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Este material é parte integrante do curso online “Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). Com certificado online 80 horas Atualização em Hipertensão na Gestação Rachel Cardoso de Almeida Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). Atualização em Hipertensão na Gestação Rachel Cardoso de Almeida 80 horas Com certificado online SUMÁRIO APRESENTAÇÃO .............................................................................................................. 5 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 6 2.1 GESTAÇÃO DE RISCO ............................................................................................. 6 2.1.1 Ações voltadas a atenção humanizada durante o pré-natal .................................. 7 2.2 CONTEXTO EPIDEMIOLÓGICO DAS SÍNDORMES HIPERTENSIVAS ........... 8 2.3 MORTALIDADE MATERNA .............................................................................. 9 2.3.1 Conceito ................................................................................................................ 9 2.4 FATORES DE RISCO .......................................................................................... 11 CLASSIFICAÇÃO ............................................................................................................ 13 3.1 HIPERTENSÃO ARTERIAL CRÔNICA PREEXISTENTE ............................. 13 3.2 HIPERTENSÃO GESTACIONAL ...................................................................... 15 3.3 PRÉ-ECLÂMPSIA SUPERAJUNTADA ................................................................. 15 3.4 PRÉ-ECLÂMPSIA .................................................................................................... 16 3.5 ECLÂMPSIA ............................................................................................................ 17 3.6 SÍNDROME HELLP ................................................................................................. 18 ETIOPATOGENIA ........................................................................................................... 19 4.1 DESREGULAÇÃO IMUNOLÓGICA PRÉ-CONCEPCIONAL ............................. 19 4.2 PLACENTAÇÃO DEFEITUOSA ....................................................................... 19 4.3 DISFUNÇÃO ENDOTELIAL .................................................................................. 21 4.4 OUTRAS ALTERAÇÕES ........................................................................................ 21 FISIOPATOLOGIA .......................................................................................................... 22 5.1 ALTERAÇÕES RENAIS ..................................................................................... 22 5.2 ALTERAÇÕES VASCULARES E CARDÍACAS .............................................. 23 5.3 ALTERAÇÕES HEPÁTICAS ............................................................................. 23 5.4 ALTERAÇÕES CEREBRAIS ............................................................................. 23 5.5 ALTERAÇÕES SANGUÍNEAS .......................................................................... 24 5.6 ALTERAÇÕES HIDROELETROLÍTICAS ........................................................ 24 5.7 ALTERAÇÕES UTEROPLACENTÁRIAS ........................................................ 24 5.8 ALTERAÇÕES FETAIS ........................................................................................... 25 DIAGNÓSTICO ................................................................................................................ 25 6.1 PARÂMETROS CLÍNICOS E LABORATORIAIS ........................................... 26 6.2 PREDIÇÃO E PREVENÇÃO .............................................................................. 27 TRATAMENTO ................................................................................................................ 28 7.1 TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO .......................................................... 28 7.2 TRATAMENTO FARMACOLÓGICO .................................................................... 28 Cuidados durante a administração de sulfato de magnésio ......................................... 30 7.3 CONDUTA DURANTE A ECLÂMPSIA ................................................................ 30 CONDUTA OBSTÉTRICA .............................................................................................. 31 8.1 IDADE GESTACIONAL INFERIOR A 24 SEMANAS ......................................... 31 8.2 IDADE GESTACIONAL ≥ 24 SEMANAS E < 34 SEMANAS .............................. 31 8.3 IDADE GESTACIONAL ENTRE 34 E 37 SEMANAS .......................................... 31 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM ............................................................................. 33 9.1 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM ............................ 33 9.2 PROCESSO DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A GESTANTE COM SÍNDROMES HIPERTENSIVAS ESPECÍFICAS DA GESTAÇÃO ........................... 35 9.2.1 Histórico ou coleta de dados ............................................................................... 35 AVALIAÇÃO .................................................................................................................... 41 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 45 Unidade 1 – Apresentação 5 Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 01 APRESENTAÇÃO O período gestacional, em sua totalidade, é uma condição fisiológica na vida da mulher, mas que não está isenta do surgimento de agravos que afetem tanto a mãe quanto o feto, de modo que, o aparecimento dos mesmos, depende de características particulares de cada mulher, bem como as condições do meio em que está inserida. Desse modo, no decorrer desse curso iremos abordar aspectos importantes sobre as Síndromes Hipertensivas na Gestação e a assistência de enfermagem prestada a mulher. A organização deste curso está articulada para que ao final, o profissional participante do curso seja capaz de: Compreender os conceitos envolvendo as síndromes hipertensivas na gestação, mortalidade materna, bem como respectivos aspectos epidemiológicos; Discutir sobre a fisiopatologia, alterações sistêmicas, formas clínicas e sintomatologia das síndromes hipertensivas na gestação; Compreender os cuidados prestados frente as situações envolvendo as síndromes hipertensivas na gestação. Bons estudos! Atualização em Hipertensão na Gestação 6 Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 02 INTRODUÇÃO A gestação, é interpretada como um aglomerado de acontecimentos fisiológicos que progridem para a formação de um novo ser, sendo um período de grande importância na vida da mulher. Este processo é mediado por transformaçõesespecíficas que serão vivenciadas de maneiras diferentes por gestantes e família, determinados por muitas transições físicas e emocionais. Quando há uma evolução desfavorável, ou seja, quando surge alguma intercorrência que atinge a saúde materno-fetal, considera-se então, uma gestação de alto risco, e passa, a necessitar de uma assistência mais rigorosa e detalhada. Esse é o caso das síndromes hipertensivas específicas da gestação (SHEG), que caracterizam a principal causa de morbimortalidade materna no Brasil e podem ainda acarretar inúmeras complicações para o crescimento e desenvolvimento fetal. As síndromes hipertensivas específicas da gestação envolvem a união de sinais e sintomas geralmente de etiologia desconhecida e consiste em uma doença multissistêmica que costuma ocorrer na segunda metade da gestação, caracterizada por hipertensão, proteinúria e convulsão na sua forma mais grave (REZENDE, 2017). 2.1 GESTAÇÃO DE RISCO O período gestacional, é uma condição fisiológica na vida da mulher, mas que não está isenta do surgimento de agravos que afetem tanto a mãe quanto o feto, de modo que, o aparecimento destes agravos, depende de características particulares de cada mulher, bem como as condições do meio em que está inserida. Quando há uma evolução desfavorável, ou seja, quando surge alguma intercorrência que atinge a saúde materno-fetal, considera-se então, uma gestação de alto risco, que passa então, a necessitar de uma assistência mais rigorosa e detalhada. Unidade 2 – Introdução 7 Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). Dentre as intercorrências clínicas que mais afetam a mulher no período gestacional, podemos destacar a hiperêmese, as síndromes hemorrágicas, a hepatite B, a toxoplasmose, o diabetes mellitus, as infecções do trato urinário, a infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e sífilis, o trabalho de parto prematuro, a gestação prolongada, os eventos tromboembólicos, os distúrbios neurológicos, a amniorrexe prematura e as doenças hipertensivas, sendo esta última, a principal causa de morbimortalidade materna no Brasil. 