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Ficha n° 1 Luís Morais Macaripe UP-Niassa 2012 Page 1 Faculdade de Ciências Naturais e Matemática Curso de Química Botânica Geral _____________________________________________________________________________________________ 1. Introdução Oriunda do grego “botané”, a palavra botânica significa “planta forrageira, erva” e é derivada do verbo boskein, que significa alimentar. Esse ramo da biologia estuda o crescimento, reprodução, metabolismo, desenvolvimento, doenças e evolução de todas as espécies vegetais, e teve início com o botânico sueco, Karl von Linné (1707 - 1778). A botânica é uma área muito ampla e com inúmeras linhas de pesquisa, sendo considerada uma importante disciplina científica que pode ser dividida em dois grupos fundamentais: � Botânica aplicada: estuda as relações entre as espécies vegetais e a vida humana, como a botânica agrícola (uso das plantas na agricultura), botânica farmacêutica (uso de plantas medicinais pelos homens), fitopatologia (doenças que acometem as plantas úteis aos homens), entre outras. � Botânica pura: estuda as espécies vegetais com finalidade científica, englobando as disciplinas relativas aos aspectos gerais das plantas, como a botânica geral, que estuda a forma (morfologia), as funções (fisiologia), o desenvolvimento desde a fecundação (embriologia); e os aspectos mais particulares dos vegetais, como a botânica especial, que estuda a classificação dos vegetais (botânica sistemática), a distribuição (fitogeografia) e as anomalias (teratologia). O estudo de todas as características desses seres vivos é de extrema importância, pois eles são imprescindíveis para o meio ambiente e também para o homem, lembrando Ficha n° 1 Luís Morais Macaripe UP-Niassa 2012 Page 2 sempre que é através da manutenção da flora que conseguimos conservar inúmeras espécies de animais. 2. Foco e motivação da botânica Como outras formas de vida na Biologia, a vida das plantas pode ser estudada em vários níveis, do molecular, genético e bioquímico através de organelas, células, tecidos e a biodiversidade de plantas inteiras. No topo desta escala, plantas podem ser estudadas em populações, comunidades e ecossistemas (como em ecologia). Em cada um destes níveis, um botânico pode se dedicar à classificação (taxonomia), estrutura (anatomia) ou função (fisiologia) da vida vegetal. Historicamente, botânicos estudavam todos os organismos geralmente não considerados como animais. Alguns destes organismos "semelhantes a plantas" incluem: fungos (estudados em Micologia); bactérias e vírus (estudados em Microbiologia); e algas (estudadas em Ficologia). A maior parte das algas, fungos e micróbios não são mais considerados membros do Reino Vegetal. Entretanto, atenção ainda é dada a estes por botânicos; e bactérias, fungos, e algas são usualmente mencionados, ainda que superficialmente, em cursos (aulas) de botânica. 2.1.Então por que estudar plantas? Plantas são fundamentais para a vida na Terra. Elas geram oxigénio, alimento, fibras, combustíveis e remédios que permitem aos humanos e outras formas de vida existir. Enquanto realizam tudo isso, as plantas ainda absorvem dióxido de carbono, um importante gás do efeito estufa, através da fotossíntese. Uma boa compreensão das plantas é crucial para o futuro de nossa sociedade, já que nos permite: • Alimentar o mundo • Utilizar remédios e materiais • Entender mudanças ambientais A importância económica dos recursos obtidos do reino vegetal é inegável. O homem depende para sua sobrevivência e bem estar de recursos naturais, os quais em grande parte provém das plantas. O conhecimento do que se explora comercialmente e como os transformar para