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APRESENTAÇÃO O processo de implantação do SUS sempre foi repleto de ambiguidades, avanços e dificuldades.O Sistema Público de Saúde brasileiro passou por inúmeras crises no século passado até a implantação do sistema atual, que ainda passa por revisão e readequação nas políticas de saúde. A crise fiscal e as posições conservadoras contribuíram para a formação de barreiras, limitando a possibilidade de ampliação dos serviços de saúde e dificultando o acesso universal. O presente livro é voltado para uso acadêmico nas ciências da saúde, pois compendiam literaturas científicas de forma abrangente sobre a construção do sistema público de saúde no Brasil, desde a base histórica e seu processo evolutivo, normas e protocolos desenvolvidos a partir das políticas de saúde no País. Nele podemos encontrar os modelos de saúde adotados na história do Brasil, até o surgimento do Sistema Único de Saúde (SUS) com os princípios e diretrizes, Normas e Pactos criados no decorrer dos quase 30 anos do SUS, os blocos e a organização que financia o sistema público. Também conta com a análise e organização dos Níveis de Atenção à Saúde conforme os determinantes do processo saúde e doença, ressaltando a atenção primária. Para essa, foi abordada a ferramenta que considero essencial para atingir os objetivos da atenção primária que é o Diagnóstico Comunitário. O livro possibilita, por meio do amplo apanhado referencial, desenvolver análise crítica e reflexiva sobre o atual Sistema Único de Saúde, proporcionando reflexão acadêmica/profissional com análise dos desafios diante das legislações (teoria) versus a prática que devem ser superados para a efetivação do SUS. SUMÁRIO CAPÍTULO 1 HISTÓRIA DAS POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL................ 05 CAPÍTULO 2 O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)........................................ 27 CAPÍTULO 3 ESTRUTURAÇÃO DO SUS - NORMAS E PACTOS................... 40 CAPÍTULO 4 FINANCIAMENTO DO SUS.......................................................... 58 CAPÍTULO 5 NÍVEIS DE ATENÇÃO: ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE........................................................................................... 68 CAPÍTULO 6 ATENÇÃO BÁSICA (ATENÇÃO PRIMÁRIA)............................... 83 CAPÍTULO 7 DIAGNÓSTICO COMUNITÁRIO OU SITUACIONAL................... 99 CAPÍTULO 8 DETERMINANTES DA SAÚDE.................................................... 115 5 CAPÍTULO 1 HISTÓRIA DAS POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL O sistema de saúde no País sofreu constantes mudanças desde o século passado, influenciadas pelas transformações econômicas, socioculturais e políticas da sociedade brasileira que resultaram nas políticas de saúde atuais. Período Colonial Quando foi “descoberto” por Pedro Alves Cabral no ano de 1500,o Brasil era tido como uma terra de riqueza grandiosa, um lugar onde os nativos eram livres das enfermidades que assolavam a Europa. Fonte imagem:educador.brasilescola.uol.com.br 6 As primeiras imagens do Brasil “paraíso” duraram pouco, pois após a chegada dos Europeus que tinham a intenção de explorar a riqueza da terra,entraram em conflitos com os indígenas e importaram as doenças infecciosasque se tornaram os principais obstáculos para os colonizados. Após lutas, isolamentos, enfermidades, os nativos enfrentavam agora o medo dos métodosde cura trazidos pelos Europeus que passavam longos períodos no Brasil. Os colonizadores por sua vez, recebiambaixos salários, vivenciavam a falta de estrutura e medo com os perigos que enfrentariam.Os métodos para tratamento para as enfermidades, trazidos pelos poucos médicos existentes no País, eram rejeitados pela população. Os médicos e cirurgiões que se instalaram no Brasil encontraram todosos tipos de dificuldades para exercer a profissão. Além do imenso território e da pobreza da maior parte dos habitantes, que não podiam pagar uma consulta, o povo tinha medo de se submeter aos tratamentos, pois por vezes eram baseados em purgantes e sangrias. Os colonizadores, ao invés de recorrer aos médicos formados na Europa e que aqui estavam, preferiam utilizar os “remédios” recomendados pelos curandeiros e indígenas. Assim, com a escassez e a pouca resolutividade de ações médicas, a maioria da população utilizava a medicina popular oriunda da cultura indígena, jesuítas e africana. Deste modo, a atenção à saúde limitava-se aos próprios recursos da terra (plantas e ervas). Aqueles que por conhecimentos empíricos (curandeiros), desenvolviam as suas habilidades na arte de curar. Aqueles com melhores condições financeiras e de acesso, com a inexistência da assistência médica estruturada, recorriam aos Boticários (farmacêuticos) que manipulavam fórmulas existentes. Em 1808, no Rio de Janeiro, a Família Real aporta seus navios, embora tenha vindo fugida para o Brasil, deu inicio a um grande marco na história, pois só em 1815, o Brasil foi elevado à categoria de reino, de modo que todas as terras portuguesas passaram a chamar-se Reino Unido de Portugal Brasil e Algarves. 7 Devido à vinda da Família real para o Brasil que rapidamente foi organizada as questões sanitárias possíveis na época. E assim por ordem da Família Real foi fundado escolas de medicinas, daí por diante em função da corte real foram surgindo vários outros órgãos com a tentativa de cuidar da saúde pública. Com o aparecimento e disseminação de diversas doenças infectocontagiosas como a febre amarela, a população fragilizada lutava contra a morte. Os doentes que possuíam condições financeirasbuscavam tratamento na Europa, enquanto os doentes mais pobres eram cuidados por curandeiros. Diante desse contexto, nasce a Política de Saúde Brasileira com ideias e planos para tentar combater as enfermidades que reduziam a vida da população. Apenas a partir do ano de 1808, ano em que a Corte Portuguesa chega ao Brasil são cridas as duas primeiras escolas de medicina do Brasil: o Colégio Médico-Cirúrgico em Salvador e a Escola de Cirurgia do Rio de Janeiro. 8 Fonte imagem:wikiwand.com Verifica-se que o interesse primordial estava limitado ao estabelecimento de um controle sanitário mínimo da capital do império, tendência que se alongou por quase um século. O foco era a delegação de atribuições sanitárias às juntas municipais e controle de navios e saúde dos portos. Início do século XX até 1920 Nesse período, a economia baseada na agricultura, principalmente na produção do café para exportação e como principal comprador os EUA. Para transportar produtos agrícolas até os portos eram necessários transportes ferroviários e portuários para escoação da produção. Sem saneamento e com controle sanitário insuficiente, as doenças prejudicam as cidades e arredores dos portos (epidemias de cólera, peste, varíola e febre amarela). 9 Inúmeros países, principalmente europeus eram resistentes em fazer acordos comerciais com o Brasil,o país era considerado pestilento, e o medo de exportar as doenças para seus países engasgavam os acordos comerciais. Os países com acordos comerciais tinham os navios em quarentena na ilha de Niterói-RJantes de seguir para o país de origem. Para melhorar o comércio e o desenvolvimento econômico, os políticos viram a necessidade de saneamento básico nos portos, principalmente no principal porto situado no Rio de Janeiro. Fonte imagem:rioquemoranomar.com Rodrigues Alves, então presidente do Brasil, nomeou Oswaldo Cruz, como Diretor do Departamento Federal de Saúde Pública,que adotou o modelo das campanhas sanitárias para combater endemias urbanas e posteriormente as rurais (modelo epidemiológico que quebra a relação agente/hospedeiro).Este modelo de intervenção ficou conhecido como campanhista e concebido dentro de uma visão militar em que os fins 10 justificam os meios, e no qual o uso da força e da autoridade eram considerados os instrumentos preferenciais de ações em meio a população. A reforma sanitária de Oswaldo Cruz foi direcionada ao Rio de Janeiro que abrigava o principal porto e onde os acordos comerciais eram realizados. Nesse período, se aproveitou da reforma urbanística de Pereira Passos, recomendando que acabassem com as favelas nos morros centrais da cidade, tornando essa área da cidade urbanizada (parques, grandes avenidas e edifícios) para que a cidade fosse vista por turistas e estrangeiros como limpa e urbanizada. Essas ações apenas mascararam a pobreza visível em cortiços e favelas, pois as pessoas foram retiradas de suas casas e enviadas às periferias da cidade e região metropolitana, aumentando assim às favelas, porém em outras localidades. A obrigatoriedade imposta à população gerou insatisfação que se agrava com outra medida de Oswaldo Cruz, pela Lei Federal nº 1261, de 31 de outubro de 1904, instituiu a vacinação anti-varíola obrigatória para todo o território nacional. Surge, então, um grande movimento popular de revolta que ficou conhecido na história como a Revolta da Vacina. Revolta da Vacina de 1904 .Fonte imagem: iea.usp.br 11 Neste período Oswaldo Cruz procurou organizar a diretoria geral de saúde pública, criando uma seção demográfica, laboratório bacteriológico, serviço de engenharia sanitária e de profilaxia da febre-amarela, a inspetoria de isolamento e desinfecção, e o instituto soroterápico federal, posteriormente transformado no Instituto Oswaldo Cruz. Na reforma promovida por Oswaldo Cruz foram incorporados como elementos das ações de saúde: Registro demográfico, possibilitando conhecer a composição e os fatos vitais de importância da população; A introdução do laboratório como auxiliar do diagnóstico etiológico e; A fabricação organizada de produtos profiláticos para uso em massa. 