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Botanica Sistematical1

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Ficha n° 1 
 
 Luís Morais Macaripe UP-Niassa 2012 Page 1 
 
 
Faculdade de Ciências Naturais e Matemática 
 Curso de Química 
 Botânica Geral 
_____________________________________________________________________________________________ 
 
1. Introdução 
 
Oriunda do grego “botané”, a palavra botânica significa “planta forrageira, 
erva” e é derivada do verbo boskein, que significa alimentar. Esse ramo da biologia 
estuda o crescimento, reprodução, metabolismo, desenvolvimento, doenças e evolução 
de todas as espécies vegetais, e teve início com o botânico sueco, Karl von Linné (1707 
- 1778). 
A botânica é uma área muito ampla e com inúmeras linhas de pesquisa, sendo 
considerada uma importante disciplina científica que pode ser dividida em dois grupos 
fundamentais: 
� Botânica aplicada: estuda as relações entre as espécies vegetais e a vida 
humana, como a botânica agrícola (uso das plantas na agricultura), botânica 
farmacêutica (uso de plantas medicinais pelos homens), fitopatologia (doenças 
que acometem as plantas úteis aos homens), entre outras. 
 
� Botânica pura: estuda as espécies vegetais com finalidade científica, 
englobando as disciplinas relativas aos aspectos gerais das plantas, como a 
botânica geral, que estuda a forma (morfologia), as funções (fisiologia), o 
desenvolvimento desde a fecundação (embriologia); e os aspectos mais 
particulares dos vegetais, como a botânica especial, que estuda a classificação 
dos vegetais (botânica sistemática), a distribuição (fitogeografia) e as anomalias 
(teratologia). 
O estudo de todas as características desses seres vivos é de extrema importância, pois 
eles são imprescindíveis para o meio ambiente e também para o homem, lembrando 
 Ficha n° 1 
 
 Luís Morais Macaripe UP-Niassa 2012 Page 2 
 
sempre que é através da manutenção da flora que conseguimos conservar inúmeras 
espécies de animais. 
2. Foco e motivação da botânica 
Como outras formas de vida na Biologia, a vida das plantas pode ser estudada em 
vários níveis, do molecular, genético e bioquímico através de organelas, células, tecidos 
e a biodiversidade de plantas inteiras. No topo desta escala, plantas podem ser estudadas 
em populações, comunidades e ecossistemas (como em ecologia). Em cada um destes 
níveis, um botânico pode se dedicar à classificação (taxonomia), estrutura (anatomia) ou 
função (fisiologia) da vida vegetal. 
Historicamente, botânicos estudavam todos os organismos geralmente não considerados 
como animais. Alguns destes organismos "semelhantes a plantas" incluem: fungos 
(estudados em Micologia); bactérias e vírus (estudados em Microbiologia); e algas 
(estudadas em Ficologia). A maior parte das algas, fungos e micróbios não são mais 
considerados membros do Reino Vegetal. Entretanto, atenção ainda é dada a estes por 
botânicos; e bactérias, fungos, e algas são usualmente mencionados, ainda que 
superficialmente, em cursos (aulas) de botânica. 
2.1.Então por que estudar plantas? 
Plantas são fundamentais para a vida na Terra. Elas geram oxigénio, alimento, 
fibras, combustíveis e remédios que permitem aos humanos e outras formas de vida 
existir. Enquanto realizam tudo isso, as plantas ainda absorvem dióxido de carbono, um 
importante gás do efeito estufa, através da fotossíntese. Uma boa compreensão das 
plantas é crucial para o futuro de nossa sociedade, já que nos permite: 
• Alimentar o mundo 
• Utilizar remédios e materiais 
• Entender mudanças ambientais 
A importância económica dos recursos obtidos do reino vegetal é inegável. O 
homem depende para sua sobrevivência e bem estar de recursos naturais, os quais em 
grande parte provém das plantas. O conhecimento do que se explora comercialmente e 
como os transformar para atender as necessidades humanas, é importante para o biólogo 
 Ficha n° 1 
 
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a fim de que ele possa dialogar em sua actividade profissional, com especialistas de 
outras áreas, como agrónomos, engenheiros, farmacêuticos, entre outros. 
A manutenção das comunidades vegetais promove simultaneamente a conservação da 
fauna, que depende directamente dos habitats. A pressão das expansões agrícola, 
pastoreia e urbana, além das inundações por barragens, extracções de madeira, plantas 
medicinais, ornamentais e alimentícias, têm feito desaparecer diversas espécies, 
causando desequilíbrio no ecossistema. É com urgência que devemos voltar os olhos 
para nossos recursos renováveis e tratar, realmente, de renová-los. 
 