atender as necessidades humanas, é importante para o biólogo Ficha n° 1 Luís Morais Macaripe UP-Niassa 2012 Page 3 a fim de que ele possa dialogar em sua actividade profissional, com especialistas de outras áreas, como agrónomos, engenheiros, farmacêuticos, entre outros. A manutenção das comunidades vegetais promove simultaneamente a conservação da fauna, que depende directamente dos habitats. A pressão das expansões agrícola, pastoreia e urbana, além das inundações por barragens, extracções de madeira, plantas medicinais, ornamentais e alimentícias, têm feito desaparecer diversas espécies, causando desequilíbrio no ecossistema. É com urgência que devemos voltar os olhos para nossos recursos renováveis e tratar, realmente, de renová-los. 3. Breve historial sobre a Botânica Registos antigos nos mostram que a Botânica já era estudada há milhares de anos. Com o passar do tempo, a humanidade foi aprendendo a classificar e catalogar espécies de acordo com seu uso para as mais diversas finalidades. "Classificar" é agrupar as plantas em unidades taxonómicas, como espécie, género, etc.. As primeiras formas de classificação eram artificiais, não mais usadas; baseavam-se em apenas alguns caracteres dos vegetais, como estrutura da folha, maior ou menor desenvolvimento do caule, tipos de corola, número de estames, etc., podendo se reunir em grupos, vegetais sem nenhuma semelhança natural. Estas classificações são úteis para se identificar as plantas, mas, não têm valor científico. Já as classificações naturais tomam como ponto de apoio não apenas uma determinada característica, mas a totalidade dos dados conhecidos da morfologia, fisiologia e genética, principalmente os referentes ao aparelho reprodutor dos vegetais. O homem pré-histórico, e mesmo os primeiros biólogos, faziam classificações empíricas que foram sendo abandonadas com o desenvolvimento da Química e Física no século XVIII. Os fenómenos biológicos puderam então ser esclarecidos, facilitando assim as classificações dos seres vivos. O primeiro sistema de classificação das espécies vegetais (e também animais) foi criado pelo naturalista sueco Lineu (Carl von Lineu -1.707-1.778), baseada nos caracteres dos estames, isto é, no número e posição dos estames na flor. Devido a isso, o sistema de Ficha n° 1 Luís Morais Macaripe UP-Niassa 2012 Page 4 Lineu é também chamado sistema sexual. Nesta classificação podia acontecer que espécies de um mesmo género, com número diferente de estames, fossem enquadradas em classes diferentes. A importância de Lineu, na história da Botânica, é imensa. Teve o grande mérito de criar uma espécie de catálogo onde registou uma grande parte das plantas conhecidas nos dias de hoje, dando-lhes dois nomes, o primeiro representando o género e o segundo a espécie, utilizando o latim como idioma para padronizar os nomes das espécies em todo o mundo. O sistema de classificação de Lineu foi aperfeiçoado, mais tarde, por diversos botânicos, dentre eles podemos citar: Eichler, que dividiu o Reino Vegetal em Criptógamas (plantas sem flores) e Fanerógamas (plantas com flores); Engler, que dividiu em Talófitas (plantas com talo e sem órgãos vegetativos) e Cormófitas (plantas com raiz, caule e folhas); até chegar em Cronquist, que introduziu um sistema que leva em consideração não apenas a morfologia, mas também a filogenia (história evolucionária) e a composição química das espécies, para a sua classificação. Com os avanços da Biologia Molecular,a classificação dos vegetais está sendo cada vez mais aprimorada. Podemos resumir a história da Botânica de seguinte modo: � Aristóteles (384 a.C) e Theophrastus “pai da botânica” (372- 287 a.C) - agruparam as plantas segundo o porte; � Dioscorides – Descreveu plantas de interesse médico; � Século XVI – Surgimento de vários herbários; � Século XV – Início dos estudos e interpretação dos fósseis; � Final do Século XVI – início XVII – primeiros estudos de anatomia vegetal; � Século XVII – início da experimentação botânica: o Estudos de Fisiologia vegetal (Johannes Helmont; Stephen Hales; Joseph Priestley) o Estudos Taxonómicos (Carolus Linnaeus – “EspéciesPlantarum”; nomenclatura botânica – binómio) Ficha n° 1 Luís Morais Macaripe UP-Niassa 2012 Page 5 o Taxonomia evolutiva (Charles Darwin – “Origem das espécies”- 1859) – Mecanismos de hereditariedade e variação genética – compreendidos apenas nos séculos XIX e XX. � Século XIX – Desenvolvimento dos estudos em patologia vegetal (estimulado pela ferrugem da batata na Irlanda em 1840) e estabelecimento da Paleobotânica como uma ciência; � Séculos XIX e XX – Emergiram os estudos ecológicos (merecendo destaque a influência dos estudos de Theophratus). 4. Taxonomia vegetal A taxonomia vegetal é o ramo da botânica que se ocupa da classificação das plantas, ou seja, sua organização em reino, divisão, classe, ordem, família, género e espécie. Com os avanços dos estudos taxonómicos, além dessas categorias sistemáticas principais, tornaram-se necessárias categorias intermediárias, como subordem, subgéneros, etc.. Actualmente, as categorias utilizadas na classificação detalhada das plantas são: Reino, Divisão, Subdivisão, Classe, Subclasse, Ordem, Subordem, Família, Subfamília, Tribo, Subtribo, Género, Subgénero, Secção, Subsecção, Série, Subsérie, Espécie, Subespécie, Variedade e Forma. É verdade que na maioria dos casos, apenas as categorias tradicionais já são suficientes para classificar as plantas. Atenção: Saliento que existem diferenças na classificação taxonómica conforme o autor que se segue. Portanto, existem livros que apresentam uma classificação ligeiramente diferente. A seguida nesta ficha leva em consideração os ancestrais e as características evolutivas dos grupos em questão. 4.1.A Importância da taxonomia A organização dos seres vivos em categorias taxonómicas é necessária para que não se faça confusão entre plantas, ou quaisquer outros seres vivos. . a Ficha n° 1 Luís Morais Macaripe UP-Niassa 2012 Page 6 Um exemplo clássico em Moçambique é o da planta Manihot esculenta (Mandioca), Ela apresenta muitos nomes comuns diferentes de acordo com a região em Moçambique; Apesar dos diferentes nomes comuns, o nome científico é um só no mundo inteiro: Manihot esculenta. 4.2. O surgimento do sistema de classificação Quando os homens começaram a ver necessidade em dar nomes às plantas e a todas as coisas que os rodeavam, eles começaram a identificar e baptizar. Como nessa época as populações humanas eram pequenas e, em geral, isoladas umas das outras, não havia intercâmbio de informações. Como resultado, cada agrupamento humano tinha seu próprio sistema de nomenclatura. Lembre-se que estamos a falar de uma época muito primitiva, na qual ainda não se pensava cientificamente, e nas implicações de um sistema nomenclatural organizado. Com o passar do tempo, começou a haver troca de informações entre os diferentes povoados. E aí começou a confusão, pois os nomes dos objectos e a própria língua falada era diferente. Houve uma lenta e gradual adequação das informações. Mas a primeira pessoa a realmente se interessou em criar um sistema de classificação universal e organizado, foi o professor e naturalista do século 18 Carl Linnaeus. Sua intenção era de nomear e descrever todos os tipos de plantas, animais e minerais. Carl Linnaeus ou Carl von Linné (em português Carlos Lineu) Dedicou-se às áreas da Botânica e Zoologia, além de ser