Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Doença Renal Crônica 1 Doença Renal Crônica Tags Definição Presença de lesão estrutural renal e/ou redução da taxa de filtração glomerular 60ml/min) por pelo menos 3 meses. A lesão estrutural renal pode se manifestar com: albuminúria alterações no sedimento alterações na imagem, ex: doença renal policística alteração na biópsia, ex glomerulonefrite transplante renal Taxa de filtação: É considerada como DRC quando a TFG cai para menos de 60ml/min/173m² Estimativas da TFG MDRD e CKDEPI são as mais acuradas NGAL, cistatina C, KIM1 Padrão ouro: inulina Fórmula de Cockcroft-Gault : 140-idade (anos)] x peso ideal (kg) / [creatinina (mg/dL)x72] OBS em mulheres multiplicar o resultado por 0,85. É importante saber a TFG para conseguir estagiar o doente . Doença Renal Crônica 2 Causas: DM HAS Glomerulopatias Obstrução do trato urinário Achados Doença Renal Crônica 3 Em algumas doenças que geram DRC, os rins podem ter tamanho normal, as doenças são: Complicações Redução progressiva da TFG que gera: Perda da função endócrina Redução da eritropoetina Redução do metabolismo da vitamina D Acúmulo de toxinas Acúmulo de sódio e água Doença Renal Crônica 4 Hipervolemia Congestão sistêmica Incapacidade de excretar H Acidose metabólica Acúmulo d potássio e fosfóro Hipercalemia Doença osteometabólica Fisiopatologia A fisiopatologia caracteriza-se por 2 grupos de mecanismos lesivos. Mecanismos desencadeantes específicos da etiologia subjacente (p ex; anormalidades no desenvolvimento ou da integridade renal determinadas geneticamente, deposição de imunocomplexos e inflamação em alguns tipos de glomerulonefrite ou exposição a toxinas em algumas doenças dos túbulos intertisciais). Esses mecanismos específicos da doença causa lesão dos néfrons e perda deles. Conjunto de mecanismos progressivos, que devido à redução dos néfrons, o organismo desenvolve respostas que são mediadas por hormônios vasoativos , citocinas e fatores de crescimento (como IGF1 → vasodilatador renal direto que eleva o fluxo sanguíneo renal e a TFG ) que leva à hiperfiltração e hipertrofia dos néfrons viáveis remanescentes, que são consequências comuns da redução prolongada da massa renal, independentemente da etiologia primária. Esse processo de hiperfiltração adaptativa é tão eficiente que, mesmo com a perda de 50% dos néfrons, a creatinina permanece estável ou discretamente elevada e os eletrólitos permanecem em valores normais. Essas adaptações de curto prazo (hiperfiltração e hipertrofia) tornam-se mal- adaptativas à medida que as elevações da pressão e fluxo sanguíneo dentro dos néfros predispõe à distorção da arquitetura dos glomérulos, função anormal dos podócitos e rompimento da barreira de filtração, levando a esclerose e destruição dos néfrons remanescentes. O aumento da atividade intrarrenal do sistema renina-angiostensina SRA contribui para a hiperfiltração adaptativa inicial e para a subsequente Doença Renal Crônica 5 hipertrofia mal-adaptativa e esclerose. Esse processo explica por que a redução da massa renal secundária a lesão isolada pode causar declínio progressivo da função renal ao longo de muitos anos. A própria hiperfiltração adaptativa acaba induzindo lesão glomerular, inicialmente pelo processo de glomeruloesclerose segmentar focal (justificando a proteinúria crescente), que com o tempo evolui para glomeruloesclerose global difusa, acompanhada de fibrose e atrofia de todo o néfron (justificando a doença renal em fase terminal). Fatores de progressão Complicações da DRC ANEMIA Definição de anemia pela OMS Hb < 13 em homens Hb< 12 em mulheres A anemia da DRC é normocítica e normocrômica não associada a outras citopenias (leucopenias