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Ação declaratória de nulidade de negócio jurídica cc reparação de danos

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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) JUIZ (ÍZA) DE DIREITO DA VARA CÍVEL DACIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DE CEILÂNDIA/DF
	THAMYNE SUELEN DOS SANTOS LIMA, brasileira, solteira, estudante, portadora do RG nº 2.996.953 SSP/DF, inscrita no CPF/MF sob o nº 725.285.671-20, residente e domiciliada na QNP 17 conjunto J casa 30 – P – Norte – Ceilândia/Distrito Federal CEP 72.241-710, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, devidamente representada por seu procurador que ao final subscreve (Doc. 01), PROPOR a presente
AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE (INEXISTÊNCIA) DE NEGÓCIO JURÍDICO
C/C REPETIÇÃO DO INDÉBITO E REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS
(com pedido de antecipação dos efeitos da tutela)
em face do BANCO DO BRASIL S.A. pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 00.000.000/3938-19, localizada na QUADRA 5, LOTE 67 SETOR NORTE – BRAZLÂNDIA CEP: 72705-050 Telefone: (61) 3391-3636 Agência 2500-3; e 
de CLAUDIA NOGUEIRA DE LIMA, brasileira, solteira, do lar, portadora do RG nº , 1.575-75-3/DF e inscrita no CPF/MF sob o nº 603.107.741-87, residente e domiciliada na CNB 12 Lote 21 Apartamento 406 – Taguatinga/Distrito Federal – CEP 72.115-125, nos termos do art. 282 do Código de Processo Civil, e com supedâneo nas razões de fato e na fundamentação jurídica tecidas adiante.
I. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
02.		A Requerente faz jus à concessão da gratuidade de Justiça, haja vista que não possui rendimentos suficientes para custear as despesas processuais e honorários advocatícios em detrimento de seu sustento e de sua família.
03.	De acordo com a dicção do art. 4º, § 1º, da Lei nº 1.060/50, basta a afirmação da Requerente de que não possui condições de arcar com custas e honorários, sem prejuízo próprio e de sua família, na própria petição inicial ou em seu pedido, a qualquer momento do processo, para a concessão do benefício, conforme assim dispõe o referido dispositivo legal:
Art. 4º A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária, mediante simples afirmação, na própria petição inicial, de que não está em condições de pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família.
§ 1º Presume-se pobre, até prova em contrário, quem afirmar essa condição nos termos da lei, sob pena de pagamento até o décuplo das custas judiciais
04.		No mesmo sentido se manifesta a jurisprudência emanada do Colendo Superior Tribunal de Justiça - STJ:
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE GRATUIDADE DE JUSTIÇA. DEFERIMENTO DO BENEFÍCIO. DECLARAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS DO REQUERENTE. PRESUNÇÃO IURIS TANTUM. DESCONSTITUIÇÃO. ÔNUS DA PARTE ADVERSA. VERACIDADE NÃO INFIRMADA. REVOLVIMENTO DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 7/STJ.
(...)
2. No caso de concessão da assistência judiciária gratuita, a jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que basta a simples afirmação da parte de que não possui condições de arcar com as custas do processo, sem prejuízo próprio e/ou de sua família, cabendo à parte contrária, por se tratar de presunção relativa, comprovar a inexistência ou cessação do alegado estado de pobreza.
(...)
4. Agravo regimental não provido.
(AgRg no Ag 1289175/MA, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/05/2011, DJe 24/05/2011).
05.		Portanto, pleiteia, a Requerente, que lhe seja concedida a gratuidade de justiça, CASO HAJA EVENTUAL NECESSIDADE DE INTERPOSIÇÃO DE RECURSO PROCESSUAL, com amparo nos argumentos legais, de direito e jurisprudenciais colacionados, tendo em vista que a DECLARAÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA (Doc. 02), no sentido jurídico do termo, encontra-se devidamente acostada na presente exordial.
II. DOS FATOS
06.	O fundamento fático determinante para a propositura da presente ação judicial constitui no fato de que o Banco do Brasil S.A, primeiro Requerido, concedeu créditos mediante empréstimos bancários à Requerente, e os referidos negócios jurídicos encontram-se eivados de patente nulidade, tendo em vista que aquela era menor púbere quando da celebração do negócio jurídico ora impugnado, e sua representante legal, segunda Requerida, não possuía poderes aptos a contrair obrigações em nome da menor.
07.	Passemos ao detalhamento dos fatos motivadores da presente demanda judicial:
08. 	Em decorrência do falecimento de sua genitora, em 03 de fevereiro de 2000, a guarda e responsabilidade da Requerente ficaram sob a égide de sua avó paterna, concedida por meio da propositura da Ação de Guarda e Responsabilidade que tramitou sob o n° a 3ª 1999.03.1.07164-4 na 1ª Vara de Família, Órfãos e Sucessões da Circunscrição de Ceilândia/Distrito Federal.
09.	 Acontece que em seguida, em maio do mesmo ano, a avó paterna também veio a óbito, e a Requerente passou a perceber uma pensão previdenciária, cujo valor atual perfaz o montante mensal de R$ 838,63 (oitocentos e trinta e oito reais e sessenta e três centavos), conforme se verifica no contracheque anexado a presente peça vestibular (Doc. 02).
10.	Nesse período de ausência permanente da sua genitora e de sua avó paterna, a Requerente foi morar com o seu genitor, o Sr. Carlos Nogueira de Lima. 
