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1 2 Ribeira do Amparo. Secretaria Municipal de Educação - SME Políticas para Educação Básica. União Nacional dos Dirigentes Municipais da Bahia. Referencial Curricular de Ribeira do Amparo para Educação Infantil e Ensino Fundamental – Superintendência de Políticas para Educação Básica. União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação. Bahia Salvador: Secretaria da Educação, 2020. 1. Referencial Curricular de Ribeira do Amparo para a Educação Infantil e Ensino Fundamental – RCRA. 3 Prefeito José Germano Soares de Santana Vice-Prefeito Manoel Rocha Souza Secretária Municipal de Educação Lucivan Soares de Santana Souza Direção Pedagógica Suzana Gabriel dos Santos Santana Departamento Pedagógico Joselita Santana de Souza Jozania dos Santos Santana Lilian Carine Cruz Marluce da Silva Santana Daltro Mercia Alba de Castro Souza Técnica da Secretaria Municipal de Educação Maria Socorro de Lima Matos Ferreira 4 2020 – ELABORAÇÃO DO REFERENCIAL CURRICULAR DE RIBEIRA DO AMPARO PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL EQUIPE DE CURRÍCULO COORDENADORAS DE ETAPAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA Educação Infantil Mercia Alba de Castro Souza Ensino Fundamental – Anos Iniciais Agricio Oliveira dos Santos Aline Margarete de Santana Rodrigues Carla Rodrigues de Matos Lucia Rejane Xavier dos Santos. Maria Vanuzia Estevam de Santana Marluce da Silva Santana Daltro Ensino Fundamental – Anos Finais Claudia Josefa Santos da Silva Gilberto Barbosa da Silva Maricelma Oliveira Menezes Tatiane Maria de Santana Vilda Carlos dos Reis Gama Wilson Moreira dos Santos Articuladora Municipal – Ribeira do Amparo/BA Suzana Gabriel dos Santos Santana Articuladora do Conselho Municipal de Educação Maria Socorro de Lima Matos Ferreira REDATORES Educação Infantil Mércia Alba de Castro Souza 5 Ensino Fundamental – Anos Iniciais Agrício Oliveira dos Santos Aline Margarete de Santana Rodrigues Carla Rodrigues de Matos Lucia Rejane Xavier dos Santos. Maria Vanuzia Estevam de Santana Marluce da Silva Santana Daltro Ensino Fundamental – Anos Finais Cátia Helena Jesus de Aguiar Batista Claudia Josefa Santos da Silva Edina Rodrigues do Nascimento Macedo Gilberto Barbosa da Silva Maricelma Oliveira Menezes Tatiane Maria de Santana Vilda Carlos dos Reis Gama Wilson Moreira dos Santos Valdeir Jesus Santana TEXTOS INTRODUTÓRIOS Cenários e Identidades Curriculares Globais Marluce da Silva Santana Daltro Mercia Alba de Castro Souza Jozania dos Santos Santana Suzana Gabriel dos Santos Santana Marcos teóricos, conceituais e metodológico Marluce da Silva Santana Daltro Mercia Alba de Castro Souza Jozania dos Santos Santana Suzana Gabriel dos Santos Santana Marcos legais que embasam o currículo de Ribeira do Amparo Suzana Gabriel dos Santos Santana Formação de professores Suzana Gabriel dos Santos Santana Educação de Jovens e Adultos Antônio Carlos Alves da Silva Daniela Santos Barbosa Oliveira Eliete da Costa Palma Joélia de Oliveira Macário de Jesus Lucia Rejane Xavier dos Santos Lucineide Silva Nascimento dos Reis Lucivan Soares de Santana Souza Maria Celita de Santana Palma Rodrigues Maria Socorro de Lima Matos Ferreira Maria do Socorro Rosário Santos Santana 6 Maria Edna Dantas Santos Santana Maria José S. dos Santos Maria Jucinalva da palma Pereira Maria Márcia Dantas da silva Santana Maria Mônica Macedo dos Santos Marinalva de Macedo Nely Alves Ribeiro de Almeida Raimundo Conceição dos Santos Rita de Cássia Matos Silva Valdeir Jesus Santana Avaliação da Aprendizagem Lilian Carine Cruz Marluce da Silva Santana Daltro Mércia Alba de Castro Souza Educação Escolar Indígena e Quilombola: Antônio Carlos Alves da Silva Eliete da Costa Palma Lucineide Silva Nascimento dos Reis Lucivan Soares de Santana Souza Maria Socorro de Lima Matos Ferreira Mercia Alba de Castro Souza Raimundo Conceição dos Santos Valdeir Jesus Santana Educação Especial Claudia Josefa Santos da Silva Joselita Santana de Souza Maria Edna Dantas Santos Santana Tatiane Maria de Santana Educação do Campo Antônio Carlos Alves da Silva Carla Rodrigues de Matos Eliete da Costa Palma Lucineide Silva Nascimento dos Reis Lucivan Soares de Santana Souza Marluce da Silva Santana Daltro Maria Socorro de Lima Matos Ferreira Maria Vanuzia Estevam de Santana Raimundo Conceição dos Santos Valdeir Jesus Santana TEMAS INTEGRADORES Antônio Carlos Alves da Silva Eliete da Costa Palma Lucineide Silva Nascimento dos Reis Lucivan Soares de Santana Souza 7 Maria Socorro de Lima Matos Ferreira Raimundo Conceição dos Santos Valdeir Jesus Santana REVISÃO Maria José Pereira de Jesus Silva COLABORADORES/ORGANIZADOR CURRICULAR Educação Infantil Claudivania Jesus dos Santos Genivalda de Santana Santos Irene Oliveira de Sousa Marize Dantas da Silva Ribeiro Mercia Alba de Castro Souza Selma da Silva Céu Sidinéa Rodrigues Dantas Renata Santana Souza Ensino Fundamental – Anos Iniciais. Agricio Oliveira dos Santos Aline Margarete de Santana Rodrigues Ângela Maria Costa Santos Souza Carla Rodrigues de Matos Joelma Alves dos Santos Almeida Lucia Rejane Xavier dos Santos. Maria Fernanda Barbosa de Matos Santana Maria Nilda Damacena de Santana Maria Vanuzia Estevam de Santana Marluce da Silva Santana Daltro Ensino Fundamental – Anos Finais Cátia Helena Jesus de Aguiar Batista Claudia Josefa Santos da Silva Edina Rodrigues do Nascimento Macedo Gilberto Barbosa da Silva Josélia Rodrigues da Palma Maria Edna Santos Maricelma Oliveira Menezes Tatiane Maria de Santana Vilda Carlos dos Reis Gama Wilson Moreira dos Santos Yvanize Maria de Oliveira Santana Valdeir Jesus Santana 8 9 UMÁRIO INTRODUÇÃO..................................................................................................................17 1. TEXTOS INTRODUTÓRIOS...............................................................................25 1.1 Cenários e Identidades Curriculares Glocais: Território Semiárido Nordeste II do Estado da Bahia.............................................................................................................25 1.1.1 Ribeira do Amparo no Semiárido Nordeste II ......................................................... 26 1.1.1.1 Aspectos Históricos.................................................................................................. 26 1.1.1.2 Aspectos Geográficos............................................................................................... 28 1.1.1.3 Caracterização dos Distritos de Ribeira do Amparo................................................ 29 1.1.1.4 Distrito de Barrocas................................................................................................. 29 1.1.1.5 Distrito de Boa-Hora............................................................................................... 31 1.1.1.6 Distrito de Raspador................................................................................................ 32 1.1.1.7 Municípios que fazem fronteira com Ribeira do Amparo......................................... 33 1.1.2 Aspectos demográficos...............................................................................36 1.1.3 Aspectos socioeconômicos.......................................................................... 37 1.1.4 Aspectos culturais...................................................................................... 39 1.1.5 Infraestrutura Material................................................................................ 40 1.1.6 Aspectos educacionais................................................................................ 40 2. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS, EPISTEMOLÓGICOS E POLÍTICOS........ 47 2.1 Marcos Teóricos Conceituais e Metodológicos............................................. 47 2.2 Currículo por competências...................................................................... 53 2.3 Marcos Legais do Referencial Curricular de Ribeira do Amparo.................. 57 2.4 Formação Continuada do Professor........................................................... 72 2.5 Modalidades de Ensino.......................................................................................... 75 2.5.1 Educação de pessoas jovens, adultos e idosos – EPJAI..................................... 76 2.5.1.1 Marcos Normativos.............................................................................. 78 2.5.1.2 Trajetória histórica............................................................................... 79 2.5.1.3 Fundamentos pedagógicos..................................................................... 81 2.5.1.4 Princípios da modalidade...................................................................... 84 2.5.1.5 As funções da Educação de Jovens e Adultos............................................. 86 2.5.1.6 Avaliação............................................................................................ 88 2.5.2 Educação do Campo................................................................................... 91 S 10 2.5.2.1 Marcos normativos............................................................................... 92 2.5.2.2 Trajetória Histórica.............................................................................. 94 2.5.2.3 Fundamentos pedagógicos..................................................................... 97 2.5.2.4 Princípios da Modalidade...................................................................... 99 2.5.3 Educação Especial................................................................................... 