ou plaquetopenias), e surge somente em estágios mais Doença Renal Crônica 6 avançados da DRC (a partir do estágio 3B → TFG 3044 ). Está presente em cerca de metade dos pacientes com DRC estágio 4 TFG → 1529, e em quase 100% dos pacientes no estágio 5 ( TFG15. A eritropoietina EPO é um hormônio produzido pelos fibroblastos presentes no interstício renal a partir de estímulos decorrentes de variações do conteúdo de O2 do sangue. No interstício renal do córtex e da medula existem os fatores de indutores de hipóxia HIF, que estimulam os fibroblastos a produzirem EPO. Também existe uma enzima chamada prolil-hidroxilase, que degrada os HIF. Reduções mesmo sutis no conteúdo de O2 (ex: anemia ou hipóxia) levam à inibição da prolil-hidroxilase, tendo como consequência um aumento na duração dos HIF, que por sua vez mantém os fibroblastos estimulados a produzirem EPO por um período maior. Por último a EPO, agirá na medula óssea, provocando um aumento na produção de hemácias, o que corrige a anemia. A resposta à produção de EPO está reduzida no indivíduo com DRC. Portanto a deficiência relativa de EPO é o principal motivo para uma anemia da DRC. No entanto uma série de outros fatores contribuem para a anemia nos portadores de DRC Redução na sobrevida das hemácias, de 120 para 6570 dias. Coleta de sangue repetidas Perda de sangue nos acessos vasculares para a hemodiálise. Perdas sanguíneas crônicas pelo TGI Deficiência nutricional (incluindo a possibilidade de deficiência de vitamina B12 e ácido fólico). Inflamação crônica (mesmo mecanismo da anemia de doença crônica). Hiperparatireoidismo secundário O grau de anemia do doente renal crônico está relacionada com a queda da TFG. Quase 70% dos doentes renais crônicos vão ter um grau de anemia. Sendo a anemia multifatorial. Doença Renal Crônica 7 Com a queda da TFG, o rim perde a capacidade de aumentar a eritropoietina. As hemácias representam um importante estoque de ferro corporal no indivíduo . Portanto, diante de perdas sanguíneas aumentadas dos pacientes com DRC, é natural que tenha uma demanda maior por ferro. Estima-se que seja perdidos até 2g de ferro por ano. Contudo, a absorção intestinal desse elemento está reduzida devido à produção de hepcidina pelo quadro inflamatório da DRC. O resultado é um balanço negativo de ferro. Um dos principais meios de avaliar o estoque Doença Renal Crônica 8 corporal de ferro é através de uma proteína chamada ferritina. A ferritina é produzida pelo fígado e sua produção é aumentadas em situações inflamatórias, independentemente do estoque de ferro corporal. Dessa forma, é comum o indivíduo com DRC apresentar deficiência absoluta ou relativa (incapacidade de usar o ferro existente) de ferro. Quando encontramos uma ferritina reduzida na DRC, não resta dúvidas de que há um deficiência de ferro (deficiência absoluta); porém, quando ela está normal ou aumentada, podemos pensar em 2 cenários: O estoque de ferro corporal está adequado O estoque de ferro corporal está reduzido, sendo o aumento da ferritina decorrente do quadro inflamatório provocado pela retenção de escórias nitrogenadas. Por causa disso, os valores de referência para o diagnóstico de deficiência de ferro no indivíduo com DRC são diferentes dos indivíduos sem doenças renais. Deficiência absoluta de ferro: → Ferritina: < ou = 100ng �Índice de saturação de transferrina < ou = 20% Na DRC, existe um estado inflamatório, queda da TFG. Isto proporciona o acúmulo de alguns metabólitos, como a hepcidina. A hepcidina reduz a absorção intestinal de ferro. O que também intensifica a anemia do paciente. Além disso , o hiperparatireoidismo secundário, promove fibrose de medula óssea, além de redução da massa medular. A