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Direito Internacional – A Diplomacia do Brasil Geraldo M. Batista Curriculum: www.geraldofadipa.comunidades.net 1 Introdução. Diplomacia. Ciência que estuda as relações e os interesses das nações umas com as outras. Utilizado, também, para referir ao serviço dos Estados nas suas relações internacionais. Observação. Faz referência à vontade de diálogo e ao entendimento aplicados às relações internacionais. Visa chegar a acordo (ou a consenso) e pressupõe a existência de boa vontade entre as partes. Falhando a diplomacia, as relações internacionais chegam a outras instâncias que podem incluir o uso da força ou conflito armado (guerra). Surgimento Diplomacia Brasileira Alguns consideram que o surgiu nas negociações entre Portugal e França (Século XVI) visando impedir a exploração, de parte da colônia, pelos franceses. Mas, o marco, do começo é considerado as negociações para o reconhecimento do Brasil como um Pais soberano (processo de independência). Observação. O preço foi alto. Indenização de 2 milhões de libras a Portugal e assumi uma dívida lusa com a Inglaterra em cerca de 1,5 milhões de dólares. Os diplomatas brasileiros assinaram acordos, com a Inglaterra, que praticamente só a ela favoreciam. Inglaterra A colonização da América já não era mais interessante devido a necessidade de novos mercados para os seus produtos. O sistema colonial era um obstáculo devido ao monopólio impedia a total expansão comercial pretendida pelos ingleses. Entre 1822 até 1844, o Brasil, tornou um refém dos ditames ingleses. A influência não era só econômica, mas também política. Historiadores afirmam que os brasileiros deixaram de ser colônia portuguesa e passaram a ser colônia inglesa. Em 1863 as relações entre o Brasil e a Inglaterra se estremecem devido a questão “Christie”. Questão Christie Com o naufrágio do Navio “Prince of Wales” e a prisão de três oficiais da marinha britânica no Rio de Janeiro (1861). Christie, embaixador britânico, exigia indenização pelo navio, alegando que foi afundado tendenciosamente, e que sua mercadoria foi furtada. https://conceito.de/guerra Direito Internacional – A Diplomacia do Brasil Geraldo M. Batista Curriculum: www.geraldofadipa.comunidades.net 2 Exigia punição para os policiais que prenderam os oficiais ingleses. O Brasil pagou uma indenização pelo naufrágio, mas nega-se a punir seus policiais. A questão é levada para o arbítrio do Rei Leopoldo da Bélgica. Este decide em favor do Brasil. Mesmo assim, há represálias por parte dos ingleses, As relações diplomáticas foram rompidas (1863). A reconciliação só viria em 1865, com uma declaração da Inglaterra que não queria insultar o Brasil com aqueles acontecimentos. Guerra contra Rosas e Oribe (1851-1852) Também conhecida como Guerra do Prata. Oribe (ministro da guerra do Uruguai) e Rosas (Presidente da Argentina) iniciaram uma negociação para fusão entre os dois Estados. Este ato feria interesses da Inglaterra, França e do Império brasileiro. Durante a guerra, o governo brasileiro usou a posição estratégica do rio Paraná para combater as forças argentinas. Em maio de 1851 foi assinado um acordo entre o Brasil, o Uruguai e as províncias dissidentes argentinos (principalmente Entre Rios e Corrientes) que recebiam financiamento brasileiro, por meio de empréstimos do Banco Mauá, para lutar contra Rosas. Ao garantir a aliança com os federalistas dissidentes, liderados por Urquiza, e com os Colorados, o Brasil passou atuar no conflito com o argumento de defender seus aliados (além de seus interesses). Oribe foi derrotado ainda em 1851 e Rosas em dezembro de 1852. Nota-se que o Brasil exerce um papel de potência regional nos conflitos da América do Sul. E, de fato, impõe seus interesses, de manutenção da estabilidade na região (Diplomacia voltada para a