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Psicologia Social Comunitária (Relatório)

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Universidade Federal do Ceará - Curso de Psicologia (2020.2)
Disciplina: Psicologia Comunitária
Profª: Verônica Morais Ximenes
Equipe: Catharina Oliveira Bezerra Débora Maria de Oliveira Alexandre
Iana Raíssa Queiroz de Sousa João Victor de Castro Azevedo
ANÁLISE CRÍTICA: CONTEXTO PSICOSSOCIAL DO BAIRRO JOÃO XXIII
1 INTRODUÇÃO
Neste trabalho, trataremos do contexto psicossocial do Bairro João XXIII,
trazendo características do bairro, desde sua fundação até a atualidade, e integrando a isso os
dados, os relatos, os sentidos e os significados coletados por meio da realização de entrevistas
semiestruturadas com duas moradoras do bairro, avós de uma das integrantes da equipe.
Submeteremos essas temáticas a uma análise crítica, à luz de categorias estudadas na
disciplina de Psicologia Comunitária, apontando também as potencialidades e fragilidades
que percebemos no território em questão.
2 CARACTERIZAÇÃO DO BAIRRO
Figura 01 - Mapa do bairro João XXIII
Fonte: Secretaria Municipal das Finanças - SEFIN; Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará -
IPECE (2019)1
1 Disponível em: https://mapas.fortaleza.ce.gov.br/#/. Acesso em: 13 mar. 2021.
O bairro faz parte da cidade de Fortaleza, Ceará, especificamente do território 37,
na regional III. Limitado pelos bairros Genibaú, Bonsucesso, Jóquei Clube e Henrique Jorge,
tem uma área de 1,18 km² (PREFEITURA, 2020a), com 18.398 habitantes (PREFEITURA,
2010). Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) e o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), em termos de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH),
a classificação geral do bairro é de 0,284, classificando-se como “muito baixo” (SDE; IBGE,
2010).
Oficialmente fundado no dia 02 de junho de 1963, foi nomeado em homenagem
ao Papa João XXIII, conhecido como “o papa bom”. Antes disso, já fora chamado de Parque
Santa Fé, Parque Santa Cruz, Parque Aurora, Jardim Aclimação, Conquista, Parque São Luís
e Pici das Pedreiras (MESQUITA, 2012). Sobre a história do nome do bairro, Maia (2013)
aponta:
“Na época, acho que só tinham umas 40 famílias no bairro. E por que decidimos
mudar (o nome)? É que costumavam chamar o pessoal daqui de índios de Santa Fé.
Não é querer discriminar, mas a gente achava que era... pejorativo. E o nome
(escolhido) foi em homenagem ao papa que morreu, exatamente, no dia seguinte (3
de junho)”, conta o aposentado Maurílio Assêncio, 72, ex-vereador e um dos mais
antigos moradores do João XXIII.
Segundo Mesquita (2012), na época da fundação, ainda poucas famílias residiam
no local, e as casas se distanciavam uma das outras por mais ou menos duzentos metros. Não
havia escolas públicas, energia, telefones, praças, ônibus, nem ruas pavimentadas. O bairro
foi se formando a partir de sítios existentes na região, que começaram a ser vendidos em
loteamentos, tendo sido a luta dos moradores fundamental para o desenvolvimento do local.
Segundo o ex-vereador Maurílio Assêncio, eles se reuniam aos fins de semana para retirar as
árvores e abrir ruas, voluntariamente. Cada conquista era muito comemorada: a chegada da
energia elétrica em 1970; o asfaltamento e instalação da iluminação pública na avenida Lineu
Machado, em 1979; e a criação da Paróquia Nossa Senhora da Conceição (MAIA, 2013).
No ano da fundação do bairro, foi criado também um Conselho de Moradores, no
Centro Social Vereador Maurílio Assêncio, onde o ex-vereador costumava reunir os
moradores para discutir questões do bairro e trazia filmes para assistir com a comunidade
(MESQUITA, 2012). Atualmente (exceto no período de pandemia que estamos vivendo), o
Centro promove aulas de dança para a comunidade e é cedido também para eventos
particulares (GILÓ, 2012).
