Buscar

Prévia do material em texto

Bruna Oliveira - 144 
Aula de Sophie 2020.2 
Epilepsia, convuls o e Mal 
Epil ptico 
Por que são frequentes na infância? 
• Mielinização incipiente 
• Maior conteúdo aquoso 
• Maior rapidez do metabolismo 
• Precário desenvolvimento dos mecanismos 
inibitórios 
Definição de crise epiléptica: atividade excessiva e anômala 
das células cerebrais. Fenômeno súbito e transitório devido 
à atividade anormal excessiva ou síncrona de neurônios 
hiperexcitáveis cerebrais, incluindo manifestações clínicas 
de alterações de consciência/percepção, motoras (crise 
tônico-clônica), sensoriais, autonômicas ou psíquicas. 
Definição de crise convulsiva: crise epilépticas com 
manifestações motoras. 
Definição de epilepsia: doença do cérebro que tenha 
qualquer uma das seguintes condoções: 
1. Pelo menos 2 crises epilépticas não provocadas 
ocorrendo em um intervalo superior a 24h (em 
menos de 24h, considera como sendo uma só) 
2. Uma crise epiléptica não provocada e a 
probabilidade de ocorrência de crises epilépticas 
similar ao risco de recorrência de pelo menos 60% 
e após duas crises epilépticas não provocadas, 
ocorrendo nos próximos 10 anos 
3. Diagnóstico de uma síndrome epiléptica 
Não tem epilepsia quem apresenta: 
• Crises convulsivas em decorrência e na vigência de 
processos patológicos em atividade, como 
meningite, distúrbios metabólicos ou fenômenos 
hipóxicos. 
• Crises ocasionais em função de certas afecções 
que são peculiares, como a hipocalcemia, a 
hipoglicemia e episódios febris. 
Estado de Mal epiléptico: Maioria são episódios isolados 
Tipos de crise: 
• Crises de início focal: caracterizadas clínica e EEG 
pela ativação de uma parte do cérebro. 
Importante descrever localização, nível de 
consciência e progressão das crises 
✓ Perceptiva ou disperceptiva 
✓ Início motor ou não motor 
✓ Focal evoluindo para TC generalizada 
• Crises de início generalizado: há envolvimento, desde 
o início, de áreas de ambos hemisférios cerebrais. 
✓ Motoras: tônico-clônica, tônica, clônica, 
mioclônicas (parece um tique), atônica 
(súbita e generalizada). 
✓ Não motoras (ausência) 
✓ Sempre há perda de consciência e os 
sintomas não são bilaterais. 
• Crises de início desconhecido: 
✓ Motoras: tônico-clônicas, espasmos 
epilépticos 
✓ Não motoras: parada comportamental 
• Não-classificado: falta informações 
Definição de Estado de Mal Epiléptico (EME): condição 
resultante tanto de falha dos mecanismos responsáveis 
por encerrar crises epilépticas, como na introdução de 
mecanismos que levam a convulsões com prolongamento 
anormal (T1= 5 minutos ou +) e que podem levar a dano 
neuronal irreversível (T2 = 30min ou +) 
• Definição prática: crises prolongadas ou crises 
reentrantes, sem recuperação da consciência 
entre elas 
• T1 (5min): determina o início do tratemento 
• T2 (30min): determina o quão agressivo deve ser 
o tratamento para evitar consequências a longo 
prazo. 
• Quanto mais prolongada, maior a lesão. 
 