101 2.5.3.1 Marcos legais em contextos históricos................................................... 103 2.5.3.2 Princípios e fundamentos pedagógicos................................................... 108 2.5.4 Educação escolar indígena e quilombola...................................................... 110 2.5.4.1 Marcos normativos............................................................................. 111 2.5.4.2 Trajetória histórica............................................................................. 114 2.5.4.3 Fundamentos pedagógicos................................................................... 118 2.5.4.4 Princípios da modalidade..................................................................... 120 REFERÊNCIAS............................................................................................... 122 3. TEMAS INTEGRADORES................................................................................ 126 3.1 Temas Integradores: Abordagem Transversal.................................................. 126 3.1.1. Educação em direitos humanos.............................................................................. 127 3.1.2. Educação para a diversidade................................................................................... 129 3.1.3. Educação para as relações étnico-raciais................................................................ 131 3.1.4. Educação para o trânsito......................................................................................... 132 3.1.5. Primeiros Socorros................................................................................................. 133 3.1.6. Saúde na escola...................................................................................................... 133 3.1.7. Segurança alimentar e nutricional.......................................................................... 135 3.1.8. Saúde e educação sexual......................................................................................... 136 3.1.9. Drogas lícitas e ilícitas............................................................................................ 136 3.1.10. Educação Ambiental.............................................................................................. 137 3.1.11. Educação Financeira e Empreendedorismo............................................................ 138 3.1.12. Tecnologias de Informação e Conhecimento.......................................................... 139 4. AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM...............................................................143 4.1 Currículo e Avaliação da Aprendizagem............................................................ 143 4.2 Avaliação na Educação Infantil.......................................................................... 149 4.3 Avaliação no Ensino Fundamental..................................................................... 150 4.3.1 Ciclo de alfabetização ............................................................................................ 150 4.3.2 Quarto ao nono ano (4º ao 9º) ................................................................................. 151 4.4 Avaliação na Educação Especial......................................................................... 154 4.5 Conselho de Classe e Recuperação da Aprendizagem....................................... 155 REFERÊNCIAS............................................................................................................... 158 11 5 REFERENCIAL CURRICULAR DA EDUCAÇÃO INFANTIL.................... 164 5.1 Educação Infantil................................................................................................. 164 5.1.1 A criança, o direito à infância e a educação infantil ............................................... 165 5.1.2 Os profissionais da Educação Infantil e sua formação............................................ 168 5.1.3 A organização dos espaços, materiais, tempos e relações ...................................... 173 5.1.4 Direitos de aprendizagens e desenvolvimento ....................................................... 176 5.1.5 Campos de Experiências .......................................................................... 178 5.1.6 A transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental................................ 182 5.1.7 Organizador Curricular............................................................................. 186 REFERÊNCIAS...............................................................................................327 6 REFERENCIAL CURRICULAR DO ENSINO FUNDAMENTAL................331 6.1 Ensino Fundamental.............................................................................................331 6.1.1 Concepção de Infância e Adolescência ................................................................. 332 6.2 As Fases do Ensino Fundamental........................................................................ 335 6.2.1 Ensino Fundamental- anos iniciais............................................................................ 336 6.2.2 Ensino Fundamental - anos finais.............................................................................. 336 6.3 A Transição do Ensino Fundamental Anos Iniciais para os Anos Finais..........337 6.4 A Transição do Ensino Fundamental para o Ensino Médio.............................. 338 6.4.1 Projeto de Vida.......................................................................................................340 REFERÊNCIAS............................................................................................................... 344 7. ÁREAS DE CONHECIMENTO .........................................................................347 7.1 Área de Linguagens..............................................................................................347 7.2 Língua Portuguesa................................................................................................349 7.2.1 Língua Portuguesa nos anos iniciais do Ensino Fundamental................................. 351 7.2.2 Língua Portuguesa nos anos finais do Ensino Fundamental....................................353 7.2.3 Organizador curricular........................................................................................... 357 7.3 Arte........................................................................................................................ 489 7.3.1 Organizador curricular........................................................................................... 493 7.4 Educação Física ................................................................................................... 589 7.4.1 Organizador Curricular......................................................................................... 594 7.5 Língua Inglesa...................................................................................................... 625 7.5.1 Organizador Curricular.......................................................................................... 628 REFERÊNCIAS............................................................................................................... 661 12 7.6 Área de Matemática............................................................................................. 663 7.7 Matemática........................................................................................................... 663 7.7.1 A Matemática na transição entre as etapas de ensino.............................................. 665 7.7.2 A Matemática e a prática pedagógica em sala de aula............................................. 667 7.7.3 Organizador Curricular...........................................................................................674 REFERÊNCIAS............................................................................................................... 795 7.8 Área de Ciências da Natureza.............................................................................. 797 7.9 Ciências..................................................................................................................798 7.9.1 Organizador Curricular.......................................................................................... 803 REFERÊNCIAS............................................................................................................... 886 8 Área de Ciências Humanas....................................................................................... 888 8.1 Geografia.............................................................................................................. 890 8.1.1 Organizador Curricular.......................................................................................... 894 8.2 História................................................................................................................. 939 8.2.1 Organizador Curricular.......................................................................................... 941 REFERÊNCIAS............................................................................................................. 1018 9 Área de Ensino Religioso......................................................................................... 1020 9.1 Ensino Religioso................................................................................................. 1021 9.1.1 Ensino Religioso nos Anos Iniciais...................................................................... 