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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Desafios de uma Trajetória Volume 3 Comitê Científico1: Profa. Me. Maria José Marques Profa. Esp. Maria Luiza Miguel Profa. Me. Rosanne da Silva Vieira Prof. Me Ricardo Cardim de Cerqueira Profa. Dra. Maria do Rosário Abreu e Sousa Prof. Me Rubens de Souza Profa. Dra. Ana Kalassa El Banat Prof. Me Cristiane Ramon Sampaio Profa. Dra. Maria das Graças Bezerra Barreto Profa. Me Walkiria Reche da Silva Prof. Me Jeferson de Freitas Perez Profa. Me Sirlei Ivo Leite Zocal Profa. Dra. Simone dos Anjos Caivano Equipe revisora: Prof.ª Me Gisele da Silva Esteves Camargo Prado Prof.ª Esp. Maria Alice Xavier de Mendonça Prof.ª Esp. Patricia Mantovani 1 Comitê Científico composto para a coleção “Educação a distância: desafios de uma trajetória”, sob os auspícios da UNIMES – Universidade Metropolitana de Santos. ELISABETH DOS SANTOS TAVARES GISELE DA SILVA ESTEVES CAMARGO PRADO (ORGANIZADORAS) EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Desafios de uma Trajetória Volume 3 1ª edição LiberArs São Paulo – 2020 Educação à distância: desafios de uma trajetória – volume 3 © 2020, Editora LiberArs Ltda. Direitos de edição reservados à Editora LiberArs Ltda ISBN 978-65-86123-70-8 Editores Fransmar Costa Lima Lauro Fabiano de Souza Carvalho Revisão técnica Cesar Lima Editoração e capa Nathalie Chiari Dados Internacionais de Catalogação na Publicação – CIP E24 Educação a Distância: desafios de uma trajetória / organizado por Elisa- beth dos Santos Tavares, Gisele da Silva Esteves Camargo Prado. - São Paulo : Liber Ars, 2020. 336 p. ; 16cm x 23cm. - (v.3) Inclui bibliografia e índice. ISBN: 978-65-86123-70-8 1. Educação. 2. Educação à distância. I. Tavares, Elisabeth dos Santos. II. Prado, Gisele da Silva Esteves Camargo. III. Título. CDD 374.4 CDU 37.018.43 Todos os direitos reservados. A reprodução, ainda que parcial, por qualquer meio, das páginas que compõem este livro, para uso não individual, mesmo para fins didáticos, sem autorização escrita do editor, é ilícita e constitui uma contrafação danosa à cultura. Foi feito o depósito legal. Editora LiberArs Ltda www.liberars.com.br contato@liberars.com.br mailto:contato@liberars.com.br SUMÁRIO PREFÁCIO ELISABETH DOS SANTOS TAVARES ............................................................ 9 APROXIMAÇÕES TEÓRICAS SOBRE APRENDIZAGEM ENTRE BRASIL E PORTUGAL: OS DESAFIOS DA AVALIAÇÃO ON-LINE NO PROCESSO DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇAO A DISTÂNCIA ELISABETH DOS SANTOS TAVARES PENÉLOPE BOTSIS ............................................................................................... 11 AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD): UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA PARA ALUNO E PROFESSOR ALEXANDRO FARIAS DE CARVALHO NEIDE MARIA SANTOS ...................................................................................... 21 ADOÇÃO DE MÉTODOS ATIVOS NAS AVALIAÇÕES EM EAD GISELE ESTEVES PRADO PRICILA DE SOUSA ZARIFE .............................................................................. 31 TRAJETÓRIAS DE AVALIAÇÃO EM ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM: CAMINHOS ESSENCIAIS ROBERTO KUPPER JORGE ROSELI TONINI ...................................................................................................... 45 PROPOSTA PARA AVALIAÇÃO ELETRÔNICA DIRECIONADA (AED) BASEADA NA METODOLOGIA ATIVA DE RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS E MODELO ENADE PARA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA PROF. ME. DENILSON LUIZ DE CARVALHO PROF. ME. NORBERTO LUIZ DE FRANÇA PAUL ..................................... 57 ESTRATÉGIAS PARA MELHORAR O DESEMPENHO DOS ALUNOS NO ENADE: COM A PALAVRA, OS COORDENADORES DE CURSO NA MODALIDADE EAD MARCIO ROBERTO PAZ COLMENERO VINICIUS ROVERI .................................................................................................. 67 AVALIAÇÃO EM GASTRONOMIA: UMA ANÁLISE DO CONTEÚDO DAS PROVAS ESPECÍFICAS DO ENADE NOS ANOS 2009, 2015, 2018 JOSÉ ANAEL NEVES LUCIANA MARCHETTI DA SILVA ................................................................... 79 EXAME NACIONAL DE DESEMPENHO DO ESTUDANTE: INFOGRÁFICOS AURILUCI DE CARVALHO FIGUEIREDO SIMONE DOS ANJOS CAIVANO ........................................................................ 89 MODELO PARA ANÁLISE DAS QUESTÕES ESPECÍFICAS DO EXAME NACIONAL DE DESEMPENHO DOS ESTUDANTES (ENADE) TENDO COMO REFERÊNCIA A TAXONOMIA DE BLOOM MIRIAN MAZINI RODRIGUES PAULO ROBERTO VIDIGAL ............................................................................... 109 APLICAÇÕES DOS MAPAS CONCEITUAIS E DA TAXONOMIA DE BLOOM NAS AVALIAÇÕES ALTERNATIVAS NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ALBA DENISE DE QUEIROZ FERREIRA LUCIANA MARIA GUIMARÃES ........................................................................ 125 A AVALIAÇÃO E A FERRAMENTA WIKI: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A FORMAÇÃO DOCENTE NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA MARIA DA GRAÇA PIMENTEL CARRIL SIRLEI IVO LEITE ZOCCAL ................................................................................ 143 WIKI – O USO DESTA FERRAMENTA INTERATIVA NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO DANIELA SIMÕES SEIXAS KARINA MANCINI ................................................................................................. 153 O JOGO COMO ESTÍMULO NO APRENDIZADO DA MATEMÁTICA PATRÍCIA ALMEIDA SANTOS DA SILVA TATIANA ROLLO CAPP ....................................................................................... 163 APRENDIZAGEM ON-LINE: DAS QUESTÕES DE MÚLTIPLA ESCOLHA ÀS QUESTÕES DISSERTATIVAS NOS CURSOS DE PEDAGOGIA E MATEMÁTICA DA UNIMES VIRTUAL LUIZ FELIPE SILVA DOS REIS MARIA JOAQUINA CASCELLI RODRIGUES APIPE .................................. 173 AVALIAÇÃO: UMA INVESTIGAÇÃO DE ATIVIDADE DE MATEMÁTICA ORIENTADA COM USO DE TECNOLOGIA PARA APRENDIZAGEM ELIZABETH MAGALHÃES DE OLIVEIRA MARCO ANTONIO DI PINTO ............................................................................ 185 AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA REALIZADA NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA LUCIANA NOGUEIROL LOBO MARCONDES VANIA COELHO BARBOSA FERNANDES .................................................... 197 AVALIAÇÃO FORMATIVA DE PROFESSORES DE LICENCIATURAS NA MODALIDADE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA MARIA GLÓRIA DA SILVA CASTRO RENATA BARROCAS............................................................................................ 207 MUDANÇA CONCEITUAL NO PROCESSO AVALIATIVO DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE FÍSICA NO EAD ANTONIO CARLOS AIDO DE ALMEIDA WALKIRIA RECHE URBANEJA ........................................................................ 219 UMA REFLEXÃO SOBRE O USO DO FÓRUM COMO FORMA DE AVALIAÇÃO DA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO EM EAD FÁTIMA FERNANDES DELLA ROCCA NEUCI BITTENCOURT PEREIRA RIBEIRO ................................................ 229 O FÓRUM DE ORIENTAÇÃO COMO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO FORMATIVA GISELLE LARIZZATTI AGAZZI MARIA DO ROSÁRIO ABREU E SOUSA ........................................................ 241 AVALIAÇÃO COLABORATIVA: FÓRUM DE ORIENTAÇÃO ALINE DINIZ PRADO LUZ CHRISTIANE FELIX DA SILVA ...................................................................... 255 O FÓRUM DE ORIENTAÇÃO COMO INSTRUMENTO AVALIATIVO DE APRENDIZAGEM RENATA SILVA AMARAL TÉCIA REGIANE BÉRGAMO .............................................................................. 263 EXPERIÊNCIASDE AVALIAÇÃO EM FÓRUM NÃO AVALIATIVO E AVALIATIVO E SUA INFLUÊNCIA EM ATIVIDADES DISCIPLINARES ÉRIKA COELHO D’ANTON REIPERT CRISTIANE RAMON SAMPAIO......................................................................... 273 AVALIAÇÃO FORMATIVA EM FÓRUNS ON-LINE QUÉZIA MONTEIRO REIS TATIANA DE SOUZA RODRIGUES .................................................................. 283 DESAFIOS DOS ALUNOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR PRESENCIAL E A DISTÂNCIA MAURICIO AYRES CUNHA MARCOS FERNANDEZ NARDI ......................................................................... 289 DEFICIENTES VISUAIS NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: DESAFIOS DE ACESSIBILIDADE NA AVALIAÇÃO INÊS ELCIONE GUIMARÃES IZABELLA CHRISTINA GOMES DE OLIVEIRA ROSEMEIRE RIBEIRO ABREU .......................................................................... 299 FÓRUM: FERRAMENTA FACILITADORA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM E AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DARLENE VENTURA FERREIRA MARGARET MARQUES PAULUCIO ................................................................ 313 O TEMA DA AVALIAÇÃO NO 23º CONGRESSO INTERNACIONAL ABED DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, 2017: UMA REVISÃO DE LITERATURA SILVANA LEODORO LECY SARTORI ........................................................................................................ 