12 Na assistência à saúde da população, havia as opões em caráterprivado (particular por procura direta) ou em caráter de assistência social, exercidos principalmente pelas Santas Casas de Misericórdia que abrigavam os considerados indigentes, sem condições para pagar por assistência médica. A assistência hospitalar pública apenas abrigava e isolava os portadores de psicoses (manicômios), hanseníase(leprosários) e tuberculose (sanatórios) no sentido de retira-los do meio populacional. As primeiras santas casas criadas pela religião católica atendiam em caráter de caridade com princípio revestido da ação de solidariedade e caridade cristãs, surgiram logo após o descobrimento do Brasil, precedendo a própria organização jurídica do Estado brasileiro, criado pela Constituição Imperial de 25 de março de 1824 e foram se ampliando em todo o Brasil a partir daí. De 1920 a 1955 Em 1920, Carlos Chagas, sucessor de Oswaldo Cruz, reestruturou o Departamento Nacional de Saúde, então ligado ao Ministério da Justiça e introduziu a propaganda e a educação sanitária na técnica rotineira de ação, inovando o modelo campanhista de Oswaldo Cruz que era puramente fiscal e policial. Criaram-se órgãos especializados na luta contra a tuberculose, a lepra e as doenças venéreas. Enquanto a sociedade brasileira esteve dominada por uma economia agroexportadora, na monocultura cafeeira, o que se exigia do sistema de saúde era, sobretudo, uma política de saneamento destinado aos espaços de circulação das mercadorias exportáveis e a erradicação ou controle das doenças que poderiam prejudicar a exportação. Expandiram-se as atividades de saneamento para outros estados, além do Rio de Janeiro e criou-se a Escola de Enfermagem Anna Nery. 13 Tal processo foi acompanhado de uma urbanização crescente, e da utilização de imigrantes, especialmente europeus (italianos, portugueses), como mão de obra, visto que os mesmos já possuíam grande experiência neste setor, que já era muito desenvolvido na Europa. Os operários na época não tinham quaisquer garantias trabalhistas, tais como: férias, jornada de trabalho definida, pensão ou aposentadoria. Os imigrantes, especialmente os italianos traziam consigo a história do movimento operário na Europa e dos direitos trabalhistas que já tinham sido conquistados pelos trabalhadores europeus, e desta forma procurou mobilizar e organizar a classe operária no Brasil na luta pela conquista dos seus direitos. Fonte imagem:saneamentobasico.com.br Essa pressão ao governo com mobilização popular, aliada à necessidade de desenvolvimento focado na economia do país (o escoamento da produção agrícola para exportação) fez com que surgisse a primeira assistência previdenciária em 1923,criada por Elói Chaves, 14 chamada Caixa de Aposentadoria e Pensão (CAP).A lei beneficiava os empregados de empresas ferroviárias, que mais tarde, em 1926 estende-se aos portuários marítimos.A esses trabalhadores que contribuíam com os CAPs eram garantidos aposentadoria, pensão e assistência médica. O Estado não participava propriamente do custeio das Caixas, que de acordo com o determinado, eram mantidas por empregados das empresas (3% dos respectivos vencimentos); empresas (1% da renda bruta); e consumidores dos serviços das mesmas. Fonte imagem:cccrj.com.br Em 1930 Getúlio Vargas torna-se presidente da república em meio a uma crise econômica gerada pela quebra da bolsa de Nova Iorque (em 1929), e faz o café desvalorizar no mercado internacional diminuindo assim o trabalho agrícola iminente na época.A crise fez com que populações migrassem para regiões onde havia indústrias, aumentando número de trabalhadores assalariados.Essa migração aumentou desequilíbrios regionais, com grandes êxodos rurais, e a proliferação das favelas nestes 15 grandes centros.O resultante da mudança fez com que diminuíssem as oligarquias agrícolas, tornando a industrialização o foco do poder econômico. Em 1933, Getúlio Vargas cria o primeiro Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos (IAPM), que posteriormente substitui os CAP por Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs) e beneficiava também os trabalhadores de comercio, transportes e cargas, bancários e funcionários públicos. Esses trabalhadores tiveram direito a aposentadoria, pensão e assistência médica por meio do IAP que contribuía. Aqueles que não haviam contribuições por serem trabalhadores específicos das áreas de contribuição dos IAPs, assistência à saúde somente era fornecida de forma privada ou por caridade. A saúde pública existente era direcionada somente para campanhas para combate às doenças e saneamento. A era Vargas também foi marcada pela criação de vários Ministérios e Leis, como do Ministério do Trabalho (1930), Consolidação das Leis Trabalhistas (1939), Ministério da Educação e Saúde, que posteriormente foram individualizados e surge o Ministério da Saúde (1953) objetivando controlar doenças de massas como endemias e epidemias do país por meio da educação em saúde. 16 Fonte imagem:todamateria.com.br Nessa era de crescimento urbano, industrialização e a necessidade de emprego para a população, os recursos dos IAPs foram utilizados para financiar outros setores, por vezes a fundo perdido, para indústrias multinacionais se instalarem, por exemplo. Com o tempo, a escassez de recursos financeiros destinados à saúde, previdência e pensões, associado à pulverização destes recursos entre diversos órgãos e setores, criou crise financeira, aumentando a rigidez no critério de benefícios e diminuição de valores concedidos dos assegurados. Vale ressaltar que emnível mundial ocorria a 2ª guerra, fazendo com que Getúlio Vargas se aliasse aos Estados Unidos. Nessa época,a ideologia do Presidente se atrelava à germânica, como na crença da pureza de raças(em que o país miscigenado era considerado país de pessoas cansadas e doentes), mas mantinha o comércio dependente dos Estados Unidos que investiam financeiramente em diversos setores como a produção de borracha e o SESP (Serviço Especial de Saúde Pública) que investia na pesquisa e combate de epidemias da Amazônia. Essa aliança aos EUA influenciou o Brasil em um modelo norte americano de saúde, cujo foco era na assistência individualizada, privatista, hospitalocêntrica e especializada, com novas tecnologias farmacêuticas e de diagnóstico, desenvolvida a partir do esforço da guerra. Com isso, o Brasil era induzido a absorver as tecnologias criadas na guerra e muitos produtos da indústria farmacêutica americana, com eficácia questionável e não aprovados nas normas dos EUA. 1956 a 1967 O período foi marcado por aumento significativo da industrialização e da urbanização, o Ministério da Saúde mantido com poucos recursos, 17 apenas para campanhas no combate as epidemias, associado à crise econômica, agitação e instabilidade política desencadearam a insatisfação popular incontrolada. A maioria da burguesia defendia a internacionalização da economia e das finanças brasileiras, dificultado pela proposta populista de fortalecimento das empresas estatais e de economia mista do governo João Goulart. Havia ainda, preocupação crescente em relação à proliferação do comunismo e do socialismo, e que punham em risco os interesses e a hegemonia do capitalismo, especialmente do americano nesta região, era o período da chamada guerra fria. Fonte imagem:gazetaonline.com.br Diante destes fatos as forças armadas brasileiras articularam e executaram o golpe de estado em 31 de março de 1964, e instalaram um regime militar, com o aval dos Estados Unidos, originando um período de 18 ditadura, de caráter repressivo, onde utilizar-se de forças policiais, do exército e dos atos de exceção para imposição de medidas. Diante deste quadro, o regime instituído procurou atuar por meio da formulação de algumas políticas sociais, na busca de uma legitimação do governo perante a população. Visto que os IAPs eram limitados a determinadas categorias profissionais mais mobilizadas e organizadas política e economicamente, o governo militar procura garantir para todos os trabalhadores urbanos e os seus dependentes os benefícios da previdência social. Em 1967 ocorre a unificação dos institutos (IAPs)emInstituto Nacional de Previdência Social (INPS). Na medida em que todo o trabalhador urbano com carteira assinada era automaticamente contribuinte e beneficiário do novo sistema, foi grande o volume de recursos financeiros capitalizados. O fato do aumento da base de contribuição (de 4% nos IAPs para 8% no INPS), aliado ao fato do crescimento econômico da década de 70 (o chamado milagre econômico), do pequeno percentual de aposentadorias e pensões em relação ao total de contribuintes, fez com que o sistema acumulasse um grande volume de recursos financeiros. Para o desenvolvimento