1024 9.1.2 Ensino Religioso nos Anos Finais........................................................................ 1024 9.1.3 Organizador Curricular........................................................................................ 1025 REFERÊNCIAS............................................................................................................. 1049 13 presentação Prezadas/os educadores, É com bastante satisfação que a Secretaria Municipal de Educação de Ribeira do Amparo – SME, partilha com a Rede de Ensino Municipal e sociedade amparense o Referencial Curricular Municipal de Ribeira do Amparo – RCRA. Este documento é fruto de uma construção coletiva, ocorrida por mãos de vários profissionais da educação deste município, que trouxeram como referências seus saberes e experiências profissionais dentro do contexto escolar e da vida dos educandos. Foram momentos de debates fecundos e importantes tomadas de decisões. Sentimo-nos lisonjeados com a aceitação do convite e importantes contribuições dos profissionais que fizeram parte deste processo. Profissionais que reconheceram a relevância deste documento, que tem o desafio de se consolidar no espaço escolar, tornando-se instrumento para as transformações necessárias à educação e à realidade de nossos educandos. Destarte, concluímos a elaboração de um documento que nos orientará na balizagem alinhada do que referenda à Lei 9394/96– Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB. A educação pública, gratuita, universal, obrigatória e laica foi uma conquista da comunidade brasileira e ofertada em todo território nacional. A prosperidade de nossa Nação ficaria impossibilitada sem a construção de um sistema educacional democrático e participativo. Assim, parabenizo a todas as pessoas envolvidas na elaboração, sistematização desse importantíssimo documento para o processo educacional de nosso município, que se deu de forma participativa e democrática, sempre na defesa da educação como o projeto de desenvolvimento das práticas humanizadas e formação cidadã. Esperamos que esse documento possa sempre clarear e orientar nossas ações, possibilitando um aprendizado significativo para nossos educandos, capaz de promover a equidade e a igualdade. Parabéns à Rede Municipal de Ensino de Ribeira do Amparo. Lucivan Soares de Santana Souza Secretária Municipal de Educação A 14 alavra da Comissão Municipal de Governança Aos educadores e educadoras, Apresentamos a vocês o Referencial Curricular de Ribeira do Amparo – RCRA para a Educação Infantil e Ensino Fundamental, cuja construção se deu com a cooperação de diversos segmentos de nossa rede de ensino, baseada na interação, no diálogo, nas considerações relevantes de todos. Por essa mobilização colaborativa e participativa acreditamos na consolidação desse documento, tão importante para orientar as práticas educativas, tendo em vista o atendimento às necessidades dos educandos e ao Projeto Político-Pedagógico das escolas. O trabalho, no entanto, está apenas começando. Ao longo do percurso de implementação desse documento em nossas salas de aula ajustes poderão ser feitos. Esse processo de adequação e reelaboração considera a ideia de que a educação está constantemente se inovando, ressignificando conceitos e práticas. Sendo assim, poderemos futuramente fazer as adaptações e acréscimos que julgarmos necessários, sempre com o objetivo de acompanhar as transformações locais e do mundo. Este Referencial inclui os saberes essenciais que deverão ser colocados na didática do professor, considerando a formação humana do sujeito e os quatros pilares da educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e o aprender a ser. Assim, este documento tem a intenção de oportunizar pontos significativos na ampliação e na concretizaçãode saberes construtivos, contribuindo para uma aprendizagem crítica, ativa, reflexiva e estruturada nos diversos contextos sociais. Você acha que será desafiador? Certamente sim! Por isso convidamos cada protagonista da educação a refletir sobre sua prática e as propostas apresentadas, para investirmos, coletivamente, em práticas inovadoras, que promovam a superação das discriminações e as desigualdades, articulando e compondo formação humana em sua integralidade. Estamos convictos de que unidos poderemos garantir o direito de aprendizagem de cada estudante para a construção de uma sociedade justa, equitativa, diversa e eticamente igualitária. Contamos com todos e todas para garantirmos o direito de aprender de nossos estudantes! P 15 preciso agradecer, afinal... Foram dias, noites, horas que pareciam que jamais iriam passar... Quanta ansiedade, Senhor! Mas o Senhor sempre dizia: " Por que tu andas ansiosa? Não te mandei, Eu? " e logo também dizia: "Descansa...quem te prometeu garante..." Sim, por muitas vezes pensei que não iria conseguir, mas até aqui o Senhor nos ajudou. Te agradeço, Pai, pelos anjos que colocou no meu caminho: professores, colegas de trabalho, formadores, especialistas, CMG, esposo, filhos, todos foram muito importantes nesta caminhada. Minha eterna gratidão a todos vocês, sem esquecer da UNDIME BAHIA, na pessoa de Renê Silva. Deus, sei que muitas críticas virão, porque nem o Senhor agradou a todos, mas que essas sirvam de pedras para a reforma desta casa, que hoje se sente lisonjeada por mais um desafio cumprido. Desafios, esses que levarei comigo para o resto da vida, foram lutas travadas, mas com bastante aprendizado. Peço a Ti, Senhor, que dê sabedoria a todos professores, gestores, coordenadores escolares e técnicos educacionais para colocar em prática esse documento. Ele precisa ter vida e gerar vida no chão da escola. Dedico esse trabalho a toda comunidade amparense, em especial aos educandos da rede pública municipal. Minha eterna gratidão àquele que jamais nos desampara, JESUS!!! Suzana Gabriel Articuladora do RCRA. É 16 INTRODUÇÃO 17 INTRODUÇÃO Referencial Curricular de Ribeira do Amparo – RCRA tem como objetivo garantir os conteúdos mínimos propostos pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) acrescidos dos conteúdos e temas integradores que atendam às necessidades dos alunos da Rede Pública Municipal, colaborando assim, com a reformulação dos Projetos Políticos Pedagógicos – PPPs, como também, nortear e fundamentar as práticas pedagógicas dos professores da Educação Infantil e do Ensino Fundamental (Anos Iniciais e Finais) da Rede Pública Municipal de Ensino, a fim de contribuir para construção de uma escola democrática que garanta os Direitos de Aprendizagem, o desenvolvimento das competências e habilidades, favorecendo a formação integral do educando e possibilitando o acesso e a permanência, prezando pela qualidade do ensino e o conhecimento científico. O documento mencionado é composto por Volume Único, contemplando a Educação Infantil e Ensino Fundamental, além das Modalidades da Educação de Jovens e Adultos – EJA, Educação Especial, Educação do Campo, Indígena e Quilombola dentro de uma visão de educação integral, ou seja, a formação integral do sujeito. Cabe reforçar que os princípios educacionais nele apresentados são para todas as etapas e modalidades de ensino. Fonte: Elaboração Equipe Pedagógica/SME, 2019. O 18 Por ser um documento que conduzirá o trabalho pedagógico nas instituições de ensino, o Currículo buscará assegurar, em todas as suas orientações, sejam elas normativas ou de execução, os eixos expressos nas diretrizes que orientam o Plano Municipal de Educação – PME: I Erradicação do analfabetismo; II Universalização do atendimento escolar; III Superação das desigualdades educacionais, com ênfase no desenvolvimento integral do sujeito, na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação; IV Melhoria da qualidade da educação; V Formação para o desenvolvimento integral do sujeito, para a cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade; VI Promoção do princípio da gestão democrática da educação pública; VII Promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do país; VIII Estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), que assegure atendimento às necessidades de expansão, com padrão de qualidade e equidade; IX Valorização dos (as) profissionais da educação; X Promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental. Considerando tais esses eixos, o RCRA orientará os caminhos a serem traçados na perspectiva de assegurar esses pinos na rede municipal de ensino por meio do alcance dos objetivos propostos neste documento. Para tanto, é necessário que após a homologação desse documento as escolas reformulem seus Projetos Pedagógicos e consequentemente seus planos de aula. Como referência para essa construção foram usadas como sustentação as orientações normativas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o Referencial Curricular da Bahia e o Plano Municipal de Educação, ressignificado-os e complementando-os à luz das diversidades e singularidades do município amparense. Compõe também o documento a expectativa de que os estudantes, de qualquer unidade escolar, tornem-se aptos para enfrentar os desafios contemporâneos, em quaisquer territórios em que se colocar ou lhes for oportunizado. Nessa perspectiva é necessário investir num processo de educação que valorize a diversidade, representada por seus diferentes atores, em todas as Unidades de Ensino. À vista disso, estudantes, professores, gestores, funcionários, família e comunidade são convidados a desenvolver educação com igualdade, equidade e com significância para o estudante. 