321 9 PREFÁCIO ELISABETH DOS SANTOS TAVARES Mais uma conquista! Falar da trajetória do Núcleo de Educação a Distância da Universidade Me- tropolitana de Santos – UNIMES Virtual como carinhosamente o chamamos é falar de um caminho percorrido desde 2006, quando iniciamos as nossas ativi- dades. Esta coleção “Educação a Distância: Desafios de uma Trajetória” chega agora em seus volumes 3 e 4. Mais uma vez, são produções dos nossos professo- res e tutores que, juntos, concluímos mais um curso de especialização em edu- cação a distância e nos debruçamos sobre a temática avaliação que, por si, tem sido um dos desafios enfrentados por educadores, mas que no decorrer de nosso trabalho no ensino on-line buscamos identificar e valorizar as diversidades cul- turais presentes na vida dos nossos alunos neste Brasil tão rico na cultura do seu povo. Trouxemos muitos teóricos, pesquisadores na temática e avançamos muito nas avaliações de aprendizagem que realizamos, entendendo que no processo de formação contínua dos educadores, refletir sobre a prática da avaliação da aprendizagem dos alunos é uma exigência nas academias. A rápida transformação e as constantes mudanças na sociedade atual de- monstram o quanto é necessário que estejamos sempre aprendendo. Essa con- tínua formação nos envolve em processos de aperfeiçoamento, estudos e pesquisas na busca da melhoria da prática docente e na construção da nossa identidade profissional. Entendemos que uma avaliação da aprendizagem bem planejada e aplicada é um recurso para a melhoria da qualidade do ensino e da educação, um recurso também ético e político para as mudanças necessárias na educação e na sociedade. 10 Mais uma vez como obra coletiva, revela os diversos olhares dos educado- res do Núcleo de Educação a Distância da Universidade Metropolitana de Santos e carrega a riqueza das contribuições no firme propósito da realização de uma educação de qualidade e para todos. Somos nós mesmos reconstruindo nossa trajetória! Agradeço a oportunidade de estar coordenando este nosso trabalho. Muito obrigada a todos! Elisabeth dos Santos Tavares 11 APROXIMAÇÕES TEÓRICAS SOBRE APRENDIZAGEM ENTRE BRASIL E PORTUGAL: OS DESAFIOS DA AVALIAÇÃO ON-LINE NO PROCESSO DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇAO A DISTÂNCIA ELISABETH DOS SANTOS TAVARES PENÉLOPE BOTSIS RESUMO O presente trabalho apresenta aproximações de pesquisadores em Tecnologias de Co- municação e Informação na Educação, do Brasil e de Portugal, especialmente estudiosos da Educação a Distância. Tem como objetivo contribuir para a reflexão de como as dife- rentes abordagens pedagógicas avaliativas on-line podem se tornar práticas educativas que proporcionam ao aluno uma aprendizagem significativa. Considera autores portu- gueses como Amante, Pereira e brasileiros como Freire, Hoffman, Kenski, Silva e Santos. As aproximações identificam ainda o uso de práticas conservadoras nas avaliações on- line, contudo com possibilidades de avanços necessários às exigências da sociedade con- temporânea do conhecimento e da informação. Palavras-chave: Avaliação on-line. Educação a Distância. 1 INTRODUÇÂO O mundo contemporâneo fez com que todos se deparassem com um cenário em constante transformação nestas últimas décadas, especialmente na Educação. Essas mudanças, ocorridas por meio da globalização e pela gigantesca rede conhecida como internet, cresceu em uma velocidade extraordinária, afetando as mais diversas áreas, inclusive a Educação, pela demanda na produção e compartilhamento de conhecimentos. A criação de uma rede de conexões deixou as distâncias cada vez mais curtas, facilitando as relações sociais, culturais e econômicas de forma rápida e eficiente. Por meio das tecnologias digitais, sem dúvida, teve-se a democratização do ensino para muitos no Brasil, sendo que esta grande demanda de alunos vem 12 se dando no Ensino Superior com a oferta, cada vez maior, de cursos realizados na modalidade a distância, um novo modelo educacional. É necessário que esse novo modelo garanta uma aprendizagem significativa para o aluno, considerando diferentes contextos, uma vez que esse aluno é um sujeito em processo contínuo de construção e conhecimento, reconhecendo-se que a aprendizagem é reveladora de caráter humanizador, dialógico, tecnológico, cognitivo e social, e que tais exigências estão vinculadas ao atual modelo social, cultural e econômico da sociedade, também em constante mudança (AMANTE, 2017). Ao se adotar como tema os desafios da avaliação no processo de ensino e de aprendizagem na educação a distância, destaca-se que, em particular no Brasil, muitas das instituições credenciadas para a modalidade de Educação a Distância seguem desdobrando-se em atender indicadores para que possam realizar um trabalho educacional de qualidade e significativo por meio dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), o que se revela de muita complexidade. Nesse contexto, este tema se justifica, pois acredita-se que a avaliação da aprendizagem em Ambientes Virtuais, como parte do processo do ensino e da aprendizagem, constitui um desafio para a comunidade acadêmica, o que exige estudos, pesquisas e socialização das práticas exitosas. Pretende-se assim, uma aproximação entre os processos educacionais frente às avaliações da aprendizagem em ambientes virtuais entre Brasil e Portugal, onde linguagem, cultura e história estão correlacionadas e os modelos educacionais, de modo geral, contemplam singularidades em comum por meio de referenciais teóricos já construídos e revisitados. A trajetória da Educação a Distância (EaD) em Portugal, inicia-se pela Universidade Aberta, percorre caminhos semelhantes aos do Brasil, tendo como base de construção um sistema virtual de aprendizagem que conta com um conjunto de estruturas como: “material didático, tutoria e avaliação formativa baseada nos princípios da autoaprendizagem” (AMANTE, 2006, p. 54). Entretanto, novas perspectivas na EaD foram se concretizando em função dos avanços das Tecnologias de Comunicação e Informação, o que se refletiu para o próprio avanço da Educação a Distância, promovendo cada vez mais uma melhoria na acessibilidade, interação, autonomia e aprendizagem significativa. No Brasil, alguns conceitos semelhantes à EaD de Portugal foram implementados para maior interatividade no ambiente virtual, o que proporciona a construção de novas ações e práticas pedagógicas e avaliações com estratégias formativas, garantindo-se uma avaliaçãocom abordagem sociointeracionista na aprendizagem on-line, promovendo uma educação significativa e de acordo com o contexto sociocultural atual (SILVA; SANTOS, 2014). 13 Para tanto, entende-se a Avaliação como instrumento indissociável da prática educativa não atendendo a questões classificatórias e seletivas, mas sim com a incumbência de se efetivar como uma ação reflexiva, colaborativa, de aprendizagem (HOFFAMANN,1998). As aproximações teóricas das concepções de avaliação da aprendizagem em ambientes virtuais entre Brasil e Portugal na última década, como os diferentes tipos de instrumentos de avaliação, sejam eles pelo olhar dos teóricos brasileiros ou portugueses, podem efetivar-se como instrumento do processo de construção de novos conhecimentos. Aprofundar o conhecimento sobre os conceitos de avaliação e os meios avaliativos a fim de colaborar na construção de ações e práticas educativas voltadas para avaliação na Educação a Distância, cuja finalidade é o sucesso da aprendizagem do aluno, torna-se urgente. Respeitar a sua subjetividade, explorar o seu conhecimento e contextualizá-lo com o mundo em que ele está inserido, torna possível novas aprendizagens. Entende-se que, a partir da investigação dos paradigmas da avaliação da aprendizagem na EaD e das pesquisas educacionais realizadas em Portugal e no Brasil, possa-se construir aproximações, novos olhares possam ser identificados e direcionados a ambos os países, que buscam a superação de possíveis tensões educacionais considerando a avaliação parte de um processo de ensino e de aprendizagem indissociáveis, o que se traduz no objetivo deste artigo. Para tanto, a metodologia da pesquisa foi a pesquisa bibliográfica, em textos científicos da literatura da área com destaque para os autores brasileiros, Preto, Silva, Santos e os portugueses Amante e Pereira que se alinham em um conceito de que, segundo Primo (2014), qualquer processo de avaliação on-line em uma perspectiva construtivista considera essencialmente como se dá o processo de aprendizagem, apontando a relevância da avaliação contínua dos alunos com base no trabalho autoral e cooperativo. Desse modo, entende-se a avaliação como parte do processo de ensino-aprendizagem, em movimento constante a favor de uma aprendizagem significativa para o aluno. Para a organização do presente trabalho, inicia-se com pesquisas conceituais sobre a avaliação da aprendizagem, com a especificidade da avaliação on-line de pesquisadores brasileiros e portugueses. A partir dessas abordagens, são identificadas as aproximações, superando-se a visão reducionista da avaliação em ambientes virtuais para, por fim, apresentarem-se os resultados obtidos. 