médico. Foi o criador do sistema binomial de classificação dos seres vivos e da classificação científica. Este sistema é até hoje utilizado. Por isso, Linnaeus é considerado o “pai da taxonomia moderna”. Foi um dos fundadores da Academia Real das Ciências da Suécia. Ele era o botânico mais reconhecido da sua época e também um excelente escritor. “Linnaeus era na realidade um poeta que por acaso se tornou naturalista”, por August Strindberg Ficha n° 1 Luís Morais Macaripe UP-Niassa 2012 Page 7 4.3. O sistema binomial A origem do sistema binomial de classificação é o sistema polinomial, proposto em 1753, quando Linnaeus publicou seu trabalho em dois volumes, Species Plantarum (As espécies de plantas). Neste trabalho, ele usou designações polinomiais para todas as espécies de plantas como meio de descrevê-las e nomeá-las ao mesmo tempo. Ele considerava estes polinómios como se fossem nomes próprios, capazes de caracterizar cada uma das plantas existentes. Ex: O polinómio (nome próprio) da planta conhecida como gataria era: Nepeta floribus interrupte spicatus pedunculatis (Nepeta com flores em uma espiga pedunculada ininterrupta). O nome era, ao mesmo tempo, a identificação e a descrição da planta. Mas, além disso, Linnaeus acrescentou uma inovação importante. Em seu livro, próximo ao polinómio de cada planta, ele escreveu uma única palavra que, quando combinada ao polinómio, fornecia à planta uma designação mais particular. No caso da gataria, ao lado do polinómio ele escreveu: “cataria” (que em latim significa “associada ao gato”). Assim, ele chamava a atenção para um atributo popularmente conhecido da planta. Em pouco tempo, o próprio Linnaeus e seus seguidores passaram a chamar esta planta de Nepeta cataria, que ainda hoje é a designação oficial. Logo a conveniência deste novo sistema foi reconhecida e, ao invés dos incómodos e longos polinómios, passou-se a utilizar o sistema binomial (de dois termos), que é utilizado até hoje. Entretanto, a dificuldade de comunicação existente naquela época entre países e, ainda mais, entre continentes, gerou uma grande duplicidade de nomes científicos ao redor do mundo. Para resolver isto, foi criado o Código Internacional de Nomenclatura Botânica, que reúne as regras de nomenclatura aplicadas às plantas. Uma destas regras diz que o nome binomial mais antigo aplicado a determinada espécie tem prioridade em relação aos posteriormente aplicados à mesma espécie. Ficha n° 1 Luís Morais Macaripe UP-Niassa 2012 Page 8 Mas como saber qual é o mais antigo? A principal forma é a publicação dos resultados de pesquisas em revistas científicas especializadas. Quando dados são disponibilizados em uma revista científica, tem-se a data em que aquela edição foi publicada e aquela determinada espécie passa a “valer” oficialmente a partir daquela data. Qualquer publicação posterior será desconsiderada. Actualmente, com o advento da internet, bancos de dados electrónicos entre universidades, herbários, institutos de pesquisa e disponibilização de artigos na internet pelas própriasrevistas científicas, tornou-se muito mais fácil saber se uma determinada planta ou qualquer outro ser vivo é uma espécie nova ou se já foi estudada e baptizada anteriormente. Por isso, tem acontecido cada vez menos casos de duplicidade de nomes científicos. No passado isso era muito comum, pois uma publicação feita em uma parte do mundo muitas vezes não era conhecida em outra. Assim, outro pesquisador, em outro local, acabava “descobrindo” novamente determinada planta, descrevendo-a e baptizando-a. Quando isso acontece, o nome mais antigo tem prioridade. Por isso existem até hoje as “sinonímias botânicas”, ou seja, diferentes nomes científicos para a mesma planta, já que muitas vezes não é o nome mais antigo o mais conhecido. 