econômico, o governo militar se viu na obrigação de incorporar os benefícios já instituídos fora das aposentadorias e pensões. Esses recursos foram investidos externamente na construção da Usina Hidrelétrica de Itaipú, a ponte Rio-Niterói e a abertura da estrada Transamazônica, por exemplo.No entanto, ao aumentar substancialmente o número de contribuintes e consequentemente de beneficiários, o sistema existente ficou esgotado em atender a toda essa população. Diante deste fato, o governo teve que decidir onde alocar os recursos públicos para atender a necessidade de ampliação do sistema, tendo ao final optado por direcioná-los para a iniciativa privada. Desta forma, foram estabelecidos convênios e contratos com a maioria dos médicos e hospitais existentes no país, pagando-se pelos serviços 19 produzidos (pró-labore), o que propiciou a estes grupos se capitalizarem, provocando um efeito cascata com o aumento no consumo de medicamentos e de equipamentos médico-hospitalares, formando um complexo sistema médico-industrial. Foram contratados e repassados serviços às pessoas de interesse político militar a fim de construir hospitais, importar tecnologias, a fundo perdido, para atender os contribuintes do INPS. Os serviços produzidos não eram fiscalizados, o pagamento do pró-labore por procedimentos declarados realizados pelos hospitais eram questionáveisem número e procedimentos. Momento ideal para os procedimentos mais rentáveis, a exemplo de amputação e a cesariana que eram mais bem pagos que os cuidados a uma ferida ou ao parto normal consecutivamente. Fonte imagem:Memória Fotográfica da UFRJ 1968 a 1986 Com todos esses investimentos na saúde e em outros setores, as receitas não foram infinitas. Iniciou-se a falta de verba e aumento da dívida 20 externa. Em 1971 estendeu-se da cobertura previdenciária aos trabalhadores rurais, empregadas domésticas e trabalhadores autônomos. Para controlar os custos e reduzir gastos o governo criou inúmeras medidas para controle e organização. Este sistema foi se tornando cada vez mais complexo tanto do ponto de vista administrativo quanto financeiro dentro da estrutura do INPS, que acabou levando a criação de uma estrutura própria administrativa: As medidas para intervir foram a Criação do Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS). Juntamente com este Ministério foi criado o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS). A criação deste fundo proporcionou a remodelação e ampliação dos hospitais da rede privada, por meio de empréstimos com juros subsidiados. Em 1975 foi criado o Sistema Nacional de Saúde com objetivo de organizar os setores de saúde, financiamentos, convênios, clínicas (prestadoras de serviços de saúde).O documento reconhece e oficializa a dicotomia da questão da saúde, afirmando que a medicina curativa seria de competência do Ministério da Previdência, e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministério da Saúde. Tendo como referência das recomendações internacionais,lideradas pela Organização Mundial da Saúde, e a necessidade de expandir cobertura da saúde, em 1976 o governo cria o Programa de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento (PIASS). O Programa foi criado para ampliação de assistência ambulatorial pública para detecção precoce de doenças transmissíveis com inserção da comunidade, destinando maior preocupação com situação de vida da população em relação à saúde. Em 1977, em meio a insustentável insuficiência financeira para manter o modelo hospitalocêntrico, individual e curativo, a crise internacional, unido a insatisfação popular com as condições de vida e saúde (controlada por meio da censura) foi criado oSIMPAS (Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social),para controle de gastos,composto pelos órgãos: • DATAPREV para controle de contas hospitalares, ampliação dos setores conveniados e • 1978 - INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência) para coordenar a assistência Médica. • 1981 - Criação do CONASP (Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária) para reduzir custos. Porém o esforço não foi suficiente, a população com baixos salários, contidos pela política econômica e pela repressão, passou a conviver com o desemprego e as suas graves consequências sociais, como aumento da marginalidade, das favelas, da mortalidade in Marcos da reforma sanitária brasileira 21 DATAPREV para controle de contas hospitalares, ampliação dos setores conveniados e normalizações do funcionamento de setores. INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da para coordenar a assistência Médica. Criação do CONASP (Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária) parareduzir custos. Porém o esforço não foi suficiente, a população com baixos salários, contidos pela política econômica e pela repressão, passou a conviver com o desemprego e as suas graves consequências sociais, como aumento da marginalidade, das favelas, da mortalidade infantil. Fonte imagem:EBC.com.br a reforma sanitária brasileira DATAPREV para controle de contas hospitalares, ampliação dos normalizações do funcionamento de setores. INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Criação do CONASP (Consultivo de Administração da Saúde Porém o esforço não foi suficiente, a população com baixos salários, contidos pela política econômica e pela repressão, passou a conviver com o desemprego e as suas graves consequências sociais, como aumento da Algumas intervenções em reforma sanitária no Brasil. efetivação da reforma sanitária brasileira: Em 1978 ocorreu a debate o conceito de saúde: “estado de completo bem social” e propõem um pacto em que o Brasil participa o ano 2000”. O entendimento limitado de saúde enquanto ausência de doença ou apenas como assistência médica por um mais amplo que alimentação, habitação, educação, renda, ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde. Constituição Federal (1988) Leis Orgânicas 8080 e 1842 (1990) 22 Algumas intervenções em nível mundial foram importantes para a reforma sanitária no Brasil. São destacados cinco pon efetivação da reforma sanitária brasileira: m 1978 ocorreu aConferência de Alma-Ata (Cazaquistão), debate o conceito de saúde: “estado de completo bem-estar físico, mental e um pacto em que o Brasil participa “Saúd entendimento limitado de saúde enquanto ausência de ou apenas como assistência médica é progressivamente substituído por um mais amplo que adefine como resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de Reforma sanitária Brasileira Conferência de Alma-Ata (1978) Carta de Ottawa (1986) 8ª Conferência Nacional de Saúde (1986) Constituição Federal (1988) foram importantes para a pontos-chave para (Cazaquistão), com tar físico, mental e “Saúde para todos até entendimento limitado de saúde enquanto ausência de é progressivamente substituído adefine como resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de Carta de Ottawa (1986) 23 A Conferência realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) expressava a “necessidade de ação urgente de todos os governos, de todos os que trabalham nos campos da saúde, do desenvolvimento e da comunidade mundial para promover a saúde de todos os povos do mundo”. Saúde na essência básica, com ênfase na atenção primária, não apenas curativa (quando a doença já estava instalada) como estava priorizando o Brasil, por exemplo. Fonte imagem: opas.org.br A conferência foi inspiradora em todos os sentidos, pela sua grande abrangência, especialmente para países que não tinham nada. Para fazer atenção primária à saúde, foi necessário formar profissionais e equipes para tal. Nas universidades, os currículos de atenção primária à saúde começaram a se desenvolver, baseados na necessidade local e determinantes que influenciam no processo saúde e doença. Os departamentos de Medicina Social dessas universidades começaram a desenvolver conteúdos relativos às ações de atendimento primário à saúde e de formação dos alunos que passaram a interagir com a realidade das comunidades. No Brasil, houve repercussão com a criação do 1980 (Programa Nacional de Serviços Básico de Saúde). implantação dasAISs (Ações Integradas em Saúde) com foco em necessidades prioritárias da população. enfraquecimento da ditadura aumentava o empobrecimento da população, das doenças de massa, comunidades os movimentos populares na saúde contribuíram para a redemocratização Os movimentos populares de saúde foram essenciais para sanitária brasileira, expressando a indignação da sociedade frente às desigualdades, a mercantilização da saúde, na dimensão democrática participativa,destacamos o processo constituinte de ampla e plural participação, marca indelével da construç 24 de formação dos alunos que passaram a interagir com a realidade das No Brasil, houve repercussão com a criação do PREV (Programa Nacional de Serviços Básico de Saúde). Em 1983 ocorreu a (Ações Integradas em Saúde) com foco em necessidades prioritárias da população.Ao mesmo tempo enfraquecimento da ditadura por não conseguir sustentar o modelo que o empobrecimento da população, da inflação eda , foram se organizando em meio às periferias e ovimentos populares na saúde, que posteriormente redemocratização do país. Os movimentos populares de saúde foram essenciais para expressando a indignação da sociedade frente às esigualdades, a mercantilização da saúde, na dimensão democrática participativa,destacamos o processo constituinte de ampla e plural participação, marca indelével da construção do direito à saúde no Brasil. Fonte imagem:EBC.com.br de formação dos alunos que passaram a interagir com a realidade das PREV-SAÚDE em Em 1983 ocorreu a (Ações Integradas em Saúde) com foco em atender as Ao mesmo tempo que ocorria o o conseguir sustentar o modelo que eda divida externa, foram se organizando em meio às periferias e , que posteriormente Os movimentos populares de saúde foram essenciais para a reforma expressando a indignação da sociedade frente às esigualdades, a mercantilização da saúde, na dimensão democrática participativa,destacamos o processo constituinte de ampla e plural ão do direito à saúde no Brasil. 