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Ana Isabel Sodré Lima Agentes que modificam diretamente a estrutura do DNA Agentes alquilantes Características Formam intermediários de íon carbônico altamente reativos. Esses intermediários ligam-se de modo covalente a locais com alta densidade de elétrons. São moléculas eletrofílicas fixadas a sítios nucleofílicos no DNA, resultando em ligação covalente de grupo alquila ao sítio nucleofílico. Átomos N-7 e O-6 das bases de guanina são particularmente suscetíveis à alquilação => lesiona o material genético de diferentes formas. Em geral, os agentes alquilantes tem dois grupos reativos fortes, o que permite a ligação cruzada do agente com a própria molécula de DNA ou com proteínas. A bis-alquilação (ligação cruzada) parece constituir o principal mecanismo de citotoxicidade. Cada agente em particular varia na velocidade de reação => implicações em seu uso clínico. Compostos muito reativos não devem ser administrados VO pois são poderosos vesicantes. Ex.: Mecloretamina Compostos menos reativos podem ser administrados VO. Ex.: Melfalana e Clorambucila. Grupos Mostardas nitrogenadas: Ciclofosfamida mostra-se particularmente útil, uma vez que se trata de pró-fármaco não reativo, que exige ativação pelo sistema hepático do citocromo P450; esse agente pode ser administrado VO ou IV. Amplamente utilizada para neoplasias sólidas e hematológicas (linfomas, leucemias, mielomas múltiplos, carcinomas). A Mecloretamina e Ifosfamida também fazem parte desse grupo. A Ifofosmida apresenta praticamente o mesmo perfil de toxicidade da ciclofosfamida, no entanto produz maior supressão das plaquetas, neurotoxicidade, nefrotoxicidade e, na ausência de mesna, lesão urotelial. Alquisulfonatos Bussulfan: usado no tratamento da leucemia mieloides. Uso VO. Quando utilizado em esquemas de altas doses, as toxicidades importantes consistem em fibrose pulmonar, lesão da mucosa GI e doença venoclusiva (DVO) hepática. Nitrosoureias, como a BCNU (carmustina), também têm como alvo o DNA e requerem bioativação. Fixam também grupos carbamoil a seus alvos associados a DNA, mas ainda não foi esclarecido se isso contribui significativamente para a atividade de nitrosoureias. Elevada Lipossolubilidade => úteis no tratamento de tumores cerebrais. Administração VO e IV. + Lomustina. Triazenos Dacarbazina: componente de esquema de combinação de quimioterápicos potencialmente curativo para a doença de Hodgkin; também para melanoma e sarcomas. Administrada VO. Procarbazina: fármaco ativo VO, utilizado no tratamento de doença de Hodgkin. Um de seus metabólitos => inibidor da monoamina oxidase => toxicidade como sensibilidade à tiramina, hipotensão e ressecamento da boca. Temozolamida: agente alquilante VO 200mg/dia, derivado de decarbazina. Tratamento de gliomas. Ana Isabel Sodré Lima Ação sinérgica com radioterapia. Altretamina: útil no tratamento de câncer ovariano refratário, mas ainda há controvérsias quanto a seu mecanismo de ação envolver alquilação do DNA. Mecanismos de resistência Mediante seleção natural, células tumorais podem desenvolver resistência a agente alquilante único, bem como resistência cruzada a outros fármacos de mesma classe. Alguns deles são: Desativação dos fármacos Redução da captação do fármaco Aceleração do processo de reparo do DNA Expressão de enzimas que impede lesão permanente de DNA. Toxicidade Em geral, efeitos adversos resultam de lesão no DNA de células normais. Alguns deles são: Mielossupressão Distúrbio gastrintestinal Alopecia (queda dos cabelos) Como a toxicidade se manifesta: Com frequência em tecidos de rápida proliferação Toxicidade específica de órgãos pode resultar de baixa atividade de uma via de reparo de lesão do DNA no tecido em questão. Um tecido pode ser preferencialmente afetado devido ao acúmulo de composto tóxico nesse tecido específico Ex.: Acroleína que é um subproduto da ativação da ciclofosfamida e do ifosfamida => cistite hemorrágica. Essa toxicidade pode ser tratada com uso de uma molécula contendo sulfidrila, a MESNA, que também é concentrada na urina e inativa rapidamente acroleína. Tentativa para limitar a toxicidade => desenvolvimento de agentes alquilantes que se acumulam preferencialmente no interior das células tumorais. Ex.: Melfalana que foi delineada para ter como alvo células de melanoma, que acumulam fenilalanina para biossíntese de melanina. Ex.: Estramustina, cujo componente de mostarda está conjugado a estrogênio; esse agente foi delineado para atacar células de câncer de mama que expressam o receptor de estrogênio. No entanto, elas não atuam da forma desejada e apresentam mecanismos de ação não elucidados. Melfalana => Mieloma múltiplo Estramustina => câncer de próstata A resposta imune requer rápida proliferação de linfócitos, tornando essas células particularmente vulneráveis à lesão por agentes alquilantes. Por conta disso, eles também são efetivos como imunossupressores => em doses mais baixas que as necessárias para terapia antineoplásica, agentes alquilantes são utilizados em tratamento de doenças autoimunes e rejeição de órgãos. Ana Isabel Sodré Lima Compostos de platina Descoberta Durante o estudo de efeitos da eletricidade sobre bactérias, foi constatado que um produto do eletrodo de platina estava inibindo a síntese de DNA nos micróbios. Ao ser purificado o composto, foi constatado tratar-se de cisplatina, que consiste em um átomo de platina. Isso incorporou seu uso clínico e, atualmente, é o principal fármaco no tratamento de câncer testicular. Mecanismo de ação A conformação cis de cisplatina permite ao fármaco estabelecer ligações cruzadas intrafita entre resíduos de guanina adjacentes, resultando em lesão do DNA. Formação de complexos de metais covalentes com o DNA. Mecanismos de resistência As células tumorais, da mesma forma que com os agentes alquilantes, também podem desenvolver resistência a cisplatina. Uso terapêutico A cisplatina se mostra eficaz no tratamento de cânceres geniturinários, como os de testículo, bexiga e ovário. Pode ser administrada IV ou diretamente nas células tumorais, como no câncer de ovário. Agulha não pode ter alumínio reage com a droga perda da potência. A cisplatina e o composto relacionado, carboplatina, também estão entre os fármacos mais eficazes utilizados contra o câncer de pulmão. Oxaliplatina => câncer colorretal. Toxicidade A toxicidade dose-limitante do fármaco consiste em nefrotoxicidade. Sintomas gastrintestinais, como náuseas e vômitos, também são comuns; esse fato é preocupante, uma vez que a desidratação que ocorre em consequência de vômitos prolongados pode exacerbar a lesão renal induzida por cisplatina e levar à insuficiência renal irreversível. Compostos que possuem tiol (amifostina) => podem melhorar a nefrotoxicidade sem reduzir os efeitos antitumorais. Além disso, a carboplatina está associada a menor nefrotoxicidade, podendo substituir a cisplatina. Neurotoxicidade, que se manifesta, primariamente, como parestesias de mãos e pés e perda de audição, também ocorre com frequência. Também é provocada pela oxaliplatina e é exacerbada pela exposição a baixas temperaturas.
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