4.4. O nome científico Uma vez entendido o surgimento e a necessidade de um sistema de classificação universal, passaremos a discutir a formação do nome científico. Um nome científico é composto por duas partes: a primeira é o nome genérico. Este nome refere-se ao género que engloba determinada espécie. Pode ser escrito sozinho quando estamos nos referindo a todas as espécies daquele género. Quando queremos nos referir a uma determinada espécie daquele género, acrescentamos logo após ao nome do género, o epíteto específico. Este nome é que caracteriza a espécie e é único em todo o mundo. Por exemplo: Mangifera indica (Arvore da Manga ou simplesmente Mangueira). Mangifera é o nome genérico, que serve para todas as plantas do gênero Mangifera (Mangifera persiciformis, Mangifera pinnata, Mangifera siamensis, Mangifera domestica, Ficha n° 1 Luís Morais Macaripe UP-Niassa 2012 Page 9 Mangifera foetida, Mangifera kemanga, etc). Já o nome “indica” é o epíteto específico, pois é específico desta espécie. A combinação entre nome genérico e epíteto específico é única no mundo e só pode caracterizar uma única espécie. Veja bem, a combinação entre os dois é que é específica. Pode haver diferentes espécies de géneros distintos com o mesmo epíteto específico e mesmo assim estar de acordo com as normas de nomenclatura. Por exemplo: biennis é um epíteto específico presente no nome de várias espécies, mas de diferentes gêneros. Artemisia biennis, Lactuca biennis, Oenothera biennis, entre outras biennis existentes, são plantas diferentes e seus nomes estão perfeitamente de acordo com as regras de nomenclatura. Quando mencionado, o epíteto específico deve ser sempre acompanhado do nome genérico. Mesmo quando abreviado, este deve aparecer: A. biennis, L. biennis, e assim por diante. O único inconveniente pode ocorrer se uma espécie passa por uma revisão taxonómica e descobre-se que ela estava incluída em um género errado. Se o novo género daquela planta já tiver uma planta com aquele epíteto específico, a última espécie incluída deverá mudar de epíteto específico. Por exemplo (exemplo fictício): Se em uma revisão descobre-se que a planta Mangifera indica, na verdade não pertence ao gênero Mangifera, e sim ao género Agatea, o novo nome da planta seria Agatea indica, pois o epíteto específico da planta acompanha a mesma em caso de mudanças na classificação. Mas se no género Agatea já existir o epíteto específico indica, o autor da revisão deverá propor outro epíteto específico para caracterizar esta planta. 4.5. Nomenclatura Botânica É a parte da Botânica (Sistemática) que se dedica a dar nomes às plantas e grupos de plantas (táxon). Nomenclatura botânica é o emprego correcto dos nomes das plantas, envolvendo um conjunto de princípios, regras e recomendações aprovados em Congressos Internacionais de Botânica e publicados num texto oficial. Ficha n° 1 Luís Morais Macaripe UP-Niassa 2012 Page 10 Os primeiros nomes das plantas foram vernáculos ou nomes comuns, mas estes têm seus inconvenientes: � Não são universais e somente são aplicados a uma língua. � Somente algumas plantas têm nome vernáculo. � Frequentemente duas ou mais plantas não relacionadas possuem o mesmo nome ou uma mesma planta possui diferentes nomes comuns. � Se aplicam indistintamente a géneros, espécies ou variedades. 4.5.1. CINB - Código Internacional de Nomenclatura Botânica O sistema de nomenclatura botânica visa a padronização e aceitação mundial. O nome científico é o símbolo nominal da planta ou de um grupo de plantas e é uma maneira de indicar sua categoria taxonómica. O CINB está dividido em três partes: � Princípios básicos do sistema de nomenclatura botânica; � Regras para por em ordem a nomenclatura antiga; � Recomendações para conseguir uniformidade e clareza na nomenclatura actual. 