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TESTE DE FUNÇÃO HEPÁTICA E HIPERBILIRRUBINEMIAS METABOLISMO DA BILIRRUBINA • O metabolismo da bilirrubina pode ser subdividido em captação, armazenamento, conjugação e secreção hepática, na qual se encontram enzimas cujas atividades podem ser alteradas causando processos patogênicos; • A bilirrubina é o produto final da decomposição do heme. • A ruptura das hemácias libera a hemoglobina, que é fagocitada de imediato pelos macrófagos em muitas partes do organismo, especialmente pelas células de Kupffer, no fígado, e pelos macrófagos no baço e na medula óssea; • É captada pelo sistema retículo-endotelial, sendo transformada a sua hemoglobina pela heme-oxigenase em biliverdina, monóxido de carbono e ferro. A biliverdina-redutase converte a biliverdina em bilirrubina livre, sendo gradualmente liberada dos macrófagos para o plasma; • Essa bilirrubina é lipossolúvel e apolar, podendo ligar-se à albumina e sua fração livre atravessar a barreira hematoencefálica. A bilirrubina livre atravessa facilmente a barreira hematoencefálica, sendo potencialmente tóxica para o tecido nervoso; • A bilirrubina ligada às proteínas plasmáticas é denominada “livre” (indireta), a fim de distinguir-se da forma conjugada. A bilirrubina livre, quando chega ao fígado, é recolhida pelos hepatócitos por meio de sistemas proteicos, transportadores de membrana (proteínas X e Y), num processo chamado captação; • A bilirrubina conjugada é transportada como complexo lipídico-micelar até o duodeno através do ducto biliar principal, sendo desconjugada e reduzida no cólon por ação das glicuronidases bacterianas, formando os urobilinogênios; • Essas moléculas são excretadas nas fezes, em sua maioria, e pequena parte é reabsorvida através da mucosa intestinal e volta ao fígado pelo sistema porta, constituindo o ciclo entero- hepático da bilirrubina • cerca de 5% são excretados na urina pelos rins; • A ligação forte da bilirrubina não conjugada com a albumina plasmática e o estabelecimento de interações fracas com os sais biliares, micelas mistas e vesículas lipídicas tornam-se sua excreção renal limitada, razão pela qual é eliminada, sobretudo pelo fígado. BILIRRUBINA SÉRICA • A fração não conjugada, também denominada fração indireta, é insolúvel na água e está ligada à albumina no sangue. • A fração da bilirrubina conjugada (direta) é hidrossolúvel, podendo, portanto, ser excretada pelos rins; • Os valores normais de bilirrubina sérica total são relatados entre 1,0 e 1,5 mg/Dl; • Ictericia clinica é maior que 3 mg/ dL; • A elevação da fração da bilirrubina não conjugada raramente se deve à doença hepática. A elevação isolada da bilirrubina não conjugada é observada principalmente em distúrbios hemolíticos, bem como em várias doenças genéticas como as síndromes de Crigler-Najjar e de Gilbert; • Em contrapartida, hiperbilirrubinemia conjugada significa quase sempre doença do fígado ou do trato biliar. A etapa limitante da taxa de metabolismo da bilirrubina não é sua conjugação, mas sim o transporte da bilirrubina conjugada para dentro dos canalículos biliares. • Por essa razão, a elevação da fraçãomconjugada pode ocorrer com qualquer tipo de doença hepática, inclusive insuficiência hepática fulminante. • Na maioria das doenças hepáticas, as frações conjugada e não conjugada da bilirrubina tendem a estar elevadas; • qualquer bilirrubina encontrada na urina é representada por bilirrubina conjugada; a presença de bilirrubinúria implica a presença de doença hepática. ENZIMAS SÉRICAS • Enzimas que refletem lesão dos hepatócitos: o aminotransferases (transaminases) são indicadores sensíveis de lesão das células hepáticas e são extremamente úteis para detectar doenças hepatocelulares