11.	Pelo notório fato de que, à época da percepção do benefício previdenciário, a Requerente ainda era menor (6 anos), seu genitor abriu uma conta corrente conjunta, tendo como titulares o próprio pai e seus filhos (Thamyne Suelen dos Santos Lima – Requerente - e Carlos Nogueira de Lima Junior) para que fosse depositado e movimentado o referido benefício.
12.	A conta corrente conjunta foi aberta na Agência do Banco do Brasil - Brazlândia – 2.500-3, sob o nº 6.688-5. O genitor da Requerente decidiu abrir a mencionada conta bancária também em seu nome, tendo em vista que, à época, nenhum de sua prole ainda havia alcançado a maioridade, impossibilitando-os de realizar determinadas transações bancárias.
13. 	Em razão de um fracassado empreendimento na área de veículos automotivos, o genitor decidiu se mudar para o Estado do Piauí, levando consigo seu filho Carlos Nogueira de Lima Junior. A Requerente, por sua vez, ficou aos cuidados da sua avó materna.
14. 	Preocupado com a situação da menor, seu pai outorgou poderes a Sra. Claudia Nogueira de Lima, tia da Requerente e segunda Requerida na presente ação, para que movimentasse o valor do benefício previdenciário percebido, conforme procuração em anexo (Doc. 03).
15.	Acontece que a segunda Requerida, de forma evidentemente leviana, aproveitou-se dos limitados poderes confiados a ela para movimentar a referida conta bancária e celebrou em nome da Requerente negócios jurídicos com a instituição financeira Requerida, constituídos por concessão de créditos, ocasionando a menor uma cobrança indevida de um débito integral no valor de R$ 16.569,03 (dezesseis mil, quinhentos e sessenta e nove reais e três centavos).
16.	Note-se, Excelência, que em análise da procuração ora acostada, a segunda Requerida possuía poderes para apenas “fazer saque, requerer extrato, saldo, talonário de cheque e assinar, bloquear, desbloquear cartão magnético e senha, criar senha, fazer recadastramento, fazer transferência e finalmente praticar todos os demais atos que se fizerem necessários ao fiel desempenho do presente mandato, o que tudo feito e praticado dera por firme e valioso”.
17.	Não restou consignado na referida procuração que a segunda Requerida tem poderes para “contrair qualquer espécies de obrigações” em nome da menor.
18.	Não é demasiado salientar que a Requerente quedou-se prejudicada, tendo em vista que, em conjunto com o seu pai e seu irmão, também era titular da conta corrente Agência do Banco do Brasil - Brazlândia – 2.500-3, sob o nº 6.688-5, conta em que percebia a pensão previdenciária e que serviu de base para as indevidas e ilegais contratações dos empréstimos.
19. 	De acordo com os espelhos de movimentação bancária ora acostados (Doc. 04), a segunda Requerida celebrou os seguintes negócios jurídicos:
	Modalidade do Empréstimo
	Valor Contratado(R$)
	Números e Valor das Parcelas
	Data da Contratação
	Total do Débito com os encargos bancários (R$).
	2991 – BB CRÉDITO SALÁRIO
	629,00
	57 x R$ 21,99
	05/12/2011
	1.253,43
	2882 – BB CRÉDITO CONSIGNAÇÃO
	1.500,00
	60 x 50,32
	25/08/2011
	3.019,20
	2881 – BB RENOVAÇÃO CONSIGNAÇÃO
	6.081,08
	60 x 204,94
	15/08/2011
	12.296,40
	
 Total do débito indevidamente cobrado: R$ 16.569,03
20. 	É imperativo aduzir, Excelência, que, conforme se infere no texto contido na procuração, a segunda Requerida possuía poderes apenas para a movimentação da conta, mas não para contrair obrigações em nome da Requerente. 
21. 	Ora, em confronto com as datas das contratações do crédito com o aniversário da Requerente, verifica-se que a segunda Requerida, utilizando-se indevidamente dos limitados poderes que lhe foram outorgados e combinado ainda com a negligência da instituição financeira requerida, celebrou os impugnados negócios jurídicos quando a Requerente ainda era menor.
22.	Com isso, em decorrência das contratações ilícitas, considerando que a segunda Requerida não possuía poderes para tanto, a instituição financeira Requerida efetua uma cobrança indevida no montante de R$ 16.569,03 (dezesseis mil, quinhentos e sessenta e nove reais e três centavos), e diante da falta de pagamento por parte da Requerente, justificado por sinal, 
23.	É certo que a Requerente, à época da contratação indevida dos créditos, gozava de uma incapacidade relativa, tendo em vista que possuía 17 (dezessete) anos de idade, no entanto, além de não ter a menor idéia das contratações indevidas realizadas por sua tia, segunda Requerida, a Requerente não tinha acesso à conta corrente que é titular, por não possuir o cartão magnético para movimentação por estar desamparada pela menoridade.
24.	A ausência das informações acerca das contratações indevidas e conseqüente desordem financeira ocasionada por sua tia, segunda Requerida, justifica-se pelo fato de que a instituição financeira apenas começou a efetuar as cobranças e negativou indevidamente o seu nome, quando a Requerente atingiu a maioridade. 
25. 	A prova da má-fé da segunda Requerida em contrair os referidos empréstimos bancários se encontra no fato que os mesmos foram contratados poucos dias antes da Requerente adquirir a maioridade.