4.5.1.1.Princípios do CINB: I. A nomenclatura botânica é independente da nomenclatura zoológica e bacteriológica; II. A aplicação de nomes a grupos taxonómicos (táxons) de categoria de família ou inferior é determinada por meio de tipos nomenclaturas; III. A nomenclatura de um táxon se fundamenta na prioridade de publicação. IV. Cada grupo taxonómico não pode ter mais de um nome correcto (o mais antigo segundo as regras); V. Os nomes científicos dos grupos taxonómicos se expressam em latim, qualquer que seja sua categoria e origem; VI. As regras de nomenclatura têm efeito retroactivo, salvo indicação contrária. Ficha n° 1 Luís Morais Macaripe UP-Niassa 2012 Page 11 4.5.1.2. Regras do CINB As regras são organizadas em artigos, os quais visam por em ordem os nomes já existentes e orientar a criação de novos nomes. Seguem-se algumas regras importantes que aparecem no Código: � Os nomes científicos dos táxons devem ser escritos em latim, quando impressos, devem ser destacados, por artifícios como o negrito ou itálico e quando manuscritos, por grifos. � Os nomes científicos não devem ser abreviados, excepto o nome da espécie. Na combinação binária, o nome do género por ser substituído pela sua inicial quando o texto torna claro qual o género em questão. � As seguintes terminações dos nomes designam as categorias taxonómicas: � ordem - o nome deriva do nome de uma das principais famílias (família- tipo) com adição da terminação ales. � sub-ordem - a mesma raiz com terminação ineae. � família - nome derivado de um género vivo ou extinto com a terminação aceae. � sub-família - a mesma raiz com a terminação oideae. � tribo - a mesma raiz com a terminação eae. � sub-tribo - a mesma raiz com a terminação inae. � gênero e infra-genéricas - o nome pode vir de qualquer fonte, sendo escolhido arbitrariamente pelo autor. Deve ser um substantivo ou adjectivo substantivado, latino ou latinizado e escrito com a inicial maiúscula. � Espécie - o nome da espécie é também de escolha arbitrária, escolhido pelo autor. Deve ser um adjectivo ou substantivo adjectivado, latino ou latinizado, sempre formando uma combinação binária com o género e sempre escrito com a inicial minúscula. Todo nome de espécie deve ser acompanhado pelo nome do autor da mesma. � categorias infra-específicas - os nomes são os das espécies acrescidas do nome da categoria infraespecífica em terceiro lugar. Ex. Brassica oleracea var. capithata, Ipomoea batatas f. alba. Ficha n° 1 Luís Morais MacaripeUP-Niassa 2012 Page 12 � Cultivar - nome reservado a variedade cultivada, criada pelo homem em seus trabalhos de melhoramento e se opõe à variedade botânica, criada e selecionada pela natureza. Ex.: Zea mays cv. Piranão, Phaseolus vulgaris cv. Rosinha. Exemplo geral das categorias taxonómicas: � Divisão: Magnoliophyta � Classe: Magnoliopsida � Sub classe: Rosidae � Ordem: Rosales � Sub-ordem: Rosineae � Família: Rosaceae � Sub-família: Rosoideae � Tribo: Roseae � Sub-tribo: Rosinae � Gênero: Rosa � Espécie: Rosa gallica L. � Variedade: Rosa gallica var. versicolor Thory � Quando uma espécie muda de género, o nome do autor do basiônimo (primeiro nome dado a uma espécie) deve ser citado entre parênteses, seguido pelo nome do autor que fez a nova combinação. Ex. Majorana hortensis (Linn.) Moench.; basiônimo: Origanum majorana Linn. 4.5.1.2.1. Nomes dos táxons O nome de um género pode ser o nome de uma pessoa latinizado, seguindo as regras: � Terminação em vogal: se adiciona a, excepto quando termina em a (ea). Ex. Boutelou