Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Maria Eduarda de Alencar - Odontologia 2019.2 Meios de Cultivo e Efeito Citopático dos Vírus Histórico → Início da Virologia - Teste em animais: Era feita a coleta do material do indivíduo ou do animal doente e, posteriormente, a inoculação desse material em uma pessoa ou um animal saudável. Era então observado se a pessoa ou o animal que receberam esse material apresentava os sinais e sintomas da doença. Esses testes já não são mais utilizados atualmente, pois já existem outras formas; OBS.: No caso dos vírus, por serem parasitas intracelulares obrigatórios, para que se possa cultivar/isolar um vírus é precisa-se de uma célula, pois só assim ele pode se replicar. → 1940-1950 - Descoberta dos antibióticos; - Descoberta da tripsina – uma enzima que possui a capacidade de separar uma célula da outra sem que elas percam sua estrutura e viabilidade; Tornaram possível o cultivo de células isoladas. A partir de fragmentos de órgãos, tratados com tripsina, tornou-se possível conseguir células isoladas e passar a cultivá-las em um ambiente controlado – laboratório – sem existir a chance de contaminação bacteriana, graças aos antibióticos; - Essas pesquisas realizadas para se fazer cultura de células em laboratório foram amplificadas exatamente devido a necessidade de produção de vírus em massa, para produzir vacinas que prevenissem as doenças virais; OBS.: O cultivo in vitro surgiu como substituto para a inoculação feita em pessoas e animais – muito limitada, não sendo possível produzir vacinas em larga escala por esse método. Cultura de Células → O que é? - Células que foram retiradas de um órgão – fragmento – e que passam a ser cultivadas em condições laboratoriais – temperatura, pH, nutrientes controladas; Para que as células permaneçam vivas e se multiplicando, é necessário que seja oferecido a elas os nutrientes que elas teriam se estivessem num organismo vivo – meio de cultura; → O que é um Meio de Cultura? - Insumos preparados em laboratórios que fornecem os nutrientes para o crescimento e desenvolvimento de microrganismos fora do seu habitat natural; - Esses meios normalmente são comprados em pó, contendo sais inorgânicos – cálcio, ferro, magnésio, fósforo – aminoácidos essenciais e não essenciais, vitaminas, antibióticos, fonte de energia – glicose, indicador de pH. Esse pó após diluído em água destilada pode ser utilizado como uma forma de manter a cultura de células viva; OBS.: Indicador de pH – a modificação da cor – de rosado para amarelado – serve para indicar quando os nutrientes foram metabolizados (torna o pH do meio ácido) e a troca de meio de cultura precisa ser feita para manter a integridade das células. → Forma de Cultivo das Células - Células Aderidas: Células que crescem aderidas a superfícies, formando um tapete de células. Ex.: Células epiteliais; - Células Suspensa: Células que crescem sem se aderir a superfícies, “soltas” junto com o meio de cultura. Ex.: Células hematopoiéticas; Tipos de Cultura de Células - Não se pode deixar as células crescerem tanto ao ponto de ficar uma sobre a outra, sem espaço, pois, o tapete de células pode ficar tão pesado que elas perdem a aderência com a superfície e se acumulam no fundo, possibilitando a perda celular quando for realizada a troca do meio de cultura; - Nesses casos de grande proliferação, é realizado o repique celular – retira-se o meio de cultura e adiciona-se a tripsina, que vai agir “descolando” as células da superfície, as células descoladas vão ser retiradas daquele local (garrafa, placa de Petri) com o auxílio de uma pipeta. As células que restarem vão aderir à superfície novamente, será adicionado um novo meio de cultura e elas voltarão a se proliferar, agora com o espaço necessário. → Cultura Celular Primária - São as células obtidas através de uma amostra de tecido, retirado de um animal, cultivadas em ambiente laboratorial. Essas células após serem colocadas no recipiente – placa de Petri, por exemplo – irão se multiplicar até cobrir a totalidade do substrato (até não existir mais espaço); → Cultura Celular Finita (Secundária) - São as células que permanecem após o repique. As células são também chamadas de finitas pois a partir de um determinado momento, mesmo com o ambiente favorável para sua replicação e vitalidade, elas irão morrer (processo natural); OBS.: A desvantagem de se trabalhar com células de cultura primária e secundária é que não é possível mantê-las vivas para sempre. A vantagem é que por serem células provenientes de tecidos animais, tudo que ocorrer com essas células que estão sendo cultivadas em laboratório, irá imitar o que aconteceria com as células que estão dentro do organismo do animal – processo fidedigno. → Cultura Celular Contínua - Células que, em teoria, já estão no seu limite, mas continuam sobrevivendo e suportando outros repiques por tempo indeterminado. Ao serem estudadas, percebeu-se então que essas células adquirem essas características devido a mutações naturais ou induzidas (o que inicialmente ocorria ao acaso passou a ser feita de forma artificial); OBS.: A vantagem desse tipo celular é a possibilidade de manutenção delas por tempo indeterminado. A desvantagem é que a partir do momento que essa célula sofreu mutação, ela já não é mais exatamente igual a célula presente no organismo vivo, por isso, a fidedignidade do processo – numa infecção viral, por exemplo – não é mantida. Aplicações das Culturas de Células - Isolamento viral para auxiliar no diagnóstico de determinada doença – observar as modificações que esse microrganismo causa nas células; - Amplificação viral – armazenamento, produção de vacinas, antígenos para diagnóstico, inoculação em animais; - Estudo da patogênese viral – observar o processo de replicação viral e os impactos que ele gera na célula; - Verificação do efeito de medicamentos, toxinas, hormônios, entre outras substâncias – insere-se a substância que se deseja estudar na cultura de células, podendo então observar como