25 Em meio ao fim da ditadura, em 1986 ocorreu a I Conferência Mundial de Promoção à Saúde, mais conhecida como Carta de Ottawa, realizada no Canadá. A conferência veio afirmar e fortalecer que o caminho era o investimento na atenção primária. Contemplou 5 campos de ação: implementação de políticas públicas saudáveis, criação de ambientes saudáveis, capacitação da comunidade, desenvolvimento de habilidades individuais e coletivas e reorientação de serviços de saúde. Enfatizando que as condições e requisitos para a saúde são a paz, a educação, a moradia, a alimentação, a renda, um ecossistema estável, justiça social e a equidade. Com o fim da ditadura militar, em 1986 o principal marco para a reforma sanitária brasileira foi a 8ª Conferência Nacional de Saúde, reunindo interessados de todo o Brasil em Brasília a fim de redefinir o modelo de saúde, que garantisse o acesso a todos como direito, buscando controle social, econômico e ambiental, onde debateram a reformulação do sistema nacional de saúde com o início da criação do Sistema Universal Descentralizado de Saúde (SUDS). O objetivo da 8ª, já na nova república, foi resultar a criação de um Sistema Único de Saúde que efetivamente represente a construção de um novo arcabouço institucional, separando totalmente saúde de previdência, por meio de uma ampla Reforma Sanitária. A discussão ocorreu no sentido de fazer valer o que foi orientado na Conferência de Alma-Ata e modelos internacionais de saúde universal. Esse amplo processo de mobilização social, articulou representação de diferentes segmentos e estimulou a realização de pré-conferências nos estados, permitiu a reunião de cerca de quatro mil pessoas em Brasília, dos quais mil eram delegados com direito a voz e voto, para discutir os rumos do sistema de saúde. Suas propostas foram contempladas tanto no texto da Constituição Federal de 1988 como nas Leis Orgânicas da Saúde, nº. 8.080/90 de 19 de setembro de 1990 e nº. 8.142/90 de 28de dezembro de 1990. Síntese da linha do tempo dos sistemas de saúde no Brasil. 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Políticas de Saúde no Brasil: continuidades e mudanças Fiocruz, 2012. 1923 • CAP – CAIXA DE APOSENTADORIA E PENSÃO 1933 • IAP – INSTITUTO DE APOSENTADORIA E PENSÃO 1967 • INPS – INSITUTO NACIONAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 1978 • INAMPS – INSTITUTO NACIONAL DA ASSISTÊNCIA MÉDICA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 1986 • SUDS – SISTEMA UNIFICADO DESCENTRALIZADO DE SAÚDE 1990 • SUS – SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 26 Síntese da linha do tempo dos sistemas de saúde no Brasil. ) SUS: antecedentes, percurso, perspectivas e desafios. 2ed. São Paulo: História da Saúde Pública no Brasil. 4ed. Ática. São Paulo, 2008. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. As Conferências Nacionais de de: Evolução e perspectivas./ Conselho Nacional de Secretários de Saúde. COSTA, NR. Políticas públicas : justiça distributiva e inovação. São Paulo :Hucitec, 1998. CAMPOS FE, OLIVEIRA M; TONON LM. Planejamento e gestão em saúde 8.102 p. (Cadernos de saúde, 2). CAMPOS FE, OLIVEIRA M, TONON LM. Legislação Básica do SUS. Belo Horizonte :Coopmed, 1998.161 p.(Cadernos de saúde, 3) . A reviravolta na saúde: origem e articulação do movimento ESCOREL S, BLOCH RA. As conferências nacionais e saúde na construção do SUS. In: Saúde e democracia: história e perspectivas do Sistema Único de Saúde no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 2005. p. 83-119. LIMA ALGS, PINTO MMS. Fontes para a história dos 50 anos do Ministério da Saúde, v. 1051, set./dez. 2003. História, Ciências, Saúde. Manguinhos, Rio de Políticas de Saúde no Brasil: continuidades e mudanças CAIXA DE APOSENTADORIA E PENSÃO INSTITUTO DE APOSENTADORIA E PENSÃO INSITUTO NACIONAL DA PREVIDÊNCIA INSTITUTO NACIONAL DA ASSISTÊNCIA MÉDICA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL SISTEMA UNIFICADO DESCENTRALIZADO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Síntese da linha do tempo dos sistemas de saúde no Brasil. ) SUS: antecedentes, percurso, perspectivas e desafios. 2ed. São Paulo: São Paulo, 2008. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. As Conferências Nacionais de de: Evolução e perspectivas./ Conselho Nacional de Secretários de Saúde. – Brasília: COSTA, NR. Políticas públicas : justiça distributiva e inovação. São Paulo :Hucitec, 1998. saúde. Belo . Belo Horizonte origem e articulação do movimento sanitário. Rio de ESCOREL S, BLOCH RA. As conferências nacionais e saúde na construção do SUS. In: : história e perspectivas do Sistema Único de LIMA ALGS, PINTO MMS. Fontes para a história dos 50 anos do Ministério da Saúde, v. . Manguinhos, Rio de Políticas de Saúde no Brasil: continuidades e mudanças. Editora CAIXA DE APOSENTADORIA E PENSÃO INSTITUTO DE APOSENTADORIA E PENSÃO INSITUTO NACIONAL DA PREVIDÊNCIA INSTITUTO NACIONAL DA ASSISTÊNCIA SISTEMA UNIFICADO DESCENTRALIZADO 27 CAPÍTULO 2 O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) Surgimento do Sistema Único de Saúde – SUS A reforma sanitária compreende um período de acontecimentos relevantes que deu origem ao Sistema Único de Saúde. Pode-se dizer que fizeram parte dos marcos significativo para a reforma: a Conferência de Alma-Ata e Carta de Ottawa foram os pontos de partida, o marco chave foi a 8ª Conferência Nacional de Saúde que moldou o modelo de sistema com princípios e que garantisse acesso universal a todos os cidadãos, também a Constituição Federal de 1988 que efetiva a saúdecomo “direitos de todos e dever do Estado”, garantindo os princípios estabelecidos na Oitava CNS. A efetivação do SUS, a criação legal, ocorreu com as Leis Orgânicas da Saúde, 8.080 e 8142. Fonte imagem: Ministério da Saúde, 2000 28 Assim, com os ideários de pensamento atualizado da amplitude do conceito de saúde, atrelado a clareza de determinantes do processo saúde doença que prioriza ações de promoção da saúde e prevenção dos agravos,na 8ª CNS foi discutido o novo modelo de sistema de saúde a ser implantado no Brasil. O resultante foi um conjunto de princípios doutrinários (Universalização, Equidade e Integralidade) e organizativos (Descentralização, Regionalização/Hierarquização eControle Social), a serem postos em prática e com responsabilidade nas três esferas de governo: Federal, Estadual e Municipal.Com administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público com participação em caráter complementar da iniciativa privada, garantindo assim, o direito à saúde. O termo saúde coletiva se origina desse movimento sanitário de caráter social que criou o SUS. Esse movimento é composto da integração das ciências sociais com as políticas de saúde pública. A saúde coletiva identifica variáveis e determinantesvivenciados pela população, de cunho social, econômico, ambiental e da saúde que influenciam no processo saúde e doença. Com aproximação da realidade, em ações Intersetoriais que destinam ações de saúde diante das vulnerabilidades. PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS: Universalidade A Saúde é reconhecida como um direito fundamental de todo cidadão, cabendo ao Estado garantir as condições indispensáveis ao seu pleno exercício e o acesso a atenção e assistência à saúde. Em todo território Nacional “a 29 saúde é um direito de todos e um dever do estado”.Estado deve garantir o acesso às ações e serviços de saúde às pessoas, independentemente de sexo, raça, renda, ocupação, ou outras características sociais ou pessoais, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie. Dessa forma, a universalidade é traduzida como garantia, por meio do Estado, o acesso aos serviços de saúde. Esse direito é garantido efetivamente por meio da Lei Magna, a Constituição Federal de 1988 que refere noArt. 