26.	Ora, Excelência, cumpre salientar ainda que não restam dúvidas que foi a segunda Requerida quem contraiu os empréstimos. Isso porque, quando da sua menoridade, a Requerente não possuía nem mesmo o cartão magnético para efetuar qualquer transação bancária na conta corrente em que possuía, prova disto é que, quando a Requerente atingiu a maioridade, a primeira providência por ela tomada com relação a conta bancária em referência, foi cancelar o cartão magnético de sua tia, segunda Requerida, e solicitar à instituição financeira Requerida um cartão magnético em seu nome para que ela mesma pudesse realizar as movimentações bancárias na referida conta.
27.	Como não houve o pagamento integral dos empréstimos indevidamente realizados pela segunda Requerida, a instituição financeira Requerida inseriu o nome da Requerente nos órgãos de proteção ao crédito de forma evidentemente indevida, conforme extrato emitido pelo SERASA EXPERIAN em anexo (Doc. 05).
28.	O que se questiona é que sob qual fundamento a instituição financeira ora Requerida inseriu o nome da Requerente nos órgãos de proteção ao crédito, sendo que esta última, quando da contratação indevida dos empréstimos, era menor e sua representante legal perante a instituição financeira não possuía poderes legais para contrair obrigações em nome da menor?
29.	Instar salientar ainda que, conforme se verifica nos extratos da operação ora costados,transcritos na tabela esquematizada abaixo, foram debitados da conta corrente da Requerente diversas parcelas dos contratos ora impugnados, auferindo-se, dessa forma, uma quitação indevida de um valor de R$ 2.702,33 (dois mil, setecentos e dois reais e trinta e três centavos):
	MODALIDADE DO EMPRÉSTIMO
	PARCELAS ADIMPLIDAS
(R$)
	PERÍODOS DAS PARCELAS
	TOTAL (R$)
	2991 – BB CRÉDITO SALÁRIO
	5 x 21,99
	02/01/2012 a 02/05/2012
	109,95
	2882 – BB CRÉDITO CONSIGNAÇÃO
	60 x 50,32
	04/10/2011 a 04/03/2013
	905,76
	2881 – BB RENOVAÇÃO CONSIGNAÇÃO
	60 x 204,94
	01/11/2011 a 04/03/2013
	1.686,62*
	TOTAL
	2.702,33
* Variação decorrentes dos juros de mora e outros encargos.
30.		Em análise dos fatos narrados, verifica-se que a instituição financeira Requerida cometeu notórios atos ilícitos, em efetuar a cobrança de uma dívida não devida, e ainda, por ter inserido o nome da Requerente nos órgãos de proteção ao crédito, tendo em vista que os mútuos ora impugnados foram contratados sem poderes específicos para contrair empréstimos, e mesmo que a segunda Requerida os tivesse, ainda sim, os débitos são indevidos, considerando que a Requerente não tem bem mesmo oportunidade de expressar sua vontade no que tange a contratação.
31.		Portanto, a declaração da nulidade dos contratos que deram ensejo a um suposto débito do valor de R$ 16.569,03 (dezesseis mil, quinhentos e sessenta e nove reais e três centavos).; a exclusão do nome da Requerente dos órgãos de proteção ao crédito; a condenação da instituição financeira Requerida ao pagamento de indenização por danos morais; bem como a restituição do valor cobrado indevidamente, no montante de R$ 2.702,33 (dois mil, setecentos e dois reais e trinta e três centavos) em dobro, são dotados de incontestável plausibilidade jurídica e são medidas que se impõem em virtude da fundamentação explanada a seguir:
III. DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA.
III.A. DA AUSÊNCIA DE VONTADE DO AGENTE 
PARA CELEBRAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO.
32. 		Inicialmente cumpre salientar que a manifestação de vontade trata-se de condição de validade e constitui elemento essencial para a declaração de existência do negócio jurídico. Desta feita, imperioso é o reconhecimento de que na hipótese de inexistência da aparência da referida manifestação, não há sequer negócio jurídico. 
33.		Nesse sentido, trazemos à baila importante lição doutrinária ensinada pelos autores Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona[footnoteRef:1], ao exporem o seguinte: [1: GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil. Contratos: Teoria Geral. 5 ed. São Paulo: Saraiva. p. 18. ] 
Para um negócio jurídico – e, consequentemente, um contrato – existir, quatro elementos se fazem necessários, de maneira simultânea. O primeiro deles, considerado a essência do negócio jurídico, é a manifestação de vontade. Como dissemos, sem querer humano, não há negócio, não há que se falar em contrato. (Grifou-se)
33. 		Vale enfatizar que há necessidade de exteriorização da vontade para ser reconhecido o negócio, pois esta corresponde ao elemento volitivo interno, ou seja, a vontade declarada deve se harmonizar com a vontade real. E é essa a inteligência extraída dos precisos ensinamentos expostos na obra do autor Marcus Vinícius Gonçalves ao declarar que: “a vontade é pressuposto básico do negócio jurídico e é imprescindível que se exteriorize” [footnoteRef:2]. Complementando este, Marcos Bernardes de Mello esclarece que, “do ponto de vista do direito, somente a vontade que se exterioriza é considerada suficiente para compor o suporte fático do ato jurídico”[footnoteRef:3]. [2: GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo curso de Direito Processual Civil: teoria geral e processo de conhecimento.7.ed, São Paulo: Editora Saraiva, 2010. p.348. ] [3: MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do Fato Jurídico: plano da existência. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 1998, p.239.] 