carência nutricional colabora pra tal anemia, uma vez que os pacientes com DRC, tem algum grau de desnutrição. Sangramentos, pois um paciente com uremia, tem maior predisposição a sangrar. Doença Renal Crônica 9 Tratamento Nem sempre a anemia do paciente estará associada com a DRC, por isso deve-se investigar outras causas de anemia: Alvo de Hb: 10 a 12 g A EPO deve ser iniciada se a Hb tiver < 10g/dl e deve ser suspensa transitoriamentese Hb ficar 12 g/dl. Contudo ela não causará oefeito desejado Doença Renal Crônica 10 se houver ferropenia. Então se a ferritina estiver < ou = 100 ng/ml ou a saturação de transferrina < ou 20%, é necessário fazer a reposição de ferro antes de iniciar a EPO. Opções de reposição de ferro no indivíduo com DRC Uso oral : sulfato ferroso com 40mg de ferro elementar 3 vezes ao dia Uso venoso: sacarato de hidróxido de ferro 200mg → 1 dose administrada a cada 2 dias até completar 5 doses (total de 1000 mg). Alvo terapêutico do estoque de ferro: Ferritina entre 100 e 500 ng Saturação de transferrina entre 20 a 30% Após os níveis de ferro estarem adequados, o nível de Hb deve ser reavaliado. Se persistir 10g/dl então a EPO deve ser iniciada. Indicação de iniciar EPO → Hb < 10 g → Ferritina < 100ng → Saturação de transferrina 20% A dose inicial da EPO é de 50 a 100 UI/kg/semana. Portanto, um indivíduo de 70kg deve receber uma dose inicial de 3.500 a 7000 UI/semana. Como as apresentações de EPO disponíveis são ampolas de 4.000 ou 10.000 UI, é racional iniciar com 4.000 UI 1 a 2 vezes na semana. A EPO pode ser administrada por via subcutânea ou venosa, porém a preferência é a subcutânea, não somente para evitar a obtenção de acesso venoso, mas tbm porque tem uma eficácia maior. A hemoglobina deve ser monitorada e a dose de EPO, ajustada para se alcançar uma hemoglobina mantida entre 10 e 12 g/dl. A EPO deve ser mantida na menor dose possível que mantenha a Hb dentro do alvo. Uma complicação grave e rara ao uso da EPO é aplasia pura de células vermelhas em decorrência da produção de anticorpos anti EPO. Doença Renal Crônica 11 Doença Renal Crônica 12 O paciente tem mais hipertensão, pois está dando volume a ele. DOENÇA MINERAL ÓSSEA Doença Renal Crônica 13 Os rins participam ativamente da saúde mineral óssea do indivíduo, pois convertem a vitamina D na sua forma ativa, chamada calcitriol 1,25 - di- hidroxivitamina D, através da ação da enzima 1-alfa-hidroxilase, e auxiliam no controle dos níveis séricos de fósforo e cálcio através de ajustes na sua excreção ou reabsorção. O calcitriol age no intestino delgado, estimulando a absorção de cálcio e, em menor proporção, de fósforo. À medida que a DRC progride, ocorrem dois processos iniciais: Redução da excreção de fósforo; Queda da produção de calcitriol Ocorre: Anormalidades do Cálcio e do Fósforo → Principalmente com hipocalcemia e hiperfosfatemia. Hiperparatireoidismo secundário. Alteração do metabolismo da vitamina D. Calcificações extra-ósseas Anormalidades do metabolismo ósseo (aumento do turnuver). Fisiopatologia Doença Renal Crônica 14 A queda na taxa de filtração glomerular promove uma retenção de fosfato, redução do metabolismo da vitamina D (não haverá vit D na sua forma ativa). Isso vai culminar em hipocalcemia, por feedback positivo na paratireóide, o que leva a um aumento do PTH. Isso tbm ocasiona uma resistência ao PTH endógeno. A redução da excreção de fósforo não provoca aumento do seu nível sérico inicialmente, pois ocorre um estímulo a produção do fator de crescimento fibroblástico 23 FGF23, que por sua vez, faz com que os néfrons remanescentes aumentem sua excreção de fósforo, inibindo a produção de calcitriol (que já está reduzida pela DRC. Lembre-se de que o