2.1.1 Ações voltadas a atenção humanizada durante o pré- natal Desse modo, conhecer as estratégias oferecidas atualmente a gestante, traz uma reflexão, aos profissionais, sobre as conquistas já alcançadas e os desafios enfrentados, na busca de aperfeiçoar cada vez mais a atenção a saúde da mulher, não só no período gravídico, mas em todo o ciclo vital. Antes de 2000, ano de instituição do Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN) pelo Ministério da Saúde (MS), não havia nenhum modelo de assistência normatizado às gestantes no Brasil. O PHPN foi implantado por meio da Portaria/GM nº 569, com o intuito de melhorar a cobertura e a qualidade da assistência pré- natal, parto e puerpério estendendo os cuidados também ao recém-nascido. A partir de 2006, a Estratégia de Saúde da Família (ESF) teve início no Brasil, como um aprimoramento do Programa Saúde da Família (PSF) anteriormente utilizado, e buscou uma forma mais eficaz de reorganização da assistência na atenção primária, na intenção de apresentar melhores condições de saúde à população, além de reduzir custos com problemas de saúde aos cofres públicos e famílias. A implementação do PHPN junto ao crescimento da ESF é vista como uma das estratégias relevantes na redução da mortalidade materna no Brasil. Em 2011, o Ministério da Saúde, considerando a necessidade de adotar medidas destinadas a assegurar a melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto e puerpério e da assistência à criança até os 2 anos de idade, instituiu a Rede Cegonha no Brasil. Essa estratégia foi instituída no âmbito do SUS e fundamentada na humanização da atenção à saúde, e consiste em uma rede de cuidados para assegurar à mulher o direito ao planejamento reprodutivo e atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério, bem como assegurar à criança o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e desenvolvimento saudáveis. No âmbito da assistência em saúde ofertada a população, o pré-natal ganha destaque, por ser um conjunto de ações desenvolvidas às mulheres grávidas e aos recém-nascidos, com a finalidade de promover a saúde e prevenir agravos que possam ocorrer ao longo da gestação, além do acompanhamento de problemas já instalados, visando um prognóstico positivo. Sendo assim, o pré-natal torna-se uma ferramenta eficaz na redução das taxas de mortalidade materna e fundamental no diagnóstico precoce das doenças hipertensivas do período gestacional, bem como na prevenção da evolução para as formas mais graves. Atualização em Hipertensão na Gestação 8 Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). O pré-natal permite a detecção e tratamento precoce de complicações potenciais no período gestacional, bem como possui o papel de controlar os fatores de risco, com o objetivo de promover uma evolução favorável da gestação. Porém, a insuficiência na quantidade de consultas realizadas, têm se mostrado um grande fator de risco, pois as intervenções que caracterizam o pré-natal não são realizadas ou são realizadas tardiamente, o que aumenta o risco de mortalidade materna ou perinatal, principalmente no que se refere aos problemas hipertensivos. A assistência pré-natal é um momento único e oportuno para desenvolver as ações de educação em saúde, realizadas nas unidades de saúde por meio de grupos de gestantes ou individualmente, durante as consultas, permitindo a interação entre os profissionais e as gestantes, no qual constitui momentos de acolhimento, vínculos preciosos e trocas de experiências, além de tornar propício o esclarecimento de dúvidas. Conforme preconiza o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS), é direito de toda gestante, ter um mínimo de seis consultas intercaladas entre médico e enfermeiro, durante a gravidez, para que se busque uma evolução saudável desse período, um parto seguro e um diagnóstico precoce de qualquer intercorrência que possa surgir, visando a intervenção imediata. Posto isto, a assistência pré-natal engloba o atendimento de risco habitual e o de alto risco. Frente aos objetivos do pré-natal de risco habitual, implica na classificação dessa gestante por apresentar uma evolução saudável, sendo realizado o acompanhamento e prevenção de complicações para ela. Caso seja detectado algum fator, que interfira na saúde materno-fetal, a mulher é referenciada ao serviço especializado, para um acompanhamento mais detalhado. Já as gestações consideradas de alto risco, demandam uma assistência mais atenta e diferenciada, oferecida nos centros de referência, onde são disponibilizados atendimentos especializados a essas gestantes, pelo fato de possuírem maiores chances de evolução desfavorável, além de representar um desafio de adaptação no que tange aos domínios emocionais e relacionais, tanto pessoais como familiares, com acompanhamento médico prioritário. Mesmo que as demandas de risco habitual sejam cobertas no país, há ainda muitas dificuldades quando há o surgimento de complicações que afetam a saúde do binômio. Nessa área, atender as demandas do pré-natal de alto risco representa ainda um grande desafio ao Sistema Único de Saúde (SUS), e necessita ativamente da participação de todos os envolvidos no processo de promoversaúde. 2.2 CONTEXTO EPIDEMIOLÓGICO DAS SÍNDORMES HIPERTENSIVAS As Síndromes Hipertensivas Específicas da Gestação (SHEG) possuem uma alta taxa de incidência e prevalência no país, sendo considerada como a primeira causa de morte materna, Unidade 2 – Introdução 9 Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). principalmente quando se refere as suas formas mais graves como a eclâmpsia e a síndrome HELLP. Nesse sentido, a hipertensão é considerada uma condição clínica que mais acomete gestantes, apresentando-se em cerca de 10% das gestações, e pode elevar os níveis de complicações em até 15%. Seus impactos refletem em diversos aspectos individuais e coletivos como no caso do alto número de internações, morbimortalidade materna e neonatal, além de nascimentos pré-termo e restrição do crescimento intrauterino. Os distúrbios hipertensivos da gravidez estão associados a diversos riscos e são mais frequentes em primíparas. Desse modo, esses dados merecem destaque como questão de saúde pública, principalmente porque essas doenças são complicações evitáveis por meio de cuidados adequados antes e durante o parto, como é o caso do pré-natal, onde suas ações de promoção da saúde têm como objetivo prevenir complicações através da detecção precoce das síndromes hipertensivas, culminando para melhorias na saúde materno e fetal. 2.3 MORTALIDADE MATERNA 2.3.1 Conceito Mesmo com os avanços nas políticas de saúde ao longo do tempo e com as ações que visam contemplar o processo de redução da mortalidade materna no Brasil, tal realidade ainda configura um imenso desafio para os serviços de saúde, órgãos governamentais e sociedade como um todo. As altas taxas de mortalidade encontradas se caracterizam como violação dos direitos humanos de mulheres e crianças, no que tange as questões obstétricas e neonatais, por consequente ligação com a gestação e parto, além de ser um grave problema de saúde pública atual em constante tentativa de intervenção. A redução da mortalidade materna tem sido um desafio a ser revertido no decorrer dos anos, mesmo com a evolução das políticas públicas para as mulheres e incorporação da redução da mortalidade materna, nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), ainda há um alto número de mortes todos os anos. É uma realidade preocupante quando observamos as causas que levam ao fato, de modo que uma boa assistência e maior qualificação dos profissionais envolvidos poderia auxiliar na redução desses números. Sendo assim, o reconhecimento do perfil das gestantes, bem como o desenvolvimento de ações de saúde, que impliquem na minimização dos fatores de risco, são imprescindíveis para uma assistência qualificada e resolutiva. Também se mostra necessário além dos cuidados com a gestante, estimular a participação e prestação de cuidados pelo núcleo familiar, haja vista, a colaboração do parceiro como fator fundamental no desenvolvimento saudável da gravidez. Atualização em Hipertensão na Gestação 10 Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). A morte materna, corresponde ao falecimento de uma mulher ocorrido durante a sua gestação ou até 42 dias após o parto, que se refere ao término da fase puerperal, mais conhecido como puerpério tardio. Tal evento pode decorrer por ocasião