essas células reagirão. Cuidados Necessários → Esterilidade Para trabalhar com cultura de células é necessário ter: - Ambiente estéril; - Materiais estéreis, ou os mais descontaminados possíveis; - Enzimas estéreis – tripsina OBS.: Multiplicação de bactérias – 30min – Multiplicação de células animais – 18 a 24h. Se o recipiente que for adicionado as células estiver contaminado por bactérias, esses microrganismos se desenvolverão muito mais rápido e colonizarão o local, tornando inviável a cultura de células. → Autoclaves - São utilizadas, em laboratório, para realizar a esterilização dos equipamentos por meio do calor úmido sob pressão; → Capela ou Fluxo Laminar - Realiza a descontaminação dos equipamentos através de uma fonte de luz ultravioleta. Cultivo Viral e Efeito Citopático - Os vírus são microrganismos muito pequenos, não sendo possível visualizá-los no microscópio. Uma forma de estudá-los é fazendo o cultivo viral em um meio de cultura e observando o efeito citopático, ou seja, o efeito que o vírus causa na célula – estrutura possível de ser visualizada através de um microscópio; → Cultivo Viral - Sistemas: Inoculação em animais de laboratório – atualmente é feita em cobaias (ratos) – inoculação em ovos embrionados – muito utilizada na produção de algumas vacinas – e inoculação em culturas celulares; → Inoculação em Animais de Laboratório - Início da virologia: A inoculação em animais foi uma das primeiras maneiras que os cientistas utilizaram para se fazer diagnóstico de doenças virais; - Desuso: Questões éticas – por essas questões esse tipo de inoculação está entrando em desuso, mas em alguns casos ainda é necessária (ex.: vírus da raiva) – e operacionais – a manutenção desses animais em laboratório não é muito fácil; → Inoculação em Ovos Embrionados - O meio é nutritivo e estéril;- Meios de inoculação: A escolha do local a ser feita a inoculação vai depender da quantidade de vírus que se quer produzir e dos nutrientes que são necessários para manter a proliferação dele viável. Pode ser feita: na cavidade amniótica, na cavidade alantólica e no saco vitelínico; OBS.: Independente do meio, é necessário deixar o ovo em uma temperatura ideal para que o vírus consiga infectar as células e se proliferar. - O ovo é colocado contra a luz, permitindo observar as estruturas internas e a inoculação é feita utilizando uma agulha muito fina, para evitar a fratura da casca. O ovo é colocado em uma estufa – controle de temperatura – e diariamente ele será observado contra a luz a procura de alterações; - Alterações: Morte do embrião, hemorragias, inibição do crescimento do embrião, edema e necrose tecidual; OBS.: Pessoas com alergia ao ovo, ou a algum dos componentes dele, podem apresentar reações ao receber vacinas que foram produzidas por esse tipo de inoculação. → Inoculação em Cultura de Células - São colocadas células de linhagem primária, secundária ou contínua em um meio de cultura, e é oferecido todos os recursos necessários para elas se proliferarem; - A partir de tecidos, secreções, sangue, soro ou fezes são extraídas amostras que se deseja investigar – observar se há a presença de vírus ou não – e realiza-se a inoculação delas no cultivo celular. Se houver vírus nessas amostras, passados alguns dias, com as condições ideais, eles irão se proliferar, gerando destruição celular ou efeitos citopáticos; - Além de ser possível a observação do efeito citopático, através de algumas técnicas de diagnóstico, é possível tentar detectar o material genético dos vírus está presente nas amostras inoculadas, se encontrando esse material genético é feita então a confirmação da presença viral nas amostras; → Tipos de Efeito Citopático - Lise Celular: A morte das células, devido ao “consumo” que os vírus fazem de toda maquinaria delas para que eles possam se replicar, isso faz com que a célula entre em colapso e morra, visto que ela não tem como produzir suas proteínas – paralisação da síntese de proteínas; OBS.: A morte celular também pode ser gerada pela ruptura de membrana celular durante a saída dos vírus. Essa ruptura gera a entrada e saída de substâncias descontroladamente. - Uma forma de observar essa modificação é através de corantes. Ao serem colocados, o que se observa no local onde tem células intactas é uma impregnação completa – as células vão colorir por completo – enquanto que no local com células mortas é observada a formação de pontos transparentes; - Formação dos Corpúsculos de Inclusão: Restos virais que permanecem na célula – proteínas virais. Esses corpúsculos podem ser encontrados no núcleo ou no citoplasma das células. Alguns corpúsculos de inclusão são considerados patognomônicos, ou seja, específicos de uma doença; - É possível observar a formação do corpúsculo no citoplasma da célula. O local vai depender do comportamento biológico dos vírus; - Formação de Células Gigantes ou Sincícios: Em algumas situações, a célula infectada funde sua membrana com a membrana das células ao redor, além de estimulá-las a fazer o mesmo. No final desse processo, o que se tem é uma célula gigante com vários núcleos. Vantagens e Desvantagens → Vantagens - A partir do momento que é feita a inoculação viral em cultura de células, torna-se possível manter as partículas virais viáveis por tempo indeterminado, desde que sejam mantidas as condições ideais para isso; - Essa técnica de isolamento viral em cultura de células possui uma boa sensibilidade, ou seja, até mesmo um número pequeno de partículas virais é detectado; - A grande maioria dos vírus produzem efeito citopático; - Técnica barata; → Desvantagens - Técnica demorada – por isso, atualmente essa técnica tem sido mais usada para estudo, existindo outras mais rápidas para diagnóstico – e que requer mão de obra especializada; - Só detecta partículas virais viáveis, ou seja, vírus com a estrutura intacta, que seja capaz de se reproduzir; - Qualidade do material, o material precisa ser bem coletado e armazenado para manter as partículas virais viáveis.
Compartilhar