calcitriol também estimula a absorção intestinal de fósforo. Outro responsável por manter o fósforo normal é o aumento do PTH, pois estimula a excreção renal de fósforo, embora tenha menos importância quanto a FGF23. A queda da produção de calcitriol é decorrente da inibição feita pelo FGF23 e pela redução do tecido renal saudável na DRC, resultando em menor absorção de cálcio da dieta. No entanto, os receptores de cálcio nas paratireoides detectam essa queda e agem aumentando rapidamente os níveis de PTH, o que estimula a reabsorção de cálcio nos ossos. A própria redução do calcitriol também estimula o aumento do PTH, independente do cálcio, pois a paratireoide tem receptores de vitamina D. Dessa forma, o nível sérico de cálcio é mantido dentro dos valores de referência, porém próximo ao limite inferior da normalidade. Essa elevação do PTH em decorrência do estímulo provocado por redução do cálcio sérico e do calcitriol é o que chamamos de hiperparatireoidismo secundário. Um outro estímulo, porém mais tardio, para a queda no nível sérico de cálcio é a hiperfosfatemia, pois ocorre aumento da formação de cristais insolúveis de fosfato de cálcio com deposição tecidual. À medida que a DRC alcança estágios graves 4 e 5, esse mecanismo adaptativo não é mais capaz de manter o equilíbrio, resultando em um grupo de complicações que chamamos de distúrbio mineral ósseo relacionado à DRC Hiperfosfatemia Hipocalcemia Hiperparatireoidismo secundário Doença Renal Crônica 15 Calcificação vascular e tecidual Aumento risco de doenças cardiovasculares. Na DRC, os ossos apresentam uma resistência maior à ação do PTH no osteoclasto, por um mecanismo pouco conhecido. Então a elevação do PTH é necessária não somente para manter a normocalcemia, mas também para manter um nível saudável de remodelamento ósseo. → níveis aceitáveis de PTH na DCR estágio 4 até 150pg → níveis aceitáveis de PTH na DRC estágio 5 150 a 300 pg Níveis acima desses valores costumam provocar uma reabsorção óssea exagerada e, consequentemente, uma mineralização deficiente. O resultado é uma doença óssea chamada osteíte fibrosa cística, também conhecida como doença de alto turnover. Complicações Doença Renal Crônica 16 Aumenta o risco de fraturas. Alterações do turnover Doença Renal Crônica 17 Doença de alto turnover ósseo (osteíte fibrosa) cursa com PTH aumentando, o que ocasiona um intenso aumento da atividade osteoclástica e um aumento discreto da atividade osteoblástica. Uma única dosagem de PTH não fecha o diagnóstico de doença mineral óssea. Consequências clínicas da osteíte fibrosa cística dores ósseas fraturas patológicas deformidades ósseas Alterações ósseas radiográficas: Reabsorção de falanges crânio em sal e pimenta (lesões líticas e blásticas em calota craniana) Coluna em camisa de ''Rugger Jersey'' (áreas líticas no centro das vértebras) Tumor marrom (osteoclastoma) Doença Renal Crônica 18 Doença de baixo turnover ósseo São caracterizadas por uma baixa atividade celular na matriz óssea, resultando em uma queda importante da formação óssea. Encontramos dois tipos de doença de baixo turnover na DRC Doença óssea adinâmica Osteomalácia na DRC Causas: Supressão excessiva do PTH. Altas doses de análogos de vit D. Altas doses de calcimiméticos. Resistência a ação do PTH. Tudo isso irá cursar com queda da ação osteoclástica , osteoblástica e diminuição da síntese de colágeno/minerais. A doença óssea adinâmica é uma complicação do tto do hiperparatireoidismo secundário. Ao reduzirmos os níveis de PTH para menos de 150pg/ml, geralmente < 100pg/ml, por um longo prazo, iremos provocar um baixo remodelamento ósseo, tornando-o frágil. A osteomalácia é consequência do acúmulo de alumínio nos ossos. A única