manutenção do status quo da América do Sul). A Guerra do Paraguai Começou com os problemas no Uruguai (1864) e foi até 1870 constituiu no maior conflito da América do Sul. Brasil, Argentina e Uruguai unem forças para derrotar o Paraguai, de Solano Lopez, que queria levar o seu país à qualidade de potência regional e manter um equilíbrio de poderes no qual ele seria peça chave. Observação. O Paraguai foi arrasado. Sua indústria, mesmo que insipiente, foi destroçada e sua população masculina foi quase aniquilada. O Brasil saiu como a grande potência da região. Direito Internacional – A Diplomacia do Brasil Geraldo M. Batista Curriculum: www.geraldofadipa.comunidades.net 3 O Barão do Rio Branco O Barão do Rio Branco foi um jornalista, político e diplomata brasileiro que entrou para a história por ter solucionado questões de fronteiras com a Argentina, França e Bolívia. Incorporou 900 mil km ao território brasileiro sem necessidade de conflitos armados. Questão de Palmas – 1895 Primeiro litígio resolvido com a ajuda do barão do Rio Branco. Brasil e Argentina disputavam territórios a oeste de Santa Catarina e a questão foi submetida à arbitragem internacional. O árbitro escolhido foi o presidente americano Grover Cleveland. Rio Branco foi designado para ser o advogado do Brasil na questão por Floriano Peixoto em 1893. Apoiado em farta documentação e mapas, o Barão do Rio Branco, provou que aquelas terras eram brasileiras e deviam ser incorporadas ao Brasil e não à Argentina. Questão do Amapá - 1899 Disputa entre o Brasil e França na definição de fronteiras no atual estado do Amapá. A França alegava que o limite deveria ser para além do rio Oiapoque e o Brasil reivindicava, justamente, que este rio deveria ser o marco da fronteira. Após conflitos armados resolveram submeter a disputa à arbitragem internacional. O governo brasileiro solicita ao barão do Rio Branco que escreva o dossiê que defenda os direitos do Brasil. Em abril de 1899, Brasil e França enviam seus memorandos ao presidente da Confederação Suíça. Em dezembro de 1900, o presidente suíço dá sentença favorável ao Brasil e o país incorpora 260 mil km ao seu território. Questão do Acre - 1903 O território do atual estado do Acre era reivindicado por Brasil e Bolívia. Vários brasileiros estavam na região trabalhando nos seringais quando a Bolívia arrenda as terras a uma companhia americana. Diante das insurreições e revoltas, o governo brasileiro decide intervir. O barão do Rio Branco alega o princípio do “uti possidetis” que define que o território é de quem o ocupava. Direito Internacional – A Diplomacia do Brasil Geraldo M. Batista Curriculum: www.geraldofadipa.comunidades.net 4 Observação. O termo “uti possidetis”. Direito internacional público. Princípio que, em disputas envolvendo soberania territorial, reconhece a legalidade e a legitimidade do poder estatal que de fato exerce controle político e militar sobre a região em litígio. Direito civil. Procedimento jurídico que dirime litígios cíveis, especialmente os que envolvem a posse de imóveis, ratificando a permanência legal dos direitos do atual proprietário. A solução do litígio teve fim em 1903 com o Tratado de Petrópolis. Observação. Tratado de Petrópolis. Acordo diplomático entre o governo brasileiro e boliviano, firmado em 17 de novembro de 1903 na cidade de Petrópolis (RJ), com a anexação do atual estado Acre ao Brasil. Composto de 10 artigos, o Tratado contou com a permuta de alguns territórios entre os países. O Brasil ficou declarado que o Acre inferior (142.000 km²) e o Acre superior (48.000 km²) seria anexado ao seu território, enquanto que a Bolívia ficaria com parte da região do estado do Mato Grosso, numa área correspondente a 3.164 km. Atenção. Artigo III: Por não haver equivalência nas áreas dos territórios permutadosentre as duas Nações, os