3. Breve historial sobre a Botânica 
 
Registos antigos nos mostram que a Botânica já era estudada há milhares de anos. 
Com o passar do tempo, a humanidade foi aprendendo a classificar e catalogar espécies 
de acordo com seu uso para as mais diversas finalidades. "Classificar" é agrupar as 
plantas em unidades taxonómicas, como espécie, género, etc.. As primeiras formas de 
classificação eram artificiais, não mais usadas; baseavam-se em apenas alguns 
caracteres dos vegetais, como estrutura da folha, maior ou menor desenvolvimento do 
caule, tipos de corola, número de estames, etc., podendo se reunir em grupos, vegetais 
sem nenhuma semelhança natural. Estas classificações são úteis para se identificar as 
plantas, mas, não têm valor científico. 
 
Já as classificações naturais tomam como ponto de apoio não apenas uma determinada 
característica, mas a totalidade dos dados conhecidos da morfologia, fisiologia e 
genética, principalmente os referentes ao aparelho reprodutor dos vegetais. 
 
O homem pré-histórico, e mesmo os primeiros biólogos, faziam classificações 
empíricas que foram sendo abandonadas com o desenvolvimento da Química e Física 
no século XVIII. Os fenómenos biológicos puderam então ser esclarecidos, facilitando 
assim as classificações dos seres vivos. 
 
O primeiro sistema de classificação das espécies vegetais (e também animais) foi criado 
pelo naturalista sueco Lineu (Carl von Lineu -1.707-1.778), baseada nos caracteres dos 
estames, isto é, no número e posição dos estames na flor. Devido a isso, o sistema de 
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Lineu é também chamado sistema sexual. Nesta classificação podia acontecer que 
espécies de um mesmo género, com número diferente de estames, fossem enquadradas 
em classes diferentes. 
 
A importância de Lineu, na história da Botânica, é imensa. Teve o grande mérito de 
criar uma espécie de catálogo onde registou uma grande parte das plantas conhecidas 
nos dias de hoje, dando-lhes dois nomes, o primeiro representando o género e o 
segundo a espécie, utilizando o latim como idioma para padronizar os nomes das 
espécies em todo o mundo. 
 
O sistema de classificação de Lineu foi aperfeiçoado, mais tarde, por diversos 
botânicos, dentre eles podemos citar: Eichler, que dividiu o Reino Vegetal em 
Criptógamas (plantas sem flores) e Fanerógamas (plantas com flores); Engler, que 
dividiu em Talófitas (plantas com talo e sem órgãos vegetativos) e Cormófitas (plantas 
com raiz, caule e folhas); até chegar em Cronquist, que introduziu um sistema que leva 
em consideração não apenas a morfologia, mas também a filogenia (história 
evolucionária) e a composição química das espécies, para a sua classificação. 
 
Com os avanços da Biologia Molecular,a classificação dos vegetais está sendo cada vez 
mais aprimorada. 
Podemos resumir a história da Botânica de seguinte modo: 
 
 
� Aristóteles (384 a.C) e Theophrastus “pai da botânica” (372- 287 a.C) - 
agruparam as plantas segundo o porte; 
� Dioscorides – Descreveu plantas de interesse médico; 
� Século XVI – Surgimento de vários herbários; 
� Século XV – Início dos estudos e interpretação dos fósseis; 
� Final do Século XVI – início XVII – primeiros estudos de anatomia vegetal; 
� Século XVII – início da experimentação botânica: 
o Estudos de Fisiologia vegetal (Johannes Helmont; Stephen Hales; 
Joseph Priestley) 
o Estudos Taxonómicos (Carolus Linnaeus – “EspéciesPlantarum”; 
nomenclatura botânica – binómio) 
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o Taxonomia evolutiva (Charles Darwin – “Origem das espécies”- 
1859) – Mecanismos de hereditariedade e variação genética – 
compreendidos apenas nos séculos XIX e XX. 
� Século XIX – Desenvolvimento dos estudos em patologia vegetal (estimulado 
pela ferrugem da batata na Irlanda em 1840) e estabelecimento da Paleobotânica 
como uma ciência; 
� Séculos XIX e XX – Emergiram os estudos ecológicos (merecendo destaque a 
influência dos estudos de Theophratus). 
 