 
34.		Nesse aspecto, é igualmente fundamental que a vontade seja realmente manifestada, pois não afigura-se cabível sua presunção. Noutro giro, destaca-se, ainda, o imperativo de que a expressão da vontade se caracteriza de maneira verbal ou escrita. Dessarte, não há possibilidade da anuência tácita do negócio, mediante o silêncio ou omissão, poismesmo que houvesse uma mera aparência de vontade, não estaria constituída sua declaração.
35. 		Consequentemente, a manifestação de vontade possui intuito de relação e, no contrato, é dirigida a uma pessoa determinada. 
36.		 No caso em tela, observa-se facilmente que a Requerente não manifestou de nenhuma forma a sua vontade. E sobre isto, mister se faz esclarecer que a Autora somente tomou conhecimento dos fatos após a segunda Requerida tê-los praticado.
 
 37.		Em que pese o fato de estar, à época dos fatos, representada, convém mencionar que o instituto da guarda não conferia poderes para contrair obrigações em nome da Requerente.
38. 		Conforme narrado, no momento da ação que se discute, a Requerente contava com 17 anos de idade, isto é, tratava-se de menor RELATIVAMENTE INCAPAZ, ou seja, apesar de não possuir capacidade de exercício, possuía capacidade de fato. Porém, em que pese a sua – repita-se – relativa incapacidade, enfatiza-se o fato de haver capacidade da então menor em entender o caráter negocial exposto. Ora, seria perfeitamente possível que a Autora exprimisse sua vontade e gerasse a anuência, caso assim almejasse, em celebrar os referidos contratos. 
39. 		No entanto, a demonstrar o desconhecimento da realização dos empréstimos aludidos, sobressalta-se que a Requerente não tinha em seu poder o cartão magnético para efetuar quaisquer tipos de transações bancárias em sua conta corrente. 
40. 		Valemo-nos do preceituado pelo colendo Tribunal de Justiça do Distrito Federal ao instruir que para ocorrer a anulabilidade do negócio jurídico, é imprescindível a comprovação do vício de vontade no ato de adesão, in verbis: 
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. PREVIDÊNCIA PRIVADA. MIGRAÇÃO VOLUNTÁRIA E ESPONTÂNEA. AUSÊNCIA DE VÍCIOS. NEGÓCIO JURÍDICO EFICAZ. INOVAÇÃO DE FUNDAMENTOS. IMPOSSIBILIDADE. SUPRESSÃO INSTÂNCIA. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. SENTENÇA MANTIDA. 
1. Concedida ao empregado a oportunidade de migrar para novo plano de previdência privada, sem ter sido comprovado vício de vontade no ato de adesão, não há falar em anulabilidade. 
2. Não deve ser analisado fundamento trazido na apelação não exposto na peça inaugural, sob pena de supressão de instância e violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa.
3. Apelação conhecida e não provida.  
(Acórdão n.619591, 20100110047733APC, Relator: ROMULO DE ARAUJO MENDES, Revisor: GETÚLIO DE MORAES OLIVEIRA, 3ª Turma Cível, Data de Julgamento: 05/09/2012, Publicado no DJE: 16/10/2012. Pág.: 124) (Grifou-se)
 41.		Nesse sentido, restando categoricamente demonstrado o vício de consentimento do negócio jurídico celebrado, ante a ausência de vontade por parte da Requerente em anuir aos empréstimos realizados, bem como o desconhecimento destes, torna-se imperioso que seja o ato anulado. 
42.		Ora, a segunda Requerida, agiu silenciosamente e em nenhum momento preocupou-se com as necessidades da Requerente. Dos empréstimos realizados não há sequer um que tenha se revestido em proveito da Autora. O que, indubitavelmente, caracteriza má-fé, seja pelo modo de execução, seja pela ausência de poderes para executá-los.
43. 		Ante o exposto, conclui-se que a contratação foi realizada de forma leviana. E atesta-se esta afirmação pelo fato de que a segunda Requerida contraiu os empréstimos dias antes da Requerente atingir a maioridade. Sabe-se que, na ocorrência desta, não haveria mais a possibilidade de movimentação da conta corrente, senão pela parte Autora. 
 
III.B. DA AUSÊNCIA DE PODERES
 PARA CONTRATAÇÃO DE EMPRÉSTIMO
45.	A prioiri, valendo-se das palavras dos já mencionados autores, Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona[footnoteRef:4], convém elucidar que o contrato de comodato, ocorrido na lide em discussão, é uma forma contratual típica nominada. Sendo assim classificado por ser real, unilateral, gratuito, fiduciário, temporário e instuito persone. [4: GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo Curso de Direito Civil: Contratos. São Paulo: Editora Saraiva, 2010. p.240-242.] 
 
46. 		Das características supra, bem como do lecionado pelo ilustre doutrinador Orlando Gomes[footnoteRef:5], pode ser extraído que o mesmo só se torna perfeito com a entrega da coisa de uma parte à outra, ou seja, o contrato de comodato só se considera concluído quando o comandante entrega o bem ao comodatário. [5: GOMES, Orlando. Contratos. Rio de Janeiro: Forense, 2008, p. 316.] 
 	 	 
47. 		O que ora se discute, neste, não é a capacidade da Requerente, até porque o negócio jurídico impugnado não foi por ela realizado, mas sim a ausência de legitimidade da segunda Requerida em celebrar o contrato de mútuo. 
