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ANATOMIA O apêndice vermiforme é um divertículo intestinal cego (6 a 10 cm de comprimento) que contém massas de tecido linfóide. O apêndice involui com a idade avançada. Origina-se na face posteromedial do ceco, inferiormente à junção ileocecal, na convergência das três tênias colônicas, que é uma referência anatômica cirúrgica. Outras possíveis localizações: retrocecal, pélvico, sub cecal, na goteira parietocólica, em posição póstero-ileal. O apêndice vermiforme tem um mesentério triangular curto, o mesoapêndice, originado da face posterior do mesentério da parte terminal do íleo. O mesoapêndice fixa-se ao ceco e à parte proximal do apêndice vermiforme. A posição do apêndice vermiforme é variável, mas geralmente é retrocecal . Irrigação: a irrigação arterial do ceco é realizada pela artéria ileocólica, o ramo terminal da AMS. A artéria apendicular, um ramo da artéria ileocólica, irriga o apêndice vermiforme. A drenagem venosa do ceco e do apêndice vermiforme segue por uma tributária da VMS, a veia ileocólica. EPIDEMIOLOGIA Emergência mais comum em cirurgia geral do abdome. Faixa etária: 10-19 anos (2ª e 3ª década de vida). Sexo masculino (3:2). Mais comum em países industrializados. Complicação mais comum: perfuração PATOGÊNESE Etiologia: fecalitos, resíduos alimentares parcialmente digeridos, hiperplasia linfóide, fibrose intraluminal, tumores, bactérias, vírus e doença inflamatória intestinal. Obstrução do apêndice causa aumento da secreção de muco pela mucosa apendicular distal → aumento da pressão intraluminal (até 5mmHg) → causa dificuldade de retorno venoso, estase, edema, diapedese → ocorre distensão do apêndice, estimulando terminações simpáticas = dor abdominal difusa, geralmente periumbilical. A progressão do edema e aumento da pressão causam isquemia da mucosa → ulcerações e invasão da parede do apêndice pela microbiota intestinal → processo infeccioso, pode acometer a serosa → alcança peritônio parietal → dor no quadrante inferior direito. O tempo de início da dor até a perfuração é de 48-70h. Obstrução do lúmen → proliferação bacteriana excessiva e distensão do lúmen intestinal com elevação da pressão intraluminal = impedir fluxo de linfa e sangue → trombose vascular e necrose isquêmica com perfuração do apêndice distal. Obstrução → distensão → isquemia → perfuração → abscesso ou peritonite. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS O tempo de evolução clínica e a localização do apêndice podem influenciar diretamente o tipo de apresentação clínica do paciente. Dor abdominal Anorexia Constipação Diarréia Febre Migração da dor para o quadrante inferior direito Náuseas Vômitos História clássica: início com queixas inespecíficas, como alteração do hábito intestinal, mal-estar e dor abdominal → cólica na região periumbilical → 12-24h migra para o QID e torna-se aguda, pela irritação do peritônio parietal → náusea se inicia após a dor (diferencia da gastrite) → se ocorrer êmese, comumente é em pouco volume. Anorexia presente (sua ausência diminui muito a probabilidade de apendicite). EXAME FÍSICO Apresentação pélvica: - Dor ao toque retal e pélvico - Maior chance de ocorrer disúria, diarréia, tenesmo e aumento da frequência urinária - Dor suprapúbica. Plastrão apendicular: massa palpável na fossa ilíaca esquerda. Sinal de Rovsing A palpação do quadrante inferior esquerdo causa dor no quadrante inferior direito. Sinal de Blumberg Dor à descompressão brusca do ponto de McBurney - McBurney: ⅔ da linha que une a espinha ilíaca ântero superior direita ao umbigo. Sinal de Lapinski Dor à palpação profunda no ponto de McBurney, com membro inferior direito hiperestendido e elevado. Sinal obturador A rotação interna do quadril causa dor, sugerindo a possibilidade de um apêndice inflamado localizado na pelve. Sinal de Dunphy Dor na FID durante tosse Sinal do iliopsoas A extensão do quadril direito causa dor ao longo do dorso posterolateral e quadril, sugerindo apendicite retrocecal Sinal da punho percussão do calcâneo Dor em quadrante inferior direito a punho-percussão do calcâneo Sinal de Summer Hiperestesia em fossa ilíaca direita. EXAMES LABORATORIAIS Leucocitose com desvio à esquerda (>18.000/campo causa suspeita de perfuração ou abscesso). Urina: 40% dos casos sem alterações. - Piúria e hematúria em caso de apendicite pélvica. Função hepática e pancreática normais, para diferenciar. EXAMES DE IMAGEM RX abdome: - Acúmulo de fezes no ceco - Alça sentinela - Presença de nível hidroaéreo - Apagamento do músculo psoas na fossa ilíaca direita USG abdominal: - Estrutura cilíndrica em fundo cego, imóvel, não compreensível, com lúmen não anecóico, com paredes espessadas e diâmetro acima do normal. - A compressão do transdutor é dolorosa na FID. - Pode identificar massas → plastrão. - Detecta presença de coprólitos. TC: - Maior confiabilidade para o diagnóstico. - Não é utilizado rotineiramente. - Demonstra coleções abdominais. - Ideal para apendicites atípicas. DIAGNÓSTICO História clínica + exame físico + exames complementares (laboratoriais e/ou imagem). Escore de Alvarado: Sensibilidade de 92,6%, especificidade de 63,6%, valor preditivo positivo de 86,2% e valor preditivo negativo de 77,8%. - Utilizado para crianças e adulto jovem imunocompetente. >7 → intervenção cirúrgica DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Diverticulite cecal, diverticulite de Meckel, ileíte aguda, yersiniose aguda, doença de Crohn, abscesso tubo-ovariano, doença inflamatória pélvica, cisto ovariano roto, Mittelschmerz, torção do ovário e das tubas uterinas, endometriose, síndrome de hiperestimulação ovariana, torção testicular, epididimite, torção do apêndice testicular ou apêndice do epidídimo. TRATAMENTO Grande parte dos casos necessita de intervenção cirúrgica. Alguns casos há resolução espontânea, pela diminuição da inflamação. A complicação mais comum após a apendicectomia é a infecção, seja na ferida operatória ou no abscesso intra-abdominal. Ambos ocorrem geralmente em pacientes com apendicite perfurada, fato raro na apendicite simples não complicada. Apendicectomia: - Pode ser aberta ou laparoscópica. - Apendicectomia laparoscópica está associada a menos dor pós-operatória, internações hospitalares mais curtas, retorno mais rápido às atividades habituais e, provavelmente, menos complicações associadas à ferida cirúrgica Apendicite simples comprovada por TC: - Pode ser feito antibioticoterapia COMPLICAÇÕES Perfuração → peritonite aguda (dor abdominal aguda com hipersensibilidade e febre). Plastrão apendicular Persistência da obstrução → necrose do apêndice e perfuração → pode evoluir para peritonite generalizada por contaminação da cavidade peritoneal. A persistência da inflamação também pode formar um plastrão (abscesso) → plastrão apendicular indica que a infecção do apêndice foi bloqueada por processo inflamatório intenso, englobando alças intestinais, mesentério e epíplon, constituindo tumor palpável.
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