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Apostila Materiais de Construção II

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Materiais de Construção II 
 
 
SCHOLA DIGITAL 
2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Material Didático de Leitura 
Obrigatória utilizado na 
Disciplina de Materiais de 
Construção II – Revisão 00 
de Janeiro de 2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÍNDICE 
 
UNIDADE 1 – CERÂMICA E OUTROS 
Aula 1: Cerâmicas I......................................................................................................................1 
Aula 2: Cerâmicas II...................................................................................................................14 
Aula 3: Telhas............................................................................................................................23 
Aula 4: Blocos............................................................................................................................43 
UNIDADE 2 – MADEIRAS 
Aula 5: Conceitos Técnicos.......................................................................................................52 
Aula 6: Aplicações Temporárias................................................................................................69 
Aula 7: Aplicações Definitivas...................................................................................................82 
Aula 8: Preparação e Logística..................................................................................................94 
UNIDADE 3 – MATERIAIS COMPLEMENTARES 
Aula 9: Polímeros....................................................................................................................106 
Aula 10: Impermeabilização e Impermeabilizantes................................................................118 
Aula 11: Vidros........................................................................................................................129 
Aula 12: introdução aos Metais..............................................................................................145 
 
 
M
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 II 
Aula 1 – Cerâmicas I 
 
UNIDADE 1 – CERÂMICAS E OUTROS 
 
 
 
 
 
1 
 
 
Unidade 1 – Cerâmicas e Outros 
 
Aula 1: Cerâmicas I 
 
As Cerâmicas surgiram do primeiro exercício de engenharia de materiais do homem, há mais 
de 9.000 anos. A palavra “cerâmica” se origina da palavra grega “keramikos” que significa 
material queimado. Estes materiais são compostos químicos e soluções envolvendo elementos 
metálicos e não metálicos, eles possuem variedade de propriedades mecânicas e físicas 
permitindo aplicações em campos distintos: tijolos, louças, refratários, materiais magnéticos, 
dispositivos eletrônicos, fibras, abrasivos, componentes aeroespaciais, etc. 
 
1. Introdução 
Chama-se de cerâmica a pedra artificial obtida pela moldagem, secagem e cozimento 
de argilas ou misturas argilosas. Em alguns casos pode ser suprimida alguma das etapas 
citadas, mas a matéria prima essencial de uma cerâmica é a argila. Nos materiais cerâmicos 
a argila fica aglutinada por uma pequena quantidade de vidro, que aparece pela ação do 
calor de cozimento sobre os componentes da argila. 
Argilas são materiais terrosos naturais, que misturados com a água adquirem a 
propriedade de apresentar alta plasticidade. As argilas são compostas de partículas coloidais 
de diâmetro inferior a 0,005 mm, com alta plasticidade quando úmidos e que formam 
torrões de difícil desagregação quando sob pressão. Durante muito tempo se conceituou 
argila como derivada da Caulinita (Al2O3.2SiO2.2H2O), porém hoje se sabe que podem ter 
outras origens. A argila é constituída por partículas cristalinas extremamente pequenas 
chamadas de argilominerais, das quais a Caulinita é a mais abundante e importante. É 
encontrada abundantemente na natureza, nas margens dos rios e manguezais. É barata e 
fácil de manipular. É reciclável e se conserva ao longo dos anos somente exigindo um pouco 
de cuidado e umidade. 
A argila se origina da desagregação de rochas que comumente contém feldspato, por 
intemperismo. O intemperismo, como visto em aulas anteriores, é a ação física e química do 
Aula 1 – Cerâmicas I 
 
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II 
 
 
 
 
 
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ambiente sobre as rochas. A ação química caracteriza-se pelo ataque. O ataque químico é 
feito, por exemplo, pelo ácido carbônico presente na atmosfera e outros elementos 
agressivos de chuvas e águas. A ação física se refere à erosão, vulcanismos, pressão, 
descompressão, etc. No final, parte da rocha é transformada e fragmentada em partículas 
muito pequenas então chamadas de argilominerais. 
Normalmente as jazidas são formadas pelo processo de depósito aluvial, ou seja: as 
partículas menores (e portanto mais leves) são levadas por corrente de água e depositadas 
no lugar onde a força hidrodinâmica já não é suficiente para mantê-las em suspensão. Como 
exemplo, argilas constituídas essencialmente pelo argilomineral caulinita são as mais 
refratárias, pois são constituídas essencialmente de sílica (SiO2) e alumina (Al2O3), enquanto 
que os outros, devido à presença de potássio, ferro e outros elementos, têm a 
refratariedade sensivelmente reduzida. A presença de outros minerais, muitas vezes 
considerados como impurezas, pode afetar substancialmente as características de uma 
argila para uma dada aplicação; daí a razão, para muitas aplicações, de se eliminar por 
processos físicos os minerais indesejáveis. Processo chamado de beneficiamento. Nas 
construções primitivas a argila crua era secada ao sol e normalmente misturada com palha 
para aumentar sua resistência. Era denominada de Adobe. 
1.1. Formação da Cerâmica em Função da Argila 
As substâncias capazes de formar argilas são denominadas de argilominerais. São 
silicatos hidratados de alumínio ferro e magnésio, comumente com percentagem de álcalis 
e alcalino-terrosos. Junto com estes minerais vem a sílica pura, alumina, ferro, cálcio, 
magnésio e matéria orgânica. Observe que os elementos formadores de vidro estão 
presentes (sílica, álcalis e calcário). O aparecimento destes minerais se origina da 
desagregação do feldspato das rochas ígneas por ação da água e do gás carbônico. Como 
existem rochas ígneas e feldspatos de diversos tipos, as argilas também apresentam 
características diversas. 
Inicialmente as argilas são classificadas em magras e gordas, conforme menor ou 
maior quantidade de colóides. Os colóides são responsáveis pela plasticidade da argila, mas 
também, devido à alumina, deformam-se muito mais no cozimento. Entre as argilas que 
fundem a menos de 1200 oC: 
• As argilas magras, devido ao maior tamanho dos grãos e à quantidade de 
sílica que são mais porosas e frágeis. Ao tato parecem mais secas; 
• Argilas com maior quantidade de material orgânico de cor cinza-azulada ou 
até preto assumem a coloração amarela ou vermelha após o cozimento. São 
Aula 1 – Cerâmicas I 
 
UNIDADE 1 – CERÂMICAS E OUTROS 
 
 
 
 
 
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usadas para materiais cerâmicos estruturais, assim como tijolos e telhas mais 
grosseiras; 
• As magras e com pouco material orgânico dão cerâmicas menos porosas e 
uniformes, portanto de melhor qualidade. Estas argilas são também 
empregadas na fabricação do cimento; 
• A argila com alta percentagem de mica e pouco ferro é denominada grês. Tem 
uma tonalidade cinza-esverdeada e é usada na fabricação de tubos cerâmicos 
e ladrilhos. 
As argilas que vitrificam entre 950 e 1500 oC são utilizadas na fabricação de louças e 
são quase exclusivamente caulim. Tem coloração branca antes e depois do cozimento. As 
que só fundem e vitrificam a mais de 1500 oC são chamadas de refratárias e existem de 
vários tipos e cores. O nome barro também é popularmente usado para denominar as 
argilas. Tecnicamente barro é argila impura. Dificilmente a natureza vai apresentar argila 
pura, daí o uso indistinto da designação.Para concluir, define-se então tecnicamente o significado das Argilas: segundo a ABNT, 
“são compostas por partículas coloidais de diâmetro inferior a 0,005 mm, com alta 
plasticidade quando úmidas e que, quando secas, formam torrões dificilmente 
desagregáveis pela pressão dos dedos". 
1.2. Propriedades das Argilas 
Já foi dito que as cerâmicas são obtidas pela secagem e cozimento das argilas e que as 
argilas são partículas extremamente pequenas de certas substâncias chamadas de 
argilominerais. Existem relativamente poucas variedades de argilominerais, mas em grande 
abundância na natureza. Dentre os argilominerais mais abundantes está a caulinita. 
A caulinita dificilmente é encontrada pura na natureza, sempre havendo alguma 
mistura. Pura é um pó branco que quando seca é untuosa ao tato e quando úmida é muito 
plástica. O caulim é uma de suas ocorrências e serve como matéria prima de porcelanas, 
louças, azulejos e outros materiais. Tem cor tanto mais branca quanto maior for a 
quantidade de caulinita. Sempre tem algumas impurezas que podem afetar bastante as suas 
Aula 1 – Cerâmicas I 
 
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II 
 
 
 
 
 
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propriedades básicas. Entre as impurezas pode-se encontrar areia, sílica, alumina, óxido de 
ferro, álcalis, água, carvão e demais impurezas orgânicas. 
A sílica livre, na forma de areia, diminui, por exemplo, a plasticidade e refratariedade 
da argila e reduz também a resistência mecânica da cerâmica obtida. Mas também reduz a 
retração, a deformação e facilita a secagem. É indispensável na fabricação da cerâmica, 
pois, ao fundir, forma o vidro que aglutina e endurece o material. 
A alumina também reduz a plasticidade e a resistência mecânica, porém reduz as 
deformações e faz baixar o ponto de fusão da sílica para a formação do vidro. Os alcalis (cal, 
magnésia e sódio) também são fundentes e clareiam a cor das cerâmicas. 
O óxido de ferro mistura-se com a caulinita e lhe confere a cor vermelha ou amarela. 
Em alguns casos forma pintas ou manchas e reduz a refratariedade, mas aumenta muito a 
dureza da cerâmica. 
 Os materiais orgânicos são muito ruins para a cerâmica, pois apesar de aumentar a 
sua plasticidade, torna a cerâmica mais fraca e porosa. Eles conferem cor escura às argilas 
antes do cozimento, que desaparece, pois a matéria orgânica é queimada. 
Os sais diversos, que na maioria dos casos são inertes, tem seu maior efeito sobre a 
cor. Podem dar eflorescências e criptoflorescências, que são defeitos apresentados por 
algumas cerâmicas. Estes materiais e muitos outros se encontram nas mais diversas 
proporções, pois os depósitos de argila ficam expostos por milhares de anos a todas as 
influências climáticas e ambientais. A inclusão de substâncias diversas é objeto de diversos 
estudos atuais. 
1.2.1. Água 
A água de constituição faz parte da molécula do argilomineral e se eliminada altera 
quimicamente a argila. A água de plasticidade ou inchamento envolve as partículas 
coloidais, aderindo à sua superfície dando-lhe a mobilidade característica. A água de 
capilaridade fica nos poros da argila formando canais ou gotículas no interior da massa. É 
facilmente eliminada. 
1.2.2. Plasticidade 
É a propriedade que um sistema possui de se deformar pela aplicação de uma força e 
de manter essa deformação quando a força é retirada. Ela resulta das forças de atração 
entre partículas de argilominerais e da ação lubrificante da água entre as partículas 
Aula 1 – Cerâmicas I 
 