45. 		Consoante a procuração colacionada aos autos (Doc. XX), foram outorgados os seguintes poderes a senhora Claudia Nogueira de Lima: “fazer saque, requerer extrato, saldo, talonário de cheque e assinar, bloquear, desbloquear cartão magnético e senha, criar senha, fazer recadastramento, fazer transferência e finalmente praticar todos os demais atos que se fizerem necessários ao fiel desempenho do presente mandato, o que tudo feito e praticado dera por firme e valioso”.
46.		Do transcrito, observa-se a inexistência de poderes para a realização de empréstimos bancários de qualquer natureza. Portanto, verifica-se, in casu, que no momento da celebração dos contratos de mútuo, não foram notados os reais poderes conferidos a contratante, ora segunda Requerida.
47. 		Na oportunidade, caberia a instituição financeira, primeira Requerida, observar os autênticos poderes descritos na procuração, não sendo permitido acrescentar competências que não as outorgadas, pois o que caracteriza a procuração é a especificação dos poderes outorgados pelo mandante ao seu mandatário. 
48.		Precisamente, a procuração não permitia fazer uso de amplos poderes, ou seja, eram estes limitados. Assim, é inadmissível que a segunda Requerida tenha tido, à livre disposição, a possibilidade de efetuar empréstimos. Até porque, conforme esposado em linhas pretéritas, poderia ter consentimento da titular da conta para tanto. Ademais, as referidas operações bancárias não beneficiaram em nada a Requente, pelo contrário, tem-lhe causado prejuízos de grande monta.
49. 		Ainda que a segunda Requerida tivesse poderes para contrair empréstimos em nome da Requerente, estes jamais poderiam ser celebrados sem a presença desta. Isso porque os empréstimos pré-impugnados foram contraídos em um caixa de autoatendimento, em uma das agências da instituição financeira Requerida. Mais uma vez comprovando que a atitude visava o não conhecimento das contratações por parte da Requerente, titular da conta corrente.
50.		Convém destaque ao julgado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que relata que quando ausente estiver o poder para realizar empréstimos bancários, se caracteriza uma situação ilícita, in verbis:
	
PROCESSO CIVIL. Ilegitimidade “ad causam”. Inocorrência. Ação indenizatória. Inscrição em róis de inadimplentes – Ato praticado pelo Banco Preliminar rejeitada. RESPONSABILIDADE CIVIL. Inscrição indevida em cadastros de inadimplentes. Empréstimo bancário contraído por terceiros desprovidos de poderes. Dano moral. Ocorrência. Prova. Desnecessidade. Dano in re ipsa. Manutenção da indenização fixada na sentença: R$ 20.400,00. Admissibilidade. Sentença mantida. Recurso desprovido.
(Apelação n. 0002964-35.2007.8.26.0223, Relator: ÁLVARO TORRES JÚNIOR, 20ª Câmara de Direito Privado da Comarca de Guarujá, Data de Julgamento: 22/04/2013, Data de registro: 29/04/2013, outro n. 29643520078260223)
 51. 		Finalizando este, é importante enfatizar que, assim como não caberia a segunda Requerida a realização de empréstimos em nome da Requerente, pelos fatos expostos, a instituição financeira, primeira Requerida, não poderia ter permitido a realização daqueles, vez que ausentes poderes para tanto e, que não houve nem mesmo instauração da ação de autorização judicial/alvará para que a realização do empréstimo fosse possível.
III.C. DA REPETIÇÃO DO INDÉBITO52. 		O ordenamento jurídico pátrio, em seu art. 876, do Código Civil, preceitua que: “Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a restituir; obrigação que incumbe àquele que recebe dívida condicional antes de cumprida a condição”. Desta feita, advém a possibilidade de repetição do indébito, quando há um pagamento de obrigação inexistente ou pagamento mediante a ocorrência do erro[footnoteRef:6]. [6: DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 3 Teoria das Obrigações Contratuais e Extracontratuais. 26 ed. São Paula: Saraiva. p. 814.] 
 53.		No caso a que se reporta, o pagamento indevidamente realizado se funda em obrigação inexistente, haja vista que, conforme esposado em minúcias, o negócio jurídico realizado não pode ser considerado válido.
. 
54.	 	Importante trazer à baila a informação de que caso seja efetuada alguma prestação indevida, quem recebeu fica obrigado a devolver a quantia, devidamente corrigida, sob pena de configuração de enriquecimento sem causa. E é esta a inteligência do narrado pelos arts. 884 e 885, do Código Civil. 
                      
55.  	No mesmo sentido, em se tratando de relação de consumo, o Código de Defesa do Consumidor expõe em seu art. 42, parágrafo único, que deve ser pago o dobro do valor em excesso disposto, verbis:
Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável. (Grifou-se)
56.		Por derradeiro, cabe esclarecer, que a repetição do indébito, in casu, se releva ante a inocorrência de engano justificável por parte da instituição financeira, primeira Requerida. Como ocorreu o pagamento indevido, cabe restituição. Até porque, trata-se de hipótese de responsabilidade objetiva.
57. 		A corroborar, a Jurisprudência do Tribunal de Justiça do Distrito Federal elucida que, conforme a Súmula nº 479, do Superior Tribunal de Justiça, em se tratando de operações bancárias, as instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiro:
DIREITO DO CONSUMIDOR. CONTRATO REALIZADO MEDIANTE FRAUDE DE TERCEIRO. VALOR DEDUZIDO NO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. 
1 - Acórdão elaborado de conformidade com o disposto nos arts. 46 da Lei 9.099/1995, 12, inciso XI, 98 e 99 do Regimento Interno das Turmas Recursais. Recurso próprio, regular e tempestivo. 