da própria gestação, ou por condições agravadas pela existência dela, sem restrições quanto a duração e localização. Esse mal desfecho obstétrico, divide-se ainda quanto a suas causas obstétricas, classificada em dois tipos: causas obstétricas diretas, que se originam de complicações que podem ocorrer durante a gestação, e as causas obstétricas indiretas, que resultam de condições preexistentes que são agravadas devido a gestação. Como exemplo considera-se: Entre as causas obstétricas diretas temos: Eclampsia Síndrome HELLP Hemorragias Infecção puerperal Entre as causas obstétricas indiretas temos: Diabetes Hipertensão Doenças cardiovasculares Nesse caso, deve-se enfatizar que quase todas as causas diretas relacionadas às mortes maternas são evitáveis e quanto às causas indiretas, é importante ressaltar que estão vinculadas a mulheres que já possuem alguma doença, portanto, devem ser consideradas dentro das gestações de risco e com atenção redobrada, de modo que qualquer alteração seja identificada e tratada em tempo oportuno. Embora pouco falado, mas gestantes negras requerem maiores cuidados devido à maior incidência de Hipertensão Arterial Sistêmica, diabetes e morte materna nessa população, sendo de suma importância o conhecimento desses fatores por parte dos profissionais. O fato de estar relacionada à gravidez, aborto e até mesmo ao parto, perdurou por muitos anos como uma letalidade envolvendo mulheres no período reprodutivo. Gradualmente, esses eventos foram entendidos como indicadores diretamente relacionados à qualidade de vida de certas populações, e assim, foram estabelecidos serviços médicos qualificados a tempo de evitar grande parte das mortes. Assim, os números apontam que em torno de 280.000 mulheres morram anualmente de complicações gestacionais e do parto no mundo. Destas, pode-se observar que a maioria das mortes por doenças e complicações ocorrem nos países em desenvolvimento como exemplo o Brasil. Com base nos números brasileiros, de acordo com o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), gerido pelo Ministério da Saúde, em 2016 foram notificados cerca de Unidade 2 – Introdução 11 Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 1.484 óbitos maternos, distribuídos em cada região do país, de modo que as regiões Sudeste e Nordeste concentram o maior número de mortes maternas, destas, 543 ocorreram na região Sudeste e 495 na região Nordeste. Nesse âmbito, a hipertensão entra como a principal causa de morte materna por causas obstétricas evitáveis, principalmente quando se refere as suas formas mais graves como a eclâmpsia e a síndrome HELLP, seguida de hemorragias, infecções e abortos. Assim, se reforça que uma boa assistência em saúde e maior qualificação dos profissionais envolvidos poderia auxiliar na redução desses números. Outro fator importante é que os determinantes sociais da mortalidade materna, incluindo o papel da educação, renda, local de nascimento e grau de opressão a que está sujeita a mulher na sociedade tem grande influência nos resultados em saúde, uma vez que, inserida em um contexto maior de saúde reprodutiva e direitos sexuais, a mortalidade materna passou a ser entendida como um indicador de desenvolvimento social. Nessa ótica, o âmbito da assistência pré-natal atua de forma preventiva essencial durante o período gravídico, pois permite o diagnóstico e tratamento de inúmeras complicações durante a gestação, além da redução ou eliminação de fatores e comportamentos de risco passíveis de serem corrigidos. Na presença de intercorrências, o atendimento qualificado às urgências e emergências obstétricas requer uma organização dos sistemas de saúde que articulem com os diferentes níveis de atenção. É importantedestacar, que para gerar uma nova mentalidade em qualidade dos serviços de saúde, deve-se incrementar os programas de educação continuada para conhecimento e reflexão sobre os conceitos de qualidade e os demais aspectos relativos à gestão da qualidade. 2.4 FATORES DE RISCO Alguns fatores de risco podem ser considerados nas síndromes hipertensivas da gestação, muito embora seja uma síndrome de etiologia desconhecida e, portanto, não há como intervir nos principais fatores de risco. Porém, a identificação precoce de possíveis fatores predisponentes e dos primeiros sinais e sintomas oportuniza a obtenção de bons desfechos maternos e neonatais. Os fatores que possuem maior influência sobre o surgimento das síndromes são: Nuliparidade Fatores genéticos (histórico de síndromes hipertensivas em gestações de parentes de primeiro grau – mãe e irmã) História prévia de pré-eclâmpsia em gestações anteriores Gestação molar Atualização em Hipertensão na Gestação 12 Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). Hipertensão arterial crônica e obesidade presente na primeira consulta de pré-natal Diabetes melito preexistente Gestação múltipla Idade materna acima dos 40 anos Unidade 3 – Classificação 13 Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 03 CLASSIFICAÇÃO Dentre os variados tipos que compõem as síndromes hipertensivas, podemos caracterizá-las como: Hipertensão Arterial Crônica (HAC) Hipertensão Gestacional (HG) Pré-Eclâmpsia Superajuntada (PES) Pré-Eclâmpsia (PE) Eclâmpsia (E) Síndrome HELLP As terminologias, pré-eclâmpsia leve e grave estão cada vez mais em desuso, tendo em vista que nos quadros mais graves onde há sinais de eminência das crises convulsivas, a intervenção deve ser imediata e precisa, tendo em vista a utilização de condutas que previnam a ocorrência da eclâmpsia. Para tanto, os próximos tópicos definem cada um de forma mais detalhada. 3.1 HIPERTENSÃO ARTERIAL CRÔNICA PREEXISTENTE Sabe-se assim, que as patologias hipertensivas possuem como sintoma principal, o aumento nos valores pressóricos. Posto isto, quando o aumento dos valores pressóricos é identificado ou reportado pela gestante antes da 20° semana de gestação, considera-se que a gestante já apresentava um caso de hipertensão arterial sistêmica (HAS) pré-existente, e nesse caso, os valores não normalizam 6 ou 12 semanas após o parto. Atualização em Hipertensão na Gestação 14 Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). Nesse sentido, o valor considerado para hipertensão arterial em grávidas corresponde a pressão arterial (PA) ≥ 140 para pressão arterial sistólica (PAS) e/ou 90 mmHg para pressão arterial diastólica (PAD), com avaliação realizada após momento de repouso de pelo menos 5 minutos, com mulher em posição sentada, ou em decúbito lateral esquerdo, desde que as medidas não possuam discordância nos valores. É importante salientar que o manguito de aferição deve ser adequado ao público em questão, de modo que o seu cumprimento deve ser de pelo menos 1,5 a circunferência do braço. Nos casos em que não há dispositivos de mensuração adequados, utiliza-se uma tabela de correção conforme a circunferência do braço, proposta por Maxuel et al., (1982) conforme demonstrado no quadro abaixo. Circunferência do braço (cm) Correção PA sistólica (mmHg) Correção PA diastólica (mmHg) 20 +11 +7 22 +9 +6 24 +7 +4 26 +5 +3 28 +3 +2 30 0 0 32 -2 -1 34 -4 -3 36 -6 -4 38 -8 -6 40 -10 -7 42 -12 -9 44 -14 -10 46 -16 -11 48 -18 -13 50 -21 -14 Fonte: Maxwell et al., 1982. Manual Técnico do Pré-natal e Puerpério - Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, 2010. Unidade 3 – Classificação 15 Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). A tabela de correção é utilizada geralmente quando há um aumento da circunferência do braço, sendo realizada a medida deste em centímetros e de acordo com o resultado, são diminuídos ou acrescidos valores a PA sistólica e/ou diastólica, conforme números e valores expressos no quadro acima. 3.2 HIPERTENSÃO GESTACIONAL A hipertensão gestacional é caracterizada por um aumento na resistência vascular periférica que leva a um descontrole dos níveis tensionais da pressão arterial, a qual ocorre especificamente durante a gestação, após a 20° semana, em mulheres previamente normotensas, sendo essa, na ausência de proteinúria ou das alterações sistêmicas e os níveis pressóricos retornam aos valores basais após 12 semanas de pós-parto. Caracteriza-se pelo surgimento de valores pressóricos acima de 140mmHg de valor sistólico e de 90mmHg ou mais de valor diastólico, com duas aferições consecutivas em um intervalo de 4horas, ou a presença de pressão arterial diastólica de 110mmHg em uma única medida. Ela possui grande relevância clínica na gravidez, pois pode ocasionar uma série de complicações à mãe e ao feto, principalmente se somada às condições socioeconômicas desfavoráveis, intercorrências obstétricas e clínicas. Portanto, mesmo quando a gestante não apresenta sinais clínicos adicionais para o diagnóstico de pré-eclâmpsia, o profissional responsável pelos cuidados em saúde no pré-natal deve ficar atento a qualquer manifestação, pois cerca de 25% das gestantes com hipertensão gestacional podem alterar o diagnóstico para outras formas, tendo em vista o surgimento de sintomas adicionais. 