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Síntese- A fuga de Andre

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Síntese do caso clínico: a fuga de André
O Processo psicoterapêutico de André se deu por pedido dos pais e encaminhamento do psiquiatra recorrente às queixas de seu comportamento, arredio, defensivo, angustiado, dificuldades relacionais, isolamento, conflito com as figuras parentais, diminuição de rendimento escolar e comportamento de automutilação.
 A entrevista feita com os pais não apontava nenhum problema no desenvolvimento de André, a infância ocorreu dentro do padrão esperado, sem nenhuma complicação, física, social, cognitiva e comportamental.
O comportamento de isolamento de André decorreu em função da sua nova fase, adolescente de 15 anos que passava pelo momento de construir sua identidade, seu novo jeito de ser no mundo. André passou a expressar seu jeito de ser através do estilo “Emó”, de manter amizades através de sites de relacionamento, e apresentava um comportamento defensivo principalmente quando começou a ter relacionamento com meninos, a homossexualidade era ainda estranho para ele. Nesse contexto André se sentia excluído pelos pais e socialmente, e isso gerou frustações e comportamento de automutilação.
Com relação a sua identidade é importante destacar que há um desconforto entre seu self, desejo de ser quem ele realmente é, e o self ideal, aquilo que os pais gostariam que ele fosse.
Para Erikson toda a preocupação do adolescente em encontrar um papel social provoca uma confusão de identidade, afinal, a preocupação com a opinião alheia faz com que o adolescente modifique o tempo todo sua atitude, remodelando sua personalidade muitas vezes em períodos muito curtos, seguindo o mesmo ritmo das transformações física que acontece com ele.
Nesse sentido é notório que a desaprovação dos pais teve um impacto muito grande em sua vida, ao mesmo tempo que o desejo de se afirmar gerou ansiedade, também há um medo latente da perda do amparo dos pais, dessa forma a psicoterapia se faz necessária no sentido de trazer pra André uma compreensão do seu eu, da aceitação e da organização entre o que é seu e o que é desejo do outro.
Ainda assim, é importante destacar que a identidade pessoal é sem dúvida a tarefa mais importante da adolescência, o passo fundamental para a transformação do adolescente em adulto maduro e responsável, portanto, é de se esperar que os pais tenha consciência que os filhos não são e jamais serão depositário de expectativas desses , a aceitação positiva e incondicional é um fato que deve ser trabalhada na psicoterapia com os pais, pois estes devem valorizar e fortalecer o vínculo com o filho independente de suas escolhas. O ser humano precisa sentir que é acolhido e apoiado e o adolescente precisa se sentir seguro frente suas transformações, físicas e psicológicas.
Erikson lembra que que o ser humano mantém suas defesas para sobreviver. E nessa confusão de identidade o adolescente pode se sentir vazio, isolado, ansioso, sentido -se também, muitas vezes incapaz de se encaixar no mundo adulto, o que pode levar a regressão e a depressão.
Os sinais que André mostra, como automutilação mostra que seu sofrimento é decorrente da não aceitação de seus pais, da forma como estes o controlam e o repreendem, de nada valerá a psicoterapia individual se os pais não se abrirem para a compreensão e aceitação do seu filho. O sentimento de não pertencimento com os pais é recorrente na adolescência, pois esse período é marcado na construção de seu ego, do seu projeto de ser, e questões como: O que sou? O que quero ser? Sou diferente de meus pais? São pertinentes a essa fase da vida, daí vem a questão da escolha, dos grupos que frequenta, da escolha do par amoroso, das suas metas para o futuro etc.
Nesse sentido, a psicoterapia de André foi muito no sentido dele ressignificar suas escolhas, e de certo modo ele optou por agradar aos pais, ele corta os cabelos, mesmo contrariado, ele decide mudar sua escolha vocacional pois os pais preferem tal profissão do que outra, portanto André se sente ameaçado ao não cumprir os desejos dos pais, a psicoterapia aponta uma melhora em seu quadro, visto que este reconhece que seu comportamento de se automutilar não é apropriado e magoa as pessoas, há esse reconhecimento, e sem dúvida foi um grande avanço, mas é preciso questionar se as mudanças que uma pessoa faz para evitar o conflito com os pais é positivo, no sentido de que o ganho tem que ser ao encontro do seu desejo de ser no mundo.
A intervenção psicoterápica é relevante, dado o sofrimento manifestado por André e sua constantes recaídas entre conquistas e retrocessos , é evidente que durante sua psicoterapia seu desejo foi respeitado, como processo integrador da identidade, das suas metas para o futuro, e de fato André conseguiu compreender seu sofrimento, ter uma postura de compreensão, mas a aceitação de si continua questionável.
Embora o artigo não tenha falado a respeito da psicoterapia com os pais, sugere-se como medida de intervenção relevante, uma vez que a aceitação e o apoio dos pais para com os filhos tem ganhos extremamente significativos, pois um adolescente criado em ambientes de apoio, aceitação incondicional, provavelmente se tornará um adulto mais empático, congruente e realizado em suas escolhas.
Referência:
Erikson,E,H. (1972) Identidade juventude e crise. Rio de Janeiro: Zahar

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