UNIDADE 1 – CERÂMICAS E OUTROS 
 
 
 
 
 
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lamelares; as forças de atração podem ser anuladas se a película de água entre as lamelas é 
excessiva provocando uma perda da plasticidade. Depende de: 
• Tipo e percentagem dos argilominerais; 
• Tamanho e forma das partículas; 
• Capacidade de troca de íons; 
• Presença de outras substâncias. 
As partículas coloidais tem grande atração entre si e quando secas não se deslocam, a 
não ser com grande esforço. Ao receber umidade, são envolvidas por uma camada 
lubrificante que dá alta plasticidade, enfraquecendo a atração. Existem substâncias que 
aumentam esta plasticidade (carbonatos, hidróxidos, silicatos e oxalatos) ou as que 
diminuem (ar incorporado, detergentes, sabões, pó de minerais, areia e pó de cerâmica). 
Estas substâncias são usadas como aditivo para correções na fabricação da cerâmica. A 
plasticidade depende também do tamanho, formato e comportamento químico dos grãos. 
1.2.3. Retração 
Durante a secagem das argilas, ocorre a evaporação da água: a distância entre as 
partículas diminui, provocando uma retração. Esta retração é proporcional ao grau de 
umidade e à composição da argila e tamanho das partículas. Se retração não é uniforme, a 
peça pode se deformar. 
Quando da perda da água os grãos têm grande atração molecular e o conjunto se 
retrai. A secagem é lenta, pois primeiras camadas externas perdem água por evaporação. A 
água das camadas internas migra para a superfície por capilaridade cada vez mais 
lentamente, homogeneizando o conjunto continuamente. 
A grande quantidade de caulinita provoca uma maior retração. A retração faz com que 
a peça cerâmica diminua de tamanho e quando a perda de água não é uniforme a peça se 
torce e deforma. Por isso é difícil se obter peças moduladas de tamanhos exatamente iguais 
nas medidas e perfeitamente planas. Isto só se consegue com muitos cuidados e técnicas 
especiais de fabricação. Nestes casos a fabricação fica encarecida de tal maneira que só é 
usada em casos especiais. Todos os aditivos que aumentam a plasticidade aumentam 
também a retração. 
1.2.4. Efeito do Calor 
O efeito temperatura se divide em dois tópicos: 
 
Aula 1 – Cerâmicas I 
 
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II 
 
 
 
 
 
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1.2.4.1. SECAGEM (EVAPORAÇÃO D’ÁGUA) 
A secagem do interior da peça (coração) ocorre pela difusão da água até a superfície 
onde acontece a evaporação; se a velocidade de evaporação é maior do que a velocidade de 
difusão da água do interior da peça até a superfície. 
Então, a superfície seca antes do interior e se retrai, enquanto o coração ainda úmido 
não contrai; este fenómeno pode criar tensões diferenciais, provocando o aparecimento de 
fissuras e uma deformação da peça. Devido a isso, torna-se necessário controlar a 
velocidade de evaporação a fim de que ela seja no mínimo da ordem de grandeza da 
velocidade de difusão da água do coração da peça até a superfície. Para isto, deve ser 
controlado a temperatura, a umidade e o fluxo de ar do ambiente. 
1.2.4.2. QUEIMA (SINTERIZAÇÃO) 
Durante a queima dos materiais cerâmicos, ocorrem transformações físicas, 
alotrópicas, reações no estado sólido e recristalizações em diversos intervalos de 
temperatura. Os processos de queima são caracterizados não só pela temperatura de 
queima, mas também pelo tempo de permanência numa temperatura dada. 
Aquecendo a argila comum entre 20 e 150 oC ela perde água do amassamento e de 
capilaridade. De 150 à 600 oC ela perde a água de plasticidade, ou seja, endurece mas 
continua sendo argila. Até este ponto não há alteração nas características químicas pois se a 
hidratarmos de novo ela ainda volta às condições iniciais de plasticidade. A partir de 600 oC 
começam as alterações químicas. Na primeira fase a água de constituição da molécula de 
argila é expulsa. Neste ponto a molécula alterada deixa de ser argila e já apresenta um 
endurecimento permanente. Nesta fase há a queima de materiais orgânicos existentes. 
Num segundo estágio há a oxidação: os carbonetos são calcinados e se transformam 
em óxidos. Por fim, a partir dos 950 oC, há a vitrificação. Aparece então a cerâmica, difícil de 
desagregar, deformar ou quebrar. 
2. Cerâmicas 
Conhece-se como cerâmica a arte de fabricar objetos de porcelana, loiça e barro. O 
conceito de cerâmica, “substância queimada”, permitefazer referência a essa arte, ao 
conjunto dos objetos produzidos, ao conhecimento científico sobre esses objetos e a tudo o 
que pertence ou que se relaciona com a cerâmica. 
 
Aula 1 – Cerâmicas I 
 
UNIDADE 1 – CERÂMICAS E OUTROS 
 
 
 
 
 
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2.1. Histórico 
Os historiadores são da opinião de que a cerâmica surgiu durante o período neolítico, 
da necessidade de criar recipientes que permitissem guardar o excedente das colheitas. 
Essa cerâmica era moldada manualmente e era secada ao sol ou em volta do lume (de uma 
fogueira). A partir da aplicação da cocção e do desenvolvimento de modelos geométricos e 
desenhos para a decoração dos objetos, surgiu a olaria (a arte de elaborar potes de barro 
cozido). 
Os Chineses teriam sido os primeiros a aplicarem técnicas avançadas para a cocção dos 
objetos. Os seus conhecimentos expandiram-se primeiramente pelo mundo oriental e, 
posteriormente, para o Ocidente. Existem várias técnicas e produtos vinculados à cerâmica. 
A porcelana, um material duro e translúcido, que tende a ser de cor branca, foi 
desenvolvida na China entre os séculos VII e VIII. 
A terracota (“terra cozida”) é mais antiga, pois remonta ao século III a.C. Trata-se de 
argila modelada e cozida no forno, geralmente utilizada para a criação de recipientes, 
esculturas e decorações. A louça (terracota envernizada ou esmaltada), o grés (moído com 
água e prensado para que tenha uma maior resistência) e a maiólica (que apresenta um 
acabamento vítreo particular) são outros materiais associados à cerâmica. 
2.2. Fabricação 
De uma maneira geral, a fabricação de um material cerâmico segue as seguintes 
etapas: 
2.2.1. Exploração da Jazida (Extração do Barro) 
Cada tipo de cerâmica requer um tipo apropriado de barro. Deve ser analisada a 
composição granulométrica, o teor de argila, a umidade e a pureza entre outras. Fatores 
que devem ser considerados para a exploração da jazida: 
• Localização: em relação à indústria e centro consumidor; 
• Topografia do local: facilidade de acesso; 
• Características geológicas: profundidade máxima da barreira e equipamentos 
adequados; 
• Características do barro relacionadas com a aplicação: teor de argila, 
granulometria, umidade, etc.; 
• Remoção da camada superficial: geralmente apresenta uma grande 
percentagem de matéria orgânica; exemplo: a matéria orgânica aumenta a 
porosidade; a presença de carbonato de cálcio e (ou) compostos sulfurosos 
em grandes quantidades aumenta o risco de aparecimento de fendas. 
Aula 1 – Cerâmicas I 
 
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II 
 
 
 
 
 
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2.2.2. Preparo da Matéria-Prima 
Extraída a argila, feita a seleção, segue-se o que se chama de “apodrecimento” da 
argila. Ela é depositada ao ar livre, revolvida e passa por um período de descanso. Esta 
etapa tem por finalidade fermentar ao ar as partículas orgânicas existentes no barro, 
tornando-as coloidais e aumentando a plasticidade da massa. Na correção usam-se 
misturas. A fase final é do amassamento, que serve para se obter a uniformidade entre os 
componentes. A argila então é preparada para a moldagem. Tem-se: 
• Eliminação das impurezas grosseiras por sedimentação, centrifugação, etc.; 
• A maceração, que consiste na desintegração, trituração, peneiramento para a 
obtenção de partículas menores; 
• O loteamento do barro consiste numa correção da argila para dar à mistura a 
composição desejada relacionada à aplicação. 
2.2.3. Moldagem 
É a operação que vai dar a forma desejada à pasta cerâmica. Acrescentando-se mais 
água, aumenta-se a facilidade de moldagem e diminui-se o consumo de energia (o que é 
bom), mas, em contrapartida, aumenta-se a contração na secagem e a deformação, assim 
como se aumenta o tempo de secagem (o que é ruim). Em função da quantidade de água 
adicionada, existem vários tipos de moldagem. 
2.2.3.1. MOLDAGEM A SECO OU SEMI-SECO 
A moldagem pode ser feita a seco ou semi- seco, o que demanda uma grande pressão 
e consequentemente grande energia. Este processo também leva o nome de prensagem. Os 
Aula 1 – Cerâmicas I 
 
UNIDADE 1 – CERÂMICAS E OUTROS 
 
 
 
 
 
