Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Relação criadouro comercial e tráfico de animais silvestres O Brasil foi um dos primeiros países a aderir à Convenção sobre o Comércio Internacional da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES) tornando-se parte já em 1975. O texto da convenção foi promulgado pelo Decreto n. 76.623, de 1975, e aprovado pelo Decreto Legislativo n. 54 no mesmo ano. (BRASIL, 1975) Todavia, as disposições da convenção só foram implementadas no país 25 anos depois, por meio da edição do Decreto n. 3.607, de 21 de setembro de 2000. (BRASIL.2000). Neste decreto entre outras providências, ficou designado o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) como autoridade administrativa, sendo incumbido das missões de emitir licenças para o comércio internacional das espécies listadas nos anexos da Cites; manter o registro de tal comércio; fiscalizar as operações de transporte de animais; apreender os animais obtidos por infração e devolvê-los ao país de origem, ou encontrar um destino apropriado (ALBUQUERQUE, 2014). Vale ressaltar também que o comércio predatório de animais silvestres e de seus produtos derivados se tornou ilegal no Brasil com a edição da Lei n. 5.197/1967, mais conhecida como a Lei de Proteção à Fauna, sendo que anteriormente a essa data, o comércio era livre, sendo praticado em diversas feiras abertas por todo o país (BRASIL, 1967). No Brasil, existe uma interdição geral ao comércio da fauna silvestre, com uma exceção: o comércio da fauna proveniente de criadouros legais. As pessoas físicas ou jurídicas só podem comercializar espécimes silvestres devidamente registrados, devendo manter um cadastro dos estoques e dos valores. O desrespeito a quaisquer dessas condições constitui uma contravenção penal e pode engendrar a penalidade administrativa de cancelamento do registro comercial (MACHADO, 2003). O enquadramento legal do comércio possui tanto o propósito de regularizar a atividade como também de proteger a fauna, pois o comércio predatório de animais é uma das maiores causas de desaparecimento de espécimes silvestres (ALBUQUERQUE, 2014). Assim a criação comercial aparece como um meio-termo, com um contingente razoável de animais, boas taxas de reprodução e boa variedade de espécies. Além disso, traz retorno financeiro para quem cria os animais, apresentando estímulo econômico para que as pessoas façam a criação de maneira legalizada. Por fim, a criação comercial apresenta uma saída para que as pessoas que desejam ter um animal de estimação silvestre não busquem animais ilegais (ARAÚJO, 2010). O procedimento de solicitação de emissão de licenças é todo feito por meio do sítio eletrônico do Ibama. Podendo ser feita por pessoa física ou jurídica, desde que registrada no Cadastro Técnico Federal do Ibama, registro este que poderá também ser feito online. O requerimento de licença deverá ser enviado ao Ibama por via eletrônica, e o interessado terá a oportunidade de acompanhar sua tramitação em tempo real (ALBUQUERQUE, 2014). No entanto segundo dados do RENCTAS (2011), demonstram que mesmo com a possibilidade de licenciamento junto ao IBAMA, o relatório da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres ressalta que existem quatro razões que incentivam o comércio ilegal de vida silvestre: (a) animais para zoológicos e colecionadores particulares, (b) animais para uso científico/ biopirataria, (c) animais para pet shops e, por fim, (d) animais para produtos e subprodutos. Além disso, a captura de animais na natureza faz parte da tradição e cultura popular e é um dos principais meios de vida das pessoas pobres em algumas regiões do Brasil (SOUZA, 2005). Entretanto, já observa-se que em muitas regiões as pessoas estão usando o comércio ilegal de animais apenas como fonte adicional de renda (ROCHA, 2006). As pessoas que realizam a captura inicial dos animais são chamados de fornecedores, e como exemplo podem ser citadas a população ribeirinha, as populações indígenas e as populações rurais, tais como garimpeiros, lavradores, posseiros, pequenos proprietários rurais e peões que na maioria das vezes é estimulada a explorar os recursos naturais de maneira extrativista, com a mentalidade de que esses são inesgotáveis, não possuindo consciência que contribuem para a ameaça das espécies e para a conseqüente diminuição de nossa riqueza faunística (ABDALLA, 2007). Brasil. Decreto n. 76.623, de 17 de novembro de 1975. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 19 nov. 1975. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Antigos/D76623.htm>.Acesso em: 27 jun. 2021. Brasil. Decreto n. 76.623, de 17 de novembro de 1975. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 19 nov. 1975. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Antigos/D76623.htm>.Acesso em: 27 jun. 2021. Brasil. Decreto n. 3.607, de 21 de setembro de 2000. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 22 set. 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/decreto/D3607.htm>. Acesso em: 22 jun. 2021. Brasil. Lei n. 5.197, de 5 de janeiro de 1967. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 5 jan. 1967. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5197.htm>. Acesso em: 1 jul. 2021. Machado, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro. Malheiros, 2003. ARAÚJO, A. C. B.; BEHR, E. R.; LONGHI, S. J.; MENEZES, S. P. T.; KANIESKI, M.R. Diagnóstico sobre a avifauna apreendida e entregue espontaneamente na Região Central do Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Biociências, v. 8, n. 3,p. 279-284, 2010 ALBUQUERQUE, M. F. C. O Comércio de Animais Silvestres no Brasil e a Resolução CONAMA n° 457. Boletim Científico ESPMPU, Brasília, 2014. Disponível em: <http://boletimcientifico.escola.mpu.mp.br/boletins/boletim-cientifico-n-42-43-janeiro- dezembro-2014/o-comercio-de-animais-silvestres-no-brasil-e-a-resolucao-conama-n -457/>.Acesso em: 01 jul. 2021. http://boletimcientifico.escola.mpu.mp.br/boletins/boletim-cientifico-n-42-43-janeiro-dezembro-2014/o-comercio-de-animais-silvestres-no-brasil-e-a-resolucao-conama-n-457/ http://boletimcientifico.escola.mpu.mp.br/boletins/boletim-cientifico-n-42-43-janeiro-dezembro-2014/o-comercio-de-animais-silvestres-no-brasil-e-a-resolucao-conama-n-457/ http://boletimcientifico.escola.mpu.mp.br/boletins/boletim-cientifico-n-42-43-janeiro-dezembro-2014/o-comercio-de-animais-silvestres-no-brasil-e-a-resolucao-conama-n-457/ ABDALLA, A. V. D. A proteção da fauna e o tráfico de animais silvestres. 2007. 235 f.Dissertação (Mestrado) - Curso de Direito, Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba,2007. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br/download/teste/arqs/cp055586.pdf>.Acesso em: 16 maio 2019. SOUZA, G. M. de; SOARES FILHO, A. de O. O comércio ilegal de aves silvestres na região do Paraguaçu e Sudoeste da Bahia. Enciclopédia Biosfera, v. 1, p. 1-10, 2005. ROCHA, M. da S. P.; CAVALCANTI, P. C. de M.; SOUZA, R. de L.; ALVES, R. R. da N. Aspectos de comercialização ilegal de aves nas feiras livres de Campina Grande, Paraíba, Brasil. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v. 6, n. 2, p. 204-221, 2006. RENCTAS (Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres). 1º Relatório Nacional sobre o Tráfico de Fauna Silvestre. 2011. Disponível em: <http://www.renctas.org.br/>. Acesso em: 30 jun. 2021.
Compartilhar