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RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL
A recuperação extrajudicial está previsto nos assuntos 161 a 167 da LREF. Existem duas modalidades: a recuperação extrajudicial facultativa, que é quando todos os credores que passam a fazer parte do plano aceitam o plano, todo mundo que quer, 100 % de aceitação, e tem outra modalidade que é a modalidade impositiva, que é possível você incluir no plano, nesse procedimento, credores (?? inaudível) que não aceitaram o plano, desde que você atinja um quórum determinado na própria lei.
Apesar de se chamar recuperação extrajudicial, a recuperação extrajudicial é, na verdade, judicial, porque você tem que judicializar para adotar esse procedimento. A grande diferença desse modelo para o modelo geral é que, antes do protocolo de qualquer ação, a empresa já vai negociar com os credores para saber quem são os credores que aceitam a recuperação, já faz o plano, já assina o plano, tudo antes de dar entrada no processo, e só depois dá entrada no processo. Por isso, chama-se recuperação extrajudicial, porque a fase de negociação do plano e de sua aceitação é antes do ingresso da ação. Mas a recuperação extrajudicial é judicial também porque você tem que ingressar com uma ação de recuperação extrajudicial.
Já que a lei permite essa negociação, no âmbito do processo de recuperação extrajudicial, fora do judiciário, é possível você fazer um negócio jurídico, um acordo, com os credores sobre a recuperação da empresa e não levar para homologação e isso valer? É possível sim. É um negócio jurídico, uma novação coletiva com os credores. E qual a diferença, então, de levar e não levar à homologação do juiz? O que a homologação faz? Qual seu efeito? A homologação do juiz transforma o plano em título executivo judicial. Se você não levar para homologação, ele vai ser um negócio jurídico, se tiver duas testemunhas assinando (provavelmente vai ter), considerado título executivo extrajudicial. Então se você levar ao juiz, é porque você quer que isso se transforme em título executivo judicial.
Vamos agora fazer uma análise comparativa desse procedimento com a recuperação judicial. Primeiro, a recuperação extrajudicial é mais flexível, porque a empresa poderá negociar com os credores sem a pressão do procedimento geral. Porque no procedimento geral, ela tem que negociar com os credores até a data da AGC. Aqui, como ela negocia antes de dar entrada, não há prazo para as negociações. Há também uma simplificação de quórum. Só faz sentido falar de quórum se tiver na modalidade impositiva, porque na modalidade facultativa todo mundo é credor. Todo mundo faz parte do plano, porque aceitou o plano. O quórum aqui (recuperação extrajudicial) é um quórum mais simples, de 3/5, ou seja, 60% de cada espécie de crédito ou grupo com créditos característicos semelhantes. Também há mais celeridade porque o procedimento contém menos partes: não haverá AJ nem AGC. Existe um menor custo, consequentemente, por causa disso e também o desgaste da imagem da empresa em recuperação é menor. Outra diferença é que na recuperação extrajudicial há uma menor intervenção do Judiciário (do Estado), na empresa, porque, ainda que no procedimento geral a regra é que os sócios administradores não serão afastados da empresa, ainda sim há a possibilidade, e a própria lei de recuperação prevê a possibilidade você de afastar os sócios administradores. Na recuperação extrajudicial não há esse possibilidade. E há um menor risco porque no procedimento de recuperação extrajudicial não há a hipótese de convolação em falência.
Quem é que pode pedir a recuperação extrajudicial? Os requisitos são os menos de quem pode pedir a recuperação judicial. Isso está no Art. 161, caput. Além dos mesmos requisitos, há também requisitos próprios, específicos, que são requisitos negativos, previstos no Art. 161, §3º, da LREF:
§ 3o O devedor não poderá requerer a homologação de plano extrajudicial, se estiver pendente pedido de recuperação judicial ou se houver obtido recuperação judicial ou homologação de outro plano de recuperação extrajudicial há menos de 2 (dois) anos.
O plano tem natureza contratual e não precisa abarcar todos os créditos possíveis de cobertura. Então, todos os créditos que podem entrar no plano não necessariamente vão entrar no plano; quem vai decidir isso é a empresa que está em recuperação. E isso também se aplica ao procedimento geral da recuperação judicial: você pode deixar de fora alguns credores do plano de recuperação. E qual a consequências de vocês deixar eles de fora? O crédito deles não vai ser alterado. Os defeitos do plano só são relativos à créditos que foram constituídos até o pedido da homologação. Após isso, não poderão entrar no plano de recuperação. E existe a impossibilidade de modificação dos créditos que não foram incluídos.