2 UM BREVE HISTÓRICO DA EAD NO BRASIL E EM PORTUGAL Quando se identifica o percurso da Educação a Distância em diferentes países, localiza-se, no século passado, desde os cursos oferecidos por 14 correspondência, a utilização dos meios de comunicação e, por fim, o recurso da tecnologia até os dias atuais. Durante décadas a educação vem contribuindo, conforme a necessidade do contexto histórico, político, social e econômico. A exigência, cada vez maior de se ter acesso à educação e os desafios que se fizeram presentes no Brasil como a baixa oferta e a precariedade do setor público de uma certa forma promoveram o crescimento da Educação a Distância como oportunidade de acesso ao Ensino Superior. A demanda por cursos de diferentes áreas foram se concretizando e provocando a abertura nos anos de 1990 por uma grande quantidade de Instituições de Ensino Superior privada que pleiteavam a Educação a Distância e que esta fosse considerada e reconhecida no contexto educacional. Em 1995, com a criação do Centro Nacional de Educação a Distância e, no ano seguinte, da Secretaria de Educação a Distância (SEED), o fortalecimento e o reconhecimento da Educação a Distância se estabeleceu por meio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que reconhece essa modalidade e atualmente, também, normatizada por diversos outros instrumentos legais. Posteriormente, houve a criação da Universidade Aberta do Brasil (UAB), um sistema findado em 2005 e instituído, segundo o discurso oficial, para o desenvolvimento da modalidade de educação a distância, com a finalidade de expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superior no País. O Sistema UAB sustenta-se por meio de uma parceria dos três níveis governamentais (federal, estadual e municipal) com as instituições públicas de ensino superior, cuja meta prioritária é contribuir para a Política Nacional de Formação de Professores do Ministério da Educação, por isso, as ofertas de vagas são prioritariamente voltadas para a formação inicial de professores da educação básica. Isto posto, presencia-se um passo relevante para a consolidação da EaD no Brasil. Também a exigência da utilização das tecnologias de comunicação e informação nos diversos segmentos da educação tem sido fator determinante para que novas temáticas se coloquem nas discussões educacionais. As aproximações históricas da EaD entre Brasil e Portugal é notória ao nos depararmos com todo o contexto que surgiu e consolidou a Educação a Distância em Portugal, além da reciprocidade do processo histórico e cultural de ambos os países. O fator mundial pós-guerra, a revolução industrial, as mudanças que ocorreram na economia, também no plano ideológico e cultural foram fatores predominantes na busca por conhecimento, sendo necessário um projeto de educação para atender uma população que ansiava por conhecimento (AMANTE, 2018). 15 Em 1975, após a Revolução Portuguesa, a Educação encontrava-se em colapso, sendo necessário, segundo Amante, uma “missão de resgate educacional” e, portanto, um novo modelo na Educação como a EaD era recomendável como um grande passo, que poderia contribuir no atendimento e formação de jovens e adultos e no progresso do país. Dessa forma, foi criado o Instituto Português de Educação a Distância (IPED) em 1979, cujo objetivo era “adquirir conhecimentos, competência profissional, instalações, equipamento e preparar o caminho para a futura Universidade Aberta”. Em 1976 a Universidade Aberta fora criada, mas somente em 1988, pelo Decreto Lei nº 444/8, foi oficialmente fundada a primeira Universidade Aberta de Portugal, a UAB em Lisboa. Após esse processo, ao longo dos anos a modalidade de Educação a Distância expandiu-se notavelmente em Portugal, acompanhando o crescimento em nível mundial da EaD tendo sua excelência sido reconhecida e premiada por organizações europeias que buscam referência no Ensino. Na história da educação de ambos os países também constam tensões em comum que exigiram medidas que garantissem o atendimento a grande parcela da população, mas que se consolidou ao contribuir para o acesso à educação como direito de cidadania. Decorrente da evolução histórica descrita, o processo de ensino e de aprendizagem on-line passa a ser objeto de estudos e pesquisas assim como a formação de professores. Para a realização da Educação a Distância, entram em cena os ambientes virtuais de aprendizagem com muitos elementos que se estruturam como responsáveis pelo processo de aprendizagem como o material didático. Nessa ferramenta de trabalho do professor, um conteúdo bem elaborado e rico pedagogicamente é fundamental para desenvolver uma aprendizagem de qualidade, pois por meio do material didático é realizada grande parte do processo de mediação no ambiente, utilizando-se mais as diferentes interfaces disponíveis no Ambiente Virtual e Aprendizagem (AVA) (PEREIRA, 2017). Uma nova concepção entende o aluno como agente autônomo, coautor de sua própria aprendizagem que se dá pela interatividade e interação no ambiente virtual, abordagens efetivas na construçãoe na troca de saberes. 2.1 O Processo de Ensino e de Aprendizagem na Modalidade a Distância e os Desafios da Avaliação Digital Conforme apontado no início, a sociedade contemporânea coloca todos frente a um cenário em constante transformação e mudanças, inclusive na Educação com novas abordagens metodológicas, na produção de conteúdos, recursos midiáticos tecnológicos e compartilhamento de conhecimentos. 16 Neste cenário, as instituições de ensino recorrem cada vez mais à educação a distância, proliferam cursos e ações de formação on-line e o ensino é, progressivamente, mediado pelas tecnologias até mesmo em cursos presenciais e a aprendizagem realiza-se de modo virtual. Desta forma, a gestão do processo de ensino e de aprendizagem passa a recorrer a tecnologias de informação e comunicação, disponibilizam-se programas, informações e conteúdo on-line, fazendo surgir “mundos imersivos e novas pedagogias”, segundo Pereira (2015). No processo de ensino e de aprendizagem os instrumentos podem ser usados para transformar as práticas tradicionais dos professores, centradas no aluno, incorporando novas abordagens pedagógicas ao processo de aprendizagem. É relevante destacar que a utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação por si só no processo de avaliação não garante que, de fato, novas pedagogias sejam adotadas; elas terão que estar acompanhadas pela alteração das práticas de avaliação. Pereira (2015) afirma que em muitas situações, o paradigma psicométrico, que durante décadas sustentou a prática da avaliação, ainda resiste na prática educativa. Segundo o autor, citando Birenbaum (2003) nessa perspectiva de avaliação, o conceito adotado pressupõe uma natureza quantitativa que aspira diferenciar os estudantes e ordená-los de acordo com os resultados que obtém. Valoriza-se o paradigma da cultura do teste, da verificação, quando questões objetivas se apoiam em padrões descontextualizados, com testes psicométricos que se constituem em uma medida objetiva e padronizada utilizada como uma medida de desempenho, que se baseia em amostras estatísticas de comparação, sendo aplicados sob condições uniformizadas. Caberia a utilização de tal verificação de aprendizagem nos dias atuais? Sabe-se que a verificação é ato pontual, não inclui processo, consiste em um processo seletivo e classificatório em que a aprendizagem do aluno é submetida a testes e provas que, na realidade, verificam a memorização do aluno em que os itens válidos são guiados pela psicometria. Em contrapartida a esse conceito, o que se exige são estratégias nas quais os estudantes detenham um papel próprio, em que se amplia a perspectiva edumétrica. Os mecanismos, quer sejam fóruns, chats, portfólios, diários devem privilegiar capacidades outras que não a memorização e que podem ser identificadas como selecionar, argumentar, gerir a informação, pensar criticamente, emitir juízos fundamentados, inovar e comunicar. Nesta perspectiva que tem por base o construtivismo social, o estudante é participante ativo que, junto com o professor, tem a responsabilidade pelo seu próprio processo de aprendizagem. 17 Uma nova cultura da avaliação como contraponto à cultura do teste surge e propõe-se uma abordagem edumétrica na análise da qualidade das novas formas de avaliação. Conhecida como a cultura da avaliação, apoia-se no construtivismo social, segundo o qual a aprendizagem é encarada como uma construção ativa. O estudante é visto como um participante ativo, que partilha a responsabilidade pelo processo de aprendizagem, pratica a autoavaliação e a reflexão e colabora com o professor e com os demais estudantes. São usadas múltiplas formas de avaliação da aprendizagem, geralmente menos estandardizadas que os formatos típicos da designada cultura do teste (PEREIRA et al., 2015, p.10). Considerando mais estudos de outros pesquisadores e segundo Pereira et al. (2015), pode-se afirmar que a avalição se caracteriza essencialmente por: • ênfase na integração da avaliação no ensino (BIRENBAUM, 1996); • participação do estudante no desenvolvimento da sua própria ava- liação em diálogo com o professor (MCCONNELL, 2006); • avaliação quer do processo quer do produto (LINN; BAKER; DUNBAR, 1991); • a avaliação toma diversas formas, não estandardizadas, associadas e interligadas com as práticas de ensino (DOCHY, 2001); • utilização de uma variedade de tarefas de avaliação próximas de situações da vida real (RESNICK, 1987; HERRINGTON; HERRINGTON, 1998); • desafio e cunho investigativo (GULIKERS et al., 2004) • reforço da reflexão dos estudantes sobre as suas aprendizagens (MCCONNELL, 2006); • valorização de uma descrição qualitativa em detrimento de uma simples classificação quantitativa (BIRENBAUM, 1996). A abordagem edumétrica, segundo Amante, coloca a necessidade do de- senho das estratégias de avaliação on-line ser efetuado em simultâneo com o planejamento da aprendizagem, de modo a assegurar: o envolvimento do aluno, em particular no que se refere às metas a atingir, ao empenho contínuo nas ta- refas e à autorregulação da sua aprendizagem, o feedback no prazo estabelecido e com impacto nos processos de aprendizagem e a interação entre os estudantes acerca da respetiva aprendizagem. Logo, muito diverso do conceito de verificação, a avaliação edumétrica on-line consiste em analisar o processo progressivo e formativo da aprendiza- gem do aluno, tendo como objetivo perceber tudo aquilo que o aluno aprendeu ou deixou de aprender. 