Boutelona Colla Collaea � Terminação em consoante: se adiciona ia. Ex. Klein Kleinia Lobel Lobelia Ficha n° 1 Luís Morais Macaripe UP-Niassa 2012 Page 13 � O epíteto específico pode ser um nome em comemoração a uma pessoa. � Se implica em várias palavras, essas se combinam em uma só ou se ligam por travessão. � Não se usa o epíteto específico de forma isolada, somente em combinação com o género. � Um mesmo epíteto pode vir junto a diferentes nomes genéricos. Ex. Anthemis arvensis; Anagalis arvensis. � Cada epíteto deve estar no mesmo género gramatical (singular, plural ou neutro) do nome genérico. As terminações mais frequentes são: M: alb-us nig-er brev-is ac-er F: alb-a nig-ra brev-is ac-ris N: alb-um nig-rum brev-e ac-re Ex. Lathyrus hirsutus, Lactuca hirsuta, Vaccinium hirsutum � Outras terminações: eleg-ans, rep-ens, bicol-or, simple-x 4.5.1.2.2. Tipos de epítetos específicos: Epítetos comemorativos: � Terminação vogal (excepto a), se adiciona -i. Ex. Joseph Blake Aster blakei � Terminação em vogal -a, se adiciona -e. Ex. Mr. Balansa balansae � Terminação em consoante diferente de -er, se adiciona -ii . Se é uma mulher, - iae. Ex. Tuttin tuttinii � Terminação em consoante -er, se adiciona -i. Ex. Boissier boissieri � Se o nome se usa como adjectivo, a terminação deve coincidir com o género. Ex. Rubus cardianus (F. Wallace Card) ; Chenopodium boscianum (Augustin Bosc) Epítetos descritivos: � Relacionados com a cor: albus, aureus, luteus, niger, virens, viridis � Relacionados com a orientação: australis, borealis, meridionalis, orientalis Ficha n° 1 Luís Morais Macaripe UP-Niassa 2012 Page 14 � Relacionados com a geografia: africanus, alpinus, alpestris, hispanicus, ibericus, cordubensis � Relacionados com o hábito: arborescens, caespitosus, procumbens � Relacionados com o habitat: arvensis, campestris, lacustris � Relacionados com as estações: automnalis, vernalis � Relacionados com o tamanho: exiguus, minor, major, robustus 4.5.1.2.3. Normas para redacção de nomes científicos � Todas as letras em latim devem vir em itálico (cursiva), sublinhadas ou negrito; � A primeira letra do género ou categoria superior há de vir em maiúscula; � O resto do nome vem em minúscula (excepto em alguns casos em que se conserva a primeira letra de epíteto específico) � Os nomes dos híbridos vem precedidos de x. Ex. x Rhaphanobrassica; Mentha x piperita 4.5.1.2.4 Pronúncia de nomes científicos � Os ditongos ae e oe se lêem como e. Ex. laevis; rhoeas � A combinação ch se lê k; Ex. Chenopodium � A combinação ph se lê f; Ex.Phaseolus vulgaris 4.6.Classificação dos seres vivos estudados pela botânica: As espécies na natureza não estão agrupadas hierarquicamente. O que os sistematas procuram são provas de características similares em diferentes espécies, baseadas na ancestralidade comum. A forma como nós as agrupamos em famílias, ordens, géneros, etc., é uma decisão humana... Luís Morais Macaripe UP-Niassa 2012 Taxon Sistema Engler (até 1988) Divisão Angiospermae Classes Dicotyledonae Monoco- tyledonae Sub-classes Choripetalae (Archichla- mydeae) Sympetalae (Metach- lamydeae) - Ordens Famílias Como as duas classes de Magnoliophyta divergiram no início da história evolutiva do grupo, elas são bastante distintas e, em termos de identificação, representam o primeiro nível de reconhecimento. Características chaves na diferenciação dessas duas classes incluem: Ficha n° 1 Niassa 2012 Sistema Cronquist (a partir de 1988) Magnoliophyta Magnoliopsida Magno- liidae Ham- mame- lidae Caryo- phylli- dae Dille- niidae Rosidae Asteri- dae Alis- mati- dae Areci dae Magnoliophyta divergiram no início da história evolutiva do grupo, elas são bastante distintas e, em termos de