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Microbiologia dos Alimentos Hepatite A e E Hepatite A • A hepatite A teve seu primeiro relato escrito no Séc XVIII. • É uma doença infecciosa aguda, causada pelo vírus da hepatite A (HAV), que produz inflamação e necrose do fígado. A transmissão do vírus é fecal-oral, e ocorre através da ingestão de água (principalmente) e alimentos contaminados. • Nas infecções naturais, os anticorpos das classes IgM e IgA são os mais precoces, aparecendo junto com as primeiras manifestações clínicas, mas podem surgir apenas no final da primeira semana de doença. (PEREIRA, 2002) Agente Causador -HAV • A hepatite A é causada por um vírus RNA de fita simples positiva, que pertence à família Picornaviridae, denominado vírus da hepatite. • A (HAV), que se replica no fígado, é excretado na bile e eliminado nas fezes, resultando na transmissão pela via fecal-oral. • O HAV interfere na função hepática, desencadeando uma resposta imune que leva à inflamação no fígado. Vírus da Hepatite A Divulgação/Ministério da Saúde (PEREIRA, 2002) Agente Causador -HAV • O RNA viral possui 7 genótipos, 4 deles infectam naturalmente humanos e os outros 3 infectam primatas. • Sua Cadeia de RNA consiste em 3 regiões: o A primeira não codificadora na extremidade 5´ de 732 a 740 nucleotídeos. o A segunda, parte intermediária, sendo codificadora com 2.225 a 2.227 nucleotídeos. o A terceira não codificadora na extremidade 3´ com 40 a 80 nucleotídeos. Vírus da Hepatite A Divulgação/Ministério da Saúde (PEREIRA,2002) Sintomas Hepatite A Sintomas inespecíficos, como: Fadiga Mal-estar Febre Dores musculares. Seguidos de sintomas gastrointestinais, como: Enjoo Vômitos Dor abdominal Constipação ou diarreia Icterícia Os sintomas costumam aparecer de 15 a 50 dias após a infecção e duram menos de dois meses. (CDC, 2006) Epidemiologia Casos de Hepatite A no Brasil segundo o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, 2020. Curiosidades • Na maioria dos casos, a hepatite A é uma doença de caráter benigno; contudo, o curso sintomático e a letalidade aumentam com a idade. • Em alimentos contaminados, o HAV é morto quando exposto a temperaturas de > 85 graus C por 1 minuto. • O congelamento não inativa o HAV. • A hepatite A possui vacina, e são necessárias mais de uma dose. (CDC, 2006) Transmissão - HAV Sua transmissão pode ocorrer através de: • Alimentos ou bebidas contaminados • Contato direto entre pessoas. • O ser humano é um hospedeiro natural do vírus, sendo esse encontrados nas fezes e sangue. - A transmissão através da alimentação acontece através da ingestão do vírus por meio de alimentos ou bebidas contaminados. Contaminação - HAV • A contaminação é através de manipuladores dos alimentos. Podendo ocorrer em todas as etapas de manipulação. • Cultivo • Colheita • Processamento • Manuseio • Pós cozimento • Frutos do mar crus ou mal cozidos, estão associados com a transmissão do vírus, uma vez que esses possuem maior contato com água contaminada. Surto Hepatite A https://noticias.r7.com/saude/sao-paulo-vive-surto-de-hepatite-a-duas-mortes-sao-confirmadas-11102017 Hepatite E • O vírus da hepatite E (VHE) é o segundo vírus de transmissão fecal-oral com hepatotropismo confirmado, após o vírus da hepatite A. • As grandes epidemias de hepatite das décadas de 50 e 60 na Índia foram causadas pelo VHE. Observaram-se surtos da infecção na África Central, América Latina, Oriente Médio e Repúblicas independentes da ex-União Soviética. • Foi descoberto em 1983 por Balayan, nas fezes de pacientes infectados. (PARANÁ, 2002) Agente Causador - HEV • O vírus da hepatite E (HEV) pertence ao gênero Hepevirus, família Hepeviridae. • Características morfológicas: • O HEV é um vírus pequeno, de 32 a 34 nm de diâmetro • não envelopado • formado por uma fita simples de RNA positiva. Vírus da Hepatite E