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produtos são de excelente qualidade, mais uniformes e sem bolhas, tendo superfícies lisas e 
impermeáveis. Sabe-se que as propriedades mecânicas da cerâmica são inversamente 
proporcionais à quantidade de água usada na moldagem. Este processo é normalmente 
usado para ladrilhos, azulejos, isoladores elétricos e também para tijolos e telhas de melhor 
qualidade. 
2.2.3.2. MOLDAGEM COM PASTA PLÁSTICA CONSISTENTE 
Nestes casos a pasta é forçada a passar sob pressão sob um bocal apropriado, 
formando uma fita contínua e uniforme. Depois esta fita é cortada nos segmentos 
desejados. Este processo não pode ter massa com muita água devido a porosidade no 
cozimento assim como deformação excessiva. O ar também é prejudicial, pois além de 
dilatar a peça na cozedura pode também causar o fendilhamento e a desagregação. Nestes 
casos uma câmara de vácuo muitas vezes é incorporada ao sistema. A porosidade é boa na 
formação de aderência com argamassas por isto este processo é muito usado na fabricação 
de tijolos comuns ou elementos vazados. Para as telhas, a moldagem é feita por prensagem 
em formas. 
2.2.3.3. MOLDAGEM COM PASTA PLÁSTICA MOLE 
É o processo mais antigo, pois é feito até sem equipamentos. A massa é moldada à 
mão, em tornos ou moldes de madeira. É o processo usado em vasos, tijolos brutos, 
estatuetas pratos e xícaras de barro e eventualmente em telhas rústicas coloniais. 
2.2.3.4. MOLDAGEM COM PASTA PLÁSTICA FLUIDA 
Neste caso a pasta tem grande adição de água, formando um líquido semelhante ao 
xarope. A moldagem é feita com contra molde de metal, molde de gesso e a pasta é vertida 
em camadas até atingir a espessura desejada. Neste momento o gesso absorve a água da 
pasta, ficando só a camada de argila. Normalmente para o disforme o molde precisa ser 
partido, o que encarece a fabricação. É usado em peças de espessura pequena como louças 
domésticas, louças sanitárias e peças de alta precisão. 
2.2.4. Secagem 
A secagem é a fase obrigatória entre a moldagem e o cozimento, feita para que a pasta 
perca o excesso de água antes de ir ao forno. Esta secagem é lenta e bem distribuída 
evitando o fissuramento, deformações e porosidade das cerâmicas. Esta secagem pode ser 
feita ao natural (vento), mas é demorada e exige grandes superfícies de armazenamento, 
normalmente em telheiros extensos para a proteção do sol. 
Aula 1 – Cerâmicas I 
 
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II 
 
 
 
 
 
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Pode ser feita com o auxílio de um aquecimento brando quando então é chamada de 
secagem natural forçada. Este aquecimento é feito usando muitas vezes o calor do próprio 
forno de cozimento. Pode-se também empregar secadores que são fornos de temperatura 
baixa (em torno de 100 oC). 
A secagem pode ser feita com ar quente e úmido, reduzindo-se gradativamente o teor 
de umidade e garantindo a uniformidade do processo. É um excelente processo, pois reduz 
significativamente deformações e fendilhamento. O processo pode utilizar o vácuo, onde a 
evaporação da água é rápida, mas este não é um processo econômico ou seguro. 
Em peças delgadas e de precisão (componentes eletrônicos e elétricos) pode-se fazer 
secagem por radiação infra vermelha. Este processo tem um custo alto e é usado em 
secadores especiais. Nos fornos de túnel ou de Hoffmann o calor é forçado a passar sobre as 
peças que estão indo para o cozimento. O resultado depende da velocidade de secagem. 
2.2.5. Cozimento 
É a fase da fabricação em que o barro é colocado em fornos de alta temperatura para 
que ocorram as reações químicas de endurecimento e vitrificação. No resultado influem as 
temperaturas alcançadas, a velocidade de aquecimento, atmosfera ambiente,pressão e 
umidade. O cozimento pode ser contínuo ou intermitente. Os combustíveis usados são 
lenha, carvão, óleo ou energia elétrica. Alguns tipos de cerâmica precisam ir duas vezes ao 
forno para o recozimento. Isto é comum nas peças esmaltadas. A aplicação do vidrado pode 
ocorrer antes, durante ou depois do cozimento. 
A queima em alta temperatura vai provocar o fenómeno de vitrificação que dará 
coesão e resistência para as peças cerâmicas. As peças (exemplo: tijolos) são empilhadas em 
cutelo sob forma de uma pirâmide truncada com altura de 5-6 metros e lado de 8-10 
metros. O tipo de forno deve ser escolhido de maneira a proporcionar uma uniformidade 
das temperaturas no seu interior e um rendimento máximo, diminuindo as perdas por 
irradiação. 
Aula 1 – Cerâmicas I 
 
UNIDADE 1 – CERÂMICAS E OUTROS 
 
 
 
 
 
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2.2.6. Esmaltação 
Um esmalte é um vidrado cerâmico que se aplica em peças na forma de uma camada 
homogênea; é feito à base de fritas (vidro moído), corante e aditivos. Pode ser aplicado: 
Aula 1 – Cerâmicas I 
 
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II 
 
 
 
 
 
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• Depois da queima da peça cerâmica (biscoito); então será necessária uma 
outra queima, é o processo de biqueima; 
• Antes da queima do biscoito, é o processo de monoqueima. 
Os objetivos na aplicação do esmalte são de impermeabilizar, embelezar, aumentar a 
resistência mecânica, aumentar a resistência ao desgaste, melhorar a higienização 
(facilidade de limpeza) e a resistência química. Ele pode ser transparente, opaco, brilhante, 
fosco ou colorido. O vidrado deve ser homogêneo (espessura, cor) ao longo da peça e deve 
apresentar alta resistência às variações de temperatura e umidade, sem gretar. 
2.2.7. Esfriamento 
Nesta fase o único cuidado é evitar um resfriamento muito brusco, que pode fendilhar 
a peça pela rápida retração. 
2.3. Reciclagem 
A produção materiais cerâmicos requer grande quantidade de recursos e causa uma 
série de efeitos negativos ao meio ambiente. Neste contexto, destaca-se que o processo da 
indústria é constituído pelas etapas: extração de argila, transporte, mistura da argila, pré-
elaboração, extrusão, secagem, queima e expedição. Dentre estes processos, o maior 
impacto relativo encontra-se principalmente nas etapas de extração e transporte da argila, 
uma vez que demanda considerável quantidade de combustível. Além disso, a etapa de 
queima também contribui, uma vez que são necessárias altas temperaturas para se atingir 
as propriedades exigidas. Em relação à matéria prima, as perdas são relativamente baixas, 
uma vez que não ocorrem grandes transformações da argila, possibilitando o 
reaproveitamento em quase todas as etapas. A exceção encontra-se na etapa de queima, 
que não possibilita reversão do processo, gerando resíduos se o produto não estiver na 
qualidade exigida. 
 
 
 
 
 
Aula 1 – Cerâmicas I 
 
UNIDADE 1 – CERÂMICAS E OUTROS 
 
 
 
 
 
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Os produtos que não atingem o padrão de qualidade necessário à comercialização, 
apresentando pequenas fissuras e danificações, são considerados produtos de segunda 
linha (subprodutos gerados). Estes, por sua vez, são comercializados para usos menos 
nobres, como construção de muros e outros (que não exijam resistência mecânica muito 
elevada). 
Em disciplina específica, os demais rejeitos cerâmicos serão tema melhor abordado 
juntamente aos demais resíduos gerados pela construção civil, que devem possuir 
destinação normatizada e regidas por severa legislação. 
Aula 2 – Cerâmicas II 
 
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II 
 
 
 
 
 
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Aula 2: Cerâmicas II 
 
São materiais formados pela ligação entre átomos de metais e semi-metais, metais e ametais, 
e semi-metais e ametais, unidos através de ligações iônicas e/ou covalentes. O setor cerâmico 
é amplo e heterogêneo o que induz a dividi-lo em subsetores ou segmentos em função de 
diversos fatores, como matérias-primas, propriedades e áreas de utilização. 
 
1. Classificação das Cerâmicas 
O setor cerâmico é amplo e heterogêneo o que induz a dividi-lo em sub-setores ou 
segmentos em função de diversos fatores como matérias-primas, propriedades e áreas de 
utilização. Dessa forma, a seguinte classificação, em geral, é adotada. 
1.1. Cerâmica Vermelha 
Compreende aqueles materiais com coloração avermelhada empregados na 
construção civil (tijolos, blocos, telhas, elementos vazados, lajes, tubos cerâmicos e argilas 
expandidas) e também utensílios de uso doméstico e de adorno. As lajotas muitas vezes são 
enquadradas neste grupo, porém o mais correto é em Materiais de Revestimento. 
1.2. Materiais de Revestimento (Placas Cerâmicas) 
São aqueles materiais na forma de placas usados na construção civil para revestimento 
de paredes, pisos, bancadas e piscinas de ambientes internos e externos. Recebem 
designações tais como: azulejo, pastilha, porcelanato, grês, lajota, piso, etc. 
1.3. Cerâmica Branca 
Este grupo é bastante diversificado, compreendendo materiais constituídos por um 
corpo branco e em geral recobertos por uma camada vítrea transparente e incolor e que 
eram assim agrupados pela cor branca da massa, necessária por razões estéticas e/ou 
técnicas. Com o advento dos vidrados opacificados, muitos dos produtos enquadrados neste 
grupo passaram a serem fabricados, sem prejuízo das características para uma dada 
aplicação, com matérias-primas com certo grau de impurezas, responsáveis pela coloração. 
Aula 2 – Cerâmicas II 
 
UNIDADE 1 – CERÂMICAS E OUTROS 
 
 
 
 
 
15 
 
 
Dessa forma é mais adequado subdividir este grupo em: 
• Louça sanitária; 
• Louça de mesa; 
• Isoladores elétricos para alta e baixa tensão; 
• Cerâmica artística (decorativa e utilitária); 
• Cerâmica técnica para fins diversos, tais como: químico, elétrico, térmico e 
mecânico. 
 