agudas como a hepatite ▪ aspartato-aminotransferase (AST): encontrada no fígado, miocárdio, músculo esquelético, rins, cérebro, pâncreas, pulmões, leucócitos e hemácias, em ordem decrescente de concentração; ▪ alaninaaminotransferase (ALT): encontrada principalmente no fígado e, portanto, é um indicador mais específico de lesão hepática; ▪ As aminotransferases estão presentes normalmente no soro em baixas concentrações. Essas enzimas são liberadas e lançadas no sangue em maiores quantidades quando há algum dano à membrana das células hepáticas, resultando em maior permeabilidade. ▪ não há relação entre o grau da lesão nos hepatócitos e o nível das aminotransferases; ▪ As faixas normais das aminotransferases variam amplamente entre os laboratórios, porém em geral são de 10 a 40 UI/L. ▪ Elevações notáveis – isto é, aminotransferases > 1.000 UI/L – ocorrem quase exclusivamente em distúrbios associados à lesão hepatocelular extensiva, como (1) hepatite viral, (2) lesão hepática isquêmica (hipotensão prolongada ou insuficiência cardíaca aguda) ou (3) lesão hepática induzida por toxinas ou por fármacos; ▪ as aminotransferases não estão acentuadamente elevadas nos pacientes com icterícia obstrutiva. Há uma exceção notável durante a fase aguda da obstrução biliar causada pela passagem de um cálculo biliar no ducto colédoco. Nessas circunstâncias, por um curto período, as aminotransferases podem ficar entre 1.000 e 2.000 UI/L. Entretanto, os níveis das aminotransferases diminuem rapidamente e os exames bioquímicos evoluem de imediato para os valores típicos de colestase. • Enzimas que refletem colestase: o fosfatase alcalina, 5ʹ-nucleotidase e gama-glutamiltranspeptidase (GGTP) em geral se mostram elevadas na colestase; o A fosfatase alcalina e a 5ʹ-nucleotidase são encontradas dentro ou perto da membrana dos canalículos biliares dos hepatócitos, enquanto a GGTP fica localizada no retículo endoplasmático e nas células epiteliais dos ductos biliares. o Refletindo sua localização mais difusa no fígado, a elevação da GGTP no soro é menos específica para colestase que as elevações da fosfatase alcalina ou 5ʹ- nucleotidase; o A elevação da fosfatase alcalina proveniente do fígado não é totalmente específica de colestase e elevações menores que três vezes podem ocorrer com quase qualquer tipo de doença hepática. o Elevações da fosfatase alcalina acima de quatro vezes o valor normal ocorrem principalmente em pacientes com distúrbios hepáticos colestáticos, doenças hepáticas infiltrativas (p. ex., câncer e amiloidose) e com distúrbios ósseos caracterizados por turnover ósseo acelerado (p. ex., doença de Paget); o Na ausência de icterícia ou aminotransferases elevadas, a fosfatase alcalina elevada de origem hepática sugere com frequência, porém nem sempre, colestase em fase inicial e, ainda menos comumente, infiltração hepática por tumor ou granulomas. ▪ Outras condições que causam elevações isoladas da fosfatase alcalina incluem doença de Hodgkin, diabetes melito, hipertireoidismo, insuficiência cardíaca congestiva, amiloidose e doença inflamatória intestinal. ▪ O nível de elevação da fosfatase alcalina sérica não ajuda a diferenciar entre colestase intra-hepática e extra-hepática. • Enzimas que medem função de biossíntese do fígado o Albumina sérica: é sintetizada exclusivamente pelos hepatócitos. A albumina sérica tem meia-vida longa: 18 a 20 dias. Devido a essa renovação lenta, a albumina sérica não é um indicador confiável de disfunção hepática aguda ou leve; ▪ A hipoalbuminemia é mais comum nos distúrbios hepáticos crônicos como a cirrose, e reflete habitualmente um dano hepático acentuado e síntese diminuída de albumina. Uma exceção é representada pelo paciente com ascite, no qual a