196. “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Equidade Fonte:googleimagens.com Todos devem ter igualdade de oportunidade em usar o sistema de saúde, no entanto, o Brasil contém disparidades sociais e regionais em que as necessidades de saúde variam. Para isso, o princípio da equidade vem para garantir a justiça social porque busca diminuir desigualdades,Isto significa tratar desigualmente os 30 desiguais de forma desigual, priorizando quem mais necessita, investindo mais onde a carência é maior. Sendo assim, as redes de serviços devem estruturar-se às necessidades reais da população a ser atendida. A equidade é aplicada no planejamento, nas políticas de atenção, nos processos decisórios e ações de saúde em todos os níveis de atenção. Integralidade O princípio traduz-se na garantia do fornecimento de um conjunto articulado e contínuo de ações e serviços de promoção à saúde, preventivos, curativos e de reabilitação, de forma individual e/ou coletivo,exigidos em cada caso para todos os níveis de complexidade de assistência. Os três níveis de governo são responsáveis por organizar a assistência integral à saúde dentro de suas respectivas responsabilidades e estrutura existente. Dessa forma, pode-se sistematizar a integralidade em duas esferas: integralidade no sentido do ser humano biopsicossocial, tendo em vista o usuário como um todo, inserido e sendo influenciado pelo seu meio sistêmico (social, ambiental, econômico, cultural e político)em nível físico, mental e espiritual. De outra parte, a integralidade vista nos níveis de atenção/necessidades (organização de práticas), garantindo assistência em todo o processo de saúde doença (promoção, prevenção, recuperação e 31 reabilitação), exigindo a horizontalização dos programas anteriormente verticais. A ‘integralidade’ como definição legal e institucional é concebida como um conjunto articulado de ações e serviços de saúde, preventivos e curativos, individuais e coletivos, em cada caso, nos níveis de complexidade do sistema. Ao ser constituído como ato em saúde nas vivências cotidianas dos sujeitos nos serviços de saúde, tem germinado experiências que produzem transformações na vida das pessoas, cujas práticas eficazes de cuidado em saúde superam os modelos idealizados para sua realização. PRINCÍPIOS ORGANIZATIVOS: Os princípios organizativos foram definidos, no sentido de tornar factíveis os princípios doutrinários: Descentralização A descentralização político administrativa surge no primeiro momento para objetivar a municipalização de responsabilidades, para assistência básica mais próxima aos cidadãos. São os Municípios que estão próximos da realidade populacional, que devem ter capacidade de identificare priorizar problemas, identificar necessidades, recursos existentes para melhor planejar, programar e desenvolver ações diretas aos usuários, minimamente na atenção primária ou atenção básica. A descentralização vai ao encontro dos princípios da integralidade, universalidade e equidade. Dessa forma, os serviços devem ser oferecidos conforme a necessidade populacional e a capacidade de assistência de saúde de cada município. Essa inversão de responsabilidades trouxe autonomia e grandes desafios aos Municípios que anteriormente fi organização política, administrativa e financeira. Participação Popular O Sistema Único de Saúde foi uma conquista da população, dessa forma, para garantir a qualidade e controle deve ter participação contínua e empoderada em todo o processo de atuação do sistema. Controle Social, os usuários devem participar da gestão do SUS das Conferências de Saúde municipal, estadual e federal. Com o controle social no SUS permanentemente se todos os princípios estão sendo postos em prática e a eficácia da gestão e prestação de serviços de saúde nos diversos níveis governamentais. A participação popular será mais bem disc posteriormente na Lei 8142 de 28 de dezembro de 1991. Estadual Regionais Municípios 32 desafios aos Municípios que anteriormente ficavam em última instância de , administrativa e financeira. Participação Popular O Sistema Único de Saúde foi uma conquista da população, dessa forma, para garantir a qualidade e controle deve ter participação contínua e mpoderada em todo o processo de atuação do sistema. os usuários devem participar da gestão do SUS Conferências de Saúde e Conselhos de Saúde, em todas as esferas municipal, estadual e federal. ocial no SUS a população monitora, fiscaliza e avalia permanentemente se todos os princípios estão sendo postos em prática e a eficácia da gestão e prestação de serviços de saúde nos diversos níveis governamentais. A participação popular será mais bem disc Lei 8142 de 28 de dezembro de 1991. Federal Estadual Regionais Municípios cavam em última instância de O Sistema Único de Saúde foi uma conquista da população, dessa forma, para garantir a qualidade e controle deve ter participação contínua e mpoderada em todo o processo de atuação do sistema. Como forma de os usuários devem participar da gestão do SUS, por meio em todas as esferas: a população monitora, fiscaliza e avalia permanentemente se todos os princípios estão sendo postos em prática e a eficácia da gestão e prestação de serviços de saúde nos diversos níveis governamentais. A participação popular será mais bem discutida 33 Regionalização e Hierarquização A regionalização dos serviços de saúde deve ser organizada em níveis de complexidade e responsabilidades, conforme a capacidade de cada instância de governo, diante das demandas e necessidades regionais.A Regionalização ocorre na distribuição espacial dos serviços de modo a atender ás necessidades da população de forma integral em diferentes níveis de complexidade, priorizando ações de nível secundário e terciário em nível Regional e Estadual e integral para os Municípios. A Hierarquização que visa estabelecer um fluxo ordenado dos usuários no sistema de saúde e a organização da rede por meio das regionais de saúde, com base na alocação de arsenal assistencial e tecnológico diferenciado (maior complexidade), de acordo com o nível de atenção no qual o equipamento de saúde está inserido. Quanto mais bem estruturado for o fluxo de referência e contra referência entre os serviços de saúde, melhor a eficiência e eficácia dos mesmos. A regionalização e hierarquização buscam alcançar os princípios da integralidade, descentralização, universalização e equidade.Destaca-se a integralidade, que para cumpri-la, na assistência de média e alta complexidade, os Municípios com menos estrutura dependem da região organizacional em que outros Municípios de maior estrutura possuem, dessa 34 forma tornam-se referência. Na Figura abaixo, o mapa representa um exemplo de regionalização e hierarquização do Estado do Paraná, divido em 4 macrorregionais e 22 regionais de saúde organizadas para atender as demandas de serviços de média e alta complexidade. Fonte: Secretaria Estadual de Saúde do Paraná, 2018. Em 1988 foi publicada a nova Constituição Federal, que garante os direitos e deveres básicos aos cidadãos e garante efetivamente “a saúde é um direito de todos e dever do estado”, transcrevendona Sessão II, em seus artigos 196 a 200, referentes à saúde, os princípios resultantes da 8ª CNS: Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado. 35 Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo; II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III - participação da comunidade. Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. § 1º - As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. § 2º - É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos. § 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeirosna assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei. § 4º - A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização. Art. 200. Ao Sistema Único de Saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; IV - participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; V - incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico; VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. Lei 8080 de 19 de Setembro de 1990 A Lei Orgânica da Saúde (LOS) nº8.080, publicada em 19/09/90 cria e efetiva a regulamentação do SUS, orientando a organização do Sistema no território nacional, as ações e serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de direito Público ou privado.Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde. 36 Discorre também sobre as Competências Intergovernamentais, na esfera Federal como gestor o Ministério da Saúde, Estadual como Gestor as Secretarias Estaduais de Saúde e Municipais como gestor as Secretarias Municipais de saúde: • Nacional (MS): coordenar, normatizar, formular e avaliar políticas nacionais de saúde;Definir normas e mecanismos de controle, fiscalização e avaliação, estabelecer critérios e parâmetros de controle de qualidade; Repasse financeiro para aplicações/ transferências de recursos arrecadados. • Estados (SES): promover a descentralização para os Municípios, acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarquizadas e regulação do SUS;Prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios de forma supletiva;Participar de formulação de políticas de assistência a saúde, fiscalizar e identificar referências (alta complexidade);Acompanhar, avaliar e divulgar os indicadores de morbidade e mortalidade no âmbito da unidade federada. • Municípios (SMS):Formulação de política Municipal de saúde, planejamento, regulação complementar, controle e prestação de serviços de saúde, diretos ou por meio de referências intermunicipais; Viabilizar o desenvolvimento de ações de saúde por intermédio de unidades estatais (próprias, estaduais ou federais) ou privadas (contratadas ou conveniadas, com prioridade para as entidades filantrópicas). 