3.3 PRÉ-ECLÂMPSIA SUPERAJUNTADA Nos casos em que a mulher já apresentava hipertensão arterial sistêmica anterior a gestação, ou quando surge ainda nas primeiras semanas de gestação, e após a 20° semana iniciar a sintomatologia referente à pré-eclâmpsia, denomina-se que essa gestante possui um quadro de pré-eclâmpsia sobreposta à hipertensão crônica ou pré-eclâmpsia superajuntada. Além disso, é importante considerar algumas situações: Gestante com proteinúria nas primeiras semanas de gestação, e após o período de 20 semanas, surge um aumento considerável nos valores, algo em torno de 3x o valor detectado anteriormente Gestante sem proteinúria significativa nas primeiras semanas, e ocorre o seu aparecimento após a vigésima semana gestacional Gestante que já possui hipertensão crônica anterior a gestação e precisa realizar associação medicamentosa ou aumento das doses anteriores Atualização em Hipertensão na Gestação 16 Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). Gestante que apresente manifestações indicativas de alterações em órgãos-alvo 3.4 PRÉ-ECLÂMPSIA A pré-eclâmpsia corresponde ao aumento da pressão arterial sistólica, de 140mmHg ou superiore/ou pressão arterial diastólica de 90mmHg ou superior, acompanhada de proteinúria significativa, com surgimento por volta da 20° semana gestacional. Possui um alto potencial de letalidade e morbidade, com risco de acometimento multissistêmico e possui incidência de até 20% das gestações classificadas como de alto risco. Sobre a proteinúria, vale salientar que quando presente, ela é considerada significativa ao apresentar um valor a partir de 300mg ou 3g de proteína em uma amostra de urina de 24 horas, ou ainda, 1+ (uma cruz, correspondente a 30 mg/dL) ou mais, em amostra simples de urina (exame de fita). Outro dado importante é que nem sempre a proteinúria está presente nos casos de pré-eclâmpsia, não sendo considerada pelos órgãos responsáveis, como mandatória para diagnóstico, porém, outras alterações devem ser identificadas, sobretudo quando indicam alterações sistêmicas, deterioração de órgãos-alvo e/ou comprometimento placentário. Para tanto, é válido considerar as seguintes situações: Alterações sistêmicas e/ou deterioração de órgãos-alvo Sinais de iminência de eclâmpsia ou eclâmpsia Insuficiência renal Disfunção hepática Trombocitopenia Edema agudo de pulmão Alterações relacionadas ao comprometimento placentário Restrição do crescimento fetal intraútero Alterações dopplervelocimétricas em decorrência das restrições na circulação útero- placentária (identifica a resistência ao fluxo sanguíneo em diferentes vasos fetais, assim como repercussões na hemodinâmica fetal) Portanto, é imprescindível ressaltar, que muitas gestantes com quadro de pré- eclâmpsia, podem evoluir rapidamente para as formas mais graves da síndrome e apresentar um quadro de iminência de eclâmpsia, conhecido ainda em algumas literaturas como pré- eclâmpsia grave, com a presença de qualquer um dos seguintes sinais: Unidade 3 – Classificação 17 Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). Pressão arterial sistólica ≥ 160mmHg e/ou pressão arterial diastólica ≥ 110mmHg, persistindo após 30 minutos em decúbito lateral esquerdo Cefaleia (mais regionalizada na nuca, também referida como nucalgia) Dor epigástrica ou em hipocôndrio direito Alterações visuais (escotomas, visão turva, fotofobia e diplopia) Oligúria (diurese inferior a 500 mL/24h) Presença de náuseas e vômitos Desse modo, vale destacar que os sintomas que envolvem a síndrome clínica das alterações hipertensivas podem ser identificadas através de uma anamnese minuciosa, exame físico completo e exames laboratoriais específicos, de modo que quanto mais cedo as alterações forem identificadas, melhor será o prognóstico e as chances de evitar um mal desfecho obstétrico e neonatal aumentam. 3.5 ECLÂMPSIA A eclâmpsia é conhecida como forma grave das síndromes hipertensivas da gestação e pode ser procedida de uma pré-eclâmpsia com sinais de iminência. Manifesta-se com a presença de uma ou mais crises convulsivas do tipo tônico-clônicas generalizadas, sem histórico de doenças neurológicas como a epilepsia, e em gestantes hipertensas ou que possuíram pré- eclâmpsia anteriormente ao surgimento dos sintomas. Está relacionada a um alto índice de mortalidade, em decorrência do agravamento clínico das alterações. No Brasil e em outros países, a eclâmpsia é a patologia responsável por 37% das mortes maternas de causas obstétricas diretas. Recomenda-se que as gestantes com eclâmpsia em curso, sejam transferidas a uma unidade de referência, com importância para a tomada de providências durante este transporte, tais como a manutenção das vias aéreas liberadas, oxigenoterapia via cateter nasal ou máscara de oxigenação, sondagem vesical de demora e acesso venoso de grosso calibre, bem como a terapia com anticonvulsivantes e anti-hipertensivos. As convulsões podem acontecer antes, durante ou após o parto e em aproximadamente 8,8% dos casos de pré-eclâmpsia e em 11,1% nos casos de pré-eclâmpsia com sinais de iminência, o que justifica o tratamento medicamentoso o quanto antes. Previamente a ocorrência das convulsões, a gestante pode apresentar alguns achados clínicos como presença de hipertensão, proteinúria acentuada ou ausente e presença ou ausência de edema, além de cefaleias occipitais ou frontais intensas, visão embaçada, fotofobia, escotomas, dor epigástrica ou na região do quadrante superior direito, alterações no estado mental ou hiperreflexia, os mesmos considerados na avaliação dos sinais de antecedem a eclâmpsia. Atualização em Hipertensão na Gestação 18 Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 3.6 SÍNDROME HELLP A síndrome HELLP é determinada como uma variação da pré-eclâmpsia grave e eclâmpsia, caracterizada pela hemólise, elevação de enzimas hepáticas resultantes de alterações no fígado e pela plaquetopenia, sendo esta última evidenciada por disfunções na coagulação sanguínea. O termo HELLP é derivado do inglês e se refere: H (Hemolysis – intensa hemólise) EL (Elevated Liver enzymes – comprometimento hepático e elevação de enzimas) LP (Low Platelets – consumo e diminuição de plaquetas) Esta síndrome, pode ocorrer por volta de 27 a 37 semanas, ou no pós-parto imediato com cerca de 15 a 25% dos casos. Origina-se em decorrência do desenvolvimento defeituoso da placenta, estresse oxidativo e lesão do endotélio, principalmente nos endotélios hepáticos. Para tanto, o diagnóstico é realizado por meio de exames laboratoriais, definido por anemia hemolítica microangiopática, com presença de esquizócitos (alteração na forma do eritrócito normal) no sangue periférico, com contagem de plaquetas para identificação de plaquetopenia, ou bilirrubinas totais com valores maiores ou igual a 1,2mg/dl, e ainda, desidrogenase lática (LDH) com valor maior ou igual a 600UI/L. Referente a contagem de plaquetas, a alteração plaquetária da síndrome HELLP é dividida em 3 classes: a classe I caracterizada pela contagem de plaquetas menor que 50.000/mm; classe II que ocorre quando a contagem de plaquetas está entre 50.000 a 100.000/mm; e a classe III determinada pela contagem de plaquetas com valor maior que 100.000/mm, sendo a classe I de pior prognóstico devido a diminuição severa do número plaquetário. O tratamento ainda é um desafio para os obstetras em todo o mundo, sendo recomendado a internação hospitalar das pacientes com suspeita e realização de condutas imediatas para a antecipação do diagnóstico, avaliação das condições fetais para identificação das necessidades de um parto imediato, controle da pressão arterial, terapia farmacológica para prevenção de convulsões, administração de fluídos e eletrólitos, utilização de sangue, tratamento intensivo após o parto e avaliação constante devido ao risco de falência de órgãos, além de aconselhamentos para as gestações futuras. Desse modo, as intercorrências obstétricas devem ser consideradas com o maior rigor possível, especialmente na atenção primária, onde os fatores e risco precisam ser constantemente observados, assim como as alterações devem ser identificadas o mais precoce possível, tendo em vista que quanto mais rápido for feito o diagnóstico e intervenção, maiores são as chances de se obter um bom desfecho materno e fetal. Para isso, é de extrema relevância o conhecimento dos aspectos que envolvem a fisiopatologia e manifestações clínicas das síndromes hipertensivas. Unidade 4 – Etiopatogenia19 Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 04 ETIOPATOGENIA Embora as causas da pré-eclâmpsia sejam pouco conhecidas, ela parece estar relacionada a alterações na formação e organização placentária, no qual apresenta defeitos de perfusão uterina, com indução de um estado de hipercoagulabilidade. Esta última característica, pode decorrer de uma deficiência relativa na produção de prostaciclinas, vasodilatadores importantes, e produção excessiva de tromboxano, que é uma prostaglandina vasoconstritora sintetizada quando ocorre a agregação plaquetária. Para tanto, alguns eventos devem ser considerados para compreender o surgimento de alterações e manifestações clínicas. 