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ONS, SIN E ANEEL Visão panorâmica do Modelo Institucional do Setor Elétrico Brasileiro Sâmia Arcanja Ferreira¹ Universidade Federal do Oeste da Bahia - Centro Multidisciplinar de Bom Jesus da Lapa¹ E-mail: samiabjlapa@gmail.com RESUMO A matriz elétrica brasileira se concentra nas fontes hidrelétricas, térmicas e eólicas, mesmo com a vastidão de recursos disponíveis. Para gerenciar a produção e distribuição deste insumo, o Brasil adota um modelo institucional que possui o Sistema Interligado Nacional - SIN, sistema de produção e transmissão de energia, operada e coordenada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS, sendo este fiscalizado e regulado pela a Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL. Este modelo objetiva otimizar a geração conjunta do sistema, visando à segurança energética e à minimização dos custos da energia elétrica para os consumidores. Este artigo, enfoca a energia elétrica no Brasil em suas características no modelo institucional do setor elétrico nacional, e especificamente as entidades anteriormente mencionadas e seu funcionamento em conjunto para caucionar o fornecimento de energia aos consumidores brasileiros. Palavras – chave: Energia; Sistema Elétrico; Geração; Distribuição. 1 ENERGIA E MATRIZ ELÉTRICA BRASILEIRA O conceito de energia é tratado de maneira estratégica ao redor do mundo, dado que o desenvolvimento de uma nação está sujeito à produção e cessão deste input tão necessário para assegurar qualidade de vida. A energia vem sendo inserida no contexto de desenvolvimento sustentável e de um uso mais eficiente dos recursos naturais do planeta. Na verdade, o tema ganhou importância, no século passado, com o surgimento de novos atores e uma competição acirrada pelos recursos naturais e econômico/ financeiros mundiais, além da perene busca pela segurança energética, essencial para o desenvolvimento. [1] A matriz elétrica brasileira é vasta, dado o conjunto de fontes disponíveis no país de dimensões continentais e rico em recursos naturais. Porém, o Brasil se concentra em três principais fontes primárias de produção elétrica: Hidrelétrica, Térmica e Eólica. Essas três fontes apresentam características que justificam estas precedências, como a grande disponibilidade de recursos energéticos, viabilidade ambiental vantajosa, quando comparada com as demais alternativas energéticas e baixa emissão de gases de efeito estufa. As fontes alternativas, que o Brasil possui em grandes quantidades, certamente mailto:samiabjlapa@gmail.com terão um papel relevante no suprimento das demandas energéticas, após 2020, visualizando-se um desenvolvimento sustentado das mesmas. 2 MODELO INSTITUCIONAL DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO O setor energético brasileiro é formado majoritariamente por hidrelétricas, mas há investimentos para mudar a matriz energética nacional e tornar o setor energético do país menos dependente de hidrelétricas. Em 2018, por exemplo, a geração de energia eólica avançou e chegou a 8% de toda a matriz energética brasileira, segundo levantamento da Global Wind Energy Council - GWEC. [2] Para gerenciar um sistema tão vasto desde a geração a transmissão, foi criado foi criado em 26 de agosto de 1998 a ONS, pela Lei nº 9.648, com as alterações introduzidas pela Lei nº 10.848/2004 e regulamentado pelo Decreto nº 5.081/2004, sendo instituído como uma pessoa jurídica de direito privado, sob a forma de associação civil sem fins lucrativos. Sendo responsável pela coordenação e controle da operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN) e pelo planejamento da operação dos sistemas isolados do país, sob a fiscalização e regulação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). [3] 2.1 Operador Nacional Do Sistema Elétrico – ONS O ONS é composto por membros associados e membros participantes, sendo que são membros associados do órgão, as entidades que possuam instalações na rede básica ou estejam a ela conectados, juridicamente constituídas para atuar como agente de geração, agente para venda da energia de Itaipu, agente importador, agente exportador, agente de transmissão, agente