37 Lei 8142 de 28 de Dezembro de 1990: A Lei Orgânica 8.142/90 existe separadamente da 8080/90 pelo seu conteúdo ser vetado pelo presidente em exercício – Fernando Collor de Melo. A Lei dispõe sobre a participação popular ou controle socialno Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeirosda saúde (financiamento é abordado no Capítulo IV). A lei estipula que o controle social e a participação popular ocorrerão formalmente por meio dos conselhos e conferencias de saúde.O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, órgão colegiado composto por representantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros (Lei Federal nº 8142/90). Mais do que princípio legal, o controle social é condição indispensável para a plena qualificação do SUS, pois fortalece e qualifica a gestão para eficácia e efetividade de ações e serviços de saúde por meio do acompanhamento contínuo dos investimentos em ações, serviços e 38 financiamento da saúde. Os objetivos são garantir transparência no uso dos recursos públicos;Garantir o funcionamento do SUS de acordo com o que define a legislação (interesses da população usuária);Garantir o direito de acesso e a qualidade na atenção à saúde da população;Apropriação da tecnologia de funcionamento dos serviços e do poder público. Conferências de Saúde:São espaços instituídos destinados a analisar os avanços e retrocessos do SUS e propor as diretrizes para a formulação das políticas de saúde nos níveis correspondentes. Fiscaliza e Avalia, prevê metas e objetivos para a próxima gestão, por meio de ações de saúde conforme as problemáticas e recursosexistentes tanto físico, humano quanto financeiro e ações à desenvolver. Realizada no mínimo a cada 2 anos e no máximo a cada 4 anos. Conselhos de Saúde: São órgãos permanentes e deliberativos com representantes do governo, dos prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários. Atuam na formulação e decisão de estratégias e no controle da execução da política de saúde, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros. Devem ser realizados mensalmente.Composição:50% de usuários, 25% de trabalhadores da saúde, 25% de gestores (12,5%) e prestadores de serviços (12,5%). O SUS sofreu as consequências da instabilidade institucional e da desarticulação organizacional na arena decisória federal que aparecem para o senso comum como escassez de financiamento. Independente da origem política e da respeitabilidade, os Ministros da saúde, como será abordado na sequencia, foram transformados em reféns das indefinições que sempre colocaram à deriva as instituições de saúde do Brasil. O exemplo da dificuldade de se implantar o SUS a partir de 1990, em 1992 realizou-se a 9ª CNS, cujo tema foi a Municipalização da saúde, condição indispensável para a efetiva implantação do SUS, buscando a descentralização para que assim possa agir em Saúde a partir das suas 39 realidades, pois muitos Municípios estavam resistentes em aplicar as Leis somadas à inexperiência de um sistema complexo e novo a ser iniciado. Referências: AGUIAR ZN (Org) SUS: antecedentes, percurso, perspectivas e desafios. 2ed. São Paulo: Martinari, 2015. BERTOLLI FILHO C. História da Saúde Pública no Brasil. 4ed. Ática. São Paulo, 2008. BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. As Conferências Nacionais de Saúde: Evolução e perspectivas./ Conselho Nacional de Secretários de Saúde. – Brasília: CONASS, 2009. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 05 de outubro de 1988. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília (DF): Senado; 1988. Título VIII. Da Ordem Social. Capítulo II. Seção II. DaSaúde. Arts 196-200. BRASIL. Ministério da Saúde (BR). Coletânea de normas para o controle social no Sistema Único de Saúde. Conselho Nacional de Saúde. 2ª ed. Brasília (DF); 2006. BRASIL. Lei n. 8.142, de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. 1990. BRASIL. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990, Lei Orgânica da Saúde (LOS). Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. 1990. BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Lista de Conselheiros - 09 de fevereiro de 2009. Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/>.40 CAPÍTULO 3 ESTRUTURAÇÃO DO SUS – NORMAS E PACTOS Para efetivamente colocar em prática o novo sistema, com objetivo de normatizar e efetivar os ideários de maneira clara e fazer com que cada instância assumisse suas responsabilidades foram criadas as Normas Operacionais Básicas (NOB) na década de 1990, sequenciadas pelas Normas de Assistência à Saúde (NOAS) a partir do ano de 2000. NOB - SUS 01/91 Redefiniu toda a lógica de financiamento e consequentemente, de organização do SUS, instituindo um sistema de pagamento por produção de serviços que permanece em grande parte vigorada até os dias atuais. Normatizou o Sistema de Informação Hospitalar (SIH) e Sistema de Informação Ambulatorial (SIA), para organização de pagamento por internamentos hospitalares (por meio de AIHs) e de procedimentos ambulatoriais, definindo os critérios de transferências de recursos para custeio e investimento financeiro. Estados e municípios passaram a receber do Ministério da Saúde por produção de serviços de saúde, com tabelas nacionais existentes para o pagamento dos prestadores público ou privado, impondo um modelo de atenção à saúde, voltado para a produção de serviços e avaliado pela quantidade de procedimentos executados. NOB-SUS 01/92: Criou o CONASS (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e o CONASEMS (Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde) como 41 instâncias gestoras colegiados do SUS. Municípios, os Estados e os próprios órgãos do Ministério da Saúde estavam em estágios diferentes de transformação e construção do SUS, assim com o CONASS e CONASEMS o diálogo torna-se permanente, e a troca de experiências entre as instâncias ocorrem com encontros frequentes para o sucesso edo SUS que estava sendo implantado. Enfatizou a necessidade de descentralização das ações e serviços de saúde, incentivando os Municípios para assumirem suas responsabilidades na atenção à saúde. Grande número de Municípios foi resistente na implantação dos serviços, pois não havia experiência em iniciar o processo de forma clara. Dessa forma, a NOB 01/92 veio para enfatizar a necessidade de descentralização das ações e serviços de saúde. Descentralizou também responsabilidade aos Estados no planejamento e a distribuição das Autorizações de Internamento Hospitalares (AIHs) para as Secretarias Estaduais de Saúde. O NOB-SUS 01/92 também normalizou o Fundo Nacional de Saúde, conta bancária específica para saúde e destinada a pagamento com repasses financeiros, em todas as instâncias. NOB - SUS 01/93 Destacou-se no movimento municipalista: “Ousadia de cumprir e fazer cumprir a lei”. A partir desse momento o Município que não enquadrar-se ficaria sem receber recursos para Saúde. Deu maior impulso a descentralização para os municípios (maior autonomia), imediata ou gradativamente com o estabelecimento de três condições de gestão para os Municípios: Incipiente, Parcial e Semiplena, e para os Estados: Parcial e Semiplena. Essas condições de gestão posteriormente foramsubstituídas na próxima NOB. 42 Essa NOB também cria as Comissões IntergestoresBipartite (CIB) para Estados e Municípios e a Tripartite (CIT) Federal, Estadual e Municipal, como importante espaço de negociação, pactuação, articulação e integração entre gestores. NOB – SUS 01/96 Estabeleceu maior autonomia e responsabilidade aos municípios, com transferências fundo a fundo, em que todos são, a partir daqui, gestão plena da Atenção Básica Ampliada ou Plena do Sistema Municipal. Assim,os repasses de recursos para saúde são diretamente do Fundo de Saúde Federal para o FS Municipal, ou seja, verbas Municipais oriundas do Ministério da Saúde deixam de passar pelo estado para serem repassados diretamente aos Municípios. Os estados passam a ser mediadores, a União normaliza e financia e o município gere e executa. Os municípiostiveram que enquadrar-se em duas formas de gestão: Gestão plena da atenção básica: município assume responsabilidade pela assistência básica (condição mínima) ou; Gestão plena do sistema Municipal: tem responsabilidade pela atenção integral em todos os níveis de assistência, tendo maior autonomia e referência de outros municípios em atenção secundária e terciária. Os Estados: Gestão avançada do sistema Estadual ou Gestão Plena do Sistema Estadual. Para o financiamento da Atenção Básica, instituiu-se o PAB - Piso da Atenção Básica, dividido em Fixo (a partir do número de habitantes)repassados anualmente e Variável (por blocos de ações e serviços) repassados mensalmente. Instituiu a Programação Pactuada e Integrada (PPI), onde em consonância com o processo de planejamento são definidas e quantificadas as ações de saúde para população residente em cada território, bem como efetuados os pactos intergestores para garantia de 43 acesso da população aos serviços de saúde. Tem por objetivo organizar a rede de serviços, dando transparência aos fluxos estabelecidos e definir, a partir de critério e parâmetros pactuados, os limites financeiros destinados à assistência da população própria e das referências