19 Em relação a sua estrutura, o RCRA apresenta aspectos sobre Territorialidade, Marcos Legais, Marcos Teórico-Conceituais, Marcos Metodológicos, Temas Integradores e Avaliação Educacional, considerando as Etapas e Modalidades da Educação Básica que competem à Rede Municipal. O Volume Único deste documento apresenta as etapas e organizadores curriculares da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, dispostos em Campo de Experiências e Componentes Curriculares das Áreas do Conhecimento, à luz da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), Documento Curricular Referencial da Bahia (DCRB), RESOLUÇÃO CEE N.º 137/2019, de 17 de dezembro de 2019 e Plano Municipal de Educação (PME) e Referencial Curricular Franciscano de São Francisco do Conde. No Organizador Curricular foram mantidos os códigos alfanuméricos que identificam as aprendizagens citadas na BNCC e as especificidades do município, cuja composição é feita por letras e números. O primeiro par de letras identifica a etapa de ensino, o primeiro par de números identifica o grupo por faixa etária na Educação Infantil ou o ano a que se refere à habilidade do Ensino Fundamental. O segundo par de letras identifica o campo de experiência na Educação Infantil ou o Componente Curricular, no caso do Ensino Fundamental. Por último, mais um par de números que identifica a posição da habilidade na numeração sequencial do campo de experiência na Educação Infantil e, ano ou bloco de ano, no Ensino Fundamental, conforme imagens abaixo. 20 Para contemplar a parte diversificada do Currículo foram criadas criada habilidades próprias do município, identificadas por código alfanumérico, seguindo a mesma estrutura do código alfanumérico da BNCC, acrescentando após o segundo par de letras, a numeraçãoreferente a habilidade criada pelo município e a sigla do município (RA), conforme está explicitado abaixo. No exposto abaixo, revela que o município criou a habilidade número “um” para ser trabalhada no sexto e sétimo ano dentro do componente curricular de Educação Física. Vale ressaltar, que algumas habilidades da BNCC foram modificadas para contemplar especificidades locais, essas modificações podem ser observadas através do simbolo (#) 21 exposto no final do código alfanumérico. Para as modalidades não foi criado código alfanumérico. Há ainda algumas especificidades no Organizador Curricular de alguns componentes, a exemplo de Língua Portuguesa, que temos: campo de atuação, competências específicas, unidade temática, tema integrador, objetos de conhecimentos, bases de informação, práticas de linguagens e as habilidades, a serem desenvolvidas ao longo do Ensino Fundamental pelos estudantes; Já o organizador curricular da Educação Infantil é composto pelas competências específicas, direitos de aprendizagens, tema integrador, objetos de conhecimento, bases de informação e os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento que devem ser contemplados pela criança nessa etapa de ensino. Histórico da elaboração do Currículo Ribeira do Amparo Para avançar nos fundamentos do Currículo Ribeira do Amparo é importante compreender que esse documento não é uma ação isolada, mas parte de um princípio fundamental, previsto no PME, documento que contempla as dimensões e as pretensões do município para a sua Rede Municipal de Educação. O documento principia a oferta de uma educação de qualidade, a partir de ações que atendam as singularidades das nossas crianças, jovens e adultos, através da garantia do acesso, permanência e aprendizagem significativa. Portanto, é importante esclarecer o processo de elaboração deste documento que entra para a história da educação do nosso município. Após a homologação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para as etapas da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, a rede se organizou dentro da proposta do documento, adaptando material didático, oferecendo formação aos professores e reinventando a prática pedagógica dentro dos princípios que preza a BNCC, visando garantir as aprendizagens essenciais que todos os estudantes devem desenvolver ano a ano. De acordo com a realidade do município, o RCRA foi elaborado em regime de colaboração entre professores, estudantes, diretores e coordenadores, de maneira democrática, participativa e colaborativa. Durante o ano de 2018, a Rede de Ensino se articulou para estudar e se aprofundar na proposta da BNCC, com momentos de encontros formativos, planejamentos e discussões, enquanto aguardava o Documento Curricular Referencial da Bahia para contribuir na construção do currículo municipal. 22 Para garantia da efetiva participação na construção do documento foi lançado convite aos coordenadores pedagógicos da Rede para que pudessem estar à frente dos grupos de trabalhos – GTs, bem como a realização de Simpósio com todos os profissionais da educação e estudantes. Uma discussão importante ocorreu na realização desta ação, pois os participantes conheceram mais sobre o conceito de currículo e suas nuances no âmbito da BNCC, ao tempo em que foram eleitos os delegados, representantes de professores por etapa e área, para participarem ativamente da construção do documento. Os grupos de trabalho se reuniram para estudos, análises de materiais já existentes e escrita do documento e enviaram enquetes para as escolas afim de que a participação de professores e estudantes contribuísse na construção do documento. Após a realização da consulta pública, concluímos que as contribuições aceitas e validadas foram significativas para a efetivação do que ora está proposto neste Currículo e estão em consonância com a BNCC. 23 24 TEXTOS INTRODUTÓRIOS 25 1. TEXTOS INTRODUTÓRIOS 1.1 Cenários e Identidades Curriculares Glocais: Território Semiárido Nordeste II do Estado da Bahia Currículo de Ribeira do Amparo busca contemplar a diversidade de identidades que caracterizam o nosso território, cabendo à Rede de Ensino estar preparada para atender as demandas que a caracterizam. Nesse sentido, compete-nos o exercício reflexivo e transformador na criação de estratégias que possam assegurar o desenvolvimento de habilidades voltadas à contextualização, ao aprofundamento e à construção das pluralidades e singularidades do território. O Território de Identidade Semiárido Nordeste II foi instituído pela Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT) do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) em 2004, após reuniões de sensibilização, mas somente em fevereiro de 2007, numa assembleia com representações da sociedade civil organizada e dos governos municipal, estadual e federal foi aprovado o estatuto e eleita a coordenação do CODES (Conselho Regional de Desenvolvimento Rural Sustentável do Semiárido Nordeste II do Estado da Bahia), cujo estatuto foi aprovado em dezembro do mesmo ano. Com uma área de 16.379 km², abrangendo 18 Municípios: Adustina, Antas, Banzaê, Cícero Dantas, Cipó, Coronel João Sá, Euclides da Cunha, Fátima, Heliópolis, Jeremoabo, Nova Soure, Novo Triunfo, Paripiranga, Pedro Alexandre, Ribeira do Amparo, Ribeira do Pombal, Santa Brígida e Sítio do Quinto; o Território, considerado o mais pobre e desprovido de infraestrutura de todo o Estado, está situado no extremo nordeste da Região Semiárida do Estado da Bahia. A área do atual Território Semiárido Nordeste II já era habitada antes da chegada dos europeus pelos índios Tapuias que se distribuíam em várias comunidades e tinham diferentes denominações, conforme as localidades como Kariri, Pankararu, Pankararé, Aymoré, Tupi, Tupi-Guarini, Tupiniquim, Tupinambá, e outras, que se concentravam especialmente no entorno de bacias hidrográficas. No caso específico, o rio Itapicuru dava o devido amparo a estas tribos. O 26 Fonte:http://sit.mda.gov.br/download/caderno/caderno_territorial_162_Semi %C3%83%C2%A1rido%20Nordeste%20II%20-%20BA.pdf O Índice de Desenvolvimento da Educação – IDEB do território é baixo em relação às metas estabelecidas no PNE, existe uma grande deficiência nos níveis de proficiência dos estudantes. Para atender as carências do território, o governo federal lança ações que visam a redução do analfabetismo, desenvolvimento nos índices de proficiência da aprendizagem, melhoras na infraestrutura e a garantia de transporte e merenda escolar, além de ofertar qualificação para educadores. Sendo Ribeira do Amparo um município integrante desse território, é importante que haja internamente uma articulação da rede educacional que atenda as propostas do governo federal e consequentemente mude os resultados do IDEB. 1.1.1 Ribeira do Amparo no Semiárido Nordeste II 1.1.1.1 Aspectos Históricos O Município de Ribeira do Amparo, Estado da Bahia, originou-se por causa dos jesuítas, padres João de Barros e Padre Jacob Rolando, no ano de 1667 e continuando a obra de seus irmãos de hábito, o Padre Jacques Cocle, em 1672, prosseguiu com a Catequese, e fundaram a Capela de Canabrava de Santa Teresa de Jesus dos Quiriris (Ribeira do Pombal). Por motivos destes dados se deduz que este município foi fundado alguns anos após ou antes - em virtude de ser caminho dos Jesuítas; inclusive, porque o Litoral se situa muito próximo ao Estado de Sergipe e Município de Rio Real / BA; - por Carta Régia de 08 de maio de 1758, sendo vice-rei D. Marcos de Noronha e Brito. O Conde dos Arcos elevou a freguesia http://sit.mda.gov.br/download/caderno/caderno_territorial_162_Semi%20%C3%83%C2%A1rido%20Nordeste%20II%20-%20BA.pdfhttp://sit.mda.gov.br/download/caderno/caderno_territorial_162_Semi%20%C3%83%C2%A1rido%20Nordeste%20II%20-%20BA.pdf 27 de Pombal à Vila; já