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Metodologia Científica Métodos Científicos Responsável pelo Conteúdo: Profa. Dra. Ana Bárbara Pederiva Scheer Revisão Textual: Profa. Esp. Márcia Ota 5 Métodos Científicos Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Conceituação e importância do método • Tipos de métodos • Relação entre método e técnica • Projeto de Pesquisa: definição e delimitação do objeto de estudo • Projeto de Pesquisa: levantamento, leitura e organização das fontes primárias e secundárias de pesquisa • Projeto de pesquisa: importância e aspectos metodológicos (elementos constitutivos) · Conceituar e compreender a importância do método; · Identificar os diferentes tipos de métodos usados na metodologia científica; · Estabelecer a relação entre método e técnica. 6 Unidade: Métodos Científicos Conceituação e importância do método Para reforçar o que aprendemos na unidade anterior, de que a Ciência é um procedimento metódico que busca conhecer, interpretar e intervir na realidade, estudaremos alguns dos diferentes métodos científicos. O método não é único e nem sempre o mesmo para o estudo deste ou daquele objeto e / ou para este ou aquele quadro da ciência, uma vez que reflete as condições históricas do momento em que o conhecimento é construído. Somente à base desta reflexão o pesquisador conseguirá compreender o plano histórico e dinâmico do conhecimento científico. (BARROS; LEHFELD, 2000, p. 55) Método significa caminho para chegar a um fim ou pelo qual se atinge um objetivo. Portanto, entende-se que: È um procedimento de investigação e controle que se adota para o desenvolvimento rápido e eficiente de uma atividade qualquer. Não se executa um trabalho sem a adoção de algumas técnicas e procedimentos norteadores da ação.” (BASTOS; KELLER, 2000, p.84) Que dizer então do método científico? Poderia dizer que é o caminho trilhado pelo cientista quando em busca de “verdades” científicas. Quais são as “verdades” científicas? O que é ser cientista? O que é ciência? Existe uma ciência única? Quando nos reportamos a uma hipotética linha demarcatória, a separar o que julgamos ser uma verdade científica de outras possíveis verdades, a que nos estamos referindo? Por estas questões, nota-se que o método tem vital importância, já que é por meio dele que se alcançam as “verdades” buscadas pela humanidade por meio dos pesquisadores. Qualquer pessoa pode realizar uma experiência que julgue ser bem-sucedida, mas sempre necessitará da comprovação científica por meio de provas. Os cientistas só aceitarão uma teoria ou descoberta depois que a replicarem ou obtiverem provas irrefutáveis até aquele momento. Uma experiência científica só será considerada como válida para o mundo da Ciência, se for realizada seguindo determinadas normas. Os cientistas se esmeram em replicar incontáveis vezes um trabalho até terem certeza de que foram obedecidos todos os critérios de cientificidade exigidos pela Ciência. O Cientista é aquele que utiliza o método científico para encontrar a solução dos problemas ou compreender o universo à sua volta. Assim, o método científico é o caminho trilhado pelo cientista. No método científico, a hipótese é o caminho que deve levar à formulação de uma teoria. O cientista, na sua hipótese, tem dois objetivos: explicar um fato e prever outros acontecimentos dele decorrentes. A hipótese deverá ser testada / aplicada para que os resultados obtidos pelos pesquisadores comprovem perfeitamente a hipótese, então ela será aceita como uma teoria. 7 Para simplificar, a hipótese é uma tentativa preliminar de resposta ao problema da pesquisa. Dúvida Problema Hipótese Tentativa de Solução A hipótese é uma resposta provisória e antecipa algo que será ou não confirmado com a pesquisa. O Método Científico é composto pelas seguintes fases: • Observação de um fato; • Formulação de um problema; • Proposta de uma hipótese; • Realização de uma pesquisa para testar a validade da hipótese. Para maior segurança nas conclusões, toda pesquisa deve ser controlada com técnicas que permitem descartar as variáveis que podem mascarar o resultado. Tipos de métodos Existem vários tipos de métodos científicos utilizados pelos cientistas e pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento para se chegar a determinados resultados. São eles: a) Método