4.1 DESREGULAÇÃO IMUNOLÓGICA PRÉ-CONCEPCIONAL Considerando os fatores de risco primigestação e multiplicidade de parceiros, há uma teoria considerada inicial que explica o motivo pelo qual alterações imunológicas pré- concepcionais podem causar a pré-eclâmpsia, de modo que o primeiro contato com o sêmen paterno teria relação direta com o surgimento de alterações (REZENDE, 2018). Tal teoria refere, que uma exposição pré-concepcional materna ao líquido seminal paterno, poderia desencadear respostas imunes desreguladas, onde a mãe se torna tolerante aos aloantígenos feto-paternos, fazendo com que o risco para a pré-eclâmpsia se torne aumentado (REZENDE, 2018). 4.2 PLACENTAÇÃO DEFEITUOSA Inicialmente é necessário compreender o que ocorre em uma gestação sem alterações, no que se refere a placentação normal. Na gestação normal, as artérias espiraladas são invadidas pelo citotrofoblasto (células embrionárias), no qual algumas porções endoteliais dos vasos são substituídas e os trofoblastos são eliminados da túnica média dessas artérias. Esse Atualização em Hipertensão na Gestação 20 Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). processo consiste na segunda onda de invasão trofoblástica, no qual essas adaptações aumentam o diâmetro das artérias e consequentemente aumento do aporte sanguíneo para a placenta (REZENDE, 2018). O esquema de invasão trofoblástica é representado na figura abaixo: Conforme apresentado na imagem acima, as artérias espiraladas estão presentes nas camadas uterinas e atuam na vascularização do órgão, em uma mulher não grávida, elas são mais estreitas e em formato semelhante a uma espiral. Já na mulher grávida, com o decorrer da gestação o volume sanguíneo corporal aumenta e o aporte sanguíneo para a região uterina também precisa ser maior, uma vez que a nutrição e trocas gasosas materno-fetal ocorre por meio dos espaços intervilosos da placenta, assim, consequentemente os vasos sanguíneos do útero precisam de uma maior complacência e baixa resistência, para conseguir fazer uma passagem sanguínea placentária de forma eficaz. Para obter essa adequação dos vasos células do citotrofoblasto migram para o lúmen das artérias espiraladas e sensibilizam a musculatura e membrana elástica do vaso, processo conhecido como ondas de migração trofoblástica. Vale salientar que esse evento ocorre em duas ondas, a 1° onda de migração trofoblástica ocorre dentro da 8° e 10° semana de gestação e a 2° onde de migração trofoblástica ocorre por volta da segunda metade da gestação, compreendendo o período entre a 14° e a 24° semana gestacional. Todo esse processo descrito, é fundamental para o desenvolvimento adequado da gestação e pode ser conhecido como remodelação vascular fisiológica das artérias uterinas. Diferentemente de como ocorre em uma gestação normal, na pré-eclâmpsia a invasão das artérias espiraladas ocorre de forma limitada, induzindo a redução do diâmetro das artérias pela metade quando comparada a uma gravidez normal. Esta limitação prejudica a reposta do organismo frente ao aumento das demandas sanguíneas que ocorrem na gestação, e assim diminui a perfusão uteroplacentária e como consequência provoca isquemia placentária, estresse oxidativo e constante produção de fatores inflamatórios (REZENDE, 2018). Unidade 4 – Etiopatogenia 21 Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). Desse modo, entende-se que na pré-eclâmpsia há ausência da 2° onda de migração trofoblástica, que por ser um evento característico da segunda metade da gestação, justifica o surgimento das manifestações clínicas das síndromes hipertensivas, após a 20° semana de gestação. 4.3 DISFUNÇÃO ENDOTELIAL Partindo da placentação defeituosa e da ativação de fatores inflamatórios, ocorre um evento conhecido como disfunção endotelial sistêmica. Acredita-se que a ativação desses fatores gera um desequilíbrio de substâncias vasoativas na circulação, levando a diminuição de prostaciclinas como é o caso da (PGI2), substância vasodilatadora e inibidora da agregação plaquetária, que em consequência, causa uma elevação da atividade do tromboxano (A2), potente vasoconstritor, no qual resulta no aumento da reação vascular, agregação plaquetária e por fim, diminuição do fluxo sanguíneo uteroplacentário (REZENDE, 2018). Ao passo que esses fatores lesivos incidem no endotélio sistêmico arterial materno (artérias espiraladas), há o surgimento das manifestações clínicas da pré-eclâmpsia: elevação dos níveis pressóricos seguida por lesão do endotélio renal levando a glomeruloendoteliose e proteinúria acentuada. 4.4 OUTRAS ALTERAÇÕES Constantemente são realizados novos estudos com a finalidade de compreender melhor a etiologia das síndromes hipertensivas e assim, atuar de forma efetiva na prevenção primária, com base em fatores de risco e possíveis causas, estratégia que até então não há como ser realizada considerando o desconhecimento de suas causas. Desse modo, outras alterações estão em pesquisas, porém vale salientar que algumas evidências apontam para uma possível relação entre as alterações metabólicas observadas no processo gestacional fisiológico, tornando-se exacerbadas por ocasião da pré-eclâmpsia e desencadeando a forma clínica da doença. Condições preexistentes como obesidade ou índice aumentado de massa corporal (IMC >30 kg/m2), bem como síndromes metabólicas, podem causar respostas inflamatórias em decorrência do estado crônico de inflamação sistêmica, pela ativação das vias inflamatórias na interface materno-fetal. Sendo assim, o reconhecimento do perfil das gestantes, bem como o desenvolvimento de ações de saúde, que impliquem na minimização dos fatores de risco, são imprescindíveis para uma assistência qualificada e resolutiva. Também se mostra necessário além dos cuidados com a gestante, estimular a participação e prestação de cuidados pelo núcleo familiar, haja vista, a colaboração da parceria sexual como fator fundamental no desenvolvimento saudável da gravidez. Assim, com base nas manifestações materno-fetais, estas serão descritas com mais detalhes no próximo tópico, sempre levando em consideração as alterações advindas da má remodelação das artérias espiraladas. Atualização em Hipertensão na Gestação 22 Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibidaa reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 05 FISIOPATOLOGIA A fisiopatologia das síndromes hipertensivas da gestação pode ser compreendida através do reconhecimento do seu efeito multissistêmico, de modo que acarreta prejuízos tanto para a grávida quanto para o feto. Para melhor compreensão, as manifestações serão apresentadas conforme local de desenvolvimento. 5.1 ALTERAÇÕES RENAIS Durante a gestação, ocorrem inúmeras mudanças e adaptações fisiológicas no corpo materno, com vistas a suprir as demandas orgânicas da gestante e do feto, uma vez que essas demandas se tornam cada vez mais aumentadas a medida em que o processo gestatório progride. Um exemplo a ser considerado é o aumento do volume sanguíneo, com consequente elevação da taxa de filtração glomerular renal, com valores em média de 50% a mais, em relação a taxa de filtração de uma mulher não grávida. Já na presença da pré-eclâmpsia, esse valor tende a cair consideravelmente em relação aos números não gravídicos, demonstrando em torno de 30 a 40% de queda na taxa de filtração glomerular renal. Assim, essa alteração pode, consequentemente, causar um aumento dos níveis de ureia e creatinina. Dentre as alterações renais, o intenso vasoespasmo promove lesão tubular, sobretudo lesão glomerular, que promove aumento da permeabilidade de proteínas e estaria diretamente ligada com a presença de proteinúria. Outro achado importante é a oligúria, presente nas manifestações clínicas mais graves, e está relacionada a diminuição do fluxo sanguíneo renal e hemoconcentração. Unidade 5 – Fisiopatologia 23 Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 5.2 ALTERAÇÕES VASCULARES E CARDÍACAS Com relação as alterações cardíacas relacionadas às síndromes hipertensivas, vale destacar a lesão endotelial, que repercute para o aumento da permeabilidade capilar e consequentemente extravasamento de plasma para o meio extravascular, dando origem a alterações e manifestações clínicas importantes como o edema e a hemoconcentração, sendo a viscosidade sanguínea relacionada a eventos trombóticos. Sobre o volume plasmático, há uma diminuição quando comparado a uma gestação normal. Outra questão importante é relacionada ao estreitamento importante dos vasos e lesão vascular generalizada, sendo caracterizado como vasoespasmo generalizado, com resistência periférica e isquemia dos órgãos, de modo que essa resistência periférica total estaria totalmente relacionada ao aumento dos níveis pressóricos identificados na gestante com pré- eclâmpsia. Tendo em vista as alterações vasculares, compreende-se ainda a maior biodisponibilidade de substâncias vasoconstrutoras como é o caso do tromboxano, e consequente diminuição de prostaciclinas (PGI2) e óxido nítrico, conhecidas como substâncias vasodilatadoras. 