18 A avaliação é, portanto, vista como algo progressivo e complexo que iden- tifica quais reforços são necessários para que o aluno recupere o que não apren- deu em determinado período, procurando gerar a autonomia do aluno em construir ou buscar o próprio conhecimento. Temos, pois a Avaliação como uma estratégia de aprendizagem mediada pelo professor e pelas interfaces do ambiente virtual de aprendizagem como forma de contribuir para uma aprendizagem significativa dos alunos. Segundo Silva (2014) apud Hoffmam (2004, p. 25), a Avaliação deve ser um meio de me- diação por meio de uma prática construtivista e libertadora, sustentada “nos fundamentos da autonomia, dialógica, participação e colaboração para superar o modelo baseado na arbitrariedade da avaliação baseada em provas”. Na avaliação formativa estão disponíveis muitas possibilidades de apren- dizagem, sendo esta realizada por meio de um processo contínuo de estratégias pedagógicas, possibilitando o acompanhamento do processo de ensino e apren- dizagem dos caminhos percorridos pelo aluno, das dificuldades e dos resultados apresentados, permitindo a alunos e professores feedback das ações pedagógi- cas favorecendo reflexões das práticas educativas na busca de uma aprendiza- gem de qualidade (KENSKI, 2007). A avaliação formativa, assim, não tem como objetivo classificar ou seleci- onar. Fundamenta-se nos processos de aprendizagem, em seus aspectos cogni- tivos, afetivos e relacionais, fundamenta-se em aprendizagens significativas que se aplicam em diversos contextos e se atualizam o quanto for preciso para que se continue a aprender. Segundo Santos (2016) apud Freire (2001), o conceito de avaliação no pro- cesso da educação problematizadora on-line parte do princípio de conceber alunos críticos e reflexivos, que saibam fazer do conhecimento um agente de transformação pessoal e social. A avaliação sob a perspectiva da educação problematizadora não é burocrática, engessada e excludente, é processo de construção do conhecimento e não instrumento de opressão ou depósito de conteúdo, jamais implica em um pro- cesso classificatório de aprovação ou reprovação. Freire, assim se reporta a essa questão: “esta falsa concepção de educação, que se baseia no depósito de informes nos educandos, constitui, no fundo, um obstáculo à transformação.Por isto mesmo, é uma concepção anti- histórica de educação [...]” (FREIRE, 1980, p. 80). Busca-se um processo educativo em condições de promover a libertação da consciência e emancipação do sujeito humano, diferentemente daquele que, ao domesticar, cria uma falsa realidade, uma falsa crença aos olhos dos que se tornam objetos. Santos (2014) aponta que deste modo, a educação bancária não deve re- produzir-se nos ambientes on-line de aprendizagem, nem tampouco em ativida- des e avaliações, ou seja, não se pode consentir em uma perspectiva de uma 19 educação problematizadora uma educação ineficiente que usa de diversas inter- faces a promoverem no aprendizado um modelo tradicional e burocrático. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS A avaliação no cenário atual deve acompanhar o processo de aprendiza- gem do aluno, não somente avaliando o produto final, mas todo o percurso do aluno individual e colaborativo, em que os trabalhos em grupo são valorizados, atribuindo a estes o valor autoral e a participação em equipe (SANTOS, 2014). Mais ainda, a revisão da literatura e a reflexão sobre os vários quadros teóricos entre os investigadores, tanto no Brasil como em Portugal permitem aproximações em que sobressaem aspectos fundamentais que devem ser consi- derados, quando se trata do processo de ensino e de aprendizagem na modali- dade a distância e dos desafios da avaliação digital. Embora, na verdade, continuem a prevalecer modelos de avaliação pouco integrados ao ensino e à aprendizagem e, sobretudo, orientados para atribuir classificações, na sociedade do conhecimento e da informação há exigências. Um novo paradigma de ensino, em que é necessário construir ambientes promotores de aprendizagens profundas e ancorados em contextos próximos de contextos reais e societais é urgente. Exigem-se cidadãos criativos e reflexivos, com capacidade para desenvol- ver conhecimento de forma independente, de resolver problemas complexos, o que significa um novo paradigma de ensino. Estes desafios requerem uma mudança radical para o ensino superior quer seja na seleção de novas metodologias a usar, como também uma alteração relevante nas estratégias de avaliação implementadas nos ambientes virtuais de aprendizagem. Referências AMANTE, L.; MENDES A. Q. Educação a distância, educação aberta e inclusão - dos modelos transmissivos às práticas abertas. Disponível em: <http://revista.ibict.br /inclusao/article/view/4172/3643>. Acesso em: 30 out. 2019. AMANTE, L. Cultura da avaliação e contextos digitais de aprendizagem: o modelo pract culture of evaluation and digital contexts of learning: the model pract cultura de la evaluación y contextos digitales de aprendizaje: el modelo pract. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/324165561>. Acesso em: 30 out. 2019. Freire, P. Pedagogia do Oprimido. 63ª ed. Rio de Janeiro. Editora Paz e Terra, 2017. FREIRE, P. Extensão ou Comunicação? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980. HOFFMANN, J. Avaliação: Mitos e Desafios. 35ª ed. Porto Alegre. Editora Mediação, 2005. http://revista.ibict.br/ 20 KENSKI, Vani Moreira. Educação e tecnologias, Campinas, SP: Papirus, 2007 PEREIRA, A., OLIVEIRA, I, TINICA, L., PINTO, M.C., AMANTE, L. Desafios da avaliação digital no Ensino Superior. Lisboa. Universidade Aberta, 2015. SILVA, M.; SANTOS, E. Avaliação da aprendizagem em educação online: fundamentos, interfaces e dispositivos e relatos de experiências. São Paulo: Edições Loyola, 2014. 21 AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD): UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA PARA ALUNO E PROFESSOR ALEXANDRO FARIAS DE CARVALHO NEIDE MARIA SANTOS RESUMO Este artigo é fruto da pesquisa que investigou o processo de avaliação e a sua significân- cia, posto o modelo tradicional, diante da educação a distância. A problemática desta pes- quisa foi levantada a partir da experiência docente na educação a distância em instituição de nível superior, sob o pressuposto que são detectadas dificuldades dos alunos e profes- sores em compreender o processo de avaliação, proposto tradicionalmente, em parte em função das limitações técnicas e interpessoais relativas ao ambiente virtual, que nem sempre propicia a convivência física de sala de aula e não satisfazem os anseios e as ex- pectativas dos sujeitos. A problemática da pesquisa centra-se no processo de avaliação e na sua significância diagnóstica, que propicia o avanço da prática docente. A construção teórica do objeto tomou por base os estudos de Perrenoud e Luckesi que tratam de ava- liação e do processo de ensino-aprendizagem. Trata-se de uma pesquisa exploratória que investiga a realidade do docente para entender como vem sendo utilizado e compreen- dido o processo de avaliação. Nesse sentido, justifica-se a relevância desse estudo, de abordagem qualitativa, que utilizou da literatura visando a compreensão do objeto. Os resultados da pesquisa mostraram que o processo de avaliação, para ser significativo, deve ser vivenciado por todos os sujeitos (professor e aluno) como um todo no semestre, e não somente ao final, como uma forma classificatória para promover o aluno como ocorre no modelo tradicional. Palavras-chave: Avaliação. Aprendizagem significativa. Educação a distância. 1 INTRODUÇÃO A elaboração do presente artigo é consequência de um estudo reflexivo, cujo objetivo é realizar uma análise crítica sobre o processo da avaliação na Educação a Distância (EaD), as suas especificidades e funções como subsídio para uma aprendizagem significativa tanto para o aluno como para o professor. Estamos vivendo um momento ímpar na educação e isso nos remete a uma reflexão profunda sobre a importância dos educadores na construção do 22 conhecimento, pois esses têm a responsabilidade de serem mediadores a serviço da transformação, influenciando a formação do aluno por meio da reflexão crítica exigida no século XXI, no qual as tecnologias de informação e comunicação (TICs) permitiram a educação por meio de ferramentas em Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA). Esta pesquisa se justifica, pois a EaD tem se configurado como uma modalidade que visa à formação, em nível de graduação e pós-graduação, que proporciona a possibilidade de acesso ao ensino, em espaços/tempos distintos de aprendizagem, com a utilização das tecnologias nas diferentes áreas do conhecimento, ultrapassando as barreiras da sala de aula física. O processo avaliativo, entretanto, segue os mesmos critérios do modelo tradicional. Faz-se então necessária uma reflexão crítica da avaliação tradicional no processo de ensino-aprendizagem na modalidade virtual. Assim, a seguinte questão se delineia: como tornar o processo de avaliação significativo quando o aluno tem a autogestão do seu processo conhecimento como é o proposto na EaD? Esta pesquisa tem como objetivo compreender se as especificidades do processo de avaliação, diante de uma concepção tradicional, aplicam-se na educação a distância e como o aluno compreende que este processo é significativo para a construção do seu conhecimento, considerando que ela faz parte do processo de ensino-aprendizagem. Nesse processo, o professor tem a função de agente mediador na aquisição do conhecimento, o qual está presente no mundo, na palma de nossas mãos por meio dos smartphones, tablets, dentre outras tecnologias, e é preciso observar como o aluno o descobre, o desvela, construindo e ressignificando esse conhecimento, ininterruptamente, por meio da reflexão-crítica. Portanto, o docente tem um papel importante para cumprir, que é o de mediar e facilitar aos alunos o processo de busca desta construção do conhecimento em níveis mais amplos e críticos, considerando alguns pressupostos básicos para a compreensão desse processo: (1) A diversidade cultural nas diversas regiões, considerando que a EaD está