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JANOTTI, Maria de Lourdes Mônaco. O Diálogo convergente: políticos e historiadores no início da república. In: FREITAS, Marcos Cezar de (org.). Historiografia brasileira em perspectiva. Rio de Janeiro: Contexto, 1998, p. 119-143. Autor da interpretação historiográfica Breves considerações sobre o autor Interpretação do autor sobre a Proclamação da República Obra em que foi apresentada a interpretação Caio Prado Jr. Paulista, (1907-1990). Historiador, geógrafo e político, a produção intelectual de Caio Prado Jr., com o livro “Formação do Brasil Contemporâneo”, se insere no contexto das interpretações clássicas sobre o Brasil, juntamente com “Raízes do Brasil” e “Casa grande e senzala”. Como quadro do Partido Comunista Brasileiro (PCB) teve seu mandato cassado pelo cancelamento do registro eleitoral do partido, em 1948. Durante a ditadura militar de 1964 foi expurgado de seu cargo como livre-docente da FDUSP, e condenado a prisão, libertado após 525 dias de detenção, aos 64 anos. Para este autor, a Proclamação da República não se deve mais aos sucessos políticos dos opositores à monarquia do que as decorrências econômicas da extinção do tráfico, em 1850. As instituições imperiais, portanto, se mostravam incompatíveis as novas circunstâncias do país, pondo os burgueses liberais, interessados nas mudanças econômicas do Brasil com a sua inclusão ao sistema capitalista internacional, contra os burgueses conservadores, detentores da propriedade fundiária mantida pela força de trabalho servil. Evolução política do Brasil e outros estudos (1933) Nelson Werneck Sodré Carioca (1911-1999). Militar, escritor, professor e historiador, Nelson Werneck Sodré construiu uma carreira sólida no exército, ao mesmo tempo que trabalhava como colunista e escritor de contos literários. Teve seu cargo no exército desligado devido ao seu posicionamento Para este autor, a República marcou o inicio de um novo confronto político no Brasil, entre uma burguesia de caráter nacional e os proprietários rurais “imersos nas relações de produção semifeudais”, identificando os militares, pertencentes a setores da pequena burguesia, como um tipo de vanguarda na luta contra o latifúndio. Para A história militar do Brasil (1965) político. Posteriormente passou a publicar livros e dar aulas pelo Instituto Superior de Estudos Brasileiros. O instituto foi extinto durante a ditadura militar de 1964, os direitos políticos de Sodré foram cassados, e seus livros foram proibidos de circular durante o período. Sodré, antes mesmo da formação de uma “propriamente dita”, formou-se no Brasil uma pequena burguesia, uma classe sem projeto político, que “oscila entre as aspirações populares e burguesas, constituindo-se na ponta de lança dos embates dos quais a burguesia sai vencedora”, de tal forma que via positivamente o governo de Floriano por “defender os interesses populares da ganância dos exploradores e do imperialismo europeu”. Raymundo Faoro Sul riograndense (1925-2003). Jurista, sociólogo, historiador e escritor, filho de agricultores imigrantes italianos, formou-se em direito pela UFRGS, trabalhou como advogado e procurador do Estado do Rio de Janeiro. Foi presidente da OAB durante a ditadura militar de 1964, atuando na defesa pacífica pela redemocratização do país, e contra os atos institucionais. Faoro discordava dos marxistas quanto ao caráter classista do exército, para este autor os militares estavam integrados ao estamento condutor das mudanças sociais ocorridas. Os donos do poder (1958) Sergio Buarque de Holanda Paulista (1902-1982), foi professor, escritor, historiador e sociólogo, autor do clássico “Raízes do Brasil”, organizador da coletânea “História Geral da Civilização Brasileira”, e um dos membros fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT). Para este autor, durante a Proclamação da República não configurava o surgimento de novas classes sociais, de tal forma que os militares não poderiam representar interesses de uma classe média ou pequena burguesia, da mesma forma que as manifestações de rua da época não poderiam ser identificadas como representantes de O Brasil monárquico (1972) determinada classe social. Os militares poderiam, segundo ele, inscrevessem na vanguarda das aspirações populares da época não por agirem na qualidade de representantes ou componentes das classes populares, mas por sentirem seu distanciamento dos donos do poder, e serem desfavorecidos pelos caprichos e favoritismos do exército. Suely Robles Reis de Queiroz Historiadora, professora aposentada do Programa de Pós- Graduação da Universidade de São Paulo, foi assistente de Sérgio Buarque de Holanda na USP, realizando pesquisas sobre a história do Brasil, sobretudo da região de São Paulo. Esta autora buscou investigar de forma mais profunda as expressões do jacobinismo no Brasil, salientando a complexidade desse movimento. Ela identifica a participação dos militares no movimento, assim como civis interessados em utilizar o exército como instrumento de propósitos políticos. Os radicais da República. Jacobinismo, ideologia e ação (1986)