5.3 ALTERAÇÕES HEPÁTICAS As alterações hepáticas são secundárias ao vasoespasmo intenso generalizado e estão presentes no quadro de sinais e sintomas da síndrome HELLP, o que constitui um quadro de agravamento da doença, sendo de extrema importância a identificação precoce de manifestações iniciais. A elevação das enzimas hepáticas aspartato aminotransferase (AST) e alanina aminotransferase (ALT) são decorrentes de necrose hemorrágica periportal, com depósitos de fibrina nos sinusoides hepáticos. Vale destacar que o sintoma de dor no quadrante superior do abdome é ocasionado pela hemorragia intra-hepática, com hematoma subcapsular, geralmente fatal, porém sua ocorrência é rara quando comparado aos demais, o que não isenta a necessidade de o profissional avaliador buscar essa manifestação nas gestantes. 5.4 ALTERAÇÕES CEREBRAIS No que se refere as alterações cerebrais, é importante destacar a sua total ligação com a presença de eclâmpsia, uma vez que indica, dentre outras, a ocorrência de convulsões do tipo tônico-clônicas. A convulsão na eclampsia foi explicada por muito tempo em decorrência do vasoespasmo generalizado que atingia a região cerebral e causava isquemia. Porém, com o aperfeiçoamento dos estudos e avaliações, viu-se que a causa primária seria a pressão de perfusão elevada, também referida como encefalopatia hipertensiva, que leva ao surgimento de edema vasogênico e barotrauma cerebral. A presença de encefalopatia hipertensiva pode Atualização em Hipertensão na Gestação 24 Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). ser justificada pela quebra dos mecanismos de autorregulação da circulação cerebral, advindo de um aumento abrupto de pressão arterial, como é o caso dos valores observados antes do evento da convulsão propriamente dita (REZENDE, 2017). 5.5 ALTERAÇÕES SANGUÍNEAS Assim como foi observado nas alterações cerebrais, as modificações no componente sanguíneo também possuem relação com a síndrome HELLP, uma vez que a presença de plaquetopenia e hemólise fazem parte das manifestações clínicas e laboratoriais dessa grave complicação da pré-eclâmpsia. Desse modo, a plaquetopenia é caracterizada pelo número de plaquetas inferior a 100.000/mm3 e tem como consequência a hemorragia cerebral, hepática e durante a cesárea, se for o caso de parto por via abdominal. As hemácias passam a demonstrar alterações em seus formatos habituais e se demonstram como esquizócitos, observada no esfregaço de sangue. Essa alteração leva o nome de hemólise microangiopática e ocorre pelo atrito entre as hemácias e os vasos sanguíneos lesionados, com deposição de fibrina. 5.6 ALTERAÇÕES HIDROELETROLÍTICAS Anteriormente, o edema era considerado uma manifestação típica das síndromes hipertensivas e estaria ligado ao extravasamento de líquidos e aumento da retenção de sódio e água, observados na gestante com alterações hipertensivas. Entretanto, essa alteração deixou de ser considerada como condição diagnóstica necessária, tendo em vista que na gestação normal também pode ocorrer a presença de edema mais generalizado. Assim, a presença de edema generalizado, especialmente de mãos e face pode ser comumente identificado em gestantes com síndromes hipertensivas, porém sua presença não está restrita a esses casos, sendo também observado em gestações normais. 5.7 ALTERAÇÕES UTEROPLACENTÁRIAS Com base nas alterações arteriolares descritas na unidade referente a etiopatogenia das síndromes hipertensivas, conclui-se que o fluxo uteroplacentário se encontra diminuído, com presença de infartos placentários, restrição do crescimento placentário e descolamento prematuro de placenta, com consequente restrição do crescimento fetal e alta mortalidade perinatal. Sabe-se que as trocas materno-fetal ocorrem através dos espaços placentários, e uma alteração desse nível prejudica todo esse processo, por isso, há a presença marcante das alterações fetais. Unidade 5 – Fisiopatologia 25 Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 5.8 ALTERAÇÕES FETAIS Em decorrência dos achados uteroplacentários, o crescimento e desenvolvimento fetal também apresentam graves alterações, sendo de suma importância um acompanhamento preciso. Comomencionado anteriormente, a principal alteração fetal é a restrição do crescimento intrauterino, associada a sinais de sofrimento fetal e oligodramnia. Recém- nascidos pequenos para a idade gestacional (PIG) também são observados como consequência da redução do fluxo sanguíneo placentário. 06 DIAGNÓSTICO O diagnóstico é realizado por meio da avaliação do quadro clínico e exames laboratoriais, sendo adotados alguns exames específicos para os casos. Como já mencionado, devido a etiologia desconhecida, não há como fazer um trabalho efetivo de prevenção primária com base nos fatores de risco, de modo que muitos estudos estão sendo desenvolvidos, porém ainda não há um consenso quanto a eles. Nesse sentido, na fase inicial a gestante pode não apresentar sintomas, portanto, a avaliação, anamnese e exame físico devem ser constante, no sentido de identificar alterações ainda no início e de forma mais precoce possível. Todas essas condutas são realizadas sobremaneira nas consultas periódicas de pré-natal, dando ênfase a importância de captar o quanto antes essa paciente. Em complemento as ações supracitadas, vale salientar as buscas por fatores de risco, que mesmo sem a possibilidade de atuar frente a eles, mas a sua identificação chama a atenção dos profissionais para o constante acompanhamento de questões como: Medida da pressão arterial Acompanhamento do ganho de peso e cálculo do IMC Atualização em Enfermagem Obstétrica 26 Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). Busca por sinais de dor, cefaleia, edema generalizado sem diminuição após repouso em decúbito lateral esquerdo, dentre outros Demais queixas espontâneas 6.1 PARÂMETROS CLÍNICOS E LABORATORIAIS De modo mais específico, é necessário relembrar algumas alterações clínicas citadas nos capítulos anteriores, de modo a organizar o raciocínio lógico e compreender alguns sinais de alerta que precisam ser considerados pelo profissional avaliador. ATENÇÃO: mesmo a enfermagem não possuindo competência legal e habilitação profissional para estabelecer diagnósticos patológicos, este deve estar atento as principais modificações, e assim estabelecer encaminhamentos corretos e resolutivos, especialmente por ser peça chave na assistência pré-natal e obstétrica de modo geral. Assim, os principais parâmetros clínicos e laboratoriais que devem ser considerados para as síndromes hipertensivas serão listados a seguir: Pressão arterial aumentada: valores maiores ou iguais a 140mmHg para o valor sistólico e 90mmHg para o valor diastólico. Valores acima de ≥ 160 e/ou 110 mmHg confirmados após intervalo de 15 minutos, representam uma crise hipertensiva e merece atenção imediata. Sinais de iminência de eclampsia: manifestações de comprometimento do sistema nervoso (cefaleia, fotofobia, escotomas), hiperreflexia, sintomas relacionados ao comprometimento hepático (náuseas, vômitos, dor epigástrica ou no hipocôndrio direito). Eclâmpsia propriamente dita: presença de convulsões do tipo tônico-clônicas. Atentar para as gestantes que já apresentavam quadros convulsivos anterior a gestação. Alterações sugestivas de síndrome HELLP: hemólise caracterizada pela presença de anemia microangiopática e se realizado o esfregaço sanguíneo há presença de esquizócitos, elevação de enzimas hepáticas AST e ALT (considerar acima de duas vezes o seu valor normal), desidrogenase lática (DHL) acima de 600 UI/L, valores de bilirrubinas indiretas