1.4. Materiais Refratários 
Este grupo compreende uma diversidade de produtos, que têm como finalidade 
suportar temperaturas elevadas nas condições específicas de processo e de operação dos 
equipamentos industriais, que em geral envolvem esforços mecânicos, ataques químicos, 
variações bruscas de temperatura e outras solicitações. Para suportar estas solicitações e 
em função da natureza das mesmas, foram desenvolvidos inúmeros tipos de produtos, a 
partir de diferentes matérias-primas ou mistura destas. Dessa forma, podemos classificar os 
produtos refratários quanto a matéria-prima ou componente químico principal em: sílica, 
sílico-aluminoso, aluminoso, mulita, magnesianocromítico, cromítico-magnesiano, carbeto 
de silício, grafita, carbono, zircônia, zirconita, espinélio e outros. 
1.5. Isolantes Térmicos 
Os produtos deste segmento podem ser classificados em: 
• Refratários isolantes que se enquadram no segmento de refratários; 
• Isolantes térmicos não refratários, compreendendo produtos como 
vermiculita expandida, sílica diatomácea, diatomito, silicato de cálcio, lã de 
vidro e lã de rocha, que são obtidos por processos distintos do primeiro item 
e que podem ser utilizados, dependendo do tipo de produto até 1100 oC; 
• Fibras ou lãs cerâmicas que apresentam características físicas semelhantes as 
citadas no item b), porém apresentam composições tais como sílica, silica-
alumina, alumina e zircônia, que dependendo do tipo, podem chegar a 
temperaturas de utilização de 2000 oC ou mais. 
1.6. Fritas e Corantes 
Estes dois produtos são importantes matérias-primas para diversos segmentos 
cerâmicos que requerem determinados acabamentos. Frita (ou vidrado fritado) é um vidro 
moído, fabricado por indústrias especializadas a partir da fusão da mistura de diferentes 
matérias-primas. É aplicado na superfície do corpo cerâmico que, após a queima, adquire 
Aula 2 – Cerâmicas IIMATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II 
 
 
 
 
 
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aspecto vítreo. Este acabamento tem por finalidade aprimorar a estética, tornar a peça 
impermeável, aumentar a resistência mecânica e melhorar ou proporcionar outras 
características. Corantes constituem-se de óxidos puros ou pigmentos inorgânicos sintéticos 
obtidos a partir da mistura de óxidos ou de seus compostos. Os pigmentos são fabricados 
por empresas especializadas, inclusive por muitas das que produzem fritas, cuja obtenção 
envolve a mistura das matérias-primas, calcinação e moagem. Os corantes são adicionados 
aos esmaltes (vidrados) ou aos corpos cerâmicos para conferir-lhes colorações das mais 
diversas tonalidades e efeitos especiais. 
1.7. Abrasivos 
Parte da indústria de abrasivos, por utilizarem matérias-primas e processos 
semelhantes aos da cerâmica, constituem-se num segmento cerâmico. Entre os produtos 
mais conhecidos podemos citar o óxido de alumínio eletrofundido e o carbeto de silício. 
1.8. Vidro, Cimento e Cal 
São três importantes segmentos cerâmicos e que, por suas particularidades, são 
muitas vezes considerados à parte da cerâmica (assim se dá neste curso). 
1.9. Cerâmica de Alta Tecnologia/Cerâmica Avançada 
O aprofundamento dos conhecimentos da ciência dos materiais proporcionaram ao 
homem o desenvolvimento de novas tecnologias e aprimoramento das existentes nas mais 
diferentes áreas, como aeroespacial, eletrônica, nuclear e muitas outras e que passaram a 
exigir materiais com qualidade excepcionalmente elevada. Tais materiais passaram a ser 
desenvolvidos a partir de matérias-primas sintéticas de altíssima pureza e por meio de 
processos rigorosamente controlados. Estes produtos, que podem apresentar os mais 
diferentes formatos, são fabricados pelo chamado segmento cerâmico de alta tecnologia ou 
cerâmica avançada. Eles são classificados, de acordo com suas funções, em: 
eletroeletrônicos, magnéticos, ópticos, químicos, térmicos, mecânicos, biológicos e 
nucleares. Os produtos deste segmento são de uso intenso e a cada dia tende a se ampliar. 
Como alguns exemplos, podemos citar: naves espaciais, satélites, usinas nucleares, 
materiais para implantes em seres humanos, aparelhos de som e de vídeo, suporte de 
catalisadores para automóveis, sensores (umidade, gases e outros), ferramentas de corte, 
brinquedos, acendedor de fogão, etc. 
 
Aula 2 – Cerâmicas II 
 
UNIDADE 1 – CERÂMICAS E OUTROS 
 
 
 
 
 
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2. Propriedades dos Materiais Cerâmicos 
Propriedades tais como a facilidade de conformação, baixo custo e densidade, 
resistência à corrosão e a temperaturas elevadas, fizeram com que os materiais cerâmicos 
tradicionais conquistassem posições de relevo em diferentes setores industriais e artísticos. 
Algumas destas propriedades, nomeadamente, a resistência à corrosão e a temperaturas 
elevadas, cedo fascinaram muitos industriais, no sentido de produzirem peças técnicas 
nestes materiais, os cerâmicos de Engenharia. Contudo, todos os esforços desenvolvidos 
depararam com o mesmo problema, a fragilidade destes materiais. Isto originou uma 
intensa agitação a nível mundial no sentido de descobrir formas de “enganar” as fissuras e, 
apesar de terem sido já alcançados valores notáveis de tenacidade, estes valores são ainda 
insuficientes para muitas aplicações técnicas. Diz-se que os materiais cerâmicos são os 
materiais do futuro. A seguir, serão apresentadas algumas das propriedades que os tornam 
tão notórios. 
2.1. Propriedades Térmicas 
Por propriedade térmica entende-se a resposta de um material à aplicação de calor. À 
medida que um sólido absorve energia na forma de calor, sua temperatura sobe e suas 
dimensões aumentam. A energia pode ser transportada para regiões mais frias da amostra 
se existirem gradientes de temperatura e, finalmente, a amostra pode se fundir. Capacidade 
calorífica, expansão térmica e condutibilidade térmica são propriedades que são às vezes 
críticas na utilização prática de sólidos. 
Forças de ligação inter-atômicas relativamente fortes são encontradas em muitos 
materiais cerâmicos como refletidas nos comparativamente baixos coeficientes de 
expansão térmica; valores tipicamente variam entre cerca de 0,5 x 10-6 a 15 x 10-6 (oC)-1. 
Materiais cerâmicos que são submetidos a variações de temperatura devem ter coeficientes 
de expansão térmica que são relativamente baixos. Doutro modo, esses materiais frágeis 
podem experimentar fratura como uma consequência de variações dimensionais não 
uniformes no que é denominado choque térmico. 
As mais importantes propriedades térmicas dos materiais cerâmicos são: 
• Grande capacidade calorífica; 
• Baixo coeficiente de expansão térmica; 
• Baixa condutividade térmica. 
Aula 2 – Cerâmicas II 
 
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II 
 
 
 
 
 
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Uma interessante aplicação, que leva em conta as propriedades térmicas das 
cerâmicas, é o seu uso na indústria aeroespacial. 
2.2. Propriedades Mecânicas 
Materiais cerâmicos são muito limitados em aplicabilidade por suas propriedades 
mecânicas, que em muitos aspectos são inferiores às dos metais. A principal desvantagem é 
uma disposição à fratura catastrófica de uma maneira frágil com muito pouca absorção de 
energia. 
2.2.1. Mecanismos de Deformação Plástica 
Embora à temperatura ambiente a maioria dos materiais cerâmicos sofra fratura antes 
do início da deformação plástica, vale a pena uma breve exploração dos possíveis 
mecanismos. A deformação plástica é diferente para cerâmicas cristalinas e não-cristalinas; 
entretanto, cada uma é discutida. 
Nota: Segundo a distribuição espacial dos átomos, moléculas ou íons, os materiais sólidos 
podem ser classificados em: 
a) Cristalinos: compostos por átomos, moléculas ou íons arranjados de uma forma 
periódica nas três dimensões. As posições ocupadas seguem uma ordenação que se 
repete para grandes distâncias atômicas (de longo alcance); 
b) Amorfos: compostos por átomos, moléculas ou íons que não apresentam uma 
ordenação de longo alcance. Podem, no entanto, apresentar ordenação de curto 
alcance. 
Este esclarecimento é a título de informação e não será aprofundado neste estudo. Sua 
importância se dá na esfera da compreensão da propriedade de deformação, cabendo ao 
aluno tomar ciência que tal característica pode e afeta nesta deformação devido à 
disposição atômica. 
Para cerâmicas cristalinas, ocorre a deformação plástica, tal como com metais, pelo 
movimento de discordâncias. Uma razão para a dureza e a fragilidade destes materiais é a 
dificuldade do escorregamento (ou movimento de discordância). Esta é uma consequência 
da natureza eletricamente carregada dos íons. Para escorregamento em algumas direções, 
íons de carga similar são colocados em estreita proximidade entre si; por causa da repulsão 
eletrostática, este modo de escorregamento é muito restringido. Isto não é um problema 
em metais, uma vez que todos os átomos estão eletricamente neutros. 
Aula 2 – Cerâmicas II 
 
UNIDADE 1 – CERÂMICAS E OUTROS 
 
 
 
 
 
19 
 
 
A deformação plástica não ocorre por movimento de discordância para cerâmicas não-
cristalinas, porque não existe nenhuma estrutura cristalina regular. Em vez disto, estes 
materiais se deformam por escoamento viscoso, a mesma maneira na qual os líquidos se 
deformam; a taxa de deformação é proporcional à tensão aplicada. Em resposta a uma 
tensão cisalhante aplicada, átomos ou íons deslizam uns sobre os outros, quebrando e 
recompondo ligações interatômicas. Entretanto, não existe nenhuma maneira ou direção 
pré-escrita na qual isto ocorre, como com as discordâncias. 
 