recebidas de outros municípios. Além disso, a NOB reorganiza a gestão dos procedimentos de média e alta complexidade ambulatorial, incorpora as ações de Vigilância Sanitária, criando o incentivo para as ações básicas de Vigilância Sanitária e às ações de Epidemiologia e Controle de Doenças. NOAS – SUS 2001/2002 Fortaleceu a gestão do SUS, das anteriores com ampliação das ações básicas, com ênfase na equidade e regionalização da assistência: Integração entre os sistemas municipais em organizações regionais conforme as demandas e recursos de cada região. Realçou as políticas para atendimento de média e alta complexidade com base regionalizada, criando o Plano Diretor de Regionalização (PDR). Fundamenta-se na conformação de sistemas funcionais e resolutivos de assistência à saúde, por meio da organização dos territórios estaduais em regiões/microrregiões e módulos assistenciais, dando conformação de redes hierarquizadas de serviços, com estabelecimento de mecanismos e fluxos de referência e contra referência intermunicipal (regionais de saúde). Os objetivos do PDR são contribuir para o desenvolvimento de Regiões Sanitárias com maior grau de autonomia e maior resolutividade; integrar regiões sanitárias e regiões administrativas, contribuir para construção da integralidade das ações e serviços de saúde na região e, garantir o acesso dos cidadãos, o mais próximo possível de sua residência, a um conjunto de ações e serviços que sejam necessários. 44 Uma das partes integrantes do PDR é o Plano Diretor de Investimentos (PDI), que visa identificar prioridades e desenvolver estratégias de investimento de forma a promover a equalização da oferta de recursos assistenciais em todos os níveis de complexidade. Na elaboração do PDR, um dos passos mais importantes é a definição dos conceitos-chave, a ser feita de acordo com a realidade de cada Estado. São eles: Região de Saúde: base territorial de planejamento de atenção à saúde, a ser definida pela Secretaria de Estado da Saúde, de acordo com as especificidades e estratégias de regionalização da saúde em cada Estado, considerando as características demográficas, socioeconômicas, sanitárias, epidemiológicas, oferta de serviços, entre outras. Dependendo do modelo de regionalização adotado, um Estado pode dividir-se em regiões e/ou microrregiões de saúde. Módulo Assistencial: é o espaço territorial que dispõe da resolutividade correspondente ao primeiro nível de referência, podendo ser constituído por um ou mais municípios, com área de abrangência mínima a ser estabelecida para cada Unidade Federada. Município-Polo de uma região ou microrregião: é aquele que de acordo com a definição da estratégia de regionalizaçãode cada Estado, apresente papel de referência para outros municípios, em qualquer nível de atenção. Microrregião de Saúde: é a unidade territorial mínima para qualificação na assistência à saúde, que deverá dispor de complexidade assistencial acima do exigido para os Módulos Assistenciais, sendo que esta definição deverá ser feita no âmbito estadual. No que diz respeito à ampliação do acesso e da qualidade da atenção básica, a NOAS/SUS 01/01 instituiu a Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada. E define como áreas de atuação estratégicas mínimas para a habilitação nesta condição o controle da tuberculose, a eliminação da 45 hanseníase, o controle da hipertensão arterial, o controle da diabetes mellitus, a saúde da criança, a saúde da mulher e a saúde bucal. NOAS – SUS 2006 Estabelece três tipos de Pactos: Pacto da Gestão; em Defesa da Vida; em Defesa do SUS. 1 - Pacto pela Vida: Pacto pela Vida foi constituído por um conjunto de compromissos sanitários, expressos em objetivos de processos e resultados e derivados da análise da situação de saúde do País e das prioridades foram definidas pelos governos federal, estaduais e municipais. Significa ação prioritária no campo da saúde a ser executada com foco em resultados e com a explicitação inequívoca dos compromissos orçamentários e financeiros para o alcance desses resultados: • 1. Implantar a política nacional da pessoa idosa; • 2. Redução da mortalidade por câncer de colo de útero e de mama; • 3. Redução da mortalidade materna e infantil; • 4. Fortalecer a capacidade de resposta do sistema de saúde às doenças emergentes e endemias (dengue, hanseníase, tuberculose, malária e influenza); • 5. Instituir a política nacional de promoção da saúde, com ênfase na adoção de hábitos saudáveis de vida. • 6. Fortalecimento da atenção primária à saúde – consolidar e qualificar a Estratégia da Saúde da Família. 2 - Pacto em defesa do SUS 46 O Pacto em Defesa do SUS envolveu ações concretas e articuladas pelas três instâncias federativas no sentido de reforçar o SUS como política de Estado, mais do que política de governos; e de defender, vigorosamente, os princípios basilares dessa política pública, inscritos na Constituição Federal. A concretização desse Pacto passa por um movimento de repolitização da saúde, com uma clara estratégia de mobilização social envolvendo o conjunto da sociedade brasileira, extrapolando os limites do setor e vinculada ao processo de instituição da saúde como direito de cidadania, tendo o financiamento público da saúde como um dos pontos centrais. • Dessa forma, foram estabelecidas duas prioridades: • 1. Implementar um projeto permanente de mobilização social: Mostrar a saúde como direito de cidadania e o SUS como sistema público universal garantidor desses direitos; Alcançar, no curto prazo, a regulamentação da Emenda Constitucional nº 29, pelo Congresso Nacional; Garantir, no longo prazo, o incremento dos recursos orçamentários e financeiros para a saúde; Aprovar o orçamento do SUS, composto pelos orçamentos das três esferas de gestão, explicitando o compromisso de cada uma delas. • 2. Elaborar e divulgar a carta dos direitos dos usuários do SUS. 3 - Pacto de Gestão Tornar mais evidente as responsabilidades federal, estaduais e municipais, contribuindo com o fortalecimento da gestão compartilhada e solidária no SUS, com ênfase na Descentralização; Regionalização; Financiamento; Programação Pactuada eIntegrada; Regulação; Participação e Controle Social; Planejamento; Gestão do Trabalho eEducação na Saúde. Também previu o estabelecimento das diretrizes para gestão do SUS. 47 PACTO PELA VIDA 2008 Definiu outras prioridades além das descritas no pacto pela vida de 2006, com monitoramento e avaliação de relatórios do Pacto pela Saúde: • Implementação da política nacional de atenção à saúde do homem; • Saúde mental – aumentar o acesso da população para saúde mental. • Fortalecimento da capacidade de resposta do sistema de saúde às pessoas com deficiência –ampliação da rede de reabilitação. • Atenção integral às pessoas em situação ou risco de violência - ampliar a rede de prevenção e cobertura da Ficha de Notificação/ Investigação de Violência Doméstica, Sexual e/ou outras violências. • Saúde do trabalhador - aumentar a identificação e a notificação dos agravos à Saúde do Trabalhador O PACTO PELA VIDA é atualmente monitorado e segue como prioridade nas ações de saúde nas três instâncias de gestão do SUS. OUTRAS LEGISLAÇÕES RELEVANTES DECRETO Nº7508, DE 28 DE JUNHO DE 2011:Regulamenta a Lei 8080 de 1990. Segue abaixo partes do decreto na íntegra, pois contém informações relevantes para o entendimento de todo o processo do SUS: CAPÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 1º Este Decreto regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, paradispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o planejamento da saúde,a assistência à saúde e a articulação interfederativa. Art. 2º Para efeito deste Decreto, considera-se: I - Região de Saúde - espaço geográfico contínuo constituído por agrupamentos deMunicípios limítrofes, delimitado a partir de identidades culturais, econômicas e sociaise de redes de comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados, com afinalidade de integrar a organização, o planejamento e a execução de ações e serviços desaúde; II - Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde - acordo de colaboraçãofirmado entre entes federativos com a finalidade de organizar e integrar as ações eserviços de saúde na rede 48 regionalizada e hierarquizada, com definição deresponsabilidades, indicadores e metas de saúde, critérios de avaliação de desempenho,recursos financeiros que serão disponibilizados, forma de controle e fiscalização de suaexecução e demais elementos necessários à implementação integrada das ações eserviços de saúde; III - Portas de Entrada - serviços de atendimento inicial à saúde do usuário no SUS; IV - Comissões Intergestores – instâncias de pactuação consensual entre os entesfederativos para definição das regras da gestão compartilhada do SUS; V - Mapa da Saúde - descrição geográfica da distribuição de recursos humanos e deações e serviços de saúde ofertados pelo SUS e pela iniciativa privada, considerando-sea capacidade instalada existente, os investimentos e o desempenho aferido a partir dosindicadores de saúde do sistema; VI - Rede de Atenção à Saúde - conjunto de ações e serviços de saúde articuladosem níveis de complexidade crescente, com a finalidade de garantir a integralidade daassistência à