síntese pode ser normal ou mesmo aumentada, porém cujos níveis são baixos em razão do maior volume de distribuição; ▪ A hipoalbuminemia não é específica de doença hepática. • Globulinas séricas o As γ-globulinas mostram-se aumentadas na doença hepática crônica, como hepatite crônica e cirrose. o Na cirrose, a maior concentraçãosérica de γ-globulina é decorrente da maior síntese de anticorpos, alguns dos quais dirigidos contra as bactérias intestinais. Isso ocorre porque o fígado cirrótico é incapaz de eliminar os antígenos bacterianos que normalmente alcançam o fígado a partir da circulação hepática; o Aumentos policlonais difusos nos níveis das IgG são comuns na hepatite autoimune; o ocorrência de elevações dos níveis de IgM na cirrose biliar primária; o Aumentos dos níveis de IgA na doença hepática alcoólica. • Fatores de coagulação o Com exceção do fator VIII, que é produzido pelas células endoteliais vasculares os fatores da coagulação sanguínea são produzidos exclusivamente nos hepatócitos; o A meia-vida sérica desses fatores é muito mais curta que a da albumina; o as dosagens dos fatores da coagulaçãoconstituem a melhor medida aguda isolada da função da síntese hepática, além de serem úteis tanto para o diagnóstico quanto para determinar o prognóstico da doença hepática aguda do parênquima. o tempo de protrombina sérico, que mede coletivamente os fatores II, V, VII e X. A biossíntese dos fatores II, VII, IX e X depende da vitamina K. A razão normalizada internacional (INR, de international normalized ratio) é utilizada para expressar o grau de anticoagulação durante o tratamento com varfarina. o INR padroniza a medida do tempo de protrombina; o O tempo de protrombina pode estar elevado na hepatite e na cirrose, assim como nos distúrbios que resultam em deficiência de vitamina K, como a icterícia obstrutiva ou má absorção de gorduras de qualquer tipo. o A INR, juntamente com a bilirrubina sérica total e a creatinina, constitui um dos componentes do escore MELD, que é utilizado como medida de descompensação hepática e para alocar órgãos para transplante de fígado. OUTROS EXAMES DIAGNÓSTICOS • Amônia: o produzida no corpo durante o metabolismo normal das proteínas e pelas bactérias intestinais, principalmente as que habitam o intestino grosso. O fígado desempenha um importante papel na destoxificação da amônia por transformá-la em ureia, que é excretada pelos rins. o Pacientes com doença hepática avançada geralmente têm atrofia muscular significativa, que provavelmente contribui para a hiperamoniemia; o A amônia pode estar elevada nos pacientes com hipertensão portal grave e desvio do sangue portal ao redor do fígado, mesmo na presença de função hepática normal ou quase normal. • Biopsia hepática o um procedimento seguro que pode ser realizado facilmente à beira do leito, com anestesia local e orientação da ultrassonografia. o A biópsia do fígado tem valor comprovado nas seguintes situações: (1) doença hepatocelular de causa desconhecida; (2) hepatite prolongada com possibilidade de hepatite autoimune; (3) hepatomegalia inexplicável; (4) esplenomegalia inexplicável; (5) lesões hepáticas não caracterizadas na imagem radiológica; (6) febre de origem obscura; e (7) estadiamento de linfoma maligno. A biópsia de fígado é mais confiável nos distúrbios que causam alterações difusas em todo o órgão, mas está sujeita a erros de amostragem nas doenças focais. o A biópsia do fígado não deve ser o procedimento inicial no diagnóstico de colestase; o As contraindicações para realização de biópsia hepática percutânea consistem em ascite significativa e INR prolongada. Nessas circunstâncias, a biópsia pode ser realizada por abordagem transjugular. • Ultrassonografia o primeiro exame diagnóstico