4. Taxonomia vegetal 
A taxonomia vegetal é o ramo da botânica que se ocupa da classificação das plantas, 
ou seja, sua organização em reino, divisão, classe, ordem, família, género e espécie. 
Com os avanços dos estudos taxonómicos, além dessas categorias sistemáticas 
principais, tornaram-se necessárias categorias intermediárias, como subordem, 
subgéneros, etc.. Actualmente, as categorias utilizadas na classificação detalhada das 
plantas são: 
Reino, Divisão, Subdivisão, Classe, Subclasse, Ordem, Subordem, Família, Subfamília, 
Tribo, Subtribo, Género, Subgénero, Secção, Subsecção, Série, Subsérie, Espécie, 
Subespécie, Variedade e Forma. 
É verdade que na maioria dos casos, apenas as categorias tradicionais já são suficientes 
para classificar as plantas. 
Atenção: Saliento que existem diferenças na classificação taxonómica conforme o 
autor que se segue. Portanto, existem livros que apresentam uma classificação 
ligeiramente diferente. A seguida nesta ficha leva em consideração os ancestrais e as 
características evolutivas dos grupos em questão. 
4.1.A Importância da taxonomia 
A organização dos seres vivos em categorias taxonómicas é necessária para que não 
se faça confusão entre plantas, ou quaisquer outros seres vivos. 
. 
a 
 Ficha n° 1 
 
 Luís Morais Macaripe UP-Niassa 2012 Page 6 
 
Um exemplo clássico em Moçambique é o da planta Manihot esculenta (Mandioca), Ela 
apresenta muitos nomes comuns diferentes de acordo com a região em Moçambique; 
Apesar dos diferentes nomes comuns, o nome científico é um só no mundo inteiro: 
Manihot esculenta. 
 
4.2. O surgimento do sistema de classificação 
Quando os homens começaram a ver necessidade em dar nomes às plantas e a todas 
as coisas que os rodeavam, eles começaram a identificar e baptizar. 
Como nessa época as populações humanas eram pequenas e, em geral, isoladas umas 
das outras, não havia intercâmbio de informações. Como resultado, cada agrupamento 
humano tinha seu próprio sistema de nomenclatura. Lembre-se que estamos a falar de 
uma época muito primitiva, na qual ainda não se pensava cientificamente, e nas 
implicações de um sistema nomenclatural organizado. 
Com o passar do tempo, começou a haver troca de informações entre os diferentes 
povoados. E aí começou a confusão, pois os nomes dos objectos e a própria língua 
falada era diferente. Houve uma lenta e gradual adequação das informações. 
Mas a primeira pessoa a realmente se interessou em criar um sistema de classificação 
universal e organizado, foi o professor e naturalista do século 18 Carl Linnaeus. Sua 
intenção era de nomear e descrever todos os tipos de plantas, animais e minerais. 
Carl Linnaeus ou Carl von Linné (em português Carlos Lineu) Dedicou-se às áreas da 
Botânica e Zoologia, além de ser médico. Foi o criador do sistema binomial de 
classificação dos seres vivos e da classificação científica. Este sistema é até hoje 
utilizado. Por isso, Linnaeus é considerado o “pai da taxonomia moderna”. Foi um dos 
fundadores da Academia Real das Ciências da Suécia. Ele era o botânico mais 
reconhecido da sua época e também um excelente escritor. 
“Linnaeus era na realidade um poeta que por acaso se tornou naturalista”, por August 
Strindberg 
 