2 - Benefício previdenciário. É de responsabilidade da instituição financeira o desconto de empréstimo em consignação realizado mediante fraude demonstrada pela prova documental (fl. 17/21) Súmula 479 do STJ: "As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias." 
3 - Repetição do indébito. Em face da inexistência do contrato é devida a restituição do que foi indevidamente retido, do benefício da autora. A restituição deve ser em dobro, pois não demonstrado o engano justificável de que trata o art. 42, parágrafo único do CDC. 
4 - A privação de parte considerável do salário afeta a vida digna do consumidor, de modo a justificar o pagamento de indenização por danos morais. Precedentes na Turma (Acórdão n.673555, 20110410082518ACJ, 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do DF, Data de Julgamento: 19/03/2013, Publicado no DJE: 01/04/2013. Pág.: 226) O valor da indenização, fixado em R$ 1.500,00, não é exagerado. 
5 - Recurso conhecido, mas não provido. Custas processuais e honorários advocatícios, no valor de R$ 350,00, pelo recorrente. 
(Acórdão n.673555, 20120111385169ACJ, Relator: AISTON HENRIQUE DE SOUSA, 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do DF, Data de Julgamento: 23/04/2013, Publicado no DJE: 03/05/2013. Pág.: 257) 
58. 	Logo, a repetição do indébito é medida que se impõe. 
III.D. DO DANO MORAL
59.		Primeiramente, convém explanar que no presente caso, trazido ao Poder Judiciário para que exerça a sublime atividade estatal da Jurisdição, verifica-se a negligência da Instituição de Ensino Superior Requerida, por ter ocasionado um enorme abalo na honra da Requerente ao inserir o seu nos Órgãos de Proteção ao Crédito, fundando-se em dívidas que já haviam sido devidamente quitadas, compelindo-a a ingressar com ação judicial visando à reparação de seu dano sofrido. 
60.		Quando se trata de reparação de dano moral como no caso em tela, nada obsta a ressaltar o fato de ser este tema pacífico e consonante tanto sob o prisma legal, quanto sob o prisma doutrinário e jurisprudencial. Tamanha é sua importância que ganhou texto na Carta Magna, no rol do artigo 5º, incisos V e X, dos direitos e garantias fundamentais faz-se oportuna transcrição:
Inciso V: é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem:.
Inciso X: são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra ea imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
61.		O Código Civil de 2002 também é fulgente ao regulamentar as questões que ensejam a reparação do dano ocasionado, ao estabelecer, em seu artigo 186, que “aquele que, por ação ou omissão, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. 
62.		Conforme restou comprovado, a Requerente nada deve. Razão pela qual é patente, salvo melhor juízo exarado por este Ilustre Juízo, A DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO E AINDA, A REPARAÇÃO DO DANO CAUSADO. E objetivo maior da presente demanda judicial é o restabelecimento do equilíbrio jurídico traduzido em cumprimento de obrigação de natureza pecuniária, visto não ser possível a recomposição do status quo, uma vez que não se trata apenas da declaração da inexistência de débito, pois em decorrência da cobrança indevida, a Requerente teve seu nome inscrito nos órgãos de proteção ao crédito, não podendo assim contrair qualquer tipo de negócio jurídico. Nessa esteira, importante colacionar o art. 662 do Código Civil: 
Art. 667. O mandatário é obrigado a aplicar toda sua diligência habitual na execução do mandato, e a indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua ou daquele a quem substabelecer, sem autorização, poderes que devia exercer pessoalmente.
§ 1o Se, não obstante proibição do mandante, o mandatário se fizer substituir na execução do mandato, responderá ao seu constituinte pelos prejuízos ocorridos sob a gerência do substituto, embora provenientes de caso fortuito, salvo provando que o caso teria sobrevindo, ainda que não tivesse havido substabelecimento.
§ 2o Havendo poderes de substabelecer, só serão imputáveis ao mandatário os danos causados pelo substabelecido, se tiver agido com culpa na escolha deste ou nas instruções dadas a ele.
§ 3o Se a proibição de substabelecer constar da procuração, os atos praticados pelo substabelecido não obrigam o mandante, salvo ratificação expressa, que retroagirá à data do ato.
§ 4o Sendo omissa a procuração quanto ao substabelecimento, o procurador será responsável se o substabelecido proceder culposamente.
63.		Ora, Excelência, os dispositivos legais encimados são cristalinos ao dispor que NA OCORRÊNCIA DE ATO ILÍCITO AQUELE QUE CAUSAR DANO FICA OBRIGADO A REPARAR O OFENDIDO.