a ser utilizado em pacientes cujos testes hepáticos sugerem colestase para pesquisar a existência de dilatação da árvore biliar intra- hepática ou extra-hepática, ou identificar a presença de cálculos biliares. o esse exame demonstra a existência de lesões expansivas dentro do fígado, permite ao clínico estabelecer a diferença entre massas císticas e sólidas, bem como ajuda a orientar as biópsias percutâneas. o A ultrassonografia com Doppler (ecodoppler) consegue avaliar a permeabilidade da veia porta, artéria hepática e veias hepáticas, assim como determinar a direção do fluxo sanguíneo. DISTURBIOS DO METABOLISMO DA BILIRRUBINA QUE CAUSAM HIPERBILIRRUBINEMIA NÃO CONJUGADA • Hemólise: o Por destruição aumentada das hemácias; o Em particular, apenas a medula óssea é capaz de produzir um aumento persistente de oito vezes na produção de hemácias em resposta a um estresse hemolítico. Por isso, a hemólise isolada não pode causar hiperbilirrubinemia persistentemente acima de cerca de 68 μmol/L (4 mg/dL). o Na presença de doença sistêmica, que pode incluir certo grau de disfunção hepática, a hemólise pode produzir um componente de hiperbilirrubinemia conjugada, além da concentração alta de bilirrubina não conjugada. o A hemólise prolongada pode resultar na precipitação dos sais de bilirrubina dentro da vesícula biliar ou árvore biliar, resultando na formação de cálculos biliares nos quais a bilirrubina, em vez do colesterol, representa o principal componente. • Eritropoiese ineficaz o Em vários distúrbios, incluindo talassemia major, anemias megaloblásticas causadas pela deficiência de folato ou vitamina B12, porfiria eritropoiética congênita, intoxicação por chumbo e várias anemias diseritropoiéticas congênitas e adquiridas, a fração da produção total de bilirrubina derivada da eritropoiese ineficaz está aumentada, alcançando até 70% do total. Isso pode ser suficiente para produzir graus modestos de hiperbilirrubinemia não conjugada. DEPURAÇÃO HEPATICA DIMINUIDA DA BILIRRUBINA • Captação hepática reduzida: o captação hepática reduzida de bilirrubina contribua para a hiperbilirrubinemia não conjugada da síndrome de Gilbert (SG); o fármacos, incluindo ácido flavaspídico, novobiocina e rifampicina, bem como vários contrastes colecistográficos, inibem a captação da bilirrubina. A hiperbilirrubinemia não conjugada resultante regride com a suspensão do fármaco. • Conjugação comprometida: o ICTERÍCIA NEONATAL FISIOLÓGICA: A bilirrubina produzida pelo feto é depurada pela placenta e eliminada pelo fígado materno. Imediatamente depois do nascimento, o fígado neonatal deve assumir a responsabilidade pela depuração e excreção da bilirrubina. ▪ Muitos processos fisiológicos hepáticos ainda não estão completamente desenvolvidos ao nascimento. Os níveis de UGT1A1 estão baixos e as vias excretórias alternativas permitem a passagem da bilirrubina não conjugada para dentro do trato gastrintestinal. Levando em conta que ainda não ocorreu o desenvolvimento apropriado da flora que transforma a bilirrubina em urobilinogênio, instala-se um ciclo de circulação êntero-hepática da bilirrubina não conjugada. Como consequência, a maioria dos recém-nascidos desenvolve hiperbilirrubinemia não conjugada leve entre o 2º e 5º dias depois do nascimento. ▪ a bilirrubina atravessa a barreira hematencefálica imatura e sofre precipitação nos núcleos da base, bem como em outras áreas do cérebro. As consequências variam de déficits neurológicos consideráveis até a morte. As opções terapêuticas consistem em fototerapia, que transforma a bilirrubina em fotoisômeros hidrossolúveis excretados diretamente na bile, e exsanguinotransfusão. o FALHAS DA CONJUGAÇÃO ADQUIRIDAS Pode haver redução moderada da capacidade de conjugação da