Líquidos têm relativamente baixas viscosidades; por exemplo, a viscosidade da água à 
temperatura ambiente é de cerca de 10-3 Pa.s. Por outro lado, vidros têm extremamente 
grandes viscosidades à temperaturaambiente, que são atribuídas à forte ligação 
interatômicas. À medida que a temperatura é elevada, a magnitude da ligação é diminuída, 
o movimento de deslizamento ou fluxo dos átomos ou íons é facilitado e então existe uma 
queda na viscosidade. 
2.2.2. Fluência 
Às vezes materiais cerâmicos experimentam deformação de fluência como um 
resultado de exposição às tensões (usualmente compressivas) a elevadas temperaturas. Em 
geral, o comportamento de fluência tempo-deformação de cerâmicas é similar àquele dos 
metais; entretanto, fluência ocorre em temperaturas maiores em cerâmicas. Testes 
compressivos de fluência a alta temperatura são conduzidos em materiais cerâmicos para 
determinar deformação de fluência como uma função da temperatura e do nível de tensão. 
2.2.3. Fenda de Griffith 
A resistência à fratura de um material sólido é uma função das forças coesivas que 
existem entre os átomos. Nesta base, estimou-se que a resistência coesiva teórica de um 
sólido elástico frágil é aproximadamente E/10, onde E é o módulo de elasticidade. As 
Aula 2 – Cerâmicas II 
 
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II 
 
 
 
 
 
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resistências às fraturas experimentais da maioria dos materiais de engenharia normalmente 
caem entre 10 e 1000 vezes abaixo deste valor teórico. Na década de 1920, A.A.Griffith 
propôs que esta discrepância entre a força coesiva teórica e a resistência à fratura 
observada poderia ser explicada pela presença de defeitos ou trincas muito pequenos e 
microscópicos que sempre existem sob condições normais na superfície e dentro do interior 
de um corpo material. Os defeitos são um detrimento para a resistência à fratura porque 
uma tensão aplicada pode ser amplificada ou concentrada na ponta, a magnitude desta 
amplificação dependendo da orientação e geometria da trinca. Devido à sua capacidade de 
amplificar um tensão aplicada em seus locais, estes defeitos (falhas) às vezes denominadas 
elevadores tensão. 
Griffith a seguir propôs que todos os materiais frágeis contivessem uma população de 
pequenas trincas e falhas que têm uma variedade de tamanhos, geometrias e orientações. 
A fratura resultará quando, sob aplicação de uma tensão de tração, a resistência coesiva 
teórica do material é excedida na ponta de uma destas falhas. Isto conduz à formação de 
uma trinca que então se propaga rapidamente. Se nenhuma falha estiver presente, a 
resistência à fratura seria igual à resistência coesiva do material. Whiskers (filamentos ou 
agulhas) metálicos ou cerâmicos muito pequenos e virtualmente livres de defeito foram 
crescidos com resistências à fratura que se aproximam dos seus valores teóricos. 
2.2.4. Propagação de Fendas 
Durante a propagação de uma trinca, existe uma liberação do que é denominado 
energia de deformação elástica, alguma energia que é estocada no material quando ele é 
elasticamente deformado. Além disso, durante o processo de extensão da trinca, novas 
superfícies livres são criadas nas faces de uma trinca, que dá origem a um aumento na 
energia superficial do sistema. Griffith desenvolveu um critério para a propagação de trinca 
de uma trinca elíptica realizando um balanço de energia usando estas duas energias. Ele 
demonstrou que a tensão crítica (𝜎𝑐) requerida para propagação de trinca num material é 
descrita por: 
𝜎𝑐 = 2(
𝐸. 𝛾𝑠
𝜋𝑎
)0,5 
Onde: 
E é o módulo de elasticidade; 
𝛾𝑠 é a energia superficial específica; 
𝑎 é a metade do comprimento de uma trinca interna. 
Aula 2 – Cerâmicas II 
 
UNIDADE 1 – CERÂMICAS E OUTROS 
 
 
 
 
 
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2.2.5. Fratura Frágil 
À temperatura ambiente, tanto a cerâmica cristalina quanto a cerâmica não-cristalina 
quase sempre se fraturam antes que qualquer deformação plástica possa ocorrer em 
resposta a uma carga de tração aplicada. O processo de fratura frágil consiste da formação e 
propagação de trincas através da seção reta de material numa direção perpendicular à 
carga aplicada. 
A resistência à fratura medida de materiais cerâmicos são substancialmente menores 
do que previstas pela teoria das forças de ligação interatômicas. Isto pode ser explicado 
pelas pequenas e onipresentes falhas (defeitos) no material que serve como elevador de 
tensão. O grau de amplificação da tensão depende do comprimento da trinca e raio de 
curvatura, sendo o mais alto para defeitos longos e apontados. Estes elevadores de tensão 
podem ser trincas da superfície ou do interior (microtrincas), poros internos e cantos de 
grão, que são virtualmente impossíveis de eliminar ou controlar. Uma concentração de 
tensão numa ponta de defeito pode causar a formação de uma trinca, que pode propagar-
se até eventual falha. 
A medida da capacidade de um material cerâmico para resistir à fratura quando uma 
trinca estiver presente é especificada em termos de tenacidade à fratura. A tenacidade à 
fratura de deformação plana e as teorias estatísticas que em conjunção com os dados 
experimentais são usados para determinar o risco de fratura de um dado material é uma 
discussão que está além do escopo do presente material didático. 
2.3. Propriedades Elétricas 
 Embora as cerâmicas tradicionais discutidas anteriormente respondam pelo grosso da 
produção, o desenvolvimento de novas e o que é denominado "cerâmicas avançadas" 
começou e continuará para estabelecer um destacado nicho em nossas avançadas 
tecnologias. Em particular, propriedades elétricas, magnéticas e óticas e combinações 
únicas de propriedades para cerâmicas têm sido exploradas numa hoste (grande número) 
de novos produtos. 
Além disso, cerâmicas avançadas são, ou têm potencial para ser, utilizadas em 
máquinas de combustão interna e turbinas, como placa de armadura, em embalagem 
eletrônica, como ferramentas de corte e para conversão, estocagem e geração de energia. 
A indústria eletrônica está continuamente procurando novos materiais para 
acompanhar as tecnologias continuamente mutantes. De interesse particular é a 
embalagem de circuitos integrados (ICs). Os ICs são montados num material substrato que 
Aula 2 – Cerâmicas II 
 
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II 
 
 
 
 
 
22 
 
 
deve ser eletricamente isolante, tendo apropriadas características dielétricas (isto é, baixa 
constante dielétrica), bem como dissipar o calor gerado por correntes elétricas que passam 
através dos componentes eletrônicos (isto é, termicamente condutivos). À medida que os 
componentes IC se tornam montados mais próximos entre si, esta dissipação de calor se 
torna uma consideração mais crítica. Óxido de alumínio tem sido o material substrato 
padrão; sua principal limitação, entretanto, é a sua relativamente baixa condutividade 
térmica. Como uma regra geral, materiais que são maus condutores elétricos são também 
maus condutores térmicos, e vice-versa. Exceções (isto é, isolantes elétricos e condutores 
térmicos) são materiais cerâmicos de alta pureza que tenham estruturas cristalinas simples; 
estes incluem nitreto de boro (BN), carbeto de silício (SiC) e nitreto de alumínio (AlN). 
Correntemente, o mais promissor substrato alternativo é o AlN, que tem uma condutividade 
térmica de cerca de 10 vezes melhor do que aquela da alumina. Além disso, a expansão 
térmica do AlN é muito próxima daquela de IC "chips" de silício para os quais serve como 
um substrato. 
Baseado e adaptado ABCERAM, 
Carol ina Gomes Araújo Garreto. 
Edições sem prejuízo de 
conteúdo.
Aula 3 – Telhas 
 
UNIDADE 1 – CERÂMICAS E OUTROS 
 
 
 
 
 
23 
 
 
Aula 3: Telhas 
 
As telhas cerâmicas são as mais utilizadas nos telhados brasileiros. Com diversas opções de 
formatos e modelos, que atendem a todo tipo de decoração, encontramos as telhas romana, 
francesa e portuguesa - cada uma com suas particularidades. A construção de um telhado 
deve ser muito bem pensada e estruturada, deforma a proporcionar o melhor ambiente 
possível. Para isso, as telhas cerâmicas são excelentes barreiras térmicas, proporcionando um 
ambiente interno bem agradável. Além disso, esse tipo de telha é bom para a 
impermeabilização e proteção da edificação. A cerâmica é um material de fácil limpeza, 
manutenção e possui baixo preço. 
 