presente em todo o País, apresenta a preocupaçãode que deve incorporar os setores excluídos, num projeto homogêneo de educação e cidadania; (2) A retomada de valores, como a dignidade, a solidariedade, a justiça social e o companheirismo, que se traduzem na “afetividade” que deve ser transparente no trato com o aluno na EaD. Esse compartilhamento de valores de decência para a formação intelectual e moral é aspecto importante para a formação de caráter que, aliada ao domínio do conhecimento significativo e da 23 consciência política, poderá gerar um aluno novo, comprometido com a construção de uma nação autônoma e um mundo justo e (3) A importância de se criar, no relacionamento professor-aluno, o espírito de corresponsabilidade. Se o professor é responsável pelo aluno, pelo seu crescimento e aprendizagem, também é verdade que o aluno, sendo sujeito do seu próprio conhecimento, vai possibilitar ao professor realizar, ou não, a sua missão de educador. É na mediação on-line proposta pela EaD que vivem, crescem e se realizam as pessoas. A abordagem da pesquisa é qualitativa e o método descritivo, tendo sido realizadas inicialmente a análise bibliográfica e a experiência vivenciada enquanto docente da modalidade virtual em uma instituição de ensino superior no município de Santos. A trajetória profissional e acadêmica delineia o sujeito enquanto ele se encontra em formação e é nesse momento em que são reunidos elementos que vão, paulatinamente, contribuir para o seu caminhar profissional e suas perspectivas futuras. Esse estudo inicia-se de maneira embrionária, ou seja, nasce como uma semente e vai se nutrindo, modificando-se até estar pronta. Portanto, como docentes que atuamos na EaD, devemos compreender o quão significativo é o método avaliativo, que deve ser acompanhado por alguém que oriente os alunos e que instigue à reflexão pela leitura e escrita, pois, ao final, devem estar prontos e bem definidos com relação à melhor resposta ou a qual caminho seguir na resolução dos testes avaliativos. Para dar conta desta pesquisa, optamos por autores como Perrenoud e Luckesi que, dentre outros, tratam de avaliação e aprendizagem. O desenvolvimento abordará o objeto da pesquisa, que é o método avaliativo no ambiente virtual que alia as tecnologias à educação. Para tal, faz- se necessário compreender as ferramentas dispostas na EaD e como o professor as utiliza de modo a tornar o aluno um sujeito crítico-reflexivo. A construção da autonomia deve-se dar como algo conquistado e não dado ou imposto. Para isso, devemos ter sempre em mente que as nossas ações estão norteadas por um princípio, meio e fim, assim como é a premissa do método avaliativo no qual é necessária a aplicação de ações que garantam o rendimento satisfatório dos alunos nas atividades avaliativas, além de verificar a eficácia do processo de ensino-aprendizagem. Projetar uma ideia, seja no âmbito pessoal ou profissional, a princípio pode parecer muito distante, quase inatingível, porém, quando o propósito em se alcançar um determinado objetivo é maior, as possibilidades vão surgindo e os obstáculos tornam-se transponíveis. A atual conjuntura do EaD enseja um novo olhar sobre as configurações dispostas tradicionalmente, visando à 24 formação integral do homem, calcado nos quatro pilares da educação: aprender a conhecer, isto é, adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente. 2 AVALIAÇÃO: UM RECURSO DE DIAGNÓSTICO DO DOCENTE A avaliação escolar só faz sentido se subsidiar o diagnóstico da situação em que o aluno se encontra. Ela é uma ferramenta que oferece recursos para orientar a aprendizagem de qualidade por meio do ensino adequado, pois “avaliar significa identificar impasses e buscar soluções” (LUCKESI, 1996, p.165). Reconhecer a avaliação como um recurso docente sugere a promoção da aprendizagem autônoma do aluno e a consecução de competências específicas ao professor, tais como saber aplicar as distintas técnicas de avaliação e os instrumentos a grupos de alunos distintos e a disciplinas diferentes, bem como apropriar-se de técnicas e recursos de avaliação de aprendizagens. Segundo Vasconcellos (1995), a avaliação pode ser considerada, na prática, um aglomerado contra o qual se conjugam esforços para pôr um pouco de dignidade no processo escolar. Nesse sentido, há de se pensar na avaliação como um instrumento permanente da prática diária docente, que deve ser refletida no propósito de observar se o aluno compreendeu a proposta de ensino-aprendizagem e se aprendeu ou não o conteúdo passado, podendo assim refletir sobre o nível de qualidade do processo, tanto por parte do aluno quanto do professor, gerando mudanças significativas. Portanto, é importante a percepção de uma avaliação pautada numa perspectiva transformadora. Conforme Demo, Refletir é também avaliar, e avaliar é também planejar, estabelecer objetivos, etc. Daí os critérios de avaliação, que condicionam seus resultados a estarem sempre subordinados a finalidades e objetivos previamente estabelecidos para qualquer prática, seja ela educativa, social, política ou outra (DEMO, 1999, p.01). Avaliar demanda observar, refletir, analisar, planejar e verificar os objetivos, visando compreender se o ato avaliativo se articula com o processo educativo, social e político. A Avaliação de acordo com Libâneo é [...] uma tarefa complexa que não se resume à realização de provas e atribui- ção de notas. A mensuração apenas proporciona dados que devem ser subme- tidos a uma apreciação qualitativa. A avaliação, assim, cumpre funções 25 pedagógico-didáticas, de diagnóstico e de controle em relação às quais se re- correm a instrumentos de verificação do rendimento escolar (LIBÂNEO, 1994, p. 195). Ainda, na visão de Sant’Anna avaliação é: Um processo pelo qual se procura identificar, aferir, investigar e analisar as modificações do comportamento e rendimento do aluno, do educador, do sis- tema, confirmando se a construção do conhecimento se processou, seja este teórico (mental) ou prático (SANT’ANNA, 1998, p.29, 30). Nessa dialógica dos autores, a avaliação é instrumento que deve ser utilizado pelo docente como um recurso pedagógico que objetiva diagnosticar se o aluno aprende. Contudo, é preciso ter consciência de que a proposta do professor deve ser clara no momento da aplicação dos instrumentos avaliativos, que podem ser vários, como testes, atividades, dentre outros. 2.1 Conceitos e Modelos de Avaliação Escolar Para compreender o ato de avaliar temos que verificar os radicais que deram origem a esta palavra, que vem do latim “a+valere” e significa atribuir um juízo de valor (LUCKESI, 1995, p.28). Segundo Libâneo (1994, p.98), os elementos da didática se resumem em conteúdo das disciplinas, somados à ação de ensinar e à ação de aprender. A avaliação escolar é um dos elementos da didática e deve contribuir para que a escola desempenhe bem seu papel de se estruturar e se organizar pensando no aluno que tem o direito garantido de ter uma educação de qualidade. Avaliar exige reflexão sobre a realidade a partir das informações do contexto desse aluno e só após esse se pode emitir julgamento que contribua para tomar as decisões de como proceder o processo de ensino-aprendizagem e que instrumento irá medir o aprendizado. Porém, não se limita somente a medir, pois a medição pura e simples descreve a realidade nua e crua e é preciso refletir individualmente sobre cada aluno avaliado. Refletir não pode ser confundido com o ato de pensar, pois a reflexão é bem mais que isso. Ela acontece de uma forma individual (subjetiva) a fim de buscar uma resposta ao problema de uma forma geral (objetiva) (SAVIANI, 2000, p.79). Do processo avaliativo espera-se que seja coerente com os objetivos esperados / pensados e com a perspectiva filosófica e pedagógicaadotada. Segundo assevera Luckesi (2002), o modelo mais comum em nossas escolas é o “tradicional”, que traz preocupação com a objetividade dos resultados e dos instrumentos de avaliação. 26 A ênfase atribuída à avaliação do conhecimento realizada ao longo do semestre é a principal preocupação do aluno e do professor, ou seja, aprovação ou reprovação. Contudo, após a avaliação, há pouca participação dos sujeitos envolvidos; a ênfase deve estar na avaliação do resultado demonstrado pelo aluno. Behrens (2005) menciona que na prática a avaliação, busca respostas prontas, e quando as perguntas são propostas e objetivam respostas pré-determinadas não possibilitam a formulação de novas pergun- tas. Este fator impede os alunos de serem criativos, reflexivos e questionado- res. A avaliação, de maneira geral, única e bimestral, contempla questões que envolvem a reprodução dos conteúdos propostos, enfatizando e valorizando a memorização, a repetição e a exatidão, perguntas que envolvem reprodução buscam respostas prontas, ela é única e bimestral impede aos alunos ao ques- tionamento, valorizando a memorização (BEHRENS, 2005, p. 46). Denota-se, assim, que o paradigma tradicional enfatiza a memorização por meio da repetição, sendo o aluno um sujeito passivo que absorve conteúdos e os reproduz sem reflexão, questionamentos ou influência no processo de ensino-aprendizagem. De acordo com Pimenta (2000), a avaliação no tradicional concebe que, [...] o homem com aptidões naturais, nascidas com ele, o homem só pode de- senvolver-se por meio de uma disciplina rígida que possibilite o afloramento de suas aptidões com o decorrer do crescimento físico. Nesse sentido, é pre- ciso apenas colocá-los no caminho correto para que se completem, o que sig- nifica para essa pedagogia o processo de libertação (PIMENTA, 2000, p. 70). O pensamento de Pimenta (2000) vai ao encontro das ideias de Behrens (2005), observando que a pedagogia tradicional se baseia na disciplina rígida e no autoritarismo que visa ao desenvolvimento humano. Um outro modelo, menos presente na atualidade, é o “democrático e participativo”, no qual são valorizados aspectos qualitativos da aprendizagem e não somente a avaliação do produto, mas sim todo o processo educacional. Nesse sentido, há maior participação dos sujeitos envolvidos. A Lei 9394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), quando trata da avaliação na Educação Básica, no Artigo 24, inciso V, diz que a verificação do rendimento escolar conforme dispõe a alínea a “Avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre o de eventuais provas finais” (BRASIL LDB, 9.394, 1996). Portanto, a LDB indica o modelo democrático e participativo e como deve ser utilizado, pelo menos na Educação Básica. 