indutivo: é aquele que parte da observação de casos particulares para o estabelecimento de hipóteses de caráter geral. Trata-se do método proposto pelos empiristas (Bacon, Hobbes, Locke, Hume), para os quais o conhecimento é fundamentado exclusivamente na experiência, sem levar em consideração princípios preestabelecidos. Nesse método, parte-se da observação de fatos ou fenômenos cujas causas se desejam conhecer. A seguir, procura-se compará-los com a finalidade de descobrir as relações existentes entre eles. Por fim, procede-se à generalização, com base na relação verificada entre os fatos ou fenômenos. Observe o exemplo a seguir: • João é mortal. • Paulo é mortal. • Manoel é mortal. • Ora, João, Paulo e Manoel são homens. • Logo, (todos) os homens são mortos. Conclusões indutivas são perigosas, pois generalizações de premissas verdadeiras podem levar a uma falsa conclusão. b) Método dedutivo: é aquele pelo qual, a partir da observação de um princípio geral, chega-se a conclusões particulares. Parte de princípios reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis e possibilita chegar a conclusões de maneira puramente formal, isto é, em virtude unicamente de sua lógica. É o método proposto pelos racionalistas (Descartes, 8 Unidade: Métodos Científicos Spinoza, Leibniz), segundo os quais só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro, que decorre de princípios a priori evidentes e irrecusáveis. Como neste exemplo: • Todo mamífero é vertebrado. • Todo homem é mamífero. • Logo, todo homem é vertebrado. c) Método hipotético-dedutivo: é aquele pelo qual, mediante a percepção de uma lacuna no conhecimento, formula-se uma hipótese e, então, pelo processo de observação e inferência dedutiva, testa-se a predição da ocorrência de fenômeno abrangido pela hipótese (LAKATOS; MARCONI, 1991). Pode-se apresentar as etapas do método hipotético-dedutivo da seguinte forma: 1. Problema: quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema; 2. Conjecturas: para tentar explicar a dificuldade expressa no problema, são formuladas conjecturas ou hipóteses. Para a explicação de um fenômeno, surge o problema; 3. Dedução de consequências observadas: das hipóteses formuladas, deduzem-se consequências que deverão ser testadas ou falseadas; 4. Tentativa de falseamento: falsear significa tentar tornar falsas as consequências deduzidas das hipóteses. Enquanto no método dedutivo procura-se a todo custo confirmar a hipóteses, no método hipotético-dedutivo, ao contrário, procuram-se evidências empíricas para derrubá-la; 5. Corroboração: quando não se consegue demonstrar qualquer caso concreto capaz de falsear a hipótese, tem-se a sua corroboração, que é a confirmação da hipótese, entretanto, está é considerada provisória. Neste caso, de acordo com Popper1, a hipótese mostra-se válida, pois superou todos os testes, mas não definitivamente confirmada, já que a qualquer momento poderá surgir um fato que a invalide. d) Método dialético: procura contestar uma realidade posta, enfatizando as suas contradições. Para toda tese, existe uma antítese, que, quando contraposta, tende a formar uma síntese. Tal método funda-se numa concepção dinâmica da realidade e das relações dialéticas entre sujeito e objeto, conhecimento a ação, teoria e prática. O método dialético não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas. Trata-sede um método de investigação da realidade pelo estudo de sua ação recíproca (...) É contrário a todo conhecimento rígido: tudo é visto em constante mudança, pois sempre há algo que nasce e se desenvolve e algo que se desagrega, se transforma. (ANDRADE, 1999, p.114-115). 1 O método hipotético-dedutivo foi definido por Karl Popper a partir de criticas a indução, expressas em A lógica da investigação científica, obra publicada pela primeira vez em 1935. 