acima de 1,2 mg/dL, plaquetopenia observada através de hemograma e com valores abaixo de 100.000/mm3, considerando que quanto menor o valor pior é o prognóstico. Oligúria e insuficiência renal aguda: identificadas através da avaliação da diurese quando inferior a 500 mL/24h e creatinina sérica ≥ 1,2 mg/dL respectivamente. Sinais de edema agudo de pulmão: dispneia, tosse seca ou com expectoração rósea, taquipneia e estertores. Unidade 7 – Prognóstico 27 Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 6.2 PREDIÇÃO E PREVENÇÃO Mesmo diante da imprevisibilidade em prever as chances de uma mulher desenvolver a síndrome hipertensiva, sua história clínica não deve ser descartada, pois alguns fatores precisam ser acompanhados de perto, como é o caso de história familiar, antecedentes obstétricos de pré-eclâmpsia e condições crônicas preexistentes a gestação. Assim, outras questões de cunho preventivo precisam ser destacadas, tendo em vista as dificuldades encontradas nesse sentido. As principais são: Repouso, dieta hipossódica e ingestão de vitaminas, não apresentam até o momento, evidencias cientificas suficientes que comprovem seu uso como estratégias preventivas para a não ocorrência de pré-eclâmpsia Discussões mais recentes têm apontado diminuição dos riscos para pré-eclâmpsia, mediante utilização terapêutica de ácido acetilsalicílico (AAS) e suplementação de cálcio. Para o AAS considerar doses terapêuticas de 100 a 150g/dia para gestantes com fatores de risco aumentados, com início em torno da 12° semana e término a partir da 36° semana, visando a renovação plaquetária e preparação para o parto. Já sobre a suplementação de cálcio, podem ser consideradas doses diárias de 1,0 a 2,0g, sobretudo quando houver risco aumentado para a doença e/ou dieta pobre em cálcio. Assim, a avaliação deve ser constante e minuciosa, considerando as particularidades da gestante, assim como, envolvendo família e comunidade no processo educativo para identificação precoce de alterações e procura rápida aos serviços de saúde sempre que necessário. Atualização em Enfermagem Obstétrica 28 Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 07 TRATAMENTO O tratamento das síndromes hipertensivas compreende diversas condutas, onde podem ser observadas, condutas não farmacológicas, farmacológicas e assistência frente aos casos de eclampsia. A seguir, as condutas terapêuticas serão descritas mais detalhadamente. 7.1 TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO O tratamento não farmacológico envolve ações que visam promover bem-estar e acompanhar o decorrer da gestação em busca de possíveis alterações. Atua de modo associado aos métodos medicamentosos e devem ser orientados durantes as consultas de pré- natal. A dieta hipossódica não é indicada, porém os níveis de sal nos alimentos devem ser observados com cuidado, assim como em qualquer outra situação alimentar. O acompanhamento hospitalar e ambulatorial, devem ser avaliados conforme necessidade e quadro clínico de cada gestante, sendo os exames clínicos, importantes para identificação precoce de alterações em órgãos-alvo, os seguintes exames: hemograma, principalmente no que se refere a contagem de plaquetas, hemoglobina e hematócrito, desidrogenase lática, bilirrubinas totais, creatinina e enzimas hepáticas. 7.2 TRATAMENTO FARMACOLÓGICO O uso contínuo de anti-hipertensivos durante a gestação deve ser observado com cautela, de modo que informações científicas apontam sobre a observância dos níveis pressóricos, ao optar por uma terapêutica, tendo em vista assegurar a saúde materno-fetal. Unidade 7 – Tratamento 29 Estematerial é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). Para o tratamento da hipertensão arterial na gravidez, é considerado o fator protetor para hipertensão grave, sendo introduzidos quando há persistência dos níveis elevados da pressão arterial. Assim, alguns medicamentos possuem segurança aceitável para uso gestacional e são recomendados em detrimento a outras medicações anti-hipertensivas, sendo a metildopa, considerada droga de primeira escolha, inclusive para substituição de medicamentos anteriores utilizados por gestantes com hipertensão crônica. É administrada na dose de 750 mg a 2.000 mg/dia, podendo provocar como efeito adverso, hipotensão postural com comprometimento da perfusão placentária, se administrada em altas dosagens. Na emergência hipertensiva, a gestante deve ser levada ao serviço médico, pois são necessárias avaliações mais precisas, especialmente no que se refere as condições de saúde maternas e fetais. Utiliza-se muito nos casos agudos, a hidralazina, um vasodilatador periférico de ação máxima rápida. A dose recomendada é de 5 mg via intravenosa, encontrada em solução injetável (20 mg/ml – 1ml), sendo uma ampola diluída em 19 ml de água destilada. Durante a administração de hidralazina é necessário atentar para sinais de hipotensão, sendo recomendada a elevação de membros inferiores e suspensão da medicação. Outra questão a ser observada em qualquer administração de anti-hipertensivos, é a queda brusca da pressão arterial, pois isso pode causar acidente vascular cerebral ou infarto na gestante e diminuir demasiadamente o fluxo uteroplacentário, acentuando os efeitos negativos ao feto. Outra medicação importante no tratamento das síndromes hipertensivas é o sulfato de magnésio MgSO4, sendo a droga escolhida como conduta na iminência de eclampsia e durante a sua ocorrência. É o fármaco mais eficaz neste tipo de tratamento, agindo na redução da excitabilidade dos neurônios, impedindo a convulsão. Assim, o sulfato de magnésio é a droga de escolha para manter o controle e prevenir convulsões recidivantes. Sua administração segue dois principais esquemas, o de Pritchard e o de Zuspan, sendo o primeiro (Pritchard – intramuscular) preferencialmente recomendado nos casos em que a paciente precisa ser transportada a outro serviço. O quadro abaixo demonstra os dois esquemas conforme dose de ataque e dose de manutenção. Esquema do sulfato de magnésio Dose de ataque Dose de manutenção Pritchard (Intravenoso e intramuscular) 4g por via intravenosa (bolus), administrados lentamente + 10g intramuscular (5g em cada nádega) 5g por via intramuscular profunda a cada 4 horas Zuspan (Somente intravenoso) 4g por via intravenosa (bolus), administrados lentamente 1g por via intravenosa por hora em bomba de infusão contínua Atualização em Enfermagem Obstétrica 30 Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). Com base no exposto, alguns cuidados precisam ser tomados durante a administração do medicamento, tendo em vista assegurar o bem-estar e a saúde materno-fetal. Cuidados durante a administração de sulfato de magnésio O cuidado relacionado à administração do sulfato de magnésio é de responsabilidade da equipe de enfermagem e deve ser realizado de modo cauteloso. Dentre estes cuidados, a literatura destaca a verificação dos sinais vitais antes, durante e após a administração do fármaco, além de outras possíveis alterações: Ausculta dos batimentos cardiofetais e observação dos movimentos Orientar a gestante quanto a importância do decúbito lateral esquerdo e encorajá-la a colocar em prática este decúbito Observar possíveis perdas vaginais e sangramento Realizar balanço hídrico e controle da diurese, onde essa, deve ser maior que 30ml/h Inspecionar a presença de edemas Verificar o reflexo patelar e a frequência respiratória, que não deve estar menor que 16 irpm Preparo do gluconato de cálcio que é o antagonista do sulfato de magnésio caso seja observado algum desvio nos padrões normais observados Todas as medicações devem ser devidamente prescritas pelo médico responsável, verificadas e administradas pelo profissional de enfermagem de acordo com os certos da medicação, estabelecidos para segurança do cuidado ao paciente. 7.3 CONDUTA DURANTE A ECLÂMPSIA Recomenda-se que as gestantes com eclâmpsia em curso, sejam transferidas a uma unidade de referência, com importância para a tomada de providências durante este transporte, algumas ações devem ser estabelecidas como a manutenção das vias aéreas liberadas, oxigenoterapia via cateter nasal ou máscara de oxigenação, sondagem vesical de demora, acesso venoso de grosso calibre, evitar trauma por queda, prevenir a aspiração em caso de vômito, colocando a gestante em decúbito lateral esquerdo. Unidade 8 – Conduta Obstétrica 31 Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 08 CONDUTA OBSTÉTRICA A conduta obstétrica varia conforme condições da gestante e do feto, o que exige avaliação rigorosa de questões como interrupção da gravidez e escolha da via de nascimento. As recomendações conforme estado de saúde e idade gestacional serão apresentadas a diante. 