64.		A jurisprudência é farta no sentido de condenar por danos morais àquele que inseriu indevidamente o nome de determinada pessoa quando da efetivação do pagamento do débito pleiteado equivocadamente. Senão vejamos:
DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS. DÍVIDA DECLARADA INEXISTENTE POR SENTENÇA TRÂNSITA EM JULGADO. NEGATIVAÇÃO INDEVIDA DO NOME DA AUTORA/APELADA.RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA RECORRIDA, CUJA MÁ PRESTAÇÃO DO SERVIÇO CAUSOU À CONSUMIDORA DANO MORAL, NA MODALIDADE IN RE IPSA. AUSÊNCIA DE CULPA DA AUTORA, ALIADA AO RISCO CRIADO PELA EMPRESA, VERTIDA NO DEVER DE REPARAR. QUANTUM REPARATÓRIO IRRISÓRIO, QUE SE IMPÕE SER MAJORADO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA. 1. Comete danos morais, a ensejar a devida reparação pecuniária, a empresa recorrida que insere indevidamente o nome da consumidora em cadastro de proteção creditícia, com fundamento em dívida declarada inexistente por sentença trânsita em julgado. O dano ocorre na modalidade in re ipsa e dispensa prova de seus efeitos na pessoa da vítima, que em tal caso se presumem, sem que tenha havido justa causa para tal conduta, eminentemente informada pelos elementos do injusto e do antijurídico. 2. De acordo com os princípios e normas de ordem pública e interesse social constantes do Código de Defesa do Consumidor, o fornecedor ou prestador de serviço deve ser diligente na condução de sua empresa, prevenindo sempre a ocorrência de danos ao consumidor (artigo 6º, VI, da Lei nº 8.078/90). Se, em evidente desatenção a este dever objetivo, o prestador negativa o nome da autora, embasando-se em débito ilegítimo, deve responder objetivamente pelos danos a que deu causa (artigo 14 do CDC). 3. Inobstante o reconhecimento, por sentença, do pagamento da malsinada fatura de serviços educacionais, com a conseqüente declaração de inexistência de débito, a ré houve por bem obstar o crédito da consumidora, incluindo seus dados nos cadastros restritivos de crédito. 4. Correta, portanto, se mostra a sentença do juízo a quo que julgou procedente o pedido formulado na inicial, para determinar que a ré exclua o nome da autora do cadastro de inadimplentes e condenar a recorrida responsável na reparação do dano moral sofrido pela requerente. A situação se agrava, todavia, se considerarmos que os fatos trazidos a este Juízo já foram objeto de análise do Poder Judiciário em abril de 2010, tendo sido declarada, naquela ocasião, a inexistência do débito perseguido pela instituição de ensino. Apesar de tudo isso, a empresa requerida, embora intimada, não diligenciou para que danos futuros não fossem causados à requerente. Esses danos foram exponenciados por essa atitude dolosa e irresponsável da ré, que ignorou a ordem judicial e fez dela letra morta. 5. Nesse descortino, o valor da reparação deve guardar correspondência com o gravame sofrido, devendo o juiz pautar-se nos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, sopesando as circunstâncias do fato e as condições pessoais e econômicas das partes envolvidas, assim como o grau da ofensa moral e sua repercussão. Nesse passo, a quantia de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), arbitrada pelo juízo a quo, a título de compensação por danos morais, deve ser majorada para R$ 10.000,00 (dez mil reais). 6. Recurso parcialmente provido, tão-somente para majorar o quantum reparatório a título de danos morais para R$ 10.000,00, com súmula de julgamento servindo de acórdão, na forma do artigo 46 da Lei nº 9.099/95. Sem condenação em custas e honorários, por incabíveis (Lei nº 9.099/95, artigo 55, segunda parte).(20100710327137ACJ, Relator JOSÉ GUILHERME DE SOUZA, 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal, julgado em 23/08/2011, DJ 08/09/2011 p. 295)
65.		Neste deslinde, recorre-se ao Judiciário para que se manifeste acerca do presente caso que demonstra a incontestável RESPONSABILIDADE CIVIL DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR REQUERIDA, por ser patente sua negligência, e talvez MÁ-FÉ, ao inserir o nome da Requerente nos Órgãos de Proteção ao Crédito.
IV. DA ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA 
TUTELA JURISDICIONAL
66.		Em análise da narrativa fática tecida na presente exordial, verifica-se que a antecipação dos efeitos da tutela é medida que se impõe, haja vista que, a Requerente necessita imediatamente de celebrar contrato no mercado. Conforme já restou delineado, foi pela negligência da Requerida que a Requerente não financiou seu próprio automóvel, por ter tido seu nome indevidamente incluído nos órgãos de proteção ao crédito. 
67.		Amparada pela disposição do artigo 273 do Código de Processo Civil, que, tem-se que “o juiz poderá, a requerimento das partes, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação”.
68.		Completam os incisos I, e II, respectivamente, do dispositivo legal encimado, da seguinte forma:
I – haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; 
II – fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu.
69.		Para que haja a satisfação, do direito pleiteado pela Requerente, é imprescindível a demonstração dos requisitos do Fumus boni Iuris e do Periculum in Mora, que, no presente caso, são de fáceis constatações.
70.		Com relação ao Fumus boni iuris (Fumaça do bom direito), é notório o direito da Requerente quanto à retirada do seu nome dos órgãos de proteção ao crédito, tendo em vista que restou mais que evidenciado a verossimilhança das alegações ora tecidas pelo conjunto comprobatório ora acostado, ou seja, É INCONTROVERSO O FATO QUE A DÍVIDA NÃO EXISTE E QUE FOI INDEVIDA A RESTRIÇÃO DO NOME DO REQUERENTE, inclusive pelo fato de UMA DAS REQUERIDAS TER EMITIDO UMA DECLARAÇÃO/NADA CONSTA, INFORMANDO QUE TODAS AS MENSALIDADES TIVERAM SEUS PAGAMENTOS CORRESPONDENTES DEVIDAMENTE EFETIVADOS.
71.		Ora, Excelência, o instituto do fumus boni iuris se adéqua perfeitamente bem à qualificação jurídica da prova necessária à concessão de provimentos, o que restou por ora configurado, uma vez que o conjunto probatório juntado a presente inicial é indubitavelmente inequívoco e hábil a convencer este i. juízo da verossimilhança das alegações formuladas.