de distribuição/comercialização, e os consumidores livres que optaram por participar do Mercado Atacadista de Energia Elétrica –MAE. São membros participantes do ONS o Ministério de Minas e Energia - MME e os Conselhos de Consumidores. O operador tem como objetivos: a) promover a otimização da operação do sistema eletroenergético, visando o menor custo para o sistema, observados os padrões técnicos, os critérios de confiabilidade e as Regras do Mercado, no que for pertinente; b) garantir que todos os agentes do setor elétrico tenham acesso à rede de transmissão de forma não discriminatória; c) contribuir, de acordo com a natureza de suas atividades, para que a expansão do sistema eletroenergético se faça ao menor custo e vise as melhores condições operacionais futuras. [5] 2.2 Sistema Interligado Nacional – SIN O sistema de produção e transmissão, SIN - Sistema Interligado Nacional, constituído por quatro subsistemas: Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e a maior parte da região Norte, pode ser classificado como sistema hidro-termo-eólico, tendo em predominância usinas hidrelétricas, responsáveis por mais de 60% da capacidade instalada, e que estão distribuídas em dezesseis bacias hidrográficas nas diferentes regiões do país. Nos últimos anos, a instalação de usinas eólicas, principalmente nas regiões Nordeste e Sul, apresentou um forte crescimento, aumentando a importância dessa geração para o atendimento do mercado. As usinas térmicas, em geral localizadas nas proximidades dos principais centros de carga, desempenham papel estratégico relevante, pois contribuem para a segurança do SIN. Essas usinas são despachadas em função das condições hidrológicas vigentes, permitindo a gestão dos estoques de água armazenada nos reservatórios das usinas hidrelétricas, para assegurar o atendimento futuro. Os sistemas de transmissão integram as diferentes fontes de produção de energia e possibilitam o suprimento do mercado consumidor. [4] Uma característica importante do SIN, tem relação com as dimensões continentais do mesmo, o que lhe outorga maior complexidade operacional quando comparado a outros países. Na Fig. (1), é demonstrada a extensão deste sistema A fim de se aproveitar, de forma ótima, os recursos energéticos existentes no país e a sazonalidade hidrológica própria de cada região, foi necessário o estabelecimento de uma extensa malha de transmissão que funciona como uma usina virtual, pois possibilita a transferência de excedentes energéticos permitindo a otimização dos estoques armazenados nos reservatórios das usinas hidrelétricas. [6] O SIN é responsável por mais de 99% do suprimento de energia, pois há sistemas isolados, principalmente no norte do país, onde 237 localidades do Brasil representam menos de 1% da carga total do país. Tendo Boa Vista (RR), como a única capital brasileira que ainda é atendida por sistema isolado. Figura 1 - Rede de Operação SIN Fonte: ONS 2.3 Agência Nacional De Energia Elétrica – ANEEL A Aneel, criada para regular o setor elétrico brasileiro, por meio da Lei nº 9.427/1996 e do Decreto nº 2.335/1997, agência reguladora independente, teve sua atuação priorizada nos seus diversos papéis, em especial os de regulação, de fiscalização e do estabelecimento das tarifas, de forma a preservar o equilíbrio econômico-financeiro dos agentes e proteger os consumidores quanto aos custos da energia fornecida. [1] 3 RESULTADOS DA OPERAÇÃO E QUALIDADE E PLANOS DE SUPRIMENTO ENERGÉTICO Todos os sistemas elétricos do mundo estão sujeitos a interrupções do suprimento em sua operação. Por isso, no Brasil e em vários outros países, os sistemas elétricossão planejados pelo critério de confiabilidade n-1, conhecido critério determinístico amplamente utilizado no planejamento da expansão, segundo o qual eles devem ser capazes de suportar a perda de qualquer elemento sem interrupção do fornecimento. Isso significa que, mesmo que ocorra uma contingência simples, o sistema deve ser capaz de permanecer operando sem interrupção do fornecimento de energia, perda de estabilidade, violação de padrões de grandezas elétricas (frequência, tensão) e sem atingir limites de sobrecarga de equipamentos e