8.1 IDADE GESTACIONAL INFERIOR A 24 SEMANAS Nesse período considera-se a conduta expectante, com controle da PA, monitoramento laboratorial, observação constante da presença de sinais e sintomas e administração de sulfato de magnésio. 8.2 IDADE GESTACIONAL ≥ 24 SEMANAS E < 34 SEMANAS A conduta aplicada nesses casos é semelhante a citada anteriormente, acrescida de monitoração fetal constante, com avaliação do perfil biofísico fetal e administração de corticoide para maturação pulmonar 8.3 IDADE GESTACIONAL ENTRE 34 E 37 SEMANAS Condutas semelhantes são aplicadas nesse período, levando em consideração sempre o bem- estar materno e fetal tendo em vista aguardar o termo se possível, sem colocar em risco a vida do binômio. Sobre a via de parto indica-se via vaginal mediante avaliação e sem emergências obstétricas que impeçam aguardar o transcorrer do parto natural. Procedimentos Atualização em Enfermagem Obstétrica 32 Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). indutores para o preparo do colo uterino também podem ser realizados, com indicação e avaliação médica. Unidade 9 – Assistência de Enfermagem 33 Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 09 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A enfermagem possui um grande diferencial que consiste na capacidade de apoiar e comunicar-se com a parturiente e familiares, fortalecendo o contato e o vínculo, promovendo uma relação interpessoal importante,principalmente durante a parturição, tornando-se primordial desde o início. Portanto, as atividades realizadas pelo enfermeiro demandam responsabilidades múltiplas, além de conhecimentos específicos e de habilidades, possuindo competência para identificação de riscos de forma precoce e complicações nas gestantes em trabalho de parto ou não, além de desempenhar a assistência de acordo com os preceitos da integralidade e equidade, objetivando um atendimento humanizado individual e coletivo. Com base na execução de uma assistência aliada a bons resultados em saúde, a enfermagem possui aparatos científicos e baseados em evidências, que quando aliados teoria e prática, tornam possível um cuidado resolutivo e pautado nas reais necessidades do paciente. A partir dessa perspectiva, vale ressaltar uma ferramenta específica da profissão, que serve como base para todo o cuidado de enfermagem, sendo de suma importância, que o profissional tome conhecimento e seja estimulado a sua utilização na prática clínica. Os tópicos abaixo irão abordar de modo mais detalhado sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem, com enfoque para o processo de enfermagem, como ferramenta essencial do cuidado e sua aplicação na assistência prestada a mulher com síndromes hipertensivas específicas da gestação. 9.1 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM Com base no exposto, a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), pode ser aplicada as diversas necessidades do paciente, o que inclui o cuidado de enfermagem em saúde da gestante, nas síndromes hipertensivas, atuando de forma relevante, pois representa Atualização em Enfermagem Obstétrica 34 Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). uma etapa importante no contato profissional com o paciente, considerando uma ferramenta teórico científica, que contribui para o crescimento da profissão enquanto ciência, embasa o raciocínio clínico, a tomada de decisões e o planejamento dos cuidados de enfermagem. A possibilidade de aplicar a SAE no cotidiano dos diferentes cenários assistenciais torna o enfermeiro capaz de exercer as suas funções privativas, sem relegar suas funções junto a equipe. A SAE é um instrumento do cuidado e deve ser desenvolvida com vistas a qualificar a assistência e minimizar os riscos aos usuários. O enfermeiro deve compreender a SAE e aplicá-la em seu trabalho para construir seu compromisso com a melhoria da qualidade da assistência e a promoção da autonomia do indivíduo. Porém, constata-se que a maioria dos profissionais apresenta desconhecimento desse método de trabalho, não utilizando-o na prática profissional, ou apenas realizando algumas de suas etapas. Sobretudo, a SAE organiza o trabalho profissional quanto ao método, de pessoal e os instrumentos metodológicos, tornando possível a operacionalização do Processo de Enfermagem, que orienta o cuidado profissional de Enfermagem e a documentação da prática profissional. Desse modo, integrado a SAE, utiliza-se o Processo de Enfermagem (PE) dividido em cinco etapas, que segundo Wanda Horta, são inter-relacionadas, sendo elas: histórico de enfermagem ou coleta de dados, diagnóstico de enfermagem, planejamento de enfermagem, implementação e avaliação de enfermagem. A imagem abaixo demonstra as cinco etapas do processo de enfermagem de modo interligado e interdependente. O termo Processo de Enfermagem (PE) esteve sempre presente entre a profissão de enfermagem, mesmo sem o devido reconhecimento e utilização. Desde os primórdios, já se observava a necessidade de sistematizar a assistência, especificamente, quando Florence PROCESSO DE ENFERMAGEM Histórico ou Coleta de Dados Diagnóstico de Enfermagem Planejamento da Assistência Evolução de Enfermagem Avaliação da assistência Unidade 9 – Assistência de Enfermagem 35 Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). Nightingale já observava a necessidade de as enfermeiras possuírem um olhar crítico, observando cada paciente e realizando julgamentos críticos acerca do encontrado. De acordo com a resolução COFEN 358/09, o processo de enfermagem que integra a SAE, visa oferecer um cuidado que atue nas necessidades individualizadas de cada indivíduo ou coletividade. Todos os profissionais de enfermagem devem participar da elaboração e execução do processo de enfermagem e suas etapas, desde que respeitadas as recomendações previstas pela legislação profissional de cada um, onde os técnicos de enfermagem ou auxiliares de enfermagem, devem realizar as atividades que lhe couberem de modo ético e legal, sempre sob a supervisão de um profissional enfermeiro. No contexto da Atenção Básica e Saúde da Mulher a Sistematização da Assistência de Enfermagem pode ser utilizada para ajudar o profissional no cuidado da mulher durante o período gestacional. Essa assistência consiste em um planejamento qualificado para o acompanhamento da mulher durante a gestação. Sendo assim, alguns cuidados devem ser observados em diferentes momentos, tanto na prevenção de agravos relacionados as síndromes hipertensivas, quanto nas urgências hipertensivas. 9.2 PROCESSO DE ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA A GESTANTE COM SÍNDROMES HIPERTENSIVAS ESPECÍFICAS DA GESTAÇÃO Na atenção básica, durante o pré-natal, o enfermeiro deve buscar achados que possam demonstrar risco ou evidência de complicações dessa ordem. Neste contexto, na coleta de dados o profissional deve acolher e dialogar com a gestante, ouvindo-a atentamente em suas necessidades e queixas. Interrogar se não tinha hipertensão anterior e caso tenha, registrar quando ocorreu, verificar antecedentes familiares. Portanto, deve reealizar anamnese e exame físico completos. 9.2.1 Histórico ou coleta de dados Assim, durante a consulta de enfermagem, mais especificamente na fase de anamnese, o enfermeiro deve acolher a mulher desde a sua chegada à unidade de saúde, promover uma escuta ativa das suas demandas, sempre articulando com outros serviços e demais profissionais da equipe para dar continuidade a assistência, investigando sinais associados a cada alteração causada pelo climatério. Em consonância, deve ser realizado um exame físico céfalo-caudal, com atenção para alguns aspectos: Atualização em Enfermagem Obstétrica 36 Este material é parte integrante do curso online "Atualização em Hipertensão na Gestação" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). Verificar a pressão arterial (PA) que deve ser realizada idealmente após um descanso de pelo menos cinco minutos, com a mulher sentada confortavelmente, sem falar, pernas descruzadas, costas apoiadas e braço apoiado, de modo que a medida seja feita com o braço na altura do átrio direito (meio do osso esterno) Checar se a mulher ingeriu álcool, café, coca e/ ou fumou cigarro antes e na hora de verificar a PA, pois isto deve ser evitado Se possível, realizar controle de PA no mínimo três a cinco dias no domicílio da gestante, no caso de hipertensão leve. Constatado o quadro realizar os devidos encaminhamentos Observar peso e medida do IMC verificando a presença de edema. Orientar para er- guer as pernas no máximo 15 minutos, algumas vezes ao dia, para reduzir o edema, caso a paciente não
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