 Ficha n° 1 
 
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4.3. O sistema binomial 
A origem do sistema binomial de classificação é o sistema polinomial, proposto em 
1753, quando Linnaeus publicou seu trabalho em dois volumes, Species Plantarum (As 
espécies de plantas). 
Neste trabalho, ele usou designações polinomiais para todas as espécies de plantas como 
meio de descrevê-las e nomeá-las ao mesmo tempo. Ele considerava estes polinómios 
como se fossem nomes próprios, capazes de caracterizar cada uma das plantas 
existentes. Ex: 
O polinómio (nome próprio) da planta conhecida como gataria era: Nepeta floribus 
interrupte spicatus pedunculatis (Nepeta com flores em uma espiga pedunculada 
ininterrupta). O nome era, ao mesmo tempo, a identificação e a descrição da planta. 
Mas, além disso, Linnaeus acrescentou uma inovação importante. Em seu livro, 
próximo ao polinómio de cada planta, ele escreveu uma única palavra que, quando 
combinada ao polinómio, fornecia à planta uma designação mais particular. 
No caso da gataria, ao lado do polinómio ele escreveu: “cataria” (que em latim significa 
“associada ao gato”). Assim, ele chamava a atenção para um atributo popularmente 
conhecido da planta. 
Em pouco tempo, o próprio Linnaeus e seus seguidores passaram a chamar esta planta 
de Nepeta cataria, que ainda hoje é a designação oficial. 
Logo a conveniência deste novo sistema foi reconhecida e, ao invés dos incómodos e 
longos polinómios, passou-se a utilizar o sistema binomial (de dois termos), que é 
utilizado até hoje. 
Entretanto, a dificuldade de comunicação existente naquela época entre países e, ainda 
mais, entre continentes, gerou uma grande duplicidade de nomes científicos ao redor do 
mundo. Para resolver isto, foi criado o Código Internacional de Nomenclatura Botânica, 
que reúne as regras de nomenclatura aplicadas às plantas. Uma destas regras diz que o 
nome binomial mais antigo aplicado a determinada espécie tem prioridade em relação 
aos posteriormente aplicados à mesma espécie. 
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Mas como saber qual é o mais antigo? A principal forma é a publicação dos resultados 
de pesquisas em revistas científicas especializadas. 
Quando dados são disponibilizados em uma revista científica, tem-se a data em que 
aquela edição foi publicada e aquela determinada espécie passa a “valer” oficialmente a 
partir daquela data. Qualquer publicação posterior será desconsiderada. 
Actualmente, com o advento da internet, bancos de dados electrónicos entre 
universidades, herbários, institutos de pesquisa e disponibilização de artigos na internet 
pelas própriasrevistas científicas, tornou-se muito mais fácil saber se uma determinada 
planta ou qualquer outro ser vivo é uma espécie nova ou se já foi estudada e baptizada 
anteriormente. Por isso, tem acontecido cada vez menos casos de duplicidade de nomes 
científicos. 
No passado isso era muito comum, pois uma publicação feita em uma parte do mundo 
muitas vezes não era conhecida em outra. Assim, outro pesquisador, em outro local, 
acabava “descobrindo” novamente determinada planta, descrevendo-a e baptizando-a. 
Quando isso acontece, o nome mais antigo tem prioridade. Por isso existem até hoje as 
“sinonímias botânicas”, ou seja, diferentes nomes científicos para a mesma planta, já 
que muitas vezes não é o nome mais antigo o mais conhecido. 
4.4. O nome científico 
Uma vez entendido o surgimento e a necessidade de um sistema de classificação 
universal, passaremos a discutir a formação do nome científico. 
Um nome científico é composto por duas partes: a primeira é o nome genérico. Este 
nome refere-se ao género que engloba determinada espécie. Pode ser escrito sozinho 
quando estamos nos referindo a todas as espécies daquele género. Quando queremos 
nos referir a uma determinada espécie daquele género, acrescentamos logo após ao 
nome do género, o epíteto específico. Este nome é que caracteriza a espécie e é único 
em todo o mundo. Por exemplo: 
Mangifera indica (Arvore da Manga ou simplesmente Mangueira). Mangifera é o nome 
genérico, que serve para todas as plantas do gênero Mangifera (Mangifera 
persiciformis, Mangifera pinnata, Mangifera siamensis, Mangifera domestica, 
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 Luís Morais Macaripe UP-Niassa 2012 Page 9 
 