Quais são os créditos que não se sujeitam ao plano de recuperação extrajudicial? São os mesmos que não se sujeitam à recuperação judicial, além dos créditos trabalhistas e decorrentes de acidentes de trabalho. São restrições; não pode abarcar créditos trabalhistas. E por que isso? Porque, até individualmente no direito do trabalho, você só pode negociar com o trabalhador na audiência (dentro do processo). Aqui é exatamente a mesma coisa: você não pode negociar com o trabalhador fora do processo. Já na judicial pode porque as negociações estão sob fiscalização do Judiciário.
Em relação à forma, alei não estipula forma necessária a ser seguida, mas a doutrina recomenda que se observem os requisitos do Art. 53 da LREF (que trata da recuperação judicial). E o conteúdo, ou seja, os meios de recuperação, é livre. É diferente da recuperação judicial da ME e EPP que o conteúdo é taxativo. Mas esse conteúdo tem alguns limites. O primeiro limite é a impossibilidade de antecipação do pagamento de alguma dívida. Isso faz sentido porque como você vai antecipar se você ainda está negociando a dívida? O segundo limite é a impossibilidade de dar um tratamento desfavorável para os credores dos créditos que não se submeteram ao plano de recuperação. Além desses limites, há mais dois que são idênticos ao procedimento geral: que é, em relação ao bem objeto de garantia real, esse bem só pode ser alienado se o credor titular dessa garantia real concordar. Em relação ao crédito em moeda estrangeira, ele vai ter que se submeter à avaliação da moeda. Mas a conversão só pode ser fixada se o credor concordar.
A recuperação extrajudicial facultativa está prevista no Art. 162 da LREF. E ela é bem simples. Todos os credores incluídos no plano aceitaram o plano de recuperação. A empresa entra com a ação no Judiciário para homologar.
Art. 162. O devedor poderá requerer a homologação em juízo do plano de recuperação extrajudicial, juntando sua justificativa e o documento que contenha seus termos e condições, com as assinaturas dos credores que a ele aderiram.
Já a recuperação extrajudicial impositiva está no Art. 163 da LREF.
Art. 163. O devedor poderá, também, requerer a homologação de plano de recuperação extrajudicial que obriga a todos os credores por ele abrangidos, desde que assinado por credores que representem mais de 3/5 (três quintos) de todos os créditos de cada espécie por ele abrangidos.
 § 1o O plano poderá abranger a totalidade de uma ou mais espécies de créditos previstos no art. 83, incisos II, IV, V, VI e VIII do caput, desta Lei, ou grupo de credores de mesma natureza e sujeito a semelhantes condições de pagamento, e, uma vez homologado, obriga a todos os credores das espécies por ele abrangidas, exclusivamente em relação aos créditos constituídos até a data do pedido de homologação.
É interessante porque para entrar com esse tipo de recuperação, você faz o seguinte cálculo: vamos supor que a empresa tem uma dívida de R$ 2.000,00 e os créditos são quirografários. Vamos supor que a empresa, antes ela está negociando o plano, conseguiu convencer credores titulares de R$ 600,00. Para (?? eleger) um plano, o que é que você faz? Eu, que já consegui convencer R$ 600, posso tirar uma parte desses R$2000,00 e deixarde fora e posso escolher alguns credores para incluir no plano (?? para que representem 60%). Depois, é só fazer uma regra de 3. Fazendo os R$ 600,00 iguais a 3/5, tem-se que o valor do crédito que falta para eu impor o plano é de R$ 400,00. 
Em relação ao §1º, veja que na parte inicial ele não fala em classes, ele fala em espécies de crédito, então o que a gente tinha discutido nas outras aulas quando fala de classes – a classe III, por exemplo, que engloba credores quirografários, credores com privilégios gerais e credores com privilégios especiais – os quóruns são das classes. Aqui ele fala em “espécies de crédito”. Assim, os quóruns são das espécies. Só que depois ele fala o seguinte: “ou grupo de credores de mesma natureza e sujeito a semelhantes condições de pagamento”. Então é possível dentre uma espécie você dividir subgrupos. Por exemplo: dentre os credores quirografários, você pode separar aqueles que estão na classe das instituições financeiras e aqueles que não são instituições financeiras.
Em relação ao processamento, ela vai seguir o procedimento geral, no que couber. Diferentemente da recuperação judicial, a extrajudicial não gera prevenção em relação à eventual pedido de falência ou de recuperação judicial.
Os requisitos da petição inicial são os do Art. 162 da LREF:
  Art. 162. O devedor poderá requerer a homologação em juízo do plano de recuperação extrajudicial, juntando sua justificativa e o documento que contenha seus termos e condições, com as assinaturas dos credores que a ele aderiram.