bilirrubina nos pacientes com hepatite ou cirrose avançada. ▪ Vários fármacos (p. ex., pregnanodiol, novobiocina, cloranfenicol, gentamicina e atazanavir) podem causar hiperbilirrubinemia não conjugada por inibição da atividade da UGT1A1. DEFEITOS HEREDITÁRIOS NA CONJUGAÇÃO DA BILIRRUBINA • Sindrome de Crigler-Najjar tipo I (CN-I) o por hiperbilirrubinemia não conjugada marcante (cerca de 340-765 μmol/L [20- 45 mg/dL]), que se manifesta no período neonatal e persiste por toda a vida. o Outros testes bioquímicos hepáticos convencionais, como os níveis séricos de aminotransferases e fosfatase alcalina, são normaise não há indícios de hemólise. o A histologia hepática também é essencialmente normal, com exceção da presença ocasional de tampões biliares dentro dos canalículos. o Os glicuronídeos de bilirrubina estão praticamente ausentes da bile e não há qualquer expressão constitutiva detectável de atividade da UGT1A1 no tecido hepático. A atividade da UGT1A1 e a concentração sérica de bilirrubina não respondem à administração de fenobarbital ou outros indutores enzimáticos. A bilirrubina não conjugada acumula-se no plasma, de onde é eliminada muito lentamente por vias metabólicas alternativas, inclusive sua entrada direta na bile e no intestino delgado, possivelmente por meio de fotoisômeros de bilirrubina. o Isso explica a quantidade pequena de urobilinogênio detectado nas fezes. o Nenhuma bilirrubina é encontrada na urina; o o transplante isolado de hepatócitos tenha sido usado em um pequeno número de casos de CN-I, mas o transplante de fígado precoce ainda oferece as melhores chances de evitar lesão cerebral. • Sindrome de Crigler- Najjar tipo II (CN-II): o bilirrubinemia não conjugada acentuada, sem anormalidades de outros exames bioquímicos hepáticos convencionais, histologia hepática ou hemólise; o Diferença entre CN- II e CN-I: ▪ (1) Embora exista sobreposição considerável, as concentrações médias de bilirrubina são menores na CN-II; ▪ (2) por essa razão, a CN-II está associada apenas raramente à icterícia nuclear; ▪ (3) a bile tem cor intensa e os glicuronídeos de bilirrubina estão presentes com aumento típico e marcante da porcentagem de monoglicuronídeos; ▪ (4) a UGT1A1 hepática geralmente está presente em níveis reduzidos (nos casos típicos, ≤ 10% do normal); ▪ (5) embora seja detectada classicamente na lactância, em alguns casos a hiperbilirrubinemia somente foi detectada em anos subsequentes e, em um paciente, aos 34 anos de idade. Como acontece com a CN-I, a maioria dos casos de CN-II apresenta anormalidades da conjugação de outros compostos como salicilamida e mentol, porém em alguns casos a falha parece limitar-se à bilirrubina. o tratamento com fenobarbital é amplamente recomendado e, com frequência, é suficiente uma dose única ao deitar para manter as concentrações séricas de bilirrubina clinicamente seguras. • Sindrome de Gilbert o hiperbilirrubinemia não conjugada leve, valores normais nos exames bioquímicos padronizados da função hepática e histologia hepática normal, com exceção de aumento moderado do pigmento lipofucsina em alguns pacientes; o Na maioria dos casos, as concentrações séricas de bilirrubina são inferiores a 51 μmol/L (3 mg/dL); o A administração de fenobarbital normaliza a concentração sérica de bilirrubina e sua depuração hepática; entretanto, a ausência de aumento da atividade da UGT1A1 em muitos desses casos sugere a possível coexistência uma anomalia adicional. DISTURBIOS DO METABOLISMO DA BILIRRUBINA QUE CAUSAM HIPERBILIRRUBINEMIA MISTA OU PREDOMINANTEMENTE CONJUGADA Defeitos familiares da função excretora hepratica: • Sindrome de Dubin- Johnson o Hiperbilirrubinemia predominantemente conjugada leve; o As concentrações totais de bilirrubina