forma de nosso organismo eliminar alúminio é pelos rins . Portanto se o indivíduo com DRC, for exposto cronicamente a este metal, ele irá se depositar nos ossos, inibindo a sua atividade e resultando em osteomalácia. As principais fontes de contaminação por alumínio são a água utilizada no maquinário da hemodiálise e os antiácidos contendo alumínio. Atualmente os serviços de hemodiálise seguem uma série de critérios de pureza da água, tornando essa forma de intoxicação muito rara. Doença Renal Crônica 19 Os distúrbios ósseos decorrentes da DRC são chamados genericamente de osteodistrofia renal. O padrão ouro para diagnosticar esses distúrbios, é a biópsia óssea. Porém, não se faz biópsia óssea em todo mundo. Com base no PTH e no quadro clínico pode- se inferir qual o tipo de doença óssea: PTH > 300 (geralmente 600 sugereosteíte fibrosa cística PTH150 (geralmente < 100 sugere doença óssea adinâmica Tratamento Hiperfosfatemia A hiperfosfatemia P 4,5 mg/dl) está associada a aumento do risco cardiovascular e piora do hiperparatireoidismo secundário. O tto da hiperfosfatemia está indicado em todos os pacientes com DRC. → Alvo do tto → P sérico < 4,5 mg/dl A fonte de fósforo de um indivíduo é a dieta. Portanto, inicialmente é avaliada a dieta do paciente, ao qual se orienta uma restrição de fósforo para um máximo de 800 a 1000 gramas/dia. Caso isso não seja suficiente para o controle do fósforo, está indicado o uso de quelantes orais de cálcio. São Doença Renal Crônica 20 medicamento que são tomados com a alimentação e impedem a absorção intestinal de fósforo. Existem 2 tipos de quelantes: um com cálcio na sua composição (carbonato de cálcio 500mg) e outro sem cálcio (cloridrato de sevelâmer 800mg). A escolha dependerá do nível sérico de cálcio. Se o cálcio sérico estiver normal, o carbonato de cálcio está indicado. Por outro lado, se o cálcio sério estiver elevado ou PTH reduzido, então o carbonato de cálcio está contraindicado, devendo ser iniciado o cloridrato de sevelâmer. → Carbonato de cálcio 500mg : uso de 500 a 1500mg/dia (administrar junto com a refeição) → Cloridrato de sevelâmer 800mg: uso de 2400 a 7200 mg/dia (administrar junto com a refeição). Hiperparatireoidismo O hiperparatireoidiso secundário não controlado causa grande morbidade no indivíduo, como dores e deformidades ósseas, fratura patológica e aumento do risco cardiovascular. Por isso o nível de PTH deve ser sempre avaliado e deve-se iniciar o tto quando adequado. → Níveis desejados de PTH nos portadores de DRC 150 a 300 pg Como já citado, o calcitriol aumenta a absorção intestinal e cálcio e fósforo, principalmente a do cálcio. O cálcio e o próprio calcitriol atuam em receptores da paratireiode, inibindo a produção e a liberação de PTH. Portanto, quando o nível sérico de PTH está maior que 300pg/ml, indica-se análogos de vitamina D (calcitriol ou paricalcitol) Os níveis séricos de cálcio e fósforo devem ser monitorados, pois não é incomum a ocorrência de hipercalcemia ou hiperfosfatemia como efeito adverso. Nesse caso o análogo da vitamina D deve ser suspenso. → Calcitriol 0,25 mcg - uso oral- dose inicial 0,25mcg 3x/semana → Paricalcitol - uso intravenoso- deve ser reservado para pacientes em programa de diálise. Os análogos de vitamina D não devem ser iniciados em indivíduos com hipercalcemia ou hiperfosfatemmia. Para o tto do hiperparatireoidismo nessa situação, estão indicados os calciminéticos (cinalcacete 30mg). Eles agem se ligando aos receptres de cálcio na paratireóide. Assim, as paratireóides Doença Renal Crônica 21 entendem que o nível sérico de cálcio está adequado e reduzem a produção e liberação de de PTH. O principal efeito adverso do cinacalcete é a