1. Telhas Cerâmicas 
A massa argilosa é conformada geralmente por extrusão com umidade entre 20% e 
25% aproximadamente, na forma de um bastão com seção quadrada ou cilíndrica e 
cortadas em segmentos compatíveis com o volume da telha. Posteriormente são prensadas, 
obtendo-se a forma final do produto através do molde tipo macho e fêmea (de gesso, metal 
e borracha). Passam pelo processo de secagem e em seguida são queimadas a temperaturas 
entre 900 oC e 1100 oC. 
Atualmente, há uma grande tendência do uso de telhas esmaltadas que se adaptam ao 
estilo e se harmonizam com os aspectos externos da obra, em cores variadas. Estas telhas 
podem ser obtidas pelos processos de biqueima (processo utilizado nos azulejos e louças 
sanitárias) e monoqueima. As telhas, além de serem esmaltadas externamente, podem 
também apresentar esmaltação interna. As peças esmaltadas não têm utilização em 
habitações de interesse social devido ao custo elevado e as exigências com relação a sua 
fixação individual sobre a estrutura do telhado. 
Ao longo dos anos, têm surgido muitos produtos alternativos à telha cerâmica. Porém, 
constata-se que por mais que surjam novos produtos para coberturas, geralmente são mais 
caras ou de menor eficiência, sem falarmos nas vantagens térmicas da telha de barro e sua 
incontestável durabilidade, atravessando centenas de anos com a mesma qualidade. 
Aula 3 – Telhas 
 
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II 
 
 
 
 
 
24 
 
 
O uso de telhas cerâmicas no país ocorre desde o descobrimento do Brasil e o 
componente cerâmico que deu origem aos demais tipos de peças tem sua forma 
semelhante ao canal pelo qual escoa a água. Inicialmente, as telhas eram conformadas 
manualmente com mão-de-obra escrava, onde estes as moldavam nas suas pernas, de 
acordo com o depoimento de antigos oleiros. 
Tal registro pode hoje ser constatado através de antigas peças que apresentam a 
forma da estrutura óssea humana. As telhas cerâmicas são componentes utilizados para 
coberturas, empregadas praticamente em todas as regiões do país, apresentando variadas 
conformações e características técnicas. Constituídas por argilas do tipo ilita e 
montmorilonita, geralmente com matéria-prima melhor selecionada e preparada, face às 
características que deverão ser compatíveis com a geometria e a utilização do produto. 
1.1. Características Principais e Classificação 
As telhas cerâmicas são de uso mais corrente no Brasil, sobretudo em construções 
residenciais unifamiliares. De acordo com autores, “a fabricação de telhas cerâmicas é feita 
quase que pelo mesmo processo empregado para os tijolos comuns. O barro deve ser mais 
fino e homogêneo, nem muito gordo nem muito magro, a fim de ser o mais impermeável, 
sem grande deformação no cozimento. A moldagem pode ser feita por extrusão seguida de 
prensagem, ou diretamente por prensagem. A secagem tem de ser mais lenta que para os 
tijolos comuns, ou seja, a retenção de água deve ser maior, para diminuir a deformação”. 
Ainda segundo autores, as telhas devem ser fabricadas com maior cuidado que os tijolos, 
apresentando menores deformações, sendo mais compactas, mais leves e tão 
impermeáveis quanto possível. Conforme seu tipo, devem atender às disposições da norma 
“NBR 9601 – Telha cerâmica de capa e canal – Especificações” ou “NBR 7172 – Telha 
cerâmica tipo francesa – Especificações”. 
O controle expedito da impermeabilidade (estanqueidade à agua) é feito moldando 
sobre ela um anel de argamassa, no interior do qual se põe água até 5 cm de altura. Uma 
boa telha, em 24 horas, não deixa infiltrar umidade. A umidade só aparecerá após 48 horas, 
e sem gotejamento. Normalmente, exige-se que a absorção não seja superior a 18%, mas 
convém registrar que as telhas têm sua impermeabilidade aumentada com o tempo. Isso se 
deve ao fato de que os poros se obstruem com o limo e a poeira depositada. A superfície 
das telhas tem de ser lisa, para deixar a água escorrer facilmente e para diminuir a 
proliferação de musgo. 
Aula 3 – Telhas 
 
UNIDADE 1 – CERÂMICAS E OUTROS 
 
 
 
 
 
25 
 
 
A estanqueidade e o desempenho térmico constituem os dois principais pontos para a 
avaliação de utilização de um telhado. Dentre as causas das falhas de adequabilidade a 
esses aspectos têm-se: 
• Grande número de juntas; 
• Deslocamento dos componentes durante fortes ventos (declividades e 
assentamentos inadequados); 
• Deslocamento das telhas decorrentes de deformações excessivas das 
estruturas de sustentação; 
• Projeto inadequado de arremates (encontro de telhados e paredes), 
extravasores de água, etc.; 
• Acúmulo de algas, liquens e musgos nos encaixes; 
• Trasbordamento de calhas e rufos. 
O desenvolvimento de musgos nos telhados obstruem os ressaltos das telhas e 
provocam refluxo da água tornando os telhados escuros, e as calhas podem sofrer 
obstruções. A mudança de cor avermelhada para tonalidades escuras do marrom aumenta a 
quantidade de calor de radiação gerado na cobertura e piora as condições de conforto 
térmico. Os musgos podem ser eliminados por meio da escovação e de lavagem das telhas 
com produtos tóxicos como, por exemplo, água sanitária e cloro. A escovação é 
recomendada para ser executada após os períodos de temporadas úmidas. 
No recebimento das telhas cerâmicas no canteiro não poderão ser aceitos defeitos 
sistemáticos como quebras, rebarbas, esfoliações, trincas, empenamentos, desvios 
geométricos em geral e não uniformidade de cor. 
Cada caminhão entregue na obra será considerado como um lote para efeito de 
inspeção. Com exceção da espessura, que deve ser verificada em uma amostra de 13 peças 
retiradas aleatoriamente de cada lote, todas as demais propriedades são verificadas em 
amostras de 20 peças. As telhas cerâmicas têm de ser estocadas na posição vertical, em até 
três fiadas sobrepostas. No caso de armazenamento em laje, verificar sua capacidade de 
resistência para evitar sobrecarga. 
Em princípio, há dois tipos de telhas cerâmicas: as planas e as curvas. As telhas planas 
são do tipo Marselha, também conhecidas por telhas francesas, e as telhas de escamas, 
pouco encontradas. As telhas francesas são planas, com encaixes laterais e nas 
extremidades, com agarração para fixação às ripas. Pesam aproximadamente 2 kg e são 
necessárias 15 peças por metro quadrado de cobertura. Para a inclinação usual de 30o, isso 
corresponde a 22 peças por metro quadrado de projeção. As normas técnicas dividem as 
Aula 3 – Telhas 
 
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II 
 
 
 
 
 
26 
 
 
telhas cerâmicas tipo Marselha em duas classificações, conforme sua resistência a uma 
carga aplicada sobre o centro da telha, estando ela sobre dois apoios: 
• 1ª categoria: resistência mínima de 85 kg; 
• 2ª categoria: resistência mínima de 70 kg. 
Uma telha cerâmica, mesmo de 2ª categoria, precisa resistir bem ao peso de um 
homem médio, estando apoiada nas extremidades. Esse é um processo para verificar a 
qualidade no momento do recebimento, sendo que a espessura média para essas telhas é 
de 1 a 3 cm. 
As telhas de escamas são feitas para emprego em mansardas e telhados de ponto 
elevado, situação em que as telhas francesas escorregariam sob o efeito do vento. Essas 
telhas são simples placas planas com dois furos, pelos quais se passa arame para prendê-las 
às ripas. Para a caracterização do conceito de ponto, ver figura abaixo. 
. 
As telhas do tipo capa e canal, também chamadas romanas ou coloniais, podem ser 
simples ou com encaixes e de cumeeira.As coloniais simples, sem encaixe, pesam 1,80 kg 
por unidade. As coloniais de encaixe são de diversos desenhos e tamanhos. O sistema de 
fixação destas telhas também varia muito. As telhas de cumeeira são usadas nas cumeeiras 
e nos espigões, são do tipo capa, mas com encaixe e desenho de arremate. 
Aula 3 – Telhas 
 
UNIDADE 1 – CERÂMICAS E OUTROS 
 
 
 
 
 
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A tabela do Fator de Correção (F.C.) conforme inclinação é muito utilizada para o 
cálculo do número de telhas. Este cálculo deve ser realizado multiplicando-se a área do 
telhado pelo Fator de Correção da inclinação do mesmo. Abaixo segue esta relação (sem a 
perda, geralmente 5%). 
 
1.2. Vantagens da Telha Cerâmica 
Como já mencionado, as características principais inerentes às vantagens na utilização 
das telhas cerâmicas se dão nas seguintes esferas: 
• Isolamento Térmico: a argila queimada ou cozida tem bom comportamento 
térmico, atuando como isolante tanto para o frio como para o calor; 
• Isolamento Acústico: Inibe a propagação externa de sons aéreos; 
• Difusão do Vapor: Graças à sua porosidade, a argila cozida absorve a umidade 
interior das coberturas nos dias úmidos e chuvosos, eliminando-a em 
condições mais adequadas sob a ação do calor ou vento; 
• Variação de Volume: A expansão por umidade e a expansão térmica são 
reduzidas ao mínimo quando se usa argilas convenientemente processadas e 
submetidas à queima em condições controladas; 
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• Resistência ao Fogo: Produtos concebidos da argila, por sua natureza, não são 
inflamáveis. 
Consequentemente, segue: 
• São pouco submetidas às variações dimensionais provenientes das ações 
térmicas, devido à radiação solar e a absorção de umidade; 
• Dispensam elementos adicionais ou acessórios específicos para a obtenção da 
impermeabilidade da cobertura, através do perfeito posicionamento e 
encaixe dos componentes; 
• Apresentam satisfatório desempenho térmico por terem juntas não 
estanques que possibilitam uma certa ventilação do ático, atenuando 
sensivelmente o aquecimento dos tetos, sobretudo nas regiões mais quentes. 
2. Telhas de Fibrocimento 
Pelo baixo custo dos telhados executados com as telhas onduladas de fibrocimento, 
estas são bastante utilizadas em edifícios habitacionais de padrão popular, inclusive 
unifamiliares, embora não proporcionem conforto térmico e efeito estético como as telhas 
cerâmicas. Juntamente com as telhas de aço, são bastante empregadas em edifícios 
comerciais e industriais. Devem atender às disposições da norma “NBR 7581 – Telha 
ondulada de fibrocimento – Especificações”. 
Trata-se de produto fabricado com mistura homogênea de cimento Portland e fibras 
(geralmente de amianto). A tabela apresenta as dimensões padronizadas das telhas 
onduladas de fibrocimento. 
 