saúde; VII - Serviços Especiais de Acesso Aberto - serviços de saúde específicos para oatendimento da pessoa que, em razão de agravo ou de situação laboral, necessita deatendimento especial; e VIII - Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica - documento que estabelece:critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à saúde; o tratamento preconizado,com os medicamentos e demais produtos apropriados, quando couber; as posologiasrecomendadas; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e a verificaçãodos resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos gestores do SUS. CAPÍTULO II - DA ORGANIZAÇÃO DO SUS Art. 3º O SUS é constituído pela conjugação das ações e serviços de promoção,proteção e recuperação da saúde executados pelos entes federativos, de forma direta ouindireta, mediante a participação complementar da iniciativa privada, sendo organizadode forma regionalizada e hierarquizada. Seção I - Das Regiões de Saúde Art. 4º As Regiões de Saúde serão instituídas pelo Estado, em articulação com osMunicípios, respeitadas as diretrizes gerais pactuadas na Comissão IntergestoresTripartite - CIT a que se refere o inciso I do art. 30. § 1º Poderão ser instituídas Regiões de Saúde interestaduais, compostas porMunicípioslimítrofes, por ato conjunto dos respectivos Estados em articulação com osMunicípios. § 2º A instituição de Regiões de Saúde situadas em áreas de fronteira com outrospaíses deverá respeitar as normas que regem as relações internacionais. Art. 5º Para ser instituída, a Região de Saúde deve conter, no mínimo, ações eserviços de: I - atenção primária; II - urgência e emergência; III - atenção psicossocial; IV - atenção ambulatorial especializada e hospitalar; e V - vigilância em saúde. Parágrafo único. A instituição das Regiões de Saúde observará cronogramapactuado nas Comissões Intergestores. Art. 6º As Regiões de Saúde serão referência para as transferências de recursos entre os entes federativos. Art. 7º As Redes de Atenção à Saúde estarão compreendidas no âmbito de umaRegião de Saúde, ou de várias delas, em consonância com diretrizes pactuadas nasComissões Intergestores. Parágrafo único. Os entes federativos definirão os seguintes elementos em relaçãoàs Regiões de Saúde: I - seus limites geográficos; II - população usuária das ações e serviços; III - rol de ações e serviços que serão ofertados; e 49 IV - respectivas responsabilidades, critérios de acessibilidade e escala paraconformação dos serviços. Seção II - Da Hierarquização Art. 8º O acesso universal, igualitário e ordenado às ações e serviços de saúde seinicia pelas Portas de Entrada do SUS e se completa na rede regionalizada ehierarquizada, de acordo com a complexidade do serviço. Art. 9º São Portas de Entrada às ações e aos serviços de saúde nas Redes de Atenção à Saúde os serviços: I - de atenção primária; II - de atenção de urgência e emergência; III - de atenção psicossocial; e IV - especiais de acesso aberto. Parágrafo único. Mediante justificativa técnica e de acordo com o pactuado nasComissões Intergestores, os entes federativos poderão criar novas Portas de Entrada àsações e serviços de saúde, considerando as características da Região de Saúde. Art. 10. Os serviços de atenção hospitalar e os ambulatoriais especializados, entreoutros de maior complexidade e densidade tecnológica, serão referenciados pelas Portas deEntrada de que trata o art. 9º. Art. 11. O acesso universal e igualitário às ações e aos serviços de saúde seráordenado pela atenção primária e deve ser fundado na avaliação da gravidade do riscoindividual e coletivo e no critério cronológico, observadas as especificidades previstaspara pessoas com proteção especial, conforme legislação vigente. Parágrafo único. A população indígena contará com regramentos diferenciados deacesso, compatíveis com suas especificidades e com a necessidade de assistênciaintegral à sua saúde, de acordo com disposições do Ministério da Saúde. Art. 12. Ao usuário será assegurada a continuidade do cuidado em saúde, em todasas suas modalidades, nos serviços, hospitais e em outras unidades integrantes da rede deatenção da respectiva região. Parágrafo único. As Comissões Intergestores pactuarão as regras de continuidadedo acesso às ações e aos serviços de saúde na respectiva área de atuação. Art. 13. Para assegurar ao usuário o acesso universal, igualitário e ordenado àsações e serviços de saúde do SUS, caberá aos entes federativos, além de outrasatribuições que venham a ser pactuadas pelas Comissões Intergestores: I - garantir a transparência, a integralidade e a equidade no acesso às ações e aosserviços de saúde; II - orientar e ordenar os fluxos das ações e dos serviços de saúde; III - monitorar o acesso às ações e aos serviços de saúde; e IV - ofertar regionalmente as ações e os serviços de saúde. Art. 14. O Ministério da Saúde disporá sobre critérios, diretrizes, procedimentos edemais medidas que auxiliem os entes federativos no cumprimento das atribuiçõesprevistas no art. 13. CAPÍTULO III - DO PLANEJAMENTO DA SAÚDE Art. 15. O processo de planejamento da saúde será ascendente e integrado, do nívellocal até o federal, ouvidos os respectivos Conselhos de Saúde, compatibilizando-se asnecessidades das políticas de saúde com a disponibilidade de recursos financeiros. § 1º O planejamento da saúde é obrigatório para os entes públicos e será indutor depolíticas para a iniciativa privada. 50 § 2º A compatibilização de que trata o caput será efetuada no âmbito dos planosde saúde, os quais serão resultado do planejamento integrado dos entes federativos, edeverão conter metas de saúde. § 3º O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as diretrizes a serem observadasna elaboração dos planos de saúde, de acordo com as características epidemiológicas eda organização de serviços nos entes federativos e nas Regiões de Saúde. Art. 16. No planejamento devem ser considerados os serviços e as ações prestadospela iniciativa privada, de forma complementar ou não ao SUS, os quais deverãocompor os Mapas da Saúde regional, estadual e nacional. Art. 17. O Mapa da Saúde será utilizado na identificação das necessidades desaúde e orientará o planejamento integrado dos entes federativos, contribuindo para oestabelecimento de metas de saúde. Art. 18. O planejamento da saúde em âmbito estadual deve ser realizado demaneira regionalizada, a partir das necessidades dos Municípios, considerando oestabelecimento de metas de saúde. Art. 19. Compete à Comissão IntergestoresBipartite - CIB de que trata o inciso IIdo art. 30 pactuar as etapas do processo e os prazos do planejamento municipal emconsonância com os planejamentos estadual e nacional. CAPÍTULO IV - DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE Art. 20. A integralidade da assistência à saúde se inicia e se completa na Rede deAtenção à Saúde, mediante referenciamento do usuário na rede regional e interestadual,conforme pactuado nas Comissões Intergestores. Seção I Da Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde - RENASES Art. 21. A Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde – RENASEScompreende todas as ações e serviços que o SUS oferece ao usuário para atendimentoda integralidade da assistência à saúde. Art. 22. O Ministério da Saúde disporá sobre a RENASES em âmbito nacional,observadas as diretrizes pactuadas pela CIT. Parágrafo único. A cada dois anos, o Ministério da Saúde consolidará e publicaráas atualizações da RENASES. Art. 23. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios pactuarão nasrespectivas Comissões Intergestores as suas responsabilidades em relação ao rol deações e serviços constantes da RENASES. Art. 24. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão adotar relaçõesespecíficas e complementares de ações e serviços de saúde, em consonância com aRENASES, respeitadas as responsabilidades dos entes pelo seu financiamento, deacordo com o pactuado nas Comissões Intergestores. Seção II Da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais - RENAME Art. 25. A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais - RENAME compreendea seleção e a padronização de medicamentos indicados para atendimento de doenças oude agravos no âmbito do SUS. 51 Parágrafo único. A RENAME será acompanhada do Formulário TerapêuticoNacional - FTN que subsidiará a prescrição, a dispensação e o uso dos seusmedicamentos. Art. 26. O Ministério da Saúde é o órgão competente para dispor sobre aRENAME e os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas em âmbito nacional,observadas as diretrizes pactuadas pela CIT. Parágrafo único. A cada dois anos, o Ministério da Saúde consolidará e publicaráas atualizações da RENAME, do respectivo FTN e dos Protocolos Clínicos e DiretrizesTerapêuticas. Art. 27. O Estado, o Distrito Federal e o Município poderão adotar relaçõesespecíficas e complementares de medicamentos, em consonância com a RENAME,respeitadas as responsabilidades dos entes pelo financiamento de medicamentos, deacordo com o pactuado nas Comissões Intergestores. Art. 28. O acesso universal e igualitário à assistência farmacêutica pressupõe, cumulativamente: I - estar o usuário assistido por ações e serviços de
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