Estados Unidos do Brasil pagarão uma indenização de £ 2.000.000 (dois milhões de libras esterlinas), que a República da Bolívia aceita com o propósito de a aplicar principalmente na construção de caminhos de ferro ou em outras obras tendentes a melhorar as comunicações e desenvolver o comércio entre os dois países. Artigo VII: Os Estados Unidos do Brasil obrigam-se a construir em território brasileiro, por si ou por empresa particular, uma ferrovia desde o porto de Santo Antônio, no Rio Madeira, até Guajará-Mirim, no Mamoré, com um ramal que, passando por Vila Murtinho ou outro ponto próximo (Estado de Mato Grosso), chegue a Vila Bela (Bolívia), na confluência do Beni e do Mamoré. Dessa ferrovia, que o Brasil se esforçará por concluir no prazo de quatro anos, usarão ambos os países com direito às mesmas franquezas e tarifas. Relações com os Estados Unidos O Brasil declarou neutro americana (Secessão 1861 - 1865). Importante ressaltar que os EUA eram os maiores compradores de café do Brasil, comprando mais da metade da produção, e sempre exigiam melhorias nas negociações e taxações comerciais. Guerras Mundiais Ao final da Guerra do Paraguai, o Brasil tinha a mais poderosa frota de guerra do mundo, com vários encouraçados que aniquilaram a frota paraguaia. Direito Internacional – A Diplomacia do Brasil Geraldo M. Batista Curriculum: www.geraldofadipa.comunidades.net 5 Acreditando neste poderio, as potencias europeias, quando estoura a 1ª Guerra Mundial, requisitam a ajuda brasileira. Porém, o Brasil envia apenas alguns pilotos de caça, alguns oficiais e um corpo médico para auxiliar os países da Entente. Com isso, o status do Brasil de potência regional vai sendo desacreditado. Criação da Liga das Nações ou Sociedade das Nações em 1919 com o objetivo reunir todas as nações para através da mediação e arbitragem manter a paz e a ordem para evitar conflitos desastrosos como a guerra que devastou Europa. Autodissolvida em 1946. A Liga das Nações, na realidade, foi um pacto entre os vencedores e exclui os vencidos. Constituía mais uma coalizão dos vencedores para dobrar os vencidos pois só podia ser controlar os seus membros (vencedores). O Brasil teve assento temporário, apesar de exigir ser membro permanente. O Brasil foi o único representante das Américas na Liga das Nações, e consegue em Versalhes o pagamento, por parte da Alemanha, de uma indenização de guerra pelo café apreendido em portos europeus. O Brasil destina grande atenção para a diplomacia na liga, mas mesmo assim, não consegue o assento permanente. O governo de Artur Bernardes teve grandes atribulações internas, como o tenentismo, a coluna Prestes, mas tentava um maior sucesso e prestigio na política externa. A diplomacia brasileira foi comandada por Félix Pacheco e Melo Franco. Os revolucionários de 1930, que culminou com Getúlio Vargas no poder, não encontrou dificuldades para o reconhecimento de seu governo no exterior. Pois alemães, italianos e japoneses desejava enfraquecer os regimes que se opunham ao seu sistema de controle e condução econômica. O comercio do Brasil com esses países, principalmente Alemanha e Itália, aumentou muito na década de 1930. Em 1935 começa a firmar-se o eixo Roma- Berlim e no mesmo ano no Brasil ocorre a Intentona Comunista. Na 2ª Guerra Mundial, o Brasil acaba intervindo diretamente no conflito. Envia para lutarem na Itália, do lado aliado, cerca de 25 mil soldados (a FEB – Força Expedicionária Brasileira) que se incorporam ao V Exército norte-americano. Com o final da Guerra o mundo entra em outro conflito denominado Guerra Fria. O Brasil se enquadra do lado capitalista. Com o fim desta divisão o mundo passa a se organizar de forma diferente, multilateral, o que abrirá o caminho para o ressurgimento das potências regionais. Dentre elas, o Brasil. Direito Internacional – A