Hoje, o Bairro João XXIII possui cerca de 144 quarteirões, a maioria com
abastecimento de água, coleta de lixo (segundo a Secretaria Municipal de Conservação e
Serviços Públicos - SCSP - e a Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente -
SEUMA - o bairro tem, inclusive, um Ecoponto e uma Cooperativa de Catadores de
Materiais Recicláveis) e energia elétrica, além de diversos estabelecimentos, como lojas de
confecção e fábricas, e de instituições públicas, como o Centro de Referência da Assistência
Social (CRAS), as Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS) e o Conselho Tutelar
(MESQUITA, 2012; SCSP, 2018; SEUMA, 2016; PREFEITURA, 2016; PREFEITURA,
2020b; PREFEITURA, 2014).
Segundo o Instituto de Planejamento de Fortaleza (IPLANFOR, 2018), a
comunidade tem uma Escola Estadual (EEF São José do Pici das Pedreiras); três Escolas
Municipais (EM Dona Dagmar Gentil, Creche Conveniada Irmã Fábia e Creche Conveniada
Tia Eurice); um centro universitário (Centro Universitário Grande Fortaleza) e três praças
(Praça José Carlos Gaspar; Praça Pedro Osvaldo Ferreira - ou Praça da Juventude - e Praça
Governador César Cals - ou Praça João XXIII).
Já no que tange à mobilidade urbana, o bairro conta com duas ciclofaixas, uma
ciclovia e por volta de trinta pontos de ônibus (IPLANFOR, 2020). Ressalta-se também que,
ainda para 2021, está previsto o recebimento no bairro de um novo prédio da Defensoria
Pública do Estado, onde serão disponibilizados ajuizamento de ações, atendimentos
multidisciplinares ao público e audiências de conciliação e mediação (DEFENSORIA
PÚBLICA GERAL, 2021).
Sobre assentamentos precários no bairro, há quatro “favelas”: Chuí, João XXIII,
Parque São Luís e Travessa Pedro Araújo, estando as três primeiras em Áreas de Proteção
Permanente (APP) e em áreas de risco.
Figura 02 - Assentamentos precários: João XXIII
fonte IPLANFOR (2020)2
No que concerne a atividades na comunidade, os moradores do bairro são muito
festeiros. O calendário de eventos começa no dia 31 de maio e continua até o dia 3 de junho,
com a comemoração do aniversário do bairro. No fim de junho, ocorrem os festejos de São
Pedro, em que os moradores recordam, até hoje, da participação de importantes artistas ao
longo da história, como Luiz Gonzaga, o rei do baião, em 1977. No segundo semestre,
acontecem os desfiles do 7 de setembro, a festa do Dia das Crianças (12 de outubro) e a
procissão de Nossa Senhora da Conceição (8 de dezembro) (MAIA, 2013).
Além disso, nos últimos anos, o CRAS João XXIII tem promovido, em parceria
com o 18º Batalhão da Polícia Militar, o Natal de Encantos, reunindo a população atendida
pelo equipamento na Praça César Cals, com uma ampla programação. Em 2019,
aconteceram: aulão funcional, ato ecumênico, apresentação de coral e do grupo de Teatro
Parresia, fundado por moradores do João XXIII, entre outras apresentações artísticas, além da
chegada do Papai Noel (PREFEITURA, 2019).
3 ANÁLISE CRÍTICA DE CATEGORIAS DA PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
Sobre as categorias exploradas na Psicologia Comunitária: a primeira entrevistada
(L., 69 anos), relatou que, desde quando chegou ao bairro, 35 anos atrás, estabeleceu relações
e amizades importantes na sua comunidade, em que todos sempre estavam dispostos a se
ajudar, sempre muito hospitaleiros e agradáveis. L. também se considera como uma moradora
que sempre tenta ajudar como pode seus vizinhos (informação verbal)3. Dessa forma,
considerando as categorias estudadas na disciplina, podemos perceber a presença do chamado
“apoio social”, importante estratégia desenvolvida por comunidades para enfrentar e superar
as situações de opressão e de dificuldades (XIMENES et al., 2014). Segundo Nepomuceno
(2013 apud XIMENES et al., 2014), essa ajuda pode ser material, cognitiva, emocional ou
afetiva, sendo os principais provedores desse apoio a comunidade, os vizinhos, os familiares,
os grupos religiosos e as instituições (estatais ou não).
