticos e econômicos existentes no continente africano, colaboraram para a formação da maior crise imigratória de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial. Os principais centros dispersores são o Oriente Médio, Chifre da África e Golfo da Guiné. Esses refugiados percorrem rotas até a Turquia ou norte da África, áreas próximas da Europa. Quando em continente europeu, os países banhados pelo mar Mediterrâneo (Grécia, Itália, França e Espanha) se tornam a porta de entrada desse refugiados, que pretendem atravessar a Europa e chegar aos membros mais desenvolvidos do Espaço Schengen. Nesse contexto, visões mais conservadoras são propagadas pelo continente europeu, refletindo na tomada de medidas que buscam ampliar o controla jurídico e policial no Espaço Schengen, as quais resultam em uma redução das liberdades de circulação entre fronteiras e a expansão da xenofobia.
Compartilhar