instalações. Na operação do SIN, o critério de confiabilidade n-1 é adotado de forma geral. [7] Com o objetivo de minimizar as chances de ocorrência de uma perturbação de grande porte, restringir a propagação de um distúrbio e agilizar ao máximo a recomposição das cargas, o ONS mantém um trabalho permanente de observação, análise, diagnóstico e prevenção destes eventos. A análise em pós-operação de grandes perturbações fornece importante insumo para o estabelecimento de medidas preventivas e para o reforço da segurança. [7] Ora, o crescimento do país é inevitável, portanto, um olhar mais aprofundado para o suprimento energético do futuro é imprescindível, para isso a ONS, formaliza no Plano de Operação Energética (PEN), estudos de planejamento da operação com avaliação das condições de atendimento ao consumo de energia elétrica em um horizonte de cinco anos à frente. Como nos primeiros dois anos o desempenho do sistema depende basicamente das condições hidro energéticas de curto prazo, em especial dos níveis de partida ao final da estação chuvosa, são determinadas medidas operativas de curto prazo que buscam proteger o sistema para diferentes hipóteses de severidade das estações seca (maio a novembro) e chuvosa (dezembro a abril do segundo ano), com o objetivo de garantir a segurança do atendimento. Com relação aos últimos três anos do horizonte de análise, a expansão da geração e da transmissão é preponderante na segurança operativa do SIN. Para esse horizonte, são realizadas análises estruturais com cenários sintéticos e com o registro histórico de energias naturais afluentes, utilizando-se o modelo de otimização Newave, e analisando o desempenho do SIN com base na frequência relativa de séries com algum déficit de energia em cada ano e em cada subsistema para diferentes profundidades percentuais de corte da carga projetada. [8] 4 CONCLUSÃO Os agentes que fazem parte do quadro institucional do setor elétrico brasileiro foram criados com finalidades específicas, pois a operação de um sistema tão complexo, assim como sua fiscalização demandam análises rotineiras, para isso, tais agente têm fortalecido e adequado os seus instrumentos operacionais e quadros técnicos, com o objetivo de melhor cumprir com suas metas. Ampliar o sistema em sua capacidade instalada e sua rede de transmissão são objetivos claros a serem alcançados em um prazo de cinco anos (2018-2023), a exemplo temos a extensão da rede de 500 kV de 47.750 km para 71.891 km, além de almejado o aumento de fontes alternativas de energia e diminuição da capacidade proveniente de hidrelétricas, usinas térmicas (óleo + diesel) e biomassa. Podemos afirmar que o MME e os agentes envolvidos, como Aneel e ONS estão alinhados nas ações que permitem um planejamento adequado da expansão do suprimento de energia elétrica, bem como o seu acompanhamento, de maneira a atender a um crescimento econômico sustentável. REFERÊNCIAS [1] INTERESSE NACIONAL. Energia elétrica no brasil contexto atual e perspectivas. 2013. Disponível em: interessenacional.com.br/2013/04/24/energia- eletrica-no-brasil-contexto-atual-e-perspectivas/ [2] SUNO RESEARCH. ONS: Se economia crescer demais, setor energético terá de ser revisto. 2019. Disponível em: https://www.sunoresearch.com.br/noticias/ons- economia-setor-energetico-revisto/ [3] ONS. Sobre a ONS.2019. Disponível em: http://www.ons.org.br/paginas/sobre-o- ons/o-que-e-ons [4] ONS. Sobre o SIN.2019. Disponível em: http://www.ons.org.br/paginas/sobre-o- sin/o-que-e-o-sin [5] ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica. ESTATUTO DO OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO, 2004. [6] PUC RIO. Características do Sistema Interligado Nacional.200-. Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/14100/14100_3.PDF [7] ONS. Resultados em operação. 2019. Disponível em: http://www.ons.org.br/paginas/resultados-da-operacao/qualidade-do-suprimento https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/14100/14100_3.PDF [8] ONS. Energia no futuro – Suprimento energético. 2019. Disponível em: http://www.ons.org.br/paginas/energia-no-futuro/suprimento-energetico
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