9 Portanto, o método dialético é contrário a todo conhecimento rígido, pois tudo é percebido como em constante mudança. e) Método fenomenológico: não se limita à descrição dos fenômenos. Também é, ao mesmo tempo, tentativa de interpretação dos mesmos, com o objetivo de pôr a descoberto os sentidos menos aparentes, os sentidos mais fundamentais que os fenômenos têm. Caracteriza-se por valorizar a pesquisa do cotidiano, por tentar resgatar tudo aquilo que, pela rotina, foi perdendo relevo e significação, foi ficando oculto pelo uso, pelo hábito, pelo senso comum. Nesse sentido, o enfoque fenomenológico permite reeducar, reorientar o olhar que investiga. O método fenomenológico valoriza, sobretudo, a interpretação do mundo, o qual surge intencionalmente à consciência do homem. Assim, pode-se afirmar que, na pesquisa de orientação fenomenológica, o sujeito deixa de ser um observador imparcial, como pretende a abordagem positivista, para assumir, de certa forma, a condição de “ator”. Aliás, um os méritos do método fenomenológico é justamente o de questionar os procedimentos positivistas, encarecendo a importância do sujeito no processo da construção do conhecimento. Outra característica marcante da pesquisa fenomenológica é sua recusa à caracterização, pretendendo-se, ao contrário, sempre aberta a novas interpretações. É importante ressaltar que, conforme Masini (1989), alguns autores consideram inadequado falar em método fenomenológico. Segundo eles, não haveria tal método, mas regras formais de pesquisa voltadas especialmente para o fenômeno (aquilo que se mostra como é, que se mostra a si mesmo). Então, não caberia falar em método, mas em atitude fenomenológica. f) Método histórico: específico das ciências sociais, parte do princípio de que as atuais formas de vida social, as instituições e os costumes têm suas raízes no passado, sendo, portanto, fundamental pesquisar sua origem para bem compreender sua natureza e função. Por exemplo, para se investigar uma instituição social como a família e as relações de parentesco, o método histórico pesquisa, no passado, os elementos constitutivos dos vários tipos de família e as fases de sua evolução social. O método histórico “consiste em investigar os acontecimentos, processos e instituições do passado para verificar sua influência na sociedade de hoje”. (ANDRADE, 2003, p. 133) Dessa forma, o pesquisador que se utiliza do método histórico tem a preocupação de colocar o fenômeno estudado no ambiente social em que surgiu, ou seja, contextualiza-lo. Assim, será capaz de acompanhar suas sucessivas alterações e de compará-lo a fenômenos semelhantes em sociedades diferentes (Lakatos; Marconi, 1991). Dentro do método histórico, há toda uma diversidade de abordagem. É possível aplicar esse método ao estudo de um mesmo tema, porém com enfoques tão diferentes quanto o positivista, o fenomenológico, o dialético etc. 10 Unidade: Métodos Científicos Relação entre método e técnica Na investigação científica, os termos “método” e “técnica” acima estão estreitamente relacionados e são comumente empregados sem uma compreensão exata da sua diferenciação semântica. Como já foi anteriormente descrito, o método - termo já conhecido na Grécia Clássica (méthodos) foi usado por Platão e Aristóteles no sentido de “estudo ordenado de uma questão filosófica ou científica”. A palavra pode ser decomposta no prefixo metá + hodós, que quer dizer caminho, via, rota. Em sentido genérico é, portanto, o caminho pelo qual se chega a um determinado resultado. Na terminologia científica, método pode ser definido como um conjunto de dados e regras de proceder, permitindo atingir um fim previamente determinado. Ex.: pesquisa experimental, diagnóstico, operação, tratamento, reação físico-química ou biológica, prova clínica ou teste de laboratório. Muitos teóricos definem método como um conjunto de meios dispostos convenientemente para se chegar a um fim. A palavra “técnica” vem do grego tékhne, e significa arte. Se o método é o caminho, a técnica é o modo de caminhar. Técnica subentende o modo de proceder em seus menores detalhes, a operacionalização do método segundo normas padronizadas. É resultado da experiência e exige habilidade em sua execução. Um mesmo método pode comportar mais de uma técnica. O método científico inicialmente ocorre do seguinte modo: há um problema que desafia a inteligência; o cientista elabora uma hipótese e estabelece as condições para seu controle, a fim de confirmá-la ou não. A conclusão é então generalizada, ou seja, considerada válida não só para aquela situação, mas para outras similares. Além disso, quase nunca se trata de um trabalho solitário do cientista, pois, hoje em dia, cada vez mais as pesquisas são objetos de atenção de grupos especializados ligados às universidades, às empresas ou ao Estado. De qualquer forma, a