72.		Já no que se refere ao Periculum in mora (Perigo da demora), conforme se pode verificar a permanência da inscrição do nome da Requerente nos órgãos de proteção ao crédito pode-lhe causar danos irreversíveis, tendo em vista que está impedida de realizar qualquer celebração de negócio jurídico do mercado formal.
73.		Ora, Excelência, a Requerente preenche os requisitos imprescindíveis para a concessão da tutela antecipada, sendo cogente a exclusão de seu nome dos órgãos de proteção ao crédito, inclusive sob pena de aplicação de multa diária, conforme estabelece a jurisprudência emanada pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça:
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. DETERMINAÇÃO DE EXCLUSÃO DO NOME DO AUTOR DO CADASTRO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. OBRIGAÇÃO DE FAZER. POSSIBILIDADE DE FIXAÇÃO DE MULTA DIÁRIA EM CASO DE DESCUMPRIMENTO. ART. 461 CPC.
VALOR DA MULTA. QUESTÃO NOVA. MATÉRIA NÃO SUSCITADA NAS RAZÕES DE RECURSO ESPECIAL. INOVAÇÃO DE FUNDAMENTOS. VEDAÇÃO EM AGRAVO REGIMENTAL.
1. Revela-se assente nesta Corte Superior que a decisão que manda excluir do cadastro de proteção ao crédito o nome do devedor, por tratar de obrigação de fazer, admite a fixação de multa diária por seu descumprimento e efetiva-se no próprio processo em que é proferida, dispensando ação subseqüente. Precedentes.
2. Inviável a discussão, em sede de agravo regimental, de matéria não trazida nas razões de recurso especial, por tratar-se de inovação recursal.
3. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no REsp 783.017/SC, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 27/04/2010, DJe 10/05/2010).
74.		Assim, requer a Requerente, como institui o artigo 273, e seus incisos do CPC, seja concedida a tutela antecipada, no sentido de que seja imediatamente retirado seu nome junto a qualquer órgão de recuperação de crédito.
V. DO JULGAMENTO ANTECIPADO 
DA LIDE 
75.		O julgamento antecipado da lide é uma decisão conforme o estado do processo e se dá por circunstâncias que autorizam o proferimento de uma sentença antecipada, NOS CASOS EM QUE A QUESTÃO DE MÉRITO SOMENTE DE DIREITO OUQUE NÃO SE PRECISE PRODUZIR PROVAS EM AUDIÊNCIA.
76.		No caso em tela, já foram acostados nos autos prova inequívoca de que a ameaça ao direito da Requerente não é apenas um fums boni juris, mas sim, justificativa plena do direito ameaçado, prescindindo quaisquer meios comprobatórios de outra natureza, tendo em vista que as essenciais estão devidamente pré-constituídas.
77.		Conforme preconiza o inciso I, do artigo 330 do Código de Processo Civil, “o juiz conhecerá diretamente do pedido, proferindo sentença, quando a questão de mérito for unicamente de direito, ou, sendo de direito e de fato, não houver necessidade de produzir prova em audiência”.
78.		Diante o exposto, salvo melhor entendimento a ser proferido por esse Ilustre Juízo, requer que a presente demanda seja julgada de forma antecipada, tendo em vista que se trata de matéria eminentemente de direito, e todas as provas poderão ser previamente constituídas.
VI. DO PEDIDO
	Diante das razões fáticas e da fundamentação jurídica arguidas acima, REQUER:
	a) Seja julgada TOTALMENTE PROCEDENTE a presente ação judicial, no sentido de DECLARAR A INEXISTÊNCIA DO SUPOSTO DÉBITO cobrado pela Requerida, no valor de R$ 2.297,96 (dois mil, duzentos e noventa e sete reais e noventa e seis centavos) e ainda, que seja esta condenada ao pagamento de indenização na importância de R$ 5.000,00 (vinte e cinco mil reais), pelos danos morais cometidos à Requerente ao inscrever o seu nome, de forma indevida, nos órgãos de proteção ao crédito, conforme devidamente comprovado na presente exordial;
	b) a citação da Instituição de Ensino Superior Requerida, na pessoa de seus representantes legais, no endereço declinado no preâmbulo desta exordial, querendo, no prazo da lei, responder aos termos da presente ação, sob pena de revelia e confissão;
	c) que seja designada a antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional, uma vez que é incontestável a presença de seus requisitos, quais sejam, o PERIGO DA DEMORA (Periculum in Mora) e a FUMAÇA DO BO DIREITO (Fumus Boni Iuris), nos termos relatados na fundamentação jurídica desta exordial;
	d) o julgamento antecipado da lide com fulcro no art. 330, I, do CPC;
	e) a concessão do benefício da justiça gratuita, em caso de eventual necessidade de interposição de recurso processual;
	f) que seja determinada a inversão do ônus da prova, conforme art. 6º, VIII, da Lei. 8.078, de 11 de setembro de 1990;
	Protesta-se por todos os meios de prova em Direito admitidas, especialmente as provas documentais, a exibição e juntada de novos documentos, pericial, bem como o depoimento pessoal dos Representantes Legais da Requeridas.
	Atribui-se à causa o valor de 7.297,96 (sete mil, duzentos e noventa e sete reais e noventa e seis centavos)
Nesses termos, pede deferimento.
TAGUATINGA-DF, 30/ABRIL/2013.
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