Góis (2003 apud XIMENES e GÓIS, 2010), discute um aspecto que também se
pode perceber na vizinhança de tal entrevistada, o poder social, sendo essa uma característica
3 Entrevista concedida por L. Entrevista I. [mar. 2021]. Entrevistadores: Débora Maria de Oliveira Alexandre,
Iana Raíssa Queiroz de Sousa e João Victorde Castro Azevedo. Fortaleza, 2021. 1 arquivo .m4a (52 min.).
2 Disponível em:
https://mapas.fortaleza.ce.gov.br/fortaleza-em-bairros/dados-dos-bairros-de-fortaleza/Jo%C3%A3o%20XXIII.
Acesso em: 13 mar. 2021.
de pessoas que conseguem manter relações saudáveis com os outros e com sua realidade,
visando o crescimento de si e do próximo. Assim, entrevistando L., pudemos perceber que,
em sua vizinhança, há um clima psicossocial favorável: os moradores se aceitam entre si,
compreendem suas realidades, mantêm o diálogo e têm suas ideias e sentimentos no mesmo
plano em relação a sua comunidade.
Também foi observado, na entrevista de L., a presença do sentimento de
comunidade. De acordo com Ximenes et al. (2014, p. 99):
Para Montero (2004), o conceito de SC supõe uma concepção de comunidade sobre
a qual deve ser construído e há uma necessária ligação entre os conceitos já que “de
fato, muitas vezes se considera comunidade onde há sentimento de comunidade, e
vice-versa” (MONTERO, 2004, p. 214). A comunidade é considerada em sua dupla
dimensão territorial e simbólica. O SC situa-se nessa última, “que implica a
existência [...] de uma rede de interação sociopsicológica e identidade social de
lugar” (GÓIS, 2005, p. 61). Neste sentido, comunidade surge a partir do momento
em que se fazem presentes os sentimentos de pertença, da partilha entre os membros
e o estabelecimento de laços afetivos que possibilitam histórias de vida partilhadas.
L. também informou que se sente muito bem no bairro e que se identifica como
uma autêntica moradora, assim como os seus vizinhos, dizendo que irá permanecer ali até o
fim de sua vida (informação verbal)4. Isso pode ser considerado como uma evidência da
existência do sentimento de pertença na comunidade: os moradores se sentem ligados uns aos
outros e ao espaço físico que ocupam, algo que vai além de meramente viver no local por
conveniência, como um importante elemento da identidade social (MARANTE, 2010 apud
XIMENES et al., 2014).
No bairro João XXIII (como já citado na seção de Caracterização do bairro),
existe o chamado Centro Social Vereador Maurílio Assêncio, em que E. (79 anos), a segunda
entrevistada, diz já ter participado de diversas oficinas de artesanato disponibilizadas no local
(informação verbal)5. Essas poderiam se configurar como atividade comunitária, porém,
como não englobam todos os requisitos trazidos na definição de Góis (2005), e podem ser
chamadas somente de “atividades na comunidade”. O autor define atividade comunitária
como:
[...] a atividade prática e coletiva realizada por meio da cooperação e do diálogo em
uma comunidade, sendo orientada por ela mesma e pelo significado (sentido
coletivo) e sentido (significado pessoal) que a própria atividade e a vida comunitária
têm para os moradores da comunidade. Ela é uma rede de interações sociais,
instrumental e comunicativa, direcionada para a autonomia do morador e da própria
comunidade, na perspectiva do fortalecimento de uma identidade social (TAJFEL,
5 Entrevista concedida por E. Entrevista II. [mar. 2021]. Entrevistadoras: Débora Maria de Oliveira Alexandre
e Catharina Oliveira Bezerra. Fortaleza, 2021. 1 arquivo .mp3 (23 min.).
4 Ibidem
1982; TURNER, 1990) e comunitária, do desenvolvimento da consciência social e
pessoal, e da construção da responsabilidade comunitária (GÓIS, 2005, p. 89).
Porém, poderíamos considerar como atividade comunitária, por exemplo, o
empenho dos moradores para o desenvolvimento do bairro na época de sua fundação. Como
já mencionado na seção anterior, segundo o ex-vereador Maurílio Assêncio, os moradores se
reuniam aos fins de semana, voluntariamente, para retirar árvores e abrir ruas (MAIA, 2013).
