Buscar

Nota Técnica 05 - 2010

Prévia do material em texto

Ministério da Saúde 
Secretaria de Vigilância em Saúde 
Departamento de Vigilância Epidemiológica 
Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações 
SCS Quadra 4, Bloco A, Edifício Principal – 4º andar 
Brasília/DF, CEP: 70.304-000 
Tel. (061) 3213-8297 
 
 
NOTA TÉCNICA Nº 05/2010/CGPNI/DEVEP/SVS/MS 
 
Assunto: Recomendação da Vacina Febre Amarela VFA (atenuada) em mulheres que 
estão amamentando 
 
A Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações – CGPNI e o Comitê Técnico 
Assessor em Imunização – CTAI, em virtude da possível transmissão do vírus vacinal pelo leite 
materno registrada no Rio Grande do Sul, fazem as seguintes considerações e recomendações: 
 
1. A Vacina Febre Amarela - VFA (atenuada) é uma das mais antigas utilizadas no mundo. 
A vacinação é seguida de viremia com início em torno de 3 a 6 dias e duração de 1 a 5 dias na 
maioria dos indivíduos vacinados após a primeira dose da vacina. 
2. A vacina é bem tolerada, mas podem ocorrer eventos adversos associados à sua 
aplicação. Entre 2 e 7 dias após a vacinação cerca de 2% a 5% das pessoas podem apresentar 
sintomatologia leve, como mialgia, mal-estar, dor de cabeça e febre, com duração de 1 a 3 dias. 
3. Apesar de serem raros, eventos adversos graves (EAG) e até mesmo fatais, têm sido 
observados e a sua causa ainda não está esclarecida. Entretanto, admite-se que fatores de 
predisposição individual, embora desconhecidos, estejam relacionados, pois não se encontraram 
mutações no vírus vacinal ou problemas ligados à qualidade das vacinas. 
4. Com o aumento do uso da vacina na re-emergência do vírus da febre amarela em 
2007, o Sistema de Informações de Vigilância de Eventos Adversos Pós-vacinais (SI-EAPV), 
registrou um aumento de EAG associados à VFA. Diante deste fato, a Secretaria de Vigilância 
em Saúde (SVS) reuniu o grupo assessor para eventos adversos pós-vacinais (EAPV) para 
analisar os casos registrados. Essa análise resultou no estudo e classificação de 112 casos 
compatíveis com as seguintes síndromes clínicas: 94 com doença viscerotrópica aguda (DVA) e 
18 como doença neurotrópica aguda (DNA) e doença neurológica auto-imune (DAA). Dentre os 
casos neurológicos confirmados, dois foram classificados como provável transmissão do vírus 
 