em 1848, a Capela de “Nossa Senhora do Amparo de Ribeira do Pau Grande (tendo essa denominação devido à existência de coqueiros muito altos) ”, pertencente ao município de Pombal, foi elevada a freguesia, pela “Lei Provincial nº 294 de 09 de maio de 1848”. O Ato Estadual de 31 de outubro de 1890, elevou a freguesia supracitada à Vila, e essa passou a pertencer a Cipó, mas em 14 de agosto de 1958, ocorreu a emancipação, conforme legislação a Lei de Criação nº 1.027 de 14 de agosto de 1958, Diário Oficial de 15 de agosto de 1958 e a Lei Vigente de nº 1.027 de 14/08/1958, por Lei Estadual, texto da Lei Vigente. A reconstrução coletiva da história do município de Ribeira do Amparo - BA destaca que muito diferente do que registram os dados da história oficial, esta cidade tem sua origem no povoado de Ribeira do Pau Grande fundada por volta de 1700. Este nome fazia alusão às grandes árvores ali existentes, tais como: tamarineiro e cajaranas. Ribeira do Amparo ganha esta denominação em dois momentos: Primeiro, no final do século XIX, em homenagem a Nossa Senhora do Amparo, passou a chamar-se de Vila do Amparo. Conta-se que o beato Antônio Conselheiro que se encontrando de passagem pela região, em peregrinação, trouxe a imagem de Nossa Senhora do Amparo e construiu para ela uma Capela do Socorro. Ao Conselheiro, também, é atribuída à construção do cemitério local. Onde havia uma aldeia indígena, no início da nossa colonização, foi construído um templo dedicado a Nossa Senhora do Amparo, com a finalidade de catequese, em local denominado por Ribeira do Pau Grande, atraindo inúmeras famílias que lá se instalaram. Neste período, na condição de distrito do município de Cipó, Ribeira do Pau Grande passou a se chamar Vila do Amparo. O segundo momento, em 14 de agosto de 1958, com o aumento da população e força política a Vila conquistou sua emancipação, passando finalmente a se chamar Ribeira do Amparo. O nome Ribeira tem origem no Riacho que cortava a então Vila do Amparo, em homenagem a nossa Senhora do Amparo, padroeira do município. 28 Agenor da Silva Brito foi o primeiro prefeito de Ribeira do Amparo. Realizou instalação de energia elétrica a motor, abriu as primeiras estradas ligando Ribeira do Amparo à Cipó e construção do Mercado Municipal. Ainda nesta época, decorrentes do aumento populacional foram criados os povoados de: Barrocas, Raspador, Boa Hora e Heliópolis. Este último povoado obteve sua emancipação em 1985. Muitas foram as conquistas do município no que se refere às condições de infraestrutura e socioeconômicas, no entanto, ainda são áreas que precisam de muito investimento. 1.1.1.2 Aspectos Geográficos O município de Ribeira do Amparo - BA situa-se na região do semiárido baiano (latitude: 11° 2' 36'' Sul, Longitude: 38° 26' 13'' Oeste e 154m de altitude), a uma distância de 215 km em relação à Salvador. Pertence a microrregião Homogênea de Ribeira do Pombal e à 11ª região administrativa de Cipó, que é a sua cidade mais próxima situada a 11.3 km de distância. Ribeira do Amparo - BA possui uma área de 642,6km² fazendo limite com os municípios de Caldas Cipó (11.3 km), Itapicuru (36.1 km), Tucano (39.7 km), Ribeira do Pombal (25.7 km), Heliópolis (43.1 km) e o estado de Sergipe (46.1 km). O acesso ao município se dá através da BR 101 e de estradas intermunicipais que o liga à referida BR. Além da sede, o município tem 3 (três) distritos: Barrocas, Raspador e Boa Hora. A população que habita no município é chamada de amparense. Fonte: Google Maps 29 1.1.1.3 Caracterização dos Distritos de Ribeira do Amparo Fonte: PME, Relatório,2018 1.1.1.4 Distrito de Barrocas O distrito de Barrocas, também denominado de povoado, localizado a aproximadamente 21 km da sede do Município, possui 14 (quatorze) ruas, e 02 (duas) praças; a falta de energia elétrica em 04 (quatro) dessas ruas e a ausência de saneamento básico (água tratada e estação de tratamento de esgoto) em todas as ruas do distrito dificulta o bem-estar da população local. A origem do seu nome se dá por conta do tipo de solo, em sua maioria constituído de argila (ou barro), formado a partir dos muitos tanques de água existentes. O barro que também era usado para a fabricação de utensílios e artefatos, cultura advinda da civilização indígena, mas que atualmente não é mais praticada. O distrito apresenta uma população de aproximadamente 3.100 habitantes (CENSO 2010), considerando os entornos rurais. Desde a sua origem, o distrito apresenta, em grande parte, uma economia voltada às atividades agropecuárias como pode ser observado no gráfico a seguir. (ESCOLA CRISPIM DANTAS). 30 Fonte: Arquivo da Escola Crispim Dantas- março/2018 É possível levantar indícios de que a economia local, movimentada pelo trabalho agropecuário, está vinculada ao pouco estudo da população local (35% se declararam analfabetos e 32% declararam ter apenas o Ensino Fundamental Incompleto), pois a maioria destes trabalhadores é empregado ou trabalhador informal das propriedades. Apenas 32% da população reside em área urbana, ou seja, “dentro do Distrito”. Em relação a renda da população, 80% declararam viver com até menos de 1 (um) salário mínimo. (ESCOLA CRISPIM DANTAS). Em relação às construções públicas e privadas de uso público e à prestação de serviços e comércio, o distrito conta com uma creche comunitária, uma Unidade Básica de Saúde, duas escolas municipais atendendo ao ensino infantil e fundamental, uma quadra poliesportiva, um campo de futebol em atividade, uma igreja católica e uma igreja evangélica, um cemitério, um grupo musical, a APIMEL- Associação dos Produtores de Mel, dois poços artesianos construídos pela CERB e assumidos pela Prefeitura, distribuição de energia elétrica- COELBA, serviço de telefonia fixa e telefones públicos, serviço de internet via 31 rádio e discada, uma agência dos Correios, uma Associação de Produtores Rurais, transporte coletivo com linhas semanais para cidades vizinhas Ribeira do Pombal, Ribeira do Amparo (sede), Cipó, Tobias Barreto- SE e Poço Verde- SE, supermercados e bares, padarias, armarinho, casas de materiais de construções, mercado municipal, um polo educacional, frigoríficos, salões de cabelereiros, farmácia, piscina, moto peças e borracharias, entre outros pequenos comércios. (ESCOLA CRISPIM DANTAS). A maior parte da população apresenta formação de nível analfabeto e de ensino fundamental incompleto, considera-se pobre e de pele parda, são essencialmente católicas, apesar do crescente número de evangélicos. Apesar da condição econômica precária, quanto à identidade cultural e ao sentimento de pertença, o Distrito de Barrocas é rico em manifestações culturais, pode ser considerada a comunidade culturalmente mais expressiva do Município. (ESCOLA CRISPIM DANTAS) Possui artesanato típico (redes), em sua culinária alimentos peculiares, como o doce de banana e o resgate do Reisado, além de festa religiosa tradicional a Festa de Santa Cruz realizada entre os meses de abril e maio. (ESCOLA CRISPIM DANTAS) 1.1.1.5 Distrito de Boa-Hora O Distrito de Boa-Hora está localizado ao oeste do município de Ribeira do Amparo no Estado da Bahia, com distância de mais ou menos de 12 quilômetros do município, limita- se ao oeste com as Fazendas Pocobatiba, Manteiga, ambas pertencem ao município de Ribeira do Pombal, ao leste com a Fazenda Pedras, ao norte com a Fazenda Pichu (Ribeira do Pombal) e ao sul com Fazenda Bangolá também em território do município de Ribeira do Amparo. O distrito tem aproximadamente900 habitantes que em sua grande maioria apresentam nível socioeconômico baixo, vivendo do feitio de redes, cortinas, do auxílio Bolsa Família, da Agricultura e da Pecuária e de outros tipos de artesanatos, serviços públicos. As famílias são essencialmente católicas e a economia vinculada ao trabalho no campo e comércio dos produtos cultivados, conforme pode ser observado nos gráficos a seguir: 32 65%15% 10% 5% 5% Profissão da população boahorense Trabalhador rural Comerciante Artesã Fonte: Escola Antônio Dantas de Macêdo/2011. No que se refere a estrutura física do povoado é possível encontrar um PSF (Posto de Saúde da Família), uma Escola de educação infantil, uma Escola de ensino fundamental I, uma Escola de ensino fundamental II, uma quadra poliesportiva, um campo de futebol, uma igreja Católica, duas Igrejas Evangélicas, um cemitério, serviço de telefone fixo e público, uma Associação de Produtores Rurais, um polo educacional, supermercados e bares, além de pequenas mercearias, borracharias, bares e igrejas evangélicas existentes nas fazendas pertencentes ao distrito. (ESCOLA ANTÔNIO DANTAS DE MACÊDO) Praça do Distrito de Boa-Hora 1.1.1.6 Distrito de Raspador O Distrito de Raspador tem aproximadamente 2.299 habitantes (CENSO MUNICIPAL/2009), segundo relato dos moradores Sr. Antônio Garcia Neto e Dona Rosalina o povoado Raspador recebeu esse nome, devido uma frequência de lavradores, agricultores que viviam raspando as árvores desta localidade para produzir remédios por 85% 15% Religião das famílias boahorense Católica Evagélica 33 conta disso, condutores de tropas, carroceiros e caminhoneiros gritavam: “Olhe o raspador”, e por esse ditado foi dado a este povoado o nome de Raspador, pois todos os tropeiros só conheciam essa comunidade por essa denominação. Assim ficou como Raspa = raspagem das árvores + Dor= porque as raspagens serviam para curar dores. (ESCOLA MURILO CAVALCANTE). Desde a sua origem, a economia predominante era a agricultura, o cultivo do feijão e do milho. Atualmente a atividade econômica é a agropecuária, a apicultura e o serviço público, além do comércio local, que apesar de ser fraco movimenta recursos financeiros na região. (ESCOLA MURILO CAVALCANTE). Em relação às condições financeiras da população (autodeclarada parda) a maioria é de baixa renda, assistida pelos programas sociais do governo federal, oriunda da zona rural, com pouca presença de políticas públicas. O distrito conta com uma alta taxa de desempregados e de pessoas com baixa escolaridade. Praça da Igreja do Distrito de Raspador 1.1.1.7 Mmunicípios que fazem fronteira com Ribeira do Amparo Ribeira do Pombal: Começa no Rio Quente, no ponto em que defronta o povoado de Boa Hora; daí segue em reta e vai em direção ao Riacho do Saco (que no seu baixo curso recebe águas do Riacho da Umburana) no Rio Real, até o ponto de interseção com a linha de transmissão de energia da CHESF, na região do Campo de Sambaitiba. 