Essa atividade prática e coletiva, orientada pelo sentido e significado que ela
mesma tem para a comunidade, reuniu os moradores e gerou transformações na realidade
objetiva (que inclui a dimensão instrumental, os instrumentos em si utilizados na abertura das
ruas pelos moradores) e também na realidade subjetiva (que engloba a dimensão
comunicativa, a cooperação e o diálogo). Assim, fomentou-se o surgimento de sujeitos
autônomos e comunitários, fortalecendo a identidade social e comunitária, desenvolvendo a
consciência social e pessoal, construindo a responsabilidade comunitária e atendendo também
às demandas e aos objetivos pessoais e coletivos dos moradores do bairro.
4 POTENCIALIDADES E FRAGILIDADES DO BAIRRO
Ambas as entrevistadas relataram duas principais fragilidades no bairro: a
desassistência no campo da saúde e a violência. E., a segunda entrevistada, relata inclusive
que sente muita falta de mais clínicas particulares na comunidade, indicando realmente uma
postura de descredibilidade para com o serviço público de saúde, devido à desassistência que
ela, como moradora daquele território, relata sofrer (informação verbal)6.
Sobre a violência, L. reclamou que o bairro (assim como a cidade como um todo)
havia ficado mais perigoso e que até mesmo antes da atual pandemia, há mais cautela ao se
sair na rua do que na época na qual ela se mudou para o local (informação verbal)7. E., por
sua vez, cita a questão da violência e do tráfico de drogas na Praça Governador César Cals
(popularmente chamada de Praça do João XXIII), ao mencionar, por exemplo, que antes
participava das festividades juninas na praça com sua família, permanecendo até tarde e
aproveitando bem o cronograma de atividades ofertado, mas atualmente não tem participado
tanto, não mais permanecendo até tarde na praça por medo da violência (informação verbal)8.
8 E. Op cit.
7 L. Op cit.
6 Ibidem
Nesse contexto, podemos explorar também a categoria de “estigma”, da
Psicologia Comunitária. L. diz que, apesar do medo e do receio de andar nas ruas por conta
da violência, ela se orgulha ao falar que seu bairro não é tão noticiado nos programas de
televisão que costumeiramente falam de violência urbana (informação verbal)9. Segundo
Goffman (2008 apud MOURA JR., J. F.; SARRIERA, J. C., 2016), estigmas são marcas ou
símbolos que têm valores depreciativos negativos. Esse exemplo citado por L. expressaria,
direta ou indiretamente, uma estigmatização baseada no local de moradia, uma segregação
sócio-territorial, que é extremamente fomentada pelos meios de comunicação de massa em
suas notícias e reportagens sobre a população periférica, que reforçam ainda mais as práticas
de estigmatização e o chamado “ciclo perverso da pobreza”, que inclui: humilhação,
estigmas, preconceito, vergonha e discriminação (XIMENES, 2021).
Outro ponto interessante a ser tocado é o que E. fala sobre atividades de lazer no
bairro. Quando perguntada se já participou de atividades comunitárias, relembra que, durante
mais ou menos cinco anos, segundo a própria entrevistada, funcionou um Centro Comunitário
no bairro, o qual ofertava oficinas de artesanato, lanches, tendo E. demonstrado seu grande
apreço por ter participado de tal atividade (informação verbal)10. Essa forma de atividade
comunitária se caracteriza como instrumental, quando ações se utilizam de ferramentas e de
instrumentos para o funcionamento e desenvolvimento da comunidade e para a interação
entre os moradores (GÓIS, 2005). Tal forma de interação, unida à dimensão comunicativa da
atividade comunitária, segundo Góis 2005, contribui para o bem estar pessoal e coletivo,
causa sensação de satisfação e age para o desenvolvimento do próprio sentimento de
comunidade. Logo após, E. relata que o que era esse centro, atualmente, é só “um prédio
abandonado” (informação verbal)11, demonstrando que, embora tenha potência para tal ação
no bairro, há também falta de investimento.
E. também fala sobre a falta de representação política no bairro, ao dizer que “não
tem nenhum vereador” (informação verbal)12. Esse fato poderia contribuir para o afastamento
de pautas como inclusão social e desenvolvimento, por exemplo, demonstrando a importância
que faz a presença de profissionais como os psicólogos comunitários, de forma a conheceros
moradores da comunidade e a potencializar sua autonomia, utilizando de atividades
comunitárias unindo as dimensões instrumentais e comunicativas, pois, como citam
12 Ibidem
11 Ibidem
10 E. Op cit.
9 L. Op cit.
Gonçalves e Portugal (2016), o psicólogo comunitário conhece também a dimensão subjetiva
do coletivo, sendo capaz de trabalhar com desejos, emoções e afetos.