 Nota Técnica CGPNI/MS 
2 
vacinal pelo aleitamento materno em recém nascidos de amamentação exclusiva, após a 
administração da VFA (atenuada) em suas mães. 
5. Visando o esclarecimento deste fato epidemiológico novo e desconhecido nos meios 
científicos, o Ministério da Saúde através da CGPNI juntamente com a Secretaria de Estado da 
Saúde do Rio Grande do Sul, investigou, criteriosamente, os 2 (dois) casos notificados e 
constatou a associação entre o quadro clínico apresentado pelos recém nascidos e o vírus 
vacinal. 
6. A presença do vírus vacinal de febre amarela em leite materno durante o período 
virêmico após a vacinação de mulheres que estão amamentando é desconhecida e relatos de 
risco teórico de transmissão do vírus vacinal para os recém nascidos em amamentação são 
baseados na possibilidade de transmissão pelo leite materno para o vírus da Febre do Nilo 
Ocidental e por outros Flavivirus transmitidos pelo leite de vaca. 
7. Deve-se considerar ainda que o aleitamento materno nas suas diferentes interfaces, 
tanto do ponto de vista nutricional, contendo os componentes adequados com biodisponibilidade 
ideal para o desenvolvimento do lactente, como do ponto de vista da proteção que a 
especificidade do leite humano confere, é de suma importância. 
8. Diante do exposto e considerando as evidências científicas que demonstram as 
vantagens e importância do aleitamento materno (AM), a CGPNI e o CTAI vêm advertir que, 
diante da possibilidade de transmissão do vírus vacinal pelo leite materno, sejam adotadas 
as seguintes medidas de precaução: 
a) O adiamento da vacinação de mulheres que estão amamentando até a criança 
completar seis meses de idade, ou 
b) Na impossibilidade de adiar a vacinação, durante o aconselhamento deve-se 
apresentar à mãe opções para evitar o risco de transmissão do vírus vacinal pelo 
aleitamento materno, tais como: 
B.(1) Previamente à vacinação praticar a ordenha do leite, de preferência manualmente, e 
mantê-lo congelado por 15 dias em freezer ou congelador (seguir as técnicas de ordenha 
descrita no Caderno de Atenção Básica nº 23 – Aleitamento Materno e Alimentação 
Complementar do Ministério da Saúde) para planejamento de uso durante o período da 
viremia, ou seja, por 14 dias após a vacinação, ou 
B.(2) Encaminhar a mãe à rede de banco de leite humano, que são centros 
especializados, obrigatoriamente vinculados a um hospital materno e/ou infantil, 
responsável pela promoção do aleitamento materno e atividades de coleta, 
processamento e controle de qualidade de colostro, leite de transição e leite humano 
maduro. 
9. Adicionalmente, a Secretaria de Vigilância em Saúde ressalta que são necessários 
estudos que expliquem a capacidade da veiculação do vírus vacinal através do aleitamento 
 Nota Técnica CGPNI/MS 
3 
materno em mulheres que estão amamentando recém vacinadas para orientar futuras estratégias 
de vacinação contra febre amarela nas áreas afetadas pelo vírus. 
 
Referências Bibliográficas: 
1. Brasil, Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde. Manual de 
Vigilância Epidemiológica de Eventos Adversos Pós-Vacinação, 2007. 
2. Monath, TP. Yellow fever. In: Vaccines – Third Edition, 1999. Stanley A Plotkin, 
M.D. & Eduard A. Montimer Jr, M.D. Philadelphia: WB Saunders, 1999: 815-80. 
3. Centers for Disease Control and Prevention. Yellow Fever Vaccine, 
Recommendations of the Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP). MMWR 
2002; 51(nº. RR-17): 1-10. 
4. Suzano, CES. Estudo Prospectivo de Gestantes Inadvertidamente Vacinadas 
contra Febre Amarela na Região de Campinas em Fevereiro e Março de 2000. 
Dissertação de Mestrado. UNICAMP, 2003. 
5. OPS. Manual para el Control de las Enfermidades tranmissibles. Public. Nº, 564, 
17ª ed., 1997 
6. Mary E Wilson et al. Yellow Fever Immunizations: Indications and Risks. Current 
Infectious Disease Reports 2004,6:34-42. 
7. Plotkin et al. Vaccines - Fifth Edition, 2008. 
8. Red Book: Report of the Committee on Infectious diseases, 28 th ed. Elk Grove 
Village. IL: American Academy of Pediatrics: 2009. 
9. Caderno de Atenção Básica nº 23 – Aleitamento Materno e Alimentação 
Complementar. Ministério da Saúde, 2009. 
10. Rede de banco de leite humano: www.redeblh.fiocruz.br 
 
Brasília, 14 de janeiro de 2010. 
 
 
Sandra M. Deotti Carvalho Walquíria Gonçalves S. Teles 
 Técnica Responsável Responsável pelo Expediente 
 CGPNI CGPNI 
 
Aprovo a nota técnica. 
Em____/____/_______ 
 
Carla Magda A. S. Domingues 
Diretora do DEVEP - Substituta 
 
 
http://www.redeblh.fiocruz.br

Continue navegando

Outros materiais