objetividade da ciência resulta do julgamento feito pelos membros da comunidade científica que avaliam criticamente os procedimentos utilizados e as conclusões, divulgadas em revistas especializadas e congressos. Assim, dentro da visão do senso comum, a ciência busca compreender a realidade de maneira racional, descobrindo relações universais e necessárias entre os fenômenos, o que permite prever os acontecimentos e, consequentemente, também agir sobre a natureza. Para tanto, a ciência utiliza métodos rigorosos e atinge um tipo de conhecimento sistemático, preciso e objetivo. Entretanto, apesar do rigor do método, não é conveniente pensar que a ciência é um conhecimento certo e definitivo, pois ela avança em contínuo processo de investigação que supõe alterações à medida que surgem fatos novos, ou quando são inventados novos instrumentos. Por exemplo, nos séculos XVIII e XIX, as leis de Newton foram reformuladas por diversos matemáticos que desenvolveram técnicas para aplicá-las de maneira mais precisa. No século XX, a teoria da relatividade de Einstein desmentiu a concepção clássica que a luz se propaga em linha reta. Isso serve para mostrar o caráter provisório do conhecimento científico sem, no entanto, desmerecer a seriedade e o rigor do método e dos resultados. Ou seja, as leis e as teorias continuam sendo de fato hipóteses com diversos graus de confirmação e verificabilidade, podendo ser aperfeiçoadas ou superadas. 11 • A partir da explanação feita acima será que podemos afirmar que existe um método universal? • Será que os métodos universais devem ser considerados válidos para situações diversas? E tendo situações diferentes podemos qualificá-las como universais? • Como descrever relações universais por meio de métodos “individuais”? • Será que esse tipo de método é realmente válido universalmente? • Será que podemos nomear o método como sendo universal? A busca do Conhecimento Científico como vimos anteriormente, passa por diversas etapas. Tais etapas discutiremos a seguir. Projeto de Pesquisa: definição e delimitação do objeto de estudo O projeto de pesquisa desempenha várias funções: planeja a elaboração do trabalho de conclusão de curso, permite aos orientadores que avaliem o trabalho de pesquisa que será realizado e auxilia o aluno para a sistematização organizada de uma pesquisa. Para a elaboração de um projeto de pesquisa é fundamental que o aluno já tenha definido o objeto que vai pesquisar, de forma que possa, junto ao orientador, delimitaro assunto, de forma a torná-lo mais preciso e claro. Não existe regra definida para a escolha do objeto. Pode ser feito de acordo com curiosidade do aluno, suas necessidades pessoais ou mesmo por sugestão do orientador. Segundo Vieira: Definir o tema é pensar o objeto e não apenas escolher o assunto. Nesse sentido a definição não é um ato só inicial: ela se articula com a problematização, formando com esta momentos e expressão de um único movimento. Qualquer que seja o ponto de partida: uma referência bibliográfica, uma reflexão metodológica, um contato com fontes, uma experiência de vida, ou um debate colocado pelo social, a construção do objeto, dependendo da postura teórica do pesquisador e de sua vivência, se realizará por caminhos diferentes, conduzindo a resultados também diferentes. (1998, p.30-31) A delimitação do tema é importante porque circunscreve o assunto a um ângulo específico, facilitando a pesquisa e a redação do trabalho. Trabalhar em cima de um assunto bastante restrito facilita muito o trabalho de pesquisa e a elaboração do texto (...) O fato é que o tema levado ao máximo de redução permite uma concentração da pesquisa e um aprofundamento de seu conteúdo. (NUNES, 1999, p. 9) Ou seja, é necessário definir com precisão o assunto particular que será tratado, pois quanto maior o domínio que o aluno tiver do tema, mais facilidade terá no desenvolvimento do projeto e posteriormente, na redação do Trabalho de Conclusão de Curso. Após a definição do objeto e delimitação do tema de estudo, o pesquisador deve elaborar um projeto de pesquisa. Mas, para tal elaboração é de fundamental importância a realização de um levantamento de fontes primárias e secundárias de pesquisa. 