34 Itapicuru: Começa no Rio Real, na foz do Rio do Tubarão, daí seguindo até a nascente do Riacho das Canas, desce este até a sua foz no Rio Itapicuru. Caldas de Cipó: Começa na foz do Riacho das Canas, no Rio Itapicuru, segue pelo talvegue deste acima, até a foz do Riacho de Ribeira do Pombal, pelo qual sobe até o marco no lugar, Rio Quente e daí, em reta na direção oeste até encontrar a reta que partindo do lugar Itapicuru, na margem do rio, vai ao marco, em Ribeira do Pombal ou Rio Quente, no ponto em frente ao Povoado de Boa Hora. Tucano: Começa no ponto seguindo em reta à direção oeste, em parte do lugar Rio Quente, encontra a outra reta que sai do lugar Itapicuru, continuando por esta, até o marco na margem de Ribeira do Pombal ou Rio Quente, no ponto em frente ao Povoado de Boa Hora. Heliópolis: Começa no ponto de interseção da reta que parte do ponto fronteiro de Boa Hora à margem do Rio Quente, em direção à foz do Riacho do Saco no Rio Real (fronteiro ao lugar Baixa Grande, do Município de Ribeira do Amparo) com a linha de transmissão de energia da CHESF na região do Campo da Sambaitiba, daí em reta a foz do Riacho do Saco no Rio Real (fronteiro ao lugar Baixa Grande). Com o Estado de Sergipe: Começa na foz do Riacho do Saco no Rio Real, fronteiro ao lugar Baixa Grande do Município de Ribeira do Amparo, desce por este, à foz do Rio Baixa do Tubarão. O Município de Ribeira do Amparo - BA já possuiu uma área de 938km² e limitava-se com os seguintes Municípios: Poço Verde – SE, Cícero Dantas, Ribeira do Pombal, Cipó, Tucano e Itapicuru, tinha uma população estimada em 24.122 habitantes (Rural e Urbana). Dados estes do Censo IBGE / 1980, não se sabe a estimativa dos habitantes no ano de sua emancipação. No ano de 1985, o distrito de Heliópolis, foi desmembrado do município de Ribeira do Amparo, ficando assim, emancipado. Após esta emancipação, Ribeira do Amparo teve sua área extensa reduzida para 600km², bem como sua população que de acordo com dados de http://cod.ibge.gov.br/1E4N – 2010, conta de 14.276 habitantes. O Riacho da Ribeira nasce na Comunidade de Fervente, onde têm 08 (oito) nascentes, o mesmo desemboca na foz do Rio Itapicuru, na Comunidade de Capim e Volta; chega a http://cod.ibge.gov.br/1E4N%20–%202010,%20conta%20de%2014.276 35 percorrer um trecho aproximadamente de 17 km de comprimento, ele banha as seguintes comunidades: Fervente, Tiririca, Passagem Funda, Sucuruiuba, Frade, Loredo, Boa Vista, Sítio, Passagem de Nossa Senhora, Corredor do Baracho, Bonsucesso, Baixa da Cruz, Corredor do Urubu, Passagem do Euzébio, Pontes, Sítio II, Trincheira, Bariri, Rio Seco, Volta, Capim e outras. Ribeira do Amparo tem sua área geográfica inserida em 100% no polígono das secas. Possui um clima semiárido e seco a subsumido, com uma temperatura média de 24,7ºC e mínima de 21.0ºC, o período chuvoso atualmente está ocilante entre maio e julho, com uma pluviosidade anual de 622 mm, máxima de 1573 mm e mínima de 140 mm. O tipo de solo presente no município é: areias quartosas álicas, planoso sólico eutrófico, podzólico vermelho-amarelo distrófico. O solo da região tem aptidão regular, restrita para pastagem. A vegetação local é pouco diversificada, predominam o cerrado e a caatinga. Destacam-se na paisagem árvores de pequeno porte tais como: mandacaru, juazeiro e cajueiro. A sua bacia hidrográfica é composta pelo Rio Real, Rio Quente e Riacho da Ribeira. O município possui ainda o açude de Raspador e poços artesianos, sendo utilizados para o abastecimento de água da população. O município conta com um grande lençol freático, importante fonte de abastecimento, numa profundidade do nível estático de até 50 metros, que sustenta o nível de água do Riacho da Ribeira. Atualmente está existindo um desequilíbrio ambiental no que diz respeito ao curso de água das nascentes, córregos e riacho, flora e fauna do município e como resultado, a degradação da biodiversidade, cujo habitat são esses espaços. Assim, há uma necessidade urgente de um planejamento que vise o reflorestamento e a conservação ou recuperação das nascentes e consequentemente, córregos e riacho como também criar condições favoráveis no uso do solo para que este desequilíbrio venha ser amenizado ou até mesmo sanado. 36 1.1.2 Aspectos demográficos Os aspectos demográficos de Ribeira do Amparo - BA demonstram por seus dados estatísticos (década de 70 até o momento atual) uma acentuada predominância populacional na Zona Rural. Observa-se que nos últimos anos, houve um relevante movimento migratório da população rural para a urbana (sede municipal) e também para a sede dos povoados, que aparecem nas estatísticas denominadas de rurais. As Sedes do municípioe povoados continuam crescendo, principalmente por parte da população idosa, em busca de melhores condições de vida, acesso mais fácil à saúde e outros benefícios. Com as políticas públicas e sociais voltadas para alguns segmentos da sociedade, a população passa a usufruir de projetos importantes para sua qualidade de vida. A instalação da Itaueira Agropecuária S/A, Empresa de Fruticultura, por exemplo, oferece aos habitantes do município e da região, um novo mercado de trabalho. O movimento migratório acontece desde a década de 90, embora o campo já ofereça melhores condições de vida, contando com serviços como: energia elétrica, água, telefones, acesso à Internet, estradas vicinais, etc. Analisando os dados acima, nota-se que houve uma diminuição no número da população, cresceu o número de mulheres em relação aos homens bem como a população urbana em relação à rural e que o número de mulheres é inferior ao número de homens. 37 Tabela 02. Informações sobre o Município de Ribeira do Amparo – BA A tabela apresentada acima revela o número geral da população residente no município por faixa etária e indica que a população está envelhecendo. Tal observância favorece o planejamento de ações e estratégias para possíveis tomadas de decisões que visem o cumprimento das metas do PME, seja de cunho social ou educacional. 1.1.3 Aspectos socioeconômicos A população amparense vive em situações econômicas precárias, uma vez que as únicas fontes de renda são as atividades agropecuárias, artesanais, os serviços oferecidos pela prefeitura, o pequeno comércio e os programas do Governo Federal. Dessas atividades, a predominante é a atividade agropecuária com a criação de bovinos, suínos, caprinos, galináceos e equinos, o comércio da castanha do caju, feijão, milho, mandioca, aipim, melão e a produção da rapadura da cana de açúcar, por meio dos trabalhos desenvolvidos nos engenhos. A menor parte da população encontra-se dentro dos serviços oferecidos pela prefeitura, oriundos de concursos públicos, muitos concursados vindos dos municípios vizinhos, e contratos temporários. 38 Para garantir mais oportunidade de empregos, o município firmou parceria com a empresa Itaueira agropecuária, indústria beneficiadora do melão produzido no município, a qual oferece empregos temporários, durante a safra e também admissão de alguns funcionários fixos. Hoje a maioria desses funcionários são emigrantes dos municípios vizinhos. Apesar de pequeno, o comércio estimulou a melhoria do crescimento financeiro no município, facilitando assim, a vida dos cidadãos amparenses. Mas ainda há um número significativo de habitantes desempregados, cuja única fonte de renda provém do Programa Federal Bolsa Família o que motiva a muitos moradores a migrarem para as grandes capitais como Salvador e São Paulo. Segundo dados obtidos no site, https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ba/ribeira-do- amparo/panorama, em 2017, o salário médio mensal era de 1.7 salários mínimos. A proporção de pessoas ocupadas em relação à população total era de 8.9%. Na comparação com os outros municípios do estado, ocupava as posições 208 de 417 e 133 de 417, respectivamente. Já na comparação com cidades do país todo, ficava na posição 3607 de 5570 e 3778 de 5570, respectivamente. Considerando domicílios com rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa, tinha 58.6% da população nessas condições, o que o colocava na posição 6 de 417 dentre as cidades do estado e na posição 92 de 5570 dentre as cidades do Brasil. Tabela 03. Dados sobre Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) Analisando os indicadores de renda, pobreza e desigualdade, pode-se observar que a renda per capita aumentou consideravelmente de 1991 a 2010; ao passo que o índice de pobreza reduziu. Esse fato está atrelado aos investimentos direcionados a este município pelo governo federal o que propicia a aplicabilidade de recursos aos diversos setores da economia amparense. 