27 2.2 Funções da Avaliação Como parte integrante do processo didático de ensino, a avaliação não deve ocorrer somente no final do processo, pois ela tem que fazer parte de todo o processo, do início ao fim, objetivando alinhar os parâmetros necessários para um planejamento de aula efetivo. Nesse percurso serão colhidos os subsídios para a tomada de decisões que irão direcionar o rumo do trabalho pedagógico. A avaliação no processo de ensino e aprendizagem tem função diagnóstica, formativa ou somativa. A função diagnóstica enseja a elaboração de um projeto que fornecerá as informações do contexto em que o trabalho pedagógico será realizado, definindo também os sujeitos participantes. Segundo Kraemer (2006), a avaliação diagnóstica é baseada em averiguar a aprendizagem dos conteúdos propostos e dos conteúdos anteriores que servem como base para criar um diagnóstico das dificuldades futuras, permitindo resolver situações presentes. Assevera Blaya como destaque à avaliação diagnóstica: Avaliação Diagnóstica tem dois objetivos básicos: identificar as competências do aluno e adequar o aluno num grupo ou nível de aprendizagem. No entanto, os dados fornecidos pela avaliação diagnóstica não devem ser tomados como um "rótulo" que se cola sempre ao aluno, mas sim como um conjunto de indi- cações a partir do qual o aluno possa conseguir um processo de aprendizagem (BLAYA, 2007 p. 23). Nesse sentido, denota-se a ênfase em identificar os conteúdos e competências do aluno com o intuito de nivelá-lo no processo diagnóstico do conhecimento. Ainda no olhar de Gil, [...] constitui-se num levantamento das capacidades dos estudantes em rela- ção aos conteúdos a serem abordados. Com essa avaliação, busca-se identifi- car as aptidões iniciais, necessidades e interesses dos estudantes com vistas a determinar os conteúdos e as estratégias de ensino mais adequadas (GIL, 2006, p. 247, p. 23) Assim como os outros autores, Gil assevera que o conteúdo deve ser voltado para as aptidões dos estudantes. Perrenoud (2000) cita que existem mais de 50 competências a serem alcançadas pelos professores e elenca as 10 principais. Indiscutivelmente, o professor precisa organizar e estimular diferentes situações de aprendizagem, gerando progressão e envolvendo os alunos no contexto das aulas. Este fato nos leva a defender a necessidade da formação continuada, para que os professores 28 sejam os protagonistas na busca do desenvolvimento de novas habilidades a fim de torná-los competentes. A função formativa busca captar as possibilidades e dificuldades que forem aparecendo durante todo o processo educacional, visando à tomada de providências para evitar erros ou corrigi-los a tempo. Deve fornecer informações a todo momento do que está ocorrendo. Os resultados precisam mostrar as necessidades de mudança ou rever as decisões. Para Blaya, a avaliação formativa é: A forma de avaliação em que a preocupação central reside em coletar dados para reorientação do processo de ensino-aprendizagem. Trata-se de uma "bússola orientadora" do processo de ensino-aprendizagem. A avaliação for- mativa não deve assim exprimir-se através de uma nota, mas sim por meio de comentários (BLAYA, 2007, p. 28) Nessa dialógica, a autora destaca a importância da avaliação formativa como um instrumento de coleta de dados, objetivando a reorganização do processo de ensino-aprendizagem. A função somativa ocorre ao final do processo de trabalho desenvolvido, ou seja, bimestre, semestre, etc. A preocupação nessa função é o resultado, que se traduz no produto alcançado. Gil (2006) descreve a função somativa como: Uma avaliação pontual, que geralmente ocorre no final do curso, de uma dis- ciplina ou de uma unidade de ensino, visando determinar o alcance dos obje- tivos previamente estabelecidos. Visa elaborar um balanço somatório de uma ou várias sequências de um trabalho de formação e pode ser realizada num processo cumulativo, quando esse balanço final leva em consideração vários balanços parciais (GIL, 2006, p. 248). Ou seja, o autor denuncia o propósito da avaliação somativa, ensejando que é classificatória e objetiva entregar um certificado. No cotidiano escolar é comum utilizar as três funções, pois analisa-se o conhecimento do aluno (diagnóstica), acompanha-se o processo para evitar e corrigir erros que prejudicarão o sucesso do trabalho (formativa) e verifica-se o resultado após a realização do estudo por meio de notas e/ou outros conceitos atribuídos aos discentes (somativa). Essas três funções são interdependentes, mas utiliza-se cada uma delas em um momento específico do processo escolar educacional, com maior ou menor ênfase, conforme a necessidade verificada. Reitera-se que que a avaliação deve estar no ponto de partida do trabalho pedagógico, pois verifica-se que, conforme o processo é concluído, reafirma-se que não há como não utilizar as três funções da avaliação. 29 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo analisou os diferentesconceitos, modelos e funções da avaliação tecendo um contraponto do modelo tradicional com o processo de avaliação na Educação a Distância e como ela se torna subsídio para a aprendizagem. Para a fundamentação teórica utilizamos autores que discutem esse processo e a aprendizagem significativa, que foram de suma importância para a realização do estado do conhecimento, principalmente em autores referenciados que, em suas obras, trataram de avaliação. Neste estudo compreendemos, a partir dos referenciais analisados, a grande importância do processo de avaliação para o diagnóstico do ensino- aprendizagem, mas que ele não deve ser utilizado como único meio, de maneira isolada, mas constituir um procedimento contínuo que envolva, dentre outras coisas, a observação na sala de aula. O modelo tradicional apresenta uma concepção de que o processo avaliativo tradicional classifica, por meio de nota, um aluno que, em tese, compreendeu o conteúdo. Contudo, verificou-se a importância do tema e como a sua discussão ainda deve ser perpetuada entre educadores e alunos que, por vezes, podem confundir o seu significado, acreditando que a avaliação seja um instrumento para passar o aluno por meio da reprodução de conteúdo, sendo esquecido o seu significado real. Esse instrumento, que é também um recurso, revela-se valioso para o ambiente escolar como uma forma de avaliar o aprendizado do aluno, fornecendo um diagnóstico para que o professor possa planejar o seu processo de intervenção para que a aprendizagem possa ocorrer. Pode ser considerada uma via de mão dupla, pois, por meio da avaliação, o aluno também reflete, possibilitando um possível diagnóstico dele sobre os conhecimentos adquiridos no semestre letivo; e o professor pode refletir sobre a sua própria prática pedagógica e constantemente autoanalisar-se no proceder da melhoria do processo de ensino-aprendizagem. Portanto, a avaliação como ferramenta de verificação do conteúdo aprendido é limitada, uma vez que só constitui coleta de informações sobre o conteúdo passado e o que o aluno conseguiu decorar. Essa ação precisa ser revista para ampliar as possibilidades de aprendizagem de conteúdos não assimilados ou não percebidos, assim, o professor poderá considerar aspectos de inferência nos resultados sem se limitar a produzir uma medida de classificação, que é, ainda hoje, o método praticado. Dessa forma, por conta deste estudo e da reflexão, compreende-se a importância da avaliação como um instrumento crítico-reflexivo que permite ao docente pensar em mudanças significativas na sua prática pedagógica, reconhecendo na avaliação uma contribuição para o seu saber. 30 Sem querer esgotar a questão, este estudo mostrou as especificidades do processo de avaliação e denota que este, como proposto no modelo tradicional, não tem mais lugar. O docente percebe que é necessário compreender a sua significância diagnóstica, tanto para ele mesmo quanto para o aluno que, especialmente na educação a distância, tem a autogestão do seu conhecimento, entendendo a questão-problema e o objetivo principal. REFERÊNCIAS BEHRENS, Marilda Aparecida. O Paradigma emergente e a prática pedagógica. 4ª Edi- ção, Curitiba, PR: Editora Universitária Champagnat. 2005. BLAYA, Carolina. Processo de Avaliação. Disponível em: http://www.ufrgs.br/tramse/ med/textos/2004_07_20_tex.htm, Acesso em: 16 nov. 2019. BRASIL. LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Saraiva, 1996. DEMO, Pedro. Avaliação qualitativa. 6ª Edição, Campina, SP: Autores Associados, 1999. GIL, Antonio Carlos. Didática do ensino superior. São Paulo: Atlas, 2006. _______. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª edição, São Paulo. Atlas, 2002. KRAEMER, Maria Elisabeth Pereira. Avaliação da aprendizagem como construção do saber. 2006. LIBÂNEO, José Carlos. Didática.4 ed. São Paulo, Cortez,1994. LUCKESI, C.C. Avaliação da Aprendizagem Escolar: estudos e proposições. São Paulo, Cortez, 1995. ________. Avaliação da Aprendizagem Escolar. 