Divulgação/Ministério da Saúde (PARANÁ, 2002) Agente Causador - HEV •- O RNA viral possui 3 regiões de leitura genômica; •ORF 1 – Com 5079 nucleotídeos, sendo a maior delas. É responsável pela síntese de proteínas não-estruturais, envolvidas na replicação viral. •ORF2 – Codifica o capsídio viral, contém estitopos que são alvos da Resposta Imune. •ORF3 – Menor região, sua função ainda não foi definida. Vírus da Hepatite E Divulgação/Ministério da Saúde (PARANÁ, 2002) Sintomas Hepatite E Quando presente, a hepatite E pode apresentar sintomas como: • Febre • Fadiga • Perda de apetite • Náusea • Vômito • Dor abdominal • Urina escura • Fezes claras • Dor nas articulações • Icterícia (coloração amarelada da pele ou olhos) Esses sinais costumam aparecer de 15 a 60 dias após a infecção.(UNA-SUS, 2014) Epidemiologia HEPATITE E • 20 milhões de casos anuais pelo HEV no mundo, com 3,3 milhões de casos sintomáticos. • Muito comum na Ásia e África. • No Brasil, estudos de soroprevalência demonstraram a evidência de anticorpos anti-HEV em diferentes grupos populacionais na década de 90, como: o Mineiros na Bacia Amazônica (6,1%) o São Paulo, pacientes submetidos à hemodiálise apresentaram prevalência de 4,9% de anti- HEV o No Rio de Janeiro, foi observada prevalência de 2,4% para anti-HEV na comunidade de Manguinhos. • A hepatite E não tem dados de prevalência significativos no Brasil. (Boletim Epidemiológico, 2020) Curiosidades • O vírus da hepatite E (HEV) assim como o da hepatite A, causa uma infecção benigna que não evolui para a forma crônica. • Os casos mais graves são observados entre as gestantes: 20% das que contraem o HEV evoluem para a forma fulminante, fatal em 80% dos casos. • A hepatite E pode infectar certos mamíferos e o consumo de carne ou órgãos crus / mal cozidos de animais infectados pode levar à transmissão alimentar para humanos. (CIVES, 2006) Trasmissão - HEV • Sua transmissão acontece da seguinte forma: • Principalmente do contato com água contaminada; • Pode acontecer com alimentos contaminados se forem cozidos em água imprópria para o consumo; • Contato de pessoas infectadas que não possuem hábitos adequados de higiene; • E transmissão vertical de uma mulher grávida para seu bebê. • O ser humano como hospedeiro natural do VHE e possibilidade de isolamento em porcos e ratos além de infecção experimental em macacos. • A contaminação de indivíduos através de alimentos pode ocorrer pelo consumo de carnes crus ou mal cozidas que estão infectados pelo vírus. Surto Hepatite E https://www.msf.org.br/noticias/chade-e-preciso-controlar-surto-de-hepatite-e Como evitar a Contaminação • RDC 216/2004 • 4.6 Manipuladores • 4.6.2 Os manipuladores que apresentarem lesões e ou sintomas de enfermidades que possam comprometer a qualidade higiênico- sanitária dos alimentos devem ser afastados da atividade de preparação de alimentos enquanto persistirem essas condições de saúde. • 4.6.4 Os manipuladores devem lavar cuidadosamente as mãos ao chegar ao trabalho, antes e após manipular alimentos, após qualquer interrupção de serviço, após tocar materiais contaminados, após usar os sanitários e sempre que se fizer necessário. Devem ser afixados cartazes de orientação aos manipuladores sobre a correta lavagem e anti-sepsia das mãos e demais hábitos de higiene, em locais de fácil visualização, inclusive nas instalações sanitárias e lavatórios. (ANVISA,2004) Como evitar a Contaminação • RDC 216/2004 • 4.4 Abastecimento de água • 4.4.1 Deve ser utilizada somente água potável para manipulação dos alimentos. Quando utilizada solução alternativa de abastecimento de água, a potabilidade deve ser atestada semestralmente mediante laudos laboratoriais, sem prejuízo de outras exigências previstas em legislação específica. • 4.8 Preparação do alimento • 4.8.1 As matérias-primas, os ingredientes e as embalagens utilizadas para