39 Tabela 04. Desenvolvimento Humano, períodos 1991, 2000 e 2010 Em análise a tabela acima nota-se que em 2010 houve um aumento nos indicadores, o que demonstra um progresso na esfera. 1.1.4 Aspectos culturais As principais festividades da cidade de Ribeira do Amparo - BA são as festas de São Pedro, Nossa Senhora do Amparo - padroeira, festa evangélica, encontros de carro de bois, cavalgadas e o Réveillon, que na sede do município é denominada de “Festa do Ano Bom”. Os povoados de Barrocas, Boa Hora e Raspador comemoram os festejos das padroeiras locais. As comemorações do Ano Bom constituem-se um dos eventos mais importantes do calendário festivo da cidade, chegando a atrair centenas de amparenses residentes de outras cidades e estados brasileiros para participar desta festa. Também está presente na memória do município versões para as origens dos nomes dos seus povoados, disputas de narrativas para explicar a origem da imagem Santa Padroeira do município, depoimentos sobre as ações de Lampião e seu bando na região, como também lembranças do poder dos coronéis na região. 40 A festa de São Pedro é marcada por quadrilhas juninas, casamento caipira e cavalgadas. Existem também espaços públicos e privados para a prática desportiva, porém, não em quantidade e variedade, que atendam às necessidades de lazer da população. A cultura torna-se importante para a população, uma vez que, propicia a interação entre os indivíduos e o poder público, em tempo que, torna vivo os valores construídos ao longo dos anos, sendo uma herança de pais para filhos e desta forma se constrói a identidade do povo. 1.1.5 Infraestrutura Material Sendo as Políticas Públicas um conjunto de decisões, planos, metas e ações governamentais voltados para a resolução de problemas de interesse público; têm na infraestrutura, o serviço de base para o desenvolvimento das mesmas. Dessa forma, a infraestrutura do município de Ribeira do Amparo está constituída de: Energia elétrica fornecida pela COELBA, água potável fornecida pela EMBASA, poços artesianos particulares, além do abastecimento ofertado à população pelo município, referente à mobilidade urbana que a condição em que se realizam os deslocamentos de pessoas e cargas no espaço urbano, os transportes são realizados através de veículos particulares custeados pelos próprios passageiros quando necessitam dirigirem-se a outras localidades, há disponibilidade de veículos oficiais no que cerne a condução de passageiros aos serviços essenciais. As habitações em sua grande maioria são de alvenaria; existindo no município a oferta de casas populares. Os meios de comunicações têm avançado bastante, pois, de modo geral, a população possui aparelho de telefonia celular, sinal de acesso à internet que alcança muitas localidades rurais; antenas parabólicas ou antenas para TV a cabo; rádio comunitária local e serviço dos Correios. 1.1.6 Aspectos educacionais A Rede Municipal de Ensino vem desenvolvendo uma educação a partir da chegada dos padres jesuítas, não diferente da história do Brasil, que catequizavam os habitantes aqui existentes, no início, os índios e mais tarde as famílias que foram atraídas e se instalaram na comunidade. Essa educação deixou marcas profundas na cultura e civilização do município. Foi um tempo em que a educação foi movida por intenso sentimento religioso de propagação da fé cristã, onde jesuítas eram os únicos educadores da época. A primeira escola do município foi o Grupo Escolar de Ribeira do Amparo, que foi deteriorado e em seu lugar 41 construído um prédio (escola) ao lado da igreja católica, subtende-se que o espaço escolhido para essa construção tinha tudo a ver com o domínio da igreja sobre a educação, que passou achamar de Grupo Escolar de Ribeira do Amparo, em seguida foi nomeado de Escola Juracy Magalhães, hoje chamada de Escola Tancredo Neves. Nos Distritos havia os grupos escolares de Barrocas, Raspador e de Heliópolis, quando esse último ainda fazia parte do município. Na época muitos professores já eram formados, haja vista que os primeiros a lecionarem eram leigos, como as professoras conhecidas como Elza, Eliete, D. Santinha, entre outras. No ano de 1974, surgiu a Escola Josefa Soares de Oliveira, onde funcionava o Centro Educacional Cenecista de Ribeira do Amparo – CECRA, como avanço educacional. Nesta época, não existia órgão municipal de educação, quem respondia por essas escolas eram as delegadas escolares que tempos depois foram substituídas por uma secretaria municipal de educação sendo a senhora Rosangela Soares de Santana, a primeira secretária municipal de educação. As primeiras escolas recebiam estudantes das fazendas localizadas no entorno do município, tais como, Fazenda Loredo, Bom Sucesso, Caatinga, entre outras, muitos desses se dirigiam à escola a pé ou a cavalo, na época não existia transporte escolar. Os estudantes demonstravam-se interessados pelos estudos e eram bastantes inteligentes, tinham objetivos de vida e estudavam para alcançá-los. Um marco considerado importante na educação do município em tempos outrora, foi o fardamento dos alunos implantado pela Escola Josefa Soares de Oliveira que na época era a única instituição de ensino que atendia estudantes de ginásio, ou seja, de 5ª a 8ª série. Hoje a educação do município tem sistema de ensino próprio, criado em 14 de julho de 2009 sob a Lei Municipal nº 012 de 14 de julho de 2009 e ajuizado pelos conselheiros voluntários do Conselho Municipal de Educação – CME, representados por 4 (quatro) representes de professores, sendo 2 (dois) titulares e 2 (dois) suplentes, 2 (dois) representantes do Sindicato dos Servidores Públicos de Ribeira do Amparo SISPRA, sendo 1(um) titular e 1 (um) suplente, 4 (quatro) representes de pais ou responsáveis de alunos, sendo 2 (dois) titulares e 2 (dois) suplentes, 2 (dois) representantes da gestação da secretaria de educação, sendo 1 (um) titular e 1 (um) suplente com atribuições, normativas, deliberativa, consultivas, fiscalizadora, mobilizadora, propositiva e avaliativas do Sistema Municipal de Ensino, na área de competência do Município de Ribeira do Amparo. 42 O Sistema Municipal de Ensino é responsável pelo planejamento, execução, supervisão, avaliação e controle dos programas e ações correlacionadas com a educação e com o ensino em Ribeira do Amparo Bahia, observadas a composição prevista em Lei e os mecanismos, procedimentos e formas de colaboração com o Estado da Bahia, a fim de assegurar a universalização do ensino obrigatório e gratuito e a erradicação do analfabetismo, atendidas as prioridades constantes da Lei. A educação municipal é dirigida de acordo com as leis educacionais que regem o país e o município, como a Constituição Federal que assegura ao indivíduo o exercício dos direitos sociais e individuais, a Lei nº 9.394/1996 que estabelece diretrizes e bases para a educação nacional, Lei nº 13.005/2014 (PNE) que define os objetivos e metas para o ensino a serem executados nos próximos dez anos, a Lei Orgânica do município que está subordinada à Constituição federal e que também disciplina o funcionamento educacional do município, a Lei Municipal nº 0170 de 22 de junho de 2015 – PME, que estabelece metas e estratégias a serem contempladas na educação municipal, a Lei Municipal nº 010, de 05 de maio de 2008, que dispõe sobre a criação do Estatuto do Magistério de Ribeira do Amparo, a Lei Municipal nº 009, de 05 de maio de 2008 que desfruta sobre o Plano de Carreira do Magistério Público do Município e a Lei do Sistema de ensino que normatiza o ensino municipal. Diante do que estabelecem essas leis, a Secretaria Municipal de Educação - SME vem traçando e desenvolvendo ações que contemplem a melhoria educacional no que concerne ao cumprimento das leis. Atualmente, o trabalho da SME atende a 03 (três) creches, 02 (duas) escolas de Educação Infantil, 17 (dezessete) escolas que atende educação infantil com Ensino Fundamental I – F1 e 04 (quatro) escolas de ensino fundamental II – F2, essas, distribuídas em quatro polos diferentes. Sendo, polo I, Ribeira do Amparo que inclui as escolas da sede e de seu entorno; polo II, compreende as escolas do distrito de Boa-Hora e seu entorno; polo III, abrange as escolas do distrito de Barrocas e seu entorno; polo IV, correspondendo as escolas do distrito de Raspador e seu entorno, como é demonstrado na tabela a seguir 43 Escola/Creche Etapa/Modalidade Localidade/Polo Total de alunos Agenor Brito F2 e EJA II Sede/POLO I 569 Agenor Brito I Infantil e F1 Sede/POLO I 347 Tancredo Neves F1 e EJA I Sede/POLO I 77 Creche Nair Brito Infantil Sede/POLO I 73 São José I Infantil, F1 e EJA I Faz. Fervente/POLO I 175 José Rodrigues de Matos Infantil Faz. Loredo/POLO I 18 João Carlos Cerqueira Infantil e F1 Faz. Bariri/POLO I 30 Nossa Senhora de Lourdes F1 Faz. Capim/POLO I 25 Padre Otávio Infantil e F1 Avenida/POLO I 45 Santa Tereza I Infantil, F1 e EJA I Faz. Bx. Jurema/POLO I 40 Luiz Viana Infantil e F1 Faz. Salgado/POLO I 28 São Lázaro Infantil Faz. Angico/POLO I 20 Fonte: SME/2020 Escola/Creche Etapa/Modalidade Localidade/Polo Total de alunos Antônio Dantas de Macedo F1 e EJA I Boa – Hora/POLO II 152 Maria Ferreira da Silva F2 Boa – Hora/POLO II 122 DomAvelar da Silva Brandão Infantil, F1 e EJA I Barrocas/POLO III 217 Creche Conrado J. Amorim Infantil Barrocas/POLO III 32 São Francisco de Assis Infantil e F1 Faz. Cabo Verde/POLO III 31 Crispim Dantas F2 Barrocas/POLO III 153 Santa Luzia Infantil e F1 Raspador/POLO IV 115 Edna Carmelita F1 Raspador/POLO IV 150 Creche Maria Rodrigues Infantil Raspador/POLO IV 55 Santa Tereza III Infantil e F1 