representam o primeiro nível de reconhecimento. Características chaves na diferenciação dessas duas classes incluem: Page 15 Sistema Cronquist (a partir de 1988) Liliopsida Areci- dae Com- meli- nidae Zingi- beri- dae Lilii- dae Magnoliophyta divergiram no início da história evolutiva do grupo, elas são bastante distintas e, em termos de representam o primeiro nível de reconhecimento. Características chaves na diferenciação dessas duas classes incluem: Ficha n° 1 Luís Morais Macaripe UP-Niassa 2012 Page 16 Carácter Magnoliopsida Liliopsida Cotilédones Normalmente 2 Normalmente 1 Folhas Frequentemente venação reticulada Frequentemente venação paralela Câmbio vascular Frequentemente presente ( 50% lenhoso) Ausente Bainhas vasculares primárias Arranjado em anéis Frequentemente dispersas Pólen Vários tipos Monossulcados Partes florais Frequentemente em 4 ou 5 elementos Usualmente séries de 3 Sistema radicular Primário e adventício Adventício somente Magnoliopsida Subclasse Características Ordens Famílias Espécies Magnoliidae Flores bastante divididas 8 39 11.000 Hamamelidae Antigas, com redução floral (polinização pelo vento) 11 24 3.400 Caryophyllidae Ervas pigmentadas (antocianina) e de placenta em posição central 3 14 11.000 Dillenidae Algumas simpétalas, pequena apocarpia 13 78 25.000 Rosidae Coripétala, frequentemente numerosos estames 18 114 58.000 Asteridae Maioria simpétala 11 49 56.000 Liliopsida Subclasse Características Ordens Famílias Espécies Alismatidae Aquáticas com flores seccionadas 4 16 500 Arecidae Inflorescências especializadas 4 5 5,600 Commelinidae Maioria ervas com flores reduzidas 6 16 16,200 Zingiberidae Ervas epígeas dos trópicos 2 9 3,800 Liliidae Demonstram-se com pétalas sepalóides 2 19 25,000Ficha n° 1 Luís Morais Macaripe UP-Niassa 2012 Page 17 Classe Magnoliopsida (Dicotyledoneae) Subclasse Magnoliidae 1.Magnoliaceae 2.Nymphaeaceae 3.Ranunculaceae 4.Papaveraceae Subclass Hamamelidae 5.Ulmaceae 6.Fagaceae 7.Betulaceae Subclasse Caryophyllidae 8.Cactaceae 9.Chenopodiaceae 10.Caryophyllaceae 11.Polygonaceae Subclasse Dilleniidae 12.Tiliaceae 13.Malvaceae 14.Sarraceniaceae 15.Droseraceae 16.Violaceae 17.Cucurbitaceae 18.Salicaceae 19.Brassicaceae (Cruciferae) 20.Ericaceae Subclasse Rosidae 21.Crassulaceae 22.Saxifragaceae 23.Rosaceae 24.Fabaceae (Leguminosae) 25.Onagraceae 26.Viscaceae 27.Euphorbiaceae 28.Vitacea 29.Aceraceae 30.Anacardiaceae 31.Oxalidaceae 32.Geraniaceae 33.Apiaceae (Umbelliferae) Subclasse Asteridae 34.Gentianaceae 35.Asclepiadaceae 36.Solanaceae 37.Convolvulaceae 38.Cuscutaceae 39.Lamiaceae (Labiatae) 40.Plantaginaceae 41.Oleaceae 42.Scrophulariaceae 43.Campanulaceae 44.Rubiaceae 45.Caprifolicaeae 46.Asteraceae (Compositae) Ficha n° 1 Luís Morais Macaripe UP-Niassa 2012 Page 18 Classe Liliopsida (Monocotyledoneae) Subclasse Alismatidae 47.Alismataceae Subclasse Arecidae 48.Arecaceae (Palmae) 49.Araceae 50.Lemnaceae Subclasse Commelinidae 51.Commelinaceae 52.Juncaceae 53.Cyperaceae 54.Poaceae (Gramineae) 55.Sparganiaceae 56.Typhaceae Subclasse Zingiberidae 57.Bromeliaceae Subclasse Liliidae 58.Liliaceae 59.Iridaceae 60.Orchidaceae Bibliografia : CURTIS, H & RAVEN, P. H.: Biologia Vegetal. 2º ed, 1970 ESAU, K. Anatomia Das Plantas Com Sementes. São Paulo, 1976. GARVING , J. W & BOYD , J.D . Skills In Advanced Biology, Vol 2. London. Observing, Recoding and Interpreting, 1990. MODESTO, Z M & SIQUEIRA, N J B. Botânica. 7 ed. S. Paulo. Editora pedagógica e universitária, 1981. MOREIRA, I. Histologia Vegetal. 3 ed. Didáctica Editora,1983 STRASBURGER, E. Tratado De Botânica. Barcelona, 1976. WEBERLLING – SCHWANTES. Taxonomia Vegetal. São Paulo, 1986.
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