 
Na Emergência 
Primeiros socorros na crise convulsiva: 
• Cronometrar o tempo de convulsão 
• Não contenha o paciente a força 
• Quando a crise passar, ofereça ajuda 
• Proteja a cabeça, remova os óculos 
• Afrouxe roupas apertadas 
• Vire o paciente de lado (escorrer o excesso de 
saliva) 
• Não coloque nada na boca do paciente 
• Procure em sua carteira, identificadores de alerta 
médico 
Desafios: 
1. É/foi uma convulsão? 
Bruna Oliveira - 144 
Aula de Sophie 2020.2 
2. Tem causa provável? 
3. Como estará o EEG? 
4. Devo solicitar exame de imagem? 
5. Devo solicitar exame de sangue? 
6. Como tratar? 
7. Qual o risco de recorrência? 
Foi convulsão? 
Manifestações paroxísticas não-epilépticas: 
• Eventos que causam alteração aguda de 
consciência: síncopes, arritmia cardíaca, perda de 
fôlego, “tomada de choro” 
• Distúrbios paroxísticos do movimento: tiques, 
tremores, espasmos 
• Distúrbios do sono: terror noturno, sonambulismo 
• Distúrbios psiquiátricos: ataques de pânico, crises 
de hiperventilação simulada 
• DRGE (síndrome de Sandifer) 
Manifestações que sugerem crises epilépticas: 
• Aura – pode ser GI 
• Movimentos tônicos, clônicos e tônico-clónicos 
• Movimentos anômalos dos olhos 
• Perda da consciência/percepção 
• Perda do controle esfincteriano 
• Período pós-ictal com déficit neurológico 
focal, ataxia, confusão mental, irritabilidade e 
sonolência/fadiga 
Tem causa provável? 
Perguntar se faz uso de medicação anticonvulsiva, pois as 
vezes a suspensão abrupta leva a crise. 
Etiologia por faixa etária: 
• Convulsão no período neonatal tem que passar 
por uma bateria de exames 
Exame físico: 
• Sinais vitais: temperatura 
• Hipertensão craniana (abaulamento de 
fontanela, bradicardia. Hipertensão, alteração 
do ritmo respiratório, edema de papilas) 
• Traumas 
• Doenças crônicas ou vacinação recente 
• Sinais de infecção e de irritação meníngea 
(rigidez de nuca, kernig, brudzinky, laségue) 
Duração: 
1. Episódios curtos com duração < 5 min: alta 
probabilidade de resolução sem tratamento 
2. Episódios com maior duração 
Exames complementares: 
• Glicemia capilar 
• Gasometria arterial 
• Eletrólitos 
• Hemograma e hemocultura (suspeita de 
infecção) 
• Ureia e creatinina 
• Níveis plasmáticos de DAE 
• TGO e TGP 
• Triagem toxicológica 
• Coleta de LCR? 
✓ Sinais de irritação meníngea 
✓ Toxemia 
✓ Crise no período neonatal 
✓ Primeiro episódio convulsivo na vigência 
de febre em idade de 6 a 12m de idade, 
mesmo na ausência de sinais 
meníngeos? 
• EEG 
Quando pedir exame de imagem? 
• TCE 
• Crise focal prolongada (+ de 5min) 
• Défict neurológico focal pós-ictal persistente 
• Alteração do estado mental prolongada 
Bruna Oliveira - 144 
Aula de Sophie 2020.2 
• USO de DVP 
• Coagulopatia conhecida/anemia falciforme 
• Crise no período neonatal (USG-TF) 
 
Tratamento 
Está convulsionando ainda (mesmo se tiver em sonolência 
profunda) ou já parou? 
Tripé de tratamento: 
1. Manter as funções vitais 
• Vias aéreas 
• Circulação 
• Respiração 
2. Controlar a crise 
3. Tratar as complicações 
Drogas antiepilépticas: 
• Vias de administração: bucal (B), intranasal (N), 
retal (R), intraóssea, intramuscular (absorção 
é mais lenta), intravenosa. 
• Midazolan (disponível em todas as 
apresentações acimas) 
• Lorazepan só tem no Brasil oral 
• Atonizador nasal: cria um spray que espalha a 
substância na mucosa natal, se não tiver, 
optar pelo gotejamento. 
• Os diazepínicos são depressores do SNC, então 
se for fazer EV, fazer em ambiente hospitalar 
• Fenitoína – não seda 
 
 
Convulsões febris 
Convulsões limitadas pela idade, de origem genética, em 
crianças sem alterações neurológicas prévias e que são 
provocadas somente pela febre 
 