hipocalcemia, portanto, não devem ser iniciados se o indivíduo já apresentar hipocalcemia. → Cinacalcete 30mg - dose inicial - via oral 30mg/dia Apesar dessas terapêuticas, os pacientes apresentam níveis persistentemente elevados de PTH, refratários ao tto com análogos de vitamina D em associação com cinacalcete, ou possuem uma osteíte fibrosa cística grave com dores óssea e fratura patológicas. Nessas situações, a melhor opção terapêutica é a paratireoidectomia. Esse quadro não costuma ocorrer em portadores de DRC (estágios 1,2 ou 3 e caso ocorra, deverão ser investigados outras etiologias do hiperparatireoidismo. Indicações de paratireoidectomia no hiperparatireoidismo secundário: → PTH persistentemente > 800 pg/ml refratário ao tto clínico → PTH > 800 pg/ml associado a dores ósseas ou fratura patológica. A paratireoidectomia é realizada pelo cirurgião de cabeça e pescoço, e o nefrologista deve participar de todo perioperatório, pois após a retirada das paratireoides, ocorre uma queda brusca do PTH. Dessa forma, há uma parada súbita do estímulo à reabsorção óssea, mas a síntese óssea continua altamente ativa, retirando rapidamente o cálcio e fósforo da corrente sanguínea, o que provoca hipocalcemia e hipofosfatemia aguda, frequentemente havendo necessidade de reposição venosa de cálcio. Essa condição é chamada de fome óssea e pode durar meses. A deficiência de vitamina D é comum em portadores de DRC e contribui para o agravamento do hiperparatireoidismmo secundário, devendo ser reposta com o objetivo de manter a vitamina D > 30ng/ml. Doença Renal Crônica 22 Doença Renal Crônica 23 ACIDOSE METABÓLICA Doença Renal Crônica 24 A acidose metabólica é um distúrbio caracterizado pela queda do bicabornato sérico que, por sua vez, leva a acidemia (pH 7,35 e hiperventilação compensatória. O rim é responsável por excretar o excesso de H produzido pelo metabolismo das proteínas e regenerar uma molécula de bicabornato HCO3 para cada molécula de H excretada. A partir do estágio 3b da DRC, os néfrons remanescentes podem não conseguir aumentar a sua excreção de H de forma compensatória, resultando no seu acúmulo e consequentemente em acidose metabólica. Como ocorre acúmulo de sal aniônico que estava ligado ao H (ácido sulfúrico- sulfato + H, a acidose metabólica da DRC é do tipo AG alargado. A acidose metabólica piora conforme a queda a TFG, alcançando um bicabornato geralmente entre 12 a 20 meq/l. Contudo, o bicabornato pode ficar severamente reduzido (< ou igual 10meq/l), podendo ser um dos responsáveis pela indicação para se iniciar a diálise com urgência. Os ossos funcionam como um sistema tampão do pH sanguíneo em longo prazo, absorvendo uma fração do excesso de H. A consequência é o aumento do processo de reabsorção óssea, causando osteopenia. Por mecanismos desconhecidos, a acidose metabólica não tratada contribui para a progressão da DRC e parece ter associação com o aumento da mortalidade. Tratamento: O racional p o tratamento em acidose metabólica é a melhora dos sintomas inespecíficos, astenia, redução da progressão da DRC e redução do comprometimento ósseo. → Utiliza-se alcalinizantes por via oral com o objetivo de trazer o bicabornato sérico para níveis > 22meq/l. Doença Renal Crônica 25 OBS O bicabornato de sódio em pó é a opção mais barata e mais disponível, no entanto, tem baixa tolerância devido aos efeitos gastrintestinais, além disso, a dose efetivamente utilizada pelo paciente pode não ser precisa. UREMIA O acúmulo de escórias nitrogenadas pode provocar uma série de distúrbios na homeostase de vários órgãos. Os sinais e sintomas urêmicos quase sempre aparecem no estágio 5 de DRC e sinalizam para o início imediato de substituição renal. Sintomas: → Gastrointestinais: inapetência, náuseas, vômitos e perda de peso. → Neurológicos: alterações de humor, redução da cognição, insônia, agitação, delirium, estupor, coma, neuropatia periférica, síndromes das pernas inquietas. → Hematológicas: disfunção plaquetária, anormalidades do fator de Von Willebrand e sangramentons. → Dermatológicos: unhas meio a meio (unhas de Lindsay), prurido urêmico, xerose, ictiose, calcifilaxia. Doença Renal Crônica 26 → Cardiovasculares: pericardite urêmica, derrame pericárdico, morte súbita, aterosclerose OBS Ao suspeitar que os sintomas do indivíduo são decorrentes de uremia, ele deverá ser encaminhado para uma unidade de emergência, pois indica uma DRC avançada, quase sempre com indicação de diálise. HIPERVOLEMIA Os rins têm um papel fundamental no controle de fluido extracelular através da excreção de sódio. Praticamente todo o sódio ingerido na dieta é excretado, gerando um balanço neutro desse íon. Mesmo quando a ingesta é muito elevada para alguém com rins saudáveis, como por exemplo, durante um rodízio de churrasco, o rim manterá um balanço negativo de sódio nos dias subsequentes até restabelecer o volume normal de fluido extracelular. Se o indivíduo com DRC não aderir a uma dieta hipossódica, os rins não serãocapazes de excretar aquela carga de sódio, gerando uma balanço positivo diário. A consequência é uma expansão do volume extracelular (hipervolemia) que levará ao desenvolvimento ou piora da HAS, surgimento de edema em MMII e até mesmo congestão pulmonar. Sinais clínicos de hipervolemia : HAS, edema em MMII, congestão pulmonar. DOENÇA CARDIOVASCULAR E DOENÇA RENAL CRÔNICA A maioria dos fatores de risco de doenças cardiovasculares DCV são semelhantes aos fatores de risco de DRC, como HAS, DM, tabagismo, dislipidemia, sedentarismo e idade avançada. Este é um dos pontos de associação entre DRC e DCV, porém não é o único. Estudos mostram que a DRC e a albuminúria por si são fatores de risco independentes para DCV. O risco da DRC equivale ao risco de um indivíduo que sabidamente é portador de doença arterial coronariana. Importante: a principal causa de morte nos pacientes com DRC são as DCV. A DRC e suas complicações tb aumentam o risco de hipertrofia do ventrículo esquerdo, fibrose do miocárdio e calcificação das artérias. Ao que tudo indica, esse processo é acelerado por fatores de risco não tradicionais, como anemia, Doença Renal Crônica 27 hiperparatireoidismo secundário, hiperfosfatemia, estado inflamatório pelas toxinas urêmicas e pelo estado nutricional. OBS É mais provável que um paciente com DRC tenha algum evento cardiovascular fatal, como síndrome coronariana aguda, do que evoluir para DRC em estágio terminal (estágio 5D. Portanto, sempre avalie um paciente com DRC tendo em mente que se trata de uma pessoa com alto risco cardiovascular. MANEJO DA DOENÇA RENAL CRÔNICA Principais conceitos Tratamento de causas reversíveis, como as glomerulopatias. Reduzir a progressão da DRC, como cessar tabagismo, controle de PA, controle de glicemia. Tratamento de complicações, como acidose metabólica que tem relação direta com piora da TFG. Ajuste de medicamentos. Identificação e preparo do paciente para Terapia Renal Substitutiva. Causas reversíveis Avaliar a causa base, por exemplo desidratação, diarréia, medicamentos nefrotoxicos, Doença Renal Crônica 28 Doença Renal Crônica 29 Doença Renal Crônica 30 Doença Renal Crônica 31 Doença Renal Crônica 32 Doença Renal Crônica 33 Doença Renal Crônica 34 Doença Renal Crônica 35 Doença Renal Crônica 36 Doença Renal Crônica 37 Doença Renal Crônica 38 Doença Renal Crônica 39 Doença Renal Crônica 40 Doença Renal Crônica 41 Doença Renal Crônica 42 Doença Renal Crônica 43
Compartilhar