preparação do alimento devem estar em condições higiênico-satitárias adequadas e em conformidade com a legislação específica. (ANVISA, 2004) Medidas Necessárias RDC 216/2004 • 4.12.2. O responsável pelasatividades de manipulação dos alimentos deve ser comprovadamente submetido a curso de capacitação, abordando, no mínimo, os seguintes temas: a) Contaminantes alimentares; b) Doenças transmitidas por alimentos; c) Manipulação higiênica dos alimentos; d) Boas Práticas. • 4.6.1 O controle da saúde dos manipuladores deve ser registrado e realizado de acordo com a legislação específica. (ANVISA, 2004) Papel do Nutricionista • Compete ao nutricionista no exercício de suas atribuições, planejar, organizar, dirigir, supervisionar e avaliar os serviços de alimentação e nutrição. • O nutricionista deve atuar capacitando, principalmente os manipuladores de alimentos, a seguir todas as etapas do Manual de Boas Práticas de Manipulação. • Adotar medidas a fim de minimizar o risco de contaminação cruzada, evitando o contato direto ou indireto entre alimentos crus, semi-preparados e prontos para o consumo. • Assegurar que seus liderados cumpram um papel de excelencia, garantindo uma alimentação segura, saudável, nutricionalmente equilibrada, sabora e de qualidade. (DARIVA, 2013) Referências • Agencia Nacional de Vigilância Sanitária- ANVISA. Resolução – RDC Nº 216, de 15 de Setembro de 2004. Estabelece procedimentos de boas Praticas para serviço de alimentação, garantindo as condições higiênico-sanitárias do alimento preparado. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 setembro de 2004. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2004/res0216_15_09_2004.html> • Boletim Epidemiológico Hepatites Virais. Brasil, 28 de julho de 2020. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/pt- br/pub/2020/boletim-epidemiologico-hepatites-virais-2020>. • CDC, Centers for Disease Control and Prevention, maio 2006. Disponível em:<https://www.cdc.gov/hepatitis/hav/afaq.htm#overview>. • CDC, Centers for Disease Control and Prevention, maio 2006. Disponível em:<https://www.cdc.gov/hepatitis/hev/index.htm>. • Centro de Informações em Saúde para Viajantes. CIVES, UFRJ. 23 de outubro de 2006. Disponível em:< http://www.cives.ufrj.br/informacao/hepatite/hepE-iv.htm> • Chade: é preciso controlar surto de hepatite E. Medicos sem fronteiras, 10 de feveiro de 2017. Disponível em: <https://www.msf.org.br/noticias/chade-e-preciso-controlar-surto-de-hepatite- e#:~:text=Um%20surto%20de%20hepatite%20E,M%C3%A9dicos%20Sem%20Fronteiras%20(MSF).>. Referências • DARIVA, Rafaela; OH, Alberto. Atuação do nutricionista líder em unidade de alimentação e nutrição no segmento de refeições transportadas para penitenciárias em Curitiba – PR e Região Metropolitana. Administração de Empresas em Revista, [S.l.], v. 1, n. 8, p. 72-93, dez. 2013. ISSN 2316-7548. Disponível em: <http://revista.unicuritiba.edu.br/index.php/admrevista/article/view/707/533>. Acesso em: 30 mar. 2021. • Paraná R.; Schinoni M. Hepatite E. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical vol. 35 may/jun 2002 • Pereira F.; Gonçalves C. Hepatite A. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical vol. 36 may/jun 2002 • São Paulo vive surto de hepatite A; duas mortes são cofirmadas. R7 Notícias. 04 de outubro de 2017. Disponível em: <https://noticias.r7.com/saude/sao-paulo-vive-surto-de-hepatite-a-duas-mortes-sao-confirmadas-11102017> • UNA-SUS, Brasília, 30 de julho de 2014. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Disponível em: < https://www.unasus.gov.br/noticia/voce-sabe-diferenciar-hepatites-b-c-d-e-e >. Participantes do Grupo: • Ana Carolina de Souza Gonçalves • João Vitor Klayn da Rocha • Kaio Daflon Salles Stanizio • Maria Clara Cheli • Marcos Daniel Pereira Silva da Fonseca
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