12 Unidade: Métodos Científicos Projeto de Pesquisa: levantamento, leitura e organização das fon- tes primárias e secundárias de pesquisa O pesquisador após realizar a definição do objeto de estudo e delimitação do tema, deverá partir para os próximos passos da pesquisa. Inicialmente, o estudante deve realizar o levantamento e a organização das fontes primárias (jornais, revistas, leis, decretos etc.), que poderão ser localizadas nos diferentes órgãos de documentação (museus, arquivos, bibliotecas, centros de documentação, entre outros) e secundárias de pesquisa (referenciais teóricos e metodológicos). A leitura e organização desses materiais auxiliarão o pesquisador situar o objeto de estudo no tempo e no espaço e ainda, na indicação dos pressupostos que irão subsidiar as discussões e análises a que se propõe o estudo. Em qualquer tipo de pesquisa, é imprescindível que se faça uma abordagem teórica sobre o assunto no qual se insere o objeto- problema a ser estudado (...) O referencial teórico deve conter um apanhado do que existe de mais atual na abordagem do tema escolhido, mesmo que as teorias atuais não façam parte de suas escolhas. Deve estabelecer os marcos conceituais que vão nortear o desenvolvimento da pesquisa, as linhas de pensamento e as teorias que vão sustentar a análise dos dados que vai colher durante a realização do levantamento (...). (MARION; DIAS; TRALDI, 2002, p. 37-38) O “diálogo” inicial com as fontes primárias e secundárias de pesquisa aponta os caminhos para que o pesquisador consiga problematizar o objeto, ou seja, levantar questões e / ou hipóteses de pesquisa e ainda, definir quais os objetivos do trabalho. Nesse sentido não dá para fazer a seleção de fontes depois da problematização, como geralmente recomendam os manuais. O pesquisador, no encaminhamento da pesquisa, se depara com registros que funcionam como elemento perturbador, ou porque não consegue explica-los, ou porque questionam linhas importantes de sua reflexão. (VIERIA et. al., 1998, p.46) Após a definição do objeto, a delimitação do tema e o levantamento inicial das fontes de pesquisa, o pesquisador pode partir para o próximo passo da pesquisa, que é a elaboração do projeto de pesquisa. 13 Projeto de pesquisa: importância e aspectos metodológicos (el- ementos constitutivos) Em qualquer setor de atividade humana, planejar é necessário. Projeto é a preparação gradual ou o planejamento referente a algo que se pretende pôr em prática em qualquer área de estudos: ciências humanas, biológicas, exatas, artes e até mesmo em nossa vida pessoal. BIANCHI, A.; ALVARENGA; BIANCHI, R., 2002, p.15 Um projeto de pesquisa, como vimos anteriormente, pode desempenhar várias funções, pois define e planeja para o próprio aluno o caminho a ser seguido no desenvolvimento do trabalho de pesquisa e reflexão, explicitando as etapas a serem alcançadas, os instrumentos e estratégias a serem usados; disciplina o trabalho e organiza o tempo e permite ao orientador avaliar melhor o sentido geral do trabalho. Os trabalhos monográficos constituem parte importante da formação técnico-científica dos acadêmicos, sejam eles estudantes universitários de cursos de graduação ou de pós-graduação. Por esse motivo, necessitam de um rigor metodológico e não podem ser submetidos à pura espontaneidade criativa de quem os elabora. Portanto, os aspectos metodológicos – instrumentos utilizados para dotá-los de tal modelagem – ganham progressivamente mais relevância à medida que o pesquisador vai familiarizando-se com as normas e especializando-se no ato de pesquisar. MARION; DIAS; TRALDI, 2002, p. 32 O projeto de pesquisa é a etapa inicial da elaboração de trabalhos de conclusão de curso e, portanto, deve conter alguns elementos essenciais, tais como: • Título e subtítulo do trabalho; • Introdução que permita situar e apresentar o tema de pesquisa; • Justificativa da escolha do tema; • Objetivos; • Problematização (questões e / ou hipóteses da pesquisa); • Metodologia; • Cronograma de trabalho; • Bibliografia. O título do projeto deve indicar o assunto do trabalho de forma criativa, para chamar a atenção para a pesquisa e o subtítulo do projeto deve explicar o assunto do trabalho de forma detalhada, ou seja, o título deve sintetizar o conteúdo da pesquisa. Pode ser acompanhado ou não de subtítulo. Neste último caso, enquanto o título tem caráter mais geral, o subtítulo delimita com mais precisão o alcance dos objetivos da pesquisa. Exemplo: “A licenciatura em História: avaliação do curso de História da Unesp-Franca”. A introdução é a apresentação do assunto da pesquisa, ou seja, é onde contextualizamos espacial e temporalmente nosso objeto de estudo, dialogando com os trabalhos que já versaram sobre o assunto. 