Agora se você for na modalidade impositiva, tem que cumprir também os requisitos do Art. 163, §6º:
 	§ 6o Para a homologação do plano de que trata este artigo, além dos documentos previstos no caput do art. 162 desta Lei, o devedor deverá juntar:
        I – exposição da situação patrimonial do devedor;
        II – as demonstrações contábeis relativas ao último exercício social e as levantadas especialmente para instruir o pedido, na forma do inciso II do caput do art. 51 desta Lei; e
        III – os documentos que comprovem os poderes dos subscritores para novar ou transigir, relação nominal completa dos credores, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a indicação dos registros contábeis de cada transação pendente.
Caso falte algum desses requisitos, o juiz deve emendar a inicial. Se tiver tudo certo ele vai dar o despacho de processamento da recuperação e vai mandar publicar um edital publicizando que aquela empresa entrou em recuperação extrajudicial.
Perceba que na recuperação judicial, a empresa não precisa apresentar juntamente com a petição inicial o plano de recuperação. Ela tem o prazo de 60 dias depois do despacho de processamento para apresentar o plano de recuperação. Aqui não, porque a negociação é na fase anterior ao ajuizamento da ação. Então, ela tem que apresentar o plano junto com a petição inicial. Então, esse edital publicado já abre prazo para a impugnação dos credores, tanto na modalidade facultativa, quanto na modalidade impositiva. Percebam também que não tem AJ. Logo, a empresa devedora é que deve enviar as cartas comunicando aos credores que fazem parte do plano. Só que ela não precisa comprovar que as cartas foram entregues, só que enviou.
E quais são os efeitos do processamento da recuperação?
 § 4o O pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial não acarretará suspensão de direitos, ações ou execuções, nem a impossibilidade do pedido de decretação de falência pelos credores não sujeitos ao plano de recuperação extrajudicial.
Ou seja, haverá suspensão (stay period) das ações e execuções apenas para os credores que fazem parte do plano de recuperação. Agora, a lei não fala o período do “stay period”. Seu prazo será o determinado no plano de recuperação, portanto. Mas, na ausência de indicação do stay period no plano de recuperação, o stay period irá até o fim do processo. Não é o prazo de 180 dias!!
A adesão voluntária do credor ao plano acarreta, de imediato, a novação de seu crédito? A lei diz que o plano só produz efeitos após a homologação. Só que há a possibilidade de fazer acordo fora e não levar à homologação. Portanto, se tiver cláusula dizendo que aquele plano será levado para homologação judicial, só produzirá efeitos após a homologação. Mas, caso não possua tal cláusula, ele será um título executivo extrajudicial.
Na modalidade impositiva, a suspensão (o stay period) atinge a minoria dissidente antes da homologação? A doutrina entende que não. Só vai atingir quem concordou com o plano e só vai produzir efeitos em relação à minoria dissidente após a homologação.
Depois da publicação do edital, abre-se prazo de 30 dias para impugnação. A matéria de impugnação é taxativa:
 § 3o Para opor-se, em sua manifestação, à homologação do plano, os credores somente poderão alegar:
        I – não preenchimento do percentual mínimo previsto no caput do art. 163 desta Lei;
        II – prática de qualquer dos atos previstos no inciso III do art. 94 ou do art. 130 desta Lei, ou descumprimento de requisito previsto nesta Lei;
        III – descumprimento de qualquer outra exigência legal.
Perceba que esse dispositivo não fala em relação ao valor do crédito, por isso há precedente do TJ-SP autorizando a impugnação com base nesse fundamento, principalmente em relação ao credor dissidente na modalidade impositiva.
Depois do prazo de impugnação, abre-se prazo de 5 dias para a empresa devedora se manifestar sobre as impugnações. Há divergência na doutrina se essas impugnações são autuadas no processo principal ou se elas são autuadas separadas. A solução dependeria do que a parte requeresse, se no processo principal ou se separado.
Em relação à intervenção do MP, a LREF é omissa. Uma parte da doutrina diz que tem que haver intervenção do MP, outra parte diz que não precisa.
Depois desse prazo de 5 dias, o processo fica concluso para sentença e aí o juiz dá a sentença julgando as impugnações e deferindo e homologando o plano ou indeferindo o plano de recuperação extrajudicial. O recurso contra essa sentença é o recurso de apelação, sem efeito suspensivo. Diferente da sentença homologatória do plano de recuperação judicial que o recurso é agravo.
É possível recorrer da sentença para atacar o plano homologado para corrigir o valor de algum crédito? O TJ-SP tem precedentes aceitando que o recuros é agravo e há precedentes dizendo que é apelação.
Por fim, a consequência do descumprimento do plano de recuperação extrajudicial não é a convolação em falência. É só que o credor pode entrar com uma ação de título executivo judicial.

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