Diplomacia do Brasil Geraldo M. Batista Curriculum: www.geraldofadipa.comunidades.net 6 Questão do gás boliviano A Bolívia é fortemente dependente da exportação de gás natural. Sabendo que a Argentina autossuficiente no suprimento de gás natural, o Brasil torna o principal mercado consumidor para o gás boliviano. O decreto de nacionalização de 1º de maio de 2006, fez gerar uma onda de crises entre o Brasil e a Bolívia. A Bolívia quer alterar o regime das empresas privatizadas e das companhias que ganharam concessões para explorar blocos, como a Petrobras. A ideia do governo boliviano é a de transformação das empresas em executoras de um serviço para a YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos). Com um eventual rompimento entre o Brasil e a Bolívia, para os bolivianos restaria apenas como opções de consumidores do gás, o Chile ou os EUA, ambas as possibilidades aparecem como econômica e politicamente problemáticas para o país. Assim, apesar do discurso, os dois países estão interligados nesta questão pela dependência de ambos. Para a Bolívia seria catástrofe o rompimento da compra do seu gás pelo Brasil. Por outro lado, o termo “Catástrofe” poderia ser empregado para a situação do Brasil na falta do gás boliviano. Diplomaticamente a questão está sendo conduzida com concessões, principalmente do Brasil, para a manutenção do acordo. O governo boliviano sabe que o país não tem recursos para investir no desenvolvimento desse tipo de negócio e na estrutura necessária para mantê-lo e por isso, as empresas estrangeiras ainda são necessárias. Novos acordos estão se firmando para racionalizar a exploração de gás e petróleo na Bolívia, rendendo mais lucros para o Estado e menos para as empresas estrangeiras. Salientando que “menos” para as empresas é um excelente negócio. Mercosul: Á 30 anos, Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai assinaram o acordo de Assunção, que constituiu o Mercado Comum do Sul (Mercosul). O objetivo consistia na redução de taxas reduzidas para o comércio de alguns produtos entre os membros. Neste contexto, o Brasil leva grande vantagem, tendo em vista que é o país mais industrializado dos quatro, porém a maioria das indústrias não é nacional, convergindo, dessa forma, o capital para o exterior. Atualmente o Mercosul vem passando por algumas crises, pois os outros parceiros sentem que a união só é vantajosa para o Brasil. Direito Internacional – A Diplomacia do Brasil Geraldo M. Batista Curriculum: www.geraldofadipa.comunidades.net 7 Protocolo de Ouro Preto (1994). Deu personalidade jurídica de direito internacional público que possibilitou estabelecer relações com países, organismos internacionais e outros blocos econômicos. Protocolo de Olivos (2002). Criou o Tribunal Permanente de Revisão para dar conta dos litígios comerciais do bloco. Primeiro os membros devem tentar resolver as controvérsias por meio de negociações. Se não houver consenso podem levar o litígio para o Tribunal Permanente de Revisão. Problemas Ambientais. O País vai ter que usar muita diplomacia para solucionar ações que estão sendo feitas na Amazônia para responder à intenção da França de não ratificar o acordo Mercosul-União Europeia pelos problemas ambientais no Brasil. Observação. A diplomacia pode mostrar que o acordo não beneficia apenas os países do Mercosul, mas também os países da União Europeia, que são industrializados e que têm muito mais valor agregado na sua produção. O acordo Mercosul-UE foi assinado em julho de 2019, depois de mais de uma década de idas e vindas nas negociações, mas ainda precisa ser ratificado pelos 27 países membros do Parlamento Europeu e pelos Congressos dos quatro membros do Mercosul. Na Europa, além da França, Áustria e Holanda já indicaram que podem não ratificar. FIM
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