O recobrimento lateral é de ¼ de onda. O recobrimento mínimo longitudinal é de 14 
cm. As telhas com comprimento superior a 1,83 m (de 6 mm) e de 2,13 m (de 8 mm) exigem 
terça intermediária de apoio. Apoiadas em estrutura de madeira, metálicas ou de concreto, 
as telhas deverão ser fixadas com acessórios apropriados. Tal fixação é feita com ganchos, 
parafusos e grampos de ferro zincado, com utilização de conjunto de arruelas elásticas de 
vedação, massa de vedação e cordões de vedação. 
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As telhas precisam apresentar a superfície das faces regular e uniforme, bem como 
obedecer às especificações de dimensões, resistência à flexão, impermeabilidade e 
absorção de água. A observação de trincas, quebras, superfícies das faces irregulares, 
arestas interrompidas por quebras, caroços, remendos e deformações, será feita 
visualmente, inspecionando as amostras retiradas de cada lote. 
Cada caminhão entregue na obra com um máximo de 500 telhas será considerado 
como um lote para efeito de inspeção. Segundo autores, as propriedades são verificadas em 
amostras de 13 peças, retiradas aleatoriamente de cada lote. 
As telhas têm de ser armazenadas em pilhas de até 35 peças, apoiadas em três 
pontaletes paralelos, sendo um no centro e os outros a 10 cm de cada borda. No caso de 
armazenamento sobre laje, verificar sua capacidade de resistência de modo a descartar 
qualquer risco de sobrecarga. 
 
2.1. Montagem de um Telhado 
Na montagem da primeira fiada as chapas precisam ser fixadas com um parafuso por 
chapa (colocado na crista da 2ª onda), necessitando a última chapa ser fixada com dois 
parafusos (na crista das 2ª e 5ª ondas). Nas chapas das fiadas intermediárias, terão de ser 
aplicados dois ganchos chatos na cava da 1ª e 4ª onda. As cumeeiras deverão ser fixadas 
com um parafuso de cada lado, sendo a última delas com dois parafusos de cada lado. O 
caimento mínimo a ser empregado é de 10º ou seja 17,6% (abaixo desse limite, estar-se-á 
arriscando infiltração de água através da junção das telhas). 
A superposição das chapas variam conforme sua inclinação, sendo portanto: 
• Para telhados com menos de 15o de inclinação, usar recobrimento 
longitudinal mínimo de 20 cm; 
• Para caimentos maiores de 15 o, pode-se usar recobrimento longitudinal de 14 
cm. 
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O espaçamento máximo entre as terças é de 1,69 m. Por essa razão, a chapa mais 
econômica é a de 1,83 m, já que para as telhas maiores se torna indispensável à colocação 
de terça intermediária (para telhas de 6 mm de espessura). Quanto aos beirais, os 
comprimentos das chapas, máximo e mínimo, em balanço são: 
• Beirais sem calha: máximo 40 cm e mínimo 25 cm; 
• Beirais com calha: máximo 25 cm e mínimo 10 cm. 
 
A montagem das telhas deverá ser iniciada a partir do beiral para a cumeeira. Para 
uma montagem e utilização do sistema de cobertura em telhas onduladas de fibrocimento 
eficientes, precisam ser seguidas as seguintes recomendações: 
• Não se pode pisar diretamente sobre as telhas; usar tábuas apoiadas em três 
terças, em coberturas muito inclinadas, amarrar as tábuas; 
• Utilizar ferramentas manuais (serrote, arco de pua, etc.). Se houver a 
necessidade de utilização de serras elétricas, recomenda-se as de baixa 
rotação para evitar a dispersão do pó de amianto; 
• Procurar sempre realizar o trabalho ao ar livre; 
• Umedecer as peças de fibrocimento antes de cortá-las ou perfurá-las. 
Finalmente, cabe dizer que existem outras telhas em fibrocimento com seções diversas 
e capazes de vencer grandes vãos, que são, sobretudo, empregadas em edifícios comerciais, 
industriais e em abrigos para veículos. Diga-se, uma grande vantagem na utilização deste 
tipo de telha. Alguns destes modelos de telhas de fibrocimento, que não serão abordados 
neste estudo, dão-se conforme figura abaixo: 
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2.2. O Fibrocimento 
O amianto foi largamente utilizado na construção civil designadamente com a 
incorporação de fibrocimento (em telhas, chapas perfiladas para coberturas e revestimento 
de paredes, produtos moldados pré-fabricados, etc.) devido à sua durabilidade, resistência à 
tração e baixo custo. 
O fibrocimento é constituído por uma mistura homogeneizada com cerca de 0,2 a 35% 
de fibras, cujo elemento ligante é o cimento. Essa ligação é forte e por isso enquanto ele 
está em estado razoável de conservação a probabilidade de essas fibras se libertarem é 
muito baixa. O fibrocimento não se desagrega espontaneamente, nem é facilmente 
pulverizado ou reduzido a pó (exemplo quando pressionado com a mão) como é 
característico do material friável. 
Para a produção de telhas de fibrocimento, as principais matérias-primas utilizadas 
são, logicamente, o cimento, a água, mineraise uma porcentagem de fibras. 
Os compósitos de cimento são tipicamente caracterizados por serem quebradiços, 
com baixa resistência e capacidade de deformação. Fibras são incorporadas nas matrizes 
cimentícias, tornando-as mais resistentes, dúcteis, tenazes e aumentando sua durabilidade. 
Estas fibras podem ser naturais (amianto, celulose, etc.) ou artificiais (fibra de vidro, etc.). 
A utilização de materiais alternativos (sem adição de amianto) apresenta dificuldades 
no processo por gerar uma distribuição desordenada das fibras (como a polpa de celulose) 
no interior da matriz (fibrocimento) e consequentemente necessita aumentar a relação de 
água e cimento. As telhas de cimento-amianto são utilizadas mundialmente nas 
construções comerciais, residenciais e industriais. Devido a esta utilização, em mais de cem 
países, são produzidos cerca de 30 milhões de toneladas anuais de telhas onduladas. 
O amianto foi a primeira aplicação de fibra natural em escala industrial. Esta fibra foi 
incorporada na forma do mineral (asbesto) como reforço de matrizes à base do cimento. O 
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processo de fabricação de telhas de cimento-amianto foi patenteado em 1900 por Ludwig 
Hatschek, recebendo o mesmo nome. 
2.2.1. Compósitos Cimentícios e Fibrocimento 
Compósitos cimentícios são tipicamente caracterizados por serem quebradiços, com 
baixa resistência à tração e capacidade de deformação. Para agregar características como 
resistência, tenacidade, ductibilidade e durabilidade, os compósitos cimentícios são 
reforçados com fibras, denominando-se de fibrocimento. 
Uma matriz de materiais cimentícios, sem reforço de fibras (“plain unreinforced 
cementitious”), possui uma leve resposta à tensão, com baixa resistência à tração e 
ductibilidade. Os compósitos reforçados convencionalmente com fibras (“fiber-reinforced 
composites” - FRC), possuem um baixo volume de fibras (entre 0,5 e 2,0%), também têm 
uma leve resposta à tensão, mas apresentam um aumento na ductibilidade. Já para os 
compósitos cimentícios reforçados com fibras de alto desempenho (“high performance 
fiber-reinforced composites” - HPFRCC), há um aumento no limite elástico, entende-se 
como limite elástico o ponto onde aparece a primeira macro fissuras. Antes disso, as trincas 
impõem o comportamento seguido por uma rigidez causada pela formação de múltiplas 
rachaduras não extensas. Finalmente uma deformação branda causada por fissuras 
extensas. Este tipo de compósito é reforçado com fibras em aproximadamente 30 a 35% do 
seu volume. 
Esquematicamente, o comportamento da tração dos compósitos cimentícios esta 
apresentado na figura: 
 
Observando-se o gráfico, é possível verificar um grande aumento na resistência à 
tração com o aumento da quantidade de fibras adicionadas, principalmente quando são 
aplicadas deflexões maiores, devido ao aumento do limite elástico. As fibras utilizadas no 
reforço dos compósitos cimentícios (fibrocimento) podem ser orgânicas e inorgânicas, e 
ambas são divididas em naturais ou artificiais. 
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As fibras naturais são obtidas de vegetais e não sofreram nenhum processo industrial, 
antes de serem utilizadas como reforço. 
Como exemplos de fibras inorgânicas naturais podem ser citadas as de amianto e a 
sepiolita, e de fibras inorgânicas artificiais óxido de alumínio e fibra de vidro. Para as fibras 
orgânicas naturais encontram-se a celulose e lã, e para as artificiais os poliésteres. 
Há também a divisão das fibras devido a sua elasticidade, que podem ser de alto 
(amianto) ou baixo módulo (polipropileno), definindo suas aplicações. 
As fibras de alto módulo de elasticidade aumentam a resistência à tração nos 
compósitos cimentícios. Por outro lado, as de baixo módulo de elasticidade são mais 
resistentes ao impacto e aumentam consideravelmente a tenacidade dos compósitos (é 
possível trabalhar no estágio pós fissurado). 
A eficiência da fibra no reforço do cimento depende de muitos fatores, inclusive das 
propriedades das fibras, assim como da sua geometria, dimensões, tipo e dispersão. A má 
distribuição das fibras no interior da matriz prejudica a sua função de reforço. Já o aumento 
da relação de água/cimento causado pela adição de água, diminui a resistência, além da 
durabilidade do produto. A adição de água é necessária devido à alta absorção das fibras (a 
mistura torna-se muito consistente). 
Uma alternativa para a retirada de excesso de água é a drenagem na rede das fibras 
(possível devido à abertura natural da rede), porém neste caso a mistura com baixa 
concentração perde partículas da matriz resultando também em perdas na resistência do 
produto. Estas perdas podem ser minimizadas com a redução da taxa de drenagem da 
mistura, que pode ser feito de duas maneiras; redução de água na mistura (impraticável no 
processo Hatschek) e redução natural da taxa drenagem na polpa da fibra (pode ter 
desvantagem). 
Na tabela são apresentadas as características físicas e mecânicas de algumas fibras. 
 