Mangifera foetida, Mangifera kemanga, etc). Já o nome “indica” é o epíteto 
específico, pois é específico desta espécie. A combinação entre nome genérico e epíteto 
específico é única no mundo e só pode caracterizar uma única espécie. 
Veja bem, a combinação entre os dois é que é específica. Pode haver diferentes espécies 
de géneros distintos com o mesmo epíteto específico e mesmo assim estar de acordo 
com as normas de nomenclatura. 
Por exemplo: biennis é um epíteto específico presente no nome de várias espécies, mas 
de diferentes gêneros. Artemisia biennis, Lactuca biennis, Oenothera biennis, entre 
outras biennis existentes, são plantas diferentes e seus nomes estão perfeitamente de 
acordo com as regras de nomenclatura. Quando mencionado, o epíteto específico deve 
ser sempre acompanhado do nome genérico. Mesmo quando abreviado, este deve 
aparecer: A. biennis, L. biennis, e assim por diante. 
O único inconveniente pode ocorrer se uma espécie passa por uma revisão taxonómica e 
descobre-se que ela estava incluída em um género errado. Se o novo género daquela 
planta já tiver uma planta com aquele epíteto específico, a última espécie incluída 
deverá mudar de epíteto específico. Por exemplo (exemplo fictício): 
Se em uma revisão descobre-se que a planta Mangifera indica, na verdade não pertence 
ao gênero Mangifera, e sim ao género Agatea, o novo nome da planta seria Agatea 
indica, pois o epíteto específico da planta acompanha a mesma em caso de mudanças na 
classificação. Mas se no género Agatea já existir o epíteto específico indica, o autor da 
revisão deverá propor outro epíteto específico para caracterizar esta planta. 
4.5. Nomenclatura Botânica 
É a parte da Botânica (Sistemática) que se dedica a dar nomes às plantas e grupos de 
plantas (táxon). 
Nomenclatura botânica é o emprego correcto dos nomes das plantas, envolvendo um 
conjunto de princípios, regras e recomendações aprovados em Congressos 
Internacionais de Botânica e publicados num texto oficial. 
 Ficha n° 1 
 
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Os primeiros nomes das plantas foram vernáculos ou nomes comuns, mas estes têm 
seus inconvenientes: 
� Não são universais e somente são aplicados a uma língua. 
� Somente algumas plantas têm nome vernáculo. 
� Frequentemente duas ou mais plantas não relacionadas possuem o mesmo nome 
ou uma mesma planta possui diferentes nomes comuns. 
� Se aplicam indistintamente a géneros, espécies ou variedades. 
 
4.5.1. CINB - Código Internacional de Nomenclatura Botânica 
O sistema de nomenclatura botânica visa a padronização e aceitação mundial. 
O nome científico é o símbolo nominal da planta ou de um grupo de plantas e é uma 
maneira de indicar sua categoria taxonómica. 
O CINB está dividido em três partes: 
� Princípios básicos do sistema de nomenclatura botânica; 
� Regras para por em ordem a nomenclatura antiga; 
� Recomendações para conseguir uniformidade e clareza na nomenclatura actual. 
 
4.5.1.1.Princípios do CINB: 
I. A nomenclatura botânica é independente da nomenclatura zoológica e bacteriológica; 
II. A aplicação de nomes a grupos taxonómicos (táxons) de categoria de família ou 
inferior é determinada por meio de tipos nomenclaturas; 
III. A nomenclatura de um táxon se fundamenta na prioridade de publicação. 
IV. Cada grupo taxonómico não pode ter mais de um nome correcto (o mais antigo 
segundo as regras); 
V. Os nomes científicos dos grupos taxonómicos se expressam em latim, qualquer que 
seja sua categoria e origem; 
VI. As regras de nomenclatura têm efeito retroactivo, salvo indicação contrária. 
 
 
 