14 ed. São Paulo: Cortez, 2002. PIMENTA, Selma Garrido. Saberes pedagógicos e atividade docente. 2ª edição, São Paulo, SP Editora Cortez, 2000. PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar; trad. Patrícia Chittoni Ramos – Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. SANT’ANNA, Ilza Martins. Por que avaliar? Como avaliar? Critérios e instrumentos. 3ª Edição, Petrópolis, RJ: Vozes, 1995. SAVIANI, Dermeval. A filosofia na formação do educador. In Educação: do senso co- mum à consciência filosófica. 13 ed. Campinas, SP, autores associados, 2000. VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Avaliação: concepção dialética-libertadora do pro- cesso de avaliação escolar. São Paulo: Libertad, 1995. 31 ADOÇÃO DE MÉTODOS ATIVOS NAS AVALIAÇÕES EM EAD GISELE ESTEVES PRADO PRICILA DE SOUSA ZARIFE RESUMO A adoção de métodos ativos vem sendo bastante incentivada em diferentes níveis e mo- dalidades de ensino. Diante disso, reflete-se sobre a adoção de métodos ativos nas avali- ações em cursos da modalidade Educação a Distância (EaD). Trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica realizada em diferentes bases de dados. Os resultados indicaram que, entendendo avaliação como um processo de construção, a adoção de métodos ativos na EaD pode ocorrer em diferentes perspectivas, transformando o processo avaliativo por meio da proposição de situações de aprendizagem que estimulem a compreensão e a construção ativa de conhecimentos. Ainda, possibilitando a adoção de diferentes ferra- mentas, estes métodos fomentam o desenvolvimento de uma ampla gama de competên- cias em estudantes e docentes. Palavras-chave: Métodos ativos de aprendizagem. Avaliação da aprendizagem. Educa- ção a Distância. 1 INTRODUÇÃO Este artigo tem como tema a adoção de métodos ativos nas avaliações em cursos da modalidade Educação a Distância (EaD). Este tema se justifica no fato de que os métodos ativos vêm sendo colocados em posição de destaque na área de Educação, ao atribuir ao cursista status de protagonista em seu processo de aprendizagem, especialmente diante de um forte movimento de questionamento dos modelos tradicionais de ensino focados em transmissão e avaliação invariáveis de informação para todos os cursistas (MORAN, 2018). A questão que move esta pesquisa é indagar: quais são as vantagens da adoção de métodos ativos nas avaliações em cursos da modalidade EaD? O delineamento adotado se caracteriza como uma pesquisa bibliográfica. Esta modalidade de pesquisa consiste na análise de materiais já publicados, 32 especialmente artigos científicos e livros acadêmicos, por se tratar de fontes de maior confiabilidade em decorrência das avaliações a que são submetidas. A vantagem basilar deste tipo de pesquisa envolve a possibilidade de cobertura ampla de uma série de fenômenos, que dificilmente se obteria por meio de pesquisa direta (GIL, 2018a). O procedimento de coleta de dados desta pesquisa foi iniciado com o levantamento de dados em diferentes bases, tais quais Google Acadêmico, Portal de Periódicos Capes e Minha Biblioteca, de modo a obter materiais confiáveis, teóricos e empíricos, sobre as vantagens da adoção exitosa de métodos ativos nas avaliações em cursos da modalidade EaD. Conforme Garani (2015) menciona em seu artigo, o uso de métodos ativos envolve essencialmente apresentar ao participante um problema, ou uma situação, para que ele encontre uma solução. Desta forma, é solicitado ao participante que encontre tal solução confrontando pontos de vista e refletindo até que chegue a uma conclusão. Nesta operação, ao educador ou condutor da experiência cabe atuar como incentivador da aprendizagem, adaptando o processo às capacidades e limitações dos participantes, promovendo cooperação e iniciativa entre eles e conduzindo a experiência de modo que não haja fuga do objetivo proposto (MERCADO,2016). Existem diferentes métodos ativos aplicados nos ambientes escolares, tais quais jogos que podem ser acessados on-line (Kahoot! e Socrative), Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP), simulações laboratoriais, práticas vivenciais, entre outros. De acordo com Garani (2015), com a utilização dos métodos ativos, a avaliação passa a ter caráter formativo e qualitativo, constituindo-se como um processo contínuo e sistemático, e não esporádico ou de surpresa, pois servirá como base para tomadas de decisões no sentido de construir com e nos educandos conhecimentos, habilidades e hábitos que possibilitem o seu efetivo desenvol- vimento, através da assimilação ativa do legado cultural da sociedade (LUCKESI, 2008, p. 38). Com este sistema de avaliação, o estudante passa a ser visto e tratado como um ser integrado e inteiro, já não mais isolado e visto de forma compartimentada. Por meio destes métodos, é possível detectar as dificuldades de aprendizagem para que ações pedagógicas pontuais e individualizadas possam ser adequadamente adotadas. Garani (2015) ainda menciona que o uso dos métodos ativos não deve se restringir ao ensino presencial, constituindo-se uma estratégia adequada também para a aprendizagem nos ambientes virtuais. Dentre as várias vantagens da Educação a Distância (EAD), a principal é oferecer acesso ao conteúdo por meio do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) em qualquer 33 local, bastando ter um aparelho móvel de comunicação com acesso à internet. Dentro do AVA, os fóruns de discussão são os mais indicados para promover tal desafio aos cursistas. Neles, é possível, carregar vídeos propriamente selecionados, apresentar provocações e fomentar os cursistas a manterem uma discussão sobre o assunto proposto, levando a sala à construção de um conhecimento coletivo acerca do tema tratado. O objetivo principal é que os participantes utilizem experiências do seu cotidiano, levando em conta seus conhecimentos prévios. A organização do presente trabalho se dará em três partes. Inicialmente, serão apresentados os principais conceitos envolvidos no tema proposto, a saber: aprendizagem, avaliação, métodos ativos de aprendizagem e educação a distância, bem como a importância de cada um deles. Em seguida, serão analisadas as vantagens de adoção de métodos ativos nas avaliações em cursos da modalidade EAD. Por fim, serão apresentadas as considerações finais baseadas nos resultados encontrados, sinalizando a contribuição do presente trabalho e propondo uma agenda de pesquisa. 2 CONCEITOS ESSENCIAIS EM EDUCAÇÃO Há décadas, pesquisadores e profissionais de diferentes áreas se dedicam a investigar as maneiras como os seres humanos aprendem com suas experiências no mundo (GERRID, 2013). 2.1 Aprendizagem Aprendizagem pode ser entendida como um processo baseado na experiência que resulta em uma mudança relativamente permanente no comportamento (GERRID, 2013; FELDMAN, 2015). Este processo está atrelado à existência de condições essenciais, como aspectos mentais, físicos, sensoriais e sociais (PRADO NETTO; COSTA, 2017), indicando a importância tanto da maturação biológica (idade) quanto da interação com o contexto (experiência) (FELDMAN, 2015). Na Psicologia, por exemplo, a aprendizagem é um dos temas mais investigados, haja vista que boa parte dos comportamentos é reconhecidamente aprendida (PRADO NETTO; COSTA, 2017). Esta pluralidade de áreas de investigação originou uma série de teorias de aprendizagem que proporcionaram diferentes e destacáveis contribuições à educação (PRADO NETTO; COSTA, 2017). Dentre as teorias de aprendizagem, algumas tradicionalmente vêm recebendo destaque. Uma delas é a abordagem comportamentalista de Watson e Skinner, com sua ênfase no papel preditor do ambiente para o comportamento e suas noções de condicionamento clássico 34 (associação entre estímulos neutro e não condicionado) e operante (associação entre comportamento voluntário e suas consequências), respectivamente. Na abordagem social cognitiva, tem-se a aprendizagem vicariante, proposta por Bandura (1969), que busca explicar que boa parte do comportamento humano ocorre a partir da observação do comportamento exibido por outra pessoa ou modelo, culminando em sua imitação (FELDMAN, 2015). Na abordagem construtivista, destaca-se o papel da interação social como fulcral para o desenvolvimento cognitivo do sujeito (BARBOSA, 2012), sendo que o conhecimento é elaborado por ele, a partir de suas experiências. Enquanto a proposta teórica desenvolvida por Jean Piaget enfoca a (inter)ação do indivíduo sobre o objeto de seu conhecimento, para Vygotsky, a interação social, juntamente com a cultura e a linguagem, influencia fortemente a aprendizagem (LINS, 2003). Tem-se que as teorias de aprendizagem buscam estabelecer relações com as atividades pedagógicas e discutir como as teorias se relacionam criticamente com as práticas dos profissionais de educação (PRADO NETTO; COSTA, 2017). Por isto, a importância de constantemente embasar a atuação prática na teoria, bem como pautar as investigações teóricas em questões da prática cotidiana. 2.2 Didática Na atualidade, são muitas as conceituações atribuídas à palavra didática, com forte tônica à definição enquanto “ciência, técnica ou arte de ensinar” (GIL, 2018b, p. 2). Ainda, pode ser entendida como “parte da Pedagogia que trata dos preceitos científicos que orientam a atividade educativa de modo a torná-la mais eficiente” (HOUAISS, 2001), destacando especialmente a intervenção planejada de adultos no processo de aprendizagem de crianças, jovens e outros adultos (GIL, 2018b). Enquanto disciplina, a didática é bastante reconhecida pelo tom polêmico que a acompanha. Ao longo da história, especialmente diante de mudanças sociais e tecnológicas, as perspectivas de didática foram se modificando. Destacam-se três perspectivas básicas: a tradicional, a Escola Nova, a tecnicista (GIL, 2018b). Na perspectiva da tradicional, os docentes tendiam a serem vistos como detentores únicos do saber, incumbidos de transmitir seu conhecimento aos estudantes, levados a adotar postura passiva, de meros ouvintes (GUIMARÃES, 2009), culminando na recepção e reprodução de conteúdo. Baseada na transmissão e reprodução verbal dos conteúdos, muitas vezes desconectados da realidade, aqui se promovia uma formação para a competência em elementos que uma boa parte dos estudantes não necessitariam em seu cotidiano (ZABALA; ARNAU, 2016). 