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Estas características é que fazem com que o amianto ainda seja a fibra mais utilizada 
em produtos de fibrocimento. No Brasil são produzidos mais de dois milhões de toneladas 
de produtos de fibrocimento, destinados principalmente ao mercado de telhas onduladas e 
caixa d’ água. 
2.2.2. O Amianto 
Durante os últimos 120 anos, tem ocorrido uma grande demanda de amianto ou 
asbestos (nomes genéricos de um mineral natural) algo em torno de dois milhões de 
toneladas por ano. Asbestos naturalmente são apresentados como um silicato fibroso. O 
tamanho de suas fibras juntamente com sua estrutura química, torna os asbestos muito 
compatíveis com o cimento. Este mineral raramente ocorre em abundância suficiente para 
toda a necessidade comercial. Apenas seis tipos são encontrados em tal abundância, um do 
grupo das serpentinas e cinco do grupo dos anfibólios. Estes dois grupos possuem 
propriedades fisico-químicas semelhantes, porém apresentam composição e estrutura 
diferente. 
As serpentinas são minerais de silicatos hidratados de magnésio. A única variedade 
deste asbesto é crisotila, que cristaliza em forma de folhas onduladas, de estrutura única na 
natureza, já as outras cinco variedades de anfibólios caracterizam-se por estruturas de fios 
duplos. A crisotila e a tremolita (um dos tipos de anfibólio) são representadas na figura. 
 
A única característica mineralógica em comum entre todos os tipos é a forma 
morfológica de feixe de polifilamentos de fibras que geralmente assumem quando 
cristalizados. Os asbestos possuem as seguintes propriedades fisico-químicas: 
• Fibras longas; 
• Alta resistência à tração e flexibilidade; 
• Baixa condutividade térmica e elétrica; 
• Alta absorbância; 
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• Alta estabilidade térmica e mecânica; 
• Resistência a ácidos e bases. 
Devido a estas propriedades os asbestos são muito importantes na indústria, sendo 
explorados a partir das últimas décadas do Século XIX. Desde então, mais de 95% das jazidas 
de minério de amianto foram exploradas para o comércio da crisotila (mais abundante). 
2.2.3. Processo Fabril das Telhas 
O processo original, chamado de processo úmido, foi desenvolvido para produção de 
uma grande variedade de placas planas. Posteriormente foi desenvolvido um processo 
chamado de seco para competir com o processo úmido. Atualmente o processo mais 
utilizado é o processo úmido mecânico, um dos mais conhecidos é o processo Hatschek. 
O processo Hatschek é empregado na fabricação de papel e de telhas onduladas. 
Neste processo, uma suspensãode água, cimento, alguns minerais e fibras são misturados 
(1) e introduzidos em uma cuba, contendo cilindros envolvidos por uma tela. Estes cilindros 
recolhem uma quantia desta mistura e o excesso de água fica retido no interior do cilindro. 
As finas camadas formadas nestes cilindros são agrupadas em um feltro (2) que passa ao 
longo de caixas de vácuo (3), para retirar o restante da água. As camadas acumuladas 
seguem para um cilindro (4), que prensa, uniformizando o produto (5). 
 
2.2.4. Os Prós e os Contras do Amianto 
Nos últimos anos uma celeuma muito grande passou a dominar o assunto (utilização 
do amianto) na confecção de produtos a serem destinados à construção civil e outras 
aplicações. Uma forte campanha contra a utilização da fibra fez com que toda a cadeia 
produtiva e o consumidor final fossem abalados com a informação da prejudicialidade para 
a saúde dos envolvidos, direta e indiretamente, com o amianto. O que se pode constatar no 
atual panorama é a argumentação de ambos os lados em defesa de suas posições. Enquanto 
algumas organizações e alguns profissionais de saúde alegam que o amianto é cancerígeno, 
generalizando o malefício sendo causado por todos os tipos de fibras existentes, sem 
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distinção, os institutos e empresários que representam interesse comercial e tecnológico no 
amianto procuram estratificar e desgeneralizar os problemas que dizem ser 
predominantemente pontuais. Como o interesse desta aula é transmitir a informação mais 
verossímil possível, a articulação de ambos os lados (críticos e defensores) serão expostas 
para que o aluno, se interesse possuir, aprofunde os estudos e tire suas conclusões. 
a) Argumento: “Vários estudos mostram que o amianto é uma fibra 
comprovadamente cancerígena, a respiração da poeira de suas fibras causa a 
inflamação das células dos alvéolos, evoluindo para uma série de doenças 
incuráveis e progressivas. Uma das doenças que a respiração das minúsculas fibras 
de amianto pode levar é a asbestose, também conhecida como pulmão de pedra, 
porque causa o endurecimento do pulmão. Além disso, há cânceres no trato 
gastrointestinal e o desenvolvimento do mesotelioma, um tumor raro, agressivo e 
maligno que acomete os tecidos que revestem o tórax e o abdômen. Um fator 
agravante é que os sintomas dessas doenças podem levar até 20 anos para 
aparecerem”. 
Refutação: “Os fabricantes e defensores do uso do amianto dizem que o amianto 
crisotila (amianto branco) não é o responsável pelo câncer de vários trabalhadores 
no passado, mas sim o amianto do tipo anfibólio (que é proibido no Brasil). Dizem 
que a biopersistência (tempo de permanência das fibras no pulmão antes de 
serem eliminadas) da crisotila é completamente diferente da apresentada pelos 
anfibólios, sendo que as fibras dos anfibólios possuem significativa permanência, 
enquanto a crisotila é rapidamente eliminada do pulmão (2 dias no organismo 
contra 365 dias dos anfibólios).” 
b) Argumento: “Os trabalhadores são as principais vítimas do desenvolvimento 
dessas doenças, pois as fibras do amianto podem ser inaladas em grande 
quantidade no processo de extração ou na degradação natural dos produtos de 
fibrocimento. Mas, os usuários dos produtos feitos do amianto também podem se 
contaminar, quando, por exemplo, alguma telha cai e quebra, ou ainda, ingerindo 
a água das caixas d’água desse material, pois há um constante atrito dela com a 
caixa-d’água. Infelizmente, os próprios trabalhadores são os maiores 
consumidores desses produtos. Sem contar a contaminação das esposas desses 
trabalhadores, que muitas vezes lavam suas roupas de trabalho e inalam as fibras 
também”. 
Refutação: No passado, como não havia informações suficientes, os trabalhadores 
ficavam totalmente expostos a essas fibras, mas hoje há leis que regulamentam a 
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extração, industrialização, utilização, comercialização e transporte. Entre elas 
estão as seguintes: 
• O limite de tolerância para fibras respiráveis em 2 fibras/cm³ (as fábricas 
garantem que são feitos monitoramentos regulares que as permitem 
operar em limites menores do que esse); 
• A cada seis meses é feita uma avaliação ambiental e a divulgação dos 
resultados para conhecimento dos funcionários; 
• Os trabalhadores usam equipamentos de proteção individual, bem como 
roupa de trabalho que é trocada duas vezes por semana e lavada sob 
responsabilidade da empresa; 
• Os trabalhadores possuem vestiários duplos, de modo que se possam 
separar as roupas de trabalho das roupas comuns; 
• Os trabalhadores passam por exames médicos e avaliação clínica na 
admissão, periodicamente e após a demissão por até 30 anos, em 
periodicidade determinada pelo tempo de exposição: anual, para os que 
se expuseram mais de 20 anos; a cada dois anos, entre 12 e 20 anos; a 
cada 3 anos, abaixo de 12 anos. 
c) Argumento: “Estudos, como o feito pela Unicamp mostrado no site do INCA, 
revelam que é viável a proibição do amianto e que os impactos econômicos não 
seriam tão significativos, pois as indústrias instaladas já possuem tecnologia para 
substituir o material a custos competitivos. Esse estudo revela que a diferença de 
preços não ultrapassaria 10% e que até mesmo produtos com amianto podem sair 
mais caros do que os sem amianto”. 
Refutação: “A proibição do uso do amianto trará um grande prejuízo econômico, 
sendo que milhares de trabalhadores perderão seus empregos e o Brasil perderá 
30 milhões de dólares anuais que são obtidos pela exportação do produto. O 
impacto maior será na região de Minaçu, Goiás, onde se situa a maior mina de 
amianto em exploração no Brasil. Ademais, o amianto é um material barato e 
outros materiais que seriam usados em seu lugar, como alternativas possíveis, não 
seriam viáveis para concorrência de mercado, pois eles seriam mais caros, menos 
duráveis e serão necessários muitos estudos. A fabricação de produtos com 
amianto crisotila representa barateamento da construção civil, principalmente 
para as famílias de baixa renda”. 
3. Telhas Metálicas 
Nas últimas décadas, as telhas produzidas a partir de bobinas de aço zincado ou 
aluminizado ou ligas aluminozincadas revolucionaram, de maneira fundamental, a 
construção civil no Brasil. Hoje representam para os profissionais de arquitetura e 
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engenharia excelente solução para coberturas e fechamentos laterais das mais variadas 
edificações. Nota-se que a tendência marcante do uso de telhas metálicas é a diminuição do 
peso específico e da inclinação do telhado. 
Pode-se concluir daí que o uso das telhas metálicas em quaisquer edificações 
representa uma solução perfeitamente adequada à moderna tendência de mercado. 
3.1. Ligas 
A siderurgia brasileira está hoje entre as maiores e mais modernas do mundo, sendo 
capaz de atender às mais rigorosas especificações, tanto no mercado interno como no 
externo. Na sua ampliação e modernização, foi dada especial atenção à instalação das linhas 
de aluminozincagem, pelo processo contínuo por imersão a quente que é mais eficiente e 
econômico entre todos os processos de proteção do aço contra corrosão. 
Na medida em que o aço zincado/aluminizado se apresenta como um material de 
grande durabilidade, de alta resistência mecânica, de baixo custo e com grande 
versatilidade, propiciando a fabricação de produtos leves e de fácil manuseio, os fabricantes 
de sistemas metálicos de coberturas e fechamentos laterais elegeram-no como sua matéria 
prima básica para a produção de telhas e componentes. 
A utilização de ligas é um dos processos mais eficientes e econômicos empregados 
para proteger o aço da corrosão atmosférica. O efeito da

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