5 CONCLUSÕES
A partir da realização desse trabalho, pudemos perceber e analisar a história do
bairro João XXIII, desde sua fundação até a atualidade, os problemas e as potencialidades do
bairro e as visões e vivências de duas moradoras (entrevistadas) a respeito do território,
sempre articulando com o conteúdo aprendido durante as aulas da disciplina de Psicologia
Comunitária. Fazer esse trabalho foi de grande importância, por exemplo, para nos
capacitarmos a respeito do fazer do psicólogo comunitário, conhecendo um pouco as
ferramentas e os recursos utilizados em sua prática psi, tendo sido, portanto, um momento
extremamente importante para a nossa formação. Apontamos, por fim, a necessidade de
continuar sendo feitos estudos desse tipo, tanto no ambiente acadêmico quanto fora dele,
fomentando um olhar mais crítico e conscientizando sempre sobre a importância de uma
visão “macro”, que considere o contexto psicossocial do sujeito, como coloca a Psicologia
Social Comunitária.
REFERÊNCIAS:
DADOS Gerais. In: PREFEITURA (Fortaleza). João XXIII. Fortaleza: IBGE, 2010.
Disponível em:
https://mapas.fortaleza.ce.gov.br/fortaleza-em-bairros/dados-dos-bairros-de-fortaleza/Jo%C3
%A3o%20XXIII. Acesso em: 16 mar. 2021.
DADOS Gerais. In: PREFEITURA (Fortaleza). João XXIII. Fortaleza: IPLANFOR, 2020a.
Disponível em:
https://mapas.fortaleza.ce.gov.br/fortaleza-em-bairros/dados-dos-bairros-de-fortaleza/Jo%C3
%A3o%20XXIII. Acesso em: 16 mar. 2021.
DEFENSORIA PÚBLICA GERAL (Ceará). População do bairro João XXIII e
adjacências ganhará novo núcleo da Defensoria Pública em 2021. Fortaleza, 02 fev. 2021.
Disponível em:
https://www.defensoria.ce.def.br/noticia/populacao-do-bairro-joao-xxiii-e-adjacencias-ganhar
a-novo-nucleo-da-defensoria-publica-em-2021/. Acesso em: 12 mar. 2021.
E. Entrevista II. [mar. 2021]. Entrevistadoras: Débora Maria de Oliveira Alexandre e
Catharina Oliveira Bezerra. Fortaleza, 2021. 1 arquivo .mp3 (23 min.).
GILÓ, T. Centro Social Maurílio Assêncio. In: MESQUITA, M. T. et al. Blog do Bairro
João XXIII. Fortaleza, 3 dez. 2012. Disponível em:
http://bairrojoao23.blogspot.com/2012/12/centro-social-maurilio-assencio.html. Acesso em:
12 mar. 2021.
GÓIS, C. W. Atividade Humana. In: GÓIS, C. W. Psicologia Comunitária: atividade e
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GONÇALVES, M. A.; PORTUGAL, F. T. Análise histórica da psicologia social comunitária
no Brasil. Psicol. Soc., Belo Horizonte, v. 28, n. 3, p. 562-571, dez. 2016.
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IPLANFOR, 2020. 1 mapa, color. Escala 1:13.333. Disponível em:
https://mapas.fortaleza.ce.gov.br/fortaleza-em-bairros/dados-dos-bairros-de-fortaleza/Jo%C3
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IPLANFOR. Perfil dos bairros. Fortaleza: IPLANFOR, 2018. 1 mapa, color. Escala
1:200.000. Disponível em: https://mapas.fortaleza.ce.gov.br/#/. Acesso em 13 mar. 2021.
L. Entrevista I. [mar. 2021]. Entrevistadores: Débora Maria de Oliveira Alexandre, Iana
Raíssa Queiroz de Sousa e João Victor de Castro Azevedo. Fortaleza, 2021. 1 arquivo .m4a
(52 min.).
MAIA, G. Bairro João XXIII homenageia um dos papas mais populares da história. O Povo,
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