 Ficha n° 1 
 
 Luís Morais Macaripe UP-Niassa 2012 Page 11 
 
4.5.1.2. Regras do CINB 
As regras são organizadas em artigos, os quais visam por em ordem os nomes já 
existentes e orientar a criação de novos nomes. 
Seguem-se algumas regras importantes que aparecem no Código: 
� Os nomes científicos dos táxons devem ser escritos em latim, quando impressos, 
devem ser destacados, por artifícios como o negrito ou itálico e quando 
manuscritos, por grifos. 
� Os nomes científicos não devem ser abreviados, excepto o nome da espécie. Na 
combinação binária, o nome do género por ser substituído pela sua inicial 
quando o texto torna claro qual o género em questão. 
� As seguintes terminações dos nomes designam as categorias taxonómicas: 
� ordem - o nome deriva do nome de uma das principais famílias (família-
tipo) com adição da terminação ales. 
� sub-ordem - a mesma raiz com terminação ineae. 
� família - nome derivado de um género vivo ou extinto com a terminação 
aceae. 
� sub-família - a mesma raiz com a terminação oideae. 
� tribo - a mesma raiz com a terminação eae. 
� sub-tribo - a mesma raiz com a terminação inae. 
� gênero e infra-genéricas - o nome pode vir de qualquer fonte, sendo 
escolhido arbitrariamente pelo autor. Deve ser um substantivo ou adjectivo 
substantivado, latino ou latinizado e escrito com a inicial maiúscula. 
� Espécie - o nome da espécie é também de escolha arbitrária, escolhido pelo 
autor. Deve ser um adjectivo ou substantivo adjectivado, latino ou latinizado, 
sempre formando uma combinação binária com o género e sempre escrito 
com a inicial minúscula. Todo nome de espécie deve ser acompanhado pelo 
nome do autor da mesma. 
� categorias infra-específicas - os nomes são os das espécies acrescidas do 
nome da categoria infraespecífica em terceiro lugar. Ex. Brassica oleracea 
var. capithata, Ipomoea batatas f. alba. 
 Ficha n° 1 
 
 Luís Morais MacaripeUP-Niassa 2012 Page 12 
 
� Cultivar - nome reservado a variedade cultivada, criada pelo homem em 
seus trabalhos de melhoramento e se opõe à variedade botânica, criada e 
selecionada pela natureza. Ex.: Zea mays cv. Piranão, Phaseolus vulgaris cv. 
Rosinha. 
 Exemplo geral das categorias taxonómicas: 
� Divisão: Magnoliophyta 
� Classe: Magnoliopsida 
� Sub classe: Rosidae 
� Ordem: Rosales 
� Sub-ordem: Rosineae 
� Família: Rosaceae 
� Sub-família: Rosoideae 
� Tribo: Roseae 
� Sub-tribo: Rosinae 
� Gênero: Rosa 
� Espécie: Rosa gallica L. 
� Variedade: Rosa gallica var. versicolor Thory 
� Quando uma espécie muda de género, o nome do autor do basiônimo (primeiro 
nome dado a uma espécie) deve ser citado entre parênteses, seguido pelo nome 
do autor que fez a nova combinação. Ex. Majorana hortensis (Linn.) Moench.; 
basiônimo: Origanum majorana Linn. 
 
4.5.1.2.1. Nomes dos táxons 
O nome de um género pode ser o nome de uma pessoa latinizado, seguindo as regras: 
� Terminação em vogal: se adiciona a, excepto quando termina em a (ea). Ex. 
 Boutelou Boutelona Colla Collaea 
� Terminação em consoante: se adiciona ia. Ex. 
 Klein Kleinia Lobel Lobelia 
 Ficha n° 1 
 
 Luís Morais Macaripe UP-Niassa 2012 Page 13 
 
� O epíteto específico pode ser um nome em comemoração a uma pessoa. 
� Se implica em várias palavras, essas se combinam em uma só ou se ligam por 
travessão. 
� Não se usa o epíteto específico de forma isolada, somente em combinação com o 
género. 
� Um mesmo epíteto pode vir junto a diferentes nomes genéricos. Ex. Anthemis 
arvensis; Anagalis arvensis. 
� Cada epíteto deve estar no mesmo género gramatical (singular, plural ou neutro) 
do nome genérico. As terminações mais frequentes são: 
M: alb-us nig-er brev-is ac-er 
F: alb-a nig-ra brev-is ac-ris 
N: alb-um nig-rum brev-e ac-re 
Ex. Lathyrus hirsutus, Lactuca hirsuta, Vaccinium hirsutum 
� Outras terminações: eleg-ans, rep-ens, bicol-or, simple-x 
4.5.1.2.2. Tipos de epítetos específicos: 
Epítetos comemorativos: 
� Terminação vogal (excepto a), se adiciona -i. Ex. Joseph Blake Aster blakei 
� Terminação em vogal -a, se adiciona -e. Ex. Mr. Balansa balansae 
� Terminação em consoante diferente de -er, se adiciona -ii . Se é uma mulher, -
iae. Ex. Tuttin tuttinii 
� Terminação em consoante -er, se adiciona -i. Ex. Boissier boissieri 
� Se o nome se usa como adjectivo, a terminação deve coincidir com o género. Ex. 
Rubus cardianus (F. Wallace Card) ; Chenopodium boscianum (Augustin Bosc) 
Epítetos descritivos: 
� Relacionados com a cor: albus, aureus, luteus, niger, virens, viridis 
� Relacionados com a orientação: australis, borealis, meridionalis, orientalis 
 Ficha n° 1 
 