oscilam entre 34 e 85 μmol/L (2-5 mg/dL); o O nível de hiperbilirrubinemia pode aumentar com enfermidade intercorrente, uso de anticoncepcionais orais e gravidez. o Além dos níveis séricos elevados de bilirrubina, os outros exames laboratoriais de rotina são normais. O exame físico costuma ser normal, com exceção da icterícia, embora alguns pacientes possam ter hepatoesplenomegalia; o Os pacientes com SDJ geralmente são assintomáticos, mas alguns podem ter sintomas constitucionais vagos. o Nas mulheres, a condição pode ser subclínica até que a paciente engravide ou use anticoncepcionais orais, quando então a hiperbilirrubinemia laboratorial transforma-se em icterícia franca. • Sindrome de Rotor o distúrbio autossômico recessivo benigno é clinicamente semelhante à SDJ, no entanto é diagnosticado com frequência ainda menor. o A diferença fenotípica principal é que o fígado dos pacientes com síndrome de Rotor não tem pigmentação aumentada e tem aspecto totalmente normal. o A única anormalidade dos exames laboratoriais de rotina consiste na elevação da bilirrubina sérica total, atribuída a um aumento predominante da bilirrubina conjugada. Isso é acompanhado de bilirrubinúria. o Na síndrome de Rotor, a vesícula biliar costuma ser visualizada na colecistografia oral, em contrapartida à impossibilidade de demonstrar esse órgão nos pacientes com SDJ. O padrão da excreção urinária da coproporfirina também difere; o a excreção urinária total de coproporfirina aumenta substancialmente na síndrome de Rotor, diferentemente dos níveis normais observados na SDJ. o a excreção urinária total de coproporfirina aumenta substancialmente na síndrome de Rotor, diferentemente dos níveis normais observados na SDJ. • Colestase intra-hepatica recorrente benigna (CIRB) o episódios recorrentes de prurido e icterícia. O episódio típico começa com ligeiro mal- estar e elevações dos níveis séricos das aminotransferases, seguidas rapidamente de aumentos da fosfatase alcalina e bilirrubina conjugada com desenvolvimento de icterícia e prurido. o O primeiro ou os dois episódios iniciais podem ser diagnosticados erroneamente como hepatite viral aguda. alcalina. o O distúrbio é familiar e tem padrão hereditário autossômico recessivo. o A CIRB é considerada um distúrbio benigno porque não evolui para cirrose nem hepatopatia terminal. No entanto, os episódios de icterícia e prurido podem ser prolongados e debilitantes, e alguns pacientes são submetidos a transplante de fígado para aliviar os sintomas refratários e incapacitantes. O tratamento durante os episódios colestáticos é sintomático; não existe tratamento específico para evitar ou reduzir a ocorrência destes episódios • Colestase intra-hepática familiar progressiva (CIEP) o A CIFP tipo 1 (doença de Byler) evidencia-se na lactância por uma colestase que inicialmente pode ser episódica. Contudo, ao contrário da CIRB, a doença de Byler progride para desnutrição, retardo do crescimento e hepatopatia terminal durante a infância. o A CIFP tipo 2 está associada a uma mutação da proteína originalmente denominada irmã da P-glicoproteína, atualmente conhecida com a proteína excretora de sais biliares, que é o principal exportador canalicular biliar de sais biliares. o A CIFP tipo 3 foi associada a uma mutação da MDR3, uma proteína essencial à excreção hepatocelular normal dos fosfolipídeos através do canalículo biliar. Embora todos os três tipos de CIFP tenham fenótipos clínicos semelhantes, apenas o tipo 3 está associado a níveis séricos elevados de atividade da gamaglutamiltransferase (GGT). o Em contrapartida, a atividade dessa enzima está normal ou apenas ligeiramente elevada na CIRB sintomática e na CIFP tipos 1 e 2.
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