14 Unidade: Métodos Científicos A apresentação de um referencial teórico tem a finalidade de mostrar ao (s) avaliador (es) do projeto que o autor detém conhecimento suficiente do assunto em que seu projeto está inserido, buscando aprofundamento no tema que escolheu a partir de um objeto a ser estudado. MARION; DIAS; TRALDI, 2002, p. 38 Na justificativa apresentamos o motivo da escolha do tema, sua relevância social e / ou acadêmica (científica). Neste item também precisamos dialogar com autores / trabalhos que já versaram sobre o assunto, é onde se coloca a gênese do problema, explicitando os motivos mais relevantes que levaram a abordagem do assunto. Neste item, o pesquisador expõe os motivos mais significativos que o levaram a abordar o tema escolhido. A argumentação, mediante a qual o pesquisador expõe os motivos que o levaram a eleger determinado tema e a importância da contribuição que seu estudo pode ensejar, são fatores fundamentais na aceitação da pesquisa por parte de seu público-alvo. Na problematização do projeto devemos levantar as questões e / ou hipóteses da pesquisa. Tais problemas deverão ser investigados durante a pesquisa e, posteriormente, respondidos durante a redação do trabalho de conclusão de curso. Após a problematização do tema, o autor do projeto deveexpor os objetivos que o trabalho visa atingir, isto é, a situação que se deseja obter ao final da trajetória de pesquisa e redação do trabalho de conclusão. Os objetivos determinam o que se projeta fazer, ou o que se pretende com a pesquisa. Devem ser determinados considerando- se a viabilidade de atingi-los. Os objetivos estão diretamente relacionados ao tema e ao problema levantados (...) BIANCHI, A.; ALVARENGA; BIANCHI, R., 2002, p.19 Os objetivos devem estar claramente definidos, coerentes com o tema proposto, esclarecer o que se pretende com o projeto a partir das hipóteses ou das questões de pesquisa a serem investigadas. Na explicitação dos objetivos de uma pesquisa, antecipam-se as contribuições que a mesma 15 pretende trazer para o avanço daquela área específica do conhecimento. No item metodologia, o autor deverá anunciar os materiais (fontes de pesquisa) que irá analisar e os procedimentos metodológicos (métodos e técnicas) que irá utilizar na elaboração da monografia: trabalho de campo, laboratório, entrevistas, pesquisa bibliográfica ou, se for o caso, um estudo que combinará diferentes formas de investigação. A partir daí, devem ser apresentadas e respondidas questões do tipo: Como? Com que? Onde? Quando? Deverão ser mencionadas, também, as técnicas e instrumentos de pesquisa que serão empregados na coleta de dados como, por exemplo: levantamento das fontes documentais e bibliográficas, observação, entrevistas, questionários, testes, história de vida, análise de conteúdo etc. O cronograma de trabalho deve apresentar as várias etapas (atividades) do desenvolvimento da pesquisa, distribuídas no tempo, ou seja, distribuição das tarefas nos períodos do calendário. O cronograma de desenvolvimento das atividades de pesquisa depende de uma série de fatores relacionados com as exigências das faculdades ou institutos, das agências de fomento, da disponibilidade do pesquisador e, fundamentalmente, dos objetivos a serem atingidos. MARION; DIAS; TRALDI, 2002, p. 40 Na bibliografia do projeto de pesquisa, todo material consultado para elaboração do projeto deverá ser relacionado de acordo com as normas da ABNT. Fim da Unidade Métodos Científicos! Realize as atividades propostas para a Unidade. Em caso de dúvidas, entre em contato com seu tutor. 16 Unidade: Métodos Científicos Referências ALVES, R. A filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. São Paulo: Loyola, 2000. ANDRADE, M. M. Introdução á metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas, 2003. BARBOSA, Derly. Metodologia de estudos e elaboração de monografia. São Paulo: Expressão & Arte, 2006. BARROS, Aidil Jesus da Silveira.; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. 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