 Luís Morais Macaripe UP-Niassa 2012 Page 14 
 
� Relacionados com a geografia: africanus, alpinus, alpestris, hispanicus, 
ibericus, cordubensis 
� Relacionados com o hábito: arborescens, caespitosus, procumbens 
� Relacionados com o habitat: arvensis, campestris, lacustris 
� Relacionados com as estações: automnalis, vernalis 
� Relacionados com o tamanho: exiguus, minor, major, robustus 
4.5.1.2.3. Normas para redacção de nomes científicos 
� Todas as letras em latim devem vir em itálico (cursiva), sublinhadas ou negrito; 
� A primeira letra do género ou categoria superior há de vir em maiúscula; 
� O resto do nome vem em minúscula (excepto em alguns casos em que se 
conserva a primeira letra de epíteto específico) 
� Os nomes dos híbridos vem precedidos de x. Ex. x Rhaphanobrassica; Mentha 
x piperita 
 
4.5.1.2.4 Pronúncia de nomes científicos 
 
� Os ditongos ae e oe se lêem como e. Ex. laevis; rhoeas 
� A combinação ch se lê k; Ex. Chenopodium 
� A combinação ph se lê f; Ex.Phaseolus vulgaris 
 
4.6.Classificação dos seres vivos estudados pela botânica: 
As espécies na natureza não estão agrupadas hierarquicamente. O que os sistematas 
procuram são provas de características similares em diferentes espécies, baseadas na 
ancestralidade comum. A forma como nós as agrupamos em famílias, ordens, géneros, 
etc., é uma decisão humana... 
 
 
 
 
 Luís Morais Macaripe UP-Niassa 2012
 
 
Taxon Sistema Engler (até 1988) 
Divisão Angiospermae 
Classes Dicotyledonae 
Monoco-
tyledonae 
Sub-classes 
Choripetalae 
(Archichla-
mydeae) 
Sympetalae 
(Metach-
lamydeae) 
- 
Ordens 
Famílias 
 
 
 
Como as duas classes de Magnoliophyta divergiram no início da história evolutiva do grupo, elas são bastante distintas e, em termos de 
identificação, representam o primeiro nível de reconhecimento. Características chaves na diferenciação dessas duas classes incluem:
 Ficha n° 1 
Niassa 2012 
Sistema Cronquist (a partir de 1988)
Magnoliophyta 
 
Magnoliopsida 
Magno-
liidae 
Ham-
mame-
lidae 
Caryo-
phylli-
dae 
Dille-
niidae 
Rosidae 
Asteri-
dae 
Alis-
mati-
dae 
Areci
dae
 
 
 
 
Magnoliophyta divergiram no início da história evolutiva do grupo, elas são bastante distintas e, em termos de 
representam o primeiro nível de reconhecimento. Características chaves na diferenciação dessas duas classes incluem:
 
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Sistema Cronquist (a partir de 1988) 
Liliopsida 
Areci-
dae 
Com-
meli-
nidae 
Zingi-
beri-
dae 
Lilii-
dae 
 
 
 
 
Magnoliophyta divergiram no início da história evolutiva do grupo, elas são bastante distintas e, em termos de 
representam o primeiro nível de reconhecimento. Características chaves na diferenciação dessas duas classes incluem: 
 
 Ficha n° 1 
 
 Luís Morais Macaripe UP-Niassa 2012 Page 16 
 
Carácter Magnoliopsida Liliopsida 
Cotilédones Normalmente 2 Normalmente 1 
Folhas Frequentemente venação reticulada Frequentemente venação paralela 
Câmbio vascular Frequentemente presente ( 50% lenhoso) Ausente 
Bainhas vasculares primárias Arranjado em anéis Frequentemente dispersas 
Pólen Vários tipos Monossulcados 
Partes florais Frequentemente em 4 ou 5 elementos Usualmente séries de 3 
Sistema radicular Primário e adventício Adventício somente 
Magnoliopsida 
Subclasse Características Ordens Famílias Espécies 
Magnoliidae Flores bastante divididas 8 39 11.000 
Hamamelidae Antigas, com redução floral (polinização pelo vento) 11 24 3.400 
Caryophyllidae Ervas pigmentadas (antocianina) e de placenta em posição central 3 14 11.000 
Dillenidae Algumas simpétalas, pequena apocarpia 13 78 25.000 
Rosidae Coripétala, frequentemente numerosos estames 18 114 58.000 
Asteridae Maioria simpétala 11 49 56.000 
 