Possíveis causas de convulsão em vigência da febre: 
• Infecções de SNC 
• Predisposição para epilepsia, febre desencadeia 
apenas. Pode ocorrer crises posteriores sem febre. 
Aspectos clínicos 
• Febre > 38º / aumento abrupto de temperatura 
• Crise costuma ser rápida, TC generalizada (+ em 
face e MMSS) com desvio do olhar para cima e 
salivação abundante. 
• Duração tende < 10 min e raramente superior a 30 
min (5%) 
• Crises febris complexas: 
✓ Crises de início focal 
✓ > 15 min 
✓ Recorrem até 24h após a primeira 
Epidemiologia 
• De 6 a 60 meses (1 mês a 6 anos), com pico de 
incidência em torno de 18 meses 
• Etiologia: qualquer coisa que eleve a temperatura 
corpórea, sendo IVAS e doenças GI as causas 
mais frequentes 
Risco de recorrência (1/3 dos casos): Metade ocorre nos 
6m seguintes a 1ª crise e ¾ dentro do primeiro ano. 
Fatores preditivos para novas crises febris: 
• Idade: 
✓ < 12m – 50% 
✓ > 3 anos – menos que 20% 
• História de epilepsia ou convulsão febril em 
familiares de 1º grau 
• Crises febris complexas 
• Risco de aumento de contato com doenças 
infecciosas 
• Duração da febre antes da crise (?) 
 
Principais fatores preditivos para epilepsia: 
• História familiar de crises convulsivas afebris 
• Anormalidadesneurológicas prévias 
• 1 ou + crises complexas 
• Estado de mal 
 
 
 
 
 
 
Risco de sequelas permanentes ou óbitos é excepcional, 
sendo cerca de 5% das crises febris podendo desenvolver-
se sob a forma de mal epiléptico ( > 30 min), que quando 
não tratado pode levar a sequelas e ao óbito. 
0 FR – 2,4% de chance de epilepsia 
2 FR – 10 % de chance 
3 ou + FR – 49% de chance 
 
Bruna Oliveira - 144 
Aula de Sophie 2020.2 
 
O EEG pode vir com alterações inespecíficas, que vão 
apenas preocupar a família sem necessidade 
Tratamento 
Fase aguda 
• Manter VA livres e evitar aspiração do conteúdo 
gástrico e traumas 
• Diazepam – 0,3 a 0,5mg/kg/dose EV lento ou 
0,5mg/kg/dose VR 
• Midazolan – 0,2 mg/kg via nasal 
• Antitérmicos e meios físicos para baixar a 
temperatura 
✓ O antitérmico deve ser feito quando a 
crise cessar. Nunca fazer via oral durante 
a crise. 
✓ Compressas frias em pulsos e tornozelos 
Profilaxia 
• Controvérsias 
• Definir grupo de maior risco 
✓ Crianças com exame neurológico anormal 
✓ Criança com história familiar e epilepsia ou 
convulsões febris 
✓ Crianças com crises complexas 
✓ Crianças que tenham tido 3 ou mais crises 
breves ou 2 prolongadas 
Profilaxia intermitente: 
• Diazepam – 0,5 mg/kg VO a cada 8 ou 12h durante 
episódios febris 
• Clobazan – 0,5 a 1mg/kg/dose VO de 12 em 12h 
durante episódios febris (Urbanil ou frisium – comp 
10mg) 
• Fenobarbital – 3 a 5mg/kg/dia VO de 24 em 24h 
por 2 anos sem crises ou até 4 a 5 anos. Gardenal 
1gt = 1mg, comp 50/100mg. DELETÉRIO PARA O 
SNC. 
• Ácido valproico – 30 mg/kg/dia VO de 12h/12h por 
2 anos sem crises ou até 4-5 anos. Depakene 5ml 
= 288mg, comp = 250 e 500mg) 
 
São drogas que podem provocar sedação ou 
irritabilidade

Mais conteúdos dessa disciplina