35 Em diferentes partes do mundo, uma série de profissionais de educação realizaram questionamentos a esta perspectiva, culminando na eclosão de diferentes movimentos alternativos de reforma escolar, dentre eles, a Escola Nova (ZABALA; ARNAU, 2016; GIL, 2018b). A didática escolanovista defendia a importância de considerar os interesses espontâneos dos estudantes, valorizando elementos como liberdade e individualização. Assim, a postura, antes passiva do estudante frente aos docentes, transforma-se em ativa (o sujeito aprende melhor por si próprio), voltando o olhar para este estudante, seus interesses, suas necessidades e motivações para a aprendizagem (CASTRO, 2018), combinadas aos interesses e ações concretas de seus colegas. Aqui, a função do docente é incentivar, orientar e proporcionar situações de aprendizagem em que a atividade global do estudante seja estimulada, fomentando a manifestação de suas atividades, sejam verbais, escritas, artísticas ou de qualquer natureza, em seu lugar de estudante ativo e investigador (GIL, 2018b). Ao questionar os métodos de ensino, a didática escolanovista deu-lhes status supervalorizado e abriu margem ao surgimento de um novo modelo didático na metade do século XX, denominado didática tecnicista (MALHEIROS, 2017). Tal movimento assumiu posição fulcral no discurso educacional, privilegiandométodos e técnicas de ensino na busca pela eficiência da aprendizagem, passando até mesmo a confundir-se com metodologia de ensino, tamanha a ênfase nos métodos e estratégias. Como exemplo, tem-se a ênfase na “elaboração de planos de ensino, a formulação de objetivos instrucionais, a seleção de conteúdo, as técnicas de exposição e de condução de trabalhos em grupo e a utilização de tecnologias a serviço da eficiência das atividades educativas” (GIL, 2018b, p.3). Os principais questionamentos direcionados à didática instrumental se originam de educadores da didática crítico-social dos conteúdos (LIBÂNEO, 1994), focados especialmente na necessidade de um projeto de sociedade pautado no papel da escola enquanto agente transformador da realidade, instrumentalizando os estudantes de modo que possam transformar sua realidade (GIL, 2018b). Ainda, os subsídios metodológicos da abordagem tecnicista serviam para que os docentes ensinassem bem seus estudantes, mas não os incentivavam questionamentos sobre a serviço do que e de quem se ensinava (OLIVEIRA; ANDRÉ, 2011). 2.3 Métodos Ativos de Aprendizagem Desde que nascem as pessoas são levadas a aprender ativamente, a partir de situações concretas ou de ideias, enfrentando desafios dos mais simples aos mais complexos, e ampliando suas percepções, conhecimentos e habilidades 36 (MORAN, 2018). As perspectivas didáticas mais atuais consideram esta realidade, voltando-se para o desenvolvimento e a aprendizagem ativos dos estudantes. Os métodos de aprendizagem baseados no questionamento e na experimentação vêm se mostrando mais efetivos e possibilitam uma compreensão mais ampla e aprofundada do objeto estudado, valendo-se da indução. Apesar disso, os métodos mais preponderantes no ensino ainda são dedutivos, com o docente apresentando inicialmente os aspectos teóricos, para somente depois os estudantes aplicá-los em casos específicos. Todavia, percebe- se nos últimos anos uma maior abertura para a combinação de modelos híbridos, buscando as vantagens de métodos indutivos e dedutivos conjuntamente (MORAN, 2018). Métodos ativos dizem respeito a ferramentas que fomentam a inserção do estudante em um contexto no qual ele se configura como o principal responsável pelo conhecimento que adquire. Eles possibilitam um maior contato do estudante com os problemas e soluções que fazem parte da realidade em que ele vive (WATTÉ et al., 2018), tornando a aprendizagem mais significativa. Comprometidos com uma transformação no ensino, tais métodos buscam fazer da aprendizagem algo mais dinâmico, com aulas que promovam maior participação e interesse dos estudantes (WATTÉ et al., 2018). Dentre estes métodos, destaca-se a aprendizagem baseada em equipes, a aprendizagem baseada em problemas e a gamificação. A aprendizagem baseada em equipes (ABE) diz respeito a uma ferramenta ativa que fomenta a realização de estudos (e, consequentemente, a integração) com outros estudantes (WATTÉ et al., 2018). Dentre suas vantagens, tem-se aumento de leituras prévias, da frequência escolar e do desempenho acadêmico, construções de laços interpessoais e desenvolvimento da habilidade de trabalhar em equipe (MICHAELSEN; SWEET, 2008). A aprendizagem baseada em problemas (ABP) consiste na realização de discussões em pequenos grupos com vistas à resolução de um problema (COSTA et al., 2018). Baseado na contextualização e na postura autônoma dos estudantes, o objetivo deste método é fomentar o desenvolvimento de hábitos de estudo e raciocínio por meio de experiências reflexivas com foco em situações plausíveis. Como resultados, tem-se o aumento do desempenho escolar, da autonomia na aprendizagem e do trabalho em equipe, tal qual é suscitado na realidade profissional (FREITAS, 2012). Por fim, a gamificação consiste na adoção de elementos de jogos em atividades de não jogos (FADEL; ULBRICHT, 2014), como o processo de ensino- aprendizagem. Sua aplicação mais comum neste contexto envolve a adoção de materiais e dinâmicas já existentes, nas quais foram acrescentadas 37 características de jogos, tais quais pontuações e crachás. Todavia, para sua adoção efetiva, é imprescindível compreender os interesses, as necessidades e motivações do público-alvo, de modo a planejar atividades gamificadas coerentes (ARAÚJO, 2016), incluindo se o meio será on-line, como Kahoot! e Socrative, ou off-line, como papel e caneta ou cartolina. 2.4 Avaliação Apesar de se configurar como parte crucial do processo de aprendizagem, a avaliação constitui um aspecto de delicado planejamento e realização. A avaliação no contexto educacional pode ser definida como uma análise sistêmica realizada com vistas a aferir qualitativamente e/ou quantitativamente as ações/atividades desempenhadas, bem como os resultados apresentados, com vistas a embasar a tomada decisão quanto às próximas etapas a serem realizadas (SANTOS, 2016). Apesar de a forma de avaliação estar intimamente ligada à perspectiva didática adotada, tem-se que, tradicionalmente, a ferramenta mais comum de avaliação é a aplicação pontual de provas escritas e a atribuição de notas ao material apresentado. Isto implica em uma forma de estabelecer autoridade em relação ao estudante (GIL, 2018b), haja vista que o grau de relevância das atividades e comportamentos apresentados pelos estudantes tende a ser atribuído unicamente pelo/a docente. Todavia, o processo de ensino-aprendizagem não deve ser concebido como uma simples e mecânica transferência linear de conteúdos curriculares predeterminados pelo docente (detentor do saber) para o estudante (desprovido de saber). Ao concebê-lo enquanto um processo de construção de significados criados e associados ao momento histórico em que ocorre, compreende-se que, ao mesmo tempo, ocorrem o ensino, a aprendizagem e a avaliação (SILVA, 2013). A avaliação não deve se configurar um elemento pontual, tampouco utilizado unicamente com vistas à mera classificação dos estudantes, ao passo que o ato de avaliar não se encerra na atribuição de pontuação ao objeto apresentado (LUCKESI, 1998). A avaliação deve ser entendida como um elemento mais amplo, haja vista seu caráter de construção do processo de ensino-aprendizagem. Neste ínterim, a avaliação da aprendizagem precisa ser concebida tal qual um processo pedagógico intencional, que envolve docentes e estudantes no mapeamento de seus percursos de aprendizagem, conferindo status dinâmico, inclusivo e crítico da realidade (SANTOS; ARAÚJO, 2012) e realimentando o ciclo de aprendizagem ao auxiliar na tomada de decisão e na posterior ação frente ao apresentado. 38 A partir destas reflexões, diferentes propostas de avaliação ativas são apresentadas, enfocando diferentes aspectos da aprendizagem: conhecimentos, habilidades e atitudes. Ao avaliar conhecimentos dos estudantes, tem-se uma gama de ferramentas como portfólio (registros pessoais, de produção em sala e trabalhos elaborados pelos estudantes em um dado período, somado ao processo de reflexão da aprendizagem), gamificação (utilização de jogos educativos), narrativas (mistura de técnicas de comunicação para que cada estudante transmita seus conhecimentos, como relatos de experiências) e mapas conceituais (ferramenta gráfico-visual para organizar e associar ideias e conceitos) (BELLAVER, 2019). Em se tratando de habilidades, tem-se outras ferramentas, tais quais exame clínico objetivo estruturado (ferramenta adotada na área da saúde para avaliar a habilidade clínica do estudante por meio da observação direta de sua performance e interação com o paciente), avaliação global (ferramenta para identificação e explicação dos pontos fortes e de melhoria do estudante) e análise situacional (ferramenta de apresentação de cenário para avaliação da capacidade de tomada de decisão). Por fim, para avaliar as atitudes
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