Liliopsida 
 
Subclasse Características Ordens Famílias Espécies 
Alismatidae Aquáticas com flores seccionadas 4 16 500 
Arecidae Inflorescências especializadas 4 5 5,600 
Commelinidae Maioria ervas com flores reduzidas 6 16 16,200 
Zingiberidae Ervas epígeas dos trópicos 2 9 3,800 
Liliidae Demonstram-se com pétalas sepalóides 2 19 25,000Ficha n° 1 
 
 Luís Morais Macaripe UP-Niassa 2012 Page 17 
 
Classe Magnoliopsida (Dicotyledoneae) 
 
Subclasse Magnoliidae 
1.Magnoliaceae 2.Nymphaeaceae 3.Ranunculaceae 4.Papaveraceae 
 
Subclass Hamamelidae 
5.Ulmaceae 6.Fagaceae 7.Betulaceae 
 
Subclasse Caryophyllidae 
8.Cactaceae 9.Chenopodiaceae 10.Caryophyllaceae 11.Polygonaceae 
 
Subclasse Dilleniidae 
12.Tiliaceae 13.Malvaceae 14.Sarraceniaceae 15.Droseraceae 
16.Violaceae 17.Cucurbitaceae 18.Salicaceae 19.Brassicaceae 
(Cruciferae) 
20.Ericaceae 
 
Subclasse Rosidae 
21.Crassulaceae 22.Saxifragaceae 23.Rosaceae 24.Fabaceae 
(Leguminosae) 
25.Onagraceae 26.Viscaceae 27.Euphorbiaceae 28.Vitacea 
29.Aceraceae 30.Anacardiaceae 31.Oxalidaceae 32.Geraniaceae 
33.Apiaceae 
(Umbelliferae) 
 
 
Subclasse Asteridae 
34.Gentianaceae 35.Asclepiadaceae 36.Solanaceae 37.Convolvulaceae 
38.Cuscutaceae 39.Lamiaceae 
(Labiatae) 
40.Plantaginaceae 41.Oleaceae 
42.Scrophulariaceae 43.Campanulaceae 44.Rubiaceae 45.Caprifolicaeae 
46.Asteraceae 
(Compositae) 
 
 
 
 
 
 Ficha n° 1 
 
 Luís Morais Macaripe UP-Niassa 2012 Page 18 
 
Classe Liliopsida (Monocotyledoneae) 
Subclasse Alismatidae 
47.Alismataceae 
 
Subclasse Arecidae 
48.Arecaceae (Palmae) 49.Araceae 50.Lemnaceae 
 
Subclasse Commelinidae 
51.Commelinaceae 52.Juncaceae 53.Cyperaceae 54.Poaceae (Gramineae) 
55.Sparganiaceae 56.Typhaceae 
 
Subclasse Zingiberidae 
57.Bromeliaceae 
 
Subclasse Liliidae 
58.Liliaceae 59.Iridaceae 60.Orchidaceae 
 
 
 
 
 
Bibliografia : 
 
CURTIS, H & RAVEN, P. H.: Biologia Vegetal. 2º ed, 1970 
ESAU, K. Anatomia Das Plantas Com Sementes. São Paulo, 1976. 
GARVING , J. W & BOYD , J.D . Skills In Advanced Biology, Vol 2. London. Observing, Recoding and 
Interpreting, 1990. 
MODESTO, Z M & SIQUEIRA, N J B. Botânica. 7 ed. S. Paulo. Editora pedagógica e 
universitária, 1981. 
MOREIRA, I. Histologia Vegetal. 3 ed. Didáctica Editora,1983 
STRASBURGER, E. Tratado De Botânica. Barcelona, 1976. 
WEBERLLING – SCHWANTES. Taxonomia Vegetal. São Paulo, 1986.

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