Faz. Jurema/POLO IV 20 Murilo Cavalcante F2 Raspador/POLO IV 203 Total de alunos da rede 2.889 Escola/Creche Etapa/Modalidade Localidade/Polo Total de alunos Paulo VI Infantil e F1 Faz. Lages/POLO I 114 Nova Infância Infantil Faz. 1001/POLO II 18 Beatriz Amaral Infantil Boa – Hora/POLO II 82 44 A Secretaria Municipal de Educação dispõe de um quadro de funcionários composto por merendeiros, agentes de serviços, motoristas, professores, sendo alguns professores direcionados para a coordenação e direção das escolas. A Secretaria Municipal de Educação tem um quadro de professores em que a maior parte tem nível superior, principalmente os que atuam nos anos finais do ensino fundamental, mas nem todos atuam na área de docência, dificultando assim, a ação pedagógica. Segundo o Conselho Municipal de Educação – CME que tem acompanhado e analisado a educação do município, observa que existe por parte da SME uma preocupação quanto a melhoria educacional, como também vontade de acertar cada vez mais no sistema educacional do município, acreditando que ainda tem muito para avançar. Para o CME a preocupação e desejo em acertar deve persistir e ser transformado em investimento e apoio didático e pedagógico, tais como fomento e incentivo aos projetos e programas de leitura e escrita, ampliação dos acervos das bibliotecas das escolas da sede e do campo e melhoramentos na infraestrutura das escolas, principalmente na área digital. É importante que a SME planeje ações que de protagonismo juvenil e com participação da família, motivando a autoestima dos alunos e seus familiares; alinhando a tais ações é fundamental que ocorra de modo contínuo formações para os docentes e valorização do seu trabalho, tais estratégias devem buscar impulsionar a inovação da prática pedagógica. (CME). Além do quadro de professores, a secretaria municipal de educação ainda dispõedos profissionais que ajudam a manter a funcionalidade dos trabalhos educacionais no município, dentre eles agentes de serviço, merendeiros, auxiliares administrativos e motoristas. 45 46 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS, EPISTEMOLÓGICOS E POLÍTICOS 47 2. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS, EPISTEMOLÓGICOS E POLÍTICOS 2.1 Marcos Teóricos Conceituais e Metodológicos Referencial Curricular de Ribeira do Amparo - RCRA valida a ideia de que o município tem suas particularidades e se compromete com o trabalho e os desafios socioeducacionais, face à complexa realidade socioeconômica, geopolítica, cultural e as demandas dos espaços escolares, buscando, de modo contínuo, assegurar os Direitos de Aprendizagem dentro da expectativa da igualdade e da equidade. Assim, é importante que as escolas tomem conhecimento que o RCRA engloba as experiências de aprendizagens implementadas pelo município e que deverão ser vivenciadas pelos estudantes. Nele estão compreendidas as unidades temáticas, as práticas de linguagens, as competências gerais e específicas, os temas integradores, os objetos de conhecimentos, as bases de informações e as habilidades que deverão ser abordados no processo de ensino e aprendizagem dentro das correntes filosóficas metodológicas a serem utilizadas nas diferentes etapas e ou modalidades de ensino. Currículo é uma construção social do conhecimento, pressupondo a sistematização dos meios para que esta construção se efetive; a transmissão dos conhecimentos historicamente produzidos e as formas de assimilá-los, portanto, produção, transmissão e assimilação são processos que compõem uma metodologia de construção coletiva do conhecimento escolar, ou seja, o currículo propriamente dito. (VEIGA, 2002, p.7) Logo, o RCRA se configura como um resultado das relações e das dinâmicas interativas com o saber, vivendo e instituindo poderes. Nesse movimento, cultiva perspectivas éticas e políticas ao realizar opções pedagógicas e optar por determinados valores, os quais revelam- se no cerne das construções e orientações das escolas e devem estar assumidas como fundamento de suas ações, de modo que contribuam na construção da identidade dos educandos, à medida em que evidenciará a individualidade e o contexto social que estão inseridos. Nossos estudantes além de aprender conteúdos precisam ser incentivados a aguçar as potencialidades e a criticidade dos mesmos, dando significado ao que está sendo “ensinado”. O 48 Nessa perspectiva, é importante que a Rede Municipal de Ensino sustente sua prática pedagógica baseada na corrente filosófica sociointeracionista de Lev Semionovich Vygotsky, evidenciada pela interação e comungada com o construtivismo de Jean Piaget e a teoria de Henri Wallon, sob os fundamentos da afetividade, do movimento, da inteligência e da formação do eu; outra base que fundamentará o Currículo Ribeira do Amparo é a aprendizagem significativa de David Ausubel apoiada com a concepção de Paulo Freire que afirma que a criança é um ser social e que aprende umas com as outras. Segundo David Ausubel o fator de maior influência da aprendizagem é o saber prévio do educando, pois este pode funcionar como ponto de ancoragem para as novas informações. Ausubel define o conhecimento prévio como “conceito subsunçor”. A aprendizagem significativa ocorre quando a nova informação se ancora em conceitos relevantes (subsunçores) preexistentes na estrutura cognitiva do aprendiz. “A aprendizagem significativa é aquela que se relaciona, interliga as aprendizagens realizadas, a conteúdos pré-existentes no sujeito” (David Ausubel, apud Lilian Rios, 2016). Este conceito tem ênfase na teoria de Paulo Freire, ao afirmar que a leitura de mundo precede a leitura da escrita. Em Pedagogia do Oprimido (1968) Paulo Freire propõe uma educação libertadora, trazendo à tona a relação dialética entre opressores e oprimidos e a necessidade do despertar da consciência. Para o autor a grande tarefa dos oprimidos é a de libertar a si mesmos e aos seus opressores, podendo ser vista como a pedagogia do homem, implicando em atitudes e posturas críticas, dialógicas e generosas, enfim, mais humanas. A relação dialógica emancipatória do oprimido sob o opressor é um elemento constitutivo da linguagem e da consciência ideológica, fundamental na formação do docente. Nessa pedagogia se compartilha experiências, se constrói seres críticos “nascidos” através do diálogo entre educadores e educandos. A teoria da ação dialógica faz parte da classe revolucionária – libertadora, onde existe o objetivo da transformação de mundo. Para Freire (1968) o objetivo maior da educação é conscientizar o estudante, portanto, ensinar não se limita à transmissão de saberes, a missão do professor está em possibilitar e mediar a criação e a produção de conhecimentos. Na sua voz "Ninguém educa ninguém, ninguém se educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo." (p. 68). Esta afirmação implica um princípio fundamental: o aluno, alfabetizado ou não, chega à escola trazendo consigo uma cultura que não é melhor nem pior do que a do professor. Ambos aprenderão juntos, em comunhão e colaboração, sendo necessário que a 49 relação construída seja afetiva e democrática, garantindo a todos a possibilidade de se expressar. No sociointeracionismo de Vygotsky, o ser humano só adquire cultura, linguagem, desenvolvimento e raciocínio se estiver inserido no meio com os outros. A criança só vai se desenvolver historicamente se inserida no meio social. Para Moreira (2009), a teoria do pesquisador Vygotsky propõe que o desenvolvimento cognitivo se dá por meio da interação social, em que, no mínimo, duas pessoas estão envolvidas ativamente trocando experiência e ideias, gerando novas experiências e conhecimento. Dessa forma, a interação constitui num processo em que o sujeito interage com a sua cultura e com a cultura do outro. Nas teorias sociointeracionista o desenvolvimento infantil é visto como um processo dinâmico, pois, as crianças não são apáticas. Através do contato com seu próprio corpo, com o seu ambiente, bem como através da interação com outras crianças e adultos, as mesmas vão desenvolvendo as capacidades afetivas, e seu raciocínio lógico é consequentemente aperfeiçoado. Vygotsky afirma que a vivência em sociedade é essencial para a transformação do homem em um sujeito capaz de construir seu próprio conhecimento. É através da interação dos educandos que acontece o desenvolvimento de suas capacidades cognitivas, e, consequentemente o aperfeiçoamento nas relações interpessoais. Ele também afirma que o desenvolvimento da criança está diretamente relacionado à sua socialização perpassando por três níveis: Zona de desenvolvimento real que refere-se às etapas já alcançadas pela criança e que permitem que ela solucione problemas de forma independente; Zona de desenvolvimento potencial que é a capacidade que a criança tem de desempenhar tarefas desde que seja ajudada por adultos ou companheiros mais capazes e Zona de desenvolvimento proximal que é a distância entre as zonas de desenvolvimento real e potencial. Ou seja, é o caminho a ser percorrido até o amadurecimento e a consolidação de funções. Isso significa que, antes mesmo de frequentar a escola, a criança desenvolve seu potencial a partir das trocas estabelecidas e adquire conhecimento. Quando vai para o ambiente escolar, ela se familiariza com esse mundo e sai da zona de desenvolvimento real para, com auxílio do professor, atingir seu desenvolvimento potencial. 50 Para Jean William Fritz Piaget, o educando vivencia várias fases de desenvolvimento psicológico, individual e socialmente.
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